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Quem disse que os cineastas não podem falar das mulheres? Do norueguês Joachim Trier ao holandês Paul Verhoeven, passando pelo chadiano Mahamat-Saleh Haroun, em Cannes os diretores não têm medo de explorar a intimidade de suas heroínas.

Em "The worst person in the world", uma filha joga um absorvente no pai e sua heroína assume seus desejos. Com ela, Joachim Trier apresenta o sutil retrato de uma mulher de trinta anos perseguida pelas dúvidas em uma sociedade marcada pelo #MeToo.

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Um filme "feminista", segundo a crítica, dirigido e escrito por dois homens. "Seria um imbecil evitar esses assuntos só porque sou homem e produzo um filme sobre uma mulher", declarou à AFP o diretor de "Oslo, 31 de agosto".

"Renate (Reinsve, a atriz principal) e eu conversamos muito sobre sexualidade e erotismo. Julie (a protagonista) é uma mulher apaixonada e o sexo e o erotismo são parte integrante do ser humano", prossegue. Nessas cenas, a atriz trabalhou diretamente com ele, acrescenta.

Livrar-se da herança

Também sem tabus, o diretor chadiano Mahamat-Saleh Haroun conta uma história sobre abortos e mutilações, em um filme no qual as mulheres se unem para sobreviver em uma sociedade ultraconservadora.

Para o cineasta, é necessário deixar para trás o debate sobre se quem produz o filme é um diretor ou uma diretora.

"Pensar que um homem não pode fazer o retrato íntimo de uma mulher, é uma forma de pensar muito fechada, acho. Isso significa que um branco não pode contar uma história sobre um negro. É negar a humanidade que existe dentro de cada um de nós", disse à AFP.

"Como homem, faço parte de um patriarcado, mas sempre é possível, enquanto indivíduo (...), se livrar de tudo o que temos como herança", afirma. "É preciso acreditar na possibilidade de que o homem pode mudar".

Em "Benedetta", a história de amor entre duas freiras lésbicas na Itália do século XVII baseada em fatos reais, o holandês Paul Verhoeven inclui cenas de masturbação feminina.

"Se tenho (o olhar masculino), não acho que isso tenha alguma relevância, porque a realidade deste projeto (...) não é o que um homem, ou vários homens, explicaram, é o que duas mulheres contaram em seu processo, então é baseada em uma expressão feminina", argumentou o cineasta à AFP.

Depois do #MeToo

Mas será que o olhar masculino pode ser neutro? Essas questões em torno do "male gaze", o ponto de vista dos homens criticado por Laura Mulvey em 1975, são objeto de debate na sétima arte há anos, mas desde o #MeToo ganharam uma nova dimensão.

E esses filmes chegam depois de inúmeras diretoras abrirem o caminho com histórias sobre heroínas que assumem seus desejos.

É o caso da francesa Céline Sciamma em "Retrato de uma jovem em chamas" (2019), assim como o filme da Costa Rica "Clara Sola", de Nathalie Álvarez Mesén, sobre a liberdade sexual da mulher, apresentado este ano em Cannes.

A novidade não é os diretores realizarem retratos de mulheres - o espanhol Pedro Almodóvar faz isso há anos -, mas as protagonistas se abrirem para sua intimidade.

Questionados sobre esses assuntos, vários membros do júri do Festival afirmaram a necessidade de uma mudança nas representações entre homens e mulheres. "É preciso tempo para mudar as imagens mentais que temos, mesmo que as coisas estejam avançando", declarou a diretora austríaca Jessica Hausner.

Várias joias foram roubadas do quarto da atriz de Hollywood Jodie Turner-Smith em um hotel em Cannes - anunciou a polícia local nesta segunda-feira (12).

"A investigação está sendo realizada", disse uma fonte policial à AFP, confirmando informações do jornal Nice-Matin e da revista especializada The Hollywood Reporter.

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Ainda não foi esclarecido se as joias eram da atriz britânica residente nos Estados Unidos, ou se alguma haviam sido emprestadas para ela, uma prática comum no Festival de Cannes.

O furto foi cometido "na sexta-feira em seu quarto de hotel", afirmou a polícia, acrescentando que "a atriz e sua equipe foram à polícia no dia".

Segundo a mesma fonte, o valor das joias não é de dezenas de milhares de euros, como a imprensa noticiou em um primeiro momento, nem representa "uma grande quantia", em relação a outros furtos ocorridos na Côte d'Azur.

"Não se pode excluir pista alguma", completou a fonte ouvida pela AFP.

Descoberta na série americana "True Blood", Jodie Turner-Smith é conhecida por seu papel no filme "Queen & Slim - Os perseguidos" (2019), sobre uma blitz policial que acaba mal para um casal afro-americano.

A equipe do filme brasileiro "Medusa" denunciou, neste domingo (11), no tapete vermelho do Festival de Cannes a crise de saúde que vive o Brasil, ao exibir diante das câmeras uma mensagem lembrando as mais de 500 mil mortes por Covid-19 ocorridas no país.

Durante a apresentação do filme italiano "Tre piani", na competição pela Palma de Ouro, a diretora Anita Rocha da Silveira e os atores Bruna Linzmeyer, Mariana Oliveira, Lara Tremouroux e Felipe Frazão mostraram um cartaz em inglês: "533.000 morreram no Brasil de uma doença para a qual já tem vacina."

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O Brasil é o segundo país do mundo em número de mortes pelo coronavírus e o governo do presidente Jair Bolsonaro foi denunciado por se opor a medidas de isolamento social e o uso de máscaras, além de atrasos na campanha de vacinação. Uma CPI está atualmente investigando no Senado supostas omissões durante a gestão da pandemia.

O filme “Medusa” estreará nesta segunda-feira na Quinzena dos Realizadores, sessão paralela do festival. O Brasil também conta com dois curtas-metragens competindo pela Palma de Ouro e o documentário "Marinheiro das montanhas", de Karim Ainouz, na seleção oficial.

Chegou a hora da revanche de Sean Penn? Cinco anos depois de a crítica vaiar seu filme em Cannes, o ator e diretor americano retorna neste sábado (10) em competição pela Palma de Ouro com "Flag Day", no qual atua ao lado dos filhos.

Baseado em uma história verídica, "Flag Day" conta a vida de um pai adorado por sua filha por seu "magnetismo e capacidade de tornar a vida uma grande aventura". Mas, ao mesmo tempo, esse homem leva "uma vida secreta como ladrão de bancos", segundo a sinopse.

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Penn, de 60 anos, interpreta o papel principal pela primeira vez em um de seus filmes, ao lado de sua filha Dylan, de 30 anos, e de seu filho Hopper Jack Penn, em um papel mais coadjuvante.

Em 2016, o filme de Penn "A Última Fronteira", estrelado por Javier Bardem e Charlize Theron, foi tão criticado que nem chegou aos cinemas nos Estados Unidos.

O artista esteve presente pela primeira vez em competição em Cannes com "Loucos de Amor" (1997), de Nick Cassavetes, pelo qual ganhou o prêmio de melhor atuação.

Com "Flag Day" o diretor concorre pela terceira vez à Palma de Ouro ("A Última Fronteira", "A Promessa", 2001).

Como ator, Penn trabalhou com diretores como Clint Eastwood ("Sobre Meninos e Lobos", com o qual ganhou um Oscar), Terrence Malick ("Além da Linha Vermelha") e Gus Van Sant ("Milk: A Voz da Igualdade", segundo Oscar).

- Coletes amarelos na França -

"Flag Day" concorre com 23 outros filmes pelo principal prêmio do festival, que será entregue no dia 17 de julho pelo júri presidido pelo cineasta americano Spike Lee.

Até o momento, sete estrearam e a crítica já começou a se posicionar. "Annette", o musical com Adam Driver e Marion Cotillard que abriu a competição na terça-feira, é de longe o favorito.

Mas "The worst person in the world", o retrato sutil de um homem de trinta anos assombrado por dúvidas - o que estudar? Quem amar? O que fazer com tanta liberdade? -, atraiu a atenção como um espelho fiel da geração dos milenials, conquistando a aprovação geral.

Trata-se do último filme da trilogia ambientada em Oslo do norueguês Joachim Trier, interpretado por uma atriz até então pouco conhecida, Renate Reisnve.

Dois filmes baseados em fatos reais e estrelados por lésbicas também foram exibidos na sexta-feira. Embora as semelhanças terminem aqui.

O primeiro, "Benedetta", esperado filme do holandês Paul Verhoeven, é um retrato de uma freira lésbica na Itália do século XVII.

Como as protagonistas femininas de seus filmes anteriores "Instinto Selvagem" (Sharon Stone) e "Elle" (Isabelle Huppert), Benedetta, interpretada pela francesa Virginie Efira, desenvolve uma capacidade de manipulação que transforma a congregação em que vive desde criança.

"La fracture", por sua vez, resgata o fenômeno dos coletes amarelos na França, movimento de protesto social que em 2018 colocou o governo em apuros.

O filme, dirigido pela francesa Catherine Corsini, recria um país em brasa: a cólera das classes populares, seu divórcio das autoridades e, ao mesmo tempo, homenageia as enfermeiras, que dão tudo de si nos serviços da emergência em troca de muita precariedade. Tudo isso com uma boa dose de humor para torná-lo mais digerível.

Na mostra paralela Um Certo Olhar, um dos dois filmes latino-americanos em disputa também estreou na sexta-feira: "La Civil", da diretora romeno-belga Teodora Ana Mihai, um filme que poderia ser definido como ação, mas que conta a realidade crua da violência no México.

"Instinto selvagem", "Elle" e agora "Benedetta". O holandês Paul Verhoeven volta à principal competição de Cannes com um thriller provocador sobre uma freira lésbica que escandaliza a Itália do século XVII.

O cineasta pouco convencional, de 82 anos, concorre pela terceira vez à Palma de Ouro, desta vez com a história da irmã Benedetta, uma mulher convicta de que está em comunicação direta com Jesus.

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Graças aos milagres que parece realizar, a freira progrede dentro de sua comunidade, na Toscana. Quando Bartolomea, uma mulher pobre e estuprada por seu pai, chega ao convento, uma paixão intensa e carnal nasce entre as duas freiras.

Em suas visões, "no início, Jesus diz não ao sexo lésbico e, no final, diz 'vá em frente!'", contou à AFP o diretor, que já abalou La Croisette em 1992 com "Instinto Selvagem", estrelado por Sharon Stone, e em 2016 com "Elle", com Isabelle Huppert, sobre uma tortuosa mulher estuprada.

"Benedetta", filmado em francês, tem um elenco totalmente gaulês, liderado por Virginie Efira no papel principal e Charlotte Rampling como madre superiora.

- Fatos reais -

O diretor, conhecido por seu cinema violento, não fez de "Benedetta" uma exceção e o filme apresenta assassinatos, suicídios e decapitações.

Ele também ousa com símbolos religiosos, como o brinquedo erótico artesanal esculpido pelas amantes a partir de uma estatueta da Virgem. Esse detalhe foi revelado pela verdadeira Bartolomea, já que a história é inspirada em um processo real contra uma freira lésbica ocorrido na Idade Média e cujos registros foram preservados nos arquivos de Florença e redescobertos pela historiadora americana Judith C. Brown.

"A história dá uma ideia de como as pessoas viam os relacionamentos lésbicos em 1620 e pode dar uma ideia do caminho percorrido até agora. Progredimos na Europa Ocidental", disse o veterano diretor à AFP, comentando que ele teria "problemas" de filmar nos Estados Unidos.

A trama se passa durante uma epidemia de peste e as imagens de pacientes moribundos nas ruas, de pessoas com medo de se infectar e de cidades que fecham suas portas lembram a atual crise de saúde, embora o filme tenha sido filmado antes da pandemia.

“Coincidências como essas são sempre um mistério”, comentou o cineasta sobre a semelhança da situação.

Verhoeven, que nunca conquistou a Palma de Ouro, é um dos pesos pesados da sétima arte desta edição. Concorre, entre outros, com o italiano Nanni Moretti, o francês Jacques Audiard e o tailandês Apichatpong Weerasethakul, que já detêm o prestigioso prêmio.

- "La fracture", também sobre lésbicas -

O outro filme em competição exibido nesta sexta-feira será “La fracture”, da francesa Catherine Corsini, um drama também com um casal de lésbicas e a crise dos “coletes amarelos” como plano de fundo. Corsini é uma dos quatro diretoras que disputam o maior prêmio.

Durante o dia, também acontecerá outro dos momentos mais esperados da mostra: a master class do ator americano Matt Damon.

Na estreia mundial, na véspera, de "Stillwater" de Tom McCarthy ("Spotlight"), em que Damon interpreta um pai que viaja para Marselha (sudeste da França) para visitar sua filha presa, a estrela de Hollywood distribuiu autógrafos no tapete vermelho do festival, para aplausos e gritos de seus fãs.

No momento, dos 24 filmes em disputa pela Palma de Ouro, cinco já foram exibidos, entre eles o musical "Annette", do francês Leos Carax, estrelado por Adam Driver e Marion Cotillard; "Tout s'est bien passé", do também francês François Ozon, sobre suicídio assistido; e "O joelho de Ahed", em que o israelense Nadav Lapid denuncia a censura ao governo de seu país.

Na noite de quinta-feira, foi apresentado "The worst person in the world", o norueguês Joachim Trier, um retrato da geração do milênio que foi bem recebido pela crítica.

O diretor americano Spike Lee comentou nesta terça-feira (6) que o "mundo é governado por gângsters" em referência a Donald Trump, Jair Bolsonaro e Vladimir Putin, em suas primeiras declarações como presidente do júri do Festival de Cannes.

Lee também deplorou a brutalidade contra os negros em América.

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A tradicional coletiva de imprensa que antecedeu a abertura da maior competição de cinema do mundo imediatamente ganhou contornos políticos, em uma prévia do que pode ser a 74ª edição do festival, após seu cancelamento no ano passado devido à pandemia.

"Este mundo é governado por gângsters. O agente laranja (referindo-se a Trump), aquele cara no Brasil (Bolsonaro) e Putin são gângsters. Sem moral, sem escrúpulos. É o mundo em que vivemos", declarou o diretor americano, garantindo que o júri de Cannes não deve apenas ser "crítico dos filmes, mas do mundo e dos gângsters".

O diretor, de 64 anos, é o primeiro afro-americano a presidir o júri do Festival de Cinema de Cannes, que abre nesta terça-feira com o musical "Annette", estrelado por Adam Driver e Marion Cotillard.

Lee fez menção a ter exibido em Cannes, em 1989, o filme "Faça a Coisa Certa", sobre a violência contra os negros nos Estados Unidos.

"Quando vemos como o irmão Eric Garner e o rei George Floyd foram mortos, linchados... podemos pensar que depois de 30 malditos anos, os negros poderiam parar de ser caçados como animais".

Mas Lee não foi o único a associar o cinema à militância: os demais membros do júri também usaram da palavra nesse sentido.

O diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho lembrou a pandemia que vive o país, com mais de meio milhão de mortes por covid-19.

"Segundo dados técnicos, se o governo tivesse feito a coisa certa, 350 mil vidas teriam sido salvas".

Lamentou também o "fechamento há mais de um ano da cinemateca brasileira, com 90 mil títulos (...) e todos os técnicos e especialistas demitidos".

"É uma forma muito clara de reprimir a cultura e o cinema", afirmou Kleber Mendonça, que considera que "uma das formas de resistir é passar a informação e falar sobre ela".

Já as mulheres do júri, que são a maioria, exigiram mais igualdade na indústria.

"Mesmo dentro de uma cultura tão masculina, fazemos filmes diferentes, explicamos as histórias de uma outra maneira. Vamos ver o que acontece" com um júri de cinco mulheres e quatro homens, observou a atriz americana Maggie Gyllenhaal.

Spike Lee, Tilda Swinton, Wes Anderson e Sean Penn serão alguns dos protagonistas do retorno, a partir de terça-feira (7), do grande festival de cinema de Cannes.

A crise sanitária obrigou o cancelamento do evento de 2020, e esta edição será realizada dois meses depois do normal, uma vez que os organizadores se recusaram a realizá-la on-line, como fizeram outros grandes festivais, entre eles a Berlinale.

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Os americanos Anderson e Penn estão na competição principal ao lado de outros grandes cineastas regulares da Croisette, como o holandês Paul Verhoeven, o iraniano Asghar Farhadi, o italiano Nanni Moretti e o tailandês Apichatpong Weerasethakul. Estes dois últimos já têm uma Palma de Ouro, assim como o francês Jacques Audiard.

O maior prêmio será atribuído em 17 de julho pelo júri presidido pelo cineasta americano Spike Lee, o primeiro afro-americano a assumir esse papel.

Adam Driver e Marion Cotillard vão abrir o festival com o musical "Annette", primeiro filme em inglês do francês Leos Carax ("Os Amantes de Pont-Neuf"), cujo roteiro e música são obra do grupo americano Sparks.

Será Anderson, sem dúvida, quem trará o maior elenco de estrelas para "The French Dispatch": Bill Murray, Owen Wilson, Lea Seydoux, Adrien Brody, Benicio del Toro e Tilda Swinton participam deste filme rodado no sudoeste da França.

Swinton também estrela "Memoria", de Weerasethakul, filme rodado na Colômbia e ambientado nos anos 1970-1980, marcados pela luta entre a guerrilha marxista das então Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e os grupos paramilitares.

Verhoeven ("Instinto Selvagem"), propenso a tramas sexuais e violentas, apresentará "Benedetta", um retrato ambientado no século XV de uma freira homossexual, baseado em fatos reais.

Jodie Foster, Palma Honorária

Dos 24 filmes em disputa, quatro são dirigidos por mulheres, entre elas a francesa Catherine Corsini.

"Sou o primeiro a pensar que não basta", disse à AFP o delegado-geral do festival, Thierry Frémaux. Mas "se hesitarmos entre dois filmes e um deles for dirigido por uma mulher, vamos escolher o último", acrescentou.

Em contrapartida, elas são a maioria no júri (cinco mulheres e quatro homens). Entre seus integrantes estão a atriz americana Maggie Gyllenhaal, além do diretor brasileiro Kleber Mendonça Filho ("Bacurau") e do ator sul-coreano Song Kang-ho, astro de "Parasitas", vencedor da Palma de Ouro na última edição.

Também haverá destaque para a atribuição da Palma de Ouro Honorária a Jodie Foster, 45 anos depois de ter pisado pela primeira vez em Cannes com "Taxi Driver".

O concurso também contará com a produção mais recente de Oliver Stone ("JFK, Revisited: Through the Looking Glass") e com o primeiro trabalho de direção de Charlotte Gainsbourg sobre sua mãe, Jane Birkin.

Na mostra paralela Um Certo Olhar, destaque para "Noche de fuego", da mexicana Tatiana Huezo, e entre as sessões especiais está "O Marinheiro das Montanhas" do brasileiro Karim Ainouz, premiado em 2019 em Cannes por "A Vida Invisível de Eurídice Gusmão".

Embora o festival tenda a atrair personalidades latino-americanas, especialmente mexicanas, como Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro e Gael García Bernal, este ano sua presença será modesta, embora o diretor argentino Gaspar Noé, residente na França, e a atriz mexicana Mónica del Carmen sejam esperados.

Cannes será o primeiro grande festival desde o início da pandemia a não limitar a capacidade das salas de exibiçãos, mas exigirá uma prova de vacinação, ou um teste PCR negativo, que deve ser realizado a cada 48 horas.

"A organização e a essência são de uma edição normal", disse Frémaux.

Ele também alertou que não haverá beijos no tapete vermelho, enquanto as festas de promoção de filmes, tão lendárias quanto o próprio festival, serão ainda mais seletas, com um número muito limitado de convidados.

Nesta sexta-feira (25) acontece o último dia do Festival Internacional de Criatividade, também conhecido como Cannes Lions, que ocorre pela 68ª vez.  Esta é a principal premiação à criatividade no campo da comunicação, em uma disputa com diferentes trabalhos produzidos por publicitários, anunciantes e profissionais da comunicação de vários países. Os vencedores recebem o troféu Lion, que serve como referência para se posicionar no mercado de trabalho.

De acordo com Fábio Martins, publicitário e professor do curso de publicidade e propaganda da Universidade Guarulhos (UNG), o processo para participar do Cannes Lions consiste na inscrição para concorrer ao prêmio, depois de uma seleção prévia feita por agências e  produtoras globais de propaganda - trabalhos que realmente representem grande inovação, criatividade e que indiquem tendências do mercado e da sociedade.

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Em dimensões globais, esta é a maior premiação do mercado da propaganda, que traz efeitos de visibilidade e de ganhos econômicos. “Dá notoriedade e autoria à agência e aos profissionais envolvidos”. Martins ressalta que para chegar ao ápice da premiação, o trabalho em questão precisa passar por alguns processos. Após a avaliação de um júri de especialistas, é feita uma seleção daqueles que irão competir e avançar no festival.

O professor conta que nesta etapa, chamada shortlist, os candidatos fazem uma defesa do projeto em questão, e assim avançam as melhores criações, até chegar ao grande vencedor. “Estar no shortlist já é um feito enorme para qualquer profissional da propaganda”. Por conta dos custos envolvidos, a premiação costuma ter agências e produtoras na disputa, de forma que possa evitar o individualismo.

De acordo com o publicitário, “premiações são um enorme estímulo à criatividade e inovação”, e competições como esta são importantes em vários aspectos, seja pelo reconhecimento profissional ou pela visibilidade. “Os prêmios são capazes de destacar os criativos e agências do mercado. Não é você falando sobre o que faz, mas um selo de qualidade dado pelo mercado”, analisa Martins.

Até o momento, todos os representantes brasileiros no Cannes Lions 2021, conquistaram 59 leões, sendo eles: dois Grand Prix, 12 ouros, 17 pratas e 28 bronzes. As empresas que estão à frente da premiação e seguem como os principais destaques, são a AKQA e a Agência Africa, que somam praticamente a metade de todos os leões conquistados. Juntas, as empresas levaram 29 prêmios, sendo 18 para AKQA e 11 para a Agência Africa.

No retrospecto histórico, dentre os grandes destaques de campanhas brasileiras que estiveram na premiação, estão o comercial “Air Max Graffiti Stores”, feito pela empresa AKQA para a Nike, que apresenta em poucos minutos as vantagens em se comprar o novo modelo de tênis da Nike, com música e cultura de grafite como temas principais durante a propaganda. Na contramão de propagandas mais longas, mas obtendo grande repercussão, está o “Anúncio Grelhado”, que apresenta em 30 segundos como usar o aplicativo para ganhar um hambúrguer do Burger King, com a condição de escanear um anúncio concorrente e assim vê-lo queimar na tela do celular.

A plataforma de streaming da distribuidora Imovision, a Reserva Imovision, está disponível para os consumidores brasileiros. O serviço possui um acervo especializado em produções independentes da América Latina e que já fizeram parte de grandes festivais de cinema, como "Félicité" (2017), vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, e "Entre os Muros da Escola" (2008), vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes. Confira o trailer com trechos dos filmes que estão no catálogo:

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O catálogo da Reserva Imovision tem mais de 250 filmes. A expectativa é ter cerca de mil produções disponíveis no streaming até o fim do ano. De acordo com o presidente da distribuidora, Jean-Thomas Bernadini, a plataforma disponibiliza filmes que provocam o espectador nos gêneros comédia, drama ou documentário.

Entre as opções cult no streaming estão títulos do premiado cineasta francês Jean-Luc Godard, como "Masculino-Feminino" (1966) e "Enter The Void: Viagem Alucinante” (2009), filme que apresenta uma nova proposta na temática sobre drogas, com mescla entre drama e fantasia. Além disso, todas as quintas-feiras serão acrescentadas produções inéditas no catálogo do Reserva Imovision.

Para quem deseja assinar o serviço, a oferta é o plano tradicional de R$ 24,50 por mês. Para conseguir desconto, há a assinatura anual por R$ 211, durante o período de lançamento. Há também a opção de aluguel por R$ 10,90 por título unitário.

O filme "Annette", dirigido pelo francês Leos Carax e protagonizado por Adam Driver e Marion Cotillard, abrirá o Festival de Cannes, previsto para julho, anunciaram os organizadores nesta segunda-feira.

Com seu primeiro filme em inglês, Carax retornará a Cannes nove anos depois de apresentar "Holy Motors", que recebeu o prêmio da juventude no festival.

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"Annette" relata a história de um ator de "stand up" e de uma cantora da fama internacional. Os dois formam um casal cercado de glamour. O nascimento de sua primeira filha, Annette, uma "menina misteriosa com um destino excepcional" altera o rumo de suas vidas.

Carax, que também dirigiu "Os Amantes de Pont Neuf", abrirá assim o maior festival de cinema do mundo, que habitualmente acontece em maio, mas que este ano acontecerá entre 6 e 17 de julho devido à pandemia.

"Acompanhamos com atenção a evolução da situação de saúde na Europa e no mundo (...) O Festival de Cannes continua preparando a próxima edição com confiança e determinação", afirmaram os organizadores.

A seleção oficial da mostra deve ser anunciada no fim de maio. O júri do festival será presidido pelo cineasta americano Spike Lee.

O diretor foi escolhido para a função na edição do ano passado, mas a pandemia forçou o cancelamento do festival.

O diretor americano Spike Lee presidirá o júri do Festival de Cinema de Cannes de 2021, tornando-se a primeira personalidade negra a assumir esse papel, confirmaram os organizadores nesta terça-feira.

Lee ocuparia a presidência do júri em 2020, mas a pandemia forçou o cancelamento da competição de cinema.

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Este ano, o festival, que costuma acontecer em maio, foi adiado pelo mesmo motivo e está programado para acontecer de 6 a 17 de julho.

O americano é "um dos maiores diretores de sua geração", disse um comunicado oficial. "Há 30 anos, o incansável Spike Lee traduz com precisão as questões de sua época de uma forma resolutamente contemporânea que nunca deixa o entretenimetno de lado", diz a nota.

Se as condições sanitárias permitirem, o Festival de Cannes será o primeiro grande festival do ano a ser realizado presencialmente, já que a maioria dos concursos migrou para formatos híbridos ou online, como o Sundance e Berlinale.

Artistas negros americnaos - como a cineasta Ava DuVernay em 2018 e o ator Will Smith em 2017 - já foram membros do júri do Cnnaes, mas esta é a primeira vez que um negro é presidente.

Sendo assim, os sinais de que a sétima arte começa a dar mais espaço para a diversidade racial estão se multiplicando, como também evidenciado nas indicações ao Oscar de nove atores "não brancos", anunciadas na segunda-feira.

Junto ao seu júri, cuja composição será revelada em junho, Spike Lee enfrentará a difícil tarefa de buscar um sucessor para "Parasita", do sul-coreano Bong Joon-ho, Palma de Ouro 2019 e grande vencedor dos Oscar 2020.

Lee vai substituir o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu, presidente do júri em 2019.

O Festival de Cinema americano de Deauville começa nesta sexta-feira na cidade costeira francesa com nove filmes que não puderam ser exibidos em Cannes devido à Covid-19 e na esperança de encorajar o retorno dos telespectadores aos cinemas.

O 46º evento "estará lotado nas noites de sábado, sexta e quarta-feira, como de costume", embora com 30% menos vagas disponíveis, disse à AFP Carine Fouquier, diretora-geral do Centro de Congressos de Deauville (oeste).

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"É mais do que o esperado. Nos permite ser otimistas. A verdade é que eu temia que fosse muito pior. Isso significa que o público se sente seguro com as medidas sanitárias planejadas. Pode ser um bom sinal para a volta às salas de cinema", acrescentou.

O festival recebe normalmente cerca de 60.000 espectadores.

Ao contrário do Festival de Cinema de Veneza, cujo tapete vermelho está cercado por muros altos para evitar multidões, Deauville montou as tradicionais cercas, atrás das quais o público poderá ver os astros.

Os agentes de segurança ficarão encarregados, além de revistar os bolsos, verificar o uso da máscara.

Poucos risos

Assim como no festival de Veneza, inaugurado na quarta-feira, os americanos estarão ausentes, com algumas exceções como Jonathan Nossiter ("Mondovino"), que viajará da Itália, onde mora, para se apresentar com a britânica Charlotte Rampling "Last words", "a história surpreendente do fim do mundo, vivida de forma terna e alegre", segundo informa o boletim de imprensa.

O filme faz parte da competição oficial e também da seleção de Cannes que será apresentada em Deauville, após o cancelamento do mais importante festival cinematográfica do mundo em maio passado devido à pandemia.

No total, o festival recuperará 9 dos 52 filmes que seriam exibidos em La Croisette, especialmente de diretores franceses, como "A Good Mand" de Marie-Castille Mention-Schaar com Noémi Merlant; "Les Deux Alfred", de Bruno Podalydès, e "ADN", de Maïwenn com Louis Garrel e Fanny Ardant.

Além disso, "Península", do sul-coreano Yeon Sang-ho, será apresentado sem a equipe do filme.

Paralelamente, 15 filmes americanos - oito dirigidos por mulheres - participam no concurso de Deauville, cujo júri será presidido nesta edição por Vanessa Paradis.

Destaque para "Kajillionaire", de Miranda July, "Love is love is love", de Eleanor Coppola - esposa de Francis Ford Coppola - e uma das grandes figuras do cinema independente nos Estados Unidos, Kelly Reichardt ("First cow", já exibido em fevereiro na Berlinale).

Esta seleção, entre as quais se destacam sete estreias, reúne "muitos filmes sobre a emancipação feminina", explicou Bruno Barde, realizador do festival.

"Não há muito para rir. Há um ou dois - 'Shiva baby' e o filme de Miranda July - onde as coisas sérias são tratadas com um pouco mais de leveza", acrescentou.

Os vencedores serão anunciados em 12 de setembro.

No ano passado, "Bull" de Annie Silverstein ganhou três prêmios.

Os festivais de cinema mais aclamados do mundo, incluindo Cannes, Veneza, Toronto e Berlim, participarão de um programa de cinema virtual gratuito de dez dias a partir de maio - anunciou o Festival Tribeca de Nova York, nesta segunda-feira (27).

A partir de 29 de maio, o YouTube apresentará exibições para o evento "Somos um: um festival de cinema global". Na programação, ainda não divulgada, estão previstos mesas-redondas, longas e curtas-metragens.

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O festival será em benefício da Organização Mundial da Saúde (OMS) e incentivará o público a fazer doações para a luta contra a COVID-19, disseram os organizadores.

No começo deste mês, os organizadores de Cannes reconheceram que seria difícil realizar o evento em seu "formato original", devido à pandemia de coronavírus.

Inicialmente previsto para acontecer entre 12 e 23 de maio, o festival chegou a ser adiado para o fim de junho, mas o governo francês proibiu todos os principais festivais até pelo menos meados de julho.

"Com frequência, falamos sobre o papel excepcionalmente poderoso dos filmes para inspirar e unir pessoas para além das fronteiras e diferenças, ajudando a curar o mundo", disse a diretora-geral do Festival de Tribeca, Jane Rosenthal.

"Todo mundo precisa se curar neste momento", concluiu.

O Festival de Cannes não será realizado na data prevista, de 12 a 23 de maio, devido à epidemia do novo coronavírus, mas poderá ser adiado, anunciaram os organizadores nesta quinta-feira.

"Várias possibilidades estão sendo estudadas para manter a cerimônia, entre elas um simples adiamento para entre o fim de junho e o começo de julho", diz o comunicado divulgado pela organização.

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O longa “Bacurau”, coescrito e codirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, estreou na última quinta, 29 de agosto, em 246 cinemas. Até a última terça (3), o filme foi visto em todo país por 130.241 espectadores.

O total de público acumulado inclui os 22.542 bilhetes vendidos nas pré-estreias realizadas em mais de 40 cidades antes do lançamento.

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Na quinta-feira (5), o longa entra em cartaz em mais 20 cidades: Arapiraca – AL; Paulista – PR; Imperatriz – MA; Volta Redonda – RJ; Petrópolis – RJ; Itanhaém – SP; Poços de Caldas – MG; Leme – SP; Rio grande – RS; Santa Cruz do Sul – RS; Resende – RJ; Pouso Alegre – MG; Altamira – PA; Marabá – PA; Itajubá – MG; Bragança Paulista – SP; Araras – SP; Rio Verde – GO; Araraquara – SP e São Carlos – SP.

“Bacurau” teve sessões lotadas em vários cinemas, no top 10 das cidades com melhor média de público estão: Recife (São Luiz, em primeiro lugar), terra natal dos diretores, São Paulo (Salas do grupo Espaço Itau), Rio de Janeiro (Espaço Itau e Estação NET, em Botafogo), Brasília (Cine Brasília), Belo Horizonte (Belas Artes) e Natal (Cinemark Natal).

Neste mês de setembro, além de estar em cartaz no Brasil, o longa continua sua trajetória por festivais internacionais. “Bacurau” será exibido no Festival de Toronto (TIFF 2019) na prestigiosa Mostra ‘Contemporary World Cinema’; no MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Horror de Lisboa, em Portugal ; e no New York Film Festival, na principal Mostra ‘Main Slate’.

Vencedor do prêmio do júri no Festival de Cannes e do prêmio de melhor filme na principal mostra do Festival de Cinema de Munique, “Bacurau” é o representante brasileiro nos prêmios Goya, o equivalente ao Oscar na Espanha, e concorre a uma vaga na disputa pelo prêmio de melhor filme ibero-americano.

Com informações da assessoria

Bacurau, filme pernambucano dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ganhou o seu primeiro trailer, nesta terça-feira (16). O longa, vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes deste ano, estreia no dia 29 de agosto.

A obra de passa em um povoado que sofre com a morte da sua moradora mais antiga. Logo depois, o povo da cidade descobre que o vilarejo não existe mais nos mapas. Confira o trailer:

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O filme “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, conquistou o Prêmio Júri, considerado o terceiro mais importante do Festival de Cannes. O anúncio foi feito na tarde deste sábado (25).

A premiação de hoje deixa o Brasil com dois filmes vencedores no Festival de Cannes. Na sexta-feira (24), "A vida invisível de Eurídice Gusmão", dirigido por Karim Aïnouz, foi o vencedor da mostra Um Certo Olhar.

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“Bacurau” conta a história de um povoado sertanejo que sofre com a morte de Dona Carmelita, uma mulher querida e considerada a matriarca do local, e depois disso os moradores do local descobrem que a comunidade não está mais no mapa.

O longa marcou a volta de Kleber Mendonça ao Cannes três anos após concorrer ao Palma de Ouro, maior premiação do festival, com o filme “Aquarius”. “Bacurau” dividiu o prêmio com o filme "Les miserables", de  Ladj Ly.

Seis anos depois da Palma de Ouro por "Azul é a cor mais quente", o diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche escandalizou Cannes com um filme produzido, em grande parte, em uma boate, e com imagens pornográficas "gratuitas", de acordo com muitos críticos.

Em "Mektoub My Love: Intermezzo", na disputa pelo maior prêmio, o diretor filma um grupo de jovens em uma cidade no litoral do sul da França. Após cenas na praia, o filme se concentra em uma discoteca, com uma profusão de imagens lascivas, incluindo uma cena de 13 minutos de sexo oral.

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À margem de uma série de diálogos banais, nas três horas e meia de filme, o cineasta se dedica aos corpos das mulheres, sobretudo nádegas, que se movem sem parar ao ritmo da música. Até chegar à cena explícita de sexo oral nos banheiros - imagens "pornográficas gratuitas", segundo The Hollywood Reporter.

"Tentei mostrar o que me faz vibrar, os corpos, os ventres", justificou Kechiche, de 58 anos, na entrevista coletiva.

O projeto do filme foi "celebrar a vida, o amor, a música, o corpo e buscar uma experiência cinematográfica", completou.

Na véspera, na projeção de gala do filme, vários espectadores deixaram a sala, entre eles a atriz que protagoniza a cena de sexo oral, Ophélie Bau. Nesta sexta-feira, na sessão de fotos e na entrevista coletiva de imprensa da equipe, ela também não esteve presente.

No final da projeção, Kechiche saiu literalmente correndo da sala, embora primeiro tenha pego o microfone para dizer: "Peço desculpas por manter vocês aqui sem adverti-los e agora vou embora!".

- O 'desastre' de Cannes -

"Mektoub My Love: Intermezzo" é a segunda parte de "Mektoub my Love: canto uno", um filme com imagens muito sensuais sobre alguns destes jovens na praia, apresentado na Mostra de Veneza em 2017, onde recebeu vaias, mas também elogios por sua estética.

Em Cannes, a crítica não demorou a reagir ao filme que se tornou o mais polêmico de La Croisette.

O "desastre" de Cannes, escreve Justin Chang, crítico do Los Angeles Times, que se pergunta se o Festival de Cannes está "trolando" os espectadores, ao incluir esta produção na competição oficial, onde concorrem grandes figuras da Sétima Arte, como o britânico Ken Loach, o americano Terrence Malick, ou o espanhol Pedro Almodóvar.

O crítico do jornal espanhol El País, Carlos Boyero, admirador de "Azul é a cor mais quente", vai além em sua reação: "Que tipo de substâncias o diretor ingeriu e como afetaram seu cérebro para cometer tamanha e infinita estupidez?".

Outros apreciaram o filme, como o crítico francês Philippe Rouyer, que considerou que Kechiche "radicaliza seu método para nos fazer compartilhar uma noite louca de desejos em uma discoteca. Parabéns a todos os intérpretes que se entregaram totalmente para recriar este transe magistralmente filmado".

A forma de filmar os corpos femininos de Kechiche também incendiou as redes sociais.

"Sem créditos, sem uma verdadeira narração. Uma introdução sobre um cu, planos sobre cus, e mais. Uma discussão sobre cus. Mais cus. E acaba com um cu. Praia. Discoteca. Cunni. Discoteca. Fim. Me agrada o cinema de Kechiche mas aí não acompanho...", lamentou o diretor francês Thibaut Buccellatto no Twitter.

"Para você público, contei todos os planos que mostram cus no #MektoubMyLoveIntermezzo: tem 178. Se tirarmos isso, acho que o filme dura 20 minutos", tuitou a jornalista Anaïs Bordages.

Não é a primeira vez que Kechiche causa polêmica. As atrizes principais de "Azul é a cor mais quente", Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos, denunciaram duras condições de filmagem, pouco depois de ganhar a Palma de Ouro em 2013.

Outro escândalo persegue o cineasta. Uma mulher de 29 anos o denunciou por agressão sexual no ano passado. No início de maio, uma fonte ligada ao caso afirmou que a investigação segue seu curso. Questionado hoje sobre o assunto, Kechiche considerou a pergunta "perversa" e garantiu ter a "consciência tranquila no que diz respeito às leis".

A diretora brasileira Alice Furtado apresentou nesta quinta-feira (23), em Cannes, o filme "Sem seu sangue", sua visão particular da paixão entre dois jovens, com sangue e elementos de terror para tornar a história "mais sensual".

Entre realismo e cinema fantástico, o primeiro longa-metragem dirigido por Furtado narra a transformação de Sílvia, uma adolescente introvertida que se apaixona por Artur, um jovem hemofílico e problemático. A relação dá força e faz dela uma pessoa muito mais determinada.

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Um acidente acaba com o relacionamento e deixa Sílvia em um vazio existencial, obcecada por ressuscitar o namorado.

Fã do gênero terror, Alice Furtado, que teve a ideia para o filme a partir do fim de um relacionamento amoroso, desejava impregnar a história com um tom fantástico para dar força ao desejo da protagonista.

"O sangue e todos os elementos de horror e fantásticos dão muita intensidade e sensualidade à história", admite a diretora em uma entrevista à AFP.

Para mostrar a mistura de "desejo e medo", Furtado utiliza progressivamente diversos recursos do cinema de terror, que aumentam à medida que a obsessão de Sílvia avança.

O fato de Artur ser hemofílico, uma doença que impede a correta coagulação do sangue, reforça a ideia da cineasta.

"Me interessava o sangue no centro da história", afirmou a cineasta, mas também a história "de alguém que pode estar entre a vida e a morte muito facilmente".

Para interpretar os protagonistas, Alice Furtado selecionou Luiza Kosovski, uma estreante, e Juan Pavia, que já atuou em algumas novelas.

O ator argentino Nahuel Pérez Biscayart, que se destacou no Festival de Cannes há dois anos com "120 Batimentos por Minuto", tem uma pequena participação no filme.

"É um amigo", explica Furtado, que estudou na Faculdade de Cinema francesa Le Fresnoy com o também argentino Eduardo Williams, amigo de Pérez Biscayart.

"Procurava alguém que tivesse facilidade com vários idiomas, e Nahuel era perfeito para isto", comenta.

"Sem seu sangue" foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores, mostra paralela não competitiva de Cannes.

O Brasil tem grande destaque na edição de 2019 do Festival de Cannes, com quatro filmes selecionados, entre a mostra oficial e as seções paralelas.

Além do longa-metragem de Furtado, "Bacurau", dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, disputa a Palma de Ouro, enquanto "A vida invisível de Eurídice Gusmão", de Karim Ainouz, está na mostra Um Certo Olhar e o documentário "Indianara", de Aude Chevalier-Beaumel e do brasileiro Marcelo Barbosa, na seção ACID.

A forte presença no maior festival de cinema do mundo "é muito importante, sobretudo, porque no Brasil, neste momento, é necessário reforçar a importância da cultura", destaca Alice Furtado, em referência ao governo do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro.

Quentin Tarantino não decepcionou: seu aguardado filme, "Era uma vez em Hollywood", com um elenco estrelado encabeçado por Brad Pitt e Leonardo DiCaprio, foi recebido nesta terça-feira (21) com uma longa ovação e críticas entusiasmadas no Festival de Cannes.

Era o momento mais aguardado da mostra iniciada há uma semana: Tarantino, Pitt e DiCaprio pisaram no tapete vermelho da La Croisette recebidos como heróis, aclamados pelo público que os aguardava desde as primeiras horas da manhã.

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O cineasta e os dois atores, pela primeira vez juntos em um filme, posaram, elegantes em seus smokings, ao lado da colega de elenco, a atriz Margot Robbie, vestindo um conjunto de lantejoulas com calça preta e top branco, arrematado por uma flor rosa.

O filme, que compete pela Palma de Ouro, é "feito de lembranças, um pouco como 'Roma', que foi um filme de memórias para (Alfonso) Cuarón", disse no tapete vermelho Tarantino, ao lado da esposa, a cantora israelense Daniella Pick.

A película de 2h45, rodada em 35 mm, é ambientada na Los Angeles de 1969. Conta a história de Rick Dalton (DiCaprio), astro de westerns da televisão, seu dublê nas cenas de ação (Pitt) e a vizinha dele, a atriz Sharon Tate (Robbie). Al Pacino, Dakota Fanning, Bruce Lee e Steve McQueen também integram o elenco.

Ao final da projeção, o público ficou de pé e aplaudiu Tarantino por vários minutos, 25 anos depois dele ter recebido a Palma de Ouro por "Pulp Fiction - Tempo de Violência". Pitt estava visivelmente emocionado, enquanto a atriz britânica Tilda Swinton, que não atua no filme, tampouco pôde conter as lágrimas.

"Nos vemos na La Croisette!", disse Tarantino ao público, após agradecer o apoio dos espectadores.

- "Brilhante" -

Parte da crítica internacional fez suas primeiras avaliações de que este é um dos melhores filmes de Tarantino em anos.

Um crítico do jornal britânico The Guardian o qualificou como "uma brilhante comédia de humor negro".

O site especializado Deadline avaliou que Tarantino "nasceu para fazer este filme", "glorioso" e "divertidíssimo".

Cannes "mudou a vida" do diretor americano, de 56 anos. "Vim primeiro com 'Cães de Aluguel', como pequeno cineasta independente, e depois dei a volta ao mundo".

Também no tapete vermelho, Pitt se desmanchou em elogios a Tarantino. "É um prazer trabalhar com ele, não pode ser comparado a ninguém (...) Conhece de forma exaustiva o cinema" e o filme para ele é "uma carta de amor a Hollywood, a Los Angeles".

No filme, "interpretamos dois atores que tentam encontrar seu lugar em um mundo que está mudando", afirmou DiCaprio, cuja namorada, a atriz argentina Camila Morrone, também assistiu à projeção.

Tarantino pediu na véspera que os espectadores não revelassem o conteúdo do filme.

"Gosto do cinema. Vocês gostam do cinema. Uma história está a ponto de ser descoberta pela primeira vez (...) Os atores e a equipe trabalharam duro para criar algo original, e só peço que cada um evite revelar qualquer coisa que impeça futuros espectadores de viver a mesma experiência com o filme", escreveu em uma carta publicada em sua conta no Twitter.

- Palma dupla? -

A história de Tarantino em Cannes é repleta de cenas memoráveis, a começar pela Palma de Ouro entregue por Clint Eastwood há 25 anos por "Pulp Fiction". Ao receber o prêmio, entre aplausos e assobios, o cineasta americano levantou o dedo médio para uma mulher que gritou, "Que merda! Não, mas que merda!".

Dez anos depois, o cineasta voltou à La Croisette para apresentar "Kill Bill vol.2" fora da competição.

Com "Bastardos Inglórios", voltou a disputar a Palma de Ouro em 2009, mas desta vez o prêmio ficou com o austríaco Michael Haneke por "A Fita Branca".

No entanto, ele aprontou uma das suas no tapete vermelho, ao dançar com a atriz francesa Mélanie Laurent. Em 2014, também arriscou uns passos com Uma Thurman pelos 20 anos de "Pulp Fiction".

No próximo sábado, o diretor pode passar a fazer parte do seleto grupo de cineastas com duas Palmas de Ouro, somando-se a Bille August, Francis Ford Coppola, Luc e Jean-Pierre Dardenne, Michael Haneke, Shohei Imamura, Emir Kusturica e Ken Loach.

Pedro Almodóvar e Terrence Malick, entre outros cineastas, também disputam o prêmio máximo do festival.

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