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O juiz federal Sérgio Moro acolheu pedido da força-tarefa da Operação Lava Jato e marcou para 15 de dezembro novo interrogatório de Glaucos da Costa Marques e do contador João Muniz Leite no âmbito de incidente de falsidade aberto para investigar os recibos de pagamento de aluguel apresentados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre imóveis que são tratados pelos procuradores como supostas propinas da Odebrecht ao petista.

Após os novos esclarecimentos, a força-tarefa quer indicar assistente técnico para perícia sobre os papéis. O magistrado também acatou o pedido. "Quanto ao pedido para que seja reconhecida a preclusão da modalidade de perícia a ser realizada, o pedido do MPF de postergação da questão para depois da produção da prova oral é razoável, já que necessário elucidar, por aqueles que produziram os documentos, as circunstâncias de sua produção".

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Lula é réu em ação penal que investiga se um terreno em São Paulo aonde seria sediado o Instituto Lula, no valor de R$ 12 milhões, e o apartamento vizinho ao do ex-presidente, em São Bernardo, no edifício Hill House - R$ 504 mil - seriam formas de pagamento de vantagens indevidas da empreiteira. A força-tarefa sustenta que o ex-presidente nunca pagou pelos imóveis até 2015.

Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, é denunciado por ser o suposto laranja do ex-presidente na aquisição do terreno e do apartamento.

O ex-presidente apresentou os recibos de pagamento assinados por Glaucos em setembro deste ano. Parte do material tem os mesmos erros gramaticais e há datas nos documentos que não existem no calendário, como "31 de novembro". O Ministério Público Federal investiga a autenticidade dos papeis.

Glaucos tem afirmado que, em dezembro de 2015, foi visitado pelo advogado de Lula, Roberto Teixeira, no hospital Sírio Libanês, quando a ele foi prometido que o ex-presidente passaria a pagar pelo aluguel do apartamento 121 do condomínio Hill House, ocupado pelo petista. Segundo o engenheiro, um dia depois de receber o compadre de Lula, ele teria sido visitado pelo contador João Muniz, que teria levado todos os recibos para que assinasse de uma só vez.

Registros do hospital revelam que Glaucos foi visitado três vezes pelo contador. No entanto, não consta a entrada do advogado de Lula no Sírio para visitá-lo. A força-tarefa ressalta que ele recebeu ligações de Teixeira em datas próximas do dia em que assinou os papeis.

Defesa

Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou: "A decisão proferida hoje no caso dos recibos para reabrir a fase de instrução e coletar novos depoimentos é totalmente contraditória com a decisão proferida pelo mesmo juiz no caso do tríplex, em situação idêntica. Naquele outro processo, o Sr. Léo Pinheiro juntou documentos após o encerramento da fase destinada a ouvir testemunhas e nós questionamos a autenticidade do material, pedindo a reabertura da coleta de depoimentos. No entanto, o pedido foi negado.

O MPF fez grande alarde de que queria periciar os recibos. Os originais foram entregues para essa finalidade mas agora os procuradores querem reinquirir um corréu que já apresentou diversas versões sobre os mesmos fatos.

A prova documental que consta no processo é absolutamente compatível com os recibos emitidos pelo proprietário e a declaração de quitação neles veiculada. Se houvesse dúvida sobre a autenticidade dos recibos, o juiz teria determinado a realização de uma perícia.

Glaucos da Costamarques jamais negou ser o proprietário do imóvel e jamais apresentou qualquer cobrança de aluguéis atrasados.

A verdadeira acusação, que diz respeito a contratos da Petrobras, foi ignorada, porque os procuradores jamais conseguiram uma prova de que o ex-Presidente Lula tenha recebido qualquer valor proveniente da petrolífera."

A força-tarefa da Operação Lava Jato pediu, nesta quarta-feira, 8, ao juiz federal Sérgio Moro, para que marque novos depoimentos de Glaucos da Costamarques e do contado João Muniz Leite no âmbito de incidente de falsidade aberto para investigar os recibos de pagamento de aluguel apresentados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre imóveis que são tratados pelos procuradores como supostas propinas da Odebrecht ao petista. Após os novos esclarecimentos, a força-tarefa quer indicar assistente técnico para perícia sobre os papéis.

Lula é réu em ação penal que investiga se um terreno em São Paulo aonde seria sediado o Instituto Lula, no valor de R$ 12 milhões, e o apartamento vizinho ao do ex-presidente, em São Bernardo, no edifício Hill House - R$ 504 mil - seriam formas de pagamento de vantagens indevidas da empreiteira. A força-tarefa sustenta que o ex-presidente nunca pagou pelos imóveis até 2015.

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Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, é denunciado por ser o suposto laranja do ex-presidente na aquisição do terreno e do apartamento.

O ex-presidente apresentou os recibos de pagamento assinados por Glaucos em setembro deste ano. Parte do material tem os mesmos erros gramaticais e há datas nos documentos que não existem no calendário, como "31 de novembro". O Ministério Público Federal investiga a autenticidade dos papéis.

Glaucos tem afirmado que, em dezembro de 2015, foi visitado pelo advogado de Lula, Roberto Teixeira, no hospital Sírio Libanês, quando a ele foi prometido que o ex-presidente passaria a pagar pelo aluguel do apartamento 121 do condomínio Hill House, ocupado pelo petista. Segundo o engenheiro, um dia depois de receber o compadre de Lula, ele teria sido visitado pelo contador João Muniz, que teria levado todos os recibos para que assinasse de uma só vez.

Registros do hospital revelam que Glaucos foi visitado três vezes pelo contador. No entanto, não consta a entrada do advogado de Lula no Sírio para visitá-lo. A força-tarefa ressalta que ele recebeu ligações de Teixeira em datas próximas do dia em que assinou os papéis.

"Nos documentos, a força-tarefa vê provas que corroboram com o depoimento de Glaucos. Depois da instauração deste incidente, como acima exposto, sobrevieram outros elementos, notadamente as informações fornecidas pelo Hospital Sírio-Libanês, as declarações prestadas pelo próprio contador João Muniz Leite à imprensa e neste incidente, e também os registros dos contatos telefônicos mantidos entre Glaucos e Roberto Teixeira durante o período de internação hospital além da fantasiosa versão da defesa sobre o 'encontro' dos recibos, que não apenas corroboraram a narrativa de Glaucos sobre a assinatura dos recibos em leito hospitalar como agregaram novas circunstâncias sobre a confecção dos documentos apresentados, as quais exigem os devidos esclarecimentos", sustentam os procuradores.

Os procuradores querem saber de Glaucos e Muniz mais sobre as "circunstâncias em que foi elaborada e assinada a totalidade dos recibos apresentados pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva, no que se inclui, apenas para exemplificar as datas de confecção e assinatura dos documentos, bem como a quantidade de recibos elaborados e firmados em cada ocasião, e os responsáveis pela confecção dos documentos, entre outras circunstâncias que são úteis para a adequada e efetiva realização do exame perícias requerido".

Defesa

Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou: "Em 24/10 fizemos a entrega de recibos originais emitidos pelo proprietário do apartamento à inquilina, D. Marisa, dando quitação em relação aos aluguéis. A lei civil brasileira confere máxima força probatória à quitação para provar o pagamento (Código Civil, art. 319), de modo que o assunto não mais comporta qualquer discussão.

Reforça esse entendimento o fato de termos também comprovado: (i) a existência de movimentação financeira compatível com o recebimento dos aluguéis pelo proprietário; (ii) a existência de declaração à Receita Federal de que os valores foram pagos, com o recolhimento do imposto correspondente ('Carnê-Leão'); (iii) declaração do contador que prestava também serviços ao proprietário afirmando que recebia os recibos 'periodicamente' deste último. Também há nos autos e-mail de 07/04/2014 no qual o proprietário do imóvel descreve 'Os aluguéis recebidos em 2013'.

Apenas nesse processo (Ação Penal nº 5063130-17.2016.4.04.7000) foram realizadas 35 audiências e ouvidas 98 testemunhas e o Ministério Público Federal não conseguiu comprovar a real tese acusatória de que valores provenientes de 8 contratos firmados pela Petrobras teriam sido destinados ao ex-Presidente Lula. O pedido agora formulado pelo MPF para ouvir novamente o Sr. Glaucos, que já confirmou ser o proprietário do imóvel, revela mais uma tentativa de mudar o foco da ação ao invés de reconhecer a improcedência da acusação veiculada na denúncia.

Essa nova iniciativa do MPF reforça o mau uso das leis e dos procedimentos jurídicos para perseguir o ex-Presidente Lula, fenômeno que definimos como 'lawfare'.

A Defesa de Lula irá demonstrar, por outro lado, que documentos apresentados pelo MPF e outras partes do processo para acusar o ex-Presidente devem ser declarados inidôneos, conforme pedido já formulado em 1º/09, antes, portanto, do questionamento do MPF em relação aos recibos. Recentes informações de ex-colaboradores da Odebrecht reforçaram esse pedido."

Em celebração ao Outubro Rosa, o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) promove uma exposição que retrata depoimentos de mulheres que superaram o câncer de mama. Gratuita, a mostra possui fotos, além de trechos das histórias de superação.

A exposição está sendo realizada até o dia 31 deste mês, no piso térreo do Shopping Tacaruna, bairro de Santa Amaro, Centro do Recife. O horário de visitação é das 9h às 22h.

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Nesta quinta-feira (25), o Simepe também promoveu atendimentos gratuitos em prol da prevenção contra o câncer de mama. Autoexame e formas de tratamento foram algumas das dicas repassadas de maneira gratuita para a população, no mesmo espaço da exposição.  

 

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS adiou para a próxima semana o depoimento de Ricardo Saud, executivo da empresa de frigoríficos dos irmãos Batista. Saud seria ouvido nesta quarta-feira, 25, mesmo dia da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados.

Segundo a assessoria de imprensa do presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-RR), o executivo da JBS falará aos deputados e senadores somente na próxima terça-feira, 31. O adiamento foi um pedido do próprio Ataídes Oliveira. O gabinete do tucano não divulgou o motivo da mudança na data.

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Outro depoimento que foi adiado é o do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Hereda, que falaria nesta terça-feira, 24, na comissão. O depoimento de Hereda foi adiado em um dia, para a quarta-feira, 25.

Os delatores Tania Maria Silva Fontenelle e Rodolfo Mantuano, ex-executivos da empreiteira Carioca Engenharia, declararam, em depoimento ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, nesta segunda-feira, 9, que a empresa pagou mesada de R$ 200 mil a R$ 500 mil ao ex-governador Sergio Cabral (PMDB) entre os anos de 2009 até "2013 ou 2014". Eles já haviam fornecido essas informações quando fizeram delação premiada.

Os dois ex-executivos admitiram saber à época que os pagamentos eram indevidos. Contaram que os recursos eram entregues a duas pessoas de confiança de Cabral, Carlos Miranda e Luiz Carlos Bezerra, ambos presos. Os pagamentos eram feitos em espécie, na sede da empresa, e chegaram a acontecer também na própria residência de Tania.

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O valor de R$ 200 mil perdurou por "dois ou três anos", Tania informou, e depois passou para R$ 500 mil. Os valores não mudavam caso se tratasse de um ano eleitoral. Ambos os depoentes relataram que, por vezes, a empresa não dispunha do montante, e o pagamento passava para o mês seguinte, "para completar o valor", explicou.

"O dinheiro vinha de contratos superfaturados de empresas que já prestavam serviço à Carioca, e alguns poucos eram contratos totalmente simulados, para geração desses recursos em espécie", ela disse.

Cabral está preso há onze meses, acusado de comandar uma organização criminosa que perdurou durante seus dois mandatos no governo fluminense (2007-2014).

O presidente Michel Temer (PMDB) afirmou que não tem medo de um acordo de delação premiada de Lúcio Funaro, apontado como operador de propinas no esquema investigado pela Lava Jato, e do ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB). Segundo interlocutores dos dois, o presidente seria um dos alvos principais do que vier a ser revelado por eles. 

“As pessoas estão cansadas disso. Primeiro, não conheço Lúcio Funaro, segundo, não sei o que ele vai dizer. Portanto, não posso falar sobre hipóteses. Não tenho nenhuma preocupação com isso. Eduardo Cunha, sim, foi líder do PMDB, foi presidente da Câmara. Às vezes me perguntam, como é que você falava com ele? Meu Deus, estou falando com o líder do PMDB, com o presidente da Câmara... E eu não devo falar com ele?”, indagou, ao responder se tinha receio das delações durante uma entrevista concedida ao jornal Estadão, publicada na noite dessa sexta-feira (4). 

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Em julho, Lúcio Funaro foi transferido do Complexo Penitenciário da Papuda para a carceragem da Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal. A mudança foi solicitada pela defesa do operador para, sob os argumentos deles, facilitar a produção dos anexos da delação premiada que Funaro está negociando com a Procuradoria-Geral da República (PGR). 

Já Eduardo Cunha teria se visto pressionado a firmar um acordo após a decisão de Funaro. Especula-se a ideia de realizar um acordo ‘casado’ dos depoimentos dos dois. Informações publicadas em jornais de circulação nacional dão conta de que Cunha já teria mais de 100 anexos a sua delação e estaria produzindo, inclusive, a próprio punho na cadeia.  

Michel Temer foi um dos principais alvos da delação de um dos donos da JBS, Joesley Batista. Em áudio entregue a Polícia Federal (PF), Joesley gravou o presidente dando anuência para que o empresário mantivesse o pagamento de uma suposta mesada a Cunha para que ele ficasse calado e não firmasse acordos com a Lava Jato. 

A ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli prestarão depoimento nos próximos dias no âmbito de uma ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o marido, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo.

O depoimento de Dilma está marcado para as 13h desta sexta-feira (28), na sede da Seção Judiciária do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. Já Gabrielli prestará depoimento na próxima segunda-feira (31), na sede da Seção Judiciária do Estado da Bahia, às 17h. Ambos falarão na condição de testemunhas de defesa. Na última segunda-feira (24), a ex-presidente da Petrobras Maria das Graças Foster prestou depoimento ao STF, também como testemunha de defesa.

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Em setembro do ano passado, a Segunda Turma do STF aceitou por unanimidade a denúncia contra Gleisi e Paulo Bernardo, que se tornaram réus na Operação Lava Jato. Gleisi e Bernardo são investigados por suposto recebimento de R$ 1 milhão para custear a campanha eleitoral da petista ao Senado Federal em 2010.

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o dinheiro era oriundo do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro estabelecido na diretoria de Abastecimento da Petrobras, na época chefiada por Paulo Roberto Costa. O suposto repasse de quantias ilícitas, de acordo com a PGR, tinha como finalidade a manutenção de Costa no cargo. O pagamento do dinheiro teria sido operacionalizado pelo doleiro Alberto Youssef.

As defesas de Gleisi e Paulo Bernardo alegam que a PGR se baseou exclusivamente nas delações premiadas de Costa e Youssef para apresentar a denúncia.

"Política de coalizão". No último dia 7, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prestou depoimento ao STF no âmbito da ação penal contra Gleisi e Paulo Bernardo. Na ocasião, Lula disse que o Ministério Público acha "criminoso" o fato de partidos políticos indicarem nomes para ocupar cargos na administração pública federal.

Segundo Lula, essas nomeações fazem parte de uma "política de coalizão" para garantir a governabilidade. Em tom irônico, o petista afirmou que, em outra encarnação, "vamos indicar só gente do Ministério Público" para cargos do Executivo.

De acordo com Lula, Gleisi não teve nenhuma influência na indicação de Costa à Petrobras. "Ela (Gleisi) não tinha cargo público, e o Ministério do Planejamento (na época ocupado por Paulo Bernardo) não tinha nada a ver com as indicações da Petrobras", disse o ex-presidente. (R

Durante o julgamento da campanha presidencial da chapa Dilma-Temer de 2014, na tarde desta quinta-feira (8), o relator Herman Benjamin disse que nos depoimentos ficou “claríssimo” de que “corrupção, na Petrobras, sempre houve” e que acontece desde a década de 50. “Não são esquemas de corrupção montados a partir de 2003”, afirmou. 

O ministro também ressaltou que o ataque à Petrobras não é invenção de um partido político. “Ali sempre esteve instalada uma situação, antes não investigada e muito menos punida, de dreno dos recursos públicos”. 

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Ele falou sobre que o pagamento direto de recursos não contabilizados nas campanhas eleitorais é um fenômeno atual, não só do Brasil. “Causa imediato escândalos políticos ao redor do mundo. Poderia citar muitos que não estão sendo investigados ou que não podem ser investigados”. 

O relator, no voto, fez um histórico do começo da Lava Jato e também citou o depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. No depoimento, Costa disse que nos contratos da área dele, a propina dependia da negociação. Podia ser 2%, 3%. Era 2% para o partido do governo e 1% para o PP.

 

Em depoimento a procuradores, a empresária Mônica Moura afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva queria ser o candidato à Presidência em 2014 e que isso causou um estremecimento na relação entre ele e a então presidente Dilma Rousseff, que decidiu concorrer à reeleição. A delatora disse também que "Dilma escanteou o PT totalmente" naquela campanha.

"Em 2014, houve um certo estremecimento entre Lula e Dilma, acho que isso é do conhecimento de todos. Os jornais veiculavam, mas eles negavam, mas é verdade. Porque o Lula queria ser candidato, e a Dilma não aceitou. Era a reeleição dela. Ela se sentia forte", disse Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, na delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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"Essa era a conversa dela com João. Eu nunca tive esse tipo de conversa com a Dilma. Depois João vinha me contar, que Lula queria ser candidato de 2014. Voltar. 2010 ele sai, e bota a apadrinhada dele lá, e em 2014 ele volta para ser candidato", disse Mônica Moura.

O "estremecimento", segundo Mônica Moura, refletiu-se em um baixo engajamento de Lula na própria campanha de Dilma, tanto na exposição quanto na organização. "Ele [Lula] ia lá na produtora da gente, de vez em quando ele gravava apoio para ela, não queria colocar em risco também", disse a publicitária, fazendo alusão às chances de o PT alcançar nas urnas mais um mandato.

A campanha de 2014 foi bem diferente da de 2010, quando Lula trabalhava para eleger a sucessora e, segundo a delatora, teria aprovado os custos da campanha, da ordem de R$ 54 milhões, estabelecidos após negociação entre o então ministro Antonio Palocci e o casal de marqueteiros. "Esses R$ 54 milhões foram aprovados por Lula. Palocci só fechou comigo depois de aprovado por ele".

A delatora diz que ouvia constantemente de Palocci a informação de que Lula estava ciente, mas ela mesma nunca teria tratado diretamente sobre dinheiro com o presidente.

Lula era procurado quando havia atrasos nos pagamentos, segundo ela, por João Santana. Os atrasos eram constantes, segundo ela.

Em 2010, o casal teve dificuldades para receber pagamentos que estavam sob a responsabilidade de João Vaccari, tesoureiro da campanha. Mônica Moura conta que Dilma "escanteou ele (Vaccari) completamente". Em vez de Palocci e Vaccari, as conversas eram com Guido Mantega e Edinho Silva.

"Edinho, a parte oficial", disse a publicitária. E Guido fazia a comunicação com a Odebrecht - ele era o pós-Itália na lista do departamento da propina do grupo baiano, em alusão ao fato de ser o sucessor de Palocci, o italiano.

"Guido também delegou para falar com a Odebrecht. Como Palocci fazia também (em 2010), ele dizia: 'conversei lá, já tá acertado, eles já sabem quanto vão ter de pagar. Va lá e acerte o modus operandi como você quer'", disse Moura.

"Eu estava até mais tranquila porque não ia ter pagamento do PT, porque eu sabia que isso seria mais uma vez dor de cabeça. Como a Dilma escanteou o PT totalmente, eu nem fui lá, nem conversava com o Vaccari. Mas com a Dilma tive vários. Eu mesma falava da dívida", disse Moura.

Poste

Mônica Moura afirmou também que a petista "era um poste, realmente, para eleger". "Uma campanha como a da Dilma, em 2010, dificílima de fazer, todo mundo apostava que ia perder, era impossível, era um poste realmente para eleger. E o João não aceitava que ficassem 10, 12 pessoas do PT dando opinião sobre o programa", afirmou Mônica Moura.

"O João colocava no início como cláusula que não aceitava que ficasse conglomerado de gente", afirmou. Diante da missão "dificílima", a delatora disse que o casal resolveu restringir a Lula e a Palocci os palpites na campanha.

"Quem dava opinião era o Palocci, era o Lula. O Rui Falcão era muito difícil chegar perto nesta época. Ele quase não era aceito no pequeno grupo", disse.

Ela explicou que não interferia em outras áreas. "A nossa parte era marketing. A gente não fazia comício. Essa parte a gente nem sabia como é que fazia. Nossa parte era comunicação, marketing, era televisão, rádio, música, jingle, camiseta, essas coisas", disse.

Em depoimento ao Ministério Público Federal, o marqueteiro João Santana disse que todas as campanhas eleitorais feitas no País usam caixa 2 e "violam a democracia". Os vídeos foram divulgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta sexta-feira (12).

"As campanhas no Brasil são fortemente financiadas dessa forma: caixa 2. Não há uma só campanha no Brasil, vamos dizer, 99,9%, e não há um único marqueteiro, eu imagino, que não tenha sido obrigado ou que não recebeu. Não que isso nos isente", disse João Santana em sua delação premiada.

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O marqueteiro foi responsável pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014. João Santana disse em depoimento que sempre pressionou para que o seu pagamento oficial fosse o mais próximo da realidade.

"Não pra dizer que eu ajudei a sanear esse mercado, mas a minha pressão pra ser o pagamento ser o mais próximo da realidade ajudou isso também", disse o marqueteiro.

Santana reconheceu que se os marqueteiros não topassem o esquema de caixa 2, as campanhas seriam mais limpas, honestas e democráticas.

Violação

Questionado se o caixa 2 não torna a competição mais desigual, principalmente quando se trata de uma campanha à reeleição, o marqueteiro respondeu: "torna desigual, mas todos violam a democracia. Pequenos e grandes, cada um da sua maneira. E se associam pra violar. É uma prática generalizada o caixa 2".

Nesta sexta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou os vídeos dos depoimentos do acordo de delação premiada de Santana e sua mulher, Mônica Moura, para a Lava Jato. A delação foi homologada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte. COLABORARAM BERNARDO GONZAGA, DEIVLIN VALE E LIANA COSTA, ESPECIAIS PARA AE

O marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, afirmaram ao Ministério Público Federal (MPF) em delação premiada que a presidente cassada Dilma Rousseff manteve o casal informado sobre a Operação Lava Jato entre 2014 e 2016. Eles eram avisados por telefone e e-mail sobre o andamento das investigações.

Segundo a delação, na véspera da prisão do casal, a petista alertou os dois sobre os mandados.

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Mônica disse aos procuradores que Dilma ligou para a República Dominicana, onde o casal estava, para avisar Santana que eles seriam presos. Segundo a empresária, Dilma tinha informações privilegiadas por meio do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

O casal também falou sobre a preocupação de Dilma com o avanço das investigações. Esse trecho da delação foi incluído pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito já em andamento no qual Dilma é investigada por tentativa de obstruir a Justiça.

As conversas sobre as investigações teriam começado em 2014. Mônica disse que estava de férias em Nova York, em novembro daquele ano, quando precisou retornar a Brasília para conversar com Dilma. Segundo o relato, a então presidente "estava preocupada que as investigações chegassem à conta da Suíça".

Perigo

De acordo com Mônica, a descoberta da conta, para Dilma, "a colocaria em perigo, porque sabia que a Odebrecht tinha realizado o pagamento de suas campanhas através de depósitos de propinas". Segundo a empresária, Dilma disse que precisava manter contato frequente de forma segura.

Com apoio de Giles Azevedo, assessor especial da petista, a empresária então criou uma conta, com dados fictícios, usando senha compartilhada entre as duas para tratar dos avanços da Lava Jato. As mensagens escritas pela petista ficariam na caixa de rascunhos, para não circular, e Mônica acessaria a conta.

Como prova, a delatora entregou contas de e-mail, passagem aérea e seu notebook. Santana disse ainda que Dilma recomendou que o casal permanecesse o maior tempo no exterior.

Decisão 'tardia'

A presidente cassada Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira, 11. lamentar o que chamou de decisão "tardia" do Supremo Tribunal Federal de acabar com o sigilo dos depoimentos dos ex-marqueteiros do PT João Santana e Mônica Moura. A petista enfrenta um processo de cassação da chapa dela e do então candidato a vice-presidente, Michel Temer, nas eleições de 2014, por suposto abuso de poder político e econômico na campanha.

Os advogados de Dilma já apresentaram as alegações finais no processo. Segundo nota da assessoria de Dilma, há semanas a defesa requereu acesso às delações dos marqueteiros ao ministro-relator da ação movida pelo PSDB no Tribunal Superior Eleitoral, Herman Benjamin. "A defesa foi prejudicada pela negativa do relator. Não foi possível cotejar os depoimentos prestados pelo casal à Justiça Eleitoral e na Lava Jato", afirmou o comunicado.

Na nota, a assessoria de Dilma também reafirmou que "João Santana e Mônica Moura prestaram falso testemunho".

'Negociações'

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse desconhecer as declarações do casal. "Como foram prestadas em uma delação, elas nada provam. Delações são negociações que o Ministério Público Federal faz com pessoas que confessam a prática de crimes e desejam sair da prisão ou obter outros benefícios", afirmou, em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins.

A defesa de Lula alegou que "veículos de imprensa já denunciaram que a força-tarefa da Lava Jato tem exigido referências a Lula como condição para aceitar delações". "O assunto foi oficialmente levado ao procurador-geral da República para que seja investigado com isenção, mas, até o momento, desconhecemos qualquer providência nesse sentido."

O ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo disse que só recebia as informações da Lava Jato no momento em que era desencadeada a operação. "Acho essa história totalmente inverossímil. Um delator muitas vezes fala o que o investigador quer ouvir, na tentativa de atenuar sua pena", afirmou.

O advogado do ex-ministro Antonio Palocci, José Roberto Batochio, afirmou que é "temerário comentar depoimento cujo teor ainda não se conhece em detalhes". "Não é desconhecido de ninguém o fato de que, em alguns lugares do Brasil, se encarceram pessoas, antes de sua condenação, para lhes arrancarem delações que incriminam terceiros. Uma espécie de Guantánamo meridional", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O marqueteiro João Santana e sua mulher, a empresária Mônica Moura, contaram em delação premiada que o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS, ex-PT) exigiu que parte dos pagamentos pela sua campanha ao Senado, em 2002, fosse feita via caixa 2, por meio de depósito no exterior.

Conforme anexos da colaboração do casal à Lava Jato, a negociação com o marqueteiro foi feita numa reunião dentro da sauna da casa do ex-congressista, em Campo Grande. Na época, ele era secretário de Estado em Mato Grosso. "João Santana foi convidado, de forma inusitada, a conversar dentro da sauna, pois claramente Delcídio visava a preservar informações quanto a valores e forma de pagamento", diz trecho do documento.

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O suposto caixa 2 não consta do acordo de delação firmado por Delcídio com a Lava Jato. Procurado pela reportagem, o advogado do ex-senador, Antônio Figueiredo Basto, disse que seu cliente não reconhece os fatos relatados pelo casal como verdadeiros. Por esse motivo, segundo ele, o episódio não foi tratado na colaboração. "Conversa em sauna? Se ele tivesse cautela para conversar com as pessoas, não teria acontecido o que aconteceu", comentou.

Delcídio foi preso no fim de 2005, após ter sido gravado numa conversa com Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, e outras pessoas em suposta tentativa de atrapalhar investigações da Lava Jato. Ele foi solto depois de confessar ilícitos aos investigadores.

Santana e Mônica contaram que o marketing da campanha de Delcídio foi orçado em R$ 4 milhões. Metade teria sido paga "por dentro" e a outra metade, por meio de depósito feito por uma offshore na conta Shellbill, de Santana, na Suíça.

Em anexo de delação premiada, o marqueteiro João Santana informou ao Ministério Público Federal que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-presidente Dilma Rousseff tinham ciência de pagamentos oficiais e de caixa 2 feitos como contraprestação aos serviços prestados em campanhas eleitorais.

De acordo com ele, falou diversas vezes com Lula e Dilma quando necessitava fazer cobranças. "Nestas oportunidades, tanto Lula como Dilma se comprometeram a resolver o impasse e, de fato, os pagamentos voltavam a ocorrer. Tanto os pagamentos oficiais, quanto os recebimentos de valores através de caixa 2", informa o marqueteiro no seu anexo de delação premiada.

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No depoimento aos investigadores, Santana fala da relação da Odebrecht no pagamento das dívidas de campanha e diz que Dilma e Lula sabiam que a conta seria paga com recursos de caixa dois da empreiteira baiana.

Ele narra ainda que o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci dizia que decisões definitivas sobre pagamentos dependiam da "palavra final do chefe", em referência a Lula. Em dois momentos da campanha à reeleição de Lula, Santana diz ter ameaçado interromper os trabalhos em razão de inadimplência. Depois disso, o petista pressionou Palocci que "colocou a empresa Odebrecht no circuito", segundo o anexo da delação.

Na delação, Santana foi questionado por procuradores quais questões que, segundo Palocci, dependeriam do "respaldo do chefe". O marqueteiro disse que eram questões referentes aos valores totais de seus honorários nas campanhas.

João Santana diz, em seu relato, que soube por sua esposa que Palocci tinha "poder quase absoluto" sobre o fundo de caixa dois do PT manuseado pela Odebrecht.

A empreiteira baiana revelou na delação premiada de seus executivos que havia uma conta corrente destinada aos governos do PT e abastecida pelo Setor de Operações Estruturadas, conhecido como departamento da propina da empresa.

O marqueteiro confirma a existência da conta corrente. Segundo Santana, Palocci o questionou "você tem conta no exterior?". Após uma resposta afirmativa, o ex-ministro da Fazenda disse que depósitos seriam feitos fora do País pela Odebrecht "para segurança de todos" e que a empresa tinha "o respaldo do chefe".

Conforme os delatores, a campanha de 2006 marcaria o início de um relacionamento com o PT que se arrastaria até 2014, com a reeleição da então presidente Dilma Rousseff.

Em seus anexos de delação, Mônica Moura contou que acertou com Palocci, em 2006, os valores de caixa 1 e caixa 2 para a campanha de reeleição de Lula. Na ocasião, o petista teria informado a ela que parte do dinheiro por fora seria desembolsado em espécie e parte pela Odebrecht. Ele a teria orientado a procurar Pedro Novis, então presidente do grupo.

"O presidente Lula sabia do valor total da campanha - tanto o que seria pago oficialmente e o que seria pago por fora -, porque Palocci relatou a Mônica Moura diversas vezes, durante a negociação, na fase de discussão sobre valores, que 'tinha que falar com o Lula, porque o valor era alto, e ele não tinha como autorizar sozinho'", diz trecho de anexo da delação da empresária, entregue por sua defesa à Lava Jato.

"Depois, na última reunião de fechamento, (Palocci) voltou dizendo que 'o valor da campanha (total) tinha sido autorizado pelo Presidente'", acrescenta o documento.

Mônica Moura disse que os serviços de comunicação prestados para Lula custaram R$ 24 milhões, sendo que R$ 10 milhões teriam sido pagos de forma não oficial. Metade deste valor teria sido entregue em espécie a ela própria por um assessor de Palocci, em várias ocasiões, nos anos de 2006 e 2007.

O dinheiro, segundo ela, era acondicionado em caixas de sapato e roupas, e repassado numa casa de chá do Shopping Iguatemi, em São Paulo. A outra metade teria sido depositada pela Odebrecht na conta Shellbil, de João Santana, no exterior.

Anexo

O anexo de delação premiada é o documento em que o delator informa ao MPF o que irá contar no processo de delação. A colaboração de João Santana, assim como a de sua esposa, Mônica Moura e de um funcionário do casal, André Santana, foi assinada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Isso significa que, a partir de agora, o que foi dito à Lava Jato pode ser usado para embasar abertura de inquéritos ou reforçar investigações já em curso.

Os anexos da delação do casal se tornaram públicos nesta quinta-feira, 11, após o ministro Luiz Edson Fachin derrubar o sigilo da delação. João Santana ficava responsável pelo contato com os principais líderes políticos, enquanto Mônica Moura, empresária, tratava de negociações financeiras.

No anexo entregue à PGR, consta que "João Santana teve um convívio íntimo inegável com Lula e Dilma, e tem plenas condições de expor com detalhes esses encontros que trataram de pagamentos não oficiais".

O marqueteiro conta como voltou a trabalhar com Lula, antes da campanha do petista à reeleição, em 2006. Santana participou de um "diagnóstico eleitoral" para eleição do ex-presidente quando ainda era sócio do publicitário Duda Mendonça, em 2001. Em 2005, quando veio à tona o escândalo do mensalão, Santana diz ter sido chamado a Brasília de forma urgente.

No dia 24 de agosto daquele ano, foi levado por um carro oficial à casa de Palocci e de lá foram ao Planalto para encontro com Lula. Santana diz aos investigadores que Palocci afirmou que seria feita uma consultoria de pré-campanha, pois Lula seria candidato à reeleição se superasse a crise política. O presidente indicou que os pagamentos seriam feitos por Palocci e que o então ministro da Fazenda disse que a imagem de Lula seria preservada e Santana ficaria responsável pela campanha de reeleição.

Procurada por meio de assessorias, a ex-presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula ainda não enviaram manifestação sobre o assunto. O advogado de Palocci não atendeu contato da reportagem até o momento.

Com o objetivo de acelerar as oitivas no processo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o alvo, o juiz Sérgio Moro marcou até 15 audiências para um único dia. A informação foi divulgada, nesta terça (9), pelo jornal o Globo. Somente da defesa do petista são 87 testemunhas que irão prestar depoimento.  

A Justiça também terá que escutar outros oito réus no processo, entre eles o empresário Marcelo Odebrecht e o ex-ministro Antonio Palocci. Segundo o jornal, 119 audiências que estão marcadas entre os dias 12 de junho e 12 de julho. 

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Entre os que deverão falar neste processo consta ao menos 14 delatores da Lava Jato, entre eles, o ex-senador Delcídio do Amaral, o empresário Emílio Odebrecht, o ex-deputado Pedro Corrêa e o doleiro Alberto Youssef. Na ação, Lula é acusado de receber propina da OAS através da reforma de um triplex no Guarujá, litoral de São Paulo.

Nesta terça, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região negou o pedido da defesa de Lula para que o seu depoimento fosse adiado. Dessa forma, a audiência continua marcada para esta quarta-feira (10), às 14h, em Curitiba. O argumento utilizado pelo advogado Cristiano Zanin Martins é de que não houve tempo suficiente para que fossem lidos todos os documentos que foram acrescentados no processo. Segundo Zanin, são cerca de 100 mil páginas com novas informações. 

Zanin Martins já chegou a dizer que Moro tem uma “obsessão” contra Lula. “Os atos do juiz Moro reforçam a minha visão de que os processos abertos contra o meu cliente têm motivação política e são ilegítimos. Os juízes devem parecer e ser imparciais”, declarou.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) vetou a decisão do juiz Sérgio Moro de obrigar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria que comparecer em todas as 87 audiências das testemunhas de defesa arroladas pelos seus advogados. A justificativa de Moro é que o número apresentado parecia “bastante exagerado”. A informação foi divulgada, nesta quinta-feira (4), pelo site do ex-presidente. 

Na nota publicada pelos advogados de Lula, é destacado que o TRF4 deferiu a liminar para dispensá-lo de estar presente em todas as audiências. “Segundo o juiz convocado Nivaldo Brunoni, que proferiu a decisão, não parece ser razoável exigir-se a presença do réu em todas as audiências de oitiva das testemunhas arroladas pela própria defesa, sendo assegurada a sua representação exclusivamente pela sua defesa técnica”, explica uma parte do documento. 

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Quando Moro tomou essa decisão, em meados de abril, ele chegou a dizer que convocou Lula para ouvir todas elas pela “insistência na oitiva de testemunhas irrelevantes, impertinentes”. 

O líder-mor petista irá prestar mais um depoimento para Moro na próxima quarta-feira (10). A oitiva vai acontecer em Curitiba, no Paraná, às 14h. O assunto tratado será sobre o caso do triplex em Guarujá, no litoral de São Paulo.

Em depoimento prestado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega disse que não pediu ao empreiteiro Marcelo Odebrecht doações nem ao PT nem à campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República em 2014.

Mantega negou que tenha se envolvido na captação de recursos da campanha e sustentou que sua participação foi restrita à formulação de propostas econômicas e à preparação de respostas para debates eleitorais de Dilma. No depoimento, o ex-ministro chamou Marcelo Odebrecht de "ficcionista frustrado".

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"Captação de recursos para a campanha, não, porque a campanha tinha uma coordenação e um tesoureiro. Cabia ao tesoureiro cumprir essa função. Mesmo porque também eu estava exercendo a atividade de Ministro da Fazenda, que eu posso dizer que não é uma atividade simples e que me absorve a maior parte do tempo", disse Mantega. "Não pedi doações nem ao PT e nem à campanha da Dilma", frisou.

O executivo Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente do grupo que leva seu sobrenome, disse em depoimento à Justiça Eleitoral, que o valor acertado para a campanha presidencial da chapa reeleita em 2014 foi de R$ 150 milhões. Deste total, de acordo com o empresário, R$ 50 milhões eram uma contrapartida à votação da Medida Provisória do Refis, encaminhada ao Congresso em 2009, e que beneficiou a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht e que atua na área de química e petroquímica.

"Eu tenho a impressão de que o sr. Marcelo é um ficcionista frustrado. Ele deveria ter entrado para essa profissão, porque ele cria fatos e a maioria deles inverossímeis", disse Mantega, ao ser indagado sobre as declarações de Marcelo Odebrecht.

O ex-ministro disse que em algumas ocasiões Marcelo Odebrecht lhe falou que queria fazer doações de campanha. "Aí eu disse a ele: muito bem, sempre é necessário. Os partidos precisam de recursos, porém, eu disse, eu não sou a pessoa adequada para isso, tem os canais adequados e desde que seja uma doação legal. Mas algumas vezes ele fez essa abordagem", relatou Mantega.

"A minha impressão era de que ele queria mostrar serviço, que ele estava querendo ajudar a reeleição da Dilma, embora nós sabemos que ele não tinha nenhuma simpatia pela presidenta", observou o ex-ministro.

Em depoimento prestado à Justiça Eleitoral, o marqueteiro João Santana afirmou que Michel Temer, então candidato a vice-presidente, "encheu o saco" para participar de programas no horário eleitoral ao lado de Dilma Rousseff. O publicitário, no entanto, disse ao ministro Herman Benjamin que o peemedebista não somava à campanha, inclusive tirando votos da chapa, alvo de uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, Santana afirmou em depoimento prestado na última segunda-feira, 24, que até mesmo Dilma Rousseff pediu para que ele colocasse Temer no programa porque o peemedebista "estava enchendo o saco".

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"Dilma e Temer nunca tiveram uma boa relação", afirmou Santana, ressaltando que o peemedebista não era o vice dos sonhos da petista nem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O marqueteiro contou que resolveu abrir o jogo para Temer: contou para o vice que a sua imagem era negativa, conforme a percepção de grupos de pessoas entrevistadas pelo comitê ao longo da campanha eleitoral. A imagem do hoje presidente seria associada ao satanismo entre eleitores das Regiões Sul e Sudeste.

João Santana ainda informou Herman Benjamin e os advogados presentes ao depoimento que é pouco comum o cabeça de chapa ser beneficiado com votos conquistados pelo vice, que teria pouca importância no sistema presidencialista.

Pressão

Temer também teria convidado João Santana para trabalhar em uma campanha eleitoral no Haiti, em 2015, fazendo insistentes pedidos para que o marqueteiro topasse a empreitada. "Uma pressão amigável", definiu o marqueteiro.

Mesmo diante da negativa de Santana, Temer teria pedido que o publicitário reconsiderasse a decisão. Santana não soube fornecer no depoimento o nome do candidato para o qual trabalharia no Haiti.

Defesas

Consultada pela reportagem, a assessoria do presidente Michel Temer quis comentar o assunto.

A defesa de Santana reiterou o "compromisso de colaborar com a Justiça" e lembrou que os depoimentos prestados "permanecem em sigilo". A Odebrecht informou que está colaborando com a Justiça. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O uso de caixa 2 na campanha eleitoral de Dilma Rousseff (PT) em 2014 reforçou a percepção de que os políticos brasileiros sofrem de "amnésia moral", disse em depoimento sigiloso à Justiça Eleitoral o marqueteiro João Santana, responsável pelas campanhas do PT à Presidência da República em 2006, 2010 e 2014. Segundo o publicitário, Dilma "infelizmente" sabia do uso de recursos não contabilizados em sua campanha e se sentia "chantageada" pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht.

De acordo com Santana, a petista teria sido uma "Rainha da Inglaterra" em se tratando das finanças de sua campanha, não sabendo de todos os detalhes dos pagamentos efetuados.

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No entanto, indagado se a presidente cassada tinha conhecimento de que parte das despesas era paga via caixa 2, o marqueteiro foi categórico: "Infelizmente, sabia. Infelizmente porque, ao me dar confiança de tratar esse assunto, isso reforçou uma espécie de amnésia moral, que envolve todos os políticos brasileiros. Isso aumentou um sentimento de impunidade".

O jornal O Estado de S. Paulo apurou mais detalhes do depoimento de Santana, prestado na última segunda-feira, 24, no Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA). Na ocasião, o ex-marqueteiro de Dilma lembrou o papel do atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), como "porta-voz" de recados de Marcelo Odebrecht.

"Dilma se achava chantageada pelo Marcelo", afirmou Santana à Justiça Eleitoral. De acordo com o relato do publicitário, o objetivo da chantagem seria intimidar a então presidente a ponto de fazê-la impedir o avanço das investigações da Lava Jato. Dilma nunca gostou do "Menino", apelido que usava para se referir a Marcelo Odebrecht, disse o ex-marqueteiro do PT.

Conforme depoimento do ex-diretor de Crédito à Exportação da Odebrecht Engenharia e Construção João Nogueira à Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-presidente da Odebrecht enviou, por meio de Pimentel, documentos que demonstravam o uso de caixa 2 na campanha da petista. O objetivo era demonstrar que Dilma não estava blindada na crise de corrupção que se instalou no seu governo.

Dilma também teria sido avisada reiteradas vezes de que a sua situação poderia se complicar se ela não barrasse um acordo internacional entre autoridades do Ministério Público do Brasil e da Suíça, já que a conta da sua campanha estaria "contaminada".

João Santana foi uma das últimas testemunhas ouvidas no âmbito da ação que apura se a chapa encabeçada por Dilma, de quem Michel Temer foi vice, cometeu abuso de poder político e econômico para se reeleger em 2014. O julgamento do processo deverá ser retomado na segunda quinzena de maio. A informação de que Dilma sabia do uso de caixa 2 foi considerada um fato novo pelo ministro Herman Benjamin.

Nefasta

O assunto "caixa 2" foi tratado por Dilma e por João Santana já em abril e maio de 2014, antes do início oficial da campanha eleitoral. De acordo com o marqueteiro, o pagamento "oficial" estava em dia, enquanto os repasses de recursos não contabilizados via Odebrecht sofriam atrasos.

Santana foi questionado no depoimento se esses atrasos não seriam genéricos, mas o próprio marqueteiro enfatizou que a demora nos pagamentos sempre envolve a parte não contabilizada. O publicitário afirmou que já estava acostumado a dar "alerta vermelho" sobre atrasos, desde a época em que trabalhou na campanha de Lula à Presidência, em 2006.

"Caixa 2 é uma coisa nefasta", criticou Santana, que disse não haver campanha eleitoral sem a irrigação de recursos não contabilizados - mesma constatação que já havia sido feita por Marcelo Odebrecht em outro depoimento ao ministro Herman Benjamin.

Para o marqueteiro, a definição das coligações em torno de candidaturas são "leilões", envolvendo uma série de interesses e negociações, como a distribuição de cargos. "Isso vai perdurar enquanto tiver empresário querendo corromper e político querendo ser corrompido", disse. Mesmo considerando Dilma Rousseff uma política honesta, o marqueteiro reconheceu que a petista acabou "fatalmente nessa teia".

"É um esquema maior que o 'petrolão'. Essa promiscuidade de público e privado vem do Império, passou por todas as coisas da República", resumiu Santana.

Defesa

Em nota, a assessoria da ex-presidente Dilma Rousseff repudiou "o vazamento seletivo de trechos" do depoimento de João Santana, o que renova "a necessidade de rigorosa investigação pela Justiça Eleitoral".

"Dilma Rousseff nunca negociou diretamente quaisquer pagamentos em suas campanhas eleitorais, e sempre determinou expressamente a seus coordenadores de campanha que a legislação eleitoral fosse rigorosamente cumprida e respeitada", diz a nota. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Através de servidores da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), o LeiaJá teve acesso, com exclusividade, a uma carta aberta do engenheiro de pesca, Assis Lins, enviada no último domingo (9) aos funcionários do órgão. Em uma espécie de depoimento, Lins, que trabalhou durante 19 anos na CPRH, relata os motivos de seu afastamento do cargo na Unidade de Gestão Costeira (UGC) e a sua devolução ao seu orgão de origem, segundo ele, sem nenhuma justificativa técnica. No documento, o engenheiro afirma que o seu afastamento foi motivado por uma repentina mudança de posição da CPRH em relação ao embargo da obra da "Arena Porto", projeto da empresa Luan Promoções e Eventos Ltda.

Detalhadamente, Assis explica como foram os procedimentos para o embargo da obra na praia de Porto de Galinhas, município de Ipojuca, Litoral Sul de Pernambuco. Ele conta que, no dia 7 de novembro de 2016, a presidente da CPRH, Simone de Souza convocou duas gerências para uma fiscalização “urgente, urgentíssima” no local da obra, que já vinha sendo acompanhada pela Prefeitura de Ipojuca, com quem a CPRH tem convênio de cooperação.

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Segundo Assis Lins, a Arena Porto chegou a ser notificada para que em 48 horas obtivesse a licença definitiva para a continuação da parte do aterro da obra. A orientação foi, segundo ele, prontamente aceita pelos responsáveis e a intervenção foi paralisada. Para a surpresa do engenheiro, na mesma tarde, no gabinete da presidência, o diretor de Gestão Territorial e Recursos Hídricos (DGTRH), Nelson Maricevish, recebia uma empresa de televisão reforçando a paralisação por 48 horas até a entrega da licença completa.

“Nesta mesma hora, recebo uma ligação do secretário de Meio Ambiente do município de Ipojuca, Francisco Uchôa, que me questionou o que estaria acontecendo. Informei ao secretário da paralisação temporária e que, assim que fosse emitida a licença completa, seria desembargada a obra”. A obra havia sido licenciada pela Prefeitura de Ipojuca, assim como em outros casos da mesma natureza.

Ainda no mesmo dia, de acordo com o relato de Assis Lins, um fato causou estranhamento. “No final da tarde, Ângelo Leite (outro técnico que tinha participado da vistoria) indagava a falta de uma reunião de toda a equipe e diretoria, para analisar e avaliar o caso. Falava que estava surpreso pelo fato de ter sido chamado para assinar outra versão de relatório de vistoria e que não identificava o meu nome na equipe”.

Lins explica na carta que um dia depois da vistoria, Nelson Maricevish anunciou que a analista ambiental e assessora especial da presidência, Cinthia Lima, havia encontrado resquícios de restinga (vegetação que protege a região litorânea) e que o embargo passou a ter prazo indeterminado. Cinthia também haveria estabelecido uma multa de R$ 600 mil reais pelo impacto ambiental. “Alertei que havia muita fragilidade nessa informação, e mostrei uma imagem aérea de 1974 do local, com a clara existência de grandes ilhas com plantio de coco, sem manguezal”, detalha. O estranho é que Cinthia, que faz parte da diretoria de Recursos Florestais e Biodiversidade (DRFB), não havia participado da fiscalização.

Assis finaliza o documento ressaltando que o Ministério Público já teria notado distorções no caso. O engenheiro florestal e superintendente do IBAMA, Francisco Barreto Campelo teria realizado outra vistoria no local acompanhado da promotora, Bianca Azevedo (responsável pelo processo que investigas as irregularidades no embargo a obra da Arena Porto), e confirmado não haver mata de restinga na área. “A justiça já entendeu as distorções e sentenciou para a empresa terminar a instalação do aterro”, afirma.

Termos de declarações

Por conta dessas irregularidades, denunciadas a época a justiça, o Ministério Público abriu inquérito para investigar o caso. O LeiaJá também teve acesso aos termos de declarações dos servidores da CPRH, Assis Lins, Fabíola de Lemos e  Ângelo Leite - responsáveis pela primeira vistoria - feitos para a 2ª Promotoria Cível de Ipojuca, na presença da promotora Bianca Barroso e o promotor André Felipe de Menezes, que confirmam o relato feito na carta aberta por Assis Lins.

Em depoimento, Fabíola e Ângelo também afirmaram que Cinthia não havia participado da vistoria, tida pelos três como "corriqueira". Porém, a pedido de Simone de Souza, contribuiu na redação do relatório de vistoria. Fabíola ainda disse que este tipo de pedido da presidente era "normal" entre os técnicos da CPRH. Além disso, Ângelo confirmou que não havia característica de restinga - como alegado no relatório editado sem a presença de Assis Lins - e que isso teria sido incluído um dia depois.

Contradição

No dia 2 de fevereiro, o professor de biologia, Ismael Teixeira havia denunciado um crime ambiental na praia de Muro Alto, também no município de Ipojuca. O professor registrou desmatamento numa área de restinga e enviou à CPRH. Na ocasião, o órgão de fiscalização fez vista grossa e afirmou que a responsabilidade seria da prefeitura - mesmo contendo uma placa da CPRH no local, alertando que ali seria uma área de preservação.

No caso da Arena Porto, todo o processo de autorizações e licenças ambientais foi realizado pela Prefeitura de Ipojuca. O que não ficou claro é porque a análise do poder público municipal foi ignorado neste caso.

Confira a carta do servidor na íntegra:

CARTA ABERTA I – AOS FUNCIONÁRIOS DA CPRH

Autor: Assis Lins de Lacerda Filho Engenheiro de Pesca – UFRPE  e Mestre em Oceanografia Biológica - UFPE

Assunto: Esclarecimentos de fatos, que possivelmente, motivaram a minha retirada da gerência e da própria UGC e devolução ao órgão de origem sem justificativa.

Antes de tudo, após duas semanas de férias, resolvi escrever sobre os fatos ocorridos, principalmente, por todos os funcionários dos quarenta anos de existência da Agência Estadual do Meio Ambiente – CPRH, em segundo lugar, pela sociedade pernambucana que pode estar sendo induzida a erros de interpretação de impactos ambientais ocorridos, por desinformação midiática e de redes sociais.

LINHA DO TEMPO:

Para melhor compreensão, iniciei na CPRH, dia 2 de fevereiro de 1998, vindo da FIAM e do mestrado de oceanografia biológica, o Governador Miguel Arrais e o Diretor presidente CPRH era Ricardo Braga e a Diretora da DHN era a Engenheira Civil Simone Souza. Para orientação, tempos da implantação, diagnóstico e zoneamento da APA de Guadalupe, que serviu de modelo para os ZEEC’s Sul e Norte.

Passamos os governos de Jarbas Vasconcelos, Eduardo Campos e hoje Paulo Câmara, para não alongar, relatamos os tempos mais próximos:

No primeiro mandato de Eduardo, ele atraiu para o governo o PV, através da figura do candidato do partido – Sérgio Xavier, criando a SEMAS 2011 e nomeando-o como Secretário.

Ainda no primeiro mandato de Eduardo Campos, 2010 e 2011, a Diretoria já nos colocavam desafios de assumir o licenciamento das dragagens de SUAPE, Rio Beberibe, Rio Capibaribe, Portos do Recife e Noronha, e principalmente para responder aos Ministérios Públicos Federais e Estaduais, todos os processos envolvendo a pesca artesanal, Comitê de Monitoramento dos Incidentes com Tubarões – CEMIT, e outros.

Em 2012, no início do seu 2º mandato, Eduardo Campos faz acordo nacional com o PV e com Marina Silva, no apoio da criação do partido da Rede, com isso, Sérgio Xavier assume a SEMAS e a Presidência da CPRH – no começo desse período, fui nomeado Assessor Especial da Diretoria, por indicação do Diretor Nelson Maricevich - DGTRH.

Já em 2013, Sérgio Xavier, deixa a CPRH e assume na presidência da CPRH o Engenheiro Agrônomo Carlos André Cavalcanti até o final de 2014, nesse período, fui deslocado da Assessoria Especial, para a Gerência da Unidade de Gestão Costeira (1.3.2014) inclusive, com apelos da Diretoria, em razão dos grandes problemas criados durante as últimas gestões, e que, meu perfil de conciliador e conhecedor da área costeira do Estado, poderia corrigir ou vários conflitos da Gerência.

Citamos, apenas alguns exemplos de problemas detectados na UGC, que comprometeram a CPRH e o Estado, sendo:

1 - Utilizavam da estratégia de assinatura coletiva, todos os membros da gerência da época assinavam todos os relatórios e principalmente, documentos para os Ministérios Públicos (Federal e Estadual), essa coletividade, atrapalhava as ações da Justiça e Ministérios, ficava mais difícil de identificar os responsáveis pelas decisões;

2 - Foram produzidos relatórios de monitoramentos, em áreas de importante projeto, com objetivo de subsidiar o Grupo de Trabalho do EIA/RIMA e a equipe da APA de Guadalupe na análise dos impactos previstos, o problema, é que o Relatório de Monitoramento (RTM SMAI/UGC nº 01/2013, 9/7/2013), ele alimentou os analistas e técnicos da Agência, com informações distorcidas dos ambientes que envolvem o projeto, alterou completamente o ZEEC Sul, e os ecossistemas foram mudados de estuário para rio e curso d’água, o que gerou uma confusão técnica e jurídica, e foi emitido o Indeferimento Ambiental nº 02.13.08.003/82-0, porque a margem de APP foi instituída erradamente, para seiscentos metros (600) inviabilizando o empreendimento; após várias investidas do grupo empresarial, a CPRH reconheceu o erro e provocou outro EIA/RIMA, outro projeto, mais não investigou a origem das distorções técnicas;

3 - Outro problema criado por encomenda externa, foi os autos de infração 767 e 768/2013, para SUAPE com multa de 2.500.000,00 (dois milhões e meio) e da obrigação de fazer grandes estudos ambientais, para informar, esses autos já foram cancelados na Justiça, na PGE, e na própria CPRH. A questão é que o Juiz Federal do Cabo, Dr. Rodrigo Vasconcelos Coêlho Araújo, apensou esse processo do mero, ao processo principal e mais antigo, que investiga os impactos de SUAPE a pesca artesanal (Autos nº 0005552-13.2011.4.05,8300 Classe: 1 – ACP MPF e réu a CPRH), fato esse, que induziu o Juiz Federal ao erro de avaliação técnica e jurídica, que na legislação consta como crime, induzir a Justiça ao erro. O Juiz proferiu sentença, SUAPE questionou e entrou com defesa, espera-se que a PGE se posicione e ajude a Justiça corrigir o erro;

Importante ressaltar, que como gerente da UGC, atendemos no segundo semestre de 2014, a engenheira civil e consultora Simone Souza, com esclarecimentos sobre intervenções no porto de SUAPE para instalar uma grande termoelétrica, a profissional ficou satisfeita e aliviada pelas orientações recebidas na UGC, tanto que, quando assumiu a Presidência da CPRH, nos manteve na função de gerente até o dia 7.2.2017, anunciando, a amigos, antes da posse.

Com a eleição de Paulo Câmara, o Carlos André é levado para a Secretaria Executiva da SEMAS e deixa na presidência da CPRH o Engenheiro Agrônomo Paulo Teixeira. Por influência das novas articulações políticas para as eleições municipais de 2016 e seus resultados, o PV reivindicou a indicação da Presidência da CPRH, quando indicam a Engenheira Civil, Simone Souza, iniciando em 1.4.2015.

QUANTO AOS FATOS DA ARENA PORTO:

Sempre com objetivo de informar aos funcionários da CPRH, com informações precisas e comprovadas, para uma avaliação mais ponderada, com respeito às intervenções da Agência Estadual, nas obras de instalação de um centro de convenções e pátio de eventos artísticos, atividade, que estava sendo licenciada pela Prefeitura do Município de Ipojuca, que tem um convênio de cooperação com a CPRH. Sendo assim o ocorrido:

1 – Pela minha função de Gerente da Unidade de Gestão Costeira, de 1 de março de 2014 ao dia 6 de fevereiro de 2017 (quando fui já exonerado do cargo de gerente), já tinha conhecimento da terraplanagem e aterro do espaço, tanto por imagens que amigos enviaram, quanto por passagem pela PE observando os movimentos. Na época ciente da instalação, me comuniquei com técnico da Prefeitura Municipal, que me confirmou estaria sendo licenciada pelo município e seria uma casa de show;

2 – 7.11.16 – dia da vistoria – Segunda, início da semana, chegando à CPRH, como de praxe, minha equipe “O diretor está a sua procura”, imediatamente, o Diretor da DGTRH Nelson Maricevish – o mesmo, por ordem da Diretora Presidente, arregimentou uma equipe, de sua diretoria, para uma fiscalização urgente, urgentíssima. Convocou duas Gerências – a arquiteta Fabíola Valença de Lemos da Unidade de Gestão de Uso do Solo – SGUS e o Engenheiro de Pesca e MSc em Oceanografia Biológica Assis Lins de Lacerda Filho da Unidade de Gestão Costeira – UGC, reforçando a equipe, convoca o Analista Ambiental Engenheiro Civil Ângelo Benean Alves Leite, também da SGUS;

Em campo, constatamos um aterro em curso, com uma base de barro e sendo instalada outra camada sobreposta de brita, atividade que não estava respaldada pela Autorização de Ambiental municipal nº 009/2016 e validade até 20.9.2017, a equipe se dividiu, ficando a Gerente Fabíola dialogando com o engenheiro responsável, e os outros membros circularam todo o aterro, em suas extremidades, executando o registro fotográfico da atividade, além de registro da área de entorno da obra.

No retorno ao canteiro de obras, nos reunimos com o engenheiro e justificamos a paralização cautelar de 48 horas, tempo suficiente para a Prefeitura emitir a licença em definitivo, justificativa prontamente aceita e executada com a paralização da obra;

3 – Quando do retorno do campo – na CPRH, ainda no dia 7.11.16, a paralização da obra já havia gerado repercussão midiática, na mesma tarde, no gabinete da Presidência, o Diretor Nelson, recebia uma empresa de televisão famosa e reforçando a paralisação por 48 horas até a entrega da licença completa. Nesta mesma hora, recebo uma ligação do Secretário de Meio Ambiente do município de Ipojuca, Sr. Francisco Uchôa, que me questionou o que estaria acontecendo, informei ao secretário da paralisação temporária e que, assim que fosse emitida a licença completa, seria desembargada a obra;

No final da tarde do dia 7.11.16, já se observava um movimento estranho, o Analista Ângelo indagava a falta de uma reunião de toda a equipe e diretoria, para analisar e avaliar o caso, e já nos falava que estava surpreso, pelo fato, de ter sido chamado para assinar outra versão de relatório de vistoria, e que já não identificava o meu nome na equipe;

4 – 8.11.17 – dia posterior a vistoria de campo, para minha surpresa, o próprio Diretor Nelson anunciou, que analista ambiental, de outra diretoria, havia encontrado resquícios de restinga, e que o embargo passou a ter prazo indeterminado e se estabeleceu uma multa de R$ 600.000,00 (Seiscentos mil reais) pelo impacto ambiental. Mesmo assim, alertei que havia muita fragilidade nessa informação, e lhe mostrei uma imagem aérea de 1974 do local, com a clara existência de grandes ilhas com plantio de coco, sem manguezal; A outra técnica envolvida foi a Assessora Especial da Presidência, a bióloga Cinthia Lima, que já atuou no setor florestal da CPRH, e que alegava não haver nenhuma possibilidade de instalação do empreendimento na área.

ANDAMENTO DO CASO: 

O próprio MP de Ipojuca, a Promotora Bianca Azevedo, já começou a desvendar as distorções, quando envolveu o IBAMA e seu Superintendente o Engenheiro Florestal Francisco Barreto Campelo, que fez vistoria na área acompanhando a promotora e atestou: Não existia mata de restinga na área. 

O MP de Ipojuca, através da Recomendação Ministerial 01/2017, já indica correções dos fatos, e a Justiça já entendeu as distorções e sentenciou para a empresa terminar a instalação do aterro. 

A todos os funcionários, o que escrevi está proporcional ao declarado no Termo de Declarações, quando convocado pelo MPPE de Ipojuca, junto com todos os analistas que participaram, ou não, da vistoria de campo. Atenciosamente:

Recife, 7 de abril de 2017

Assis Lins de Lacerda Filho

Eng. de Pesca e MSc em Oceanografia Biológica

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O juiz federal Sérgio Moro colocou mais um depoimento de delator da Odebrecht, gravado em vídeo, em sigilo em ação penal por propina destinada ao PT, via ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma). A decisão do juiz da Operação Lava Jato, nesta sexta-feira, 24, atende a pedido da defesa do ex-executivo da Odebrecht Pedro Novis.

Após falha no sistema de processo eletrônico, que em 13 de março exibiu os depoimentos de Emílio Odebrecht e Marcio Farias, também delatores, o juiz da Lava Jato, desta vez, aumentou o nível de sigilo dos vídeos.

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Pedro Novis falou ao juiz Moro como testemunha de defesa do empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso na Lava Jato desde 19 de junho de 2015.

O Ministério Público Federal havia pedido publicidade ao depoimento.

Moro citou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao decidir. "O juízo decidiu colher o depoimento, mas manter o sigilo sobre eles até nova deliberação ou até o levantamento do sigilo pelo Egrégio Supremo Tribunal Federal, seguindo, neste ponto, decisão recente tomada pelo ministro Herman Benjamim no Tribunal Superior Eleitoral."

O juiz da Lava Jato determinou que o depoimento de Pedro Novis fosse juntado aos autos "sem permissão para as partes", em sigilo nível 4, e lembrou o erro ocorrido com o depoimento do patriarca da Odebrecht, Emílio Odebrecht, também delator.

"Devem ser tomadas as cautelas necessárias para prevenir erros no sistema. Levantarei o sigilo ou permitirei o acesso pelas partes quando houver o levantamento pelo Supremo Tribunal Federal ou quando das alegações finais, o que ocorrer primeiro", anotou o magistrado.

Em 13 de março, após o depoimento de Emilio Odebrecht e do executivo Márcio Faria, outro delator da empreiteira, o juiz também havia colocado sigilo nos vídeos. Naquele ocasião, o sigilo era nível 2.

No entanto, um erro no sistema do processo eletrônico, porém, exibiu os depoimentos entre '13h09min59s até 13h11min05s'. A falha permitiu que os vídeos fossem acessados.

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