Tópicos | discurso de ódio

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) através do seu núcleo de políticas LGBT, nesta quarta-feira (27), se manifestou em solidariedade à servidora que sofreu caso de transfobia em terminal de ônibus de Recife. Geovana Borges foi constrangida na última segunda-feira (25), ao tentar usar o banheiro feminino do Terminal Integrado da CDU. 

Em vídeo gravado pela própria vítima é possível ver um funcionário pedindo que ela saia do banheiro feminino e vá para o masculino. Contudo, mesmo antes do vídeo ela já havia sido abordada pelo funcionário e que falou que ela devia se retirar do banheiro feminino, mesmo ela explicando ser uma mulher trans.

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Devido ao ocorrido ela começa a gravar com seu celular e mostra sua CNH ao funcionário para provar sua identidade de gênero. Após a gravação do vídeo e de mostrar o documento, ele se retira e deixa ela utilizar o banheiro. 

Na manhã da terça-feira (26), Geovana Borges foi até o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, onde prestou queixa na Divisão de Apoio a Testemunhas e Vítimas de Intolerância. Em nota da polícia civil enviado ao G1, a polícia civil informa que instaurou inquérito para investigar o caso. 

Já em nota da UFPE, a instituição afirmou que, “O uso do banheiro de acordo com autoidentificação de gênero é um direito assegurado a todas as pessoas trans no Brasil e que deve ser plenamente respeitado”. Ainda completando com, “o direito de acesso aos banheiros independe do nome e ou gênero em documento oficial”.

O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, defendeu que o combate ao extremismo e ao discurso de ódio deve se tornar política de Estado. A manifestação foi feita nessa segunda-feira (6), durante a primeira reunião do Grupo de Trabalho (GT) para apresentação de estratégias de combate ao discurso de ódio e ao extremismo.

Criado no último dia 22, o GT reúne representantes do governo federal, pesquisadores, especialistas de várias áreas, comunicadores e influenciadores digitais, dentre outros, e tem como competência a proposição de políticas públicas em direitos humanos sobre o tema.

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“Nós precisamos fazer com que o combate ao discurso de ódio e ao extremismo se torne uma política de Estado, esse é um ponto muito importante. Que esse seja o início de uma construção política das mais relevantes, que seja o início de uma prática política calcada na teoria e que não se distancie da prática. Que esse seja o início de um trabalho que traga políticas públicas efetivas para toda a população do nosso país”, disse o ministro.

O grupo deverá concluir os seus trabalhos ao fim de 180 dias. Pelo cronograma, previsto para ocorrer em três etapas, haverá primeiro um diagnóstico sobre a temática, depois proposição de medidas e, por último, elaboração de um relatório final, a ser encaminhado ao ministro para avaliação.

Eixo temático

Entre os eixos temáticos a serem abordados pelo GT, estão temas como intolerância religiosa, discurso de ódio na internet, racismo e xenofobia, violência contra mulheres e misoginia, LGBTfobia [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgênero] e violência política.

No encontro, Silvio Almeida também afirmou que os trabalhos do GT não deverão assumir conduta punitiva ou de regulação da mídia ao longo da atuação. Para o gestor, o grupo deverá primar por uma atuação educativa e propositiva.

Para a presidenta do GT, Manuela d’Ávila, o grupo promoverá esforços para a reflexão sobre o discurso de ódio no Brasil.

“Esse GT, vinculado ao ministério, expressa muito do propósito e desse caminho a ser trilhado por todos e todas nós coletivamente. Juntos e juntas representamos, talvez, um esforço do Brasil para refletir sobre esse processo de crescimento do ódio e, também, para buscarmos um caminho para enfrentá-lo. É preciso resultar em um padrão de sociedade em que ela mesma refute o discurso de ódio", afirmou.

A participação no GT é considerada prestação de serviço público relevante, não remunerada.

 

 

Uma portaria do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (22), determinou a criação de um grupo de trabalho (GT) que tem como objetivo apresentar “estratégias de combate ao discurso de ódio e ao extremismo”. Entre os integrantes desse grupo está o influenciador Felipe Neto e a ex-candidata à vice-presidência Manuela d’Ávila (PCdoB). Algo em comum entre os participantes é a experiência com o ativismo na internet e os relatos de perseguição enquanto vítimas do discurso de ódio.

A Secretaria-Executiva do Grupo de Trabalho, que prestará o apoio administrativo, será exercida pela Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A participação no Grupo de Trabalho será considerada prestação de serviço público relevante e não remunerada. O Grupo de Trabalho terá duração de 180 dias, prorrogáveis se necessário.

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Além de Manuela e Neto, também estão no grupo:

- Patrícia Campos Mello, jornalista;

- Débora Diniz, antropóloga e pesquisadora;

- Pedro Hallal, epidemiologista;

- Camilo Onoda Caldas, advogado como relator;

- Christian Ingo Lenz Dunker, psicanalista;

- Débora Diniz Rodrigues, antropóloga;

- Esther Solano, doutora em ciências sociais;

- Felippe Mendonça, advogado;

- Guilherme Stolle Paixão e Casarões, doutor em ciência política;

- João Cezar de Castro Rocha, escritor e historiador;

- Isabela Oliveira Kalil, doutora em antropologia social;

- Letícia Maria Costa da Nobrega Cesarino, doutora em antropologia sociocultural;

- Dolores Aronovich Aguero, professora universitária e ativista feminista;

- Lusmarina Campos Garcia, teóloga;

- Magali do Nascimento Cunha; doutora em ciências da comunicação;

- Marcos Xukuru, cacique do povo indígena;

- Michel Gherman, doutor em história social;

- Nina Santos, pesquisadora em comunicação;

- Rosane da Silva Borges, jornalista e doutora em comunicação e linguagem;

- Ricardo Campos;

- Ronilso Pacheco, teólogo;

- Rosana Pinheiro-Machado, antropóloga;

- Rodney William Eugênio, doutor em ciências sociais.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, prorrogou por mais cinco dias a prisão de Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, autointitulado ‘Terapeuta Papo Reto’ nas redes sociais, que, em vídeos, ameaça ‘invadir’ e ‘destituir’ a corte máxima, além de ‘pendurar os ministros de cabeça pra baixo’.

Ivan foi preso na sexta-feira, 22, em Belo Horizonte, sob suspeita de crimes de associação criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Pouco antes de ser capturado, divulgou vídeo em que afirma: "Eu convoco a população brasileira a ir para dentro do STF, sim." O arquivo é intitulado "PRENDE ELE" e foi publicado no canal do YouTube ‘TV Papo Reto’ por volta das 7 horas da manhã de sexta, 22.

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Ao prorrogar a prisão temporária do ‘Terapeuta Papo Reto’, o ministro do STF acolheu pedido da Polícia Federal, com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República. Ele considerou ‘imprescindível’ a medida para que a PF ‘avance na análise do material apreendido e na elucidação das infrações penais atribuídas à associação criminosa em toda a sua extensão.

"Diante do quadro fático exposto, entendo, portanto, a pertinência da medida, imprescindível para que a autoridade policial avance na análise do material apreendido e na elucidação das infrações penais atribuídas à associação criminosa em toda a sua extensão; bem como analise se há nas informações contidas nos bens e documentos recolhidos elementos que possam ensejar a realização de novas atividades investigativas, além de mitigar as oportunidades de reações indevidas e impedir a articulação com eventuais outros integrantes da associação, que obstruam ou prejudiquem a investigação, conforme também salientado pela Procuradoria-Geral da República", ressaltou.

No despacho, assinado nesta segunda-feira, 25, o ministro do STF citou o vídeo publicado por Ivan horas antes de sua prisão, ‘reiterando as ameaças à segurança e a honorabilidade do STF e de seus ministros’.

"Como se vê, neste novo vídeo, há referência expressa ao art. 142 da Constituição Federal e à possibilidade de rompimento institucional do Estado Democrático de Direito, também se vislumbrando como possível a configuração do delito de incitação ao crime, previsto no art. 286, parágrafo único, do Código Penal (Incorre na mesma pena quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade)", registrou o relator do inquérito das fake News.

O Supremo Tribunal Federal (STF) lançou em perfis nas redes sociais nesta segunda-feira, 25, uma campanha contra o discurso de ódio. O vídeo reúne frases com ameaças e diz que "discurso de ódio não é liberdade de opinião" e que a "liberdade de expressão não é liberdade para cometer crimes".

Uma das frases destacadas no vídeo divulgado é "Marcelo, vou te pendurar de cabeça para baixo!", referência a uma declaração de Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, preso pela Polícia Federal na sexta-feira, 22, por ameaças aos ministros do Supremo. "Sumam do Brasil", disse Ivan, em um de seus vídeos publicados nas redes sociais. "Nós vamos pendurar vocês de cabeça para baixo". Ele também convocava seus espectadores para atos no dia 7 de setembro deste ano.

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Em discurso na convenção nacional do PL, que o oficializou como candidato à reeleição no domingo, 25, o presidente Jair Bolsonaro pediu para os seus apoiadores irem às ruas pela "última vez" no Dia da Independência. Bolsonaro apelou ainda para que o público repetisse que daria a vida pela liberdade. "Nós militares juramos dar a vida pela pátria. Todos vocês aqui juraram dar a vida pela sua liberdade. Repitam: 'Eu juro dar minha vida pela minha liberdade.'"

Ele não citou nominalmente nenhum dos ministros do STF, mas se referiu a eles como "surdos de capa preta". O ato de 7 de setembro preocupa a Corte, que montou um plano de segurança especial, depois da invasão da Esplanada dos Ministérios por bolsonaristas no ano passado. O deputado Daniel Silveira (PL-RJ) - condenado por ataques à democracia, perdoado antecipadamente pelo presidente, à revelia do STF - foi ovacionado no mesmo evento do PL.

A prisão de Ivan ocorreu 13 dias depois do assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, na sua festa de aniversário de 50 anos que tinha como tema a legenda e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele foi morto por dois tiros disparados pelo agente penal federal Jorge Guaranho, um simpatizante do presidente Jair Bolsonaro.

A preocupação do STF com um aumento da violência durante a campanha se soma aos movimentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de enfrentar os ataques às urnas eletrônicas patrocinados por Bolsonaro. O tribunal chegou a criar um grupo especial para preparar medidas adicionais de enfrentamento da violência política. Entre os ministros da Corte eleitoral há receio de que o discurso do chefe do Executivo de, mesmo sem provas, colocar em dúvida o processo eleitoral sirva de incentivo para estimular atos violentos por seus eleitores.

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Preso nesta sexta-feira, 22, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Ivan Rejane Fonte Boa Pinto mantém um canal no YouTube no qual se apresenta como "terapeuta" para dependentes químicos. Seus vídeos são repletos de xingamentos e palavras de baixo calão. Ele diz que sua "guerra" é "contra o tráfico de drogas", mas seus alvos preferenciais são políticos de esquerda, a quem ele associa a existência do narcotráfico, e os ministros do Supremo, que, segundo ele, "mandam soltar esses vagabundos".

"A minha vontade é meter uma bala na cabeça desses juízes e desembargadores, a minha vontade é tacar fogo neles", afirma, em um vídeo publicado no dia 9 de julho.

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Ivan diz oferecer tratamento on-line para dependentes químicos e seus familiares. Em seus vídeos no YouTube, ele trata o tema de forma incisiva e não convencional: "Se você é viciado em substâncias ou pessoas, sua vida é infeliz, sua vida é uma bosta, uma merda, um lixo, está na hora de mudar essa parada; me procura! Meu nome é Ivan Pinto, sou terapeuta e comigo o papo é reto", afirma.

Ele diz, ainda, ministrar cursos e comandar grupos de ajuda mútua, além de oferecer atendimento de maneira "personalizada". Além dos produtos vendidos pela internet, Ivan trabalha presencialmente no centro de reabilitação Centradeq, em Esmeralda (MG), onde ocorreu a busca e apreensão pela Polícia Federal.

A clínica confirmou ao Estadão que Ivan Pinto trabalha lá. A atendente do local, que não quis se identificar, afirmou que a Centradeq ainda não decidiu se vai afastá-lo e que o advogado de Ivan a orientou a não dar informações à imprensa.

Segundo a clínica, a busca e apreensão contra Ivan ocorreu de forma "tranquila e profissional". "Vieram, fizeram busca e apreensão, mas tudo muito tranquilo e super profissional, tanto da polícia e o Ivan também ficou muito tranquilo. Não teve algema, não teve reação, não teve nada", afirmou a atendente.

Ao decretar a prisão temporária, Alexandre de Moraes considerou que as declarações de Ivan Pinto nas redes sociais consistem em "discursos de ódio e incitação à violência" e se destinam a "corroer as estruturas do regime democrático e a estrutura do Estado de Direito". Em uma publicação recente, o "terapeuta" afirmou que o próximo 7 de Setembro será a "culminância da indignação popular brasileira". "Está na hora de invadir o STF", disse.

"Eu vou dizer uma coisa para vocês, togados vagabundos (...) Nós não vamos só invadir o STF, não. Nós vamos pendurar vocês de cabeça para baixo", disse no dia 8 de julho.

Ele também faz ameaças a políticos de esquerda, sobretudo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Eu vou dar um recado para a esquerda brasileira, principalmente para o Lula. Desgraçado, bota o pé na rua, que nós vamos te mostrar o que nós vamos fazer com você, seu vagabundo. Anda de segurança até o talo, que nós, da direita, vamos começar a caçar você, essa Gleisi Hoffmann, esse (Marcelo) Freixo frouxo, todos esses que te cercam", afirma, em vídeo de 8 de julho.

Em vídeo publicado no dia 13 de julho, Ivan diz que vai passar em cima de esquerdistas "com um rolo compressor" e mandá-los para "a vala". Ele divulga fake news sobre o processo eleitoral, dizendo que o Exército vai auditar "cada urna eletrônica" dentro da "sala secreta do TSE", e faz ofensas homofóbicas a apoiadores da esquerda.

"Cambada de colorido, arco-íris, 'tchutchuquinhas', podem tremer, nós, da direita, vamos passar o carro, o rolo compressor over you. Se prepara, o terror está só começando", diz.

Ivan foi candidato a vereador em Belo Horizonte pelo PSL nas eleições de 2020. Ele teve 189 votos e não foi eleito.

A pedido da Polícia Federal, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, decretou a prisão temporária de um homem que gravou vídeos em que diz que vai "invadir" e "destituir" a corte máxima, além de "pendurar os ministros de cabeça pra baixo". O magistrado considerou que as declarações de Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, que se intitula 'Terapeuta Papo Reto' nas redes sociais, consistem em "discursos de ódio e incitação à violência" e se destinam a "corroer as estruturas do regime democrático e a estrutura do Estado de Direito".

O investigado foi preso na manhã desta sexta-feira, 22, em Belo Horizonte. Nos bastidores, a avaliação é a de que as medidas tomadas quanto ao caso de Ivan Rejane mostram que não serão toleradas ameaças semelhantes no 7 de Setembro e que grupos de estão sendo monitorados pelas autoridades.

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Ao tornar a decisão pública, o magistrado registrou que as medidas requeridas pela PF foram integralmente deferidas - prisão temporária, ordem de busca e apreensão - e que as diligências foram cumpridas na manhã desta sexta-feira, 22. Alexandre ainda determinou que o Twitter, o Youtube e o Facebook bloqueiem os canais e perfis de Ivan Rejane, e intimou o Telegram a bloquear um grupo administrado na rede social pelo investigado.

"As declarações constantes de suas publicações em diversas redes sociais se revestem de convocação de terceiros não identificados, com união de desígnios, para utilização abusiva dos direitos de reunião e liberdade de expressão, para atentar contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, ignorando a exigência constitucional das reuniões serem lícitas e pacíficas, o que pode configurar os crimes de associação criminosa (art. 288 do Código Penal) e abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal)", registrou Alexandre no despacho, dado na quarta-feira, 20.

Ao requerer as medidas autorizadas pelo ministro do STF, a Polícia Federal alegou necessidade de "adoção de medidas voltadas ao esclarecimento da situação, bem como focadas na dissuasão desse tipo de conduta, que possui risco de gerar ações violentas, diretamente por Ivan Rejane ou por adesão de voluntários".

"Publicações de ameaças contra pessoas politicamente expostas tem um grande potencial de propagação entre os seguidores do perfil, principalmente considerando o ingrediente político que envolve tais declarações, instigando uma parcela da população que, com afinidade

ideológica, é constantemente utilizada para impulsionar o extremismo do discurso de polarização e antagonismo, por meios ilegais, podendo culminar em atos extremos contra a integridade física de pessoas politicamente expostas, como visto na história recente do País", argumentou a PF ao requerer as cautelares contra Ivan.

Os investigadores viram na conduta do investigado, a prática de supostos crimes de associação criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito uma vez que Ivan ‘propôs a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal e sua expulsão do país, com isso impedindo o exercício do órgão do Poder Judiciário, ameaçando reunir pessoas voltadas a um mesmo propósito de "caçar" os ministros Luiz Roberto Barroso, Edson Fachin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Carmen Lúcia e Rosa Weber, e ‘pendurá-los de cabeça para baixo’.

Ainda de acordo com a PF, Ivan Rejane "com auxílio de pessoas não identificadas ('nós da direita'), com união de desígnios, ameaça os citados ministros do STF e políticos de esquerda, dizendo que vai caçar Luís Inácio Lula da Silva, Gleisi Hofman, Marcelo Freixo".

"Como se vê, as manifestações, discursos de ódio e incitação à violência não se dirigiram somente a diversos Ministros da Corte, chamados pelos mais absurdos nomes, ofendidos pelas mais abjetas declarações, mas também se destinaram a corroer as estruturas do regime democrático e a estrutura do Estado de Direito, contendo, inclusive, ameaças a pessoas politicamente expostas em razão de seu posicionamento político contrário no espectro ideológico", registra o despacho.

Reproduzindo frases usadas em outras decisões sobre o chamado "binômio liberdade responsabilidade", Alexandre ainda frisou: "A Constituição Federal não permite aos pré-candidatos, candidatos e seus apoiadores, inclusive em período de propaganda eleitoral, a propagação de discurso de ódio, ideias contrárias à ordem constitucional e ao Estado Democrático, tampouco a realização de manifestações nas redes sociais ou através de entrevistas públicas visando ao rompimento do Estado de Direito, com a extinção das cláusulas pétreas constitucionais - Separação de Poderes, com a consequente instalação do arbítrio".

Horas antes de ser preso, Ivan publicou vídeo em que afirma: "Eu convoco a população brasileira a ir para dentro do STF, sim." O arquivo é intitulado "PRENDE ELE" e foi publicado no canal do YouTube TV Papo Reto por volta das 7 horas da manhã desta sexta-feira, 22.

COM A PALAVRA, A DEFESA

A reportagem busca contato com a defesa do preso. O espaço está aberto para manifestações.

A 1ª Promotoria de Justiça Criminal de Igarassu, na Região Metropolitana do Recife, encaminhou à Justiça três denúncias em desfavor do pastor Aijalon Berto Florêncio, acusado de praticar e incitar discriminação de cunho racial e religioso contra seguidores de religiões de matriz africana; bem como por praticar injúria racial e transfobia contra indivíduos por meio do uso de redes sociais.

Os crimes foram cometidos por ele entre os meses de fevereiro e julho de 2021, quando Florêncio publicou vídeos no Instagram com discursos que ferem a liberdade de prática religiosa e a dignidade da coletividade.

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Segundo a assessoria do Ministério Público de Pernambuco, as três denúncias já foram recebidas pela Vara Criminal da Comarca de Igarassu, onde passaram a tramitar as ações penais descritas abaixo.

"O acusado atingiu a coletividade por meio do discurso de ódio fincado em preconceito à religião de origem africana, extrapolando, portanto, o direito ao proselitismo de sua crença ou à liberdade de expressão. Além disso, praticou o ato em rede social de elevado e indeterminado alcance, circunstância que agrava e qualifica a conduta", apontou o promotor de Justiça José da Costa Soares no texto da denúncia.

Nos vídeos em questão, o pastor evangélico associa conceitos como "feitiçaria" e "entidades satânicas" às pinturas de painéis alusivos à religiosidade afro-brasileira no Túnel da Abolição, no Recife.

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Entre as denúncias, o MPPE pede que a Justiça determine ao denunciado a obrigação de remover o vídeo objeto da denúncia e que decrete reparação de danos morais coletivos de pelo menos R$ 100 mil, com a destinação dos valores à produção e divulgação de material educativo voltado ao enfrentamento da intolerância contra religiões afro-brasileiras.

Sobre o caso

Em um vídeo publicado no Instagram, Aijalon Heleno Berto Florêncio critica um painel artístico pintado no Túnel da Abolição, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, dizendo se tratar de "reverência a entidades satânicas".

"Esse painel, na verdade, representa um ponto de contato com forças místicas intrinsecamente ligadas à feitiçaria, entidades reverenciadas nos terreiros, no Candomblé. Esse painel aí é, nada mais, nada menos, do que uma reverência a entidades malignas, satânicas, espíritos das trevas, à luz da palavra de Deus. Você precisa entender que essa palavra bonita ‘retorno à ancestralidade’ é, nada mais, nada menos, do que uma redescoberta dos poderes místicos das trevas que energizam o Candomblé, a umbanda e as religiões de matrizes afro", disse o religioso.

O vídeo gerou uma série de notas e manifestações de repúdio por parte de coletivos, terreiros, artistas e praticantes e não praticantes de cultos de matriz africana.

As denúncias feitas contra o Facebook por Frances Haugen, ex-funcionária da empresa, ganharam nova dimensão nos últimos dias. Desde a última sexta-feira (22), um consórcio chamado "The Facebook Papers", formado por 17 veículos jornalísticos dos Estados Unidos, incluindo New York Times, CNN e Washington Post, começou a publicar detalhes dos documentos vazados da empresa de Mark Zuckerberg.

Um dos arquivos publicados nesta segunda, 25, pelo site The Verge mostra que funcionários do Facebook criaram, no fim de 2019, uma classificação para diferentes países: Brasil, Índia e Estados Unidos foram colocados como a maior prioridade de monitoramento para a rede social. Segundo o site, a empresa configurou "salas de guerra" para acompanhar a rede continuamente nesses locais e alertar os funcionários da Justiça eleitoral de cada país sobre problemas.

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Outras pesquisas publicadas ontem pelo site Politico revelam que o Facebook sabe que domina o mercado de redes sociais - o que pode complicar os argumentos da empresa em processos antitruste nos Estados Unidos. Segundo pesquisas internas da companhia, cerca de 78% dos adultos americanos e quase todos os adolescentes usam os serviços da companhia de Mark Zuckerberg.

De acordo com documentos obtidos pelo New York Times, pesquisadores do Facebook começaram em 2019 um estudo sobre o botão "curtir" para avaliar o que as pessoas fariam se o Facebook removesse as reações de postagens no aplicativo de fotos Instagram.

Em memorando interno no mesmo ano, pesquisadores da empresa disseram que foi a "mecânica do produto principal" do Facebook que permitiu que desinformação e discurso de ódio se espalhassem pela plataforma. "A mecânica da nossa plataforma não é neutra", concluíram.

PESQUISAS

Os veículos tiveram acesso a documentos recebidos pelo Congresso americano, em grande maioria os materiais divulgados por Frances, que prestou depoimento no Senado dos Estados Unidos em 5 de outubro - na ocasião, ela expôs a lógica da empresa de valorizar o crescimento em detrimento da segurança dos usuários. As primeiras revelações de pesquisas internas do Facebook vieram em setembro com uma série de reportagens do Wall Street Journal.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Twitter lançou um "modo seguro" para conter "interações perturbadoras" e tornar as conversas "mais saudáveis", anunciou a rede social americana na quarta-feira (1º), sob grande pressão para proteger seus usuários contra o ódio na internet.

Este "modo de segurança" é um recurso que bloqueia temporariamente (sete dias) contas que usam "linguagem potencialmente prejudicial", como insultos, comentários de ódio ou "menções repetitivas e não solicitadas".

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“Os autores de mensagens consideradas prejudiciais ou não solicitadas de acordo com nossa tecnologia serão bloqueados automaticamente, o que significa que temporariamente não poderão seguir sua conta, visualizar suas mensagens ou enviar mensagens diretas”, explicou o Twitter em um comunicado.

A rede social afirmou ter consultado especialistas em segurança na Internet, saúde mental e direitos humanos para criar esta ferramenta.

Esta nova funcionalidade havia sido usada anteriormente por um pequeno número de usuários, especialmente mulheres jornalistas e outros grupos de pessoas que frequentemente sofrem esse tipo de abuso.

Como outros gigantes da mídia social, o Twitter permite que os usuários sinalizem postagens que consideram odiosas, como postagens racistas, homofóbicas e sexistas. Mas muitos usuários reclamam há muito tempo sobre as falhas nas políticas da empresa, que permitem que comentários violentos ou discriminatórios permaneçam visíveis em muitos casos.

Na França, por exemplo, a plataforma foi denunciada por seis grupos antidiscriminação, sob a acusação de falhas "persistentes" no bloqueio de comentários de ódio. A Justiça francesa ordenou ao Twitter em julho que comunicasse, em dois meses, os documentos que explicam como combate o ódio na internet.

O anúncio no Twitter chega várias semanas depois que o Instagram (que pertence ao Facebook) revelou novas ferramentas para combater conteúdo abusivo e racista, após uma série de comentários racistas dirigidos contra os jogadores da seleção inglesa após a final da última Eurocopa, perdida pelos atletas ingleses, nos pênaltis contra a Itália.

O Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública (ACP) contra a pastora e cantora gospel Ana Paula Valadão. O órgão pede indenização por danos morais coletivos em razão da prática de discurso de ódio contra os homossexuais e pessoas que convivem com a Aids.

Durante um evento, Valadão afirmou: "Tai a Aids para mostrar que a união sexual entre dois homens causa uma enfermidade que leva à morte, contamina as mulheres, enfim. Não é o ideal de Deus".

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Segundo a ação, movida também contra o canal 23 Ltda (Rede Super de Televisão), a fala da pastora influencia um número indeterminado de pessoas pelo seu conteúdo, especialmente com a repercussão gerada pelo compartilhamento nas redes sociais e nos meios de comunicação.

Investigado por meio de um inquérito civil, o episódio ocorreu quando a pastora participou de um congresso chamado “Na Terra como no Céu”, transmitido ao vivo e reprisado pela Rede Super de Televisão, emissora que pertence à Igreja Batista da Lagoinha.

Questionada pelo MPF, a pastora alegou que sua fala encontrava-se amparada no exercício da liberdade religiosa e foi mal interpretada. Alegou ainda que teria dito isso em um contexto religioso, durante um culto para público determinado e a transmissão se deu por um canal igualmente para uma audiência de fiéis.

O MPF pede a condenação da Rede Super de Televisão ao pagamento de indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 2 milhões, e que também seja obrigado a arcar com os custos econômicos da produção e divulgação de contra narrativas ao discurso do ódio praticado, em vídeo e sítio eletrônico, com a efetiva participação de entidades representativas de pessoas LGBTQIA+ bem como de pessoas que convivem com o HIV.

Em relação à pastora Ana Paula Machado Valadão Bessa, o MPF pede que seja condenada por danos morais coletivos e ao pagamento de indenização no valor de R$ 200 mil.

O MPF pede que esses valores sejam revertidos a entidades representativas de pessoas LGBTQI+ e de pessoas que convivem com o HIV ou, alternativamente, ao Fundo Nacional de Direitos Difuso.

A pandemia de coronavírus impulsionou um forte crescimento do discurso LGBTfóbico em toda Europa e Ásia Central, de acordo com um estudo anunciado nesta terça-feira (16) por um grupo que defende os direitos da população LGBTI+.

Os ataques verbais contra membros da comunidade LGBTI+ por parte de políticos aumentaram na Albânia, Azerbaijão, Bósnia, Bulgária, República Tcheca, Estônia, Finlândia, Hungria, Itália, Kosovo, Letônia, Moldávia, Macedônia do Norte, Polônia, Rússia, Eslováquia e Turquia, apontou a federação ILGA-Europa em seu relatório anual que consultou 54 países.

Os líderes religiosos em Belarus, Grécia, Eslováquia, Turquia e Ucrânia também são acusados no relatório sobre discurso de ódio, e alguns deles alegam que as pessoas LGBTI+ estão por trás da propagação da covid-19.

A federação, que representa 600 associações, também apontou o aumento do discurso de ódio nos meios de comunicação online na Bélgica, Bulgária, Croácia, República Tcheca, Malta, Montenegro, Rússia e Turquia, e nos principais meios de comunicação em alguns casos, particularmente na Eslovênia e Ucrânia.

"Houve um ressurgimento de autoridades e funcionários que usam as pessoas LGBTI+ como bodes expiatórios", disse a chefe da ILGA-Europa, Evelyne Paradis.

O ataque faz parte de uma "repressão geral contra a democracia e a sociedade civil" em muitos países, disse a federação, destacando especialmente Polônia e Hungria.

Destacou também as "áreas livres de ideologia LGBT" estabelecidas na Polônia em diversas cidades, junto com a reforma da Constituição na Hungria para enfatizar a orientação sexual binária tradicional para os pais e uma lei que proíbe a adoção para casais do mesmo sexo.

O Facebook anunciou nesta quinta-feira (3) que está revisando seus sistemas para priorizar o bloqueio de calúnias contra negros, gays e outros grupos historicamente visados, não mais filtrando automaticamente as ofensas dirigidas a brancos, homens ou americanos.

"Sabemos que o discurso de ódio dirigido a grupos sub-representados pode ser o mais prejudicial, e é por isso que focamos nossa tecnologia em encontrar o discurso de ódio que os usuários e especialistas nos dizem ser o mais grave", disse a porta-voz do Facebook, Sally Aldous.

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O ajuste de software terá como alvo inicial as ofensas mais gritantes, incluindo aquelas contra negros, muçulmanos, pessoas de mais de uma raça, a comunidade LGBTQ e judeus, de acordo com um relatório do Washington Post. As publicações contra os demais grupos serão mantidas no filtro.

- Longa data -

A mudança é anunciada em meio à pressão de grupos de direitos civis que há muito tempo reclamam que a empresa faz pouco contra o discurso de ódio.

No início deste ano, mais de 1.000 anunciantes boicotaram o Facebook para protestar contra seu tratamento ao discurso de ódio e desinformação.

O Facebook e outras plataformas têm sido criticadas por não impedir conteúdos abusivos e odiosos graves, além da violência organizada, como o massacre da minoria Rohingya em Mianmar e a decapitação do professor francês Samuel Paty, perto de Paris.

O Facebook disse que desde agosto identificou mais de 600 movimentos sociais militarizados e excluiu suas páginas e contas, parte de um esforço que retirou 22,1 milhões de postagens contendo "discurso de ódio".

- Problema social? -

Os críticos do Facebook e de outras redes sociais argumentam que elas deveriam ser responsabilizadas pela violência organizada em suas plataformas, exigindo reformas de uma lei que isenta os serviços de internet do conteúdo postado por terceiros.

Mas alguns analistas argumentam que as plataformas não podem assumir total responsabilidade por problemas sociais profundos que levaram ao extremismo e à violência nas ruas.

O Facebook e outras redes enfrentam uma batalha para descobrir como eliminar o conteúdo tóxico enquanto se defendem das acusações de que estão sufocando a liberdade de expressão.

O Facebook apresentou nesta quinta-feira uma série de medidas contra grupos privados que se formam em torno de um determinado assunto na rede social para incitar a violência ou dar conselhos de saúde.

O acesso a grupos violentos será restrito na ferramenta de busca e seu conteúdo aparecerá cada vez menos no feed atual de usuários. Se algum de seus membros ameaçar cometer atos violentos, mesmo com palavras simbólicas ou ocultas, a rede social deleta a conta do grupo.

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Em relação aos grupos que falam sobre questões de saúde, "eles podem ser um espaço positivo para dar e receber apoio em períodos difíceis da vida", reconhece Tom Alison, vice-presidente de engenharia do Facebook, em artigo de blog. "Ao mesmo tempo, é crucial que as pessoas obtenham informações médicas de fontes que são uma referência", argumentou Alison.

A empresa norte-americana também anunciou que arquivará grupos sem um administrador e proibirá administradores e moderadores de grupos excluídos de abrirem outros "por um certo tempo".

Qualquer usuário alertado pelo Facebook por ter violado as regras de um grupo deve receber uma aprovação para qualquer nova publicação durante um período de 30 dias.

Menos de sete semanas antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos, a empresa multiplica anúncios para mostrar seu ativismo contra grupos violentos e enganadores.

A rede social vetou os grupos de extrema direita "Boogaloo" no final de junho e em agosto suprimiu centenas de grupos ligados ao QAnon, um movimento de partidários do presidente Donald Trump que promove teorias da conspiração.

O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça Federal o julgamento antecipado de ação civil pública que pede a condenação da União e da Funai por discurso de ódio contra povos indígenas e direito de reposta ao povo indígena Waimiri Atroari.

A ação civil pública foi apresentada em março deste ano, para que a Justiça Federal no Amazonas declare a omissão do Estado brasileiro na condução da política indigenista e a violação de direitos fundamentais dos povos indígenas, notadamente do povo Waimiri Atroari, em razão do fomento ao discurso de ódio e da defesa de um projeto integracionista em relação a este e aos demais povos indígenas brasileiros. Os pedidos da ação são: direito de resposta em sítios oficiais e no Twitter, orientação aos agentes públicos federais sobre o tema, elaboração de plano de combate ao discurso de ódio, pedido de desculpas público à etnia e elaboração de cartilha sobre a sua história.

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Em abril, a 3ª Vara Federal no Amazonas atendeu a pedidos do MPF e determinou, em caráter liminar, que o governo brasileiro publicasse uma carta dos indígenas Waimiri Atroari no site do Planalto. A decisão liminar determinou também que a União e Fundação Nacional do Índio (Funai) indicassem às autoridades públicas que não incitassem ou encorajassem discriminação racial, por meio de circular e manifestação pública dos ministérios e da Presidência da República, e que elaborassem um plano de combate ao discurso de ódio contra povos indígenas no âmbito do Estado e na sociedade brasileira.

O MPF chegou a apresentar à Justiça Federal a carta dos Waimiri Atroari a ser publicada no site do Planalto, mas decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) suspendeu os efeitos da liminar concedida pela Justiça Federal no Amazonas.

Discurso discriminatório continua – Após contestação feita pela União e pela Funai, o MPF apresentou à Justiça Federal réplica, reafirmando a legalidade da ação e a necessidade de intervenção judicial para evitar que o governo brasileiro siga incitando ódio contra os povos indígenas.

O MPF destaca que, mesmo após o ajuizamento da ação, as manifestações de caráter discriminatório contra povos indígenas não cessaram. Exemplo disso foi a fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante live, em 16 de julho, em que culpou “o indígena, o caboclo” por “parte considerável” do desmatamento.

Em abril, o então ministro da Educação, Abraham Weintraub se manifestou em relação aos povos indígenas, durante reunião ministerial, da seguinte maneira: “Odeio o termo povos indígenas, odeio esse termo. Odeio. Só tem um povo nesse país. Quer, quer. Não quer, sai de ré...”.

Para o MPF, a medida que se busca na Justiça com a ação civil pública visa justamente coibir a repetição destas práticas. O órgão destaca a continuidade escancarada do fomento ao ódio contra os povos indígenas e afirma que nenhuma norma do direito brasileiro legitima estas condutas, estando todo o sistema jurídico coordenado para coibir práticas como as citadas e promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou outras formas de discriminação.

Danos concretos aos Waimiri Atroari – Na manifestação apresentada à Justiça, o MPF explica que, no caso do povo Waimiri Atroari, o discurso discriminatório tem como pano de fundo principal a implantação de uma linha de transmissão que pretende cruzar o território indígena, além da disputa pela circulação na rodovia BR-174, criando cenário favorável a práticas de violência contra esse povo.

Uma das práticas decorrentes deste cenário ocorreu em 28 de fevereiro de 2020, quando um deputado se dirigiu à entrada do território e, com o uso de uma motosserra, cortou o tronco que sustentava as correntes que bloqueiam o acesso à BR-174. Na ocasião, o deputado gravou um vídeo e dedicou a ação ao presidente da República.

“Todo o cenário já descrito criou uma realidade de tensão e hierarquização entre interesses e bens jurídicos que acabou por gerar a premissa do deputado estadual de que estava autorizado a fazer justiça com as próprias mãos. O episódio mostra como o discurso parcial e contrário aos povos indígenas, associado à falta de preocupação com os ritos e procedimentos legais, favorecem um discurso de ódio e práticas violentas contra os grupos étnicos ou contra os seus territórios. No caso em exame, os relatos mencionam a manutenção em cárcere privado de alguns indígenas Waimiri Atroari durante a quebra das correntes e a filmagem pelo deputado, que tentou fazer justiça com as próprias mãos e apresentar o resultado ao presidente da República”, afirma trecho da manifestação do MPF.

O órgão reforça a importância do pedido de desculpas público, por parte do governo brasileiro, em relação ao povo indígena Waimiri Atroari e a necessidade de elaboração de cartilha, de autoria dos Waimiri Atroari e custeada pelo governo federal, sobre a história desse povo, que deverá ser divulgada em todos meios governamentais e nas redes sociais da Presidência, disponibilizada permanentemente nos sites do governo federal.

Da assessoria do MPF

Em uma sociedade cada vez mais marcada pela polarização, em especial quando o assunto é política, a principal ferramenta para o combate ao discurso do ódio é a informação qualificada e a educação, concluíram os pesquisadores que se reuniram nos últimos dois dias na Universidade de São Paulo (USP) para debater soluções para combater o discurso de ódio.

No encontro, os palestrantes enfatizaram que até atitudes que parecem despretensiosas, como uma piada ou o compartilhamento de um meme no celular podem carregar preconceito e potencializar atitudes hostis.

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Segundo João Pedro Favaretto Salvador, da FGV Direito, mais informação e sentimento de empatia nos interlocutores podem reduzir a efetividade do discurso. Ele descarta a possibilidade de limitar a liberdade de expressão. "Em vez de tentar limitar necessariamente o que é dito, é melhor fazer com que a audiência desse discurso seja inoculada contra ele, com empatia, com políticas que levem um grupo a entender outro grupo", disse.

Segundo Fabrício Vasconcelos Gomes, também da FGV Direito, Facebook e Twitter são responsáveis por barrar a divulgação de conteúdos sensíveis.

Para Maria Luiza Tucci Carneiro, coordenadora do Laboratório de Estudos sobre Etnicidade, Racismo e Discriminação (LEER), da Universidade de São Paulo (USP), "quando uma democracia é frágil, o discurso de ódio surge nessas fissuras". "A melhor forma de combatermos isso é com a educação, formando pessoas capazes de interferir nessa realidade."

Estudiosa do neonazismo há quase 20 anos, a pesquisadora Adriana Dias, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), destacou que, com diferentes matizes e em distintas regiões do planeta, esse grupo tem ganhado força. "Há milhares de páginas e milhões de pessoas", disse ela, que mapeou conteúdos online em inglês, espanhol e português sobre o tema. "Precisamos fazer um esforço para levar isso a sério e compreender. E compreender não quer dizer justificar", ressaltou.

'Nazismo'

Na palestra "Nazismo reciclado", o jornalista e doutor em história social Marcos Guterman identificou a retomada de um método discursivo similar ao que embasou a ascensão e a manutenção do nazismo na Alemanha. Para o pesquisador, o sentimento "tribal" fortalecido pelas redes sociais tem alimentado esse processo na política, que tem sido cada vez mais negada.

Em sua apresentação, trouxe trechos de documentos históricos como o livro Minha Luta, de Adolf Hitler, escrito em 1925, no qual há explicações sobre o papel da propaganda. "A ideia da propaganda não é esclarecer, é não abrir espaço ao contraditório", explicou Guterman. De acordo com o pesquisador, muitas pessoas se julgam bem informadas lendo apenas títulos de redes sociais. "Perde-se a noção da realidade compartilhada, só a realidade do grupo é valida."

"O antissemitismo e o anticomunismo são armas retóricas de grande alcance porque reduzem o inimigo. O discurso anticomunista tem esse propósito - muita gente nem sabe o que é comunismo, mas isso não é relevante. O que importa é dizer que aquele que não pensa como eu é comunista."

O advogado Lucas Bulgarelli, coordenador do núcleo de pesquisa em gênero e sexualidade da secção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), apresentou uma pesquisa sobre violência nas eleições 2018. De 400 pessoas ouvidas em São Paulo, Rio e Salvador, metade respondeu que tinha sofrido algum tipo de violência, enquanto outros 78% afirmaram que conheciam alguém que passou por isso.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Morando fora do Brasil desde janeiro, quando decidiu desistir do seu mandato de deputado federal, Jean Wyllys (PSOL) vai fazer uma residência em Harvard, nos Estados Unidos, nos próximos meses.

O ex-parlamentar, que é professor da área de direitos humanos, vai aprofundar os estudos com uma pesquisa voltada para a relação das notícias falsas com os discursos de ódio contra minorias.

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A residência acontecerá no Instituto de Pesquisa Afro-Latinoamericanos vai durar um semestre. Neste período, Wyllys ainda poderá ministrar aulas em Harvard sobre o assunto, porque já entende-se que ele tem a capacidade para tal.

Em seu perfil no Instagram, Wyllys anunciou a novidade com um texto do poeta brasileiro Jorge Portugal: “Quanto mais a gente ensina mais aprende o que ensinou! (...) Pois trocar vida com vida é somar na dividida, multiplicando o amor, pra que o sonho dessa gente não seja mais afluente do medo em que desaguou”.

Uma pichação de cunho racista foi encontrada na parede de um dos banheiros da Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG) nesta quinta-feira (11). O texto da pichação diz "Bolsonaro 17" e, em seguida, "lugar de preto é senzala".

A Unifal-MG emitiu uma nota de repúdio sobre o caso. "O teor da mensagem é totalmente incompatível com os valores éticos da Unifal-MG e absolutamente inacetável no âmbito de uma comunidade acadêmica que preza a democracia, a paz, o respeito aos direitos humanos e a diversidade étnico-racial", diz a nota.

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A instituição acrescenta que a Reitoria está tomando providências para apurar o fato e identificar o autor da mensagem. A Polícia Federal foi acionada e, segundo a Unifal-MG, já está investigando o ocorrido. A mensagem foi encontrada em um dos banheiros do PCA, sigla para Pavilhão Central de Aulas.

O Centro Acadêmico do Curto de História também emitiu um texto lamentando o ocorrido. "Enquanto historiadores e historiadoras, é impossível não nos manifestarmos e nos colocarmos na contramão de um ato cruel e covarde como esse. Que a universidade cumpra seu papel e investigue o caso", afirma a nota de repúdio.

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Eminem surpreendeu a todos com o lançamento surpresa de seu novo álbum, Kamikaze, mas as letras das músicas do rapper andou desagradando muita gente!

Na música The Ringer, primeira faixa do álbum, Eminem se refere a Trump como Agente Laranja, e diz:

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- Acabou de enviar o Serviço Secreto / Para me conhecer pessoalmente / Para ver se eu realmente penso em machucá-lo / Ou perguntar se estou ligado a terroristas.

Um porta-voz do Serviço Secreto disse em um pedido de entrevista da TIME que não confirma as investigações, mas que também não descarta a possibilidade:

- O Serviço Secreto não confirma ou comenta a ausência ou a existência de investigações específicas. Podemos dizer, no entanto, que o Serviço Secreto investiga todas as ameaças contra o presidente.

O presidente dos Estados Unidos não foi o único a ficar aborrecido com as músicas de Eminem. O vocalista da banda Imagine Dragons, Dan Reynolds, também fez críticas ao músico. Na canção Fall, Eminem faz insinuações com relação a orientação sexual de outro rapper, Tyler The Creator:

- Tyler não cria nada, eu vejo porque você se chama de bicha / Não é só porque você não tem atenção / É porque você adora as bolas de D12, você é um sacrilégio / Se você vai criticar a mim, é melhor você pelo menos ser tão bom ou melhor que eu.

O líder do Imagine Dragons, que é apoiador da causa LGBTQ, ficou incomodado com a letra da música. No Twitter, ele fez algumas críticas que, mesmo não citando o nome de Eminem, se encaixam perfeitamente no contexto:

Nunca é bom dizer uma palavra cheia de ódio. Eu não me importo em que ano você nasceu ou que significado isso tem para você. Se isso contribui para o ódio e o fanatismo, então é odioso. Nunca há um bom momento para dizer a palavra bicha. Eu não ligo para quem você é.

Em outro tweet, Dan continuou o desabafo:

É nojento escutar que isso é ser extremamente sensível ou milenar. A vida de crianças LGBTQ são tiradas depois de sofrerem bullying por homofóbicos. Isso não é sensível ser contra um mundo que tem sido acostumado a espalhar ódio por anos.

Um estudo recém-concluído mostra que as mulheres negras são o principal alvo de comentários depreciativos nas redes sociais. Os dados estão na tese de doutorado defendida na Universidade de Southampton, na Inglaterra, pelo pesquisador brasileiro e PHD em Sociologia Luiz Valério Trindade. Ele analisou mais de 109 páginas de Facebook e 16 mil perfis de usuários.

O levantamento também incluiu 224 artigos jornalísticos que abordaram dezenas de casos de racismo nas redes sociais brasileiras entre 2012 e 2016. Luiz Valério constatou que 65% dos usuários que disseminam intolerância racial são homens na faixa de 20 e 25 anos. Já 81% das vítimas de discurso depreciativo nas redes sociais são mulheres negras entre 20 e 35 anos.

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De acordo com Luiz Valério, as mulheres negras causam muito incômodo em um modelo de construção social machista e racista. As principais vítimas de agressões nas redes são médicas, jornalistas, advogadas e engenheiras negras.

“A partir do momento em que essas mulheres negras ascendem socialmente, adquirem maior escolaridade, elas se engajam em profissões de maior visibilidade e maior qualificação. Isso entra em choque com aquele modelo que diz que a mulher negra tem que estar associada ou engajada em atividades subservientes e de baixa qualificação”, afirmou o pesquisador.

Combate à violência

Luiz Valério chama a atenção para a importância do Poder Público e das empresas que administram as redes sociais de combater a violência contra as mulheres negras na internet. O pesquisador, que é negro, defende o aprimoramento das políticas de privacidade das redes sociais, com mais punição para usuários que disseminam discurso de ódio.

“As atitudes que as pessoas têm no mundo virtual elas têm, sim, que responder civilmente por suas atitudes. Elas não estão protegidas por trás da tela do computador da forma como elas imaginam. As escolas de ensino médio e fundamental precisam preparar os jovens para que, na sua vida adulta, não repliquem esse tipo de comportamento”,

A agressão pelas redes têm o potencial de se transformar em violência verbal e física fora do mundo virtual. A blogueira maranhense Charô Nunes já vivenciou essa situação e hoje, radicada em São Paulo, coordena o Blogueiras Negras, plataforma colaborativa de publicação de textos de mulheres negras de todo o país.

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