A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários e Conexos do Estado de Pernambuco (Sindmetro-PE) se reuniram nesta sexta-feira (4) em uma audiência de conciliação determinada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), no Recife. As partes se encontraram em uma reunião, que durou mais de duas horas, para entrar em um acordo que pudesse pôr fim à greve dos metroviários, que teve início na última quinta-feira (3), porém não houve acerto nas negociações, e a paralisação vai continuar.
O Sindmetro-PE, junto com o Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (MPTPE), ofereceu uma nova proposta de ajuste salarial de 7%, e piso de nível 110, com uma progressão de aproximadamente 15% do salário. A proposta inicial da categoria era um ajuste de 25%, que chegou a ser reduzido para 15%, e um piso de nível 115.
##RECOMENDA##A CBTU apresentou dificuldade em aceitar o acordo, alegando que não tinha poder para decidir com autonomia. Uma nova audiência foi marcada para a próxima segunda-feira (7), para outra tentativa de conciliação, com a participação da Serviço Social do Transporte (SEST), na pessoa de Elisa Vieira Leone, que deverá tomar a decisão pela CBTU.
Segundo Ana Carolina Vieira, chefe-administrativa do Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (MPTPE), foram firmados os dois pleitos com base em negociação direta com o Sindmetro-PE. "O sindicato já está há 13 anos sem progressão, a categoria está estagnada, pelo que o sindicato afirmou, em termos de progressão da carreira”, afirmou Vieira.
Ana Carolina Vieira, chefe-administrativa do MPTPE. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá
O presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares, declarou que vai confirmar a proposta junto à categoria, que se reúne em assembleia à noite, para votar os novos níveis do acordo. “Espero que a empresa, dessa vez, aceite essa proposta da gente. Porque quem quer negociar é o sindicato, quem não tá querendo é a empresa, e a gente quer voltar ao trabalho”, declarou Soares.
Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá
A reunião foi mediada pelo desembargador do TRT-6, Sérgio Torres, que afirmou esperar que na próxima reunião compareçam representantes do órgão federal capazes de tomar alguma decisão. “Deveria estar participando alguém, de Brasília com poderes negociais”, declarou o desembargador.
Sergio Torres, desembargador do TRT-6. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá
“Tivemos uma certa resistência pelo lado patronal em abrir para uma negociação, sob alegação de que qualquer tipo de definição em relação ao conteúdo de uma negociação coletiva deveria passar por Brasília, eles não teriam autonomia aqui. Mas nós conseguimos avançar em alguns pontos”, complementou Torres, em coletiva.
A CBTU, que esteve presente na reunião, se retirou do TRT-6 sem falar com a imprensa. Em nota, a Companhia informou que "está empenhada para resolver a questão e aberta para o diálogo com os sindicatos."
Determinação do TRT será cumprida
Na quinta-feira (3), http://leiaja.com/noticias/2023/08/03/trt-preve-multa-de-r-60-mil-caso-m...">o TRT-6 determinou que fosse colocada em circulação 60% da frota de trem nos horários de pico, das 5h30 às 8h30 e das 17h30 às 19h30, e 40% no restante do dia, com pena de multa diária de R$ 60 mil em caso de descumprimento. Na manhã desta sexta-feira, as estações de metrô do Recife amanheceram fechadas e sem funcionar durante todo o dia.
Demandas não atendidas
Segundo o acordo coletivo, firmado em ata desde abril deste ano, a categoria pediu, entre outras cláusulas, o reajuste salarial e a retirada da CBTU do Plano Nacional de Desestatização (PND), para que a concessão da empresa não passasse para o setor privado. O pleito para assegurar os trabalhadores, em caso de privatização, deverá ser negociado em um outro momento.
Em junho, os metroviários receberam a negativa da CBTU quanto ao ajuste dos rendimentos dos trabalhadores, alegando erro no cálculo do orçamento. O Sindmetro-PE chegou a realizar duas paralisações temporárias no período, sendo a mais recente quando os trabalhadores rodoviários também fizeram greve.
Desta vez, a categoria exige que um acordo seja assinado e cumprido, e quer ainda que, no caso da privatização ser confirmada, seus cargos não sejam alterados, e que haja uma seguridade trabalhista para todos os funcionários públicos.
Passeata até Brasília
Na assembleia marcada para a tarde desta sexta-feira, a categoria deve assinar quem vai participar de uma caravana até Brasília, liderada pelo presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares, para tentar uma negociação diretamente com a presidência da República, para evitar a privatização da estatal.