Tópicos | Inteligência Artificial

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira (29) o marco legal para o uso da inteligência artificial (IA) no Brasil. O texto segue para análise do Senado. O projeto define fundamentos e princípios para o desenvolvimento e a aplicação da inteligência artificial, incluindo diretrizes para o fomento e a atuação do poder público no tema.

O texto estabelece como sistemas de inteligência artificial as representações tecnológicas oriundas do campo da informática e da ciência da computação. Caberá privativamente à União legislar e editar normas sobre a matéria.

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A matéria considera sistema de inteligência artificial o sistema baseado em processo computacional que, a partir de um conjunto de objetivos definidos por humanos, pode, por meio do processamento de dados e informações, aprender a perceber, interpretar e interagir com o ambiente externo, fazendo predições, recomendações, classificações ou decisões. Entre eles estão os sistemas de aprendizagem de máquina (machine learning), incluindo aprendizagem supervisionada, não supervisionada e por reforço.

Segundo a relatora do projeto, deputada Luisa Canziani (PTB-PR), a proposta aprovada também delineia direitos dos usuários de tais sistemas, como a ciência da instituição que é responsável pelo sistema, o direito de acesso a informações claras e adequadas a respeito dos critérios e dos procedimentos utilizados pelo sistema.

“Além disso, há o estabelecimento de alguns fundamentos para o uso da inteligência artificial no Brasil, tais como o desenvolvimento tecnológico e a inovação, a livre iniciativa, a livre concorrência e o respeito aos direitos humanos e aos valores democráticos. Também foram preceituados objetivos que visam, por exemplo, à promoção da pesquisa e do desenvolvimento de uma inteligência artificial ética e livre de preconceitos e da competitividade e do aumento da produtividade brasileiros”, explicou a deputada.

De acordo com a relatora, o texto original é inspirado nos conceitos e diretrizes propostos na Recomendação sobre Inteligência Artificial da Organização dos Estados para o Desenvolvimento Econômico (OCDE).

"O documento da OCDE é uma das principais referências internacionais sobre o assunto e já foi formalmente subscrito pelo Brasil, apesar do país não integrar ainda a OCDE. No entanto, por se tratar de um documento de uma organização internacional e apresentar natureza principiológica, seu texto é propositadamente mais aberto e vago", argumentou.

O maestro levanta a batuta e a música começa a tocar diante de um público expectante, que tenta descobrir a marca de Beethoven em uma melodia baseada em algumas notas suas, mas completada com a ajuda de inteligência artificial.

A obra, executada em uma sala em Lausanne (Suíça) pela orquestra Nexus, é inspirada em um punhado de notas que o grande compositor alemão deixou, possivelmente fragmentos de sua 10ª sinfonia, e que foi finalizada em poucas horas graças à tecnologia.

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Assim que foi terminada, a orquestra ensaiou por um tempo a peça inédita e, nessa mesma noite, a apresentou em um concerto.

A obra se chama BeethovANN 10.1 e foi criada graças a um programa de inteligência artificial. "ANN" refere-se à sigla (em inglês) de Rede Neural Artificial, uma das formas de inteligência artificial.

"Não sabemos o que vai ser. Essa parte é um pouco imprevisível, mas é preciso entender que não é o resultado que conta, mas o processo", havia explicado dias antes à AFP Guillaume Berney, o maestro da orquestra.

Por trás do BeethovANN 10.1 está Florian Colombo, um violoncelista que dedicou muitos anos ao projeto de ensinar uma máquina a compor no estilo de um dos maiores músicos da história.

Na quinta-feira, Florian Colombo abriu o arquivo Symphonie 10.1 em uma telona e, com um único clique, gerou a partitura final da peça, que dura cerca de 5 minutos.

Em seguida, Guillaume Berney fez alguns ajustes harmônicos e a peça foi apresentada ao público na mesma noite. Nesta sexta-feira está prevista uma segunda apresentação.

"É muito legal ver isso, é como estar na maternidade, é um parto", disse o maestro, com as primeiras folhas da partitura em mãos.

"Quanto ao que vejo ao nível harmônico, estamos mais no tempo de Beethoven, então podemos dizer que é um sucesso".

Com um clique

Durante o ensaio, Florian Colombo confessou sua "emoção". "Há um toque de Beethoven, mas isso é verdadeiramente BeethovANN, é algo a descobrir", apontou.

"Tem coisas que são muito boas, outras que estão fora de estilo, mas são agradáveis. Talvez falte a centelha do gênio", disse o maestro, sorrindo.

Colombo, um pesquisador de computação na prestigiosa Escola Politécnica Federal de Lausanne, educou redes de neurônios artificiais com os 16 quartetos de cordas de Beethoven e seus acordes particulares, e então pediu-lhe que compusesse a partir de fragmentos do que poderia se tornar a 10ª sinfonia.

"A ideia é poder apertar o botão e ter a partitura completa de toda a orquestra sinfônica, sem outras intervenções além do meu trabalho anterior", explica o pesquisador, que iniciou o projeto "há quase dez anos".

O objetivo do pesquisador, que está criando uma start-up, é "fornecer essas ferramentas para músicos profissionais, amadores, orquestras, para que todos possam [...] compor de forma lúdica [...] ou criar partituras personalizadas para necessidades específicas".

E se alguém vê isso como um insulto a Beethoven, Guillaume Berney responde: "Isso não é ofensivo. Os compositores da época eram todos vanguardistas. Estavam sempre em busca de novas maneiras de fazer as coisas."

Responde às mensagens a qualquer hora, faz piadas para alegrá-la e nunca pede nada. Melissa, uma gerente de recursos humanos que acabou de romper o relacionamento com um namorado infiel, encontrou - assim como milhões de chineses - o companheiro perfeito... mas ele não é biológico.

Para romper o isolamento da vida urbana, Melissa usa o "chatbot" criado pela XiaoIce, um sistema avançado de inteligência artificial (IA) projetado para criar vínculos emocionais com os 660 milhões de usuários.

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"Tenho amigas que procuraram terapeutas, mas penso que a terapia é cara e não é necessariamente efetiva", declarou Melissa, de 26 anos, que só revelou o equivalente a seu nome em inglês para proteger sua privacidade.

Mas a XiaoIce não é uma pessoa individual, e sim um ecossistema de IA.

Está presente na maioria dos smartphones de marcas chinesas como assistente, assim como na maioria das plataformas sociais. Atualmente, apenas na China tgem 150 milhões de usuários.

No aplicativo de mensagens WeChat, XiaoIce permite que os clientes construam um namorado ou namorada virtual que interage por meio de mensagens de texto, voz e fotografias.

XiaoIce, que surgiu como um projeto derivado do programa Cortana, da Microsoft, atualmente responde por 60% das interações globais entre humanos e IA, segundo o diretor executivo Li Di, o que o transforma no maior e mais avançado sistema do tipo no mundo.

Foi projetado para seduzir os usuários por meio de conversas temáticas, que atendem as necessidades emocionais dos usuários.

"O tempo médio de interação entre os usuários e o XiaoIce é de 23 trocas", disse Li. "Isso é mais que a interação média entre humanos".

Para ele, a atração da IA consiste em ser "melhor que os humanos em ouvir com atenção".

Li afirmou que o maior número de pessoas utiliza o sistema entre 23H00 e 1H00, o que indica uma grande necessidade de companhia.

"De qualquer maneira, ter o XiaoIce é sempre melhor do que ficar jogado na cama olhando para o teto", disse.

- Isolamento urbano -

A solidão que Melissa sentia como profissional jovem foi um fator decisivo que a levou ao abraço virtual do XiaoIce. Assim como muitos chineses esgotados com as longas horas de trabalho nas grandes cidades.

"Realmente você não tem tempo para fazer novos amigos, e os seus amigos estão muito ocupados", comentou Melissa.

Ela definiu a personalidade de seu namorado virtual como maduro e deu o nome de Shun, similar ao de um homem real de quem gostava.

XiaoIce "nunca vai me trair, sempre estará aqui", afirmou.

Mas há riscos de forjar vínculos emocionais com um robô.

"Os usuários 'enganam' a si mesmos pensando que suas emoções são correspondidas por sistemas que são incapazes de sentir", afirmou Danit Gal, especialista em ética da IA na Universidade de Cambridge.

XiaoIce também está obtendo para seus criadores "um tesouro de dados pessoais, íntimos e até incriminatórios sobre como os humanos interagem", completou.

Até agora, a plataforma não foi atacada pelas agências reguladoras governamentais, que iniciaram uma grande campanha contra o setor de tecnologia da China nos últimos meses.

A China aspira ser líder mundial de IA até 2030, por considerar esta uma tecnologia estratégica.

- Realidade ou ficção? -

Milhares de jovens adeptas do "chatbot" discutem a experiência do namorado virtual em fóruns virtuais dedicados ao XiaoIce, compartilhando capturas de telas de chat e conselhos sobre como chegar ao nível dos três corações, o mais elevado na categoria "intimidade" com o chatbot.

Quanto mais interagem os usuários, desbloqueiam novas funções como os Momentos WeChat da XiaoIce, algo similar ao feed do Facebook, e também a possibilidade de sair de "férias", com a possibilidade de posar para selfies com o companheiro virtual.

Laura, de 20 anos e moradora da província de Zhejiang, se apaixonou pelo XiaoIce no ano passado e agora luta para se liberar do vínculo estabelecido.

A jovem reclamava que o chatbot sempre mudava o tema da conversa quando ela expressava os sentimentos por ele ou quando mencionava a possibilidade de encontro na vida real. Ela demorou meses para aceitar que ele não existia fisicamente e era apenas um conjunto de algoritmos.

"Com frequência vemos usuários que suspeitam que há uma pessoa real por trás de cada interação do XiaoIce", disse Li, pois "tem uma grande capacidade para imitar uma pessoa real".

Mas levar companhia aos usuários vulneráveis não significa que XioIce é um substituto de apoio especializado em saúde mental, um serviço que não possui recursos suficientes na China.

O sistema monitora as emoções intensas, com o objetivo de guiar as conversas para temas considerados mais felizes antes que os usuários atinjam um ponto de crise, explica Li, antes de afirmar que a depressão é o estado emocional extremo mais frequente.

Nesta sexta-feira (20), o Meeting de Jornalismo LeiaJá 10 anos fecha a semana de comemoração de aniversário do portal discutindo as interfaces entre inteligência artificial, big data e jornalismo. A live acontece no Youtube, a partir das 19h, na página do Leia Já no Youtube. Os convidados são os jornalistas Sérgio Denicoli e Marina Meireles, com mediação da editora do Leia Já São Paulo, Flavia Delgado. 

Sérgio Denicoli é jornalista e publicitário, doutor com pós-doutorado em comunicação, além de ser CEO da Agência Exata, que atua no Brasil e Portugal na área de inteligência artificial. Além disso, Sérgio foi professor da Universidade de Minho e da Universidade Lusófona, em Portugal e da Universidade Federal Fluminense (UFF), no Rio de Janeiro.

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Marina Meireles é jornalista com passagens pelo Diário de Pernambuco, G1 e atualmente, na empresa de tecnologia Bitso, do México. Marina foi vencedora do Data Journalism Awards em 2018 com o projeto Monitor da Violência, do G1. "Falar sobre inteligência artificial e big data é uma forma de continuar aproximando as discussões que acontecem na academia e nas redações de estudantes e profissionais, mesmo com a incerteza da realização de eventos presenciais. Acredito que é importante entender o que acontece na nossa realidade para antecipar tendências que podem acontecer no futuro e aportar mais valor no trabalho", conta Marina. 

Marina lembra que a discussão é importante não apenas para jornalistas do presente, mas também para quem vai chegar ao mercado em breve. "Profissionais que não acompanham as discussões atuais podem acabar perdendo boas oportunidades de conseguir bons resultados profissionais", completa.

O Centro de Energias Alternativas e Renováveis da Universidade Federal da Paraíba (CEAR/UFPB), em parceria com a empresa Huawei, abre inscrições para a quarta turma de capacitação 'Artificial Intelligence (Certificação HCIA IA 3.0)'. No total, são 60 vagas ofertadas de forma gratuita, e os candidatos podem se inscrever até o dia 10 de junho.

O curso é voltado para estudantes e profissionais das áreas de tecnologia da informação e engenharias. Entre os requisitos mínimos para se inscrever, o candidato deve possuir conhecimentos intermediários em programação, ter cursado cálculo fundamental, álgebra e estatística e, se possível, possuir capacidade de leitura técnica em inglês.

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Segundo o edital da iniciativa, a formação será dividida em módulos, totalizando 40 horas, abordando os seguintes temas: visão geral da Inteligência Artificial (AI), Aprendizado de Máquina, do Deep Learning, Frameworks de Desenvolvimento para IA, Framework de Desenvolvimento de IA da Huawei - MindSpore, Plataforma de computação de IA Huawei - Atlas, Huawei Open AI Platform para dispositivos inteligentes, HUAWEI CLOUD Plataforma de aplicação de inteligência empresarial, e por fim, Experimentos de IA.

Os inscritos serão submetidos a uma prova de conhecimentos básicos no dia 11 de junho, às 19h. O resultado dos selecionados será divulgado no dia 16, e as matrículas serão realizadas no dia 18 do mesmo mês.

As aulas começam em 25 de junho, sendo ministradas por docentes dos Centros de Energias Alternativas e Renováveis (CEAR) e de Informática (CI) da UFPB. Em caso de dúvidas, os interessados podem entrar em contato pelo email hcia@cear.ufpb.br.

Um viral envolvendo a assistente virtual dos produtos Amazon, Alexa, agitou as redes sociais na última semana. Após um usuário do TikTok compartilhar vídeo onde a amiga eletrônica faz uma piada pesada envolvendo a morte do tio do rapaz, as imagens se tornaram um meme na web e fizeram fama de “grossa” e “insensível” entre os internautas. No vídeo, o dono do produto diz à caixa de som, sua Echo Dot, que o seu tio morreu e então, a assistente pergunta se uma piada ajudaria. Ao responder que sim, Alexa faz uma piada clássica de toc-toc: “Quem é?”, “Não é o seu tio”. No entanto, apesar de engraçado, a mensagem não passa de um truque.

Confira o vídeo que deu origem ao meme:

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Por trás do viral:

A piada não é uma resposta padrão da Alexa, ela foi ensinada a responder daquela forma. É possível personalizar respostas quando se trata da assistente virtual. A resposta padrão seria “sinto muito pela sua perda”.

"Esse vídeo não representa uma resposta padrão da Alexa. Clientes podem personalizar reações, criando rotinas pelo app de Alexa, ou desenvolvendo Skills, de forma que definem respostas ou ações personalizadas a partir de comandos que funcionam somente em seus próprios dispositivos e contas", declarou a Amazon em nota ao blog Tilt.

É possível criar diversas ações para a assistente virtual. Por exemplo, quando o usuário quiser se concentrar, ele pode programá-la para acionar uma playlist de ritmo lo-fi. Ao dizer “boa noite”, o usuário pode programar a assistente para apagar as luzes, através dos dispositivos inteligentes, pois a Alexa entenderá que é hora de dormir.

No caso do vídeo que viralizou, o rapaz criou uma rotina bem específica, em que a frase "Alexa, meu tio morreu hoje" disparava três falas em sequência. Ou seja, foi apenas uma simulação de conversa — não importa o que fosse respondido sobre ouvir uma piada, a assistente iria contá-la de qualquer forma.

Personalizando as rotinas com a Alexa através do app (smartphones iOS e Android)

1. Abra o app e toque em "Mais", no canto inferior direito e selecione "Rotinas";

2. Toque em "+", no canto superior direito;

3. Nomeie sua rotina;

4. Em "Quando isto acontecer", escolha qual interação vai disparar a rotina;

5. No caso de uma fala sua, vá em "Voz" e escreva o que vai dizer;

6. Toque em "Adicionar ação" e defina como a Alexa deve reagir: pode ser uma mensagem, uma das frases prontas dela, a reprodução de uma música e muito mais;

7. Para que ela diga algo totalmente personalizado, é preciso escolher "Mensagens" e "Enviar aviso";

8. Escreva o que ela deve falar, toque em avançar e escolha em quais dispositivos (caso tenha mais de um Echo), então avance novamente para confirmar;

9. Para fazer como no vídeo, com uma pausa entre frases, é preciso criar mais de uma mensagem;

10. Ao completar, toque em "Salvar", no canto superior direito, para que a rotina fique disponível. Ela pode ser desativada ou excluída a qualquer momento.

O Vaticano instituiu um órgão interno que terá como foco o estudo do uso da inteligência artificial, após um pedido do presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Vincenzo Paglia.

    Segundo apurou a ANSA, o papa Francisco aceitou a sugestão do religioso e um documento sobre a criação foi firmado em 16 de abril pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. A Fundação para Inteligência Artificial ficará sob o controle da Academia liderada por Paglia e já teve seu estatuto interno aprovado.

    Após a revelação da notícia, o religioso conversou com a ANSA e informou que a ideia de criar o órgão veio após a carta firmada em fevereiro de 2020, chamada de "Rome Call for AI Ethics", que visa ter uma "aproximação ética" sobre o uso da tecnologia.

    O texto foi assinado à época pelo presidente da Microsoft, Brad Smith, pelo vice-presidente da IBM, John Kelly III, pelo diretor-geral da agência da ONU para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, e pela representante do governo italiano, a então ministra para Inovação e Tecnologia, Paola Pisano.

    "A sua função será difundir essa carta por todo o mundo porque acreditamos que, perante à invasão dessa dimensão na vida de todos, seja importante reafirmar as perspectivas éticas, educativas e também jurídicas para a inteligência artificial. No momento da elaboração e da assinatura da 'Call', criamos o termo 'algorEtica' porque também os algoritmos têm necessidade de uma dimensão moral", pontuou Paglia.

    Segundo o presidente da Pontifícia Academia para a Vida, há atualmente diversas questões sobre o uso indiscriminado dessa tecnologia, como no caso do "reconhecimento facial" usado por governos em vias e transportes públicos e que podem "bloquear a vida de qualquer um".

    "Precisamos evitar uma ditadura dessas novas tecnologias e que quem possui o 'big data' faça o que bem quiser. E não queremos que o desenvolvimento tecnológico saia da perspectiva humana", acrescentou ainda o religioso.

    Paglia afirmou que está sendo negociado um novo evento sobre o assunto, que provavelmente será realizado em outubro em Dubai, e que o documento não é de ninguém em particular "mas sim de todos que o assinam".

Da Ansa

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Ofertado pelo Centro de Energias Alternativas e Renováveis (CEAR) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em parceria com a empresa Huawei, o curso Artificial Intelligence (Certificação HCIA IA 3.0) está com inscrições abertas para a terceira turma. As candidaturas para o processo seletivo, que oferta 60 vagas, podem ser feitas até o dia 20 de abril apenas pela internet. Gratuita, a capacitação - que terá quatro semanas de duração, com carga horária de 40 horas - é destinada a estudantes e profissionais das áreas de tecnologia da informação e engenharias e é aberta ao público.

De acordo com o site da UFPB, segundo o diretor do CEAR, professor Euler Macêdo, o intuito da parceria com a empresa chinesa que atua no segmento de Inteligência Artificial (IA) é qualificar 200 participantes por meio de quatro turmas. As duas primeiras turmas foram apenas para a comunidade acadêmica da UFPB, já a terceira e a quarta serão abertas ao público em geral.

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Ter conhecimento básico em programação (python) e noções básicas de matemática e estatística são alguns dos requisitos exigidos para o candidato que deseja concorrer a uma vaga na formação. Previstas para começarem no dia 7 de maio, as aulas serão ministradas por professores do CEAR e do Centro de Informática (CI) da UFPB. O curso será totalmente on-line, com aulas síncronas e assíncronas.

Informações acerca de como participar da seleção estão disponíveis no Edital da Turma 3, que foi divulgado na página da capacitação. Quem tiver dúvidas pode entrar em contato por meio do e-mail hcia@cear.ufpb.br.

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Na última segunda-feira (5), a empresa Over the Brigde publicou uma música "inédita" da banda Nirvana. Mas os músicos não gravaram nada. É que na verdade, a desenvolvedora usou um software de inteligencia artificial e, com base em 24 músicas do conjunto, usou algoritmos para compor uma nova canção. A faixa ganhou o título de "Drowned in the Sun" e é uma homemagem ao vocalista do grupo, Kurt Cobain, que morreu em 5 de abril de 1994, aos 27 anos.

A nova música tem melodia feita com acordes de guitarra e baixo, que a banda costumava usar. Músicas como "Smells Like Teen Spirit" e "Come As You Are" podem ser identificadas no decorrer da canção. A faixa tem a participação de Eric Hogan, vocalista da banda tributo ao Nirvana. Veja o resultado:

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A empresa envolvida com a inteligência artificial incluiu a canção no projeto Lost Tapes Of The 27 Club, que conta com outras melodias criadas em homenagem a artistas que morreram aos 27 anos. Além da homenagem a Cobain, a iniciativa tem três outras músicas criadas a partir do software.

Entre os homenageados do Lost Tapes Of The 27 Club está Amy Winehouse (1983-2011), com a música "Man, I Know", Jim Morrison (1943-1971), com "The Roads Are Alive", e Jimi Hendrix (1942-1970), que ganhou a canção "You’re Gonna Kill Me".

Marcada para ser realizada nos dias 20 e 21 de abril de forma on-line, a World Summit AI – Americas, evento global de inteligência artificial aplicada ao ambiente de negócios, selecionará 15 startups brasileiras. Os interessados devem se inscrever gratuitamente, até o dia 12 de março.

De forma totalmente on-line e utilizando uma plataforma que promete contato com milhares de pessoas envolvidas com inteligência artificial, a programação ainda conta com reuniões técnicas, sessões de matchmaking, entrevistas exclusivas, estudos de casos, rodadas de conversas com curadores, encontros focados em nichos e palestras com especialistas internacionais em tecnologia e inovação.

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Voltado para empreendedores, cientistas, startups e investidores, o evento traz palestrantes líderes de grandes empresas como Facebook, Microsoft, Rappi, Mastercard, entre outras. “Teremos 15 empresas dentro World Summit AI – Americas expandindo suas potencialidades em fazer negócios com o mundo. Essas startups vão receber capacitação sobre como fazer negócios no Canadá, terão mentorias individuais e pelo menos dez reuniões de negócios. É uma oportunidade única de internacionalizar o seu negócio”, diz Cristina Mieko, analista de inovação da Sebrae, uma das organizadoras do evento.

A Amazon confirmou na quinta-feira (4) seus planos de instalar câmeras dotadas de inteligência artificial (IA) em seus veículos de entrega, o que descreveu como parte de uma iniciativa para garantir a segurança dos motoristas.

As câmeras são projetadas para monitorar a estrada e o motorista e identificar possíveis causas de preocupação ou, pelo contrário, boas práticas, de acordo com um vídeo tutorial.

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"Estamos investindo em segurança em todas as nossas operações e recentemente começamos a implementar a tecnologia de segurança baseada em câmera líder da indústria em toda a nossa frota de entrega", disse o gigante do comércio eletrônico em resposta a uma consulta da AFP.

"Esta tecnologia fornecerá aos motoristas alertas em tempo real para ajudá-los a se manter seguros na estrada".

A notícia de que a Amazon monitoraria os veículos de entrega com câmeras inteligentes levantou preocupações sobre a privacidade e a possibilidade de vigilância muito dura e injusta por parte da empresa.

"Isso representa a maior expansão da vigilância corporativa na história da humanidade", disse o editor-adjunto da Fight for the Future, Evan Green, em um comunicado divulgado pelo grupo de direitos digitais.

“Estamos exigindo que a Amazon interrompa imediatamente a implantação desse programa inseguro e pedimos ao Congresso que lance uma investigação completa sobre o império de vigilância da Amazon”, acrescentou.

A empresa sediada em Seattle já enfrentou críticas em relação às condições de trabalho em sua vasta rede de logística, que inclui o uso para entregas terceirizadas.

Um aplicativo brasileiro promete facilitar a vida de músicos e produtores musicais. Chamado de Moises, o app usa Inteligência Artificial para separar as trilhas de instrumentos e vocais de um arquivo de áudio, além de masterizar faixas de música, gerando trilhas com qualidade de estúdio. Lançado em 175 países a ferramenta já é utilizada por mais de 1 milhão de usuários.

De acordo com seus desenvolvedores, Moises começou como um site para criar samples ou karaokês com poucos cliques, mas expandiu suas possibilidades ao virar aplicativo. Usado por nomes como Kassin, que já produziu discos de artistas como Los Hermanos, Adriana Calcanhoto e Gal Costa, o aplicativo também é uma forma de aproximar um público que não tem tanta intimidade com a edição profissional de som. 

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“Com o recurso de alterar os BPM, o usuário escolhe se quer deixar uma música mais lenta para, por exemplo, ouvir atentamente todas as notas tocadas num solo de bateria.Outra função que auxilia nos estudos musicais é a decupagem automática de acordes. Ou seja, agora não há cifra que não exista. Entre os outros destaques do aplicativo estão a alteração dos semitons e ativação do metrônomo”, explica o desenvolvedor Geraldo Ramos.

Disponível para Android e iOS, o app é gratuito, mas possui funcionalidades páginas dentro da ferramenta. 

A Samsung conseguiu trazer ainda mais dispositivos conectados em seu painel na Consumer Electronics Show (CES) 2021. Em transmissão ao vivo, que aconteceu nesta segunda-feira (21), a sul-coreana mostrou o que todo entusiasta da tecnologia gostaria de viver no dia a dia, dispositivos que usam Inteligência Artificial (IA) para cuidar do lar. Aspirador, robô assistente e até mesmo a máquina de lavar da companhia carregam um forte conceito de aprendizagem para se adaptar às necessidades do usuário que tenha condições financeiras de adquiri-los. 

Não há como negar que automatizar a limpeza doméstica não seja um sonho. Para quem desconfiava dos robôs aspiradores, a Samsung trouxe o JetBot 90 AI +, que usa um processador IA para combinar reconhecer objetos durante a limpeza, semelhante ao usado em carros autônomos. Um sensor 3D reconhece a diferença entre objetos, detecta pequenos itens no chão e consegue mapear a sua casa para manobrar em torno dela. 

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O descarte dos resíduos é feito na Clean Station, sistema de descarte exclusivo da Samsung, em uma bolsa que só precisa ser substituída a cada dois ou três meses, dependendo da bagunça na sua casa. Por fim, o aplicativo SmartThings da companhia ainda permite que o robozinho da limpeza seja controlado, além de dar acesso a uma câmera instalada no dispositivo. 

Até a lava e seca Smart Dial é capaz de aprender com sua rotina. Ela é capaz de recomendar ciclos específicos com base na aprendizagem de ciclos anteriores quando executados em dias específicos da semana ou em horários rotineiros.

Os robôs assistentes da Samsung

Além dos eletrodomésticos, a empresa também apresentou dois robôs assistentes. O Samsung Bot Care 5, que usa IA para atuar como um assistente e, de acordo com sugestão de uso da companhia, companheiro robótico. Ele basicamente aprende sua rotina e usa lembretes para deixar o dia a dia mais funcional, além de avisar se você fica muito tempo em frente ao computador. Ele tem uma tela no topo da "cabeça" para que você possa fazer videochamadas, além de controlar outros dispositivos inteligentes que integrem sua casa. 

O segundo robô é o Bot Handy 6. Com um braço mecânico em forma de garra o dispositivo consegue pegar objetos de vários tamanhos, formas e pesos. Enquanto o Care é sua assistente, o Handy é uma espécie de governanta tecnológica. Ele possui recursos que balanceiam a força usada na hora de agarrar objetos e tem o objetivo de limpar quartos bagunçados e até mesmo separar os pratos sujos da pia, literalmente, dando uma "mãozinha" nas atividades domésticas.

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) impediu as crianças de irem aos shoppings para pedir presentes ao Papai Noel. Por conta disso, a empresa de tecnologia Storyfile desenvolveu uma inteligência artificial que possibilita a conversa entre os jovens e o bom velhinho de barba branca.

Trata-se de um site interativo, que simula a conversa com o personagem natalino por meio de videoconferência. Em entrevista à Reuters, a executiva-chefe da Storyfile, Heather Smith, explicou que existem mais de 180 perguntas incluídas na base de dados, o que permite às crianças várias possibilidades de conversa com o Papai Noel virtual.

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Heather comentou que entre as várias perguntas que o Papai Noel já respondeu, algumas são referentes ao coronavírus e sobre as chances de o velhinho contrair a doença. De maneira bem-humorada, o programa responde aos jovens que, assim como todos, ele também está usando luvas, lava as mãos, usa máscara e segue as recomendações de distanciamento social.

O site asksanta.com, onde é possível interagir com o bom velhinho, ficará disponível até a véspera do Réveillon.

Foi lançada oficialmente nesta terça-feira (15), através de um evento virtual, a rede europeia para pesquisas em inteligência artificial. Chamada de Ellis, um acrônimo para European Laboratory for Learning and Intelligent Systems (Laboratório Europeu de Aprendizagem e Sistemas Inteligentes, em tradução livre), a iniciativa conta com 30 laboratórios espalhados por 14 países.

A Itália participa da ação com três unidades de pesquisas: uma formada pelo Instituto Italiano de Tecnologia e a Universidade de Gênova, com o laboratório do Politécnico de Turim e o terceiro é o da Universidade de Modena.

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"Hoje, celebramos o início da parceria Ellis, nascida há dois anos. Unindo as forças, todos darão a sua contribuição até que a Europa possa competir no campo da inteligência artificial, sobretudo com a China e com os EUA", destacou o cofundador da rede e diretor do Instituto Max Planck da Alemanha, Bernhard Scholkopf.

Para o alemão, a Ellis permitirá que sejam criadas "novas oportunidades de colaboração entre os cientistas de toda a Europa" e também vai "fundamentar o desenvolvimento de uma inteligência artificial em linha com valores das sociedades abertas europeias".

A nova rede já colocou à disposição um financiamento comum de cerca de 300 milhões de euros para um período de cinco anos. As atividades de pesquisas vão desde o desenvolvimento das máquinas à programação dos equipamentos e a criação de uma linguagem natural da robótica.

Da Ansa

A relevância da inteligência artificial (IA) e os riscos da sua adoção vêm ensejando movimentos por governos para implantar ações ou regular essa tecnologia. Nos últimos anos, diversos países lançaram estratégias, políticas nacionais ou legislações que atingem de forma geral ou parcial tais soluções técnicas. No Brasil, o governo colocou em consulta pública uma proposta de estratégia, que após receber contribuições deverá ser publicada em breve.

Parte dos países possui políticas mais amplas que incluem IA, em geral, focadas em indústria 4.0. É o caso da Iniciativa Digital da Dinamarca, do Programa Holandês para Empresas Inteligentes e da Plataforma Indústria 4.0 da Áustria. Contudo, com o crescimento da IA e a aposta nesses equipamentos em áreas diversas, da economia à política, os Estados passaram a debater políticas específicas sobre o tema.

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Um dos pioneiros foi a China. O governo do país lançou em 2017 o “Plano de Desenvolvimento da Inteligência Artificial da Próxima Geração”. A meta era que o país se equiparasse ao líder global na área, os Estados Unidos, em 2020 e chegasse em 2030 dominando o campo. Um órgão foi criado para coordenar a implementação (Escritório de Promoção do Plano de IA) e um comitê de aconselhamento. A integração com o setor privado conta com uma “Aliança para o Desenvolvimento da IA”.

O plano indica a necessidade de elaborar uma “nova geração de teoria básica sobre a IA no mundo”, além de construir uma tecnologia de IA de forma cooperativa, elevando a capacidade técnica do país em relação ao restante do mundo, envolvendo soluções em realidade virtual, microprocessadores, processamento em linguagem natural. Uma plataforma integrada foi elencada como base para dar apoio a aplicações e soluções a serem desenvolvidas por atores públicos e privados no país. Entre as metas está a aceleração da formação de talentos em ocupações de ponta na construção de sistemas de IA e o fomento a bens e serviços como hardware inteligentes (a exemplo de robôs), carros autônomos, realidade virtual e aumentada e componentes da Internet das Coisas.

Europa e EUA

Em 2018, a Comissão Europeia lançou sua estratégia e um plano coordenado para o tema, visando orientar a construção de políticas nacionais dos estados-membros e fortalecer seu esforço de consolidar um mercado digital único. Sua abordagem foi afirmada como “centrada nos humanos”. A estratégia é focada em quatro frentes: ampliar os investimentos na área, preparação para impactos socioeconômicos, desenvolvimento de um arcabouço ético e de um modelo regulatório adequado.

O plano assume que o bloco precisa ampliar investimentos para não perder a corrida global pelo domínio da tecnologia, instituindo uma meta de aportes de empresas e instituições públicas na casa dos US$ 20 bilhões por ano. Entre os focos estão repasses para startups inovadoras e tecnologias de ponta. Para incentivar o desenvolvimento, a Europa atua para robustecer e integrar centros de pesquisa com estudos sobre o assunto, bem como promove projetos-piloto para testar as soluções propostas, no âmbito da criação de “hubs” de inovação digital no bloco.

As iniciativas de preparação envolvem a mitigação dos riscos trazidos por essas tecnologias. É o caso das mudanças no trabalho e das habilidades necessárias para as atividades produtivas. Uma das medidas será a ampliação de mestrados e doutorados em IA. Outro eixo é a construção da confiança por meio de um ambiente seguro de fluxo de dados.

Em 2018, entrou em vigor o Regulamento Geral de Proteção de Dados do bloco, considerado modelo de legislação protetiva. Contudo, o fato dos dados serem matéria-prima da IA demanda o uso de muitos registros, criando desafio de facilitar o fluxo de informações sem descuidar do respeito aos direitos dos titulares. Para além dos dados, são necessários computadores para operar o processamento. A Europa possui uma iniciativa de computação de alta performance visando avançar na sofisticação de sua estrutura informatizada com redução do consumo de energia. No plano regulatório, o intuito é construir modelos “flexíveis o suficiente para promover inovação enquanto garantam altos níveis de proteção e segurança”.

Já os Estados Unidos divulgaram sua estratégia nacional “IA para o Povo Americano” baseada em cinco pilares:

» Promover pesquisa e desenvolvimento sustentáveis no tema;

» Liberar recursos para o campo;

» Remover barreiras para a inovação em IA;

» Empoderar os trabalhadores americanos com educação focada em IA e oportunidades de treinamento, e;

» Promover um ambiente internacional que dê suporte da inovação e uso responsável da IA pelos EUA.

O plano estabelece ações para fomento da tecnologia na indústria, focando em alguns setores: transporte, saúde, manufatura, finanças, agricultura, previsão do tempo, segurança e defesa nacionais. Entre iniciativas estão a facilitação dos procedimentos para a operação de carros autônomos em estradas do país, aceleração de autorização de equipamentos de IA no sistema de saúde e atuação específica do escritório de patentes para viabilizar novos registros de soluções em IA.

Brasil

No Brasil, há legislações que tratam de temas relacionados à IA, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O governo lançou uma consulta pública no fim de 2019 sinalizando diretrizes e apresentando indagações aos participantes sobre os caminhos que uma estratégia nacional deveria seguir. Segundo o texto da consulta, a estratégia deve ter por objetivo “potencializar o desenvolvimento e a utilização da tecnologia para promover o avanço científico e solucionar problemas concretos do país, identificando áreas prioritárias nas quais há maior potencial de obtenção de benefícios”.

A sondagem busca colher subsídios sobre determinados temas que são comuns às políticas nacionais, como incentivo à pesquisa e desenvolvimento e iniciativas para a requalificação da força de trabalho. 

Um dos desafios colocados pela consulta é a identificação dos segmentos econômicos com potencial de gerar ganhos econômicos ao país e obter protagonismo na concorrência global. “Essas áreas possibilitam dar visibilidade para o país em termos internacionais, gerar empregos com maiores salários, atrair grandes empresas da área de TI[tecnologia da informação], gerar produtos e aplicações da IA para as diversas necessidades dos setores público e privado e, também, preparar o país para a necessidade de requalificação que a tecnologia vem impondo em nível global”, pontua o texto.

Na segurança pública, área objeto de intensas polêmicas no campo, a consulta reconhece os questionamentos internacionais no tocante a aplicações como reconhecimento facial e técnicas como policiamento preditivo, evitando adotar uma posição e questionando os participantes acerca das melhores respostas.

O texto indica a necessidade de instituir um ecossistema de governança de IA tanto no setor público quanto no privado para observar critérios como a explicabilidade, o combate aos vieses e a inclusão de parâmetros de privacidade, segurança e direitos humanos no desenvolvimento dos sistemas. Tomando o debate internacional sobre valores, princípios éticos e abordagens de direitos humanos aplicadas à IA, a consulta indaga os participantes sobre quais mecanismos são os mais adequados à concretização desses princípios e ao estabelecimento de salvaguardas, questionando se seria o caso de uma lei geral para o assunto.

Para pesquisadores, empresários e ativistas consultados pela Agência Brasil, o tema é complexo e enseja distintos mecanismos de políticas públicas e regulação para promover soluções adequadas e evitar consequências prejudiciais a indivíduos e grupos sociais.

O cientista de dados da startup Semantix, que comercializa aplicações de IA, defende que as políticas públicas limitem-se ao apoio às empresas atuando na área. “É importante fazer alinhamento com o estímulo à inovação, dar estímulo para startup que adota IA. Assegurar que essas empresas tenham incentivo fiscal ou incentivo a fundo perdido. Hoje estamos distantes do que ocorre nos outros países. Precisamos diminuir essa diferença para atingir inovação”, recomenda.

Um dos aspectos é o da garantia da concorrência neste mercado. Na avaliação do coordenador da Associação de Pesquisa Data Privacy Brasil, Rafael Zanatta, um eixo importante da regulação é o tratamento dos dados como ativo econômico. Uma vez que grandes conglomerados se utilizam de grandes bases de dados como vantagens competitivas (como redes sociais e mecanismos de busca), em outros países vem crescendo a discussão sobre o tratamento dos dados como uma infraestrutura pública.

“Organizações internacionais como OCDE, FMI e Banco Mundial têm relatórios dizendo que um dos maiores problemas é a alta concentração econômica, com grupos entrincheirados com grandes bases de dados. Uma das modalidades é aplicar regulações que delimitem conjuntos de dados obrigatoriamente compartilhados. Descentralizar o acesso, mas protegendo dados pessoais”, argumenta Zanatta.

O pesquisador da Fundação Konrad Adenauer e autor de livros sobre o tema Eduardo Magrani acredita que em breve será preciso dar resposta à emergência das máquinas inteligentes como agentes. “Quais as características que nos fazem humanos e em que ponto as máquinas vão ser merecedoras destes direitos? Minha opinião é que no estágio atual a gente ainda não precisa atribuir uma personalidade eletrônica. Mas precisamos preparar terreno porque a IA pode dobrar a cada 18, 24 meses. A medida que for ganhando autonomia a gente vai precisar atribuir alguns direitos e eventualmente até uma personalidade eletrônica”, sugere.

Legislação

Para além da Estratégia Nacional, projetos de lei já foram apresentados no Congresso Nacional visando regular o campo. O PL 5051 de 2019, do senador Styvenson Valentim (PODEMOS/RN) estabelece princípios ao uso da IA no país, como respeito à dignidade humana e aos direitos humanos, transparência e auditoria dos sistemas, garantia da privacidade e supervisão humana. Além disso, responsabiliza os criadores ou proprietários dos sistemas por danos causados por eles.

O PL 2120 de 2020, do deputado Eduardo Bismack (PDT/CE) também estabelece fundamentos e princípios, como desenvolvimento tecnológico, proteção de dados, livre concorrência, respeito aos direitos humanos, não discriminação, explicabilidade, centralidade do ser humano, segurança, transparência e fiscalização do cumprimento das normas legais. As partes afetadas por um sistema passam a ter direitos, como informações claras sobre os critérios adotados e sobre uso de dados sensíveis. Para o deputado, diante do cenário da relevância da IA e de seu potencial, “torna-se apropriada a edição de legislação sobre a matéria, tornando obrigatórios os princípios consagrados no âmbito internacional e disciplinando direitos e deveres”.

Na avaliação do coordenador do Centro de Pesquisa em IA da Universidade de São Paulo e professor da Escola Politécnica da instituição, Fábio Gozman, medidas devem ser específicas em relação aos potenciais prejuízos sob risco de prejudicar a inovação no campo. “É preciso identificar problemas e atuar sobre eles. Seria importante definir claramente o que é uma violação de privacidade, um deepfake [vídeo alterado artificialmente para parecer real]. Isso não significa só proibir coisas, o que pode dificultar ter bônus na sua economia”, observa.

O diretor de relações governamentais da IBM no Brasil, Andriei Gutierrez, vai em sentido semelhante. “Hoje o país não está maduro para você avançar em qualquer regulação geral. Com uma lei geral corre risco de afetar aplicações das quais nossa sociedade depende. Se obrigar revisão de decisões automatizadas por humano, o risco é você ter sérias consequências". Já para a analista de políticas para América Latina da organização internacional Eletronic Frontier Foundation Veridina Alimonti, a ausência de mecanismos que assegurem a revisão humana pode tornar esse recurso figurativo.

Para o professor da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília Sivaldo Pereira, a regulação do tema passa por um amplo debate sobre temas como regras sobre o poder de tomada de decisão das máquinas; níveis de autonomia; mecanismos de controle dos sistemas que podem subverter os seus autores; limites no uso de IA para algumas questões sensíveis, passando ainda por diretrizes sobre a criação de códigos (como necessidade de diversidade étnica, cultural, de classe etc. tanto nas equipes que escrevem códigos quanto no público por meio do qual o algoritmo é treinado, pois isso reflete diretamente nas características do produto final). “É preciso criar uma política regulatória centrada no elemento humano e não apenas deficiência técnica do sistema”, defende o docente.

Com o crescimento da importância e visibilidade da inteligência artificial (IA) estão aumentando também as preocupações com as consequências negativas da utilização dessas tecnologias. Diante dos riscos e efeitos prejudiciais, governos, pesquisadores, associações civis e até mesmo empresas vêm discutindo os cuidados e medidas necessários para mitigar esses resultados prejudiciais.

O arco de riscos e perigos é diverso. Para além do tema mais notório do futuro do trabalho, possíveis complicações vão da discriminação de determinados segmentos até a própria mudança da noção de humanidade e da prevalência desta sobre as máquinas, passando por ameaças à privacidade e danos na organização de mercados e abusos no emprego de armas.

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A inteligência artificial envolve processamento complexo que demanda uma grande quantidade de dados para sua eficácia. Por isso, o funcionamento adequado destes sistemas, e eventuais ganhos advindos, pressiona por uma coleta crescente de informações. Tais soluções podem amplificar a já forte preocupação com a proteção de dados pessoais.

Em agosto do ano passado, foi tornado público que o Google trabalhava em um projeto (Project Nightingale) pelo qual coletava dados de milhões de pacientes dos Estados Unidos por meio de acordos com empresas sem que essas pessoas soubessem. O Google é uma das empresas de ponta nesse campo, utilizando inteligência artificial em diversos produtos, do mecanismo de busca ao tradutor, entre outros.

O Facebook, outro conglomerado importante no emprego de aplicações com inteligência artificial, também vem historicamente aprofundando formas de coleta de informações de usuários. Em depoimento ao Congresso dos Estados Unidos em abril de 2018, o diretor-executivo, Mark Zuckerberg, admitiu que a empresa coleta dados inclusive de quem não é seu usuário.

Pesquisa do Pew Research Center divulgada em 2019 com cidadãos norte-americanos apontou que cerca de 80% dos ouvidos estavam preocupados com sua privacidade e sentiam-se sem controle de suas informações pessoais frente a empresas e aos governos. Já outro estudo, da Unysis, colocou o Brasil como sexto país em que os cidadãos estão mais receosos em relação ao acesso às suas informações online.

Essas preocupações vêm ensejando a aprovação de leis em diversos países, como o regulamento geral da União Europeia, cuja vigência iniciou em 2018, e a Lei Geral de Proteção de Dados ( lei brasileira Nº 13.709), que entrará em vigor em agosto deste ano. Mais de 100 países já possuem legislações deste tipo, um mapa global pode ser visto no levantamento da consultoria DLA Piper.

Discriminação

Uma vez que os sistemas de inteligência artificial vem ganhando espaço em análises e decisões diversas, essas opções passam a afetar diretamente as vidas das pessoas, inclusive discriminando determinados grupos em processos diversos, como em contratações de empregados, concessão de empréstimos, acesso a direitos e benefícios e policiamento. Uma das aplicações mais polêmicas são os mecanismos de reconhecimento facial, que podem determinar se uma pessoa pode receber um auxílio, fazer check in ou até mesmo ir para a cadeia.

Na China, uma ferramenta chamada SenseVideo passou a ser vendida no ano passado com funcionalidades de reconhecimento de faces e de objetos. Mas a iniciativa mais polêmica tem sido o uso de câmeras para monitorar atos e movimentações de cidadãos com o intuito de estabelecer notas sociais para cada pessoa, que podem ser usadas para finalidades diversas, inclusive diferenciar acesso a serviços ou até mesmo gerar sanções.

No Brasil, soluções deste tipo vêm sendo utilizadas tanto para empresas como o Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) como para monitoramento de segurança por câmeras, como nos estados do Ceará, Bahia e Rio de Janeiro. Neste último, no segundo dia de funcionamento, uma mulher foi presa por engano, confundida com uma fugitiva.

Em fevereiro de 2018, dois pesquisadores do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês) e da Universidade de Stanford, Joy Buolamwini e Timnit Gebru, testaram sistemas e constataram que as margens de erro eram bastante diferentes de acordo com a cor da pele: 0,8% no caso de homens brancos e de 20% a 34% no caso de mulheres negras. Estudo do governo dos Estados Unidos, publicado no ano passado, avaliou 189 ferramentas deste tipo, descobrindo que as taxas de falsos positivos eram entre 10 e 100 vezes maior para negros e asiáticos do que para brancos.

Os questionamentos levaram estados e cidades a banir a tecnologia, inclusive São Francisco, a sede das maiores corporações de tecnologia do mundo; e Cambridge, onde fica o Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A Comissão Europeia anunciou, no início do ano, a possibilidade de banir o reconhecimento facial, tema que está em debate no bloco. No Brasil, ao contrário, há dois projetos de lei obrigando o reconhecimento facial em determinadas situações, como em presídios.

Projetos de inteligência artificial podem promover a discriminação também em políticas públicas. Na província de Saltas, na Argentina, a administração local lançou uma plataforma tecnológica de intervenção social em parceria com a Microsoft com o intuito de identificar meninas com potencial de gravidez precoce a partir da análise de dados pessoas, como nome e endereço.

“Além dos métodos estatísticos serem malfeitos, a iniciativa tem presunções sexistas, racistas e classistas sobre determinado bairro ou segmento da população. O trabalho é focado em meninas, somente, presumindo que os garotos não precisam aprender sobre direitos sexuais e reprodutivos. Temos que tomar cuidado para que segmentos já segregados não sejam mais discriminados sob uma máscara de opções neutras da tecnologia”, observa a diretora da organização Coding Rights e pesquisadora do Berkman Klein Center da Universidade de Harvard, Joana Varón, que elaborou um artigo sobre a experiência.

A analista de políticas para América Latina da organização internacional Eletronic Frontier Foundation, Veridiana Alimonti, ressalta questões a serem observadas nas decisões automatizadas. Os parâmetros dos modelos são construídos por um humano, que tem concepções e objetivos determinados. E seu emprego em larga escala traz riscos ao devido processo em decisões que afetam a vida das pessoas a partir de sistemas que muitas vezes não possuem transparência tanto no seu desenvolvimento quanto na sua aplicação.

“É preciso que haja resposta a medida em relação a esse tipo de decisão. É preciso ter dimensão do impacto que isso tem e salvaguardas de direitos que precisam ser protegidos, seja antes na escolha da ferramenta ou para ter pessoa específica que possa ter condição de revisão e que seja efetiva, e não que simplesmente se crie um processo em que essa reclamação leve a uma nova análise pelo sistema”, argumenta.

Concentração

A capacidade de influência a partir dessa gama variada de decisões é ainda maior quando um determinado agente possui poder de mercado. Na área de tecnologia, grandes conglomerados dominam seus nichos de mercado e lideram a adoção de inteligência artificial, como Microsoft, Amazon, Google, Apple e Facebook nos Estados Unidos; e Tencent e Alibaba na China.

O Google possui mais de 90% do mercado de buscas e mais de 70% do mercado de navegadores, bem como controla a maior plataforma audiovisual do mundo, o Youtube. O Facebook alcançou 2,5 bilhões de usuários e controla os três principais aplicativos do mundo: Facebook, FB Messenger e Whatsapp, além do Instagram.

Quanto mais participação de mercado e mais usuários, mais dados são coletados. E se essas informações pessoais são consideradas por entidades internacionais como a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Fórum Econômico Mundial (FEM) um ativo econômico chave, quem controla amplas bases passa a deter uma vantagem competitiva chave, podendo reforçar seu domínio e prejudicar concorrentes.

“Essa nova economia parece muito mais tendente à concentração e centralização. É muito mais difícil vencer barreiras monopolistas neste setor do que em outro. Essa monopolização dos dados significa uma monopolização da capacidade de monetizá-los e gerar novos avanços tecnológicos com base neles. A disputa pelos dados é uma disputa central e parte considerável destes serviços está fazendo pelo mundo todo”, analisa o professor de sociologia econômica da Universidade Federal do Ceará Edemilson Paraná.

Armas autônomas

Um dos riscos objeto de atenção mais forte tem sido o crescimento de armas inteligentes, como drones e tanques autônomos, descritas como a terceira revolução das guerras após a pólvora e as armas nucleares. Entre 2000 e 2017, eles subiram de 2 para mais de 50 em todo o mundo. Os países que mais desenvolvem essas máquinas são Estados Unidos, Israel, Rússia, França e China. Tais aparelhos elevam os riscos das decisões autônomas, uma vez que essas passam a envolver a decisão sobre vida e morte de indivíduos.

Em 2015, mais de mil pesquisadores da área de inteligência artificial e especialistas como o falecido físico Stephen Hawking, o co-fundador da Apple Steve Wozniak e o cérebro por trás da Tesla e da SpaceX Elon Musk assinaram uma carta aberta cobrando que as Nações Unidas banissem o uso de armas autônomas como drones. Uma campanha foi criada para essa finalidade, chamada Parem os Robôs Assassinos, advogando pela proibição da produção e do uso de armas totalmente automatizadas. Em fóruns internacionais e nas Nações Unidas, governos discutem a regulação ou o veto ao emprego dessas tecnologias, ainda sem conclusão.

Esse conjunto de riscos, contudo, vem provocando uma atenção relativa das empresas que lidam com inteligência artificial. Levantamento da McKinsey de novembro de 2019 apontou também que 40% das companhias ouvidas identificam e priorizam os riscos relacionados a essa tecnologia. Os impactos negativos que mobilizam maior atenção das empresas ouvidas foram a cibersegurança (62%), cumprimento da lei (50%), privacidade (45%), explicabilidade (39%), reposição de força de trabalho (35%), reputação organizacional (34%) e tratamento justo (26%). Na comparação entre utilizadores intensos de inteligência artificial e demais setores, a preocupação com parâmetros no uso de dados ocorre em 76% dos primeiros e 18% dos segundos. A garantia de mecanismos de explicação foi relatada por 54% dos primeiros, contra 17% do segundos.

Princípios éticos

Esse amplo conjunto de riscos e polêmicas ensejou a ampliação do debate sobre os cuidados e medidas a serem tomadas para mitigar tais ameaças e potencializar o uso de máquinas inteligentes para finalidades adequadas. Centenas de pesquisadores subscreveram um documento chamado Princípios de Asilomar, em referência ao local onde uma conferência foi realizada sobre o tema, na Califórnia em 2017.

O texto afirma princípios como segurança, responsabilidade, privacidade e benefício da sociedade. Pontua também cuidados como explicação e capacidade de auditoria em caso de decisões, falhas e desvios (inclusive no campo jurídico), respeito aos valores e direitos humanos, compartilhamento dos benefícios e ganhos econômicos promovidos por máquinas inteligentes, controle humano e não-subversão das dinâmicas humanas.

Nos últimos anos, empresas de tecnologia também apresentaram suas balizas. A Microsoft, por exemplo, lançou seus princípios: imparcialidade, confiabilidade, transparência, privacidade e segurança, inclusão e responsabilidade. O Google também anunciou valores e diretrizes para o desenvolvimento dessas tecnologias: benefício social, mitigação do reforço de vieses, segurança, transparência, incorporação de princípios de segurança no seu desenho técnico, expressar parâmetros científicos de ponta e ser disponibilizada para usos de acordo com esses princípios.

O principal relatório sobre inteligência artificial no mundo (AI Index, elaborado pela Universidade de Stanford) registrou em sua edição de 2019 que 19% das empresas ouvidas pelo levantamento relataram alguma medida para promover a explicabilidade dos seus algoritmos. Outras 13% informaram atuar para lidar com problemas como vieses e discriminação, buscando formas de amplificar a equidade e o tratamento justo de seus sistemas.

Governos e organismos internacionais também entraram na discussão. Em abril do ano passado, a Comissão Europeia divulgou diretrizes para uma inteligência artificial centrada nas pessoas. Elas reforçam a relevância da participação e o controle dos seres humanos, com objetos técnicos que promovam o papel e os direitos das pessoas, e não prejudiquem estes.

Uma orientação complementar é a garantia de que os sistemas considerem a diversidade de segmentos e representações humanas (incluindo gênero, raça e etnia, orientação sexual e classe social, entre outros) evitando atuações que gerem discriminação.

Segundo o documento, os sistemas de inteligência artificial devem ser robustos e seguros, de modo a evitar erros ou a terem condição de lidar com estes, corrigindo eventuais inconsistências.

Ao mesmo tempo, o texto destaca a necessidade de assegurar a transparência dos sistemas, bem como a garantia de sua rastreabilidade e explicabilidade, para que não haja dificuldades na compreensão de sua atuação. Essas soluções técnicas devem assegurar a privacidade e o controle dos cidadãos sobre seus dados. As informações coletadas sobre um indivíduo não podem ser utilizadas para prejudicá-lo, como em decisões automatizadas que o discriminam em relação a alguém.

Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) defende que a inteligência artificial deve beneficiar as pessoas e o planeta ao promover crescimento inclusivo, desenvolvimento sustentável e bem-estar. O desenvolvimento deve respeitar as legislações e os direitos humanos, valores democráticos e a diversidade, com salvaguardas como permitir a intervenção humana quando necessário.

A OCDE reforça a importância da transparência e da explicabilidade de modo que pessoas possam entender o funcionamento e as decisões tomadas e questioná-las se desejarem. Tais tecnologias devem ser seguras e não oferecer riscos para as pessoas; e os indivíduos, as empresas e as organizações por trás deles devem ser responsabilizados se for o caso.

Joana Varon, da Coding Rights, contudo, pondera que muitas empresas pautam uma agenda de ética e inteligência artificial de modo que tais diretrizes não atrapalhem seus negócios.

“Este debate de ética e inteligência artificial acaba levando a uma interpretação de que a simples autorregulação das empresas seria suficiente. Devemos falar é de direitos humanos e nas relações de poder existentes na sociedade”, advoga.

Uma abordagem mais forte emerge também nas discussões sobre políticas públicas e regulação do tema, objeto de outra reportagem desta série.

A Inteligência Artificial (IA) vem ganhando força como tecnologia já bastante utilizada no presente e com potencial de transformar atividades produtivas e do cotidiano no futuro próximo. Mas na corrida pelo domínio desse campo, o Brasil está atrasado em relação a outros países, tanto na área da pesquisa quanto na das aplicações práticas e do mercado envolvendo tais soluções.

A IA é considerada por especialistas e na economia não somente como um segmento com grande potencial econômico, mas também como um elemento gerador de receitas em diversos segmentos produtivos. Neste sentido, seu desenvolvimento não está relacionado apenas a um setor de tecnologia de ponta, mas a um elemento base da chamada transformação digital, que já atinge agricultura, indústria, finanças e atividades cotidianas.

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Reconhecendo essa importância, Estados Unidos e China travam uma disputa pela liderança global. Os Estados Unidos são o lar das maiores empresas de tecnologia do mundo, como Amazon, Google, Microsoft, Apple, Facebook e IBM. Mas os rivais asiáticos vêm galgando postos nos rankings com grandes conglomerados digitais. Em seu plano para o tema, a meta é igualar os americanos até este ano.

Na lista das 100 maiores empresas de 2019 da consultoria Price Waterhouse Coopers, as quatro primeiras são companhias de tecnologia estadunidenses: Microsoft, Apple, Amazon e Alphabet (Google), com o Facebook em 6º. Mas no ranking das 10 primeiras, já aparecem duas concorrentes chinesas, Alibaba e Tencent. A primeira é um megagrupo de comércio eletrônico com atuação global. Já a segunda possui algumas das maiores redes sociais do planeta, como QQ e WeChat.

Um exemplo dos ganhos com a adoção de IA é o grupo de serviços financeiros chinês Ant. Controlado pelo conglomerado Alibaba, tornou-se a maior fintech [firma que oferece serviços financeiros por meio de plataformas tecnológicas] do mundo e já atinge um bilhão de clientes em todo o planeta. A empresa utiliza IA para diferentes tipos de serviços, como concessão de empréstimos, gestão de finanças e seguros. A tecnologia é empregada, por exemplo, no exame dos riscos de crédito dos candidatos.

O Brasil não possui firmas de tecnologia no ranking, aparecendo apenas com a Petrobras na 97a posição. Entretanto, o Brasil ficou em terceiro na criação de “unicórnios”, empresas com valor de mercado acima de US$ 1 bilhão, atrás apenas de EUA e China e empatado com Alemanha. Como base de comparação, os americanos criaram 78 unicórnios em 2019, enquanto os asiáticos tiveram 22 companhias nessa condição no ano passado.

A disputa entre Estados Unidos e China se mostra em aspectos distintos. Na pesquisa, por exemplo, a China ultrapassou os Estados Unidos neste quesito em 2006 e publica mais do que os americanos e a União Europeia, conforme dados do principal relatório internacional sobre o assunto, o AI Index, elaborado pela Universidade de Stanford, nos EUA.

Por outro lado, a América do Norte foi responsável por 60% das patentes nesta área no período entre 2014 e 2018. No ranking de publicações em periódicos científicos em números absolutos, o Brasil aparece em 15ª. Quando considerado este desempenho em relação à população, o país cai para a 36ª posição. Já no ranking de patentes, o Brasil não figura no grupo dos 24 principais países analisados.

"O Brasil tem potencial imenso em termos científicos. Temos excelentes pesquisadores e ótimo público, pois nossa população em geral é muito conectada. Só que me preocupa essa fuga de cérebros que tem ocorrido, a gente vê profissionais e pesquisadores saindo do Brasil por inúmeras questões, além de fracos incentivos na área de pesquisa. Apesar o potencial, vejo Brasil perdendo fôlego nessa corrida de IA", pontua a professora do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Jonice Oliveira.

“A IA capacidade e possibilidade de impacto transversal na economia, mas isso depende de vários fatores, como capacidade de investimento das empresas, disponibilidade de profissionais, ecossistema que formação e apoio governamental e público, financiamento público e privado. Se a gente olha para essas necessidades, vemos que o Brasil está radicalmente atrás deste processo”, reforça o professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e integrante de uma rede internacional de pesquisa sobre o tema Edemilson Paraná.

Investimentos

No tocante aos investimentos, o desempenho de cada país evidencia uma distribuição bastante desigual. Segundo o IA Index, a partir de bases como Crunchbase e Capiq, do total aportado em projetos envolvendo essas soluções técnicas entre 2018 e 2019, mais de US$ 30 bilhões foram em iniciativas nos Estados Unidos.

Outros US$ 25 bilhões apoiaram empresas e instituições chinesas. Em terceiro lugar aparece o Reino Unido, com menos de US$ 5 bilhões. O ranking é dominado por nações da América do Norte, Europa e Ásia. Do grupo de 27 países, o Brasil aparece em último, com desempenho próximo do zero.

Segundo relatório da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação (Brasscom) sobre perspectivas de investimento do setor entre 2018 e 2022, dos R$ 345 bilhões previstos em tecnologia de transformação digital, apenas R$ 2,5 bi seriam direcionados para essas aplicações. “Estes números comparados parecem muito modestos”, observa Sérgio Galindo, diretor executivo da entidade.

Força de trabalho

De acordo com o AI Index, o Brasil foi o segundo país com maior crescimento na contratação de profissionais lidando com a tecnologia no período entre 2015 e 2019, atrás apenas de Cingapura. Em seguida vêm Austrália, Canadá e Índia. “Talvez a gente não tenha a formação suficiente, número de pessoas suficiente para atender à demanda”, pontua o cientista de dados da startup Semantix Alexandre Lopes.

Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação (Brasscom), o setor de tecnologia da informação deve demandar 420 mil novos empregos entre 2018 e 2022. Deste total, contudo, apenas 1,8% seriam em projetos de IA. A prioridade atual no mercado, conforme indicou a pesquisa, é a contratação de programadores de aplicativos em dispositivos móveis, como smartphones.

Experiências

Um dos segmentos com adoção mais avançada da IA é na relação com clientes. Serviços de atendimento de diversas empresas passaram a funcionar com robôs de conversa, ou chat bots, para receber as demandas, fornecer respostas e somente repassar a um atendente em casos em que os sistemas não conseguiram resolver. Diversos bancos lançaram assistentes virtuais, como o Bradesco (Bia), Itaú (AVI), Inter (Babi), Banco Central (Din). De acordo com o Bradesco, seu assistente virtual possuía em 2019 uma taxa de resolução de 95%.

Na saúde, a IA vem permitindo avanços na área de diagnóstico e na realização de procedimentos médicos. Em 2016, o Brasil tinha 30 robôs auxiliando cirurgias no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Há óculos que podem projetar uma imagem de cirurgia e com isso um médico participar de uma mesma cirurgia. Há luvas que já evitam que um médico trema por um motivo ou por outro. Tem análise de imagem já feita de forma automática. A máquina analisa com bons resultados para tratamento de câncer”, elenca a professora Rosa Vicari, da UFRGS.

Outra área em que a IA vem crescendo é no direito. Partindo da capacidade de compreensão de textos escritos, sistemas passaram a ser utilizados em análises de processos. O Supremo Tribunal Federal (STF) criou um projeto denominado Victor para exame de casos de repercussão geral, como parte de seu programa de transformação digital. Segundo a corte, verificações que levavam cerca de 45 minutos por funcionários do Tribunal passaram a ser processadas em cinco segundos pelo sistema.

“Essa ferramenta promete trazer maior eficiência na análise dos processos com economia de tempo e recursos humanos, além de ter potencial de atuação em todo o Judiciário brasileiro”, declarou o presidente do STF, Dias Toffoli, em palestra sobre o tema realizada em Brasília, em outubro de 2019.

A Petrobras contratou a Microsoft para utilizar IA nos programas de segurança no trabalho, para funcionários atuando em navios-sonda ou em plataformas. Por meio de análise de imagens, o sistema identifica se equipamentos de proteção estão tendo uso adequado. O programa também consegue por meio de imagens conferir se há algum tipo de obstrução de rotas de fuga. “São ambientes críticos e qualquer acidente que ocorrer pode causar risco. Se a gente tiver qualquer rota de fuga, por carga mal posicionada. Isso pode impactar vida de pessoas”, comenta João Thiago Poço, da Microsoft.

As companhias oferecendo soluções no mercado podem tanto ser segmentadas quanto trabalhar com aplicações diversas. No primeiro grupo está a startup Car10. A plataforma dela permite que o cliente tire foto de uma batida de carro, enviando uma estimativa de orçamento. Caso a pessoa fique interessada, pode solicitar uma proposta oficial, que será enviada em até 30 minutos, sem a necessidade de ir até o local para uma avaliação.

No segundo grupo está a Semantix, startup criada a partir do polo tecnológico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Entre os produtos comercializados está um sistema para padronizar laudos médicos, corrigindo erros, outro para organizar rotas de transporte de cargas em rodovias para otimizar o tempo e os gastos com combustível, uma plataforma para gerir a parte de análise de dados (big data) com segurança e uma solução de detecção de fraudes em vídeo.

“Quando uma pessoa vai abrir uma conta no banco, você precisa mandar um vídeo para eles mostrando seu documento. Nós automatizamos este processo, conseguindo fazer identificação se a pessoa é ela, se o áudio condiz com o texto proposto e se o vídeo é gravação de outro vídeo ou está usando uma máscara”, explica Alexandre Lopes, cientista de dados da Semantix.

Pesquisa

Desde o último ano, novos centros de pesquisa vêm sendo criados a partir do incentivo do governo federal. O maior será o da Universidade de São Paulo, em parceria com a IBM e com outras organizações, como o Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), a PUC SP e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O laboratório receberá R$ 4 milhões por ano para financiar estudos a serem desenvolvidos por mais de 120 pesquisadores.

Entre as linhas de pesquisa estão o processamento de linguagem natural em português e métodos de aprendizado de máquina. Mas também haverá investigações relacionadas à área de humanidades. “Vamos procurar fundamentos para avaliar políticas públicas”, conta o coordenador, Fábio Cozman, professor titular da Escola Politécnica da USP. Entre as pesquisas, haverá aplicações direcionadas a setores considerados prioritários em razão do contexto socioeconômico brasileiro: saúde, agronegócio e meio ambiente.

Uma plataforma que identifica lesões pulmonares por meio da inteligência artificial ajuda os médicos a diagnosticarem o novo coronavírus no Brasil, onde a pandemia já deixou mais de 2,7 milhões de contágios e 94.665 óbitos.

A ferramenta RadVid-19, em funcionamento desde abril, determina a probabilidade de contaminação da Covid-19. Combina dois algoritmos, da chinesa Huawei e da alemã Siemens, que analisam exames de raios-X e tomografias de tórax procurando anomalias nos pulmões.

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"É o aspecto mais típico da pneumonia pelo COVID. Então, o software marca essas áreas, te dá se é provável ou não ser COVID e também a porcentagem de pulmão que está doente", explica Marcio Sawamura, vice-diretor do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Sawamura analisa os círculos brancos e amarelos que identificam as lesões nas imagens de seu computador. Em caso de pacientes regulares, a ferramenta permite comparar o impacto da contaminação pulmonar com exames prévios.

O sistema, desenvolvido pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, com o apoio, entre outros, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), conta com a adesão de 43 hospitais, 60% da rede pública. Depois do registro, gratuito, os médicos podem subir suas imagens para ser analisadas pelos algoritmos.

- Falta de exames -

Sawamura esclarece que a avaliação não substitui os exames de diagnóstico, mas a ferramenta tem servido para antecipar tratamentos e cuidados no país de quase 212 milhões de habitantes, que não adotou uma estratégia maciça de exames. Em cinco meses de pandemia, realizou apenas 2,7 milhões de testes RT-PCR e 4,4 milhões sorológicos.

Arthur Lobo, radiologista do Pará (norte), tem usado assiduamente esta plataforma, que "ajudou substancialmente no diagnóstico em casos de dúvida", afirma.

"O Brasil fez menos testes do que devia e a tomografia e os raios-X acabaram sendo utilizados como ferramentas [de diagnóstico]", diz Lobo à AFP.

O especialista trabalha nas redes pública e privada de Belém, capital do Pará, estado com taxa de contágios (17.825 por milhão de habitantes) 30% superior à média nacional (12.420/milhão h).

Nas semanas mais agudas da crise, este sistema permitiu antecipar diagnósticos que demoravam a chegar.

"Muitas vezes eu fiz só pela história clínica. Um paciente chegava com sintomas, a gente fazia o exame [diagnóstico], não tinha nada. Fazia, então, estudos evolutivos [dos sintomas]. [Os raios-X e as tomografias] auxiliavam na tomada de decisões: que tipo de conduta utilizar", relata Lobo.

Claudia Leite, professora do departamento de Radiologia e Oncologia da Universidade de São Paulo (USP), explica igualmente que "muitas vezes, a gente teve paciente com alteração de imagem, sem ter o exame comprovando. Aí eram tomadas as medidas como se fosse um [caso de] Covid-19 e mais tarde descobriam que era [um caso de] Covid-19".

Até o fim de julho, o RadVid-19 analisou 10.700 exames, sem que se tenha até o momento um índice de acerto de seus diagnósticos.

Israel recorre a tecnologias futuristas para combater uma segunda onda de contaminação por coronavírus, por meio de câmeras térmicas para medir a temperatura de uma multidão ou algoritmos conectados a grandes bancos de dados para determinar as novas fontes em tempo real.

Paradoxalmente, Israel une dois universos opostos: o às vezes anárquico da rua e o hipereficiente das startups de alta tecnologia.

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Na encruzilhada desses dois mundos, as autoridades buscam identificar o "novo normal", entre uma economia desconfinada e medidas para evitar uma nova onda de contágio, explica Ran Balicer, chefe de inovação da Clalit, a maior prestadora de serviços de saúde em Israel.

Para isso, é necessário "usar a melhor tecnologia para monitorar o estado de saúde da população", coletando "dados eletrônicos em tempo real" para que as autoridades tomem decisões precisas e rápidas, disse Balicer à AFP.

No início da pandemia, suas equipes trabalharam com a start-up local "Diagnostic Robotics" e o Ministério da Saúde para estabelecer um questionário que as pessoas devem responder em seus smartphones caso apresentem sintomas da Covid-19.

O algoritmo trata esses dados e os contrasta com os de "milhões" de pessoas, explica Kira Radinsk, chefe da Diagnostic Robotics.

- "Alerta" -

"Quando o sistema identifica um número crescente de casos sintomáticos, um alerta é enviado ao vice-diretor do Ministério da Saúde, que geralmente aprova imediatamente uma série de testes em um determinado local", explica à AFP.

Isso permite, por exemplo, fechar um bairro para impedir uma "segunda onda" sem paralisar a economia como um todo.

Até o momento, Israel teve bons resultados, com menos de 20.000 pacientes e 300 mortes em um total de 9 milhões de habitantes, uma 'proporção' baixa em comparação com países da Europa e América.

Porém, com o desconfinamento, o número de infectados voltou a crescer, a tal ponto que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu pediu na terça-feira por "soluções digitais".

Um exemplo disso é a empresa Anyvision, especializada em tecnologia de reconhecimento facial, e recentemente acusada por várias ONGs de fornecer instrumentos de vigilância em massa nos Territórios Ocupados, a ponto de a Microsoft cancelar seus investimentos e, posteriormente, após uma auditoria, afirmar que as alegações eram infundadas.

Logo no início da crise da saúde, a Anyvision instalou câmeras térmicas especiais em um hospital de Tel-Aviv para informar aos responsáveis quem estava com febre na equipe.

- "Muito poderoso" -

Um sistema de reconhecimento facial também foi instalado no Hospital Sheba, o centro da luta contra a COVID, para identificar em "alguns segundos" indivíduos que entraram em contato com um membro da equipe infectado e identificar quem deveria ficar em quarentena, explica Alex Zilberman, chefe de operações desta start-up.

"Imagine um enfermeiro ou médico que deu positivo. Antes, você precisava entrar em contato com a pessoa por telefone e perguntar: 'Com quem você se encontrou nos últimos 14 dias?' Mas em um lugar como um hospital, era impossível responder".

Tudo isso não parece um pouco com "Big Brother"?

"É um sistema muito poderoso", admite Zilberman. Mas "temos salvaguardas", ele alega, como garantir que os funcionários não entrem no sistema para monitorar as idas e vindas de seus colegas.

Para aliviar os hospitais, o governo assinou um acordo com a start-up local Datos. Os pacientes baixam um aplicativo e inserem seus sinais vitais no sistema, gerando dados processados pelo algoritmo da empresa.

E o sistema envia automaticamente avisos para pacientes ou pessoas em quarentena.

O objetivo da operação é permitir que a equipe de saúde se concentre nos casos mais graves.

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