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Um acidente, na manhã desta quinta-feira (11), entre uma Hilux e um Polo causou a morte de pai e filha em um trecho da PE-126, localizado na entrada do município de Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco. De acordo com a Polícia Civil, a ocorrência foi registrada como acidente de trânsito, pela Delegacia da 85ª Circunscrição da cidade.

A menina de 4 anos, identificada como Yasmim Gabrielle Sena da Silva, morreu com a batida entre os dois veículos. Já o seu pai, identificado como Edson José, ainda chegou a ser socorrido para o Hospital da Restauração, na área central da capital pernambucana, porém, segundo a Polícia Militar, ele também não resistiu aos ferimentos.

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As investigações já foram iniciadas pela Polícia Civil e seguem até o esclarecimento do caso.

 

A prefeita de Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco, Ridete Pellegrino (PSD), relatou ter sido vítima da clonagem do aplicativo de mensagens WhatsApp. A gestora fez o comunicado nas redes sociais, na noite dessa terça-feira (17). Segundo ela, estavam pedindo dinheiro em seu nome.

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Foto - Jonnathan Neto

"Gente, boa noite, passando aqui para avisar a cada um de vocês que meu WhatsApp acabou de ser clonado. Estão pedindo dinheiro, não façam que não sou eu", alertou a prefeita para que as pessoas não façam contato pelo aplicativo de mensagens, que inclusive, os criminosos já estão pedindo transferências e pagamentos.

Um líder camponês, identificado apenas como Antônio C., foi vítima de uma ameaça de morte em sua comunidade, Barro Branco, localizada no município de Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco. A intimidação aconteceu na última sexta-feira (1º), depois que o trabalhador denunciou as diversas violações sofridas por sua comunidade ao ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. 

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que acompanha os trabalhadores rurais em situação de conflito fundiário em Pernambuco, a esposa do agricultor foi abordada por um homem armado e encapuzado na estrada que dá acesso ao sítio da família. Com a arma apontada para a cabeça da mulher, o homem teria avisado que a liderança deveria sair "disso", porque havia "muita gente grande por trás disso".

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Antônio disse que ainda que, no dia anterior, 31 de agosto, foi seguido por homens em uma moto na área urbana de Jaqueira e que, ao entrar na estrada que dá acesso ao seu sítio, foi alertado por alguns trabalhadores sobre a presença de pessoas com comportamento suspeito paradas na estrada. Segundo a CPT, a família do camponês  acionou imediatamente o Programa Estadual de Proteção a Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (PEPDDH), que já deu início aos procedimentos de proteção à vida do agricultor e família.

A ameaça acontece um dia após o encontro presencial da liderança com Silvio Almeida e com a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra. Na ocasião, ele descreveu o cenário de conflitos agrários na região da Mata Sul, causados pelo avanço da pecuária extensiva sobre terras onde vivem comunidades posseiras há mais de 70 anos.

Na mesma data, Antônio participou de uma audiência convocada pelo Ministério Público para tratar dos conflitos agrários em Jaqueira, com foco naqueles que ocorreram nas terras da Usina Frei Caneca, atualmente arrendadas para a empresa Agropecuária Mata Sul S/A. A CPT e a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape) estão acompanhando o caso.

"As organizações também acompanham a atuação das autoridades e exigem a imediata apuração do caso, a punição dos responsáveis e, sobretudo, a garantia do direito à vida de quem já sofre com consecutivas violações de direitos por lutar por justiça, terra e dignidade no campo", diz a nota oficial da CPT.

A deputada federal Maria Arraes registrou denúncia no Ministério Público de Pernambuco (Manifestação 1056182) pedindo investigação sobre os casos de intoxicação alimentar ocorridos em escolas públicas estaduais nesta sexta-feira (1°), quando dezenas de estudantes e funcionários passaram mal e foram socorridos para unidades de saúde.

“Estamos denunciando a situação da merenda nas nossas escolas desde maio e nada foi feito pelo Governo do Estado. Nas redes sociais, os alunos também relatam que a água está contaminada em várias unidades de ensino”, afirma Maria Arraes.

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A deputada alerta que a situação de desestruturação das instituições de educação estaduais atinge níveis tão alarmantes que chega, neste momento, a afetar diretamente a saúde dos estudantes e trabalhadores, colocando em risco a integridade física das pessoas.

“Não podemos mais tolerar esse descaso. A governadora Raquel Lyra não tem o direito de tratar a educação de Pernambuco com negligência. É responsabilidade do governo do Estado zelar pela qualidade da estrutura e da alimentação das suas unidades de ensino, dever este constitucionalmente imposto”, afirma Maria Arraes.

Os casos de intoxicação foram registrados na Escola Professora Maria Alves Machado, em Maranguape II, em Paulista, e na Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Miguel Pellegrino, em Jaqueira, na Zona da Mata Sul.

Em Jaqueira, segundo a prefeitura do município, 32 pessoas deram entrada no Hospital Municipal com quadros de desidratação, diarreia e vômito. Já em Paulista, os estudantes começaram a passar mal após tomarem uma canja. “Mães, pais, alunos e a sociedade em geral exigem investigação e respostas plausíveis, para que situações ainda mais graves não venham a ocorrer”, salienta Maria Arraes.

*Da assessoria 

A Prefeitura de Jaqueira, na Mata Sul, lança, nesta terça-feira (13), o a programação “Jaqueira: uma Viagem de Natal”. O tema do ano foi inspirado no transporte ferroviário que passava pela cidade. De acordo com a prefeitura, a locomotiva Maria Fumaça que vai compor o cenário natalino, ao lado da antiga Estação, será uma das principais atrações desta edição. Com isso, a organização trocou a chegada do Papai Noel de 'trenó' pelo 'trem'. A abertura da festividade começa às 18h30, na Praça Nossa Senhora Aparecida, no Centro.

Ainda na noite de abertura, o público deve conferir o acender das luzes e inauguração da decoração natalina em vários pontos da cidade. Durante o evento haverá a chegada do Papai Noel, apresentações culturais e feira colaborativa de empreendedores locais. Essas atividades irão acontecer também durante todos os sábados de dezembro.   

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“Esta iniciativa faz um resgate da memória ferroviária da nossa amada Jaqueira, em um local onde aconteceram tantos encontros e desencontros. Com esta festividade vamos promover um grande encontro das famílias, ressignificando a nossa história, com a intenção de promover um dos momentos mais especiais do ano, que é o período natalino”, contou a prefeita de Jaqueira, Ridete Pellegrino.

O trenó pela locomotiva

Inspirado nos trens dos anos 30 e 40, a prefeitura construiu um veículo diferente do original. Esta versão de madeira onde o Bom Velhinho atenderá o público vai receber os enfeites da época. Adaptado, o objeto terá o som original da máquina e emissão de fumaça. A representação da Maria Fumaça pesa aproximadamente 1 tonelada, mais de 10 metros de comprimento e quase 3 metros de largura.

SERVIÇO:

ABERTURA DA PROGRAMAÇÃO NATALINA

ONDE: Jaqueira-PE

LOCAL: Praça de Nossa Senhora Aparecida, no Centro

QUANDO: terça-feira, 13 de dezembro de 2023

HORÁRIO: às 18h30

*Da Assessoria de Imprensa

A Prefeitura Municipal de Jaqueira, no interior de Pernambuco, divulgou um chamamento público que visa o credenciamento de Agentes Civis Voluntários para o desenvolvimento de atividades no Programa Nacional de Educação e Desenvolvimento (PROED), do Governo Federal.

De acordo com o edital, os candidatos poderão disponibilizar, no máximo, 20 horas semanais para desenvolvimento de atividades civis voluntárias do programa, bem como sua participação em reuniões, cursos, oficinas simpósios, seminários, entre outras atividades pelas quais poderá receber ressarcimento/reembolso.

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As inscrições devem ser feitas presencialmente, na sede da prefeitura, entre os dias 21 de novembro e 2 de dezembro. A taxa de inscrição custa R$ 40,00, no entanto haverá possibilidade de isenção do valor.

O processo seletivo acontecerá por meio de entrevista psicossocial para as pessoas sem escolaridade ou que tenham cursado até o 5º ano do nível fundamental I, no período de 13 a 16 de dezembro. Já para os participantes que cursaram ensino médio ou entre o 6º e o 9º ano do fundamental, serão aplicadas prova escrita objetiva e redação, na data prevista de 11 de dezembro.

O prazo de validade do credenciamento será de 02 anos, contados a partir da data de sua homologação, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período. Confira mais informações no edital, a partir da página 135.

O corpo do servidor público desaparecido no sábado (2) com a enxurrada em Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco, foi encontrado na manhã desta terça-feira (5). Alex Fernando da Silva, de 20 anos, foi a 131º vítima das chuvas que acometem o estado desde o fim de maio.

O jovem conhecido como "Doideira" recebeu uma descarga elétrica de um poste quando tentava passar por uma área alagada com pelo aumento do nível do Rio Pirangi. Após o choque, ele foi arrastado pelas águas. Com a confirmação da morte do servidor, a Prefeitura emitiu nota de pesar.

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Alex era um dos dois desaparecidos no estado após as chuvas do fim de semana. Outro homem é procurado no município de Catende, também na Mata Sul, após cair de uma ponte.

 

As buscas pelo servidor do município de Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco, serão retomadas pelo Corpo de Bombeiros nesta segunda-feira (4). Ele desapareceu no sábado (2), após receber uma descarga elétrica e ser levado pela água quando tentava atravessar uma área alagada pelas chuvas.

De acordo com a Prefeitura, o desaparecido é Alex Fernando da Silva, de 20 anos. Ele teria levado o choque em um poste em uma área alagada com o aumento do nível do Rio Pirangi causado pelas fortes chuvas.

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O município decretou estado de emergência no dia do desaparecimento e abriu dois abrigos improvisados para a população na Escola Vovó Dorinha e no Ginásio Municipal. As aulas da redes municipal de ensino serão em formato remoto a partir desta segunda, ainda sem previsão para o retorno presencial.

A Defesa Civil de Jaqueira atende 24h, pelo telefone (81) 99383.5266.

A ONG Sempre Viva, lançou ação em que equipamentos eletrônicos quebrados ou sem uso será destinados para o descarte de maneira correta. O ponto de coleta será na unidade Jaqueira do colégio CBV, na Rua Doutor José Maria, 1106, no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife. A população poderá entregar seus equipamentos dentro do horário de funcionamento da escola.

O ponto de coleta está recebendo itens como CPU, notebook, nobreak, estabilizadores, monitores, fontes, HD, cabos de força, eletrodoméstico, celulares, carregadores, tablets, impressoras, leitores de CD/DVD, HD externo, placas, lâmpadas led, entre outros tipos de equipamentos. O CBV Jaqueira fica na Rua Dr. José Maria, nº 1106, Tamarineira. 

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Esse material coletado ajudará na manutenção da Sempre Viva, tendo em vista que a organização é sustentada através de doações e voluntariado. Os resíduos eletrônicos serão destinados para a Saga Consultoria, empresa certificada de coleta, separação e descarte correto de resíduos sólidos, e a renda do repasse será revertida para as ações sociais da ONG.  

Na manhã desta segunda-feira (2), centenas de agricultores bloqueiam o trecho da PE-126 na entrada de Jaqueira, Mata Sul de Pernambuco, em um ato contra a ameaça de despejo da região. Segundo os manifestantes, eles têm direito sobre as terras, mas sofrem retaliações e suas lavouras são destruídas para pressionar pela saída do local.

A organização do protesto estima que mais de 1.200 famílias vivem há gerações nos engenhos da antiga Usina Frei Caneca, mas ainda precisam lutar pelo direito às terras e pedem uma intervenção das autoridades para reafirmar a posse.

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Sem indicar quem reivindica o controle do território, as comunidades de agricultores alegam que sofrem com ameaças, violência e estão tendo os cultivos destruídos. Eles também pedem que as usinas falidas tenham as dívidas cobradas pela Justiça.

A manifestação conta com apoio da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras familiares de Pernambuco (FETAPE), da Diocese de Palmares, da Arquidiocese de Olinda e Recife, do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf) e outras entidades locais.

Camponeses registraram Boletim de Ocorrência na Delegacia de Jaqueira. (CPT/Cortesia)

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Por volta das 9h desta quinta (22), os moradores da comunidade de Barro Branco, localizada na cidade de Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco, foram surpreendidos pela invasão de 14 homens encapuzados às áreas de plantação em que trabalham, disparando tiros e ameaçando os camponeses. Os trabalhadores afirmam que o grupo é composto pela segurança privada da Agropecuária Mata Sul S/A, com a qual vivem em situação de conflito fundiário.

“Teve rifle, revólver e cachorro na frente. A gente correu, por isso não conseguiram pegar. Eles estavam atirando, ninguém sabe se era pra cima, tiro para tudo quanto é lado. Só tinha oito cidadãos plantando, as donas de casa em casa. Eles chamaram a gente de ‘veado’, ladrão’ e as mulheres de ‘arrombadas’. Disseram que iriam voltar, queimar tudo e atirar na cara da gente, para ninguém reconhecer”, relata um dos agricultores que testemunharam a ação.

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que presta auxílio à comunidade, os seguranças chegaram a apontar armas para a cabeça e para o tórax de alguns trabalhadores, que plantavam milho e feijão no entorno de suas casas. Apesar disso, ninguém ficou ferido. Após o ocorrido, os moradores da comunidade também observaram a presença de drones fotografando e vigiando os quintais de suas residências.

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Boletim de Ocorrência

Um grupo de cerca de vinte agricultores de Barro Branco registrou o caso em Boletim de Ocorrência, na Delegacia de Jaqueira. Secretaria de Defesa Social (SDS), Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos e Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos (PEPDDH) já tinham sido notificados sobre as investidas da Agropecuária Mata Sul S/A contra os trabalhadores. À CPT, foi informado que uma equipe composta por integrantes da ouvidoria da SDS e do PEPDDH realizará uma visita à comunidade na próxima sexta (23), para apurar os fatos e tomar as medidas cabíveis.

Conflito

Em 2017, a empresa Negócio Imobiliária S/A- que posteriormente mudou seu nome para Agropecuária Mata Sul S/A- tornou-se cessionária de arrendamento de parte da desativada Usina Frei Caneca. A área compreende cinco mil hectares, que correspondem a 60% de todo o município de Jaqueira. Neste perímetro, vivem cerca de 1.200 famílias camponesas, distribuídas nas comunidades rurais de Caixa D’água, Barro Branco, Laranjeira, Fervedouro, Várzea Velha, dentre outras. Esta população vive no local há pelo menos 70 anos e reivindica a regularização de suas posses junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Segundo camponeses, Guilherme Petribú já circulou pelas terras, apresentando-se como dono da empresa arrendatária. (Cortesia)

Segundo os trabalhadores, o empresário Guilherme Cavalcanti Petribú Albuquerque se intitula dono da Agropecuária Mata Sul S/A. Membro de uma tradicional família do estado, Guilherme é irmão de Marcello Maranhão (PSB), prefeito de Ribeirão, vizinha a Jaqueira. Desde a chegada da empresa na região, as comunidades que vivem nas áreas arrendadas denunciam uma série de violações, a exemplo de atropelamentos de camponeses, chuvas de agrotóxicos sobre as lavouras, vigilância constante com drones, emboscadas à mão armada, destruição de fontes d'água, ameaças e perseguições, além de esbulho de suas posses, por meio do cercamento das terras. Em agosto do ano passado, passou a circular uma lista com os nomes de dez camponeses marcados para morrer.

O LeiaJá apurou, por meio de consulta à Certidão Narrativa de Débitos Fiscais da empresa que deve R$ 62.522.544,58 à Fazenda Estadual. Já junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 6 Região (TRT6), foi possível constatar que a empresa está envolvida em 121 ações trabalhistas. Assessores jurídicos da CPT informam que existe ainda uma dívida com o governo federal, de mais de R$ 92 milhões. Assim, camponeses reivindicam a desapropriação das terras. 

A reportagem já havia levado esta demanda para o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco (Iterpe), que garantiu que a dívida da usina com o Estado está sendo cobrada pelo Governo de Pernambuco, por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE), a partir de 16 ações de execução fiscal, as quais tramitam na Justiça. O Instituto informa que os processos são físicos e que já há, inclusive, penhora de engenhos para possibilitar o pagamento da dívida.

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Neste sábado (23) e domingo (24), os parques da Jaqueira, Santana, Macaxeira e Treze de Maio receberão a campanha 'Bora se Cuidar' que leva ações educativas para orientar e conscientizar as pessoas em relação ao cumprimento das medidas e protocolos contra o novo coronavírus.

No Parque da Jaqueira a campanha acontece no sábado, das 13h às 17h, e no domingo, das 8h às 12h. Já no Santana, Macaxeira e Treze de Maio a ação está prevista para o período das 13h às 17h, tanto no sábado quanto no domingo. 

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A campanha prevê a atuação de promotores com placas educativas, arte-educadores e aplicação de adesivos com o QR code nos quiosques e cardápios dos comerciantes que atuam nos parques, além da colocação de banners nas entradas dos equipamentos e placas nos parques infantis.

Equipes de arte-educadores realizam performances lúdicas a partir de personagens e situações contextualizadas com o ambiente. Além disso, a utilização do QR code convida a população a visualizar a campanha em ambiente virtual, evitando assim a entrega de panfletos e o contato direto entre as pessoas. 

Acessando a plataforma, a população recebe informações sobre a importância do uso de máscaras, manter distância de 1,5 metro entre as pessoas e a lavagem das mãos ou a utilização do álcool em gel sempre que necessário. A campanha também prevê a sinalização educativa dos demais parques da cidade.

O agricultor Ernande Vicente da Silva foi preso na última sexta (21), no Engenho Fervedouro, na cidade de Jaqueira, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. A ação ocorre depois que o trabalhador participou da denúncia publicada pelo LeiaJá de que existe uma lista de morte com os nomes de dez agricultores residentes no engenho, incluindo o dele, que seria de autoria da Agropecuária Mata Sul S/A, rendeira das terras, com a qual a comunidade de posseiros segue em situação de conflito fundiário. Na sexta, também foi feita uma representação pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) em parceria com outras entidades, contra o delegado titular de Jaqueira, Flávio Marcel Sorolla.

Ernande está preso na delegacia de Ribeirão, cidade vizinha. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Polícia Civil. Até o fechamento da matéria, não havia qualquer boletim de ocorrência apontando o motivo da prisão de Ernande.

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Representação

Na representação contra o delegado, as organizações pedem providências relativas "às transgressões funcionais e ilícitos penais e administrativos cometidos na condução do Inquérito Policial n 02013.0085.00016/2020-1.3, representação eventualmente extensiva aos demais Delegados de Polícia e aos outros integrantes das Polícias Civis e Militar, na hipótese de as apurações indicarem terem planejado e participado, com dolo, das ilegalidades cometidas e articuladas pelo representado”, diz o texto.

No documento, é dito ainda que Sorolla teria atentado "contra os direitos constitucionais e legais dos agricultores (as); descumprido os "deveres legais dos policiais civis" e favorecido "a empresa Agropecuária Mata Sul- AMS, se omitindo de apurar as agressões e violências praticadas contra os agricultores".

Atentados

Em seu registro na Receita Federal, a Agropecuária Mata Sul S/A, declara como seus representantes Regina Celia Giovannini Lima Torres e José Syllio Diniz Araújo, ambos identificados como diretores. De acordo com a comunidade, contudo, quem costuma circular pelas terras se dizendo responsável pela empresa é Guilherme Maranhão, membro de uma família tradicional da região e irmão do prefeito de Ribeirão, Marcello Maranhão (PSB). Ernande foi um dos nove agricultores que registraram, em boletim de ocorrência, no dia 24 de abril, uma tentativa de atropelamento que teria sido praticada por Guilherme. “Eu estava com mais 15 agricultores, na beira da pista, quando ele avançou com seu carro para cima de nós. A gente pulou, tirou o corpo, e ele voltou de marcha ré e tentou de novo”, contou o trabalhador.

Prisões de camponeses vem se tornando comuns em Fervedouro. Também entrevistado pelo LeiaJá por estar jurado de morte, o camponês José Severino Elias da Silva, chegou a ser preso, sob acusação de tráfico de drogas e porte ilegal de armas. A comunidade diz que nunca teve histórico de tráfico. “Na delegacia, perguntei o porquê de estar sendo preso. Me disseram que eu vendia drogas e negociava armas no meu bar. Nunca tive bar, droga ou arma. Um pai de família preso na frente da esposa e dos netos, algemado, uma vergonha para mim”, lamentou Branco.

Por volta das 18h do dia 16 de junho, Edeilson Alexandre Fernandes da Silva, outro dos moradores de Fervedouro a constar na lista, foi atingido por sete tiros enquanto trafegava de moto em uma das pistas próximas ao engenho e só sobreviveu porque conseguiu pilotar até a comunidade, onde foi socorrido. Ele segue internado em estado grave, em um hospital da região. “Neste dito dia, estava circulando aqui no Engenho uma SW4 [carro de luxo, fabricado pela montadora Toyota] preta, de propriedade do senhor Guilherme, eu vi e pulei um muro. Ele passou por mim balançando a cabeça, como quem diz, ‘tu é o próximo’. Quando foi de tarde, Edeilson foi baleado. Pura coincidência?”, questionou Ernande.

Assista à reportagem especial

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Foi com as botas ainda sujas da terra onde vive há 45 anos, desde que nasceu, que o agricultor José Severino Elias da Silva, conhecido como Branco, cruzou pela primeira vez as portas de uma penitenciária. Em uma cela apertada, foi obrigado a explicar para 28 presos o porquê de estar em uma cadeia com suas roupas de trabalho. Virou piada. “Ficaram tudo mangando d’eu, que estava de botas. Dá vontade de tocar fogo nelas, para não me lembrar disso nunca mais. Fui muito humilhado, jogado ali como se fosse um bandido”, lamenta Branco. Morador do Engenho Fervedouro, em Jaqueira, na zona da Mata Sul de Pernambuco, o agricultor foi preso no dia 16 de junho, após chegar do trabalho e ser surpreendido pela polícia na porta de casa, tendo sido liberado apenas no dia seguinte. A aguardada paz, contudo, não veio. Há uma semana, Branco descobriu que está jurado de morte. Seu nome e o de outros nove camponeses do Fervedouro circulam em uma lista de marcados para morrer. A comunidade atribui as ameaças à empresa Agropecuária Mata Sul S/A, com quem vive em situação de conflito fundiário.

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“Na delegacia, perguntei o porquê de estar sendo preso. Me disseram que eu vendia drogas e negociava armas no meu bar. Nunca tive bar, droga ou arma. Um pai de família preso na frente da esposa e dos netos, algemado, uma vergonha para mim”, lamenta Branco. Querido em Fervedouro, onde garante não haver histórico de tráfico de drogas, e descrito pelos vizinhos como alguém de temperamento “calmo” e de fácil trato, o trabalhador garante que nunca manuseou uma arma. “Só minha foice e minha enxada, que são instrumento de trabalho. Minha rotina é essa: acordo todo dia de 5h da manhã, minha esposa faz um cafezinho, vou para o sítio e só volto para casa no final do dia”, relata.

Comunidade atribui ao conflito com a Agropecuária S/A, casos de abordagens e prisões tidas como injustas, a exemplo da de Branco. (Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

Nem Branco nem seus vizinhos sabem de onde partiu a informação de que há uma lista de camponeses marcados para morrer. Diz-se na comunidade que há até fotografias dos camponeses ameaçados. “Além de ir preso injustamente agora estou na lista do ‘homem’ para morrer, só Deus por a gente. Pretendo lutar, quem deve ir embora do engenho é ele, não nós, que somos nascidos e criados aqui. Sou um matuto com o nome sujo. Vou para onde?”, questiona.

“Ou há de ser Cavalcanti…”

"Quem viver em Pernambuco, não há de estar enganado: Que, ou há de ser Cavalcanti, ou há de ser cavalgado”, diz uma famosa quadra popular pernambucana do século XIX, período em que a Revolução Praieira questionava a concentração fundiária no estado. O nome que Branco não ousa citar é o de Guilherme Cavalcanti Petribú Albuquerque Maranhão, fazendeiro e empresário, que, segundo os camponeses, se intitula dono da empresa Agropecuária Mata Sul S/A. Membro de uma tradicional família do estado, Guilherme é irmão de Marcello Maranhão (PSB), prefeito de Ribeirão, vizinha a Jaqueira.

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Através de uma consulta do CNPJ da empresa na Receita Federal, é possível observar que não é o nome de Guilherme que figura entre os responsáveis pela instituição, mas os de Regina Celia Giovannini Lima Torres e José Syllio Diniz Araújo, ambos identificados como diretores. O LeiaJá entrou em contato com o telefone cadastrado pela sociedade junto à Receita, mas foi informada de que o número não possui vínculo com a empresa.

Chama atenção ainda o fato de que, quando arrendou as terras, a empresa possuía outro nome: Negócio Imobiliária S/A. Para além de identificação, contudo, curiosamente duas atividades completamente diferentes foram informadas. Se, a princípio, a sociedade anônima fechada alegava atuar com “compra e venda de imóveis”, com a nova denominação, foi declarada como atividade principal a “criação de bovinos para corte”.

Guilherme Maranhão fotografado na comunidade. (CPT/cortesia)

Embora seu nome não apareça no registro da Agropecuária Mata Sul S/A, Guilherme já foi flagrado algumas vezes na comunidade. Um dos camponeses incluso na lista de marcados para morrer, Ernande Vicente da Silva foi um dos nove agricultores que registraram, no dia 24 de abril, em boletim de ocorrência, uma tentativa de atropelamento que teria sido praticada por Guilherme Maranhão. “Eu estava com mais 15 agricultores, na beira da pista, quando ele avançou com seu carro para cima de nós. A gente pulou, tirou o corpo, e ele voltou de marcha ré e tentou de novo”, conta Ernande.

De acordo com agricultor, as investidas de Guilherme não teriam parado por aí. Por volta das 18h do dia 16 de junho, Edeilson Alexandre Fernandes da Silva, outro dos moradores de Fervedouro a constar na lista, foi atingido por sete tiros enquanto trafegava de moto em uma das pistas próximas ao engenho e só sobreviveu porque conseguiu pilotar até a comunidade, onde foi socorrido. Ele segue internado em estado grave, em um hospital da região. “Neste dito dia, estava circulando aqui no Engenho uma SW4 [carro de luxo, fabricado pela montadora Toyota] preta, de propriedade do senhor Guilherme, eu vi e pulei um muro. Ele passou por mim balançando a cabeça, como quem diz, ‘tu é o próximo’. Quando foi de tarde, Edeilson foi baleado. Pura coincidência?”, questiona Ernande.

Escalada da violência

Policiais armados intimidando a comunidade foram flagrados por moradores. (Reprodução/Instagram)

Em janeiro deste ano, a Agropecuária Mata Sul S/A já havia sido acusada de destruir dez mil pés de banana de um agricultor, em Barro Branco, uma comunidade vizinha ao Engenho Fervedouro. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que auxilia os posseiros, no dia 3 de abril, funcionários da Agropecuária Mata Sul S/A tentaram cercar uma das fontes de água utilizada para subsistência da população, ação que não se concretizou, diante da mobilização dos posseiros. Ainda segundo informações da CPT, no dia 09 de maio, policiais e seguranças privados contratados pela Agropecuária Mata Sul S/A intimidaram e ameaçaram as famílias da comunidade. No mesmo mês, o LeiaJá noticiou a presença de policiais fortemente armados no Engenho Fervedouro, alegando que davam cobertura a uma ação de cercamento de uma suposta área da empresa.

Segundo relatos dos camponeses, a segurança da empresa era feita por policiais militares da ativa e da reserva de Alagoas, que circulavam armados, portando algemas e ameaçando a população. Em resposta, a CPT formalizou uma denúncia, que desencadeou a abertura de um inquérito na corregedoria de polícia do estado. “A gente não confia na polícia local, queremos um delegado especial, de fora, para esse caso. O que as autoridades estão esperando? Que ocorra outra tragédia? Que alguém morra? Queremos uma atitude do governador”, cobra Ernande.

Drones, aeronaves e chuva de agrotóxicos

"A gente está sentindo cheiro de sangue", diz Ernande, camponês jurado de morte. (Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

A situação tem alterado radicalmente o modo de vida comunidade. Em Fervedouro, até o céu mudou de cor. Quando se olha para cima, agora, o tom é de preocupação. Isso porque até drones passaram a ocupar o espaço aéreo da comunidade, nos últimos meses. “Sobrevoam em cima da gente, um negócio de primeiro mundo, algumas pessoas aqui só tinha visto coisas assim na televisão. Tem gente aqui que o banheiro de casa não fica do lado de dentro, mas fora. Já pensou em você no banheiro e um drone em cima da sua cabeça? Perdemos completamente a privacidade”, argumenta Ernande.

Mesmo a chuva, antes celebrada com festa por quem vive do que a terra dá, também passou a despertar desconfiança. Uma moradora que prefere não se identificar relata que presenciou, no dia 7 de maio, o momento em que uma aeronave despejou agrotóxicos sobre lavouras dos camponeses de Fervedouro. De acordo com ela, gotas do produto, altamente tóxico, chegaram a tocar a pele de outros moradores. “Em plena pandemia da covid-19, teve gente como eu que passou uma semana com dificuldade de respirar. O cheiro era insuportável tanto para a gente quanto para pessoas de comunidades vizinhas, que dava uma forte dor de cabeça. Todo mundo sentiu”, relata.

Adriano presenciou chuva de agrotóxicos nas lavouras de Fervedouro, executava por uma aeronave. (Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

O presidente da Associação de Moradores da comunidade, Adriano Andrade, relata que, ao observar a presença da aeronave, a população correu em sua direção, na tentativa de parar a ação. “Quando o piloto percebeu a aproximação dos agricultores, fugiu. Foi muito pesado terem feito isso com a gente, tiveram pessoas que foram parar no hospital. Se a gente não tivesse impedido, eles tinham destruído toda a nossa lavoura”, destaca. Foi ele um dos trabalhadores e recolher amostras do produto. “A gente pesquisou e viu que eles lançaram pelo menos dois tipos de agrotóxicos pesados. Um compadre meu perdeu tudo, tirava o seus sustento e o da família da plantação”, completa.

O Engenho

Com área total de 527 hectares, o Engenho Fervedouro abriga cerca de 70 famílias de camponeses, as quais, segundo Adriano, perpetuam-se no local há cerca de 100 anos. “Meu pai já está nessa terra há 80 anos e eu há 42 anos. Cresci, me criei e me entendi como gente na lavoura, seguindo os passos dele. Terra boa, lugar de paz, de uns dias pra cá é que a gente não está tendo”, comenta.

Às 17h, moradores fecham portões temendo novas agressões. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Jurado de morte, Adriano conta que as tensões na área aumentaram com o arrendamento das terras à empresa Negócio Imobiliária S/A. “Nossos hábitos mudaram: dá 17h e já está todo mundo dentro de casa, com as portas fechadas. Teve gente que deixou de ir para a Igreja e evita ir na cidade, porque não temos mais segurança. A gente tem medo de sair de casa e a qualquer momento ser alvejado por qualquer um. Do jeito que o clima está, é só o que a gente espera”, pontua.

A assessora jurídica da CPT, Gabriella Rodrigues, que advoga em prol dos posseiros,  confirma que os conflitos na região já existiam desde 2013, quando as terras foram arrendadas a Luiz de Sá Monteiro, identificado pela documentação das terras como “pecuarista” e “advogado”. “Depois de três audiências com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a gente já estava chegando a um acordo. Essa nova empresa [Negócio Imobiliária S/A] chegou dizendo que conhecia a situação, mas, do outro lado, entrou na justiça dizendo que os camponeses eram integrantes do MST [Movimento dos Trabalhadores Sem Terra] e tentavam invadir o local, tentando incriminá-los. Assim, um conflito que existia pela posse da terra foi ganhando outra conotação, com atuação de milícias e violação de direitos”, lembra.

 

A reportagem teve acesso ao documento de cessão de arrendamento, de 8 de março de 2018, no qual fica registrado ainda que o prazo do contrato foi ampliado de 30 anos para 60 anos, vigorando até 31 de dezembro de 2072, podendo ser prorrogado pela cessionária "a seu exclusivo critério". “Essa cessão cria um período de graça de cerca de 20 anos, podendo ser prorrogado por mais 20 anos”, destaca a assessora jurídica. Vale ressaltar ainda que, no contrato de arrendamento do Engenho Fervedouro, fica estabelecido que "o arrendatário pagará à arrendante uma renda anual correspondente a 150 (cento e cinquenta) arrobas de boi, pelo preço vigente na praça de Caruaru". “Quando a gente foi procurar ver com a Adagro [Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco], esse valor variava entre R$ 15 mil e R$ 20 mil, para arrendar uma área de quase cinco mil campos de futebol na Zona da Mara canavieira, uma das áreas mais férteis do estado”, reforça Gabriella.

Os posseiros também denunciam que a proprietária das terras, a Usina Frei Caneca S/A, possui dívidas multimilionárias. A reportagem consultou a Certidão Narrativa de Débitos Fiscais da empresa que devia, até o fechamento desta reportagem, R$ 62.522.544,58, à Fazenda Estadual. Já junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 6 Região (TRT6), foi possível constatar que a empresa está envolvida em 121 ações trabalhistas. “Existe ainda uma dívida com o governo federal, de mais de R$ 92 milhões. Trata-se de uma usina falida desde 2003, em que nunca houve um processo falimentar, mas que continua arrendando suas terras por um valor ínfimo, como se não tivesse dívida nenhuma”, ressalta a assessora Gabriella Rodrigues.

Demanda por desapropriação

Assim, o presidente da Associação de Moradores explica que a principal pauta da comunidade é a desapropriação do Engenho Fervedouro por parte do governo de Pernambuco, a quem também caberia a iniciativa de reconhecer e regularizar um assentamento no local. “Se fizer isso, o estado vai ganhar muito, porque vai ser uma terra legalizada, onde cada posseiro vai pagar seus impostos. Da maneira que foi, com 40 anos sem pagar nada, qualquer agricultor teria condições de se tornar rendeiro, então a gente espera que o governo pegue as terras pela dívida, sem olhar o lado político. A política passa, mas a vida das pessoas fica”, apela.

A reportagem levou a demanda dos trabalhadores ao Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco (Iterpe), que garantiu que a dívida da usina com o Estado está sendo cobrada pelo Governo de Pernambuco, por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE), a partir de 16 ações de execução fiscal, as quais tramitam na Justiça. O Instituto informa que os processos são físicos e que já há, inclusive, penhora de engenhos para possibilitar o pagamento da dívida.

“Além das execuções fiscais, estão sendo realizadas diversas ações, articulações e orientações relacionadas aos conflitos agrários existentes no Município de Jaqueira, Zona da Mata Sul de Pernambuco, na perspectiva da proteção à vida, segurança, moradia, subsistência e mobilidade das famílias residentes não apenas no Engenho Fervedouro, mas também nos Engenhos Barro Branco, Várzea Velha e Caixa D’água”, coloca o posicionamento.

Segundo o Instituto, depois dessa etapa serão postos em prática os encaminhamentos necessários para “a formalização e legalização fundiária em questão”. Leia a nota na íntegra:

"A dívida da usina com o Estado está sendo cobrada pelo Governo de Pernambuco, por meio da Procuradoria Geral do Estado (PGE), em 16 ações de execução fiscal atualmente em tramitação na Justiça. Os processos são físicos e já há penhora de alguns engenhos para garantir a dívida. Além das execuções fiscais, estão sendo realizadas diversas ações, articulações e orientações relacionadas aos conflitos agrários existentes no Município de Jaqueira, Zona da Mata Sul de Pernambuco, na perspectiva da proteção à vida, segurança, moradia, subsistência e mobilidade das famílias residentes não apenas no Engenho Fervedouro, mas também nos Engenhos Barro Branco, Várzea Velha e Caixa D’água.

O Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco (Iterpe), órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Agrário, vem acompanhando todo o processo no âmbito da Comissão de Mediação e Resolução de Conflitos Agrários de Pernambuco, sendo indicado pela PGE para atuar em algumas ações como assistente para realização de perícia topográfica da área em litígio. Tão logo essa etapa seja vencida, o Iterpe adotará as medidas necessárias para formalização e legalização fundiária da área em questão.

Coordenada pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco (SJDH), a Comissão de Mediação e Resolução de Conflitos Agrários de Pernambuco é composta também por integrantes das secretarias de Defesa Social (SDS), Desenvolvimento Agrário (SDA), Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ) e Procuradoria Geral do Estado (PGE), além de seus órgãos vinculados".

Famílias agricultoras da comunidade do Engenho Fervedouro, em Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco, tentam se acostumar a conviver com o pânico. Depois da tentativa de assassinato do camponês Edeilson Alexandre Fernandes da Silva que, no dia 16 de julho, foi atingido por sete tiros, circula a informação de que existe uma lista de 10 posseiros residentes no local marcados para morrer. Os conflitos entre os posseiros do Engenho Fervedouro e a empresa Agropecuária Mata Sul S/A, arrendatária das terras da Usina Frei Caneca, vem se intensificando nos últimos meses. As informações são da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

“Quando dá 17h todo mundo fecha as portas, não temos mais aquela liberdade de andar na comunidade. Até os cultos [religiosos] não estamos fazendo mais”, comenta uma das lideranças da comunidade. Outra agricultora, define os vizinhos como “tristes e apavorados”. “A gente não sabe se outra pessoa vai ter o que Edeilson teve. Os bandidos fazem as coisas e é a gente quem tem que se esconder. Estamos apavorados e com muito medo. Não tem uma pessoa que não esteja com medo na comunidade. A gente vai esperar para morrer?”, lamenta.

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O caso do Engenho Fervedouro é tido como o maior e mais perigoso caso de conflito fundiário no estado de Pernambuco em 2020, segundo o Setor de Documentação Dom Tomás Balduíno, da CPT. No dia 20 deste mês, a comissão emitiu um ofício pedindo que a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado tomasse medidas “urgentes, eficientes e imparciais”, investigações policiais para apurar a autoria do atentado contra a vida de Edeilson, suas motivações ou eventuais relações com a luta das famílias pelo direito à terra em que vivem. A CPT pede ainda “que as investigações sejam presididas por um delegado ou delegada especial, de fora da região”.

Além disso, o Comitê Emergencial do Campo, composto por 23 organizações e entidades que lidam com populações rurais, protocolou um ofício reivindicando uma audiência em caráter de urgência com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, para tratar da situação. “Precisamos debater, nessa audiência, providências governamentais imediatas e eficazes para enfrentar, coibir e neutralizar essas violências e para assegurar alinhamento e respeito aos direitos dos trabalhadores e aos próprios deveres por parte de agentes locais integrantes do Governo e do Poder Público, além, obviamente, de encaminhar uma solução definitiva com a garantia das terras para quem nela vive, produz e exerce a sua cidadania há várias décadas”,  colocam as entidades no documento.

A assessoria de imprensa do gabinete do Governador confirmou que a reunião ocorrerá nesta terça (28). Além do governador Paulo Câmara, participarão representantes da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH/PE), os secretários de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, de Desenvolvimento Agrário, Dilson Peixoto, e o procurador-geral do Estado, Ernani Medicis. O representante da empresa Agropecuária Mata Sul S/A é o empresário Guilherme Cavalcanti de Petribú de Albuquerque Maranhão, membro de uma tradicional família ligada ao setor sucroalcooleiro, e irmão do prefeito de Ribeirão, Marcello Maranhão, filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB).

O Programa de Proteção a Defensores de Defensoras de Direitos Humanos, do Governo do Estado, chegou a elaborar um relatório psicológico sobre a situação dos camponeses do Engenho Fervedouro, com informações colhidas entre fevereiro e junho de 2020. Segundo o documento, “após as violações sofridas, os moradores dos Engenhos Fervedouro, Caixa D’Água, Várzea Velha e Barro Branco passaram a apresentar diversas alterações emocionais, tais como: estado de hipervigilância, distúrbios do sono, medo, ansiedade, depressão, entre outros. Uma criança de cinco anos que fora envolvida em um dos episódios de violação apresenta regressão do comportamento e pânico ao perceber a presença de qualquer viatura policial”.

Escalada da violência

Nos últimos meses, houve grande intensificação das denúncias de violência contra agricultores no Engenho Fervedouro, onde vivem 70 famílias de posseiros. Para a advogada da CPT, Luísa Duque, um dos complicadores para a resolução dos impasses é o fato de o juiz responsável pela inspeção das terras não ter delimitado quais áreas seriam consideradas antigas - isto é, dos posseiros - e quais seriam os terrenos em que as plantações são recentes. “A empresa tem se valido disso, dessa ausência de marcos geográficos, para avançar sobre posses antigas dos posseiros, consideradas antigas pelo próprio juiz. Então, já que não há nada marcado, a empresa vai e escolhe o que ela considera antigo ou novo”, explica.

A advogada comentou ainda que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) chegou a realizar um levantamento detalhado acerca das posses. "Esse documento foi ignorado", completa. Ela ressalta ainda que a própria caracterização das terras não foi orientada por um técnico, mas decorrente da avaliação do próprio juiz. "Ele delimitou a partir do que achou que era área de uso novo e antigo. Nesse processo, a comunidade já havia perdido muitas áreas antigas", conclui.

A empresa já tinha sido acusada, em janeiro, de destruir dez mil pés de banana de outro agricultor, em Barro Branco, uma comunidade vizinha. Segundo o CPT, no dia 3 de abril, funcionários da Agropecuária Mata Sul S/A tentaram cercar uma das fontes de água utilizada para subsistência da população, ação que não se concretizou, diante da mobilização dos posseiros. No dia 24 de abril, nove agricultores da comunidade Fervedouro denunciaram terem sido ameaçados de morte por Guilherme Maranhão.

Na data de 7 de maio, um camponês da comunidade de Fervedouro registrou Boletim de Ocorrência denunciando estar ameaçado de morte pela "elite da empresa". No mesmo dia, famílias relataram que foram surpreendidas com um helicóptero sobrevoando suas áreas e despejando agrotóxico, atingindo suas lavouras, fontes de água e também alguns camponeses, os quais apresentaram sintomas de intoxicação.

Ainda segundo informações do CPT, no dia 09 de maio, policiais e seguranças privados contratados pela Agropecuária Mata Sul S/A intimidaram e ameaçaram as famílias da comunidade. No mesmo mês, o LeiaJá noticiou a presença de policiais fortemente armados no Engenho Fervedouro, alegando que davam cobertura a uma ação de cercamento de uma suposta área da empresa.

Após sofrer uma emboscada, às 18h da última quinta (16), o camponês Edeilson Alexandre Fernandes da Silva foi atingido por sete tiros, no Engenho Fervedouro, localizado no município de Jaqueira-PE. De moto, o trabalhador conseguiu se equilibrar no veículo até chegar a um conjunto de casas localizadas no engenho, onde desabou no chão e foi socorrido por uma família. Os conflitos entre os posseiros do Engenho Fervedouro e a empresa Agropecuária Mata Sul S/A, arrendatária das terras da Usina Frei Caneca, vem se intensificando nos últimos meses. A informações são da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

O trabalhador passou por cirurgia para retirar as balas e está em estado grave, internado em uma UTI. “A Comissão Pastoral da Terra e as famílias exigem, em caráter de urgência, que os órgãos competentes investiguem e apurem a tentativa de assassinato, averiguando com imparcialidade e eficiência a sua autoria, as suas motivações e eventuais relações com a luta das famílias pelo direito à terra no local onde vivem há mais de setenta anos”, cobra a CPT em nota pública.

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Escalada da violência

Nos últimos meses, houve grande intensificação das denúncias de violência contra agricultores no Engenho Fervedouro, onde vivem 70 famílias de posseiros. Para a advogada da CPT, Luísa Duque, um dos complicadores para a resolução dos impasses é o fato de o juiz responsável pela inspeção das terras não ter delimitado quais áreas seriam consideradas antigas- isto é, dos posseiros- e quais seriam os terrenos em que as plantações são recentes. “A empresa tem se valido disso, dessa ausência de marcos geográficos, para avançar sobre posses antigas dos posseiros, consideradas antigas pelo próprio juiz. Então, já que não há nada marcado, a empresa vai e escolhe o que ela considera antigo ou novo”, explica.

A advogada comentou ainda que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) chegou a realizar um levantamento detalhado acerca das posses. "Esse documento foi ignorado", completa. Ela ressalta ainda que a própria caracterização das terras não foi orientada por um técnico, mas decorrente da avaliação do próprio juiz. "Ele delimitou a partir do que achou que era área de uso novo e antigo. Nesse processo, a comunidade já havia perdido muitas áreas antigas", conclui.

A empresa já tinha sido acusada, em janeiro, de destruir dez mil pés de banana de outro agricultor, em Barro Branco, uma comunidade vizinha. Segundo o CPT, no dia 3 de abril, funcionários da Agropecuária Mata Sul S/A tentaram cercar uma das fontes de água utilizada para subsistência da população, ação que não se concretizou, diante da mobilização dos posseiros. No dia 24 de abril, nove agricultores da comunidade Fervedouro denunciaram terem sido ameaçados de morte por Guilherme Maranhão, representante da Agropecuária Mata Sul S/A.

Na data de 7 de maio, um camponês da comunidade de Fervedouro registrou Boletim de Ocorrência denunciando estar ameaçado de morte pela "elite da empresa". No mesmo dia, famílias relataram que foram surpreendidas com um helicóptero sobrevoando suas áreas e despejando agrotóxico, atingindo suas lavouras, fontes de água e também alguns camponeses, os quais apresentaram sintomas de intoxicação.

Ainda segundo informações do CPT, no dia 09 de maio, policiais e seguranças privados contratados pela Agropecuária Mata Sul S/A intimidaram e ameaçaram as famílias da comunidade. No mesmo mês, o LeiaJá noticiou a presença de policiais fortemente armados no Engenho Fervedouro, alegando que davam cobertura a uma ação de cercamento de uma suposta área da empresa.

Por volta das 7h da última terça (19), um grupo de 20 funcionários da empresa Agropecuária Mata Sul S/A foram ao Engenho Fervedouro, na cidade de Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco, e derrubaram cerca de dez mil pés de banana plantados pela família de um agricultor, identificado como Reginaldo Félix. As informações são da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que acompanha as famílias do local, região de conflito fundiário com usineiros.

Durante a derrubada, a família estava na escola comunitária, na sede do Engenho Fervedouro, participando da campanha de vacinação promovida pela Prefeitura de Jaqueira. Segundo a CPT, quando eles retornaram ao sítio já estava tudo destruído, mas foi possível identificar a saída de funcionários da Agropecuária Mata Sul S/A do local, em carros e motos.

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Intensificação da violência

Nos últimos meses, houve grande intensificação das denúncias de violência contra agricultores no Engenho Fervedouro, onde vivem 70 famílias de posseiros, em conflito fundiário com a empresa Agropecuária Mata Sul S/A, arrendatária de parte das terras da antiga Usina Frei Caneca. Para a advogada da CPT, Luísa Duque, um dos complicadores para a resolução dos impasses é o fato de o juiz responsável pela inspeção das terras não ter delimitado quais áreas seriam consideradas antigas- isto é, dos posseiros- e quais seriam os terrenos em que as plantações são recentes. “A empresa tem se valido disso, dessa ausência de marcos geográficos, para avançar sobre posses antigas dos posseiros, consideradas antigas pelo próprio juiz. Então, já que não há nada marcado, a empresa vai e escolhe o que ela considera antigo ou novo”, explica.

A advogada comentou ainda que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) chegou a realizar um levantamento detalhado acerca das posses. "Esse documento foi ignorado", completa. Ela ressalta ainda que a própria caracterização das terras não foi orientada por um técnico, mas decorrente da avaliação do próprio juiz. "Ele delimitou a partir do que achou que era área de uso novo e antigo. Nesse processo, a comunidade já havia perdido muitas áreas antigas", conclui.

Policial flagrado nas terras do Engenho Fervedouro, na última quarta (13). (CPT/divulgação)

A empresa já tinha sido acusada, em janeiro, de destruir dez mil pés de banana de outro agricultor, em Barro Branco, uma comunidade vizinha. Segundo o CPT, no dia 3 de abril, funcionários da Agropecuária Mata Sul S/A tentaram cercar uma das fontes de água utilizada para subsistência da população, ação que não se concretizou, diante da mobilização dos posseiros. No dia 24 de abril, nove agricultores da comunidade Fervedouro denunciaram terem sido ameaçados de morte por Guilherme Maranhão, representante da Agropecuária Mata Sul S/A. Na data de 7 de maio, um camponês da comunidade de Fervedouro registrou Boletim de Ocorrência denunciando estar ameaçado de morte pela "elite da empresa". No mesmo dia, famílias relataram que foram surpreendidas com um helicóptero sobrevoando suas áreas e despejando agrotóxico, atingindo suas lavouras, fontes de água e também alguns camponeses, os quais apresentaram sintomas de intoxicação.

Ainda segundo informações do CPT, no dia 09 de maio, policiais e seguranças privados contratados pela Agropecuária Mata Sul S/A intimidaram e ameaçaram as famílias da comunidade. Na última quarta (13), o LeiaJá noticiou a presença de policiais fortemente armados no Engenho Fervedouro, alegando que davam cobertura a uma ação de cercamento de uma suposta área da empresa.

Flagra de policial apontando arma para camponês, nesta quarta (13). (Reprodução/ Instagram)

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Para os moradores do Engenho Fervedouro, em Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco, cumprir com o isolamento social preventivo ao novo coronavírus recomendado pelo governo de Pernambuco tornou-se impossível nas últimas semanas. Nesta quarta (13), agricultores residentes do Engenho Fervedouro, registraram a presença de policiais na região, tendo um deles sido flagrado apontando uma arma de grosso calibre para um morador. De acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), os agentes afirmam estar no Engenho por determinação judicial e dar cobertura para o cercamento de uma área de suposta posse da empresa Agropecuária Mata Sul S/A.

Segundo os agricultores, o local a ser cercado contém plantações comunitárias e uma cacimba de água, utilizada para subsistência da população. No dia 7 de maio, representantes da comunidade registraram Boletim de Ocorrência, relatando que o camponês Ernande Vicente Barbosa da Silva, de 52 anos, está ameaçado de morte em decorrência de sua permanência no Engenho Fervedouro, em que reside há décadas.

No local, vivem 70 famílias de posseiros que enfrentam conflito fundiário com a empresa Agropecuária Mata Sul S/A, arrendatária de parte das terras da antiga Usina Frei Caneca. Outras ameaças de homicídio foram relatadas. Fontes do LeiaJá informaram que um usineiro tentou atropelar um dos posseiros, que conseguiu escapar. A população está deixando a quarentena na tentativa de se manter nas terras.

De acordo com a advogada da CPT, Luísa Duque, o juiz responsável pela inspeção das terras, não delimitou quais áreas seriam consideradas antigas- isto é, dos posseiros- e quais seriam as áreas novas de plantio. “A empresa tem se valido disso, dessa ausência de marcos geográficos, para avançar sobre posses antigas dos posseiros, consideradas antigas pelo próprio juiz. Então, já que não há nada marcado, a empresa vai e escolhe o que ela considera antigo ou novo”, explica. A advogada comentou ainda que o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) chegou a realizar um levantamento detalhado acerca das posses. "Esse documento foi ignorado", completa.

Ela ressalta ainda que a própria caracterização das terras não foi orientada por um técnico, mas decorrente da avaliação do próprio juiz. "Ele delimitou a partir do que achou que era área de uso novo e antigo. Nesse processo, a comunidade já havia perdido muitas áreas antigas", conclui.

Famílias camponesas denunciam ações ilegais e violentas em área rural do município de Jaqueira, na Mata Sul de Pernambuco. Segundo a Pastoral da Terra, o conflito de terra seria provocado pela empresa Negócio Imobiliária S/A, que é cessionária de arrendamento das terras.

De acordo com a Pastoral da Terra, na última segunda-feira (19), por volta das 10h, funcionários da imobiliária destruíram as plantações do sítio do trabalhador rural Antonio Luis da Silva, além de parte da mata que protegia uma fonte de água da família. Agricultores que registraram o ocorrido contam que os funcionários vinham proferindo ameaças da destruição desde a última semana.

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Na região, vivem 1200 famílias camponesas - algumas há mais de 70 anos - em cinco comunidades rurais: Caixa D'água, Barro Branco, Laranjeira, Fervedouro e Várzea Velha. As comunidades produzem alimentos no local e reivindicam a regularização de suas posses junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Em 2017, a Negócio Imobiliária S/A passou a ser cessionária de arrendamento, ou seja, possui um subarrendamento de parte das terras pertencentes à falida Usina Frei Caneca. São cerca de cinco mil hectares localizados no município de Jaqueira, que estão subarrendados para que a empresa desenvolva atividade pecuária.

A Pastoral da Terra alega que desde que a empresa chegou, os camponeses passaram a relatar situações de intimidações, destruições e queimadas de lavouras, destruição de fontes d'água, ameaças e perseguições. As violências seriam promovidas por funcionários da empresa, supostos policiais militares da reserva. Eles são acusados de fazer rondas exibindo pistolas e algemas.

A advogada da Pastoral da Terra, Gabriella Rodrigues, acredita que a situação em Jaqueira seja o maior conflito fundiário em Pernambuco e no Nordeste atualmente. Ela reforça que as famílias têm o direito de permanecer onde estão por causa do usucapião, ou seja, o direito à posse por causa da utilização por um período longo e contínuo. "Existe prova testemunhal farta e clara da presença desses posseiros no imóvel", ela resume.

De acordo com Rodrigues, foi feito um acordo entre o antigo proprietário das terras e os camponeses para que eles pudessem permanecer lá. Entretanto, o acordo não estaria sendo reconhecido pela cessionária. O contrato de arrendamento da imobiliária também seria insuficiente para exigir a saída das famílias.

Os agricultores já oficializaram mais de 30 boletins de ocorrência na Delegacia de Jaqueira e existem cerca de 30 ações possessórias que visam à expulsão de famílias das terras em que vivem. O caso foi denunciado ao Incra, ao Instituto de Terras e Reforma Agrária do Estado de Pernambuco (Iterpe), à Prefeitura Municipal de Jaqueira, à Câmara de Vereadores, Diocese de Palmares e deputados estaduais.

"É uma situação de completo terror. Essas famílias têm renda do Bolsa Família e da agricultura familiar. Se saírem, não perdem só a casa, mas o meio de vida, de sustento, perdem trabalho e o vínculo com a área onde sempre viveram e cresceram", aponta a defensora. O LeiaJá não obteve contato com a Negócio Imobiliária S/A.

Durante a gravação do novo clipe dos MCs Shevchenko e Ellocco, nesta quarta-feira (13), no Parque da Jaqueira, localizado na Zona Norte do Recife, uma equipe de seguranças do local impediu que a equipe finalizasse as filmagens. Com a temática que valorizava os pipoqueiros da região, o clipe teve que ser finalizado fora do parque. Para os ‘Reis do Passinho dos Maloka’ a ocasião foi vexatória e preconceituosa.

Para as filmagens, a dupla pernambucana convidou o MC Colibri, do Rio de Janeiro, e alguns grupos de dança, “pra juntar nosso movimento com o movimento carioca, e fortalecer o passinho dos maloka”, contou MC Shevchenko ao LeiaJá. No registro feito por seu parceiro musical, MC Ellocco (assista ao fim da matéria), é possível ver os agentes do parque proibindo que as filmagens continuassem. “Foi muito chato. A gente tava tudo reunido, tranquilo e sem bagunçar”, relatou MC Shevchenko.

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Os músicos pernambucanos afirmaram que foram até ameaçados de prisão e se sentem constrangidos com esse tipo de ação, principalmente por ter convidado o famoso MC carioca. “Os seguranças já chegaram expulsando a gente, sem comunicar nada, falando palavrões e mandando a gente ir embora”, contou Shevchenko. O jeito foi continuar o clipe fora do parque, o que tirou a atmosfera pretendida com o clipe, já que os pipoqueiros permaneceram dentro do local.

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A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), responsável pela gestão parque, respondeu aos questionamentos do LeiaJá com uma nota, leia a íntegra:

"A Emlurb esclarece que, pelas regras de funcionamento do Parque da Jaqueira, é proibido o uso de som em alto volume dentro do equipamento, pelo parque abrigar uma série de atividades, além de uma igreja. A Emlurb esclarece ainda que o grupo de músicos e dançarinos não entrou em contato, em nenhum momento anterior, para solicitar informações a respeito das regras de uso do parque."

Acompanhe a abordagem:

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