A noite deste sábado (26) foi marcada pelo encerramento do 1º Recifest - Festival de Cinema da Diversidade Sexual, no cinema São Luiz, Centro do Recife. Após cinco dias com uma programação diversificada, o último dia do evento trouxe uma apresentação de Ceronha Pontes e Lilli Rocha, do Coletivo Angu de Teatro.
Além das premiações, o festival- que contou com 47 curtas e dois longas-metragens voltados para o público LGBTTT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros)- prestou uma homenagem a Rutílio de Oliveira, produtor cultural que faleceu há cerca de um ano, e ao Coletivo Angu de Teatro. Os troféus entregues na noite foram confeccionados pela artista Xuruca Pacheco.
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Em um momento em que o país promove discussões sobre a homofobia, beijos gays começam a ser encarados com maior naturalidade na mídia e o casamento entre iguais entra em evidência, o evento surge em um momento de fortalecimento de espaço. "Minha grande luta é falar sobre visibilidade: como somos vistos, como devemos ser vistos e como queremos ser vistos", revelou Ricky Mastro, curador do evento, ao Portal LeiaJá.
Com muita emoção, a cerimônia recebeu a presença de Eleonora Pereira, coordenadora Nacional e Regional do Movimento Nacional Mães pela Igualdade e presidente do Instituto José Ricardo - Pelo bem da Diversidade. Eleonora, que perdeu seu filho, vítima de um crime homofóbico, declarou "Meu filho ainda está vivo, mas não fisicamente, está vivo na luta. A partir do momento que retiraram o bem mais precioso dele e que caiu da sua mão a bandeira do arco-íris, a mãe dele ergueu a mesma bandeira sem vergonha de dizer que meu filho era gay e era muito amado, e ainda é", arrancando lágrimas da plateia.
Allan Deberton, diretor do vencedor "O melhor amigo", na categoria curta nacional, eleito pelo Júri Oficial, emocionado com as palavras de Eleonora comentou como o preconceito também lhe afetou. "Me sinto covarde por minha família não ter assistido o filme ainda. Sei que vou magoá-los, ou, talvez eles tenham orgulho, mas ter o filme exibido e ter a simpatia do júri e do público me deixa muito feliz, então talvez agora eu me prepare para que eles possam assistir também", disse.
Também estava presente na cerimônia o Procurador de Justiça do Ministério Público de Pernambuco, Adalberto Farias. O Procurador, que protagonizou o 1º casamento homoafetivo a ocorrer fora da região Sul-Sudeste do Brasil, explanou "Acredito que o casamento civil entre os homossexuais constitui um direito humano e o direito da cidadania em uma sociedade democrática".
O Cinema São Luiz que sediou o evento durante os cinco dias de exibição contou com um público assíduo e sessões lotadas. "Não recebemos apenas um público GLS, muitas pessoas que prestigiaram o evento estavam aqui porque gostam de cinema", comentou a promoter Maria do Céu.
Confira os premiados do 1º Recifest - Festival de Cinema da Diversidade Sexual:
Prêmio Estadual Sétima Arte Direitos Humanos
Curta Pernambucano - Khady, de Hanna Godoy
Curta Nacional - Quem tem medo de Cris Negão?, de René Guerra
Prêmio cineclubista de melhor filme para a reflexão
Quem tem medo de Cris Negão?, de René Guerra
Prêmio ABD/Apeci
Melhor curta pernambucano - Garotas da moda, de Tuca Siqueira
Melhor curta nacional - Jessy, de Paulo Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge
Prêmiação do Júri Popular
Melhor curta pernambucano júri popular
Tubarão, de Leo Tabosa
Melhor curta nacional júri popular
O diário de Márcia, de Bertrand Lira
Menção Honrosa Júri Oficial
O diário de Márcia, de Bertrand Lira
Quem tem medo de Cris Negão?, de René Guerra
Garotas da Moda, de Tuca Siqueira
Khady, de Hanna Godoy
Melhor curta nacional Júri Nacional
O melhor amigo, de Allan Deberton
Melhor curta pernambucano Júri Oficial
Tubarão, de Leo Tabosa