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Reunião Pública discute situação das comunidades da pesca do Recife Pescadoras/es artesanais do Recife reclamam de ação do Ministério Público de criminalização da categoria e silêncio da Prefeitura do Recife com a comunidade em ação de retirada das palafitas.

Com o propósito de ouvir as comunidades, a Mandata da Vereadora Elaine Cristina (PSOL) realiza, às 15h, desta terça-feira (21), uma Reunião Pública para discutir a situação das comunidades da pesca artesanal do Recife. A ação vai acontecer na sede da Livroteca Brincante do Pina (Rua Artur Lício, n°291, no Pina, Recife).

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Segundo o comunicador social e ativista do Caranguejo Uçá, Edson Fly, além de criminalizados com “processos, as/os pescadoras/es da Ilha de Deus, São Miguel e Caranguejo Tabaiares e Pina estão sendo multados, e vítimas do racismo ambiental‘’.

A pescadora da comunidade do Bode, Vânia Maria dos Santos Tavares, trouxe a preocupação sobre o onde será o local para beneficiamento do pescado com o projeto da retirada das palafitas, dragagem e criação de quiosques na área.

“A gente quer saber como  a gente vai chegar no rio, onde vamos colocar os nossos botes e onde a gente vai catar e tratar os mariscos e sururus. Como vai ficar a nossa situação? Mais antiga atividade produtiva da cidade, contando, atualmente, com mais de 10 mil recifenses em comunidades tradicionais pesqueiras.

A atividade não é base de pesquisa estatística desde 2007, segundo a representante do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), Laurineide Santana, o que implica na não elaboração e execução de políticas e serviços públicos para a categoria.

Serviço:

O quê: Reunião Pública para discutir a situação das comunidades pesqueiras do município. 

Local: Sede da Livroteca Brincante do Pina (R. Artur Lício, 291, Pina)

Horário: 15h

*Da assessoria 

 Presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, Humberto Costa (PT) anunciou que irá, nos próximos dias, ao Ministério das Cidades para pedir uma atenção especial do governo Lula à erradicação das palafitas no país. Segundo o senador, o bairro de Brasília Teimosa, no Recife, é modelo de uma intervenção de sucesso nesta área.   

Da tribuna do Senado, Humberto lembrou que, em 2003, as gestões petistas de João Paulo, no Recife, e de Lula, no governo federal, se juntaram para mudar a realidade do bairro na zona sul, onde parte expressiva dos moradores vivia em palafitas. Especialmente em agosto, quando os ventos lançam o mar com mais força sobre o continente, eram muitos os casos de destruição, acidentes e mortes na região.   

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"Graças à ação de Lula e João Paulo, 1.864 habitações deste tipo foram removidas e 4.552 unidades foram entregues na cidade. Requalificamos a orla de Brasília Teimosa, criamos a avenida Brasília Formosa e mudamos a cara da comunidade e da nossa capital", disse Humberto. O senador lembrou que 30 mil famílias ainda vivem em palafitas no Recife e que o problema se estende para outras regiões de Pernambuco, como a Mata Sul, com cujos prefeitos Humberto pretende montar uma articulação. 

"O déficit habitacional no Brasil é quantitativo, 5,9 milhões de pessoas não têm onde morar, mas também qualitativo, quase 25 milhões moram em locais precários. Então, vou ao ministro das Cidades pedir que, dentro da retomada do Minha Casa Minha Vida, seja dada uma atenção especial à erradicação de palafitas", afirmou.

Humberto lembrou que o relançamento do Minha Casa Minha Vida pelo governo Lula já entregou 5,6 mil novos imóveis em todo o Brasil, 800 deles somente em Pernambuco. Até o fim de 2026, serão 2 milhões na Faixa 1 em todo o país. No estado, segundo o senador, uma nova intervenção do programa, que deve ser concluída até o fim do ano, deve entregar cerca de mil casas, 387 delas a famílias que vivem em palafitas na bacia do rio Pina, no Recife.

*Da assessoria 

Ainda que, sobretudo neste ano de 2022, as fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife e o descaso da gestão estadual e municipal tenham causado vários desastres com, pelo menos, 127 pessoas mortas entre soterradas pelos deslizamentos das barreiras ou em decorrência das fortes enxurradas, as palafitas também são afetadas pelas chuvas. 

No dia 6 de maio deste ano, as palafitas de uma comunidade do Pina, Zona Sul do Recife, mais conhecida como Beco do Sururu, foram atingidas por um incêndio que deixou cerca de 180 famílias desabrigadas. Sem ter para onde ir e até para conseguir ter acesso ao programa de habitação da Prefeitura do Recife, muitas famílias tiveram que ficar e se alojar na casa de alguém. 

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A diarista Verônica Maria, de 47 anos, que mora no Beco do Sururu, local que foi incendiado, há 10 anos, contou que a comunidade não tem recursos e que a chuva é "devastadora". "As consequências das chuvas aqui são muito fortes e é devastador. Tem um muro aqui e nessa última chuva que deu e encheu tudo, o muro cedeu, veio terra e tudo na casa de Dani [uma moradora] e graças a Deus não aconteceu coisa pior com ela e os cinco filhos. A água devasta mesmo, e ainda correndo o risco de ter mais incêndio", disse. 

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Verônica contou que tem um barraco no Pier que foi afetado pela chuva e caiu. "A prefeitura tá indenizando, estão faltando pessoas que têm barraco, são donos e estão fora desse programa [de Habitação]. Eu sou uma dessas pessoas que estão fora e eu não sei porquê. Na segunda-feira nós vamos na Câmara dos Vereadores para ver como fica isso, porque indeniza uns e outros não", contou. 

"A chuva aqui é um caos, só vendo mesmo", relatou a diarista. "Quando a minha casa caiu eu perdi um fogão, mesa, geladeira, e mesmo sem condições eu tive que ir morar num apartamento; deixei meu barraco aí, mas tem muita gente aqui sem condições de fazer a mesma coisa, tem gente que vive na casa de parente". 

Iaramir Oliveira ficou desempregada após o incêndio das palafitas pela necessidade de estar em casa quando "a prefeitura passa pra fazer o cadastro". "A minha patroa não permitiu que eu fosse lutar pelo meu barraco". Ela contou que molha tudo quando chove, e se a maré estiver cheia, não se pode entrar e/ou sair de casa. "Quando a maré enche e chove quem está aqui dentro [do barraco] não pode sair, porque a maré chega até ali em cima [altura do píer] e a gente tem que ficar esperando ela descer para poder sair ou entrar. Já perdi móvel, televisão, com as chuvas. Teve uma que derrubou um móvel e eu aproveitei as tábuas dele para fechar a parece que abriu toda por conta da água", contou. 

Iaramir expressou nunca ter visto uma chuva como a que aconteceu no último fim de semana, quando houve os deslizamentos das barreiras. "Essa chuva foi uma experiência muito ruim para todo mundo, porque foi a que mais marcou esses anos todos que eu tenho vida. Essa foi a pior. Tenho dois netos que estão desabrigados por conta da chuva e está todo mundo comigo na casa da minha irmã, que mora nos prédios". Ela teve que sair do barraco que mora porque não há condições de ficar nele quando chove. 

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Rosineide Maria, que está desempregada, mora há oito anos nas palafitas, mas perdeu o barraco no incêndio e agora está junto com a amiga, Iaramir. "Já vi muita chuva, mas nunca igual a essa. Quando ela [a amiga] vai embora [para a casa da irmã], eu fico e durmo aqui e quando enche eu vou para outro canto. Dá muito medo de o barraco cair com tudo aqui dentro", lamentou. 

A doméstica Maria das Dores, de 53 anos, contou que precisava sair de casa quando chovia forte, antes da sua casa pegar fogo no incêndio. "Quando cheguei já tava tudo queimado. Perdi tudo e agora eu tô dormindo lá no trabalho. Quando eu tava aqui e chovia, molhava tudo. Essa chuva de vento molhava a cama, enchia tudo. A parede ficava balançando com o vento. Quando a maré tava muito cheia, às vezes, eu saia para dormir na casa das colegas com medo", relatou.

Na Vila do Capuí, também no Pina, Zona Sul do Recife, dona Maria Geilza, moradora do local há mais de 15 anos, explicou ter ido parar numa palafita por falta de condições e falou das dificuldades de quando chove. "Eu não tenho condição de pagar um apartamento, um teto. Eu sou sozinha. Se tivesse condição a gente não morava aqui com rato, chuva. A gente mora numa comunidade dessa porque precisa. Se não precisasse, ninguém morava, porque só sabe as condições quem mora", afirmou. 

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Morar em palafita é para além da maré alta, envolve falta de saneamento básico, sujeira. É viver em meio ao crime, aos ratos, muitas vezes sem ter o que comer e a falta de atenção da gestão. É ter medo do fogo, da chuva e até do vento. "Meu barraco já caiu duas vezes. Uma vez foi por causa da chuva, e a outra, os paus tudo podre por causa da água. Nem posso ficar muito onde lavo os pratos [fora de casa] porque as pontes estão caindo, tenho que arrumar dinheiro, pedir ajuda aos outros para poder fazer. Agora, nessa chuva, a minha casa tá toda molhada. Meu menino já botou um plástico na cama e eu tenho que comprar madeira para colocar, porque tá tudo molhado dentro da minha casa", relatou, preocupada.

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"Já perdi documentos e várias outras coisas por conta da água que invade o barraco da gente, invade a casa, o barraco da gente cai. A gente não tem dinheiro e vai pedir ajuda a um, a outro. Tem muitos que ajudam como podem. É uma luta só morar num lugar desse, só mora quem precisa", completou. "Quando a maré tá cheia enche os barracos de água, é muito mosquito de noite, muito rato. Cada rato em tempo de carregar uma pessoa. É muita coisa aqui dentro para quem mora em palafita, e agradeço a Deus porque tenho esse pedacinho de maré que me deram para eu morar, porque tem gente que nem onde morar, tem".

Ela também falou sobre o medo da chuva: "Eu fico com muito medo quando chove, quando dá aqueles trovões, aqueles relâmpagos. Às vezes é um vento tão grande que dá nos barracos que eles até balançam, arrasta telha, arrasta tudo".

A maior vontade de dona Geilza é "ganhar o meu cantinho para sair daqui do meio dos ratos". "Agora a gente pede a Deus que saia o nosso apartamento. Eu vivo de um trabalho aqui, outro acolá, um bico ali, e também vivo de ajuda".

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou, na última quinta-feira (19), um procedimento administrativo para acompanhar as ações da prefeitura do Recife para garantir o direito social à moradia das famílias atingidas pelo incêndio nas palafitas do Pina, na Zona Sul da capital pernambucana.

O MPPE determinou que a Secretaria de Política Urbana e Licenciamento do Recife (SEPUL) encaminhe, no prazo de 10 dias, a ata da reunião realizada no dia 12 de março desde ano, na sede da prefeitura, entre o Executivo municipal e os moradores da área afetada, o "Beco do Sururu". Neste dia, foi deliberado a indenização aos desabrigados no valor de R$ 1.500 e concessão do auxílio-moradia, no valor de R$ 200.

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O ministério também quer o cadastro socioeconômico, contendo todas as famílias que serão removidas da localidade atingida pelo incêndio, com o indicativo do tipo de moradia (palafita ou alvenaria) e respectivas indenizações.

A prefeitura do Recife também deve apresentar informações acerca da existência de estudo ou projeto que visam uma destinação social a ser dada ao local após a desocupação das palafitas e das moradias em alvenaria ainda existentes na área afetada. 

Uma relação dos moradores que serão contemplados com unidades habitacionais em algum dos conjuntos atualmente em construção na cidade do Recife, bem como se existem ações voltadas para uma solução habitacional definitiva para as demais famílias retiradas do local também estão entre as solicitações do MPPE.

Famílias vítimas do incêndio que atingiu as palafitas do Beco do Sururu, no Pina, Zona Sul do Recife, receberão um auxílio pecúnia no valor de R$ 1.500 e auxílio-moradia no valor de R$ 200, segundo acordo definido entre a Prefeitura do Recife, moradores e líderes comunitários nessa segunda-feira (9). No entanto, apenas as 141 famílias cadastradas pelo município em 2021 terão direito ao benefício assistencial. 

Em visita à comunidade no último sábado (7), a equipe do LeiaJá ouviu de moradores que havia desorganização no cadastro e que algumas famílias ficaram de fora do controle, no ano passado, porque não estavam presentes na hora da visita. 

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Representantes das secretarias de Governo e Participação Social (Segov) e de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos (SDSJPDDH) se reuniram nesta terça-feira (10), para checar o cadastramento feito pela comunidade e confrontar as informações com o levantamento promovido pela Prefeitura, no ano passado. Só após a confirmação dessas informações o benefício poderá ser pago e liberado. 

A Prefeitura informou que irá garantir, também às famílias cadastradas, o fornecimento de cestas básicas, colchões, abrigo e demais tipos de apoio às vítimas. Nos próximos dias, será realizado um mutirão para emissão de documentos, visando atender os moradores afetados.

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Quase 24 horas após o incêndio que tirou o lar de cerca de 45 famílias no Beco do Sururu, comunidade de palafitas no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, o cenário ainda é de muita dor, incerteza e trabalho incessante em meio à fuligem. O incidente, de causas ainda desconhecidas, produziu chamas que puderam ser vistas de diversos pontos da capital. Apesar de não ter feito vítimas, o incêndio expôs a situação de vulnerabilidade na qual vive aquela população, constituída majoritariamente de pescadores e trabalhadores informais ou autônomos.

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Neste sábado (7), o LeiaJá foi ao Beco para acompanhar como a situação tem sido controlada. Sem energia elétrica até às 15h, a população mostrou-se preocupada com a chegada da noite, pois a região é de viaduto e bastante escura, além da dificuldade que tem sido cozinhar para a grande quantidade de pessoas. Por volta das 15h30, uma equipe da Neoenergia Pernambuco (Celpe) chegou ao local para tentar restabelecer o serviço.

Ao todo, cerca de 140 barracos são registrados e mapeados pela Prefeitura do Recife e por movimentos sociais. Os moradores relatam que alguns dos barracos não são cadastrados, ainda que seus donos morem na comunidade há muito tempo; enquanto moradores de outras comunidades têm chegado ao Beco do Sururu, na tentativa de conseguir algum possível benefício dedicado às vítimas do incêndio, o que gera conflitos desde a noite de sexta-feira (6).

Porém, uma coisa é certa: quem perdeu tudo, sabe que perdeu tudo e não tem nem noção de por onde recomeçar. É o caso de Francisco Júnior da Silva, de 59 anos, pescador e morador da comunidade desde os 17 anos.

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Francisco toma ansiolíticos e antirreumáticos diariamente. Ao conversar com nossa reportagem, relatou que deixa os remédios e as receitas médicas na casa de uma amiga, com medo de perdê-las. Até este sábado (7), a Prefeitura do Recife não havia enviado equipe médica para auxiliar os moradores do Beco que tomam remédios controlados e que perderam suas receitas em meio ao fogo. 

"Eu dormi ali [embaixo no viaduto que dá acesso ao RioMar]. Pegou fogo em tudo, estou só com essa roupa aqui, do corpo. Estou com essa roupa há três dias. Do lado tem um negócio que cobre, a chuva não pega lá; não só sou eu, o pessoal todo 'tá' indo dormir lá. Só não perdi meus documentos porque eles vivem comigo", disse Francisco ao LeiaJá

A situação dele é a mesma de Eliane Silva, de 55 anos, e Isaías Silva, de 62 anos. Os dois vivem da pesca no rio Capibaribe. Eliane não perdeu a casa, mas perdeu os dois barracos, ambos registrados, quais utilizava como ponto comercial e de reserva para seus mariscos. A marisqueira vendia os pescados no próprio bar, que foi destruído pelo fogo. 

"Eu tenho minha carteirinha de marisqueira. Construí os meus barracos com o dinheiro que fazia trabalhando aqui. Graças a Deus o fogo não levou minha casa, mas levou a casa da minha mãe, que vai passar o Dia das Mães na casa da minha irmã, sem saber para o que vai voltar aqui. A gente não sabe se vai ter energia mais tarde, se vai conseguir cozinhar. Não sei como vou trabalhar. Está difícil", disse a moradora. 

O senhor Isaías também é pescador, apesar de não estar mais apto à prática por problemas reumáticos e ortopédicos. No entanto, não consegue a aprovação do auxílio-doença nem na necessidade de uma aposentadoria e, assim, segue precisando fazer da maré o seu sustento. "Tem sido assim. Só fazem perguntas e perguntas, e ninguém resolve nada. Estou aqui porque estou aguardando. Preciso de material ou de dinheiro para reconstruir isso aí", acrescenta Isaías, que hoje irá dormir na casa da amiga Eliane. 

Como ajudar

Dois projetos pré-existentes no Beco do Sururu tem intensificado a mão de obra para dar conta de assistir todas as famílias; trabalho de diminuição do impacto da vulnerabilidade social nas comunidades do Pina, que já enfrenta desafios diários independente da existência de incidentes como o dessa sexta-feira (6).

O projeto Mãos Solidárias, que coordena a cozinha solidária do Beco, por iniciativa de movimentos populares como o dos Trabalhadores Sem Terra (MTST), e o projeto Amigos de Pirrita, têm espaços de arrecadação no Pina e no Centro do Recife. Saiba onde encontrá-los e como ajudar:

Doação de mantimentos

*Pratos feitos ou alimentos para preparo (não perecíveis), roupas, material de higiene pessoal e doméstica, materiais de construção, colchões, travesseiros e cobertores

- Bar da Fava, rua Dirceu Velloso Toscano de Brito, nº 172, Pina;

- Armazém do Campo do Recife, avenida Martins de Barros, nº 395, Santo Antônio;

- Cozinha Solidária, Beco do Sururu, Pina - Acessos pelas avenidas República do Líbano e República Árabe Unida, e também pela Ponte Governador Paulo Guerra (a pé).

Doação em dinheiro

Pix Amigos de Pirrita: 81984783501 (chave Pix e também o contato do WhatsApp) 

Contatos

Pedro Pirrita (vídeo abaixo), diretor do Amigos de Pirrita: 81 9 84783501

Bruna Eduarda Ribeiro, do Amigos de Pirrita: 81 9 8530-8121

Cozinha Solidária: 81 9 8182-9197

Instagram: Mãos Solidárias, Amigos de Pirrita

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A Arquidiocese de Olinda e Recife se uniu ao projeto Cozinha Solidária para ajudar as famílias desabrigadas pelo incêndio na comunidade Beco do Sururu, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, ocorrido nessa sexta-feira (6). A paróquia do bairro foi disponibilizada como ponto de arrecadação de alimentos não perecíveis. 

Na manhã deste sábado (7), o arcebispo Dom Fernando Saburido visitou o local e orou junto aos ex-moradores das palafitas destruídas pelo fogo. Ele se solidarizou com a iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e reforçou a campanha de arrecadação para que as pessoas 'possam ter pelo menos o pão diário'. 

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"Isso tá muito no espiríto daquilo que o Congresso Eucarístico Nacional desse ano propõe: 'pão em todas as mesas'. Também vamos ajudar encaminhando alimentos e vestimentas para a Paróquia do Pina, e também para o barracão do MST, que funciona na Rua do Imperador", anunciou.

As doações à Cozinha Solidária também podem ser feitas através do telefone (81) 98182-9197.

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Após o incêndio que destruiu a comunidade do Beco do Sururu, no Pina, Zona Sul do Recife, nessa sexta-feira (6), o projeto Mãos Solidárias lançou uma campanha de arrecadação de alimentos. A iniciativa também convocou voluntários para ajudar os desabrigados. 

Os alimentos não perecíveis que forem doados serão preparados diariamente pela Cozinha Popular Solidária para oferecer refeições aos ex-moradores das palafitas. O Armazém do Campo, na Avenida Martins de Barros, 395, bairro de Santo Antônio, área Central da capital, foi designado como ponto de arrecadação.

"É importante também se mobilizar enquanto sociedade civil, junto aos movimentos sociais, para reivindicar medidas cabíveis do poder público. Essas famílias precisam de moradia digna!", reforçou o projeto em um comunicado nas redes sociais.

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O Corpo de Bombeiros teve que acionar 10 viaturas para conter um incêndio que destruiu boa parte das palafitas de uma comunidade no Pina, Zona Sul do Recife, nesta sexta-feira (6). Nas redes sociais, imagens mostraram o fogo tomando conta dos casebres de madeira. Não foram registradas vítimas.

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Fotos e vídeos circularam entre aplicativos de mensagens e também no Twitter, mostrando as chamas atingindo os barracos, nas proximidades da ponte Paulo Guerra, que liga o Pina ao Cabanga.

Felizmente, segundo o Corpo de Bombeiros, nenhum morador ficou ferido ou morreu no incidente, cujas causas ainda não estão claras.

“O incêndio já está controlado e as equipes trabalham combatendo os pequenos focos e no resfriamento do ambiente”, informaram os bombeiros, por volta das 18h.

Foto: Cortesia

Em seu guia eleitoral vinculado nas emissoras de rádio e TV nessa quinta-feira (22), o candidato a prefeito do Recife pelo Novo, Charbel Maroun, declarou que as promessas de construção de habitacionais feitas por alguns dos concorrentes é uma solução cara e demorada. Em seu plano de governo, a ideia é oferecer créditos para o cidadão sair das palafitas. O investimento que seria efetuado com as obras passaria para as pessoas de baixa renda, segundo ele, que teriam a liberdade de escolher onde morar.

No guia, o candidato afirmou que “melhor do que construir habitacionais, vamos conceder crédito para o cidadão sair das palafitas e escolher onde morar com dignidade. Não dá para esperar anos para resolver o problema que os socialistas deixaram”. Com pouco tempo na TV, o prefeiturável explicou melhor sua proposta para a população em agenda nessa quinta, no Bairro San Martin.

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“Ao invés de construir um habitacional, comprar um terreno, desapropriar, gastar dinheiro com empreiteira e tudo mais, vou pegar os recursos que seriam destinados a essa construção e vou fornecer carta de crédito para a população que mora em palafitas para que possam comprar os imóveis onde quiser. E quando eles desocuparem as áreas, a Prefeitura vai ocupar para que não retornem, tanto em palafitas, como em áreas de risco. Vamos atender essa população com mais rapidez e dar liberdade para escolher onde morar. Se eu for construir habitacional, vou levar dois ou três anos, e a população seguiria vivendo em locais insalubres ou correndo risco”.

*Da assessoria de imprensa

Devido à pandemia da Covid-19, Bruno e Alexandra perderam os "bicos" e agora só contam com o auxílio moradia e o Bolsa Família para sustentar quatro filhos. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

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Confiada a algumas vigas de madeira, a família constituída por Bruno da Silva, Alexandra Araújo e seus quatro filhos- garotos de 7, 5 e 4 anos, mais os gêmeos recém-nascidos- dorme amontoada em uma cama de casal, torcendo para que o dia seguinte não seja de chuva ou sol escaldante. “De dia, o calor aqui é grande. Quando chove, a correnteza da água é muita e o vento balança tudo”, comenta Bruno, que ergueu com as próprias mãos a palafita em que mora, à margem do canal do ABC, na comunidade de Caranguejo Tabaiares, na Zona Norte do Recife. Cercada por esgoto, porcos criados pelos vizinhos e pelo mau cheiro perene que deriva do entorno, Alexandra lamenta que não consiga cumprir com a política de isolamento social em prevenção à Covid-19, adotada pelo governo de Pernambuco. “Não aguento ficar aqui dentro”, resume.

Em termos de renda fixa, Alexandra e Bruno só contam com R$ 450, resultantes da soma dos benefícios do Bolsa Família e Auxílio Moradia. “Antes [da pandemia da Covid-19], de vez em quando, apareciam umas ‘ôias’ para eu fazer, como ajudante de pedreiro. Agora tá difícil”, acrescenta Bruno, sem nenhum novo serviço à vista. Na despensa improvisada ao lado da porta, apenas o essencial: as latas de leite para as crianças. “Político só vem aqui em época de eleição, depois que acaba já era”, comenta Bruno. Alexandra completa: “É muito menino pra alimentar e vestir. Ontem mesmo, perto da hora do almoço, eu já estava pensando no que ia dar de comer aos meus filhos, quando o pessoal do coletivo chegou com as doações”, diz, referindo-se aos insumos básicos trazidos pelos próprios vizinhos do Coletivo Caranguejo Tabaiares, que estão abastecendo as famílias da comunidade com alimentos essenciais e Equipamentos de Proteção Individual (EPI’S), como máscaras e álcool gel.

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O almoço do dia, pelo menos, está garantido. “Macarrão. Para a gente e para meu irmão que vem comer aqui quando precisa. Até nisso é difícil ficar isolado, a gente divide até a comida”, completa Alexandra.

“Terra Prometida”

Para Bruno e Alexandra, permanecer em casa com as crianças é, por vezes, submetê-las ao risco de queda no canal ou a outros acidentes domésticos. “Um vez, um dos meninos veio correndo me avisar que o irmão tinha caído na água, cheguei para retirar e ele tava pendurado, agarrado na madeira. O outro, levou três pontos no braço depois que se furou com um prego, conta Bruno.

Danielle mostra a pintura da população em ponte sob o canal do ABC, lembrando o habitacional que nunca foi construído. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens) 

Aos oito anos, a criança acidentada teria crescido em uma casa diferente se o prefeito Geraldo Júlio tivesse cumprido a promessa feita em visita à Caranguejo Tabaiares, no dia 23 de março de 2013, dia em que 24 famílias tiveram suas palafitas completamente destruídas por um incêndio. “Nós vamos lançar o habitacional em decorrência da desapropriação que havia sido feito há 23 dias. O habitacional será construído”, garantia o prefeito.

Entulhos precarizam ainda mais entorno das moradias. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

O terreno em questão- localizado na Rua Tabaiares, 150- contudo, segue ocioso e ganhou o apelido de “Terra Prometida”. “Como não tem nada no local, a gente pensou em construir um parquinho, mas não concluímos. Não tem opção de lazer na comunidade para as crianças e jovens”, lamenta Danielle Paixão, membra do Coletivo Caranguejo Tabaiares Resiste.

História talhada na pesca

Palafita de Bruno e Alexandra: saída dá para esgoto e viveiros de caranguejos. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

A ocupação humana da área que corresponde Caranguejo Tabaiares teve início por volta de 1910, quando pescadores e suas famílias, atraídos pela abundância de crustáceos, mudaram-se para a margem do mangue em busca de sustento. Um estudo feito pelo Centro Josué de Castro, em 2003, constatou que, embora tivessem sido identificados 14 criadores e 24 viveiros de camarão na comunidade, a atividade de criação e coleta não apresentou crescimento, devido à poluição do meio ambiente e à falta de apoio técnico aos produtores. “A Netuno, por exemplo, chegou a comprar muita coisa daqui. Nossa comunidade é muito boa, muito rica, tem história. Muita gente está de olho, imobiliárias, empresários, porque moramos praticamente no centro do Recife. Estamos resistindo”, comenta Danielle.

Ela coloca ainda que, durante a o período de quarentena, Caranguejo Tabaiares ainda não recebeu nenhum tipo de apoio da Prefeitura do Recife e do Governo de Pernambuco. “Estamos esquecidos. O álcool gel, álcool 70, as máscaras e os alimentos que chegaram para a gente vieram através dos movimentos de luta e de algumas pessoas. Digo que sofremos violência alimentar, por precisarmos estar batendo de porta em porta, em um período como esse, atrás de comida. Isso me cansa, me tortura”, queixa-se.

Isolamento possível

População tenta praticar isolamento comunitário, mas saídas para trabalho são inevitáveis. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Danielle divide uma pequena casa de alvenaria com mais cinco pessoas, somando filhos, marido, pai e mãe. “Meu esposo está recebendo seguro desemprego. Eu estou desempregada, mas conto com o R$ 156 do Bolsa Família e vou receber o auxílio [Emergencial, do governo federal] de R$ 600. Aqui, em Caranguejo, um vai ajudando o outro quando falta alguma coisa”, coloca. Diante da necessidade de realizar deslocamentos no interior da comunidade para garantir a subsistência da família, Danielle logo concluiu que o isolamento social sugerido por prefeitura e governo do estado é praticamente impossível de ser cumprido nas comunidades do Recife.

Para ela, a precariedade das habitações também é uma das razões pela qual as populações desses espaços urbanos insistem em permanecer aglomeradas nas calçadas, a exemplo do que se vê em Caranguejo Tabaiares. “A gente passou a defender o isolamento comunitário, ou seja, que ninguém daqui saia, nem ninguém de fora entre. Não é que a gente não queira, mas o povo não consegue ficar dentro de casa. Além disso, temos muitas domésticas e diaristas na comunidade, que os patrões continuam sem liberar do trabalho”, lamenta.

Saneamento

 

Torneiras compartilhadas dividem espaço das ruas com esgoto. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Caminhar pelas vielas de Caranguejo Tabaiares sem entrar em contato com o esgoto a céu aberto é uma tarefa árdua. Basta uma pequena chuva para que os transeuntes precisem saltar de um lado para outro das vias, em sua maioria, sem pavimentação. Carentes da estrutura necessária para instalações hidráulicas, as palafitas não possuem água encanada, obrigando seus moradores a dividir pias instaladas no chão das ruas e a cumprir com suas necessidades fisiológicas em casas de amigos ou parentes. “Como vamos manter a higiene, fazer a quarentena sem água em casa?”, questiona a desempregada Andrea Santos, que se acomodou na palafita do filho depois que perdeu a sua, com todos os pertences dentro, no incêndio de 2013.

De acordo com levantamento realizado pela Empresa de Urbanização do Recife (URB), no ano 2000, das 895 residências existentes em Caranguejo Tabaiares, 385 (43%) possuíam água encanada em casa, 588 (66%) delas despejavam seus dejetos em vala a céu aberto e 799 (88%) não estavam ligadas à rede de esgotos. A sujeira no entorno, agride até a memória. Sete anos depois, os destroços incinerados continuam nos fundos da nova palafita de Andrea. “Vim morar aqui para não pagar aluguel, ou come ou paga aluguel. Meu marido está desempregado, perdeu os bicos por causa do [novo] coronavírus e a gente sustenta três crianças e dois adolescentes com o dinheiro do Bolsa Família, R$ 251, que não dá”, conta.

Andrea tenta acomodar produtos para venda no vão único da palafita dividida com mais cinco pessoas. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Na tentativa de ampliar um pouco a renda, Andrea passou a aplicar uma pequena parte do benefício na compra para revenda, a alguns vizinhos, de salgadinhos e alguns produtos domésticos básicos, acomodados em um precioso espaço da sala de casa. “Quando vende, dá para tirar o dinheiro da carne”, completa. Com as crianças sem aulas, no entanto, a vida ficou ainda mais difícil. “A gente contava com a merenda, agora estamos vivendo do jeito que Deus quer. Se abrir a escola deles, não deixo meus filhos irem, não vão morrer por isso. Eu quero que isso [pandemia da Covid-19] acabe logo, não aguento mais. Piorou muito nossa vida”, desabafa.

Quem observa a beleza do Rio Capibaribe em toda sua dimensão nem imagina a história escondida de superação e de legado deixado por uma das primeiras moradoras do conjunto de palafitas localizado especificamente embaixo da Ponte RioMar, no entorno do Shopping Riomar, uma das áreas abrangidas chamada “colônia Zona 1-Pina”, no Recife. A equipe do LeiaJá foi recebida para conversar com a ex-pescadora Maria Helena, 73 anos, que dedicou mais de 65 anos à profissão. Em cadeiras de roda e sem enxergar, dona Maria nos aguardava já em uma mesinha branca numa espécie de pátio entre as casas improvisadas. 

De vestido vermelho florido, sorriso largo no rosto que nem de longe revelava a vida difícil levada ali, a matriarca da região contou a trajetória de sua vida baseada em muita luta, sofrimento, mas também de força de vontade. Ela alternou momentos de alegria e de tristeza ao recordar o tempo em que ativamente pescava. Até os 70 anos, Maria continuava trabalhando no misto de necessidade e paixão. 

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Nascida em Largo da Paz, na comunidade do Bode, próximo da redondeza, ela recordou a perda da mãe, ainda cedo, no começo da adolescência quando tinha 12 anos apenas. Ficou “de um canto a outro”, palavras dela, até se instalar na atual colônia. No entanto, a vida de pescadora começou ainda muito nova, aos 7, quando ia ao lado de outros familiares pegar “o peixe para comer”. Dona Maria ressalta a qualidade do peixe dos tempos passado. “O rio era rico, tinha toda qualidade de peixe. Lagosta, polvo, piquira, xira e caranguejo que só a beleza”. 

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Ela recordou com entusiasmo. “A gente esperava o mar secar porque tinha as horas da maré, hora para encher e para secar. Todo dia a gente pegava unha de velho, sururu e marisco. Era muito crustáceo mesmo, hoje não tem mais isso. Tá se acabado a pescaria todinha, mas se dragar a maré fica rica de novo, mas agora a água é poluída. Antes, a gente só vivia 'estribada', com dinheiro no bolso. Agora a pescaria não dá dinheiro não, mas eram dias bons de pescaria. Agora aparece defunto, lixo, pode melhora [sic], mas eu acho que vou coisar antes”, disse, se referindo à proópria morte. 

Entre as dificuldades, Dona Maria Helena conta que teve 18 filhos, sendo dez abortos espontâneos. Ao todo, ao mundo vieram 8, dois morreram e mais de 20 netos. Hoje, parte da família perpetuou o legado da alegre senhora. “O genro pesca, a filha, os netos pesca e eu tenho a minha aposentadoria, vivo levado umas em cheia e umas em vão”, falou sobre os altos e baixos da vida. 

Lamenta o fato de ter dado uma pausa há cerca de três anos. Há 10 anos, um acidente a fez ter que diminuir o ritmo aos poucos: “Tive que colocar platina”. Dona Maria diz que caiu em um buraco perto de uma rua próxima. “Tinha uns paus lá, eu vinha da beira-rio”. Fala sobre sentir orgulhoso de si mesma. “Eu tenho muito orgulho. Criei os filhos. Sou muito guerreira”. 

Maria tem o sonho de voltar a enxergar, após a possibilidade dita por um médico. O diagnóstico é catarata, que teria sido consequência de muitos anos exposta ao sol. “Sempre eu vivia com muito sol, muita quentura na cabeça. O doutor disse que tinha cura, então estou esperando. Se eu enxergar, eu posso andar”, enfatizou animada.  

Júlio Gomes/LeiaJáImagens 

A matriarca marisqueira tem muita fé. “Tenho tanta fé em Deus, eu pedi com tanta fé em Deus. Como eu tenho esperança em Deus. Eu queria enxergar para viver mais, esse é o meu maior sonho”.

O neto Luan, 21 anos, sente muito orgulho da avó e fala com admiração que é um espelho ali para todos. A filha Sandra Helena, 43 anos, que também mora na palafita, complementou. “Uma mulher muito batalhadora, que criou oito filhos. Trabalhou e é um orgulho muito grande ser filha de Maria Helena. Mesmo com todas as dificuldades, somos todos cidadãos. Eu me orgulho muito e passou de geração em geração. Agradeço a Deus por tudo o que ela fez. Ela representa uma mulher batalhadeira [sic], vitoriosa, que lutou com dignidade”. 

Sandra conta que o dia a dia é muito pesado. “Acordo cedo, fico dependendo da maré. Pode ser 3h ou 4h da manhã. Se for cedo, vai cedo. Eu pego marisco e sururu. São todos os dias, mas a gente que tem que estas disponível para a maré. É no mergulho mesmo, na lama, sem enxergar nada, com a ajuda da baiteira. Depois, limpa, bucha, limpa, cozinha, cata novamente, é um processo grande”. 

No entanto, ela garante que todo o esforço vale a pena. “Vale a pena porque é uma profissão. Antes era vergonha ser pescador, hoje se tem orgulho. Ai de muitos pescadores se não fosse a maré. É o meio de sustentar a nossa família”. 

Júlio Gomes/LeiaJáImagens 

Palafitas

A colônia Z1 do Pina abrange cerca de 2.100 pescadores. Na entrada, nos deparamos com alguns fazendo o covo, uma espécie de isca feita com tela de plástico e madeira. Wilson Galdino, 47 anos, experiente, diz que a batalha é dura para poder ganhar o dinheiro do pão. Às 4h já aguarda a maré e vai três vezes na semana. “Um dia sim e um dia não”. 

Em média, na área, convivem 70 famílias. Cada um tem seu horário e estilo de pescaria. Mariscos e sururu, por exemplo, apenas com a maré seca. Pescador de jangada sai às 5h da manhã e retorna no final da tarde, a depender. Já de barco, pode passar até 15 dias no mar para pegar lagostas e peixes maiores ficando no limite das chamadas paredes. Há de todo tipo: cavala, serra, beijupirá. 

Além do horário puxado, deve haver cuidados pela exposição da pele por causa da irradiação, a parte dental e também o cuidado com o câncer de pele. “Pescar é uma coisa maravilhosa e quando está pescando o peixe é uma alegria só. Tem dias que a gente pega tem dias que não pega”, disse Edson Gomes, 59 anos, um dos diretores da colônia que começou a pescar aos 8 anos de idade, herança do pai João e principalmente do avô Batista. 

Edson lembra que, no barco, o trabalho é em conjunto. Um arremessa a pedra para chamar o peixe e o outro rema. E vice-versa. O presidente da colônia, conhecido como seu Neno, também busca incluir socialmente os marisqueiros e no geral. Consciente da importância da “Veneza brasileira”, como é conhecida a capital pernambucana, ele luta em prol do meio ambiente e de ações para a área.

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Seu Severino, mais conhecido como o ‘Lobo Solitário’ por passar bom tempo do dia contemplando a vista pelo píer em sua cadeira de roda, também faz parte de toda a geração de pescadores. Ele vendia peixe na entrada da Rua São Luís, também na comunidade do Bode. Por um tempo, se tornou pescador. “Uma vida boa, mas também sofrida. Às vezes chove, às vezes faz sol e por aqui vou vivendo”, falou em rápidas palavras. 

Há quem se preocupe com o lado social, de humanidade os moradores da palafita têm sede. O dentista Haroldo Duarte montou um consultório odontológico na área onde atende todas as quintas à tarde para os que não tem condições de ter acesso à odontologia. Ele diz que fazer o bem não tem preço. Muito bem visto entre os pescadores, ele fala sobre a importância de ajudar o próximo. “É enriquecedor como pessoa e Deus ilumina a gente”. Mas ele também atende em outros locais como no Convento Frei Damião de Bozzano e o abrigo Santa Luzia, em Jaboatão dos Guararapes a cada 15 dias. Formado há 23 anos, Haroldo alerta que a saúde começa pela boca. “E assim vivemos aqui fazendo o bem, ajudando o próximo e escutando as ricas histórias dos pescadores”, finalizou.

Banhadas pelas águas do Rio Capibaribe, estruturas precárias abrigam gritos por uma cidade digna. Madeiras ou qualquer outro objeto que amenize os efeitos do sol e da chuva são utilizados em comunidades que resistem na história urbana da capital de Pernambuco, negligenciadas pela ausência de políticas públicas que pudessem garantir lares para centenas de famílias. O mesmo rio que embeleza nossa Aurora, cortado pelas belas pontes do Centro do Recife, também circunda barracos cheios de cidadãos que clamam por melhorias. Na Veneza Brasileira, as palafitas persistem e reforçam uma linha de desigualdade social tão clara aos olhos da sociedade e do poder público.

Há anos essas moradias significam a única opção de lar para muitos recifenses. O Recife das palafitas, sobretudo, sempre foi foco de intervenção municipal em diversas gestões, porém, nem todas as famílias foram contempladas por moradias bancadas pela prefeitura local ou governo federal. No bairro dos Coelhos, área central da cidade, várias comunidades ainda se utilizam das precárias estruturas construídas diante do Capibaribe, mas não desistem de cobrar ajuda em busca de lares dignos.

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Nem mesmo o calor, causado pelas lonas que servem para evitar goteiras, atrapalha o serviço de Maria José Pereira da Silva, de 55 anos. Na palafita onde reside há uma década, na comunidade Roque Santeiro I, bairro dos Coelhos, a senhora se aperta junto com dois filhos para caminhar entre a estrutura que representa a única opção de moradia da família. Ela precisa tratar os peixes que comercializa no Centro da cidade, afinal de contas, o sustendo dela e da família vem do trabalho, responsável por uma renda inferior a um salário mínimo. Em meio a tábuas e madeiras desgastadas pela ação do tempo, além de fiações elétricas expostas e um banheiro montado em meio a frestas que a qualquer momento podem causar acidentes, dona Maria luta, diariamente, a fim de garantir o mínimo de conforto para os filhos.

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Prática comum durante a construção das palafitas, um aterramento foi utilizado por dona Maria durante o levante da sua casa. Ela comprou o espaço por R$ 1.200 a uma senhora que não mais reside na comunidade. Da transação, Maria guardou apenas um recibo de compra. A estrutura precária, sempre banhada pelas águas do Capibaribe, instiga um alerta constante para as quase 240 famílias da comunidade Roque Santeiro. Como as palafitas podem cair a qualquer momento, resta aos moradores arrumar madeiras que servem de reparos contínuos. "Quando a maré sobe, a água chega a entrar em casa. Tem rato, barata, o risco de acidente é grande. Mas é o jeito, não tenho canto para morar em outro lugar. É melhor do que pagar aluguel, até porque não tenho condições", diz Maria José.

Nos becos estreitos da comunidade, as paredes de tábua se colorem em meio aos cartazes eleitorais que restaram após as últimas eleições. Também existem inúmeros cadastros da Prefeitura do Recife, que segundo os moradores locais serviriam, teoricamente, para fazer um levantamento de quantas pessoas precisam sair das palafitas para moradias dignas. Mas de concreto, o que há, até o momento, é o sofrimento de famílias jogadas à sujeira, entulhos, roedores, insetos, riscos de acidentes, além da falta de saneamento básico.

Auxiliar de serviços gerais, Larissa da Silva, 19 anos, cresceu entre as palafitas e até hoje assiste ao Capibaribe da janela improvisada do seu lar. Seria poético se o contexto representasse a apreciação do principal rio da capital pernambucana, mas a realidade é fruto da falta de habitação digna para a jovem e sua família. Ela tem um garoto de seis anos e também reside na Roque Santeiro, dividindo a estrutura de madeira com a irmã e sua mãe. O discurso de Larissa é de desapontamento, pois afirma que ouviu inúmeras promessas políticas, mas até o momento nada aconteceu. Em entrevista ao LeiaJá, ela e dona Maria José mostraram a dura e persistente realidade das palafitas do Recife:

Entre o ofício e a moradia precária

Bem próxima de um dos bairros mais nobres do Recife - Boa Viagem -, outra comunidade resiste ao tempo e aos malefícios da falta de saneamento básico das palafitas. Mais de 150 famílias vivem entre lixos, ratos, baratas, madeiras velhas, num local onde a esperança por uma vida melhor dá seus últimos suspiros. No bairro do Pina, Zona Sul do Recife, o Beco do Sururu – situado às margens de um estuário - acumula centenas de pessoas, a maioria pescadores, sedentas por uma solução concreta.

De acordo com o pescador José Carlos de Abreu, de 61 anos, a situação das palafitas é cada vez mais precária. Morador do Beco do Sururu há 25 anos, ele tenta manter a esperança por ações políticas que pudessem mudar a realidade, mas confessa que, aos poucos, a situação o deixa mais incrédulo. Ele diz que já ouviu promessas políticas dos mais diversos partidos, porém, nada saiu do papel.

“Aqui, o estado é crítico. Tem muito rato, estou vendo a hora pegar uma doença. Muitos políticos vieram aqui nas eleições, mas até agora só fizeram cadastro. As crianças correm o risco de cair entre as madeiras velhas. É horrível”, desabafa pescador.

Nora de seu José, a pescadora Josélia Francisca Lima, 23 anos, sentiu na pele os efeitos da estrutura precária. “Eu cozinhando aqui no barraco, de repente, a panela explodiu. Pegou fogo! A sorte foi que o vizinho viu e ajudou eu e meu filho a sair de casa”, conta Josélia. Por sorte, ela e a criança sofreram apenas pequenas queimaduras, mas na comunidade, não faltam relatos de acidentes e incêndios ainda mais sérios.

Além de seu José Carlos, outra moradora sabe bem o que é viver em busca de uma moradia digna. A marisqueira Ester Gomes, 49 anos, reside no Beco do Sururu há pelo menos duas décadas. Para ela, a melhor solução seria que a Prefeitura do Recife construísse outras moradias para acolher as famílias da comunidade, mas apesar da vontade de sair das palafitas, ela confessa que muitos moradores, por viverem da pesca, preferem um endereço próximo ao Pina. Confira, no vídeo a seguir, relatos do pescador José Caros e da marisqueira Ester:

PCR promete novas ações, mas empaca no governo federal 

Em nota enviada ao LeiaJá, a Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria Executiva de Habitação, informou que entregou, em junho de 2016, o Habitacional Travessa do Gusmão, situado no bairro de São José, área central da cidade. Na ocasião, foram entregues 160 apartamentos “destinados às comunidades residentes em palafitas localizadas às margens do Rio Capibaribe”. De acordo com a Secretaria, esse conjunto beneficiou parte do bairro dos Coelhos.

Já no que diz respeito ao habitacional Vila Brasil II, situado na Ilha Joana Bezerra, a Secretaria de Habitação diz que existem 320 moradias, mas as obras ainda não foram concluídas. Para isso, a Prefeitura “aguarda a reabertura dos financiamentos do programa federal Minha Casa, Minha Vida para dar início ao processo licitatório”.  Segundo a Secretaria, ainda não é possível estabelecer um prazo para a retomada das obras, justamente porque o procedimento necessita de recurso federal, entretanto, o local, ao ser concluído, poderá servir de moradia para os moradores da comunidade Roque Santeiro.

Procurada pelo LeiaJá, a Caixa Econômica Federal, que é a instituição responsável pelo programa “Minha Casa, Minha, Vida”, informou que a documentação inicial do empreendimento Vila Brasil II foi apresentada no início de maio deste ano pela empresa ganhadora do chamamento público realizado. “A documentação está em análise, aguardando complementação, para encaminhamento ao Ministério das Cidades”, consta na nota do banco. O prazo para esse procedimento, porém, ainda não foi definido. 

Em relação aos moradores do Beco do Sururu, no Pina, a princípio ainda não foi definido em qual conjunto habitacional eles poderão morar. Por outro lado, a Prefeitura do Recife destaca que, durante a atual gestão, 12 habitacionais foram entregues, sendo boa parte deles destinada a pessoas que viviam em palafitas.

 

“Na atual gestão foram entregues 12 Conjuntos Habitacionais com 1.346 unidades (casas e apartamentos). Cada residência é dotada com um novo padrão construtivo, com sala, dois quartos, cozinha, banheiro e área de serviço. Todas as unidades habitacionais contam com cerâmica nas áreas molhadas (banheiro e cozinha), além de equipamentos de acessibilidade”, informou a Secretaria de Habitação do Recife. 

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Em espaços improváveis, sobre o mato que cresce nos lugares esquecidos, famílias inteiras, crianças, cachorros. Nos barracos de madeira e lona, onde se é íntimo da miséria e da dureza da existência, vivem inúmeras pessoas nas invasões do Recife. Invasões, ocupações que crescem e se tornam comunidades. São várias na capital pernambucana, a mesma que se orgulha pelos novos empreendimentos, pelo alto padrão de vida. 

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Vizinhos ao Aeroporto Internacional dos Guararapes, de onde chegam e saem tanta gente, eles permanecem. Uma comunidade nascida ao lado dos trilhos, num terreno da União, espremida entre a Avenida Recife e a pista do Aeroporto. De um lado, carros; do outro, aviões que embarcam e desembarcam. Na última sexta-feira (5), um incêndio acabou com dois barracos, inclusive o de Antônio Francisco Ferreira. 

“Destruiu tudo, era fogo demais. Vi minha máquina de solda, minha TV, bicicleta, liquidificador, tudo perdido. Trabalhei para ter tudo o que eu tinha aqui, mas Deus não deixa cair uma folha sem sua permissão”, dizia resignado o morador que há um ano e dois meses se mudou para a comunidade. Vivia de aluguel em uma casa ali mesmo no Ipsep. Separado da mulher, tem um filho e contato quase zero com o resto da família. “As pessoas me ajudaram, deram roupa, porque perdi tudo. Mas é difícil, porque sentimos falta das nossas coisas”, lamentava Antônio Ferreira. 

A comunidade, apesar de existente há quase dois anos, ainda não tem nome. Os moradores ainda lutam pelo cadastro na Prefeitura. Não é do desconhecimento de ninguém: têm pessoas que “não precisam” e mesmo assim vão para dar o nome no cadastro e conseguir um apartamento em algum dos conjuntos habitacionais da gestão pública. Mas esses não representam a maioria dos moradores, segundo eles. A maioria que está ali precisa. 

“Só saio com as casas. Não dá pra viver de aluguel”, garantiu Maria de Fátima do Carmo, com uma das netas nos braços. No barraco, mora ela, a filha e dois netos. Sobre o barulho emitido pelos aviões, ali tão próximos, a necessidade parece falar mais alto. “Esse barulho é que faz a gente dormir mesmo (risos). A gente já se acostumou. Só tem um que é o maior e faz uma zoada danada, mas quase não passa”, explica a mulher. 

Também considerada em local de risco, as comunidades Vila Sul 1 e 2 rapidamente foram erguidas em outro terreno da União, pertencente atualmente à Ferrovia Transnordestina Logística. Também ao lado dos antigos trilhos do trem, embaixo dos pontilhões do Metrô do Recife, várias famílias se alojaram no espaço localizado na Avenida Sul. Lá, todos já estão cadastrados, mas o sentimento de insegurança tem crescido. Pequenos incêndios atingiram o lugar e muitos moradores têm certeza de terem sido práticas criminosas, feitas de propósito. 

Os fatos se tornaram casos de Polícia. “Não queríamos envolver a Polícia, mas não tem jeito. Entramos em contato com o pessoal da Delegacia da Rio Branco, porque isso não pode ficar assim. São, claramente, incêndios criminosos que podem tirar vidas de pessoas daqui”, afirmou uma das lideranças do local, Bernadete Oliveira. Em outras comunidades do Recife, que nasceram de invasões semelhantes à do Aeroporto e à Vila Sul, hoje existem casas de alvenaria, mas o risco permanece. 

No dia 31 de Agosto, seis casas foram atingidas por um incêndio na Comunidade Vila Miguel Arraes, em Cajueiro. Muito próximas umas das outras, todas ficaram destruídas. Apesar das várias crianças residentes no local, ninguém se feriu. Muitos dias após o incidente, os moradores ainda retiram os entulhos e tentam encontrar objetos sob as cinzas. “Era uma e pouca da manhã. Só deu tempo de tirar as crianças. Até hoje ninguém sabe o motivo. Demos os nomes à Codecir (Coordenadoria de Defesa Civil do Recife), eles mandaram uns colchões. Estamos na casa de amigos, parentes”, disse uma das moradoras atingidas, Wilma Santos. 

Nova cidade, cenários antigos

No bairro do Pina, há alguns anos, às margens do Rio Capibaribe não havia shopping, grandes empresariais; não existia a Via Mangue e, mesmo assim, elas já estavam lá. As palafitas são um dos elementos mais degradantes do urbanismo em algumas das grandes cidades do país. No Recife, mesmo com o “desenvolvimento”, de um lado, do outro os barracos levantados sobre o mangue resistem ao tempo. 

Para a construção da Via Mangue, diversas famílias precisaram sair dos barracos e foram direcionadas aos habitacionais Via Mangue 1, 2 e 3. Houve quem só recebeu as indenizações, de acordo com Empresa de Urbanização do Recife (URB). Aproximadamente mil pessoas, diz o órgão. Os trabalhos no local foram concluídos, mas ainda há pessoas que sobrevivem nas palafitas, há bastante tempo. 

Catador de latinhas, Fábio José do Monte já perdeu a conta de quanto tempo vive nas palafitas. “A minha sobrinha já nasceu aqui e hoje tem 22 anos. Faz tempo. É complicado, quando chega a eleição sempre vem algum candidato, mas nunca faz nada. Quando começaram a construir a Via Mangue, teve um barraco ali que rachou. Além dos bichos, ratos, que passam sempre aqui. Se eu tirasse um salário mínimo, com certeza não viveria aqui”, afirmou o catador que diz conseguir cerca de R$ 120 por mês com o trabalho.

Eles garantem que as palafitas são as únicas opções de moradia da família. Parentes de Fábio, Milene Celestino e Ebert Liberato moram juntos no barraco ao lado. “O sentimento é de que somos excluídos. As pessoas se esqueceram daqui. Ninguém veio para cadastrar ninguém”, mencionou Ebert. Todo ano eles precisam trocar as tábuas de madeira – o chão – do local. O banheiro improvisado leva os dejetos diretamente na maré. “A presidente (na inauguração da Via Mangue) passou aí e viu a gente. Não fez nada, né?”, se questiona Milene. 

Prefeitura garante apoio às ocupações

O Secretário de Habitação do Recife, Romero Jatobá, conversou com a reportagem do Portal LeiaJá e disse que a Prefeitura trabalha incansavelmente para encontrar soluções a estas pessoas. Sobre a comunidade do Aeroporto, Jatobá explicou que “está em total apoio com as lideranças e está visualizando um conjunto habitacional para os moradores”. Segundo o secretário, o prazo para a solução das famílias é ainda para esta segunda quinzena de setembro. 

Já cadastrados, os moradores da Vila Sul 1 e 2 estão em maior contato com a Prefeitura e o terreno está em vias de negociação com a comunidade. Questionado sobre a prática de algumas pessoas levantarem barracos apenas para “ganhar apartamentos” nos habitacionais da Prefeitura, Romero Jatobá garantiu que há uma fiscalização sobre isso. “Infelizmente, ainda encontramos tais pessoas. Eles fazem com que outros, que precisam, percam vagas. Mas a Prefeitura tem seus critérios, na hora de analisar os cadastros, como renda, família, e fiscalizamos com um cruzamento de dados, para saber se a pessoa já foi contemplada ou indenizada em alguma ocupação”, disse Jatobá. 

O caso mais difícil são o dos moradores das palafitas. A Secretaria de Habitação argumentou que o caso é de responsabilidade da URB, mas a Empresa de Urbanização explicou que ficou incumbida de resolver os casos das palafitas no perímetro da Via Mangue. Os demais barracos, como os de Fábio, Milene e Ebert, mais afastados da nova opção de mobilidade à Zona Sul, parecem ser de ninguém. E lá continuarão, até algum novo empreendimento que impeça sua permanência. 

O candidato a parefeito do Recfie Mendonça Filho visitou na manhã desta terça-feira (28), o Conjunto Habitacional do Cordeiro, construído para abrigar as famílias que foram retiradas das palafitas de Brasília Teimosa e criticou a atual situação de abandono em que se encontra o residencial. "Não adianta se gabar de ter dado moradia às pessoas se depois disso você as joga no total abandono, sem manutenção do local, sem limpeza urbana, sem segurança e médicos para atender os moradores", declarou o democrata.

De acordo com a assessora de imprensa do candidato, a dona de casa, Marinês Ferreira queixou-se do posto de saúde instalado na comunidade, que distribui, semanalmente, 16 fichas de atendimento e somente um médico faz o atendimento. "Quase toda semana tem briga aqui por conta dessas fichas. Agressão mesmo. São ao todo quase quatro mil moradores e muita gente adoece. Todo mundo precisa ser atendido e são só 16 vagas. Se não der ou a pessoa espera, doente, ou sai andando até o Detran, onde tem o posto mais próximo".

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Outro morador do local, o atendente, Cláudio Giovani, também reclamou da ausência de áreas de lazer para os moradores. "No projeto inicial constava uma quadra poliesportiva, mas hoje o que existe é um pasto para cavalos. Sem contar a Polícia, que quando entra aqui não respeita ninguém e sai distribuindo pancadas. Pioram a manutenção, a coleta de lixo, a segurança pública e agora essa situação calamitosa do posto de saúde, com pessoas literalmente brigando por fichas de atendimento".

Mendonça também lembrou que representa a verdadeira oposição no Recife. "Agora há pouco fui abordado por uma senhora que me disse estar cansada dos políticos e de suas promessas. Eu disse que ela tinha razão, mas que eu nunca tive oportunidade de chegar à Prefeitura e mostrar que posso fazer uma gestão diferente. O que eu peço é essa chance, e o povo está começando a entender que a hora é de mudança. Chega de vermelho e de amarelo", enfatizou o candidato.

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