Tópicos | refugiados

O drama dos refugiados que impressiona cada vez mais o mundo inteiro e se manifesta também no Brasil com a entrada de venezuelanos e sírios foi tema de debate na Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

Deputados e especialistas discutiram soluções para acolher e regularizar populações que fogem de guerras e conflitos políticos, deixando tudo o que tinham para trás. Acompanhe na reportagem da TV Câmara:

##RECOMENDA##

[@#video#@]

* Da TV Câmara - GM

 

A trans Bianka Rodríguez recebeu um prêmio da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) nesta quarta-feira por sua luta pelos direitos da comunidade LGBTI em El Salvador.

Rodriguez, 26, recebeu o Prêmio Nansen de 2019 para os Refugiados da ACNUR em uma cerimônia em San Salvador.

"Durante a cerimônia, a embaixadora norueguesa em El Salvador, Rut Krüger Giverin, descreveu Rodriguez como "uma feroz e destacada promotora dos direitos humanos".

O Prêmio Nansen é financiado pelos governos da Noruega e da Suíça.

Em agosto passado, uma dezena de organizações que defendem a diversidade sexual em nove países latino-americanos apresentaram um relatório sobre números de homicídios de pessoas LGBTI entre 2014 e 2019.

Segundo o relatório, 1.292 pessoas dessa comunidade foram mortas durante esse período nos países participantes do estudo.

Do total de mortes, 542 foram registradas na Colômbia, 402 no México, 164 em Honduras, 57 no Peru, 53 em El Salvador, 28 na República Dominicana, 26 na Guatemala, 12 no Paraguai e oito na Bolívia.

[@#video#@]

Foram semanas e mais semanas de treinamento. Integração entre diferentes nações. Haitianos treinando com senegaleses. Angolanos, com venezuelanos. A equipe de Cabo Verde interagindo com um jovem de Benin. Em campo, diferentes formas de se comunicar: crioulo, espanhol, francês, árabe. Todos unidos, porém, por uma só língua universal: a do futebol. Os 80 atletas de diferentes rincões do planeta estarão juntos no próximo domingo (15), a partir das 8h, na Arena de Pernambuco, para a primeira Copa de Imigrantes e Refugiados do Recife.

##RECOMENDA##

A entrada custará 1 kg de alimento não perecível, que será destinado a uma entidade que cuida da causa em questão. Além dos jogos, uma série de atrações promovidas pelos imigrantes e refugiados circundará o evento como, por exemplo, barracas com comidas típicas de diversos países, danças culturais nos intervalos dos jogos e desfile de moda africana, com o estilista senegalês Lassana à frente. A Copa terá o lançamento oficial na próxima sexta-feira (13), às 9h, na sede da Federação Pernambucana de Futebol. Mais de 40 voluntários foram recrutados para ajudar na organização, que contou com uma verdadeira corrente do bem para acontecer. Corrente que também trouxe a cantora pernambucana Erica Natuza, finalista do último The Voice Brazil, para perto do evento. Ela também se apresentará na Arena. 

Os confrontos já estão definidos. Angola x Senegal abrem a competição de um lado do chaveamento. Do outro, estão Cabo Verde x Venezuela. Serão dois tempos de 15 minutos. Os vencedores farão a grande final, que dará ao vencedor a chance de disputar a etapa nacional da Copa, em novembro, no estádio do Maracanã, Rio de Janeiro. Eles terão direito a passagem aérea, hospedagem e alimentação para viver o sonho de jogar no maior palco do futebol nacional.

Criada em 2014, em São Paulo, pela primeira vez a Copa de Imigrantes e Refugiados chega no Nordeste, mais especificamente em Pernambuco, graças a voluntários e organizações como o Gade (ONG pernambucana), de entidades como o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a Defensoria Pública da União (DPU) no Recife, de clubes como Sport (com grande apoio, doações de materiais esportivos e camisa autografada), da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), do Escritório de Assistência à Cidadania Africana em Pernambuco (EACAPE) e do Governo do Estado, através da liberação de toda a estrutura da Arena de Pernambuco (com excelente disposição da administração em colaborar), além da força da sociedade civil.

A Copa surgiu como uma iniciativa da organização não governamental (ONG) África do Coração, com o apoio da Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). De pronto, a disputa tornou-se um sucesso porque, além de promover o protagonismo de quem usualmente é visto como antagonista, ainda pôde mostrar as realidades dessas vidas para o público brasileiro, e, assim, dar mais um passo para romper os preconceitos, as discriminações e lutar contra a xenofobia. 

Senegal, Angola, Cabo Verde e Venezuela foram as seleções escolhidas para o torneio. Apesar dos nomes, todavia, as equipes são mistas, com competidores de diversos países compondo cada bandeira. Na edição atual, estarão presentes atletas amadores representantes de Haiti, Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola, Senegal, Venezuela, Colômbia, Israel e Benin. Cada equipe terá 20 jogadores, totalizando 80 imigrantes e refugiados.

O objetivo é simples: promover a integração a partir do esporte e a inclusão dos diferentes povos. O gesto, em contrapartida, é nobre, de significado ímpar. Constrói-se um espaço de união e confraternização para livre expressão dos refugiados e das refugiadas que têm em comum o destino que escolheram para viver: o Brasil.  

“Eu, como imigrante, há nove anos no Brasil, sei a diferença que é ser bem acolhido, receber um sorriso, ser bem tratado. Ajuda muito. Essas pessoas têm importância na sociedade e essa Copa é muito valiosa para mostrar que imigrantes e refugiados também podem ser respeitados. E o esporte tem o poder de integrar a sociedade a se unir e a acolher quem está longe de casa. Psicologicamente isso tem um impacto muito grande”, afirmou o engenheiro haitiano Jean Baptiste, presidente do Grupo de Embaixadores para o Desenvolvimento (Gade, sigla que significa "olhar" em crioulo), ONG que colabora diretamente na organização do evento em Pernambuco.

O tema da Copa dos Refugiados e Imigrantes 2019 é “Reserve um minuto para ouvir uma pessoa que deixou o seu país”. Ao todo, a competição envolve aproximadamente 1.120 atletas de 39 nacionalidades, reunindo pessoas em situação de refúgio e migrantes. As disputas regionais acontecerão ainda no Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Brasília e Curitiba, além do Recife. As seis cidades poderão enviar um representante cada para a fase final, no Maracanã.

“O evento reflete um projeto de integração de pessoas refugiadas por meio do esporte, envolvendo refugiados que representam seus países de origem que buscam promover suas culturas, talentos e conhecimentos no Brasil. Para o ACNUR, ganham os refugiados, imigrantes e a população brasileira”, defende José Egas, Representante do ACNUR no Brasil.

Programação:

Sexta-feira

9h - Lançamento oficial da Copa dos refugiados, na FPF

Domingo

Jogos na Arena de Pernambuco

8h30 - Angola x Senegal

9h30 - Cabo Verde x Venezuela

11h - Decisão

A partir de 15 de setembro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública passará a receber exclusivamente pela internet todos os pedidos de refúgio no Brasil. Os interessados deverão acessar o site do Sisconare para obter o serviço.

Segundo o ministério, o sistema eletrônico vai substituir os formulários de papel em todo o território nacional e vai possibilitar que todos os órgãos envolvidos no processo de solicitação de refúgio, como a Polícia Federal (PF) e o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), possam ter acesso mais rápido ao caso do solicitante. 

##RECOMENDA##

Para fazer o pedido de refúgio no Brasil será necessário fazer o cadastro no sistema. Em seguida, o solicitante receberá um e-mail para definir a senha de acesso e poderá preencher o formulário do pedido de refúgio. Também será marcada uma data de comparecimento à Polícia Federal (PF) para entrega de documentos. 

As pessoas que já foram aceitas como refugiados poderão usar o Sisconare para atualizar as informações pessoais. 

O refúgio é uma proteção legal oferecida pelo Brasil para cidadãos que deixam seus países de origem por motivos de perseguição política, religiosa ou por violações de direitos humanos. 

Lidar com as regras de um desconhecido sistema bancário é apenas um dentre os diversos desafios enfrentados por quem busca recomeçar suas vidas em um novo país. Mas a falta de certas informações pode levar a escolhas ruins que dificultam a busca pelo equilíbrio financeiro. Buscando evitar as armadilhas, um grupo de refugiados e imigrantes residentes no Rio de Janeiro a se mobilizarem em busca de conhecimento.

"Pude compreender melhor sobre os créditos. Não se deve aceitar o que os bancos estão oferecendo sem pensar com calma. Tem que ter consciência", disse a venezuelana Yennifer Zarate, após participar na última terca-feira (3) do painel Refugiados e a Empregabilidade no Brasil, que tratou do assunto. A iniciativa é da gerência de responsabilidade sociocultural da estatal Furnas. Venezuelanos, congoleses, sírios e outros estrangeiros puderam acompanhar gratuitamente a exposição de diversos especialistas.

##RECOMENDA##

O russo Andrei Kisselev, que morava no Uruguai e se mudou para o Brasil há cinco meses por enxergar no país um melhor cenário econômico, saiu satisfeito. "Acho que posso fazer aqui alguns negócios com mais êxitos. E o que foi falado é extremamente importante, porque são coisas muito específicas. Me interessa muito os detalhes que possam ter relação com importação e exportação, porque é algo que estou começando a negociar. E essas informações ajudam a evitar problemas e a nos preparar antes de começar uma atividade".

Claudia Regina Tenório, assistente social de Furnas, conta que os próprios refugiados, durante a edição anterior do painel, reivindicaram uma discussão específica sobre sistema financeiro. Ela destaca como o conhecimento pode ser determinante e cita casos em que estrangeiros perderam oportunidades de trabalho porque não estavam previamente informados sobre a possibilidade de se registrarem como microempreendedor individual (MEI).

O registro de MEI dá ao profissional autônomo o status de pequeno empresário. Ele passa a figurar no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), o que pode ajudar a abrir portas no mercado de trabalho. "Não basta que as oportunidades existam. É preciso oferecer conhecimento para que eles possam estar preparados para aproveitar essas oportunidades", diz Cláudia.

Engenheira industrial, Yennifer trabalhou por anos em uma mineradora na Venezuela e decidiu deixar o país há um ano e cinco meses. Ela precisou andar por oito dias antes de alcançar Boa Vista, capital de Roraima. De lá, sem recursos e passando fome, conseguiu uma carona que lhe levasse até Manaus, onde teve apoio para chegar ao Rio de Janeiro.

"Meu filho e meu marido faleceram, o que me fez decidir sair do meu país. Meu filho morreu recém-nascido por falta de oxigênio. Nenhum hospital na região estava equipado. E depois meu marido sofreu um acidente. Fiquei desesperada e pensei: 'se eu fico, vou morrer também'. A crise econômica afetava tudo. Mesmo uma gripe poderia matar porque não havia condições mínimas de atendimento".

No Brasil, ela está reconstruindo sua vida. Tornou-se artesã e obteve, no ano passado, seu registro como MEI. Ela cita como fundamental o acolhimento da Cáritas, entidade humanitária vinculada à Igreja Católica. "Cheguei no Rio, não sabia o que fazer, não falava nada de português. Mas fui informada na Cáritas sobre o curso de cuidador que é oferecido por Furnas e me inscrevi. Com o curso, consegui um trabalho com pacientes com câncer e no tempo livre aprendi a costurar, o que me deu uma nova atividade. Hoje eu vendo produtos em várias feiras, em Copacabana, em Botafogo, na Freguesia", celebra.

Encontrar uma nova atividade econômica após deixar seu país, como no caso de Yennifer, é comum. Dados de uma pesquisa divulgada em junho pela Universidade Federal do Paraná, em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), revela que apesar de possuírem geralmente alta qualificação, a maioria dos estrangeiros refugiados no Brasil trabalha de forma autônoma e não consegue atuar na área de formação.

Dos 462 refugiados entrevistados, 315 desenvolviam atividades distintas daquelas vinculadas à sua profissão anterior, o que representa 68% do total. Além disso, 19% estavam desempregados neste período. O índice é superior à média nacional de 11,8% apurada no mês passado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O país reconhece mais de 11 mil refugiados , segundo dados da Acnur de dezembro de 2018.

Enquanto busca se preparar para crescer com suas novas atividades profissionais, Yennifer continua enfrentando dificuldades impostas pela situação econômica de seu país. "É muito difícil. Abri minha microempresa em novembro e só no mês passado consegui dar a minha mãe essa notícia. Onde ela mora, as condições de comunicação são precárias. Mas finalmente contei que minha empresa se chama Alice Artesanatos em homenagem a ela."

Alertas

No painel organizado por Furnas, Yennifer pôde aprender as diferenças entre uma conta corrente e uma conta salário e entender algumas taxas cobrados por bancos. Ela também foi alertada sobre o alto índice de endividamento e inadimplência no país.

"Falar para o refugiado é um desafio pois é um público muito heterogêneo. Você tem pessoas de nacionalidades diferentes e que vieram de realidades socioeconômicas muito diferentes. Há pessoas que mesmo vindo de realidades parecidas, vivem situações distintas no Brasil: umas mais outras menos estabilizadas. Fiz um exercício de me imaginar como estrangeiro. O que eu preciso saber para que não caia em armadilhas? Os brasileiros já têm dificuldade, imagina o estrangeiro que acabou de chegar?", disse um dos palestrantes, Victor Ayres, analista de projetos do Instituto Sicoob, entidade vinculada ao Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil.

Victor destaca os problemas advindos da falta de cautela no uso do cheque especial e do cartão de crédito, que possuem juros altos. Ele orientou os refugiados a pesquisar outras modalidades de crédito, com condições mais favoráveis, caso necessitem de recursos para impulsionar seus negócios.

Outra dica do palestrando foi sobre o pacote de serviço bancário. "Muitos refugiados estão vendo dinheiro sair de suas contas correntes e não sabem o porquê. Quando eles foram abrir a conta, o funcionário do banco ofereceu o pacote básico para eles que custa cerca de R$ 10 por mês. Mas provavelmente não contaram que existe a opção gratuita, que é o pacote essencial", explica. O pacote essencial permite ao correntista mensalmente efetuar quatro saques, realizar duas transferências entre contas da mesma instituição e retirar dois extratos no caixa eletrônico. Se esses limites forem suficientes para a pessoa, ela pode pedir o cancelamento do pacote básico.

 

Desembarcando pela primeira vez no Nordeste, a Copa dos Refugiados e Imigrantes 2019 terá uma das etapas regionais disputada no próximo dia 15 de setembro, na Arena de Pernambuco, Região Metropolitana do Recife. As seleções sorteadas para a disputa na capital pernambucana foram Senegal, Angola, Cabo Verde e Venezuela. Os jogos têm início às 8h e a entrada da torcida é gratuita. 

“Reserve um minuto para ouvir uma pessoa que deixou o seu país”. Esse é o tema da Copa dos Refugiados e Imigrantes de 2019, que além do lazer do jogo de futebol, visa garantir o protagonismo dos estrangeiros e mostrar a cultura dos participantes com o intuito de romper barreiras sociais e lutar contra a xenofobia. Outro objetivo é chamar atenção para a necessidade de inserir formalmente os refugiados e imigrantes no mercado de trabalho brasileiro. 

##RECOMENDA##

O Brasil contabilizava, em dezembro de 2018, 11.231 refugiados já reconhecidos. Naquele mesmo mês, havia 161.057 solicitações de reconhecimento da condição de refugiado. Dos refugiados já reconhecidos, 36% são sírios; 15% congoleses; 9% angolanos; 7% colombianos e 3% venezuelanos.

Ainda de acordo com dados do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), há, em todo o mundo, 25,9 milhões de refugiados. Ao final de 2018, cerca de 70,8 milhões de pessoas foram forçadas a deixar seus locais de origem, motivadas por diferentes tipos de conflitos.

Seleções de Cabo Verde e Venezuela treinam na UFPE. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Em entrevista ao LeiaJá, o engenheiro Jean Katumba, da ONG África do Coração, responsável pela criação e organização da Copa, contou que a ideia é moldar o evento e torná-lo semelhante à Copa do Mundo de Futebol. “A gente sabe que as pessoas param para assistir o futebol. É uma maneira de chamar atenção para a nossa causa. Também queremos que a nossa copa seja uma plataforma de livre expressão dos imigrantes e refugiados”, disse. 

Katumba chegou ao Brasil como refugiado, saindo do Congo, há seis anos e entre muitos sonhos, decidiu apostar suas fichas na “competição” amistosa. “Sabemos que o esporte é uma linguagem universal. Futebol então, no Brasil, é o esporte mais querido e o que pode mais integrar as pessoas. Você não precisa falar português ou inglês. Queremos gritar gol juntos, imigrantes, refugiados e brasileiros”, destacou. 

Sobre ter escolhido pela primeira vez uma capital do Nordeste, Katumba acredita que existe um entendimento errado sobre imigração e refúgio na região. “Já escutei dos próprios imigrantes que vivem em São Paulo questionamentos para saber se iriam levar os residentes da capital paulista para jogar no Nordeste. Eles acham que não há imigrantes e refugiados naquela área. O que é muito diferente da realidade, pois cada vez mais os nordestinos recebem essa população. A gente também sabe que cada região tem sua dificuldade”, explicou. 

Apesar da Copa ter os países representantes na competição, as equipes podem ser mistas e os jogadores não necessariamente precisam ser de alguma nacionalidade específica. No Recife, por exemplo, só foram escolhidas quatro seleções oficiais, mas há participantes do Haiti, Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola, Senegal, Venezuela, Colômbia, Israel e Benin. Ao todo, a competição envolverá aproximadamente 1.120 atletas de 39 nacionalidades e 46 seleções agregando pessoas em situação de refúgio (solicitantes de refúgio e refugiados reconhecidos) e imigrantes. 

Lieka é natural do Congo, país da África. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

Papa Sufre acredita que o evento é muito mais do que uma competição, mas também o momento para se sentir em casa. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

A reportagem do LeiaJá acompanhou o treino das seleções de Cabo Verde e Venezuela. David Lieka, 34, é imigrante do Congo e veio ao Recife estudar na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). É a primeira vez que vai jogar a Copa e diz que apesar de estar fora de forma, suas expectativas estão altas. “Para a gente é até bom os brasileiros terem um novo olhar sobre a imigração. A gente que é estudante ainda está em uma situação melhor pelo fetiche de falarmos outra língua, mas muitos refugiados e imigrantes que só trabalham sofrem muito mais”, afirmou. 

Lieka vai representar a equipe de Cabo Verde, que é composta basicamente por estudantes imigrantes da UFPE de diversas nacionalidades, em sua maioria africanos. Eles já têm a tradição de jogar futebol todos os sábados na quadra da instituição e por isso estão apostando em vencer a etapa regional e representar Pernambuco na grande final, realizada em outubro, no Maracanã, Rio de Janeiro. Organizado pela ONG África do Coração, com o apoio do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) e da Organização Internacional para as Migrações (OIM), a competição surgiu em 2014, em São Paulo. A iniciativa teve, em 2017, uma edição realizada em Porto Alegre e outra, em 2018, no Rio de Janeiro. Este ano, a Copa dos Refugiados e Imigrantes terá estreia em Brasília, Curitiba e no Recife.

Papa Sufre, 30, diz que está contente pela organização do evento trazer pela primeira vez a Copa ao Nordeste. “É uma forma de aproximação com outros imigrantes e refugiados. Sentir a sensação de estar em casa e poder encontrar outras pessoas de diferentes nacionalidades não tem preço e sendo através do futebol, então, será incrível”. 

Altino aposta no evento inclusive para revelar possíveis talento no futebol. Foto: Júio Gomes/LeiaJáImagens

Altino Mulungu, gestor do Escritório de Assistência à Cidadania Africana em Pernambuco (Eacape), é um dos responsáveis pela organização da Copa em Pernambuco. Para ele, o momento é muito oportuno e o evento tem tudo a ver com a realidade do estado. “Pernambuco sempre foi cosmopolita desde séculos passados, é só olhar a nossa história. Temos aqui no Recife o consulado mais antigo do Brasil, é o Britânico de 1808. Também temos a primeira Sinagoga das américas, no bairro do Recife Antigo. É uma prova incontestável que esse direito migratório de ir e vir sempre esteve em nossa realidade. É um respeito ao nosso legado com a imigração”, detalhou Mulungu. 

[@#video#@]

Jean Baptiste é um dos organizadores da edição inédita da Copa dos Refugiados e Imigrantes no Recife. Foto: Júio Gomes/LeiaJáImagens

O haitiano Jean Baptiste Joseph, 33, vive no Brasil desde 2010, mas é natural de Jean-Rabel, região mais pobre do Haiti. Na capital pernambucana, ele fundou em 2018 o Grupo de Embaixadores para o Desenvolvimento (GADE). Jean acredita no poder da inclusão social pelo esporte e pelo contato com o outro. "Eu sou imigrante e sei como é difícil ter essa integração social. A ideia também é que as torcidas de Pernambuco se unam para incentivar uma só ideia. O acolhimento aos imigrantes e refugiados", apontou. Como é um evento sem fins lucrativos, a Copa dos Refugiados também conta com o apoio de parcerias e voluntariado. "Ainda estamos na correria para conseguir algumas chuteiras para os meninos jogarem", disse. 

Em outro momento Jean esclarece que existe a vontade de propor uma Copa feminina de futebol, mas ainda é preciso saber se há mulheres suficientes para compor os times em cada região. “Talvez incluir outros esportes, realizar mais palestras e tornar o assunto como algo natural que acontece no mundo. As migrações são parte da nossa história”, complementou o pesquisador.

Para a Organização Internacional para as Migrações, agência da ONU para as Migrações, o aspecto sociocultural, muitas vezes deixado em segundo plano na integração dos migrantes e dos refugiados, é fundamental. “Apoiar iniciativas como a Copa dos Refugiados e Imigrantes é importante para nós, pois acreditamos que elas reforçam a criação de condições que garantam uma inclusão sustentável e benéfica a todos, migrantes e brasileiros. E esse é o espírito que a OIM difunde ao redor do mundo: todas as pessoas são iguais em termos de direitos humanos, independente da nacionalidade e condição migratória. Iniciativas como essa, que promovem a integração social e cultural dos migrantes e refugiados são importantes para mostrar a diversidade das pessoas, aumentar a empatia em relação aos migrantes e ajudar a construir um entendimento mais justo de suas realidades, perspectivas e necessidades”, destacou o órgão. 

Alguns integrantes da Venezuela se preparam para a competição no próximo dia 15 de setembro. Foto: Eduarda Esteves/LeiaJáImagens

O venezuelano David Ramos, 42, é imigrante temporário e veio ao Recife através do Programa Pana, que visa a assistência humanitária e o apoio na integração da população migrante da Venezuela em vulnerabilidade, através de aluguéis subsidiados e da Casa de Direitos. Ramos salienta que reuniu os refugiados e estão treinando aos domingos para fazer bonito no dia do jogo. 

Para o futuro, o criador da Copa, Jean Katumba, sonha em torná-la internacional. “Acreditamos que o crescimento do evento pode aumentar ainda mais essa integração que tanto buscamos, não só no Brasil, como no mundo. Porque a gente sabe que a causa da imigração e dos refugiados é também internacional. Queremos cidadãos do mundo. 

Para a realização do evento no Recife, o apoio é também de representantes do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), da Defensoria Pública da União (DPU), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), que garantiu a viabilização da Arena de Pernambuco para a realização da competição.

Escalação das equipes

Senegal: Mame Thierno, Ahmet Sarr, Moudo Fall Tine, Tapha Geuye, Samba Fall, Ahmet Fall, Modou Lo, Elhadji Ndiaye, Mamor Diop, Ibrahim Lacom, Ibrahim Loum, Matar Cisse, Atou Khoule, Mamadou Balde, Asse Diange, Abdou Syla, Same Sow, Omar Cisse, Yahya Lam, Moussa Ndiay

Venezuela: Johan Flores, Andres Gonzalez, Robert Nieto, Jose Caguama, Orlando Garcias, Misael Rodriguez, Jordis Caraballo, Rodrigo Escobar, Cesar Beria, Llefridaniel Zambrano, Lleri Zambrano, Ivan Pokomovsky, David RAmos, Jose Vaquero

Angola: Geogany Carlos, José Lima, Arieh Calisto, Manuel Campos, Jesdras Banjale, Yuri Agostinho, Adriano Diogo, Pedro Sabonete, Delson Culembe, Agostinho Cortez, Nelson Nzage, Ousmani Armando, Jacinto Cruz, Algi Wendel, Miguel Francisco

Cabo Verde: Papa Sufre, Gabriel Vasco, Derciliano Cruz, José Ferreira, Codjo Olivier, Nathanael Dossa, Andrés Felipe, Davidson, Benedic, Sene, Jerónimo Pereira, Sourou, Lassana Danfá, Jeremias Fernando, David Lieka

Serviço

Copa dos Refugiados e Imigrantes 201

15 de setembro | A partir das 8

Arena Pernambuco - São Lourenço da Mata, s/n

Gratuito

O ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro informou em sua conta no Twitter nesta terça-feira, 23, o cancelamento do status de refugiados de paraguaios que são acusados de extorsão mediante sequestro. O ex-juiz compartilhou uma postagem do Presidente do Paraguai Mario Abdo Benítez e indicou: "o Brasil não será mais refúgio para estrangeiros acusados ou condenados por crimes comuns". O ministro disse ainda que o País "não é terra sem lei" e que "a nova postura é de cooperação internacional e respeito a tratados".

Juan Arrom, Anuncio Martí e Víctor Colmán, ex-líderes do Partido Pátria Livre (PPL) moram no Brasil desde 2003 e são requeridos pelo Paraguai pelo caso do sequestro de María Edith Bordón, esposa de um empresário que foi liberta após 64 dias de cativeiro e o pagamento de um resgate de US$ 300 mil.

##RECOMENDA##

A notícia também foi abordada pelo presidente Jair Bolsonaro que indicou que os paraguaios "voltarão para seu país e pagarão pelo seus crimes, a exemplo de Cesare Battisti, preso na Itália". "O Brasil não mais será refúgio de canalhas travestidos de presos políticos!", disse o presidente.

A decisão de Moro foi divulgada pelo promotor de Assuntos Internacionais, Manuel Doldán, que afirmou que Ministro da Justiça e Segurança Pública rejeitou uma apelação administrativa apresentada por Arrom, Martí e Colmán contra a decisão do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), que em meados de junho decidiu cancelar o status de refugiados dos três paraguaios.

Doldán indicou em sua conta no Twitter que Moro rejeitou o recurso alegando que "os fatos que levaram à concessão do refúgio em 2003 já não existem e que não há razões para pensar que no Paraguai não teriam o devido processo e julgamento justo".

Após o cancelamento do status, o procedimento continua com a extradição dos três, já solicitada pelo Paraguai.

Arrom e Martí denunciaram à Corte Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) terem sido sequestrados e torturados por agentes policiais do Paraguai para que confessassem participação no sequestro de Bordón em 2002.

No entanto, no começo de junho a CorteIDH absolveu o Estado paraguaio de qualquer responsabilidade por falta de provas.

A investigação do sequestro de Bordón determinou a condenação de várias pessoas, entre elas Alcides Oviedo, suposto líder da guerrilha Exército do Povo Paraguaio (EPP), a 18 anos de prisão. (Com informações de agências internacionais).

Um forte terremoto de 7,3 graus de magnitude fez dois mortos e mais de 2.000 refugiados no leste da Indonésia, de acordo com um balanço oficial anunciado nesta segunda-feira (15).

O terremoto ocorreu pouco depois das 18h (6h no horário de Brasília) no domingo (14) no norte do arquipélago das Molucas, a uma profundidade de 10 km, desencadeando pânico entre os habitantes, que fugiram para se refugiar em áreas elevadas.

O epicentro foi detectado cerca de 165 km ao sul de Ternate, a principal cidade da província de Molucas do Norte.

Duas mulheres morreram soterradas e "mais de 2.000 pessoas foram evacuadas", informou Agus Wibowo, porta-voz da agência de gerenciamento de desastres em uma coletiva de imprensa.

Várias centenas de pessoas se refugiaram em escolas e prédios públicos.

A região das Molucas foi afetada por vários terremotos violentos nas últimas semanas, um de magnitude 6,9 na semana passada e outro de 7,3 no final de junho, embora não tenham causado danos significativos.

O Instituto Indonésio de Geofísica informou que até a manhã desta segunda-feira forma registrados 52 tremores secundários.

A Indonésia, arquipélago de 17.000 ilhas formada pela convergência de três grandes placas tectônicas (do Pacífico, Australiana e Eurasiática), está no Anel de Fogo do Pacífico, zona de forte atividade sísmica.

No ano passado, um terremoto de 7,5 seguido de um tsunami em Palu, na ilha de Celebes, deixou mais de 2.200 mortos e milhares de desaparecidos.

Em 26 de dezembro de 2004, um violento terremoto de 9,1 graus de magnitude sacudiu a província Aceh, no extremo oeste do arquipélago indonésio, e provocou um tsunami em todo o Pacífico que deixou mais de 170.000 mortos.

No final de 2018, o mundo tinha 70,8 milhões de pessoas deslocadas em consequência de guerras ou perseguições, um recorde que não reflete a magnitude do êxodo venezuelano, pois apenas uma minoria solicita asilo, anunciou a ONU nesta quarta-feira.

O relatório anual do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) destaca que 2018 foi marcado pelo forte aumento do deslocamento interno na Etiópia e por um aumento nos pedidos de asilo apresentados por pessoas que fogem da grave crise política e econômica da Venezuela.

O conflito na Síria continua provocando um grande número de refugiados e deslocados. A violência na Nigéria também foi uma fonte importante de deslocamentos.

O documento afirma que o número total de "desarraigados" no mundo - incluindo os refugiados (25,9 milhões), os deslocados internos (41,3 milhões) e os demandantes de asilo (3,5 milhões) - registrou alta de 2,3 milhões na comparação com 2017.

O cálculo é considerado "prudente", ressalta o ACNUR, porque "embora a maioria dos venezuelanos devem beneficiar-se do sistema internacional de proteção de refugiados, apenas meio milhão solicitaram asilo".

- Síria e Venezuela -

"Mais uma vez, as tendências vão no caminho errado. Novos conflitos se unem aos antigos", afirmou o alto comissário Filippo Grandi em Genebra.

Grandi fez um apelo por unidade no Conselho de Segurança da ONU para solucionar os conflitos.

O número de pessoas deslocadas e de refugiados no mundo voltou a aumentar a partir de 2009, com um forte avanço entre 2012 e 2015 com a guerra na Síria.

Colômbia e Síria são os países com o maior número de deslocados internos.

No caso dos refugiados, 5,5 milhões são palestinos, que estão sob responsabilidade de uma agência específica da ONU.

Entre os demais, a maioria procede de cinco países: Síria, Afeganistão, Sudão do Sul, Mianmar e Somália.

Os sírios - mais de 500.000 - também foram os que apresentaram a maior quantidade de solicitações de asilo ano passado, a maioria na Turquia.

Em seguida aparecem os venezuelanos com 341.800 demandas, a maioria na Colômbia e Peru.

Como o governo peruano passou a exigir recentemente vistos dos venezuelanos, Grandi pediu aos demais países da região que permitam a entrada para evitar um "congestionamento" nas fronteiras.

Quatro em cada cinco refugiados vivem em um país vizinho ao próprio, e a grande maioria vive em países em desenvolvimento.

Estados Unidos, Peru, Alemanha, França e Turquia foram os países que receberam mais pedidos de asilo no ano passado.

Pelo quarto ano consecutivo a Turquia foi o país que recebeu a maior população de refugiados (3,7 milhões), seguido por Paquistão, Uganda, Sudão e Alemanha.

Grandi elogiou a política migratória da chanceler alemã Angela Merkel, que tomou a decisão de abrir as fronteiras de seu país a centenas de milhares de candidatos ao asilo.

"Não estou acostumado a dar uma pontuação, mas acredito que neste caso devemos parabenizar a Alemanha pelo que fez. A chanceler foi muito corajosa", disse.

Também pediu aso europeus que encontrem uma solução duradoura para o sistema de distribuição de migrantes.

"Temos atrás de nós as eleições europeias e temos um número francamente administrável de chegadas à Europa. É o momento de enfrentar esta questão", concluiu.

A Polícia Federal (PF) deteve oito estrangeiros de Bangladesh no Aeroporto Internacional do Recife, em Boa Viagem, Zona Sul da capital. Os asiáticos vinham da Argentina com documentos falsos para tentar entrar no Brasil.

De acordo com a PF, o grupo apresentou documento para embarque em um navio que só chegaria em sete dias no Porto do Recife. A fraude foi detectada porque já havia ocorrido caso semelhante no dia 5 de maio e por não haver contato da empresa responsável pelo navio sobre a chegada dos estrangeiros. A polícia explica que, apesar dos passaportes serem autênticos, a entrada deles seria irregular, pois não possuem visto considerando que são de Bangladesh.

##RECOMENDA##

Em casos como esse, os estrangeiros são reembarcados para o país de origem, porém advogados compareceram na Delegacia de Imigração e impetraram um habeas corpus para que os bangladeses permanecessem no Brasil. Eles devem solicitar refúgio para preservação das integridades física, psicológica e corporal em decorrência de perseguição político-religiosa em seu país de origem.

A Justiça Federal acatou o pedido dos advogados e os estrangeiros foram registrados como refugiados. Após a conclusão dessa primeira fase, o caso seguirá para o Comitê Nacional para Refugiados (Conare), vinculado ao Ministério da Justiça, que decidirá se aprova. Os estrangeiros foram liberados e saíram acompanhados dos advogados para local não informado.

Segundo a Lei 9.474/1997 é considerado refugiado todo indivíduo que sai do seu país de origem devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas imputadas, ou devido a uma situação de grave e generalizada violação de direitos humanos no seu país. Considera-se que uma pessoa é perseguida quando seus direitos tenham sido gravemente violados ou estão em risco. Isso pode acontecer, por exemplo, quando a vida, liberdade ou integridade física da pessoa corre sério risco no seu país.

Um levantamento divulgado na última semana aponta que os refugiados no Brasil trabalham e têm nível de escolaridade acima da média da população brasileira. O estudo foi realizado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e pela Cátedra Sergio Vieira de Mello.

Entre junho de 2018 e fevereiro de 2019, pesquisadores de oito instituições brasileiras entrevistaram 487 refugiados em 14 cidades de oito estados (Amazonas, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Distrito Federal) que acolhem 94% dos refugiados. Atualmente cinco mil pessoas estão refugiadas no país.

##RECOMENDA##

Dos entrevistados, 83% entraram no país em 2010, mais de 70% vieram de países como Síria (31,4%), República Democrática do Congo (23,8%), Angola (8,6%) e Colômbia (7,3%). Venezuelanos não foram incluídos, pois não são considerados refugiados pelas autoridades brasileiras.

Dos que informaram, 48% são homens e 23% são mulheres. A pesquisa também apontou que 34% deles concluíram o ensino superior, porém, apenas 14 conseguiram ter seus diplomas reconhecidos e validados no Brasil.

Quase metade, 57,5%, estão trabalhando; 19,5% estão procurando emprego; e 5,7% dos entrevistados estão desempregados e não estão procurando emprego. Em relação a condição financeira, 67% disseram que não conseguem cobrir as despesas. De acordo com a pesquisa, 79,5% têm renda familiar inferior a R$ 3 mil.

O estudo apontou que 96,3% dos refugiados querem obter nacionalidade brasileira, 84% querem ficar definitivamente e 57% desejam trazer suas famílias para o país.

 

"Se eu encontrasse o papa, diria a ele que vivo como um cachorro", exclama Dzhumaa Huseyin, um curdo da Síria cujo êxodo terminou na Bulgária, o país mais pobre da União Europeia.

Como dezenas de milhares de sírios que fugiram de seu país em guerra nos últimos anos, esse ex-técnico queria chegar na Alemanha.

O aumento do controle nas fronteiras e o endurecimento das regras para a recepção de refugiados na UE o forçaram a buscar asilo na Bulgária, onde chegou há mais de um ano.

Este homem de 49 anos e sua família passaram onze meses em um centro de acolhimento de migrantes nos arredores de Sofia, que o papa visita nesta segunda-feira (6), no segundo dia de sua viagem à Bulgária.

No domingo (5), em seu primeiro discurso em solo búlgaro, Francisco pediu que o país seja "acolhedor" para "aqueles que fogem da guerra ou da miséria".

Mas a experiência de Dzhumaa Huseyin, como a de muitos refugiados na Bulgária, tem sido, sobretudo, cheia de obstáculos neste país onde não há plano para a integração de requerentes de asilo, apenas assistidos por voluntários e um punhado de associações.

"Pelo menos estamos vivos, há água e eletricidade", resume Huseyin. "Mas não esperávamos viver como mendigos na Europa", suspira ele, que agora recolhe papelão.

Antes de encontrar um quitinete para alugar na capital, morou na rua com sua esposa, seus dois filhos e uma sogra doente.

Encontrar moradia e um médico estão entre os principais desafios, confirmam as poucas ONGs que acompanham os recém-chegados.

"Vamos torcer para que o papa inspire os búlgaros com uma atitude positiva em relação aos refugiados", disse Linda Auanis, presidente do Conselho de Mulheres Refugiadas.

O campo de Vrajdebna, que será visitado pelo papa, acolhe apenas cerca de 60 requerentes de asilo, principalmente da Síria e do Iraque, apesar de seus 300 lugares. Os outros quatro centros de recepção no país também estão três quartos vazios.

- Fronteira fechada -

O número de chegadas de migrantes na Bulgária diminuiu consideravelmente desde 2016, com o abrandamento do fluxo da Turquia e a construção de uma cerca ao longo da fronteira de 274 km partilhada por ambos os países.

As autoridades búlgaras, que afirmam ter evitado a chegada de 5.000 migrantes em 2018 e quase tantas desde o começo do ano, são rotineiramente acusadas de violar os direitos das pessoas de buscar asilo.

Se a grande minoria turca (cerca de 10% da população) resultante do longo domínio otomano sobre a Bulgária, é integrada e representada politicamente, a chegada dos muçulmanos do Oriente Médio é rejeitada tanto pelo governo de direita e seus aliados nacionalistas quanto pela oposição socialista.

Até mesmo a Igreja Ortodoxa a vê como uma "ameaça à estabilidade do Estado" e "equilíbrio étnico".

O chefe de Estado Roumen Radev, próximo dos socialistas, garantiu ao papa no domingo que "a sociedade búlgara não tolera o racismo".

"Uma propaganda política amoral tem como alvo grupos marginais", incluindo de migrantes, apresentados como peso ou vetores de ideias radicais, denuncia Dessislava Petkova, do Departamento de Migração da ONG católica Caritas.

Assim, uma família síria acolhida em 2017 na cidade de Belene (norte), por iniciativa de um padre católico, Paolo Cortesi, teve que deixar a localidade sob pressão de manifestantes nacionalistas, enquanto o padre foi ameaçado de morte.

Outra comunidade receberá nesta segunda o apoio do papa: é a cidade predominantemente católica de Rakovski, exceção neste país ortodoxo, onde os católicos representam menos de 1% da população.

Cerca de 250 crianças farão sua comunhão na presença do papa nesta cidade de 17.000 habitantes, localizada a 160 quilômetros de Sofia.

"Será uma lembrança inesquecível para eles", disse o prefeito Pavel Gudjerov (Gudzherov), que espera ver quase toda a população se reunindo nas ruas.

No final da tarde, o papa voltará a Sofia para uma reunião interreligiosa "para a paz".

Um grupo de cerca de 150 refugiados procedentes da cidade de Misrata, na Líbia, chegou nesta segunda-feira (29) ao aeroporto militar de Pratica di Mare, perto de Roma, no âmbito de evacuações organizadas pelo Acnur.

Segundo o Ministério do Interior italiano, o grupo era formado por eritreus, somalis, sudaneses, sírios e etíopes, entre eles, vários menores de idade, todos considerados particularmente vulneráveis.

"Com esta operação de evacuação demos segurança a pessoas que enfrentaram sérias ameaças e perigos na Líbia", explicou em um comunicado Filippo Grandi, do Alto Comissariado nas Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

A entidade iniciou em novembro as evacuações de emergência que permitiram salvar diversas vidas como parte de um esforço mais amplo para abordar o complexo movimento de migrantes e refugiados através das rotas mediterrâneas.

A Itália foi o único país industrializado que se ofereceu para receber os refugiados evacuados da Líbia desde que os combates começaram, há três semanas.

"Agora é fundamental que outros países mostrem sua generosidade e se ofereçam para receber os refugiados que precisamos evacuar por estarem afetados pelo conflito", acrescentou Grandi.

"Neste momento, mais de 3.300 pessoas correm o risco de morrer por estarem presas dentro de centros de detenção localizados em zonas de combate", denunciou.

Katie Holmes passou a última semana fazendo uma boa ação: acompanhada da filha, Suri Cruise, de seu casamento com Tom Cruise, a atriz visitou o campo de refugiados de Moria, na Grécia. A atriz viajou para o país à convite da ONG Artolution, da qual é embaixadora, e fez questão de postar vários momentos da viagem em seu Instagram. Em uma das fotos, a atriz escreveu:

"Eu amo essas mulheres que se tornaram nossas amigas enquanto colaboramos em vários projetos diferentes nessa semana. Eu sou muito grata por essa experiência. A resiliência dessas mulheres é tão profunda e inspiradora de se ver. E eu rezo para os refugiados de todos os lugares".

##RECOMENDA##

Em outro clique, podemos ver Suri, atualmente com 12 anos de idade, brincando com uma criança.

[@#video#@]

 

Os recifenses terão a oportunidade de participar de discussões, debates e oficinas sobre o acolhimento e integração dos refugiados e migrantes, do dia 9 ao dia 11 de abril. Um simpósio e mais dez oficinas compõem a programação, gratuita e aberta ao público. As atividades acontecem no Auditório G2 da Universidade Católica de Pernambuco, no bairro da Boa Vista. A inscrição pode ser feita pelo site do evento até as 12h do dia 29 de março.

O Simpósio “Refugiados e Migrantes em Pernambuco: Como Acolher e Integrar?" acontece na manhã do dia 10 de abril e contará com duas mesas de discussão. A primeira abordará o contexto da Política Nacional Migratória e de Refúgio, abordando aspectos históricos, do direito do trabalho e da gestão migratória em nível local.

##RECOMENDA##

A segunda vai apresentará experiências locais de atenção a migrantes e refugiados, com destaque para informações sobre os fluxos migratórios no Estado e as experiências da prefeitura de Recife (PE), da Casa de Direito do Programa Pana da Universidade Católica em Pernambuco (UNICAP) e das Aldeias Infantis SOS.

Os interessados poderão se inscrever um mais de uma atividade, desde que não aconteçam no mesmo horário: “Nova Lei de Migração, Lei do refúgio, Direitos e Acesso à Justiça”, “Gestão Migratória em Nível Local”, “Direitos Laborais, Migração e Prevenção ao Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas”, “Migração e Saúde Mental”, “Migração e Administração de Conflitos”, “Gênero, Direitos Humanos, Migração e Rede de Proteção - Onde eu me insiro?” e “Migração e Integração Local” são algumas das oficinas abertas ao público. Confira a lista completa aqui.

O objetivo é fomentar a discussão em torno da necessidade de se estabelecer uma política local de integração para refugiados e migrantes e capacitar os atores envolvidos no acolhimento, integração e interiorização de refugiados e migrantes no Brasil.

O projeto Atuação em rede: capacitação dos atores envolvidos no acolhimento, integração e interiorização de refugiados e migrantes no Brasil é organizado pela Rede de Capacitação a Refugiados e Migrantes, da qual o Ministério Público Federal faz parte, com outras instituições nacionais e internacionais, como a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), organização não-governamental Conectas e Organização Internacional para Migrações (OIM).

A relação dos candidatos selecionados será divulgada a partir das 15 horas do dia 29 de março, na página da ESMPU.

O evento foi planejado para 15 cidades brasileiras e já foi realizado em em Belém, Manaus, São Paulo, Boa Vista e Porto Alegre, com mais mais de 1.200 participações, dentre jornalistas, agentes públicos, representantes de ONGs e demais interessados.

Para saber mais, acesse o edital e a programação completa do simpósio.

Serviço

Projeto "Atuação em rede: capacitação dos atores envolvidos no acolhimento, integração e interiorização de refugiados e migrantes no Brasil"

De 9 a 11 de abril de 2019

Universidade Católica em Pernambuco (Rua do Príncipe, 526, Boa Vista – Recife)

Gratuito

Trabalhando na produção de seu primeiro álbum autoral, o cantor, compositor, multi-instrumentista e produtor musical Samico lança, na próxima sexta (15), a segunda música que vai compor o disco. Outro Mar chega aos aplicativos de música trazendo a temática do deslocamento migratório e os refugiados.

Samico já havia apresentado ao público a canção Sereia, primeiro single do disco, que veio acompanhada de um videoclipe. A nova música, Outro Mar, também terá um vídeo, com a letra em uma animação. A composição fala sobre a situação dos inúmeros refugiados ao redor do mundo, liberdade e rompimento de obstáculos.

##RECOMENDA##

O álbum autoral de Samico traça um paralelo entre Brasil e Angola, com influências do período que o artista passou no país estrangeiro. A previsão de lançamento do trabalho é para o primeiro semestre de 2019.

Nesta quarta-feira (13), por volta das 13h, Pernambuco receberá mais 23 imigrantes venezuelanos que desembarcam na Base Aérea do Recife. O grupo, que integra o conjunto de 63 pessoas que chegam na cidade, seguirá para a ONG Aldeias Infantis, em Igarassu, na Região Metropolitana (RMR). Os demais seguirão para Paraíba (31 pessoas) e Rio Grande do Norte (8). A aeronave vem de Roraima, onde o grupo estava abrigado emergencialmente.

Após a instalação dos refugiados, o poder público e a instituição devem identificar as principais necessidades e articular ações básicas como atendimento de saúde, inclusão em escolas para as crianças, estratégias de qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho. Eles chegam a Pernambuco com CPF, carteira de trabalho e solicitação de refúgio.

##RECOMENDA##

Esses venezuelanos substituíram famílias refugiadas que já conquistaram autonomia, através da inclusão no mercado de trabalho, e saíram das residências da ONG para local de própria escolha. Com a chegada do novo grupo, já chega a 260 o número de venezuelanos que foram acolhidos no processo de interiorização no Estado.

A vinda dos venezuelanos para Pernambuco faz parte do Plano de Interiorização do Governo Brasileiro, organizado pelo Comitê Nacional para Refugiados e operacionalizado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), que desde o início do ano passado tratam do fluxo migratório desses estrangeiros.

LeiaJá também

--> Venezuelanos convivem com saudade e clamam por emprego

--> Com capacitação, venezuelanos buscam nova vida no Recife

 

A quantidade de imigrantes em situação ilegal detidos na fronteira dos Estados Unidos com o México superou em fevereiro os 76 mil, o nível mensal mais alto em anos, indicou nesta terça-feira (5) o Escritório de Alfândegas e Proteção Fronteiriça americano (CBP).

O número de famílias e crianças desacompanhadas também aumentou para cerca de dois terços do total, com cruzamentos muitas vezes em grandes grupos e entregas imediatas às autoridades para solicitar refúgio, prejudicando a eficácia das táticas do governo de Donald Trump para frear o fluxo migratório.

Um total de 76.103 pessoas foram detidas na fronteira ou após cruzá-la, um aumento considerável em relação à média de 61 mil nos três meses anteriores, e é surpreendente uma vez que geralmente há uma desaceleração no mês mais frio do ano.

A cifra também foi mais do que o dobro de fevereiro de 2018 e 3,2 vezes mais do que em fevereiro de 2017, o primeiro mês completo depois que o presidente Trump assumiu o cargo prometendo acabar com a imigração ilegal.

"Atualmente estamos enfrentando uma crise humanitária e de segurança nacional ao longo de nossa fronteira sudoeste", disse o comissário do CBP, Kevin McAleenan.

"Os grandes aumentos nas famílias e crianças que cruzam nossas fronteiras, em grupos maiores e em áreas mais remotas, representam um desafio único para nossas operações e instalações, e as de nossos parceiros", acrescentou.

No final de janeiro, o governo Trump lançou uma nova política para enviar os solicitantes de refúgio - quase todas as pessoas que fogem da pobreza e da violência em Guatemala, Nicarágua e El Salvador - de volta ao México para que esperem ali enquanto seus casos são revisados, o que pode levar até dois anos.

Mas esse programa só começou a ser implementado em uma área da fronteira em Tijuana, no México, e ainda não foi estendido a outras.

Enquanto isso, mais de 70 grupos de mais de 100 migrantes cruzaram a fronteira no mês passado e se entregaram às autoridades. O aumento de fevereiro provavelmente incluiu muitos dos que se juntaram às caravanas da América Central.

A estrela de Hollywood Angelina Jolie visitou nesta segunda-feira um campo de refugiados rohingyas em Bangladesh.

Depois de chegar ao sul da nação asiática, Jolie, que é enviada especial da Acnur, a agência de refugiados da ONU, dirigiu-se imediatamente ao campo de Teknaf, perto da fronteira com Mianmar, onde cerca de 720.000 integrantes dessa minoria muçulmana se refugiram em agosto de 2017.

##RECOMENDA##

A atriz de 43 anos não fez comentários, mas o subchefe de polícia do distrito de Cox's Bazar, Ikbal Hossain, contou à AFP que Jolie ficou de visitar outros campos nesta terça-feira.

Jolie está em Bangladesh para verificar as necessidades humanitárias nos campos rohingyas.

Ela anteriormente visitou refugiados rohingyas em Myanmar, em julho de 2015, e na Índia, em 2006.

Bangladesh recebeu em suas terras mais de 700 mil rohingyas fugidos da perseguição em Mianmar desde 2017.

Jolie vai concluir sua visita depois de se reunir com o primeiro-ministro Sheikh Hasina e outras autoridades em Daca.

A ONU deve lançar em breve um novo apelo internacional de US$ 920 milhões para atender às necessidades dos refugiados rohingyas e das nações que os abrigam, segundo a Acnur.

Cerca de 30 famílias refugiadas que chegaram ao Recife no dia 17 de dezembro de 2018, devido à crise na Venezuela, receberam assistência social da prefeitura, em parceria com Organizações não Governamentais (ONGs). Elas foram incluídas em programas de integração, e já recebem alimentação, moradia e apoio psicossocial para prosseguir com a vida longe do país de origem.

Os refugiados foram encaminhados para projetos de inclusão no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), da Campina do Barreto, localizado na Zona Norte do Recife. Através do projeto Pana, aproximadamente 100 venezuelanos foram alocados em 12 residências nos bairros de Santo Amaro, Boa Vista, Coelhos, Encruzilhada e Torreão.

##RECOMENDA##

A Agência de Emprego já atendeu 59 imigrantes e encaminhou 16 para entrevistas. Além de proporcionar orientação profissional, foram ministradas palestras sobre comportamentos necessários durante uma entrevista de emprego e dicas básicas para produção de currículos. Cerca de 30 adultos foram inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Em relação às crianças, 30 já estão matriculadas na rede municipal de ensino, entre creches, creches-escolas e escolas.

O Programa Saúde na Família está realizando visitas aos imigrantes e fazendo os cadastros no Sistema Único de Saúde (SUS), para que eles recebam o cartão de atendimento e tenham acesso à rede pública de saúde. De acordo com a gerente-geral do Sistema Único de Assistência Social do Recife Ângela Oliveira, as ações fortalecem a importância dos direitos humanos. “Nós entendemos que eles estão numa situação de extrema fragilidade e vulnerabilidade social por terem que deixar o país onde construíram a história, pra virem em outro com costumes totalmente diferentes. Por tudo isso, nossos vizinhos venezuelanos precisam de acolhimento e de serviços que assegurem seus direitos. A gestão municipal está prestando toda assistência necessária, respeitando a condição deles”, relatou a gestora.

Com informações da assessoria

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando