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A situação no nordeste da Síria, palco de uma ofensiva militar da Turquia contra os curdos da região, está se "deteriorando rapidamente" e pode resultar no confronto entre as tropas turcas e a força militar americana na área, disse uma fonte dos Estados Unidos à Associated Press. A operação turca chegou ao seu quinto dia neste domingo (13).

Desde sábado (12), as forças turcas se movem em direção à cidade de Ain Eissa, o centro administrativo das tropas curdas e a localização de uma importante base americana. Hoje, as tropas da Turquia chegaram à rodovia que liga o local à cidade de Hassakeh, um importante polo logístico do nordeste da Síria. Segundo a fonte da AP, as forças americanas e curdas já não controlam linhas de comunicação terrestres, nem o espaço aéreo da área.

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No sábado, o presidente dos EUA Donald Trump disse que é uma "ilha de um só" na posição de retirar as tropas americanas da Síria, em meio a críticas de democratas e republicanos de que o movimento colocaria em risco a estabilidade do Oriente Médio e as vidas dos curdos aliados do país que ajudaram a combater o Estado Islâmico.

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, alertou a Turquia sobre as sérias consequências de sua ofensiva na Síria e incentivou o país a interromper essas operações, informou o Pentágono nesta sexta-feira (11).

Em uma conversa por telefone com o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, Esper encorajou Ancara a "interromper suas operações no nordeste da Síria", afirmou o Pentágono em um comunicado.

"Este ataque representa um risco de graves consequências para a Turquia", acrescentou o funcionário.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, defendeu nesta quinta-feira (10) a ofensiva da Turquia na Síria após uma onda de críticas internacionais, dizendo que a operação militar reforçará a integridade territorial dos sírios ao confrontar o controle curdo do norte do país. Ele também ameaçou "abrir as portas" e enviar milhões de refugiados a países da União Europeia caso o bloco classifique o ataque como "invasão".

"União Europeia, refaça seu julgamento. Se definir nossa operação como uma invasão, o nosso trabalho é fácil. Abrimos as portas e enviamos 3,6 milhões de refugiados a vocês", alertou Erdogan durante discurso em Ancara.

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O presidente turco também acusou a UE de mentir e de não ter mantido a promessa de proporcionar ajuda econômica à Turquia. A reclamação refere-se ao acordo fechado em 2016 pelo qual o governo turco aceitava controlar o fluxo de refugiados para a Europa em troca de apoio financeiro para atender aos imigrantes no seu território.

A ofensiva militar da Turquia no norte da Síria deslocou mais de 60 mil pessoas em menos de um dia, segundo uma ONG que monitora a guerra. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) disse que um grande número de moradores das áreas de fronteira de Ras al-Ain, Tal Abyad e Derbasiyeh fugiram de suas casas, principalmente para o leste, em direção à cidade de Hasakeh.

A Turquia iniciou, na quarta-feira, uma operação militar no norte da Síria que desperta o receio da comunidade internacional e tem como alvos combatentes curdos considerados por Ancara como "terroristas".

O presidente americano, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que pode mediar um acordo entre a Turquia e os curdos após a ofensiva, iniciada depois de os EUA retirarem suas tropas da região. Horas antes, o presidente afirmou a repórteres que tinha duas opções: conter Ancara com sanções ou enviar tropas americanas para interromper o confronto. Os EUA foram duramente criticados por retirarem suas tropas e darem sinal verde para Erdogan lançar o ataque. Funcionários disseram na quinta que Trump determinou a diplomatas do Departamento de Estado que atuem para obter um cessar-fogo na região.

Em comunicado, o Ministério da Defesa da Turquia informou que as forças turcas avançaram nesta quinta no nordeste da Síria para expulsar combatentes curdos da região, expandindo uma ofensiva que provocou forte repreensão da comunidade internacional.

A operação, que inclui forças aéreas e terrestres, teve como alvo aldeias ao longo da fronteira, especialmente os setores de Tal Abyad e Ras al-Ain, que foram bombardeados.

Zona de segurança

A Turquia diz que pretende criar uma "zona de segurança" no norte da Síria, controlada pelos curdos. Os críticos, no entanto, temem que a ação possa mergulhar a região em uma nova crise e provocar um novo fluxo de refugiados.

Autoridades curdas reagiram ao anúncio de avanço turco, dizendo que seus combatentes repeliram uma incursão terrestre perto da cidade de Tal Abyad durante a noite de quarta-feira e dispararam projéteis contra o lado turco.

As Forças Democráticas da Síria (FDS), milícia curda que se uniu às tropas dos EUA para combater o Estado Islâmico na Síria, disseram que os bombardeios turcos tinham como alvo uma prisão que mantinha alguns dos combatentes do grupo jihadista na cidade de Qamishli. Milhares de prisioneiros do EI e suas famílias estão detidos em campos e prisões administrados pelas autoridades curdas da Síria.

Em comunicado no Twitter, Mustafa Bali, porta-voz das FDS, disse que os militares da Turquia atingiram um comboio civil também perto de Tal Abyad, a cerca de 400 metros da fronteira turca, matando três pessoas. Segundo grupos de defesa dos direitos humanos, os ataques deixaram 16 curdos mortos desde o início da operação, na quarta-feira. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Turquia iniciou sua operação militar no norte da Síria na tarde desta quarta-feira (9), uma ofensiva que suscita suspeitas da comunidade internacional e que tem como alvos combatentes curdos considerados por Ancara um grupo terrorista.

Regiões próximas à Turquia, especialmente os setores de Tal Abyad e Ras al Ain, foram bombardeadas pela aviação e artilharia turca.

O Ministério da Defesa turco anunciou à noite que militares turcos e reforços sírios penetraram no país vizinho, marcando o início da fase terrestre da operação, mas as forças curdas declararam que essa incursão havia sido interrompida.

Pelo menos 15 pessoas, oito delas civis, morreram no início do ataque, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), que acrescentou que "milhares de deslocados" fugiam de áreas bombardeadas.

A ofensiva provocou uma avalanche de críticas internacionais. O Conselho de Segurança da ONU se reunirá na quinta-feira em caráter de urgência.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, considerou que a operação em Ancara é uma "má ideia", embora a retirada, no início dessa semana, de tropas americanas de áreas fronteiriças na Síria tenham aberto o caminho para a ofensiva contra as milícias curdas das Unidades de Proteção Popular (YPG).

Em Ras al Ain, um jornalista da AFP ouviu uma explosão forte e viu uma coluna de fumaça perto da fronteira, enquanto aviões estavam sobrevoando o setor. Também houve disparos de artilharia na cidade, forçando dezenas de civis a fugir em motocicletas, carros e a pé.

Tropas das Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança de combatentes curdos e árabes dominados pelo YPG, equipados com lança-foguetes, foram posicionados na área, segundo o jornalista.

- "Mobilização geral" -

A mídia turca reportou que oito projéteis lançados pelo YPG caíram nas cidades fronteiriças turcas de Akçakale e Nusaybin, sem relatar vítimas.

Essa ofensiva é a terceira que a Turquia realiza na Síria desde 2016. Ela abre uma nova frente neste conflito que já deixou mais de 370.000 mortos e milhões de deslocados desde 2011.

"As forças armadas turcas e o exército nacional sírio (rebeldes sírios apoiados por Ancara) começaram a operação 'Fonte de paz' no norte da Síria", anunciou Erdogan no Twitter. A operação deve permitir a criação de uma "zona de segurança" destinada a separar a fronteira da Turquia das posições curdas e a acolher refugiados, disse.

O Ministério da Defesa turco disse que vítimas civis seriam evitadas.

A Turquia considera as YPG, aliados dos ocidentais em sua luta contra os jihadistas do Estado Islâmico, como um grupo "terrorista", devido a seus vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que está realizando uma guerra de guerrilha contra a Turquia.

"Esta manhã, a Turquia, um membro da Otan, invadiu a Síria. Os Estados Unidos não apoiam esse ataque e indicaram claramente à Turquia que essa operação era uma má ideia", disse Trump em um breve comunicado.

O presidente americano, no entanto, deu aval a essa operação, embora mais tarde tenha qualificado suas declarações e dito que Washington "não havia abandonado os curdos". A Turquia pagará um "alto preço econômico" se a operação na Síria for "injusta", acrescentou mais tarde.

Poucas horas antes do início da ofensiva, os curdos da Síria decretaram uma mobilização geral de três dias e pediram resistência dos moradores em relação à Turquia.

No texto, o povo curdo foi exortado a "avançar em direção à área de fronteira" para garantir "resistência" e os Estados Unidos e toda a comunidade internacional foram responsabilizados pela "catástrofe humanitária".

- "Ressurgimento do EI" -

A comunidade internacional condenou esta operação militar, que poderia dar lugar ao ressurgimento do Estado Islâmico na região.

A França condenou "fortemente" a incursão turca. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, exigiu que Ancara abandonasse a ofensiva. A Alemanha afirmou que a operação poderá "causar o ressurgimento" do EI, e o Reino Unido expressou sua "grave preocupação".

Dois senadores norte-americanos, o republicano Lindsey Graham e seu colega democrata Chris Van Hollen, anunciaram a iniciativa de punir a Turquia, caso o país não retire seu exército da Síria, com o congelamento de bens nos EUA dos principais líderes turcos, incluindo o presidente Recep Tayyip Erdogan, e com sanções a qualquer entidade estrangeira que venda armas para Ancara.

Antes do início da ofensiva, o presidente russo Vladimir Putin pediu em vão ao seu colega turco que refletisse. O Egito julgou esse "ataque inaceitável" e Riad condenou essa "agressão" da Turquia na Síria.

Em Damasco, o governo sírio anunciou quarta-feira que frustrará qualquer ataque turco ao seu território "por todos os meios legítimos" e também denunciou o reforço militar na fronteira.

O Congresso dos Estados Unidos fará a Turquia "pagar muito caro" por sua ofensiva contra os curdos da Síria - afirmou nesta quarta-feira (9) o influente senador republicano Lindsey Graham, aliado de Donald Trump, o que não o impede de criticar políticas do presidente.

"Orem por nossos aliados curdos que foram descaradamente abandonados pelo governo Trump", tuitou o senador.

"Vou direcionar esforços no Congresso para fazer Erdogan pagar caro", afirmou, referindo-se ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

O líder turco declarou uma ofensiva contra os combatentes curdos aliados dos Estados Unidos e que controlam o nordeste da Síria, após uma conversa por telefone com Trump no último domingo. O presidente americanos prometeu retirar suas tropas, as quais vêm servindo como amortecedor para as tensões na área.

"Peço ao presidente Trump que mude de rumo, enquanto ainda há tempo, voltando ao conceito de zona segura, que estava funcionando", insistiu Graham, que também fez as mesmas declarações no "Fox and Friends", um dos programas de televisão favoritos da televisão americana e de viés republicano.

As forças curdas lideraram a luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI), mas Erdogan os vincula a militantes separatistas em seu país, chamando-os de terroristas.

Divergindo de muitos republicanos, Trump pede menos envolvimento militar dos Estados Unidos no exterior e diz que as tropas americanas já completaram sua missão na Síria no combate ao EI.

O presidente da Turquia, Recep Erdogan, anunciou hoje o início de uma operação militar turca no norte da Síria, que já esperada nos últimos dias.

Em sua conta oficial no Twitter, Erdogan disse que a operação, batizada "Primavera de Paz", tem o objetivo de erradicar "a ameaça do terror" contra a Turquia.

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Mais cedo, a TV turca havia divulgado que jatos do país tinham bombardeado posições de militantes curdos na Síria. O governo turco vinha há tempos ameaçando atacar combatentes curdos que Ancara trata como "terroristas".

Ciente do ataque planejado, o governo dos Estados Unidos decidiu no último fim de semana retirar suas forças militares da região síria. Fonte: Associated Press.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou a Turquia nesta segunda-feira com represálias caso passe dos limites na Síria, depois de abrir caminho para uma ofensiva turca contra combatentes curdos no território sírio, alimentando o medo de um ressurgimento jihadista na região.

O Pentágono retirou nesta segunda-feira cerca de vinte de seus soldados do norte da Síria, perto da fronteira com a Turquia, amortizadores na tensão entre o exército turco e os curdos, considerados terroristas por Ancara, depois do surpreendente anúncio de Trump de que as tropas americanas "já não estarão na área".

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Em meio a questionamentos da região e de legisladores opositores e apoiadores do governo nos Estados Unidos, o presidente americano pareceu voltar atrás, mas sem estabelecer os limites que poderão proteger os aliados curdos, cruciais contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

"Se a Turquia fizer algo que eu, com minha grande e incomparável sabedoria, considerar que está fora dos limites, destruirei e arrasarei totalmente a economia da Turquia (já fiz isso antes!)", tuitou Trump.

"O Departamento de Defesa deixou claro para a Turquia, assim como o presidente, que não apoiamos uma operação turca no norte da Síria", disse o porta-voz do Pentágono Jonathan Hoffman.

Um alto funcionário do Departamento de Estado declarou que os Estados Unidos não "agiriam militarmente" para impedir os turcos, mas questionaram uma operação desse tipo. "É uma péssima ideia. Não achamos que isso ofereça mais segurança".

- "Sem aviso" -

A possibilidade de operações militares turcas contra milícias curdas na Síria está iminente na região há semanas.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse na segunda-feira que seu exército estava pronto para lançar essa ofensiva, após Washington declarar que não se oporia. "Podemos chegar a qualquer noite sem aviso".

Uma intervenção turca ameaçaria as Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança fundamental de combatentes curdos e árabes na coalizão internacional liderada pelos EUA que derrotou o EI e, atualmente, controla grande parte do nordeste da Síria.

A Turquia considera as FDS uma ameaça terrorista e promete esmagá-las.

Ancara diz que deseja estabelecer uma "zona segura" no lado sírio da fronteira, para onde poderá enviar de volta alguns dos 3,6 milhões de refugiados de oito anos da guerra civil.

Os curdos argumentam que o objetivo de Ancara é diluir seu domínio na região com um afluxo de refugiados, principalmente árabes sunitas.

- "Guerras ridículas" -

Trump disse nesta segunda-feira no Twitter que quer tirar os Estados Unidos de "guerras intermináveis e ridículas".

Mas um ataque turco pode forçar as FDS a libertar cerca de 10.000 combatentes do EI capturados nos últimos dois anos, o que contribuiria para o violento grupo jihadista se rearmar.

Trump disse que é responsabilidade da Turquia e de outros países lidar com os prisioneiros do EI. "Turquia, Europa, Síria, Irã, Iraque, Rússia e curdos agora terão que resolver a situação e o que eles querem fazer com os combatentes do EI capturados em seu 'bairro'".

Temendo outro capítulo de derramamento de sangue e deslocamento em massa, a Organização das Nações Unidas (ONU) disse que está "se preparando para o pior". A União Europeia alertou que os civis sofreriam novamente a pior parte de uma ofensiva militar.

Um funcionário do Departamento de Estado destacou que os soldados retirados, parte dos cerca de mil estacionados ao longo da fronteira, integravam "dois pequenos destacamentos", com cerca de 25 homens, que se deslocaram por uma "distância muito curta". "Além disso, não há mudanças em nossa postura militar no nordeste".

- "Preparar-se para a guerra" -

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou nesta segunda-feira que tropas americanas abandonaram posições-chave em Ras al Ain e Tal Abyad, onde as forças curdas cavaram trincheiras e túneis para se defenderem dos ataques.

Uma base americana em Ras al Ain estava vazia na segunda-feira, disse um fotógrafo da AFP, que havia visto tropas ali na noite anterior.

O porta-voz das FDS, Mustefa Bali, disse que a decisão de Washington "está prestes a arruinar a confiança e a cooperação entre o grupo e os Estados Unidos".

O grupo ressaltou que perdeu 11.000 combatentes na luta contra o EI. As FDS, apoiadas pela coalizão anti-jihadista internacional liderada por Washington, lutou por anos contra o EI e conquistou sua última fortaleza na Síria em Baguz em março.

"Os prudentes devem se preparar para a guerra", disse Mustefa Bozan, um comerciante de 79 anos.

"O destino da região será o mesmo que o de Afrin", disse Issam Daoud, de 38 anos, referindo-se a um antigo reduto curdo capturado pelas tropas turcas e os rebeldes sírios no ano passado.

bur-dls-pmh-ad/gv/cc

A abrupta mudança na política do governo de Donald Tump em relação à Síria aprofundou nesta segunda-feira (7) o isolamento de sua presidência, num momento em que o magnata republicano precisa de todos os aliados possíveis para se defender de um processo de impeachment.

Na noite de domingo, a Casa Branca anunciou a retirada de tropas de posições-chave ao longo da fronteira norte da Síria, o que de fato significa abandonar os curdos daquela região, os principais aliados de Washington na região, na longa batalha contra o grupo extremista islâmico Estado Islâmico (EI).

Em uma série de mensagens postadas no Twitter, Trump defendeu a decisão nesta segunda-feira, como parte de seu desejo de encerrar o envio de militares americanos a conflitos no Oriente Médio, que ele chamou de "ridículas guerras sem fim".

A saída dos Estados Unidos da região de fronteira com a Turquia abre caminho para Ancara, que considera os guerrilheiros curdos um grupo terrorista, para iniciar uma operação transfronteiriça há muito planejada contra eles no norte da Síria.

Por sua vez, a medida enfraquece a posição dos EUA no contexto da guerra civil na Síria, um jogo de xadrez geopolítico que também envolve Irã, Rússia, potências europeias e Israel.

Em certo sentido, o anúncio de Trump não deveria surpreender ninguém.

Ao se manifestar contrário às ocupações dispendiosas do Iraque e Afeganistão e, apesar de sua retórica beligerante, abstendo-se de ataques militares contra o Irã, Trump acredita que está respondendo ao cansaço da opinião pública sobre esses conflitos, que parecem não ter solução.

"Esperava-se que os Estados Unidos ficariam na Síria por 30 dias, e isso foi há muitos anos. Ficamos e nos afundamos cada vez mais na batalha sem um objetivo à vista", escreveu Trump.

Mas mesmo com o raciocínio de que Trump está seguindo o sentimento popular, essa mudança repentina de posição provocou um consenso bipartidário incomum em Washington, incluindo aliados republicanos próximos do presidente, que reagiram com preocupação e indignação.

- Afastando aliados -

Diante do processo de impeachment, a sobrevivência política de Trump depende da maioria republicana no Senado.

Nesse contexto, ganharam destaque as reações de dois dos principais aliados republicanos de Trump no Congresso, Lindsey Graham e Mitch McConnell.

Graham, presidente do poderoso Comitê Judiciário do Senado e um dos apoiadores mais francos de Trump no Capitólio, descreveu a medida como um "desastre emergente" que "garante o ressurgimento" do EI e disse que seria uma "mancha de honra" para os Estados Unidos abandonar os curdos".

Se esse plano "for adiante, será apresentada uma resolução do Senado opondo-se e solicitando a revogação desta decisão. Espero que receba um forte apoio bipartidário", escreveu no Twitter o congressista.

Em um comunicado, McConnell, líder da maioria do Senado, qualificou como precipitada a retirada, alegando que este movimento será benéfico para a Rússia, o Irã e o regime de Bashar Al Assad.

Inclusive a ex-embaixadora de Trump na ONU, Nikki Haley, se uniu aos críticos, abordando principalmente as consequências sobre os aliados curdos. "Deixá-los morrer é um grave erro", disse.

A Casa Branca reagiu no meio do dia ao descontentamento generalizado.

Através do Twitter, Trump ameaçou "destruir" a economia turca se Ancara fizer algo que "exceda os limites", enquanto um alto funcionário do Departamento de Estado disse que as tropas retiradas do norte da Síria representam um "número muito pequeno".

O Pentágono e o Departamento de Estado também fizeram os esforços próprios para acalmar as águas.

Através de um comunicado, o Departamento de Defesa disse que os Estados Unidos não apoia uma eventual invasão militar turca no norte da Síria e advertiu que um ataque assim poderia desestabilizar a região.

Um alto funcionário do Departamento de Estado declarou, por sua vez, que as tropas que se retiraram do norte da Síria representam um "número muito pequeno".

Esta controvérsia se une a uma série caótica de decisões de política externa que incomodaram os políticos em Washington e os aliados americanos.

Desde o anúncio, depois cancelado, de uma reunião com os líderes dos talibãs até suas posições contraditórias em relação ao Irã, Trump acostumou o mundo a esse tipo de comportamento errático.

- Um ponto sensível -

Mas o problema na Síria atinge um ponto muito sensível.

Em Washington, prevalecem as preocupações de que essa retirada seja vista como um triunfo para o Irã e a Rússia, mas também para a Turquia, um aliado americano que é cada vez mais problemático.

Os aliados europeus dos Estados Unidos também estão se preparando para o pior cenário. Maja Kocijancic, porta-voz da União Europeia, alertou para um possível fluxo "maciço" de refugiados.

Trump, no entanto, aposta no que considera importante: aderir à ideologia que o levou à Casa Branca e que pode ser resumida nos slogan "os Estados Unidos primeiro", com a qual ele tentou romper com uma crença bem enraizada em Washington de que os Estados Unidos precisam ser o líder mundial.

Para o ex-enviado americano para a coalizão internacional contra o EI Brett McGurk, "Trump não é um comandante em chefe".

"Toma decisões impulsivas sem conhecimento, nem deliberação".

"Fanfarroneia e depois deixa nossos aliados expostos quando nossos adversários o deixam em evidência ou depois de enfrentar um telefonema difícil".

A Casa Branca informou na noite do domingo (6) que a Turquia prepara para breve uma invasão do norte da Síria, o que renovou temores de uma matança de guerreiros de origem curda, aliados dos Estados Unidos na campanha contra o grupo extremista Estado Islâmico.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, há meses faz ameaças de atacar as forças curdas no norte da Síria, muitas das quais seu governo considera terroristas. Como os curdos recebem apoio dos Estados Unidos, um ataque a eles seria uma ameaça a aliados americanos em todo o planeta, creem políticos republicanos e democratas em Washington.

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Tropas americanas "não vão apoiar ou se envolver na operação" e "não mais estarão presentes nas áreas próximas" ao conflito no norte da Síria, informou a secretária de Imprensa da Casa Branca, Stephanie Grisham. A declaração ocorreu na noite do domingo, o que é raro na Casa Branca.

Grisham não esclareceu se os Estados Unidos retirariam os cerca de 1 mil soldados americanos que estão na região. O anúncio da Casa Branca ocorreu após uma ligação telefônica entre o presidente Donald Trump e Erdogan.

Em dezembro Trump anunciou a retirada de tropas da Síria e recebeu muitas críticas por supostamente deixar os curdos à mercê da Turquia. À época, o então secretário de Defesa Jim Mattis renunciou ao cargo em função da posição adotada por Trump.

A Casa Branca ainda informou que a Turquia vai assumir a custódia dos soldados estrangeiros capturados na campanha contra o Estado Islâmico e que atualmente estão detidos pelas forças curdas. Fonte: Associated Press

O ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moallem, afirmou na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas neste sábado que todas as tropas americanas e turcas devem ser retiradas de seu país. Além disso, disse que o governo sírio se reserva o direito de defender seu território da maneira que for necessário, se a ocupação estrangeira prosseguir.

"Os Estados Unidos e a Turquia mantêm uma presença ilegal no norte da Síria", afirmou o ministro. "Quaisquer forças estrangeiras a operar em nosso território sem autorização são forças de ocupação e devem se retirar imediatamente."

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Cerca de mil soldados dos EUA estão na Síria em missão para combater militantes do Estado Islâmico. Os EUA também apoiam grupos curdos no nordeste contrários ao governo sírio e têm enfrentado grupos sunitas extremistas.

O presidente americano, Donald Trump, tem dito que deseja levar os soldados de volta para casa, mas autoridades militares têm defendido uma abordagem gradual. A Síria enfrenta uma guerra civil devastadora há mais de oito anos, com milhares de combatentes estrangeiros envolvidos. A maioria do país agora está sob controle do governo, mas há grupos rebeldes e extremistas em Idlib, no noroeste, e grupos curtos apoiados pelos EUA no nordeste, região rica em petróleo. Fonte: Associated Press.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, anunciou nesta segunda-feira a criação de um comitê constitucional sobre a Síria que incluirá representantes do governo e da oposição, e que poderá levar à elaboração de uma nova carta magna.

"Acredito firmemente que o lançamento de um comitê constitucional organizado por sírios e liderado por sírios pode ser o começo de um caminho político em direção a uma solução" para o país em guerra desde 2011, disse Guterres a repórteres.

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"Meu enviado (para a Síria, Geir Pedersen) se reunirá com o comitê constitucional nas próximas semanas", acrescentou.

A ideia desse comitê constitucional foi oficialmente acordada em janeiro de 2018, sob o impulso da Rússia. Reúne 150 pessoas, das quais 50 são eleitas pelo governo, 50 pela oposição e 50 pela ONU para incluir representantes da sociedade civil.

A formação do grupo levou tempo em razão dos bloqueios e mudanças de nomes solicitados repetidamente por Damasco. As dificuldades na definição dos papéis dentro do comitê também atrasaram sua formação.

Uma versão reduzida do comitê (15 pessoas) deve facilitar seu trabalho, mas diplomatas acham que ainda levará meses para obter resultados concretos.

A missão do comitê parece vaga: Damasco espera emendar a constituição, enquanto a oposição espera escrever uma nova grande carta.

Para os países ocidentais, o objetivo do comitê é permitir a organização de novas eleições na Síria, inclusivas e integradas à diáspora, fortemente expandida desde o início da guerra com milhões de refugiados.

Os Estados Unidos saudaram a criação do comitê através da porta-voz do departamento de Estado Morgan Ortagus.

"Inclusive quando falta muito por fazer, é um passo alentador para uma solução política do conflito sírio", declarou a funcionária.

O ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, reafirmou "o compromisso da Síria em favor (...) do diálogo" interno visando "uma solução política (...) que afaste qualquer intervenção extrangeira".

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, anunciou nesta segunda-feira a criação de um comitê constitucional sobre a Síria que incluirá representantes do governo e da oposição, e que poderá levar à elaboração de uma nova carta magna.

"Acredito firmemente que o lançamento de um comitê constitucional organizado por sírios e liderado por sírios pode ser o começo de um caminho político em direção a uma solução" para o país em guerra desde 2011, disse Guterres a repórteres.

"Meu enviado (para a Síria, Geir Pedersen) se reunirá com o comitê constitucional nas próximas semanas", acrescentou.

A ideia desse comitê constitucional foi oficialmente acordada em janeiro de 2018, sob o impulso da Rússia. Reúne 150 pessoas, das quais 50 são eleitas pelo governo, 50 pela oposição e 50 pela ONU para incluir representantes da sociedade civil.

A formação do grupo levou tempo em razão dos bloqueios e mudanças de nomes solicitados repetidamente por Damasco. As dificuldades na definição dos papéis dentro do comitê também atrasaram sua formação.

Uma versão reduzida do comitê (15 pessoas) deve facilitar seu trabalho, mas diplomatas acham que ainda levará meses para obter resultados concretos.

A missão do comitê parece vaga: Damasco espera emendar a constituição, enquanto a oposição espera escrever uma nova grande carta.

Para os países ocidentais, o objetivo do comitê é permitir a organização de novas eleições na Síria, inclusivas e integradas à diáspora, fortemente expandida desde o início da guerra com milhões de refugiados.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, anunciou nesta sexta-feira (13) que criou uma comissão de investigação sobre os bombardeios hospitalares na Síria que haviam entregue suas coordenadas geográficas para não serem atacados.

Essa comissão investigará "sobre uma série de incidentes ocorridos no nordeste da Síria" desde que Rússia e Turquia estabeleceram uma zona de desescalada em Idlib em 17 de setembro de 2018, informou o comunicado da ONU.

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A investigação deverá "estabelecer os fatos para o secretário-geral"; não é uma "investigação criminosa" e suas conclusões não se tornarão públicas, explicou o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, sem dar um prazo para que essa comissão entregue o relatório.

Guterres "convoca todas as partes interessadas em prestar sua plena cooperação à comissão", que iniciará seus trabalhos em 30 de setembro, acrescentou o comunicado.

A instância será dirigida por um general da Nigéria, Chikadibia Obiakor, e compreenderá os outros dois nomes, Janet Lim, de Singapura, e Maria Santos Pais, de Portugal. Dois especialistas farão assessoria: um general peruano, Fernando Ordóñez, e um ex-responsável da Cruz Vermelha Internacional, Pierre Ryter, de nacionalidade suíça.

Dezenas de instalações médicas foram destruídas pelos bombardeios desde a primavera. A Rússia desmentiu que tenha como objetivo instalações civis.

A organização Human Rights Watch reclamou que a comissão estabeleça de maneira "rápida as responsabilidades dos ataques" e que suas conclusões se tornem públicas.

A embaixadora do Reino Unido na ONU, Karen Pierce, saudou por sua vez a criação da comissão.

"Os acontecimentos nas regiões de Hama e de Idlib no noroeste da Síria são uma repetição das táticas militares já utilizadas pelas forças sírias em Aleppo e em Guta oriental", denunciou, reiterando seu apoio a resolução que está em negociação na ONU para pedir o cessar-fogo no nordeste.

Militares americanos e turcos iniciaram, neste domingo (8), patrulhas conjuntas no nordeste da Síria, em um setor que deve se transformar, com o tempo, em uma "zona de segurança", graças a um acordo entre ambos os países.

Seis veículos blindados turcos cruzaram a fronteira rumo à Síria e se uniram a tropas americanas para sua primeira patrulha conjunta. O movimento acontece no âmbito de um acordo concluído em 7 de agosto passado.

Os blindados turcos e americanos se deslocaram vários quilômetros para o sul do território sírio, antes de se dirigirem para o oeste, observou um fotógrafo da AFP.

A patrulha terminou seu trabalho por volta do meio-dia (horário local), com o retorno da unidade turca para casa.

O acordo entre Turquia e Estados Unidos prevê a criação de uma zona de segurança entre a fronteira turca e as zonas sírias controladas pelas milícias curdas Unidades de Proteção Popular (YPG), ao leste do rio Eufrates.

O apoio americano a estas milícias curdas foi um dos maiores desafios entre Ancara e Washington, já que ambos fazem parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

"Aplicamos o acordo e não vemos qualquer problema, desde que sirva para evitar a guerra", disse à AFP Riyad Al Jamis, chefe do conselho militar das Forças Democráticas Sírias (FDS), integradas majoritariamente por milícias curdas.

No final de agosto, os curdos começaram a se retirar da fronteira turca, eliminando barreiras de terra e retirando algumas das unidades das YPG.

- Discrepâncias sobre 'zona de segurança -

Recentemente, Washington e Ancara criaram um centro de operações conjuntas para a coordenação do estabelecimento da "zona de segurança".

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, assegurou que o presidente americano, Donald Trump, havia prometido a ele que a zona tampão terá 32 quilômetros de extensão.

Erdogan também ameaçou iniciar uma operação militar no nordeste da Síria, se a Turquia não conseguisse controlar essa "zona de segurança".

Desde 2016, a Turquia lançou duas operações no norte da Síria contra as YPG e ameaçou, várias vezes, lançar uma terceira.

Ainda que se desconheça a extensão exata e a data, em que a zona tampão será estabelecida, Erdogan disse estar "determinado" a que seja antes do final de setembro.

Com a criação da "zona de segurança", Ancara espera que sejam instalados ali uma parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios que vivem hoje na Turquia.

"Embora façam patrulhas conjuntas, não há uma opinião compartilhada sobre a função da zona de segurança", explica Nicolas Danforth, do German Marshall Fund of the United States.

Para Danforth, enquanto os Estados Unidos desejam preservar a autonomia das milícias curdas, a Turquia quer acabar com elas.

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Os bombardeios aéreos em Idlib, província do noroeste da Síria sob controle rebelde e jihadista, foram interrompidos neste sábado após o cessar-fogo anunciado pela Rússia, país aliado do presidente sírio Bashar al-Assad.

"Não há aviões de guerra no céu e os ataques aéreos cessaram", afirmou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Após o início do cessar-fogo unilateral declarado às 6H00 locais também foram interrompidos os confrontos terrestres entre o exército sírio e os insurgentes na parte sul de Idlib, afirmou Rahman, que no entanto citou disparos de artilharia.

Na sexta-feira, o Centro Russo para a Reconciliação na Síria anunciou um cessar-fogo unilateral das tropas sírias a partir da madrugada de sábado.

O Centro Russo pediu em um comunicado "aos comandantes dos grupos armados que renunciem às provocações e se unam ao processo de solução pacífica nas zonas que controlam".

"A trégua tem por objetivo estabilizar a situação", completa a nota.

A agência oficial síria SANA anunciou neste sábado que Damasco aceita o acordo, mas o exército sírio destacou que se "reserva o direito de reagir às violações" da trégua por parte dos jihadistas e dos grupos rebeldes.

Após vários meses de intensos bombardeios das aviações russa e síria, as forças de Bashar al-Assad iniciaram em 8 de agosto uma ofensiva terrestre em Idlib, controlada pelo grupo jihadista Hayat Tahrir Al Sham (HTS, ex-braço sírio da Al-Qaeda).

Este é o esforço mais recente da Rússia para evitar o que a ONU descreve como um dos "maiores pesadelos humanitários" do conflito.

Poucas horas antes do início da trégua, um bombardeio russo atingiu um centro médico em Aleppo e deixou diversos feridos, segundo o OSDH.

"O número de ataques contra instalações médicas, de ensino e pontos de abastecimento de água é o maior no mundo", declarou na sexta-feira Panos Moumtzis, diretor humanitário da ONU na Síria. "Isto é inaceitável", completou.

Durante a semana, o exército sírio conquistou novos territórios na região, ao assumir o controle da cidade estratégica de Khan Sheikhun, ao sul de Idlib.

No momento, o regime de Bashar al-Assad controla quase 60% do país.

Desde o início, em 2011, a guerra na Síria provocou mais de 370.000 mortes.

As forças aéreas israelenses bombardearam alvos na Síria para evitar um ataque com drones armados com explosivos contra o Estado hebreu, declarou o exército de Israel neste domingo (25).

A aviação israelense "conseguiu impedir uma tentativa iraniana da força al Qods (unidade de elite dos Guardiães da Revolução) de realizar um ataque da Síria contra alvos no norte de Israel com drones assassinos", declarou a jornalistas um porta-voz do exército, Jonathan Conricus.

Segundo Conricus, o ataque aconteceu em Aqraba, sudoeste da capital. Pouco antes, a agência siria Sana havia informado que o sistema de defesa antiaérea do exército sírio havia interceptado alvos inimigos no céu de Damasco".

Jihadistas e rebeldes abandonaram nesta terça-feira (20) setores chave da região de Idlib, no noroeste da Síria, depois que as forças do regime de Damasco cercaram suas posições, informou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Os combatentes jihadistas e os insurgentes se retiraram da cidade de Khan Sheikhun, na província de Idlib, e várias localidades do norte da província vizinha de Hama, onde fica um posto de observação estratégico da Turquia.

Com o recuo, o posto de observação turco na cidade de Morek, a uma dezena de quilômetros de Khan Sheikhun, está cercado pelas forças leais ao presidente sírio Bashar al-Assad, afirmou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

O regime sírio, apoiado pela Rússia, intensificou há alguns meses os bombardeios sobre Idlib e setores das províncias de Hama, Aleppo e Latakia, que ainda não estão sob seu controle.

Nesta terça-feira, 12 civis - incluindo três crianças - morreram nos bombardeios contra várias localidades do sudeste de Idlib, incluindo nove vítimas da aviação russa, segundo o OSDH.

No domingo, as forças do governo assumiram o controle de áreas do norte da cidade estratégica de Khan Sheikhun.

A Turquia, que apoia grupos rebeldes em Idlib, está presente na região como parte de um acordo estabelecido no ano passado com a Rússia, para evitar uma grande ofensiva.

O acordo previa a criação de uma zona desmilitarizada para separar as forças do regime das zonas controladas pelos jihadistas e rebeldes, e permitia à Turquia estabelecer postos de observação.

Na segunda-feira, a tensão aumentou entre o regime sírio e Ancara após a chegada de um comboio militar turco às imediações de Khan Sheikhun.

O governo da Síria acusou a Turquia de enviar "veículos carregados de munições" para ajudar os jihadistas e os rebeldes ante o avanço do exército de Damasco.

O OSDH informou que aviões russos e sírios atacaram os arredores do comboio, o que provocou três mortes.

O jornal sírio Al Watan (pró-governo) indicou que os ataques visaram um veículo rebelde que guiava o comboio. "Foi uma clara advertência contra as tentativas turcas de ressuscitar os terroristas", afirmou o jornal.

A Turquia condenou com veemência o ataque e considerou que era uma "contradição com os acordos existentes, a cooperação e o diálogo com a Rússia".

Depois de oito anos de guerra, a província de Idlib está parcialmente fora do controle do regime sírio. A região é dominada pelo grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS, ex-braço sírio da Al-Qaeda) e por diversos grupos rebeldes.

Centenas de milhares de deslocados, obrigados a fugir de outras zonas de combate, vivem nesta região. A ONU teme uma catástrofe humanitária em caso de continuidade dos combates.

Mais de 860 civis morreram nos bombardeios do regime sírio e da Rússia desde o fim de abril, de acordo com um balanço do OSDH. A guerra na Síria começou em março de 2011 e provocou mais de 370.000 mortes.

O presidente russo, Vladimir Putin, e seu anfitrião, o francês Emmanuel Macron, multiplicaram nesta segunda-feira (19) os sinais de boa vontade para distender as relações entre Rússia e Europa, sobretudo, no caso da Ucrânia, mas mantiveram suas divergências sobre Síria e direitos humanos.

Macron recebeu Putin em sua residência de veraneio em Brégançon, no sul da França, antes de presidir a cúpula do G7 no fim de semana. Desde a anexação da Crimeia, em 2014, a Rússia (G8) deixou de ser convidada para os encontros das economias mais industrializadas do mundo.

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Na reunião bilateral, o presidente francês anunciou uma cúpula a quatro partes, entre França, Rússia, Alemanha e Ucrânia, "nas próximas semanas", para tratar desse conflito que envenena as relações entre Moscou e Europa.

"As escolhas do presidente (ucraniano, Volodymyr) Zelensky são uma verdadeira virada para a situação" e "vamos considerar a oportunidade - que é minha vontade - de uma nova cúpula no 'formato Normandia' (com os quatro países citados acima) nas próximas semanas", declarou.

Sobre o tema e sobre sua disponibilidade de tratar desta questão, Putin demonstrou um "otimismo prudente".

"Vou falar (com Emmanuel Macron) dos meus contatos com o novo presidente ucraniano. Há coisas que são dignas de discussões e provocam um otimismo prudente", respondeu.

O presidente francês defendeu uma aproximação entre União Europeia e Rússia, uma relação complicada, pedindo que se tenha "confiança" em uma ordem internacional em "recomposição".

"Apesar dos mal-entendidos das últimas décadas", a Rússia "é europeia", e "temos de reinventar uma arquitetura de segurança e de confiança entre a União Europeia e a Rússia", insistiu, evocando uma Europa "de Lisboa a Vladivostok".

Gesto simbólico, Macron também anunciou que irá a Moscou em maio de 2020 para participar das celebrações pelo 75º aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista.

"Estarei na Rússia ao lado do presidente Putin" para este evento, declarou Macron, ao receber o colega russo em sua residência de veraneio no sudeste da França.

"Agradeço" a Emmanuel Macron por aceitar o convite, afirmou Putin.

Desde a anexação da Crimeia por parte da Rússia, em 2014, os países ocidentais passaram a boicotar essas cerimônias organizadas por Moscou.

- Síria e direitos humanos

Os dois presidentes não esconderam suas divergências em relação à Síria, onde a Rússia apoia militarmente o presidente Bashar al-Assad em sua tentativa de reconquistar territórios controlados por rebeldes moderados e por islamistas desde o início da guerra civil, em 2011.

Macron pediu ao governo Assad e a Putin que respeitem o cessar-fogo na província de Idlib, no noroeste do país. A região é alvo de bombardeios aéreos quase diários. Agora, após três meses de intensos combates, as forças do governo começam a avançar em Idlib.

"É imperioso que o cessar-fogo decidido e firmado em Sochi (na Rússia) seja realmente respeitado", declarou Macron.

Já o presidente Putin afirmou que a Rússia "apoia o Exército sírio para eliminar as ameaças terroristas em Idlib".

Questionado sobre a repressão das manifestações em favor da democracia na Rússia, nas últimas semanas, Putin apontou a violência dos protestos envolvendo os "coletes amarelos" na França.

"Não queremos uma situação similar", afirmou, garantindo que as autoridades russas vão agir para que as manifestações permaneçam no "âmbito da lei".

O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) está "ressurgindo" na Síria, inclusive em um momento em que os Estados Unidos retiram suas tropas, e está consolidando suas capacidades no vizinho Iraque, informou nesta terça-feira (6) um organismo de monitoramento do Departamento de Defesa.

Os jihadistas, que sofreram grandes perdas territoriais nas mãos de forças iraquianas e sírias, respaldadas por uma campanha aérea internacional liderada por Estados Unidos e Rússia, respectivamente, estão explorando as debilidades das forças locais para obter vantagens, segundo o relatório do Escritório do Inspetor Geral.

"Apesar de perder seu 'califado' territorial, o Estado Islâmico no Iraque e Síria (Isis, na sigla em inglês) solidificou suas capacidades insurgentes no Iraque e ressurgiu na Síria neste trimestre", segundo o relatório.

O documento indicou que a organização pôde "se reagrupar e manter operações" nos dois países, em parte porque as forças locais "continuam sendo incapazes de manter operações no longo prazo, realizar múltiplas operações simultaneamente ou reter o território que eles libertaram", expressou a documentação.

O ressurgimento do grupo na Síria acontece quando Washington "completa uma retirada parcial" do país, em uma medida tomada apesar de que os comandantes disseram que os grupos rebeldes das Forças Democráticas Sírias (FDS) respaldadas por Estados Unidos "necessitavam de mais capacitação e equipamento para as operações de contra-insurgência".

No ano passado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou a vitória contra o Estado Islâmico e ordenou a retirada de todas as tropas americanas da Síria, uma decisão que levou o secretário da Defesa, Jim Mattis, a renunciar.

Ataques aéreos do governo da Síria e de aliados contra escolas, hospitais, mercados e padarias mataram 103 civis nos últimos 10 dias, incluindo 26 crianças, disse ontem a chefe de direitos humanos da ONU, Michelle Bachelet, em comunicado.

O governo sírio iniciou, em abril, uma ofensiva contra um enclave rebelde no noroeste do país, a última área de oposição ao presidente Bashar Assad. (Com agências internacionais)

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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