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A Rússia opôs-se nesta sexta-feira a uma declaração conjunta do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria, em uma reunião sobre a situação na cidade de Idlib (noroeste), onde o regime de Damasco e Moscou intensificou recentemente sua ofensiva.

Em uma declaração à imprensa sobre a reunião a portas fechadas, 11 dos 15 países do Conselho expressaram sua "profunda preocupação" diante da piora da situação na província de Idlib, uma das zonas de distensão acordadas pela Rússia desde setembro.

Esses países, aos quais não se juntaram Rússia, China, Indonésia nem África do Sul, exortaram as partes beligerantes "a proteger os civis", na declaração lida pelo embaixador belga na ONU, Marc Pecsteen de Buytswerve.

Antes da reunião de emergência reclamada por Kuwait, Alemanha e Bélgica, o diplomata belga havia pedido uma "mensagem comum" do Conselho de Segurança para reduzir a violência.

Segundo fontes diplomáticas, a reunião deu lugar a um duro intercâmbio entre Rússia e Estados Unidos em relação aos bombardeios de hospitais na Síria.

Desde o final de abril, o regime sírio e seu aliado russo aumentaram seus bombardeios contra o sul da província de Idlib e o norte da região vizinha de Hama, dois territórios controlados por Hayat Tahrir al Sham (ex-braço sírio da Al Qaeda) e outros grupos jihadistas. Esses ataques atingiram hospitais e escolas.

Segundo o embaixador francês na ONU, François Delattre, se o regime reconquistar Idlib de modo similar a Aleppo em 2016, o mundo poderá assistir a "uma catástrofe humanitária".

Cerca de 3 milhões de pessoas vivem na província de Idlib, entre eles 1 milhão de crianças.

Treze civis morreram nesta terça-feira (7), segundo uma ONG, em ataques aéreos do regime e de seu aliado russo contra o último reduto jihadista do noroeste da Síria, palco de uma escalada que fragiliza o acordo de cessar-fogo e tem levado seus habitantes ao êxodo.

Dominados por jihadistas da Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ex-facção síria da Al-Qaeda, a província de Idleb e os territórios adjacentes insurgentes escapam ao controle de Bashar al-Assad, que conduz bombardeios na região desde fevereiro.

Mas os bombardeios dos últimos dias foram os mais violentos desde que Moscou e Ancara revelaram em setembro de 2018 um acordo sobre uma "zona desmilitarizada" para separar os territórios insurgentes das zonas do governo e garantir o cessar das hostilidades.

O presidente francês Emmanuel Macron expressou no Twitter nesta terça-feira sua "extrema preocupação" com a "escalada da violência" em Idlib. Antes dele, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, instou os beligerantes a protegerem os civis.

Os ataques desta terça visaram localidades em Idlib e em Hama, afirmou o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Dezenas de veículos e caminhonetes transportando mulheres e crianças entre colchões e pilhas de pertences fugiram do sul de Idlib para o norte, relativamente poupado dos ataques, segundo um correspondente da AFP.

Fugindo de uma aldeia no sul da província de Idlib com sua esposa e três filhos, esta é a terceira vez que Abu Ahmed se vê desalojado pelo conflito. "Desta vez foi o mais aterrorizante. Os aviões não param, nem as granadas", disse o homem de quarenta anos.

"Ainda temos um longo caminho, não sabemos para onde estamos indo, mas queremos o fim dos bombardeios", ressaltou.

Mais de 150 mil pessoas foram deslocadas desde fevereiro na região, segundo a ONU.

No norte de Hama, os combates duraram a noite toda até que as forças do regime assumiram o controle de uma colina e de duas aldeias controladas por jihadistas, de acordo com o OSDH.

Pelo menos 24 combatentes pró-regime foram mortos nesses confrontos, assim como 29 jihadistas, incluindo membros da HTS e do Partido Islâmico do Turquestão, segundo o Observatório.

Desde 28 de abril, pelo menos sete hospitais ou centros médicos foram atingidos pelos bombardeios, tornando alguns deles inoperantes. Nove escolas também foram afetadas.

"A situação humanitária na Síria é crítica e nenhuma opção militar é aceitável", disse o presidente Macron no Twitter.

Idlib é a última grande fortaleza jihadista na Síria, após mais de oito anos de conflito devastador.

A esmagadora maioria de cerca de três milhões de pessoas vive graças à ajuda humanitária. Metade deles são deslocados internos que chegaram a Idlib depois de fugirem de outros redutos rebeldes recuperados pelo regime.

Aron Lund, especialista do think tank The Century Foundation, não exclui "uma ofensiva limitada em Idlib com o objetivo de enfraquecer a HRT" ou obter "concessões específicas".

Um cenário mais plausível, uma vez que duas importantes estradas cruzam Idlib.

Os confrontos entre forças do governo sírio e jihadistas deixaram pelo menos 43 mortos na região nordeste do país, onde o regime e seus aliados russos intensificaram os bombardeios nos últimos dias, informou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Os extremistas também lançaram foguetes contra uma base aérea russa na região, mas foram expulsos do local, informou um comunicado do ministério da Defesa da Rússia.

O OSDH informou que pelo menos 22 combatentes pró-regime morreram na província de Hama.

Vinte e um extremistas, incluindo membros do ex-braço da Al-Qaeda na Síria, o Hayat Tahrir Al Sham (HTS), e de um grupo aliado, o Partido Islâmico do Turcomenistão, também morreram nos combates.

Os confrontos começaram com o avanço das forças do regime em dois vilarejos e uma colina da região, indicou o OSDH.

A agência de notícias Sana afirmou que as tropas sírias iniciaram "operações intensivas" contras as linhas de abastecimento e as áreas onde operam grupos armados em Hama e na província vizinha de Idlib.

Quinze pessoas morreram nesta quarta-feira (24) em uma explosão na cidade de Jisr al Shughur, na província de Idlib, noroeste da Síria, informou a ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).

Treze civis e duas pessoas não identificadas morreram e outras 30 ficaram feridas em uma explosão perto de um mercado de Jisr al Shughur, afirmou à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH. A causa da explosão ainda não foi determinada.

"Não está claro se a explosão foi provocada por um carro-bomba ou um automóvel que transportava explosivos", declarou o diretor do OSDH. O Partido Islâmico do Turquestão, uma formação de jihadistas estrangeiros, com forte presença da minoria uigur, está bem implementado em Jisr al Shughur,

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) dispõe de células adormecidas na província de Idlib, controlada desde o início do ano pelo grupo jihadista Hayat Tahrir al Sham (HTS, ex-braço da Al-Qaeda).

O papa Francisco pediu neste domingo (21) que se encontre soluções pacíficas para que "as armas parem de ensanguentar a Líbia" e que "se favoreça o retorno" dos refugiados na Síria.

Em sua tradicional mensagem de Páscoa, seguida pela bênção "Urbi et Orbi", o soberano pontífice também pediu "a reconciliação" no Sudão do Sul.

"Que as armas deixem de ensanguentar a Líbia, onde, nas últimas semanas, pessoas indefesas voltam a morrer e muitas famílias se veem obrigadas a deixarem suas casas", afirmou o papa, falando da Basílica de São Pedro.

"Peço às partes envolvidas a que escolham o diálogo em lugar da opressão, evitando que se abram de novo as feridas provocadas por uma década de conflito e instabilidade política", disse.

Os combates ganharam intensidade neste sábado, às portas de Trípoli, após o anúncio das forças leais ao governo de união nacional (GNA) de uma "fase de ataque" contra as tropas do marechal Khalifa Haftar, mobilizadas para conquistar a capital líbia.

O papa, que acompanha de perto a situação na Síria, também lamentou que o povo sírio, "vítima de um conflito que continua e ameaça nos fazer cair na resignação e até na indiferença".

"Em contrapartida, é hora de renovar o compromisso a favor de uma solução política que responda às justas aspirações da liberdade, de paz e de justiça, à beira da crise humanitária e favoreça o retorno seguro das pessoas deslocadas, assim como dos que se refugiaram nos países vizinhos, especialmente no Líbano e na Jordânia", acrescentou.

Além disso, o sumo pontífice voltou a pedir ao presidente sul-sudanês, Salva Kiir, e ao chefe rebelde, Riek Machar, que se comprometam com a "reconciliação da nação".

Kiir e Mashar se reuniram há pouco no Vaticano para um retiro espiritual de dois dias.

"Que se abra uma nova página na história do país, na qual todos os atores políticos, sociais e religiosos se comprometam ativamente pelo bem comum e pela reconciliação da nação", pediu o papa neste domingo, em sua mensagem de Páscoa.

Onze pessoas morreram neste domingo na Síria em um bombardeio com foguetes contra a cidade de Aleppo, controlada pelo regime de Bashar al-Assad, anunciou a agência de notícias oficial Sana.

A segunda maior cidade da Síria fica perto do reduto jihadista de Idlib, província dominada pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS, antigo braço da Al-Qaeda).

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Desde que o regime a recuperou, em 2016, Aleppo é alvo de ataques esporádicos jihadistas ou rebeldes.

Segundo a Sana, 11 pessoas foram mortas por foguetes de "grupos terroristas", terminologia habitual do regime para se referir tanto aos jihadistas quanto aos rebeldes. Onze civis ficaram feridos.

A agência acusou grupos rebeldes apoiados pela Turquia de estarem por trás do bombardeio, enquanto o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) apontou para grupos jihadistas, incluindo o HTS.

O grupo do Estado Islâmico (EI) reivindicou nesta terça-feira (26) um ataque em Manbij (norte) no qual morreram sete combatentes da aliança curda que eliminaram o "califado" da organização jihadista na Síria, de acordo com uma mensagem postada em sua conta no Telegram.

Os soldados do califado atacaram um posto de controle "das Forças Democráticas Sírias (SDF) com metralhadoras", segundo o texto.

Este é o primeiro ataque do EI contra as forças antijihadistas apoiadas pelos Estados Unidos desde a queda anunciada de "califado" no sábado em Baghuz (leste). Para celebrar a vitória, os combatentes das FDS hastearam sua bandeira amarela em Baghuz, onde os extremistas resistiram até o fim.

Nas proximidades de Baghuz, em Al-Omar, um campo de petróleo usado como base da ofensiva antijihadista, homens e mulheres que integram as FDS, nas quais predominam os curdos, comemoravam com o dabke, uma dança tradicional. Uma banda militar tocou o hino americano.

Um porta-voz do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) conclamou nesta segunda-feira seus seguidores a atacar as forças curdas na Síria, enquanto os jihadistas combatem em seu último reduto no leste do país devastado pela guerra.

Em áudio publicado no Telegram, o porta-voz do EI pediu que os membros do grupo nas áreas controladas pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), lideradas pelos curdos, devem "vingar o sangue de seus irmãos e irmãs".

"Instalem dispositivos explosivos, posicionem franco-atiradores", disse o porta-voz, que de identificou como Abi Hassan al Mujahir.

As FDS - aliança de combatentes curdos e árabes - contam com o apoio da aviação da coalizão internacional anti-EI para tirar os jihadistas de seu último reduto, em Baghuz, localidade da província de Deir Ezzor, na zona da fronteira iraquiana.

Os combates prosseguiam nesta segunda-feira e as FDS consolidaram as posições conquistadas na véspera, após duros combates e intensos bombardeios.

"Nossas forças avançam, mas os combates prosseguem", disse à AFP Jiaker Amed, porta-voz das FDS.

A Rússia testou mais de 300 novos tipos de armas avançadas na Síria desde 2015, ano em que Moscou se envolveu na guerra no país, informou na segunda-feira (11) o ministro da Defesa russo, Sergei Shoygu.

Metade dessas 317 armas foi testada nos primeiros 12 meses desde o início da campanha de bombardeios, em setembro de 2015, para apoiar o Exército do presidente sírio, Bashar Assad. (Com agências internacionais)

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas por uma coalizão internacional liderada por Washington, se preparam nesta terça-feira (5) para novas evacuações de civis e jihadistas de Baghuz, último reduto do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria.

Quase 3.000 pessoas deixaram a localidade nas últimas 48 horas. As FDS desaceleraram sua ofensiva para permitir que os civis e os combatentes jihadistas que querem se render deixem o enclave, na província de Deir Ezzor.

Desde o último domingo, "cerca de 3.000 pessoas foram evacuadas do reduto do Estado Islâmico", informou na segunda-feira o porta-voz das FDS Mustafa Bali. "Entre o grupo havia um grande número de jihadistas do EI que se renderam", ressaltou no Twitter.

Após a evacuação de milhares de civis, a maioria mulheres e crianças dos jihadistas, as FDS retomaram na sexta-feira sua ofensiva contra os últimos combatentes do EI, com o apoio dos ataques aéreos da coalizão.

"Ainda há civis em Baghuz e as FDS tentam liberá-los", informou à AFP um oficial das FDS, que acusou o EI de usá-los como "escudos humanos".

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) informou, por sua vez, a "evacuação de 280 jihadistas" que capitularam desde a desaceleração das operações.

Escondidos em meio a um mar de minas terrestres, os jihadistas têm atiradores e apostam em contra-ataques.

Depois de uma ascensão meteórica em 2014, o EI proclamou em junho do mesmo ano um "califado" nas vastas áreas conquistadas na Síria e no vizinho Iraque. Mas, em face de várias ofensivas nos últimos dois anos, os jihadistas perderam terreno, restando apenas este quarteirão em Baghuz.

A perda de Baghuz vai significar o fim territorial do "califado" na Síria, após sua derrota no Iraque em 2017. Mas o grupo já começou sua transformação em uma organização clandestina. Seus combatentes estão espalhados no deserto da Síria, no centro do país, e ainda conseguem realizar ataques mortais.

Cerca de 53 mil pessoas, em sua maioria parentes de jihadistas, deixaram Baghuz desde dezembro, de acordo com o Observatório. Entre elas, mais de 5.000 jihadistas foram presos, segundo a mesma fonte.

A grande maioria dos evacuados foi transferida para o campo de deslocados de Al-Hol, mais ao norte.

A população do campo atualmente chega a mais de 56 mil pessoas, "mais de 90 por cento das quais são mulheres e crianças", informou nesta terça-feira o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) na Síria.

"Entre 22 de fevereiro e 1 de março, cerca de 15.000 pessoas chegaram ao campo", disse o OCHA, relatando a morte de 90 pessoas, das quais dois terços com menos de cinco anos de idade, no trajeto de Baghuz para Al-Hol ou logo após a sua chegada ao acampamento.

Essas pessoas precisam de "ajuda imediata", advertiu na segunda-feira o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) em um comunicado.

"As pessoas estão embrulhadas em roupas porque não têm lugares fechados para dormir. Algumas nem têm tendas e ficam expostas à chuva, ao vento e a temperaturas extremas", lamentou.

Os chefes do estado-maior das Forças Armadas de Estados Unidos e Rússia reuniram-se na Áustria nesta segunda-feira para discutir a situação na Síria, onde uma força militar residual americana será mantida após a derrota territorial do grupo radical Estado Islâmico (EI).

O general Joseph Dunford, chefe do Estado-Maior Conjunto dos Estados Unidos, reuniu-se em Viena com o general Valery Gerasimov, seu colega russo, confirmou o porta-voz de Dunford, coronel Pat Ryder.

"Os dois chefes militares discutiram a prevenção de conflitos entre as operações da coalizão e as russas na , e trocaram pontos de vista sobre a situação das relações militares entre Estados Unidos e Rússia, bem como a atual situação de segurança internacional na Europa e outros temas-chave", disse Ryder, citado em comunicado.

Desde a entrada da Rússia nesse conflito, em 2015, Moscou e Washington fecharam um acordo para delimitar suas zonas de operação contra o EI e evitar qualquer incidente entre suas respectivas tropas.

"Ambos os comandantes reconhecem a importância de se manter uma comunicação regular para evitar erros de cálculo e promover a transparência e prevenção de conflitos nas áreas onde nossos militares estão operando muito próximos", disse Ryder.

A reunião é a primeira desde junho, e acontece em meio a uma tensão intensa entre Washington e Moscou, no momento em que o Pentágono busca um novo enfoque sobre a Rússia como competidor "de grande poderio".

O presidente americano, Donald Trump, decidiu em dezembro retirar suas tropas mobilizadas no nordeste da Síria, onde cooperaram com forças curdas para expulsar o EI, mas concordou, no fim de fevereiro, em manter um contingente de 200 militares naquele país árabe.

Cerca de 300 sírios acusados de pertencerem ao grupo Estado Islâmico (EI) foram libertados, anunciou a administração semi-autônoma curda na Síria, indicando que a medida afeta aqueles que "não têm sangue nas mãos".

Sua libertação, no sábado (2) à noite, ocorreu após um pedido dos líderes tribais e representantes locais, informou a adminitração curda em um comunicado.

Não é a primeira vez que as autoridades curdas realizam tais solturas, mas "desta vez trata-se de um número grande", disse, neste domingo (3), o diretor do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman.

"Todos os prisioneiros foram libertados no sábado", indicou à AFP.

De acordo com o comunicado curdo, "283 homens suspeitos de pertencerem ao EI, mas cujas mãos não estão manchadas de sangue, foram libertados".

"Eles se afastaram do [bom] caminho um dia, violaram as tradições da nossa sociedade síria, infringiram a lei. Mas, mesmo se afastando [do caminho], continuam a ser os nossos filhos sírios, e nós devemos estender a eles a mão da fraternidade e misericórdia", acrescenta o texto.

As libertações ocorreram em várias regiões controladas pelos curdos no norte e nordeste da Síria, em Manbij, Raqa e na província de Deir Ezzor, aponta o comunicado, publicado no site das Forças Democráticas Sírias (FDS), na linha de frente da luta contra o EI na Síria.

Inúmeros civis permanecem encurralados no último reduto do grupo Estado Islâmico no leste da Síria, e as forças antijihadistas apoiadas por Washington tentam evacuá-los para poder finalmente derrotar os últimos jihadistas.

Centenas de homens, mulheres e crianças foram evacuados na quarta-feira (20) por uma dúzia de caminhões, deixando o último setor jihadista na cidade de Baghuz, muito perto da fronteira com o Iraque.

Atualmente, os combatentes curdos e árabes das Forças Democráticas Sírias (FDS) estão concentrados nessas evacuações, que permitirão derrotar os últimos combatentes do EI, e anunciar com grande pompa o fim do "califado" autoproclamado em 2014 pelo EI entre a Síria e o Iraque.

"Ficamos surpresos ao ver que ainda há um grande número de civis dentro (do reduto jihadista), além dos combatentes", disse à AFP um porta-voz das FDS, Adnan Afrin. "Todos os dias esperamos que os civis saiam para encontrar refúgio nas FDS", acrescentou. Na quarta, ao menos 10 caminhões transportando homens, mulheres e crianças deixaram o povoado de Baghuz.

Em uma posição das FDS, aliança curdo-árabe que conduz a ofensiva "final" contra o EI na localidade, uma jornalista da AFP viu passar os caminhões deixando Baghuz com dezenas de homens, que escondiam seus rostos, além de mulheres em niqab e muitas crianças.

As FDS e a coalizão internacional anti-EI desaceleraram suas operações para deixar que as famílias saiam, e acusam os jihadistas de usar os civis da localidade como "escudos humanos".

Homens suspeitos de pertencerem ao EI são transferidos para centros de detenção. Civis, incluindo mulheres e filhos de jihadistas, são enviados para campos de deslocados no nordeste da Síria.

- "Situação alimentar crítica" -

Em Baghuz, o EI controla apenas uma pequena área de casas. Os jihadistas estão entrincheirados em túneis, no meio de um mar de minas que impedem o avanço das FDS. A situação alimentar é crítica e itens de alimentação são vendidos a preços extorsivos, segundo testemunhas.

Os abrigos recebem mais de 2.500 crianças estrangeiras, de mais de 30 países, das quais 1.100 chegaram desde janeiro, informou a ONG Save the Children nesta quinta-feira.

Entre essas crianças, muitas não estão acompanhadas pelos pais, disse a organização, que denuncia uma situação humanitária "desesperadora". "As crianças estão em perigo de morte", alertou a ONG.

A questão dos estrangeiros radicalizados bloqueados na Síria é um verdadeiro quebra-cabeças para as autoridades semiautônomas curdas. Esses ocidentais representam um verdadeiro desafio para os países ocidentais, que não gostariam de repatriá-los apesar dos apelos nesse sentido das forças da coalizão.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, adiou nesta quarta-feira a reunião que marcou na quinta com o presidente Vladimir Putin por causa da campanha pelas eleições legislativas em Israel.

O principal objetivo do encontro de Netanyahu com Putin era discutir a Síria, um país vizinho de Israel.

Este será o primeiro encontro entre os dois líderes desde novembro e depois que Israel indicou em 21 de janeiro que atacou várias posições do regime sírio - apoiado por Moscou - e de seu aliado iraniano na Síria.

A reunião de quinta coincidia com a data limite para apresentação das lista de candidatos para as legislativas de 9 de abril em Israel.

Os presidentes de Rússia, Irã e Turquia elogiaram nesta quinta-feira (14), durante uma reunião em Sochi, a retirada anunciada das tropas americanas da Síria, prometendo "fortalecer sua cooperação" para acabar com o conflito.

Os três líderes se reuniram no balneário do sudoeste da Rússia para discutir o avanço do processo de paz na Síria, onde oito anos de guerra custaram mais de 360 mil vidas.

A Síria está atualmente no centro de um intenso balé diplomático com uma reunião da coalizão internacional em Munique, e uma conferência sobre o Oriente Médio em Varsóvia, na presença do vice-presidente americano, Mike Pence, e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Em Sochi, as discussões "giraram em torno da influência que terá o anúncio americano de sua retirada das regiões do nordeste do país sobre o desenvolvimento futuro da situação na Síria", declarou o presidente russo, Vladimir Putin.

"Nossa visão comum é de que a realização dessa etapa seria um passo positivo que ajudaria a estabilizar a situação na região", acrescentou Putin.

O destino da província síria de Idlib (noroeste), a única região síria ainda nas mãos dos rebeldes, também foi discutida. Os três líderes concordaram em adotar "medidas concretas" para estabilizar a situação na região, alvo esporádico de ataques.

'Desescalada definitiva'

"Nós não queremos novas crises humanitárias, novos desastres em Idlib ou em outra parte na Síria", declarou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acrescentando esperar que o regime de Damasco "respeite a trégua".

Ele acrescentou que Rússia e Turquia chegaram a um acordo para realizar "patrulhas conjuntas" para conter "grupos radicais" na província de Idlib, sem dar mais detalhes.

"Hoje, praticamente em toda a Síria, o regime de cessar-fogo está sendo observado, o nível de violência está diminuindo gradualmente e é resultado concreto e positivo do nosso trabalho conjunto", apontou Putin.

Na cúpula, o presidente russo destacou a necessidade de Moscou, Ancara e Teerã chegarem a um acordo sobre medidas para garantir uma "desescalada definitiva" em Idlib.

Se o cessar-fogo parece em vigor, "não significa que devemos tolerar a presença de grupos terroristas em Idlib", disse, pedindo medidas para "eliminar permanentemente esse foco terrorista".

A última cúpula entre os presidentes iraniano, turco e russo, realizada em setembro no Irã, trouxe à tona suas diferenças sobre o destino de Idlib.

Foi preciso outra reunião entre Putin e Erdogan para evitar uma ofensiva desejada pelo regime sírio: uma "zona desmilitarizada" foi criada neste enclave onde facções rebeldes coabitam.

Em virtude do acordo russo-turco, todos os combatentes radicais, incluindo os extremistas da Hayat Tahrir al-Sham (HTS), dominada pela ex-facção da Al-Qaeda na Síria, tiveram que se retirar da área.

Mas a HTS, desde então, se fortaleceu e controla "mais de 90% do território do enclave", segundo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov.

Questão curda

Erdogan também pediu a retirada dos combatentes curdos presentes no nordeste da Síria. Segundo ele, "a integridade territorial da Síria não poderá ser assegurada e a região devolvida a seus verdadeiros donos" enquanto continuarem na região.

Ancara considera as milícias curdas das Unidades de Proteção do Povo (YPG) como um grupo terrorista. Estas controlam a cidade estratégica de Minbej e áreas sírias a leste do Eufrates de onde expulsaram os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI).

Com o apoio dos combatentes árabes das Forças Democráticas Síria (FDS) e da coalizão liderada pelos Estados Unidos, as YPG encurralaram os extremistas do EI em um território de pouco mais de um quilômetro quadrado.

A Rússia emergiu como um ator-chave no conflito desde o início de sua intervenção militar, em 2015, em apoio ao regime de Bashar al-Assad, que agora controla quase dois terços do país.

O processo de Astana, iniciado por Moscou com Irã e Turquia, eclipsou as negociações patrocinadas pela ONU sem, contudo, alcançar um acordo final sobre o conflito.

Elas fogem do que resta do "califado" do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na Síria. São crianças nascidas em um "Estado" que desapareceu, muitas vezes sem pai e com mães de países onde não são bem-vindas.

Seus rostos se destacam entre um mar de niqabs (véu integral), ao lado de suas mães, amontoados em caminhonetes que os transportam do último reduto do EI no leste da Síria.

Há bebês de apenas três meses, que choram de cansaço e fome. Os mais velhos observem em silêncio os jornalistas.

Estão vestido com várias camadas de roupas para enfrentar o frio: casacos, cobertores, gorros...

É difícil adivinhar o estado de suas mães sob o véu integral, mas seus olhos transmitem cansaço, esgotamento e também as mãos muito magras.

Há meses, a comida está acabando no último reduto jihadista, alvo de uma ofensiva da aliança curdo-árabe das Forças Democráticas Sírias (FDS), que reconquistou progressivamente a imensa maioria do setor.

Nas horas mais difíceis do "califado", alvo de bombardeios e dos ataques aéreos da coalizão internacional, os bebês continuaram a nascer.

Jadija tem um ano. Nasceu nos territórios jihadistas da província de Deir Ezzor, na fronteira com o Iraque.

Está envolvida por uma manta nos braços de sua mãe, uma síria de apenas 17 anos natural de Manbij, cidade do norte da Síria, a centenas de quilômetros de distância dali.

"Estou grávida"

Quando perguntada sobre o que espera para sua filha, ela responde com um olhar vazio. O pai, também jovem, foi detido pelas FDS e espera em outro veículo juntamente com dezenas de outros homens.

Há mulheres de outras nacionalidades: iraquianas, turcas, russas, ucranianas e francesas.

O que lhes espera? Um futuro incerto em campos de deslocados no norte da Síria controlados pelas autoridades curdas com uma zona destinada aos familiares dos supostos jihadistas.

Para chegar, as mulheres atravessaram com seus filhos centenas de quilômetros pelo deserto, em caminhonetes.

No acostamento da estrada há objetos arrastados pelo vento: uma mala, um suéter cinza, um carrinho de bebê azul abandonado.

Pelo menos 35 crianças morreram no caminho ou pouco depois de chegar ao acampamento, principalmente por hipotermia, segundo a ONU.

Na zona de recepção do campo de deslocados de Al Hol, mulheres e crianças, a maioria com menos de cinco anos, estão sentadas em cobertores empilhados, aguardando a atribuição de uma tenda.

Perto dali, na clínica, um médico exausto examina crianças esqueléticas.

"Acabei de descobrir que estou grávida", diz uma menina de 19 anos com um bebê apoiado no quadril.

Quatro anos depois de deixar a Alemanha para integrar o grupo extremista Estado Islâmico (EI), Leonora, de 19 anos, fugiu do último reduto dos extremistas no leste da Síria e diz que chegou o momento de voltar para casa.

"Eu era um pouco ingênua", afirma, usando um longo vestido preto e um pano marrom claro com luas brancas.

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As forças apoiadas pelos Estados Unidos combatem os últimos extremistas do Estado Islâmico em um reduto do território que lhes resta no leste da Síria, perto da fronteira iraquiana, fazendo milhares de pessoas fugir.

Leonora está atrás dos limites do povoado de Baghuz, junto com seus dois filhos pequenos, entre milhares de homens, mulheres e crianças que saíram em debandada esta semana.

A jovem alemã indica que a primeira vez que veio à Síria tinha 15 anos, dois meses depois de se converter ao Islã.

"Depois de três dias, me casei com meu marido alemão", conta à AFP, em um centro para deslocados gerido pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), apoiadas pelos Estados Unidos.

Leonora afirma que se tornou a terceira esposa do extremista alemão Martin Lemke, depois que este viajou à Síria com suas duas primeiras esposas.

Inicialmente, Leonora vivia na cidade de Raqqa, capital autoproclamada do grupo EI, onde, diz, era dona de casa.

"Simplesmente ficava em casa, cozinhando, limpando, esse tipo de coisa", assinala, abraçando forte o mais novo de seus dois filhos, de apenas duas semanas.

Mudar de casa a cada semana

As autoridades curdas da Síria mantêm detidos centenas de combatentes estrangeiros que juraram lealdade ao EI, e milhares de suas esposas e filhos em campos de deslocados.

Os curdos têm pedido reiteradamente aos governos ocidentais que extraditem seus cidadãos, mas os países de origem destes se mostram receosos.

Em princípio, a vida em Raqqa era fácil, conta Leonora, mas isso mudou quando as FDS começaram a ganhar terreno dos extremistas.

As FDS, sob liderança curda, conquistaram Raqqa em 2017, após anos de brutal domínio extremista, segundo os habitantes da cidade, incluindo crucificações e decapitações públicas.

"Então perderam Raqqa e começamos a mudar de casa a cada semana porque a cada semana perdiam uma cidade", explica.

Quando foram atacados pelas FDS, Leonora diz que os combatentes do EI abandonaram suas famílias à própria sorte.

"Deixaram as mulheres sozinhas, sem comida, não se preocupavam". O inimigo avançava "e você estava sozinha, em uma cidade vazia, com seus filhos", afirma.

'Grande, grande erro'

Ela pegou seus filhos e fugiu com seu marido e sua segundo esposa para um território nas mãos das FDS, que prenderam Lemke na quinta-feira.

Leonora assegura que Lemke trabalhava principalmente como técnico para o EI.

"Faz coisas técnicas, coisas de computador, conserta computadores, celulares", explica.

Mas, segundo informações da imprensa alemã, Lemke, que teria 28 anos, é uma figura influente entre os extremistas estrangeiros na Síria.

Em um local próximo a Baghuz, vários homens permanecem sentados no chão enquanto membros das FDS e da coalizão passeiam pelas imediações.

Depois de quatro anos e um califado do EI quase extinto, Leonora insiste que quer voltar para casa.

"Quero voltar à Alemanha, com a minha família, porque quero a minha vida antiga, a de antes", assinala. "Agora sei que isso foi um grande, grande erro".

  O turco Uğur Gallen vem compartilhando um projeto tocante em sua conta no Instagram. Vizinho da Síria, que enfrenta uma guerra civil desde 2011, ele decidiu juntar imagens que fazem um contraste social gritante.

De forma simplória, mas com um olhar diferenciado, Uğur fez montagens de fotos que despropositadamente se complementam e alerta sobre a brutal desigualdade social que assola o mundo.

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Em texto escrito para o Bored Pand, Uğur escreveu: ‘ O contraste entre esses territórios reflete dois mundos diferentes para mim, e isso me inspirou a retratar isso no meu trabalho. Eu gostaria que o mundo inteiro vivesse de acordo com a frase de Mustafa Kemal Atatürk "Paz em Casa, Paz no Mundo", que foi implementada como a política externa da Turquia.’ Confira algumas imagens do projeto:

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Atual campeã da Copa da Ásia, a seleção da Austrália decepcionou na estreia, neste domingo. Jogando em Al Ain, nos Emirados Árabes Unidos, o time australiano foi derrotado pela Jordânia por 1 a 0, na primeira surpresa da competição, que teve início no sábado.

O único gol da partida foi marcado 26 minutos do jogo. Após cobrança de escanteio na área, Anas Bani Yaseen escorou de cabeça e definiu a vitória da Jordânia num jogo de amplo domínio dos australianos.

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A equipe da Jordânia terminou o confronto com apenas 24% de posse de bola. No segundo tempo, a pressão da Austrália foi ainda mais intensa, com uma bola na trave, de Awer Mabil, e um gol de Jamie Maclaren anulado por impedimento. Além disso, o goleiro jordaniano Amer Shafi precisou fazer ao menos duas grandes defesas no confronto.

"Esta derrota vai doer bastante, sei disso. Na verdade, já está doendo neste minuto", comentou o capitão da Austrália, Mark Milligan, ao fim do jogo.

Com o resultado, a Jordânia despontou na liderança do Grupo B. O time ainda foi beneficiado pelo empate sem gols entre Síria e Palestina, também neste domingo, pela mesma chave.

Em outro duelo deste domingo, a Índia goleou a Tailândia port 4 a 1, pelo Grupo A. Sunil Chhetri foi o grande destaque do jogo, com dois gols, sendo um deles em cobrança de pênalti. Anirudh Thapa e Jeje Lalpekhlua também balançaram as redes pela equipe indiana. Teerasil Dangda marcou o único gol tailandês.

Aviões de guerra israelenses que sobrevoavam o Líbano lançaram mísseis em direção a áreas próximas a Damasco, capital da Síria, nesta terça-feira (25), atingindo um depósito de armas e ferindo três soldados, segundo informações da TV estatal síria.

Segundo a emissora, a maioria dos mísseis foram abatidos por sistemas de defesa antiaérea.

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O ataque relatado perto de Damasco é o primeiro desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que o país irá retirar suas 2 mil tropas da Síria. Após a declaração de Trump, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que Israel "continuaria a agir contra as tentativas do Irã de se fortalecer militarmente na Síria e, na medida do necessário, vamos até expandir nossas ações". Fonte: Associated Press.

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