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O Grupo Rouge, que se reuniu em 2017 após 12 anos trabalhando separadas em projetos individuais, lançou o clipe oficial da música “Dona da Minha Vida” na noite da última quinta-feira (30). 

Com uma letra que aborda o empoderamento feminino diante de uma relação abusiva que teve fim, as imagens do clipe também mostram críticas à violência física contra a mulher, à gordofobia e à transfobia. 

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O clipe foi dirigido por João Monteiro e Fernando Moraes, com co-autoria das cantoras do grupo, Aline Wirley, Fantine Thó, Karin Hils, Li Martins e Lu Andrade. Além das artistas, há a participação de muitas pessoas, especialmente mulheres, que dão um tom feminista ao clipe. A música também já está disponível em outras plataformas digitais como o Spotify, Deezer e Apple Music. 

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No primeiro semestre de 2018, 86 pessoas trans foram assassinadas no Brasil, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e o Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE). São contabilizados ainda até junho: 29 tentativas de assassinato, sete casos de suicídio e 33 casos de violações dos direitos humanos.

De acordo com a Antra, a maioria das vítimas é do gênero feminino, negra e prostituta atuando na rua. Entre os aspectos que norteiam os crimes contra travestis e transexuais estão o fato de ocorrer na calada da noite, a tiro, apedrejamento ou facadas, normalmente precedidos de espancamento, métodos de tortura e pouca possibilidade de legítima defesa. O levantamento da Antra se baseia em reportagens e também por informações colhidas em redes sociais ou com redes afiliadas. 

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A Região Nordeste lidera o ranking de assassinatos de pessoas trans neste primeiro semestre com 33 ocorrências. Em seguida vem o Sudeste (25 casos), Norte (10) e Centro-Oeste e Sul (9 casos ambos). Isoladamente, Rio de Janeiro foi o estado com mais registros, 11 ao todo. 

O ano de 2017 alcançou o maior índice de homicídios de pessoas trans dos últimos 10 anos. O relatório da Antra contabiliza 179 assassinatos de travestis, mulheres transexuais e homens transeuxais no último ano.

O Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), que teve sua programação divulgada na última quinta-feira (28) e já contestada pela cantora Maria Rita, se envolve agora em mais uma polêmica. A peça de teatro 'Jesus Rainha do Céu', que traz Jesus como uma mulher trans e está prevista para ser encenada no dia 26 de julho, desagradou ao prefeito Izaías Régis (PTB). 

Ele afirmou, em entrevista a uma rádio local, que se mobilizará junto a entidades religiosas da cidade para não ceder o Centro Cultural de Garanhuns, impedindo assim a apresentação da peça. O motivo, de acordo com ele, é que “nós somos uma cidade cristã” e a realização desta peça “é uma coisa que atinge o cristianismo, que atinge as pessoas, que atinge a religião”.

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“Quero o apoio da sociedade e das igrejas para que possamos impedir a peça. A maioria do povo não quer a peça então vamos trabalhar para que ela não aconteça no Centro Cultural", afirmou o prefeito.

Na mesma entrevista, o prefeito afirmou que conversou por telefone com o secretário de Cultura do Estado de Pernambuco, Marcelino Granja. Segundo o prefeito, o secretário afirmou que se “os moralistas” entrarem na justiça com uma liminar para impedir a peça, o governo conseguiria derrubá-la, como já aconteceu anteriormente em outros lugares por onde a peça passou gerando polêmica. Ainda segundo o prefeito, Marcelino Granja afirmou que se o centro cultural não for cedido, a peça seria realizada mesmo assim. 

“Ele disse que isso é coisa dos moralistas, que não tem nada demais, que a peça cristã, mas eu independentemente de qualquer coisa quero pedir à sociedade, quero pedir também o apoio da Igreja Católica, das igrejas evangélicas, para que nós possamos juntos fazer isso porque o prefeito sozinho não tem autoridade para isso, a única autoridade que eu tenho é fechar o Centro Cultural para que a peça não seja apresentada lá, mas o secretário de Cultura disse que não tinha problema, que apresentava a peça no meio da rua”, afirmou o Izaías.    

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O estado de São Paulo registrou quatro crimes por dia, em média, com motivação homofóbica ou transfóbica, conforme indicam dados da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual da Secretaria Estadual da Justiça e da Defesa da Cidadania.

Em 2017 foram contabilizados 1.541 casos, contra 1.917 no ano anterior e 465 em 2015. Os crimes foram registrados como injúria, homicídio, violência doméstica, entre outros.

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O número de denúncias de discriminação contra a população LGBT – que comemora o dia internacional do orgulho da comunidade hoje (28) – também cresceu no estado paulista. Em 2018, até o dia 26 de junho foram registradas 54 denúncias, segundo o governo estadual. No ano passado foram notificadas 75 ocorrências, contra 52 em 2016 e 51 em 2015. Os números correspondem a um crescimento de 44% nos últimos três anos.

Desde 2001 o estado de São Paulo possui uma lei que dispõe sobre as penas contra a discriminação em razão de identidade sexual e de gênero. A Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania recebeu, em 10 anos, 452 denúncias que se encaixam no quadro, com 396 processos instaurados – 123 julgados e punidos com alguma sensação administrativa e outros 70 ainda em andamento.

Além disso, desde novembro de 2015 é possível incluir nos boletins de ocorrência o nome social das vítimas e colocar homofobia ou transfobia como “provável motivação do crime”.

Thammy Miranda usou suas redes sociais, na noite do último domingo (16), para desabafar sobre os comentários e 'brincadeiras' feitos por seguidores em seu perfil oficial. O ator pediu para que os internautas não o chamem mais no feminino. No vídeo, publicado no stories do Instagram, ele pediu respeito e que cessassem os comentários transfóbicos.

"Vamos combinar uma coisa? Quem gostar de mim, me seguir no Insta, vai me condicionar e tratar no masculino. Pessoas que comentarem ou postarem coisas nas minhas fotos me tratando no feminino, mesmo que seja com todo o seu carinho, eu vou apagar. Porque se você gosta de mim, tem que ser do jeito que eu sou. Assim como eu respeito todos vocês, eu também mereço respeito. Meu pai, mãe, irmãos, tios, primos, que mais convivem comigo e me viram desde que eu nasci, estão conseguindo", afirmou o filho de Gretchen.

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Na ocasião, Thammy aproveitou para relembrar alguns comentários preconceituosos durante o Dia Internacional das Mulheres e na Páscoa. "Veio feliz Dia das Mulheres. Também não dei muita bola pra vocês, passou, perdeu a graça. Aí depois veio a Páscoa... 'Ah, Páscoa sem ovo...' Enfim. Como eu sou virginiana e gosto de tudo organizadinho, eu curto todos os que eu gosto, bloqueio todos os que eu não gosto, excluo e deixo o meu Insta bonitinho, organizadinho, com os recados de pessoas que gostam de mim e me desejam coisas boas", falou.

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Uma mulher transexual foi agredida com pauladas e cadeiradas dentro de uma lanchonete em Taquatinga Norte, no Distrito Federal. As agressões foram registradas pelas câmeras de segurança do estabelecimento.

O vídeo do sistema de segurança mostra Jéssica Oliveira, de 28 anos, entrando na lanchonete. Ela já aparenta estar fugindo dos agressores, que entram logo depois. O caso aconteceu no último domingo (1º).

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As agressões começaram com chutes. Dois clientes deixam o local quando a violência se inicia. Um dos agressores aparenta jogar uma pedra contra a mulher. Outro homem a golpeia com um pedaço de pau.

O grupo deixa o estabelecimento, mas volta pouco depois e a machuca com cadeiradas. Ninguém impediu os ataques. Um homem permanece sentado durante o ocorrido.  

Jéssica contou ao G1 que foi vítima de transfobia. Ela afirmou que o grupo iniciou com xingamentos e tentou assaltá-la. O caso foi registrado como tentativa de roubo na 12ª Delegacia de Polícia em Taquatinga. Não há informações sobre prisões. Apesar de estar com hematomas e dores, a vítima não precisou de atendimento hospitalar. O vídeo abaixo contém imagens fortes da violência.

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"Quebra o rosto dela". Foi essa a frase que a estudante transexual Dália Celeste Hortense da Costa ouviu enquanto era agredida no meio da rua por dois homens na noite da sexta-feira (23). Ela tinha acabado de sair de uma festa que acontecia na Universidade Federal de Pernambuco, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife e estava caminhando até a parada de ônibus. A mulher usou as redes sociais para denunciar o crime.

"Meu nome é Dália, sou uma mulher trans, negra e feminista. E antes de relatar minha história, eu quero mostrar a vocês o rosto que não é meu, quero mostrar o rosto que é da misoginia, o rosto da transfobia. O rosto de milhares de mulheres. Mostrar o rosto que antes de tudo denunciou, o único rosto que me fez ter vergonha de chegar em casa e olhar para minha mãe", diz uma das postagens de Dália, com fotos mostrando a face bastante machucada e o olho inchado após as agressões.

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De acordo com a estudante, ela saiu da aula de cursinho pré-vestibular na UFPE e resolveu ir até o Centro de Educação, onde estava acontecendo um evento cultural formado pela diretoria LGBT da Universidade. Foi neste local que Dália teria sofrido o primeiro ataque. "Fui abordada por um sujeito homem cis que interrogou se eu era mulher ou não, olhando para mim e minhas amigas, afirmei ser mulher. O mesmo debochou. Imediatamente olho para o homem e falo: diga se eu não sou mulher! Diz olhando para mim e afirme que eu não sou mulher. Como eu estava entre amigos, o sujeito saiu", detalhou a estudante na postagem. Em seguida, ela subiu ao palco do evento e denunciou o ocorrido.

Algum tempo depois, Dália resolveu ir embora da festa e foi caminhando sozinha até a parada do ônibus. "Jogam uma pedra e antes que eu pare para vê (sic) a direção do ataque, sou abordada por dois homens que me batem no rosto ao ponto em que perco a visão, em seguida levo murros que não consigo contar a sequência, até que em uma tentativa certa consigo correr", relatou a estudante.

A mulher relata, ainda, que, além das agressões, os homens apalparam o corpo dela. "Humilhada, agredida e assediada. Hoje me sinto sem forças para levantar a voz", finalizou Dália Celeste. Na tarde deste sábado (24) a estudante, acompanhada do seu advogado, vai até a Delegacia de Olinda, no Bairro do Varadouro, para fazer um boletim de ocorrência denunciando as agressões. 

Na última semana, Erica Thawany Adelino Leal, de 28 anos, se tornou a primeira moradora de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, a conseguir ter seu nome social em todos os documentos. Apesar da conquista, a jovem sente que sua voz nunca foi ouvida como deveria. Foram cinco anos de perseguição no local de trabalho por ser transexual, ela acusa.

No Diário Oficial do dia 14 de julho, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) publicou uma portaria, com assinatura de 20 de junho de 2017, sobre a abertura de inquérito civil para investigar a denúncia de discriminação sofrida por ela em seu ambiente de trabalho. Erica nem tem certeza da origem desse processo.

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Foram anos tentando ser ouvida. Delegacia de Polícia, Disque 100 [Disque Direitos Humanos], Centro de Referência de Assistência Social (Cras), o próprio MPPE e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). “Eu desisti. Preferi parar com isso, de correr atrás da Justiça”, conta.

Erica passou pouco mais de sete anos trabalhando como costureira em uma fábrica e loja de roupas de Santa Cruz do Capibaribe. Diz que nos primeiros anos não notava preconceito. “Acho que porque eu era novata não percebia o que acontecia”, diz. 

Nos anos seguintes, ela conta que começou a ser constrangida por outra costureira e pela própria chefe. Em um dos primeiros conflitos, Erica lembra que a costureira tentou furar sua perna com uma tesoura. “Ela começou a me agredir verbalmente. ‘Fresco safado’, ‘vai aprender a ser homem’. Foram palavras que me machucaram muito”. 

Quando a patroa soube do ocorrido, ficou do lado da outra funcionária. “Eu aceitaria a suspensão das duas, porque discutiram em local de trabalho, mas ela veio para mim e disse ‘você quer que ela te chame de quê? Você não é mulher’”, recorda Erica.

Anos de sofrimento e o começo de pequenos avanços

A mulher lembra ainda que chegou a ser ameaçada de agressão pela funcionária e pelo marido dela. Diz que no dia em que cogitou se matar viu uma propaganda na televisão do Disque 100. Desde então, seguiu-se uma luta de anos para conseguir alguma resposta efetiva contra as perseguições. Na delegacia, por exemplo, ela prestou queixa, mas a funcionária e a patroa nunca foram intimadas. Ao longo dos anos, houve agressões verbais, suspensões e constrangimentos.

Houve avanços. O Creas fez um seminário na fábrica. A advogada que Erica conseguiu fez uma visita ao local e conversou com a proprietária. A funcionária chegou a pedir desculpas para a transexual. A chefe, porém, nunca se desculpou e dizia ainda que a jovem estava atrapalhando o trabalho.

“Os direitos humanos querem combater o preconceito, mas quando recorrem a outros órgãos, acho que eles não dão importância a isso”, hoje a jovem avalia. Em fevereiro, Erica deixou o emprego com o auxílio do sindicato das costureiras da cidade, que conseguiu sua demissão. 

Inicialmente, a trans queria alguma punição para a patroa. “Alguma cesta básica ou doação para instituição. Não queria nem para mim, queria justiça. Outra pessoa vai entrar no meu lugar e ela vai fazer a mesma coisa”, complementa. Erica agora diz ter desistido, sem querer mais se envolver. Os documentos assinados com seu nome, entretanto, vêm como um suspiro após as lutas travadas. “Significa o fim de todas as questões e situações de constragimento que passava no dia a dia por ter o meu nome masculino. É o fim de todo esse constrangimento que passei”. 

Com um discurso forte e uma temática que permeia as discussões sobre gênero e sexualidade, a primeira produção cinematográfica do olindense Felipe Soares teve sua estreia na noite do sábado (1°) em solo pernambucano, durante a mostra competiviva do Cine PE. Produzido sem incentivo público ou privado, o curta-metragem Autofagia traz provocações e reflexões sobre a realidade vivida por muitos travestis. Segundo o diretor, o filme é um grito de socorro já que o Brasil é o país onde mais se mata travestis.

Durante a apresentação da produção, Felipe trouxe um discurso, bastante aplaudido, carregado de críticas. “Vivemos em uma sociedade hipócrita, preconceituosa. Autofagia vem com força, debater, gritar. Viva as diferenças, viva a diversidade, viva o cinema pernambucano”, declarou.

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A narrativa, com duração de 11 minutos, acontece na cidade de Bezerros, Agreste pernambucano. O local das filmagens não foi escolhido à toa. Segundo Felipe Soares, a escolha foi baseada em estatísticas. “As cidades interioranas apresentam um grande índice de transfobia. O machismo e a questão religiosa são muitos fortes por lá", explica.

A trama não precisa de diálogos para envolver o espectador no universo dos dois personagens, interpretados pelo ator Emanuel D'Lucard e o bezerrense Arlindo Ferreira, e suas realidades distintas. Em entrevista ao LeiaJá, Emanuel falou de sua participação em 'Autofagia' e a construção de seu personagem. Confira:

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A Câmara dos Deputados vai sediar, nesta terça-feira (13), o 14º “Seminário LGBT do Congresso Nacional - TRANSição cidadã: Nossas Vidas Importam”. O evento será realizado, no Auditório Nereu Ramos, com a participação de artistas, ativistas e organizações nacionais do segmento. O evento é gratuito e está previsto para iniciar às 9h.

Na página oficial do evento, é destacado que a ideia é ocupar “um grande auditório no parlamento” para discutir temas relacionados “às pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, travesti, não-binárias e à toda comunidade sexo-diversa, com especial atenção neste ano para as pessoas T”, diz uma parte do texto. 

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Entre os temas a serem debatidos estão a terceirização, ameaças aos direitos trabalhistas, reformas constitucionais, desmonte do Estado de proteção social e os impactos na cidadania LGBT. Ainda estão entre os assuntos a violência LGBTfóbica, transfobia, lesbofobia, feminicídio, racismo, vulnerabilidade dos corpos LGBT e crimes de ódio. 

Ainda haverá uma exposição cultural intitulada “É tudo nosso” com produção de artistas do Distrito Federal e de outros estados. “A arte é o meio catalisador que reúne as expressões e representações mais visíveis do universo gay, lésbico, transexual e de indivíduos que não se enquadram nos padrões da nossa sociedade. É chegada a hora de mais um Seminário LGBT. Já passou da hora de darmos vez e voz para a letra 'T' da nossa sopinha de letrinhas”, comentou o deputado federal Jean Wyllys (PSol), que participará do seminário. 

Localizada no bairro do Recife Antigo, a sede da Receita Federal parecia ser palco de mais um dia comum e rotineiro na resolução dos procedimentos burocráticos brasileiros, no último dia 17 de novembro. Sentada na primeira fila das poltronas e com os olhos atentos às senhas que apareciam na televisão da repartição, a transexual Christiane Falcão aguardava sua vez na fila para tirar o seu primeiro CPF com a identificação de seu nome social. A manhã era sinônimo da concretização de um sonho para Cris. Entre uma lágrima de emoção e um suspiro de ansiedade até ser chamada pela atendente, ela explica que ser identificada socialmente em documentos oficiais pelo nome escolhido não foi uma conquista fácil. 

Aos 44 anos, a auxiliar administrativa e também cantora Christiane conta que durante 32 anos sofreu inúmeros constrangimentos por precisar utilizar em seu registro de civil o nome masculino de batismo. "Desde os 12 anos eu sei que sou uma mulher transexual e nunca me identifiquei com o gênero masculino, apesar de ter nascido biologicamente no corpo de um homem". Buscando ser reconhecida oficialmente, acabar com situações vexatórias e atitudes transfóbicas (quando há tratamento negativo às pessoas travestis e transexuais), Cris decidiu, em 2014, dar entrada judicialmente para mudar seu nome na certidão de nascimento.

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Só três anos depois, no último dia 31 de outubro, conseguiu receber o novo documento para poder retiticar todos os outros. No Brasil, não existe uma lei específica, regulamentada, de orientação para um cidadão alterar o nome e o gênero da certidão de nascimento. As causas são encaminhadas ao Judiciário e as decisões são tomadas com base na Vara e no juíz destinado a avaliar o pedido, podendo ser aceito ou negado. Um dos impasses na legislação nacional é ainda não haver, no Superior Tribunal de Justiça, uma resolução que anule a “obrigatoriedade” da cirurgia de redesignação para, como consequência, o transexual estar apto a mudar o nome no registro civil.

Considerado um dos piores momentos da vida de Christiane, uma viagem a trabalho para o exterior ganhou conotações assustadores. "Eu fui detida no aeroporto porque o meu documento era diferente da minha aparência física e eles achavam que eu estava praticando o crime de falsidade ideológica", contou. Ela relembra que teve de aguardar por doze horas seguidas em uma sala trancada, até um ginecologista a atender para comprovar o órgão masculino. "Acho que falta muita sensibilidade na nossa legislação, ainda tão dura com as pessoas transgêneras", lamentou a ativita da causa LGBT.

Segundo a advogada Laura Kerstenetzky, especialista há três anos em causas do tipo, apesar das dificuldades na legislação brasileira, a retificação do registro civil é um direito de todos. "A gente entende que essas pessoas sofrem uma série de constrangimentos por, psicologicamente, se identificarem com aquele gênero masculino ou feminino e ter uma informação diferente no documento. Esse é o principal argumento que utilizamos nos processos", acrescentou.

Como dar entrada no processo de mudança de nome

Publicado no Diário Oficial da União, em abril de 2016, um decreto autoriza o uso do nome social por travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal.  O regulamento permite que as pessoas tenham sua identidade de gênero reconhecida em crachás, formulários e outros documentos federais. Apesar de ser recebida pela comunidade LGBT como uma medida importante, ainda é vista apenas como um passo inicial. Os documentos oficiais, como o RG e o CPF, só podem ser alterados após a certidão de nascimento, e os processos para a alteração neste último documento têm durado de seis meses a três anos, em média.

Para realizar o procedimento, os interessados devem buscar um advogado particular ou a Defensoria Pública. Em Pernambuco, dois locais de referência prestam serviços públicos à comunidade LGBT. Atendendo a nível estadual, o Centro de Combate à Homofobia (CECH) conta com uma equipe de psicólogos, advogados, assistentes sociais e coordenadores. De acordo com Natália Kajya, advogada do centro, a principal atividade do local é prestar esclarecimentos e encaminhar os processos de mudança de nome para a Defensoria Pública de Pernambuco.

A lista dos documentos solicitados para dar entrada no trâmite é extensa. É preciso levar originais e cópias da certidão de nascimento, CPF, carteira de identidade (RG), título de eleitor e comprovante de votação, certidões negativas na Justiça, entre outros documentos. Dados do Centro de Combate à Homofobia revelam, que desde 2013, já foram encaminhados 54 processos e, desses, apenas seis já conseguiram êxito da mudança do nome e do sexo.

No Recife, o Centro Municipal de Cidadania LGBT, criado em 2014, realiza três mutirões ao longo do ano para atender ao público interessado na retificação do registro. Desde o surgimento do local, a agente de Direitos Humanos,  Poliny Aguiar, já contabiliza 35 processos encaminhados à Defensoria. Do total, nove já foram concluídos com resultados positivos.

“Uma das nossas dificuldades foi conseguir a confiança desse público e dizer que o processo funciona. Muitos já estavam desacreditados. Quando começamos a conseguir êxito na troca efetiva, nosso atendimento nessa área se tornou referência”, disse Poliny. Ela detalha que o interessado conta com acompanhamento psicológico e, no fim, o centro emite um laudo médico favorável para a pessoa ter um documento a mais no processo.

Transfobia como mote para retificação

No final de 2013, o técnico em edificações Társio Benício de Assis, 34, atual coordenador do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade (Ibrat), também resolveu dar início ao processo da mudança do nome e sexo na certidão de nascimento. De início, a idade e a necessidade de mudar muitos documentos, como um diploma universitário, deixaram Assis em dúvida sobre a mudança. Mas o peso do preconceito e da transfobia foi maior e, no fim de 2014, ele deu entrada na Justiça.

Társio, um homem trans, foi protagonista de cenas que preferia esquecer. Durante o processo judicial, ele chegou a registrar um boletim de ocorrência contra o gerente de um banco da capital pernambucana. "Eu fui abrir uma conta e ele não queria me deixar ter acesso ao meu próprio dinheiro porque meu RG não era representado pela minha aparência atual. Eu levei os documentos de que estava na Justiça tentando trocar o meu nome, mas não adiantou de nada", lamentou.

A solução foi ir à delegacia e prestar queixa por danos morais. "Eu fiz o procedimento que achava ser o correto, mas acho que no fim, até na delegacia fui tratado de forma displicente. O gerente deveria ter sido chamado para esclarecer a situação em até seis meses e já passou muito mais que isso e nada". 

Henrique da Fonte, defensor público e membro da recém-inaugurada Comissão dos Direitos Humanos da Defensoria em Pernambuco, pontua que a alteração da certidão de nascimento utiliza uma série de dispositivos e princípios. Ele conta que a própria Constituição Federal e várias convenções internacionais assinadas pelo Brasil promovem a desburocratização do procedimento e sua realização de forma mais ágil e menos vexatória para a dignidade humana.

Na prática, a realidade de quem deseja adequar seu nome a sua identidade de gênero é mais difícil. Laura Kerstenetzky argumenta que não é o preconceito do Judiciário o fator dificultador da realização do procedimento em si.  A advogada explica que o próprio acesso a informações sobre o procedimento é um dos grandes impasses. “Muitos deles têm baixa escolaridade, são marginalizados pela sociedade e não conseguem ter acesso ao mais básico da nossa legislação".

Cenário lento, mas favorável em Pernambuco 

Atualmente, em Pernambuco, não há registros de processos com resposta negativa. Maxwell Vignoli, promotor de Justiça do Ministério Público de Pernambuco, informou que a quantidade de pedidos da retificação aumentou nos últimos dois anos. Para o membro da Comissão dos Direitos Homoafetivos, o crescimento impacta diretamente na atuação do MPPE em cada caso. “Nossa orientação aos promotores é que sejam sempre favoráveis às transições, independentemente se o transexual tenha feito a cirurgia ou não”, contou Vignoli. Ele comenta ainda que a comissão já busca alternativas para o parecer médico (criticado, em algumas situações, pela questão do constrangimento).

A regulamentação da alteração do registro civil é tema do Projeto de Lei 5.002/2013, do deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ) e da deputada Erika Kokay (PT-DF), em tramitação na Câmara dos Deputados. A proposta visa a viabilização e desburocratização do direito do individuo de ser tratado conforme o gênero escolhido por ele. “A negação daquela identidade causa prejuízo e sofrimento a essas pessoas. Nosso trabalho na Defensoria é mostrar ao Judiciário como isso é importante, além de ser um Direito legítimo”, argumentou Henrique da Fonte, defensor público.

Assim como para Cris Falcão, o dia 17 de novembro também foi representativo para a memória de outra transexual brasileira. Ativista pelos direitos LGBT, Andréa de Mayo, que morreu no ano de 2000, teve a placa de sua lápide no Cemitério da Consolação trocada para o seu nome social. 

Antes, estava registrado seu nome de registro civil, Ernani dos Santos Moreira Filho. Andréa de Mayo vivia como empresária de sua casa noturna, a Prohibidu’s, uma boate no Centro de São Paulo, já desativada. Após 16 anos de sua morte, ela teve seu nome social representado em uma cerimônia promovida pelo Serviço Funerário Municipal de São Paulo.

"Tem juiz que acha que queremos mudar de nome para escapar de algum processo judicial por cometer algum crime. Na verdade, a gente só quer mais respeito e passar por menos transfobia e constrangimento”, concluiu Társio.

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Após o vazamento de vídeo íntimo nas redes sociais, o ator da Rede Globo Alexandre Borges deve deixar o País. Segundo a colunista do Portal R&, Keila Jimenez, o artista comprou um passagem apenas de ida para a Angola, na África, depois das gravações da novela Haja Coração. A ida do ator seria para lançar o projeto intitulado ‘Poema Bar’. A iniciativa tem como proposta de interpretar versos de Fernando Pessoa e Vinícius de Moraes.

A tomada de decisão de Alexandre teria surgido após um vídeo íntimo vazar nas redes sociais, no mês de setembro. Na ocasião, o ator estava na companhia de transexuais. Depois da publicação, o artista se posicionou. “Sei que este é um assunto pessoal. Não estou aqui me desculpando de nada. Não pretendo tomar nenhuma atitude jurídica. Devido ao vídeo feito sem meu conhecimento e divulgado na internet indevidamente, me vejo forçado a esclarecer alguns pontos que, a meu ver, foram distorcidos e ampliados. Foi um encontro casual com três pessoas depois de uma festa”, disse Alexandre Borges.

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Ainda sobre o tema, ele ressaltou que não tem preconceito e explicou o acontecido. "Não tenho nenhum preconceito com gênero ou opção sexual de cada um. Mas minhas opções são claras para mim", observou o ator, que ainda esclareceu o ocorrido: "Quando percebi que não queria mais continuar, encerrei", concluiu.

Outro suposto vídeo, que também envolveria Alexandre Borges, ganhou as redes sociais este mês de outubro. Durante a polêmica, o assunto levantou a temática sobre da transfobia, porém, o artista não se posicionou.   

Mais uma vez, o nome do ator Alexandre Borges está entre os temas mais comentados no Twitter, pelo trending topics da rede social, nesta terça-feira (11). Um suposto vídeo vazado do artista está levantando alguns debates entre os internautas. Postagens sobre transfobia e quanto à intimidade do artista estão sendo compartilhadas na internet. 

A opnião dos internautas se dividem e além disso, questionam quanto à veracidade das imagens. Em algumas postagens, os perfis recriminam o compartilhamento da mídia e a transfobia exaltada por alguns internautas. "Todo esse alvoroço em relação ao Alexandre Borges é uma prova de transfobia. Se fosse mulher geral aplaudia", disse um internauta. Em relação às imagens compartilhadas, um dos internautas escreveram: "Vocês estão fazendo um drama enorme só porque é o Alexandre Borges. A vida é do Alexandre, o errado foi quem divulgou o video".

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Confira a seguir alguns das publicações:  

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No início de setembro, a primeira polêmica surgiu. O ator apareceu com duas mulheres e uma travesti. Nas imagens, uma delas estava sentada no colo do artista.

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O coordenador do programa Rio sem Homofobia, Cláudio Nascimento, declarou hoje (14) que a omissão de testemunhas nos casos de agressões motivadas por homofobia contribui significativamente para a violência. “Temos inúmeros casos de violência homofóbica acontecendo e o fato de a população apenas discordar disso não ajuda a vítima. Quem presenciar alguma ação do tipo, tem que procurar apoio. Entendemos que, em muitos casos, a intervenção não se dá pelo temor de sua própria segurança, mas quando esse for o cenário, que a pessoa se desloque e ligue para um policial, ou procure um por perto. O que não cabe é ficar parado assistindo”, disse Cláudio.

O GGB (Grupo Gay da Bahia) possui um relatório que mostra que 318 assassinatos no Brasil foram cometidos em 2015 contra LGBT´s, motivados por homotransfobia e, desses, 55 casos aconteceram em São Paulo. Apesar de a região Nordeste liderar o ranking, com 106 mortes, o Sudeste vem logo em seguida, com 99 do total. Entre as vítimas, 106 foram executadas por arma branca e 94 por arma de fogo. A ONG também mantém um blog em que divulga reportagens sobre a violência contra LGBT´s e dados de pesquisas e estudos relacionados ao tema.

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Ao presenciar casos de violência contra LGBT´s, o cidadão pode utilizar o disque 100, utilizado nacionalmente pela Secretaria Especial de Direitos Humanos ou o disque denúncia, no número 181. São Paulo e Acre contam com comitês especiais que fiscalizam a aplicação de políticas públicas de enfrentamento à homo, lesbo e transfobia, a fim de evitar a impunidade.

Tem início nesta segunda-feira (25) a da III Semana Nordestina da Visibilidade Trans, que acontece em Pernambuco até 30 de janeiro. A abertura do evento será realizada às 16h com o lançamento de uma exposição fotográfica no hall de entrada da sede da Secretaria Executiva de Segmentos Sociais (SDSCJ), no bairro de Santo Amaro, no Recife.

O evento conta com exposição e debates sobre transfobia, patologização para acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS) e acompanhamento psicológico para mulheres trans ou homens trans. Pelo terceiro ano, a semana visa celebrar o Dia Nacional de Visibilidade Trans, comemorado em 29 de janeiro, além de debater e proporcionar uma maior representatividade aos travestis e transexuais.

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Dentro da programação, haverá a exposição 'Memórias', em que serão expostas fotografias das cinco transexuais mais antigas do Estado de Pernambuco: Elza Show, Christiane Falcão, Barbara Fisk, Consuelo e Denise. Após o fim da Semana, as fotografias da exposição continuarão disponíveis na sede da SDSCJ.

Além da capital pernambucana, o evento conta com programação em Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Caruaru. A Semana é realizada pela Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans-PE) com o apoio da SDSCJ, por meio da Coordenadoria LGBT, que é ligada à Secretaria Executiva de Segmentos Sociais (SESS).

Programação

25 de janeiro (segunda-feira)

Abertura da III Semana NE de Visibilidade Trans – Exposição Memórias

Local: Hall de entrada da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ)

Endereço: Avenida Cruz Cabugá, 665, Santo Amaro, Recife

Horário: 16h

 

26 de janeiro (terça-feira)

Dia de Cidadania Trans

9h – Grupo de terapia à saúde

Local: Praça Oswaldo Cruz, Boa Vista – Recife

12h – Centro Municipal de Referência em Cidadania LGBT

Local: Rua dos Médicis, Boa Vista – Recife

 

27 de janeiro (quarta-feira)

Dialoga Mulheres

9h – Coordenadoria LGBT de Olinda

Local: Faculdade de Olinda (Focca)

14h – Secretaria da Mulher

Local: Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Pernambuco (Cedim/PE) – Avenida Alfredo Lisboa, 188 – Recife

 

28 de janeiro (quarta-feira)

Dialoga Mulheres Trans

9h – Secretaria de Políticas Públicas de Caruaru

Local: Secretaria de Políticas de Mulheres de Caruaru

Dialoga Pessoas Trans

Tarde – Conselho Regional de Psicologia

 

29 de janeiro (quinta-feira)

Dialoga Trans Masculinidade e Faminilidade

9h – Coordenadoria da Diversidade de Jaboatão dos Guararapes

Local: Sede da Prefeitura de Jaboatão

15h – Audiência Pública (MPPE)

Local: Espaço Rossini Couto – Avenida Visconde de Suassuna, Boa Vista – Recife

17h – Caminhada Trans

Local: Em frente ao MPPE – Avenida Visconde de Suassuna

 

30 de janeiro (sexta-feira)

Encerramento da III Semana Nordestina da Visibilidade Trans

17h – Peça “O programa de Cesar Alencar”

Local: Parque Dona Lindu, Boa Viagem – Recife

Com informações da assessoria

Nesta segunda-feira (28), Marianna Lively, de 17 anos, pretende ir ao Batalhão de Polícia de Exército e ao Quartel General de São Paulo para cobrar uma medida contra a situação que passou. Ela foi se alistar no Exército na última quarta-feira (23) e, após deixar o local, teve uma surpresa desagradável. Transgênera, Marianna recebeu ao longo daquele dia ligações de pessoas de vários estados, fazendo piadas transfóbicas. 

Em uma postagem nas redes sociais ela lembra que desconhecidos ligavam do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Ceará procurando por David, o nome de registro de Marianna. “Caçoavam de mim por eu ser trans, já outros me diziam ter gostado de mim e queriam deixar telefone para eu entrar em contato. Mas até então eu não estava ciente de nada” (sic), ela relata na publicação.

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Por volta das 22h, uma amiga de Marianna entrou em contato dizendo que fotos suas estavam sendo compartilhadas no WhatsApp e no Facebook. Marianna percebeu que quem tirou as fotos foi um soldado que estava no quartel a serviço.

Na postagem do Facebook, ela destaca que voltou ao quartel no dia seguinte. Segundo Marianna, o sargento pediu desculpas pelo transtorno. “Mas ao mesmo tempo que ele me dizia isso, ele dizia que era para eu deixar as coisas se acalmarem e trocar simplesmente de telefone, como se fosse reparar o erro deles”, diz Marianna.

A mulher foi à delegacia abrir um boletim de ocorrência, mas foi informada de que teria que ao batalhão de polícia do exército abrir um boletim interno. “Não deixarei passar batido, pois não quero que outras pessoas passem pelo mesmo, ou até pior”, ela complementa. 

Olhares críticos, comentários maldosos e atos de violência que resultam em morte. Estas são algumas das situações que o público LGBT enfrenta diariamente. De acordo com a Secretaria Executiva de Direitos Humanos de Pernambuco, o índice de homicídios reportados pela imprensa, uma vez que não há registro oficial do órgão, reduziu nos últimos cinco anos. Em 2012 foram contabilizadas 34 mortes. Já no ano de 2014 o número chegou a 22 e até o mês de maio deste ano há 12 registros.

Mesmo com a perspectiva positiva, Pernambuco foi o local onde ocorreu o maior número de mortes de pessoas LGBT, segundo o levantamento do Grupo Gay da Bahia (GGB) realizado em 2013. Ao todo foram identificados 312 assassinatos. Sendo mortes e suicídios de gays, travestis, lésbicas e transexuais brasileiros vítimas de homofobia e transfobia. Sendo 34 em Pernambuco, 29 em São Paulo, 25 em Minas Gerais e - empatados em quarto lugar - Bahia e Rio, com 20 mortes.

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A Região Nordeste concentrou 43% das mortes, seguida de Sudeste e Sul com 35%, e Norte e Centro Oeste, com 21%. A média é de uma morte a cada 28 horas. Neste domingo (17) é comemorado o Dia Mundial contra Homofobia e Transfobia. Essa data foi definida em 1992 quando a Organização Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais. Desde então a luta contra o preconceito foi intensificada em várias nações.

O promotor de justiça do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) Maxwell Vignole ressaltou que ainda é muito difícil mensurar, de forma precisa, as mortes motivadas pela homofobia e transfobia. "Não existe uma lei federal, aprovada, que defina o que é considerado um crime por homofobia. Na prática vai depender muito de cada juiz e da jurisprudência aplicada. Sendo assim, nos casos que são identificados há apenas o aumento da pena", lamentou.

Em entrevista ao Portal LeiaJá, Vignole explicou porque é difícil identificar esses tipos de motivações que resultam em assassinatos. "Na maioria das vezes, durante as investigações, a família não informa a orientação sexual do parente por inúmeros motivos, inclusive pelo preconceito. Dessa forma as mortes não são contabilizadas", contou. Ainda de acordo com o promotor, a grande dificuldade dos LGBTs é ter o apoio da família. "O MMPE ouviu várias pessoas em Pernambuco e identificou que a principal luta dos homossexuais começa dentro de casa", revelou.

Foi o caso da transexual Betina Mel. Durante depoimento concedido à equipe de reportagem, Mel revelou em que momento ela se descobriu mulher, como sua família recebeu a sua orientação sexual e ainda os momentos vividos na tentativa de assassinato, motivado pela homofobia. Assista ao vídeo:

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Este não é um caso isolado. Outra situação de violência relatada por Rivânia Araújo, integrante da Articulação Brasileira de Lésbicas no Recife,  diz respeito ao "corretivo lésbico". "Muitas vezes, o homem estupra a mulher lésbica para mostrar para a vítima o que é considerado certo para ele. Nessas ocasiões, em certas circunstâncias, muitas mulheres se submetem a ficar e aceitar esse tipo arbitrariedade", criticou a militante que ainda revelou um caso recente de corretivo. "Uma moça de 22 anos foi violentada no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife, e agora vive apavora com receio de sair de casa", finalizou.

Conforme o coordenador de projetos do Instituto Papai, Thiago Rocha, o preconceito contra os homossexuais ainda é muito latente. "Infelizmente é triste afirmar que a discriminação ainda existe. São olhares, gestos e o pior: atos de violência que ratificam a presença do preconceito e acabam em morte. Mesmo com tantos esclarecimentos, a sociedade ainda é muito machista e não sabe respeitar a orientação sexual do outro", confidenciou. Ainda em entrevista, ele desabafou. "É triste não podermos demonstrar o que sentimos e queremos de forma livre para a sociedade", concluiu.

LGBT e seus direitos:

Recentemente, o MPPE publicou uma cartilha com os Direitos da População LGBT. No encarte, a população pode tirar dúvidas e obter informações sobre os órgãos e instituições que atendem os casos relacionados a população LGBT. O livreto pode ser acessado através do  site do MPPE.  Além disso, a instituição também está com a campanha "Mãe contra a Homofobia". A iniciativa, que busca sensibilizar as famílias e a sociedade contra a homofobia, pode ser conferida na mesma plataforma digital.

Projeto de Lei contra Homofobia

O Projeto de Lei 122, nomeado como PL da Homofobia foi arquivado pelo Senado após passar oito anos parado, no mês de janeiro de 2015. Para continuar em tramitação, o PL teria que atingir o apoio de pelo menos um terço dos senadores, o que não ocorreu. Sendo assim, a tentativa de criminalizar homofobia poderá voltar por outras propostas legislativas.

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