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Na exposição “Magu - para ter de onde se ir”, que começou no dia 3 de outubro, o fotógrafo cearense Natan Garcia mostra as experiências visuais de Cana Brava, povoado localizado no km 38 da rodovia MA-034, pertencente aos municípios de Agua Doce e Araioses, no Maranhão. A produção começou em 2006, quando o fotografo retornou ao lugar, após 12 anos.
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Natan conta que o retorno marcou muito a trajetória dele, e o fez rever o período que passou em Cana Brava, como a infância e adolescência, e precisava compartilhar isso. “A principio pensei em escrever um roteiro para filme. Em 2011 começo a fotografar. Vou morar em São Paulo. Estudo fotografia e começo a fotografar esse lugar, muito intuitivamente, sem nenhum projeto na cabeça. Depois ele vai se formatando, a ideia foi surgindo e um dia mostrei essas imagens para a Heldilene, que é minha companheira e curadora do trabalho, e ela falou que eu tinha uma história linda que precisava ser contada”, disse o fotógrafo.
Os personagens das fotografias são pessoas que fazem parte da história do artista. Entre elas a avó e a tia que o criaram. Natan conta que as fotografias da tia tiveram grande significado para ele. “Sempre que ela me via com a câmera, encontrava uma forma de não ser fotografada. Ela foi passando por esse processo de aceitação do contanto fotográfico e hoje ela me chama para fotografá-la”, afirmou Natan.
O fotógrafo informou que os personagens participaram da escolha das fotografias que estão expostas. “A gente fez algumas viagens lá para mostrar essas fotos, não foi uma decisão só nossa. Foi uma decisão que a gente tentou compartilhar o máximo possível com eles, de mostrar o projeto e falar do que se tratava a amostra”, disse.
Segundo Natan, a recepção está sendo positiva pelas pessoas que convivem fisicamente e de forma virtual, pelas redes sociais. “Quando eu divulguei a abertura da exposição, começaram a aparecer manifestações de se sentirem representadas, do lugar estar sendo apresentado de alguma forma, fora daquele contexto, um vilarejo pequeno que está sendo visto. A filha desse casal fez um comentário sobre o trabalho e eu repostei para ela que eles sabem a importância que eles têm na minha vida. Todo esse trabalho é muito significativo para mim”, declarou.
Heldilene Reale, esposa de Natan e curadora do projeto, disse que a partir do contato com as imagens ela o acompanhou em duas das sete viagens durante a produção do projeto. “A gente fez uma noite com a exibição para essas pessoas, então foi um momento de encontro delas mesmas nas imagens, que sorriam, gerava comentários, um momento também que a gente fez uma finalização da seleção porque elas também contribuíram dizendo: acho mais interessante essa, essa eu não gostaria que estivesse, porque a maioria é uma exposição de caráter documental, que apresenta a história dessas pessoas. Houve também esse cuidado de elas se sentirem pertencentes a esse lugar”, contou a curadora.
A exposição foi distribuída em três propostas: a primeira apresenta o lugar e as duas mulheres que acompanharam o crescimento do fotógrafo na infância e na juventude, a avó e a tia. “Um pouco da rotina dessas duas mulheres que representam uma força feminina para o lugar, porque elas que movimentam o sítio onde moram, em todos os sentidos, acolhendo as pessoas, trazendo essa força de trabalho, que historicamente é demarcada como uma força mais destinada aos homens, mas que a mulher também tem de movimentar esse lugar”, disse Heldilene.
O segundo momento é uma apresentação desses personagens que fazem parte da história, que acompanharam Natan, são as tias, as mães de amigos, a própria avó se reconhecendo em um autorretrato, numa foto-pintura mais jovem. O terceiro apresenta a relação dessas pessoas com a natureza. “É uma maneira mais voltada para a agricultura de subsistência. A maioria dessa agricultura é feita no compartilhamento dos produtos que são desenvolvidos por eles mesmos, na colheita, no plantio. E também na questão do abate, da vaquejada, que também é relação da natureza do espaço com os animais que fazem parte dessa cultura e identidade deles”, afirmou.
Para a curadora, o que mais chama a atenção na exposição é a história, é o olhar do universo da arte contemporânea. “Às vezes a gente está dentro da nossa própria história e não estamos enxergando ela. Então, a exposição é um pouco desse resgatar de uma história que nos faz enxergar outra, porque a gente se reconhece nela também, a gente acaba sendo representado pelas imagens, mesmo não sendo nosso lugar. Eu acredito que é isso que acaba significando mais a curadoria dessa exposição, estingar as pessoas a olhar seus próprios lugares a partir desses rios”, concluiu.
A exposição vai até 2 de novembro. De 9 às 18 horas, de segunda a sexta-feira.
Por Rosiane Rodrigues.