No ano 2000, os Estados Unidos registraram um caso de autismo a cada 150 crianças observadas. Em 2020, houve um salto nos registros: um caso do transtorno a cada 36 crianças. As estatísticas são do órgão de saúde Centers of Disease Control and Prevention (CDC), que divulgou os dados atualizados na semana passada - já que eles sempre são anunciados pelo menos três anos após a coleta.
No Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, comemorado anualmente no dia 2 de abril, cientistas que estudam o espectro detalharam que as principais hipóteses do aumento dos casos são: maior acesso da população aos serviços de diagnóstico; formação de profissionais capazes de detectar o transtorno; ampliação da conscientização do que é autismo e possíveis fatores ambientais que colaboram para a maior frequência de TEA.
##RECOMENDA##Apesar de não existirem estatísticas referentes à população brasileira, é possível usar os números do CDC como uma referência do que está ocorrendo aqui no país. “São números que podem ser extrapolados para o mundo inteiro”, garantiu o pesquisador na área de genética na Universidade da Califórnia (EUA), Alysson Muotri.
ORIGENS DIVERSAS
O autismo tem causas genéticas e ambientais. Em geral, ele é poligênico, ou seja, mais de um gene afetado. “A lista de genes alterados que podem levar ao autismo tem crescido muito nos últimos anos. Saem trabalhos quase semanalmente sobre isso. Mas acho que estamos chegando perto de um platô: são cerca de mil”, explicou Muotri.
O transtorno pode ter origem hereditária, de mutação nova e de mutação por causa dos gametas. Os sinais são: não estabelece contato visual, não olha quando é chamado pelo nome, não gosta do toque, anda na ponta dos pés, tem seletividade alimentar, gestos repetitivos, entre outros. Apresentar um ou mais desses comportamentos não significa que a criança tenha autismo, mas levanta a necessidade de os pais procurarem o pediatra.
A avaliação é multidisciplinar, a partir de uma sequência de consultas e observações clínicas com diferentes profissionais na área de saúde. É recomendado iniciar o tratamento o quanto antes. O tratamento comprovado cientificamente é a terapia cognitiva-comportamental (ABA), que busca dar ao indivíduo as habilidades necessárias para que ele seja mais independente. No entanto, há pacientes que respondem melhor a esses estímulos do que outros.
De acordo com um estudo feito no ano passado do Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre – RS), o autismo em meninos é quatro vezes mais frequente do que em meninas. Contudo, não há uma resposta única para explicar o porquê dos casos de autismo aumentaram nas últimas duas décadas.