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A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Fertilizantes (Fecombustíveis) calcula que, com o aumento anunciado pela Petrobras, que passa a vigorar nesta sexta-feira (11), a gasolina nos postos de abastecimento deve subir para média de R$ 7,02 o litro no País, contra a média atual de R$ 6,57 por litro. Já o diesel vai subir para uma média de R$ 6,48 o litro, contra a média atual de R$ 5,60 o litro.

Os cálculos levam em conta o Levantamento de Preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

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A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (10) que, a partir da sexta-feira, a gasolina será reajustada em 18,7%; o diesel, em 24,9% e o Gás Natural Liquefeito (GLP), 16% nas suas refinarias.

Após quase dois meses com os preços congelados, e em meio a pressões para não trazer a volatilidade do mercado externo para o Brasil, a Petrobras anunciou que vai aumentar a gasolina em 18,7%; o diesel, em 24,9%; e o gás de cozinha em 16%, reduzindo assim a defasagem da estatal em relação ao mercado internacional, que já beirava os 50%.

"Após 57 dias, a Petrobras fará ajustes nos preços de gasolina e diesel. E, após 152 dias, a Petrobras ajustará preços de GLP", informou a empresa em nota.

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A partir da sexta-feira (11), o preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,37, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,54 por litro.

Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 10% de biodiesel e 90% de diesel A para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 3,25, em média, para R$ 4,06 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,81 por litro.

Para o GLP, a partir da sexta, o preço médio de venda para as distribuidoras, passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13kg, refletindo reajuste médio de R$ 0,62 por kg.

"Esse movimento da Petrobras vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda", disse a empresa em nota, referindo-se aos aumentos promovidos este ano pela Acelen, controladora da refinaria de Mataripe, na Bahia, única refinaria vendida pela Petrobras até o momento, e que estão 27% acima do preço da estatal.

A Petrobras informou ainda, que apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo, nas últimas semanas, como decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo.

"Após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento", explicou a companhia.

O Senado adiou, pela segunda vez, a votação dos projetos de lei relacionados ao preço dos combustíveis. O pacote voltará à pauta do plenário nesta quinta-feira, 10, mas há pressão para a deliberação ficar para a próxima semana.

Conforme o Broadcast Político publicou mais cedo, o Senado cobrou do governo uma reedição do decreto que reduziu o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 25% como condição para votar o projeto que muda a cobrança do ICMS sobre os combustíveis, proposta defendida pela equipe econômica.

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A redução do IPI impacta a receita de Estados e municípios, que se mobilizam também contra a alteração no ICMS. O impasse se transformou em um cabo de guerra no Congresso em meio à tentativa do governo Jair Bolsonaro de conceder um subsídio ao preço dos combustíveis.

O Palácio do Planalto pressiona os governadores para reduzirem as alíquotas do imposto estadual. Os governos regionais, por outro lado, não querem abrir mão de arrecadação em ano eleitoral.

Outra proposta na pauta cria uma conta de estabilização dos preços, projeto rejeitado pela equipe econômica do governo. O Ministério da Economia pediu uma série de alterações para desidratar a proposta e submeter a medida ao espaço fiscal e orçamentário.

De acordo com os senadores, o pacote só será votado com as duas propostas. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu a aprovação das medidas como "solução urgente" para a alta dos preços dos combustíveis no País. "Ainda que o governo não queira, será apreciado o PL 1472 (conta de estabilização", disse o senador, ao anunciar o adiamento.

O governo pediu para o Senado adiar a votação dos projetos de lei relacionados ao preço dos combustíveis para a próxima terça-feira, 15. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), defendeu que a votação ocorra hoje, mas admitiu o adiamento com a definição de um novo cronograma.

O pedido foi apresentado pelo senador Carlos Viana (MDB-MG), vice-líder do governo na Casa. O relator dos projetos, Jean Paul Prates (PT-RN), concordou com o adiamento.

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Para Pacheco, o Senado precisa dar uma resposta. "Uma situação já muito ruim, se agravou consideravelmente com a guerra na Europa e nós precisamos dar essas respostas legislativas, não para resolver todo o problema, mas são iniciativas que nós não podemos deixar de tomar", disse Pacheco.

Todos os combustíveis fósseis tiveram leve alta de preço na semana passada, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), inclusive a gasolina, que vinha de uma série de quedas nas últimas semanas. A única queda de preço foi registrada pelo etanol, de 0,3% contra a semana anterior, e de 3,7% em um mês.

Segundo a ANP, o gás de cozinha voltou a registrar preço máximo de R$ 140, depois de ter cedido para R$ 135 na semana passada. Na média do País, o preço ficou em R$ 102,64, 0,3% maior do que na semana anterior.

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O óleo diesel menos poluente (S10) teve alta de 0,3%, para média de R$ 5,668, o litro, com o preço máximo ultrapassando os R$ 7 (R$ 7,085). O óleo diesel 500 avançou 0,2%, para média de R$ 5,603 o litro, com a cotação mais alta encontrada em Pindamonhangaba(SP), de R$ 6,985 o litro, e a mais baixa em Campo Grande (MS), de R$ 4,349 o litro.

A gasolina comum subiu 0,2%, para média de R$ 6,577 o litro, com o maior preço registrado de R$ 7,859 o litro em Santa Maria (RS) e o menor preço de R$ 5,579 o litro em Araras (SP).

O preço do etanol hidratado caiu para R$ 4,615, em média, sendo o maior preço de R$ 7,499 em Pelotas (RS) e o menor de R$ 3,770 em Bauru (SP).

Depois de dois adiamentos, o Senado faz uma nova tentativa de votar os projetos que visam frear a alta dos preços dos combustíveis no mercado interno. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, pautou as duas propostas para a sessão desta quarta-feira (9). A Ordem do Dia começa às 16h. 

O PLP 11/2020  determina alíquota unificada e em valor fixo para o ICMS sobre combustíveis em todo o país, enquanto que  o PL 1.472/2021 cria uma conta para financiar a estabilização dos preços. Por falta de acordo, os dois projetos tiveram votação adiada no último dia 23. Alguns senadores apontaram possíveis prejuízos aos estados, outros manifestaram preocupação com o preço ao consumidor. No dia 16, as propostas já tinham sido retiradas de pauta para que o relator, Jean Paul (PT-RN), construísse um texto consensual. 

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Diante da escalada do preço do barril de petróleo registrado nos últimos dias, o presidente do Senado e o relator reforçaram a urgência na aprovação das medidas. Depois de subir cerca de 20% na semana passada, o preço do barril chegou perto dos US$ 140 na manhã desta segunda-feira (7), o nível mais alto desde 2008. O aumento ocorre perante a perspetiva de o Ocidente banir a compra de petróleo e gás da Rússia. Jean Paul Prates afirmou que está aberto a receber sugestões de aperfeiçoamento para viabilizar a aprovação dos projetos.

“Estamos trabalhando desde a última sessão do Senado no constante aperfeiçoamento dos relatórios de cada um deles. As mudanças se resumem por enquanto a tornar mais clara toda essa mecânica para todos os cidadãos e cidadãs. O nosso gabinete está aberto a examinar qualquer sugestão tantos dos senadores e senadoras quanto do próprio governo. Os combustíveis não precisam estar tão caros. Não precisamos estar tão submetidos a essa volatilidade, mesmo em tempos de crise”, disse.  

ICMS

No projeto de lei complementar (PLP) que uniformiza o ICMS, a proposta é que os estados definam em conjunto uma alíquota sobre combustíveis que todos aplicariam. Essa decisão seria tomada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), órgão que reúne os secretários de Fazenda de todos os estados, até o fim de 2022.

O ICMS passaria a ser um valor unitário cobrado sobre o litro de combustível, em vez de um percentual sobre o valor final da compra. Além disso, o cálculo do imposto seria feito uma única vez, na refinaria ou na importação do combustível, e não mais ao final de toda a cadeia de distribuição. Isso eliminaria o chamado “efeito cascata” de incidência do ICMS.

Os combustíveis abrangidos pela mudança seriam a gasolina, o etanol, o diesel e o biodiesel, a querosene de aviação e o gás liquefeito de petróleo e de gás natural.

Estabilização de preços

Por sua vez, o PL cria a Conta de Estabilização de Preços de Combustíveis (CEP-Combustíveis), que será usada para financiar um sistema de bandas de preços para proteger o consumidor final da variação do preço de mercado dos combustíveis. Pelo sistema, o Executivo definirá limites mínimo e máximo para os preços dos derivados de petróleo. Quando os preços de mercado estiverem abaixo do limite inferior da banda, os recursos correspondentes à diferença serão acumulados na conta; quando estiverem acima do limite superior, a conta servirá para manter o preço real dentro da margem regulamentar.

Outros projetos

Também estão na Ordem do Dia de quarta-feira o  projeto que cria o Sistema Nacional de Educação (PLP 235/2019) e o projeto (PL 1.561/2020) que cria novas loterias para financiar o Fundo Nacional de Saúde (FNS) e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).

O objetivo do SNE é universalizar o acesso à educação básica e garantir seu padrão de qualidade; erradicar o analfabetismo; garantir equalização de oportunidades educacionais; articular os níveis, etapas e modalidades de ensino; cumprir os planos de educação em todos os níveis da federação; e valorizar os profissionais da educação, entre outras ações. O texto trata de princípios, diretrizes, objetivos e prevê a criação de conselhos e instâncias para trabalhar em favor da educação.

De autoria do senador Flávio Arns (Podemos-PR), o Projeto de Lei Complementar (PLP) 235/2019 tem parecer pela aprovação na forma de um substitutivo. O relator é Dário Berger (MDB-SC).

Saúde e Turismo

Já o PL 1.561/2020, do deputado federal Capitão Wagner (Pros-CE), autoriza a criação da Loteria da Saúde para financiar ações de combate à pandemia da covid-19. O projeto também prevê a criação da Loteria do Turismo, cujos recursos financiarão o setor até 31 de dezembro de 2021. No caso da Loteria do Turismo, a renda líquida e os prêmios não resgatados ficarão com o Fundo Geral do Turismo (Fungetur). O relator é o senador Weverton (PDT-MA).

*Da Agência Senado

 

A guerra na Ucrânia, do outro lado do mundo, deve chegar ao Brasil na forma de alta dos preços dos combustíveis. Entre especialistas, há quem aposte que o barril do petróleo, usado como matéria-prima para produzir gasolina e diesel, vai ultrapassar a cotação recorde de US$ 147,50 por barril, de 2008, um pouco antes da falência do banco Lehman Brothers.

No Brasil, a disparada da commodity nos últimos dias, quando chegou a ultrapassar os US$ 105, pegou a Petrobras com seus preços inalterados havia 47 dias. O último reajuste foi em 12 de janeiro. A empresa disse, na semana passada, que a valorização do real frente ao dólar contrabalançava a alta do barril e ajudava a segurar os preços dos combustíveis. Com isso, ganharia tempo para avaliar se as mudanças trazidas pela guerra seriam estruturais e permaneceriam por um longo prazo, o que justificaria novos aumentos, ou se eram eventos pontuais. Com a guerra, o dólar voltou a se valorizar sobre o real.

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Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem entre a Petrobras e as principais bolsas de negociação já chega a 11%, no caso da gasolina, e a 12%, no diesel.

A Petrobras sofre grande pressão do governo para não reajustar a gasolina e o diesel, porque isso gera inflação e afeta o orçamento das famílias, o que pode prejudicar os planos de reeleição do presidente da República, Jair Bolsonaro. O governo é o acionista majoritário da companhia. Mas a petrolífera tem também os seus acionistas minoritários, no mercado financeiro, que exigem dela independência na gestão e resistência aos apelos políticos.

Ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pesquisadora da FGV, Magda Chambriard lembra que o consumo interno de óleo diesel é de cerca de 60 bilhões de litros por ano e que qualquer real que a empresa deixe de repassar para seus clientes tem um peso bilionário em seu caixa.

Em contrapartida, a capacidade dos consumidores é limitada. Adriano Pires, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), diz que, se o barril chegar aos US$ 150, nenhum país vai poder repassar totalmente essa alta para o consumidor. "Vai ser preciso apertar o botão da calamidade publica e congelar os preços, não tem jeito. É um preço de excepcionalidade, preço de um momento de guerra."

Discussão no Congresso

Crescem as exigências para que o governo e o Congresso apresentem uma solução. O senador Jean-Paul Prates (PT-RN) espera votar na semanq que vem seu projeto de lei que cria uma conta de estabilização dos preços e um outro que muda o cálculo do ICMS, mas dá autonomia de implantação aos Estados. "É a primeira vez que o Brasil é pego por uma onda de alta (do petróleo) sem nenhum escudo de proteção da volatilidade lá de fora. Estamos completamente expostos", disse o senador.

O tamanho do estrago vai depender das sanções impostas à Rússia e da resposta a elas. "Ainda não houve nenhuma penalidade que envolva o fluxo de energia de um lado ou de outro", observa o pesquisador Rodrigo Leão, especialista em Geopolítica do Petróleo pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo e Gás Natural (Ineep). Já o sócio-gestor da consultoria Inter.B. e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), Claudio Frischtak, afirma que, se a guerra continuar, sem retaliações, o petróleo deve oscilar de US$ 100 a US$ 110. Com retaliações, a oscilação vai à casa dos US$ 150, "e isso é outro mundo", diz. "No caso do Brasil, será um mundo de recessão e inflação mais aguda." A consultoria Rystady Energy projeta o barril na casa dos US$ 130.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O preço do petróleo passou por forte volatilidade na semana passada, com a invasão da Rússia à Ucrânia. Na quarta-feira (23), o preço do barril do óleo tipo Brent chegou a ultrapassar os US$ 105, mas depois acabou recuando. Na sexta-feira (25), fechou em US$ 94,12, diante das perspectivas de que as sanções de aliados ocidentais à Rússia fossem poupar o setor de energia do país. Mas tudo isso ainda é muito incerto.

Essa volatilidade deve afetar o preço dos combustíveis no País. Mas a Petrobras diz que isso não deve abalar a determinação de manter seus preços atrelados aos do mercado internacional. O argumento é de que, se não acompanhar as cotações do petróleo e dos derivados, o mercado brasileiro de combustíveis e o abastecimento interno poderão ser afetados, como afirmou o diretor de Comercialização e Logística da estatal, Cláudio Mastella, em teleconferência com analistas para detalhar o lucro recorde de 2021.

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A Petrobras utiliza o Preço de Paridade de Importação (PPI) para definir os reajustes dos valores da gasolina e óleo diesel em suas refinarias. Por essa política, os preços internos deveriam subir em linha com a valorização das cotações do petróleo e dos seus derivados nos principais mercados mundiais de negociação, como o do Golfo do México, nos EUA, e o de Londres.

Além da commodity, também pesam no cálculo da estatal o câmbio e custos de importação. Isso porque os principais concorrentes da empresa, atualmente, são os importadores e o objetivo da Petrobras é manter seus preços próximos aos deles.

Já há algum tempo, na verdade, a cotação vem subindo, por conta das tensões geopolíticas provocadas pela ameaça de invasão russa. Mesmo assim, os preços no Brasil permanecem inalterados desde o dia 12 de janeiro. A posição da empresa é complexa, já que a manutenção do PPI e os efeitos sobre os preços internos repercutem mal entre os consumidores e afetam diretamente a ambição do presidente da República, Jair Bolsonaro, de vencer as eleições deste ano.

"Temos observado a elevação dos preços nas últimas semanas e, em paralelo, o dólar foi desvalorizando. Com esses dois movimentos, em contraposição, a gente pôde manter nossos preços (inalterados)", afirmou Mastella, acrescentando que, na quinta-feira, 24, em particular, a volatilidade foi maior e a empresa estava "observando" o mercado para avaliar possíveis reajustes.

A visão do executivo é de que, mesmo com as turbulências internacionais, a Petrobras é competitiva e se mantém alinhada ao mercado externo, ao mesmo tempo em que evita repassar aos consumidores as volatilidades conjunturais das cotações.

Um dos motivos para a estatal manter o PPI é o interesse em atrair investidores para as refinarias à venda. O receio é que, se atender à reivindicação de Bolsonaro de congelar os preços dos combustíveis para aliviar a inflação, vai afugentar empresas que teriam interesse no negócio, mas não querem participar de uma atividade comandada pelo governo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Durante a cerimônia do novo marco regulatório do Inmetro nesta sexta-feira, 25, o presidente da República, Jair Bolsonaro, falou sobre o preço da gasolina e ressaltou que não pode interferir na Petrobras. Ressaltou, porém, que tem cobrado soluções da estatal.

"O presidente da Petrobras ganha mais de R$ 200 mil por mês, tem que trabalhar, apresentar solução", disse Bolsonaro. "Eu não tenho como interferir na Petrobras, mas cai no meu colo", ressaltou.

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Bolsonaro também comentou que teve "problemas" para viajar quando era deputado federal, mas que "quebrou um galho com um policial federal".

Sem dar detalhes, o presidente também disse que "haverá excelente boa notícia hoje à tarde pela industrialização do nosso País" e que a imprensa "vai ficar curiosa". "Vamos voltar a industrializar o Brasil, primeiro passo é não atrapalhar o empresário", afirmou.

No evento, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que as novas regras do Inmetro vão descomplicar a vida das empresas que querem inovar.

A secretária de Produtividade do Ministério da Economia, Daniella Marques, acrescentou que o novo modelo do Inmetro vai contribuir para melhorar a agenda regulatória do País.

"O Brasil é a maior fronteira aberta hoje no mundo em turbulência", repetiu Guedes.

Em tom eleitoral, Bolsonaro criticou as gestões do PT no governo federal e lembrou financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a obras na Venezuela.

Outros anúncios feitos por Bolsonaro no evento foram uma nova forma de medir quantos litros entram no carro ao abastecer e a oficialização de um acordo entre a União e a cidade de São Paulo sobre o Campo de Marte. "Acertamos com Paulo Guedes uma pendenga que tem mais de 50 anos no Campo de Marte, será publicado nos próximos dias", declarou.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), reforçou a intenção de votar o pacote de combustíveis no plenário da Casa nesta quarta-feira, mas admitiu a possibilidade de adiar para a semana de 8 de março.

Em entrevista coletiva no Senado, Pacheco afirmou que a retirada do imposto de exportação de uma das propostas facilita a tramitação da medida.

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"Havia muita crítica, eu próprio tinha muita crítica em relação à criação de um novo imposto. Acredito que isso facilita muito a apreciação e a votação", disse ele.

O pacote inclui uma conta de estabilização para o preço dos combustíveis, medida rejeitada pela equipe econômica, e mudanças na cobrança do ICMS, imposto arrecadado pelos Estados, proposta que enfrenta resistências de governadores.

Na semana passada, os secretários estaduais de Fazenda dos Estados se manifestaram contra o projeto do ICMS. "Precisa ser sempre considerado o interesse dos Estados, o Senado é a Casa da Federação, mas algo precisa ser feito em razão dessa vinculação tributária ao preço do combustível", disse o senador.

Os Estados tiveram recorde na arrecadação do ICMS no ano passado, com o aumento nos preços do combustível e da energia elétrica. Com o projeto, Estados alegam perda de arrecadação e pressão por aumento da carga tributária em algumas localidades.

O presidente do Senado afirmou que a proposta, ao adotar o modelo de cobrança monofásica do ICMS, em apenas uma etapa de comercialização, e aplicar a alíquota sobre o litro de combustível, e não sobre o preço final, traz uma racionalização para o modelo.

"Obviamente, sem impactos severos para os Estados na arrecadação, mas efetivamente é hora de todos darem as mãos para dar uma solução em relação ao preço dos combustíveis", afirmou ele.

Pacheco pontuou que o Senado deve primeiro votar o projeto do ICMS para depois analisar a conta de estabilização. Ele ressaltou que não há acordo de mérito para a aprovação do mesmo conteúdo na Câmara.

A votação do pacote proposto pelo Senado para reduzir o preço dos combustíveis no País pode ser adiada para março. Os dois projetos de lei relacionados ao tema entraram na pauta da quarta-feira, 23, no Plenário, mas não há acordo de líderes para aprovação, de acordo com fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Nos bastidores da Casa, há quem diga que o pacote "já subiu no telhado" e não será aprovado, sob a avaliação de que as propostas causaram ruídos maiores do que o potencial benefício de reduzir o preço do diesel, da gasolina e do gás de cozinha.

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Ainda há uma articulação para aprovar subsídios e ampliar o alcance do vale-gás a famílias carentes neste ano, mas propostas que mexem no ICMS, imposto arrecadado pelos Estados, e na política de preços da Petrobras enfrentam impasses maiores.

O pacote do Senado incluiu a criação de uma conta de estabilização dos preços, um imposto sobre a exportação de petróleo, a alteração no modelo de cobrança do ICMS e o aumento do vale-gás.

Os projetos ainda precisam passar pela Câmara, que não expressou concordância com o conteúdo.

Líderes do Senado pediram para que sejam votados apenas projetos de consenso no plenário nesta semana, sem grande impacto.

Não há previsão de sessões na próxima semana e novas votações só devem ocorrer a partir do dia 8 de março.

Mesmo com a pandemia de Covid-19, o Brasil bateu recorde na venda de combustíveis no ano passado, totalizando 139,5 bilhões de litros, o maior volume da série histórica iniciada no ano 2000 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), e uma alta de 6% em relação a 2020, primeiro ano da doença.

Se levada em conta apenas a soma de etanol, gasolina e o diesel, o resultado também foi recorde, de 118 bilhões de litros, com destaque para o diesel, derivado do petróleo com maior volume de vendas no País, ou 62,1 bilhões de litros. O volume é recorde e quase o dobro do que era vendido há 21 anos (35 bilhões de litros). Na comparação com o ano passado, as vendas de diesel subiram 8,1%.

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As vendas de gasolina somaram 39,3 bilhões de litros em 2021, ou 9,7% a mais do que em 2020, o que confirma a volta da mobilidade urbana, passado o auge da pandemia.

Já o etanol teve queda de 13% nas vendas de um ano para outro, para 16,7 bilhões de litros, bem abaixo do recorde de 22 bilhões de litros de 2019.

Da mesma maneira, as vendas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) cederam 1% de um ano para outro, totalizando 13,4 bilhões de metros cúbicos, praticamente estáveis em relação a 2021.

As vendas de querosene de aviação (QAV) continuaram abaixo da média, porém 22,8% acima do desempenho do ano passado, totalizando 4,3 bilhões de litros, informam os dados levantados pela ANP.

Depois de subir 54% em 2021 - o que resultou em uma alta de 47,5% no preço da gasolina no Brasil, tornando-se umas das principais fontes de pressão inflacionária -, o petróleo já avançou mais 18,2% neste começo de ano. Na sexta-feira, o barril atingiu US$ 95 e, diante da ameaça da Rússia de invadir a Ucrânia, alguns economistas já falam da possibilidade de a cotação ultrapassar US$ 120.

Importante produtor de petróleo, a Rússia poderia, em meio a uma guerra, interromper o fluxo do produto - o que elevaria a cotação da commodity. "Só a expectativa de invasão já causa uma pressão nos preços. Estamos revisando nossas projeções de petróleo para incorporar essa história toda. O viés é de alta", diz a economista-chefe da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro.

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Com a expectativa de que haveria um aumento da oferta de petróleo na América do Norte e uma leve desaceleração na demanda, Alessandra projetava que o barril terminaria 2022 ao redor de US$ 65. "Esse patamar daria um bom alívio para a inflação." Inclusive, significaria uma queda de 16% na comparação com o valor registrado no fim de 2021. O cenário, no entanto, mudou mais uma vez, e o petróleo, seu efeito na inflação e na atividade voltaram a se tornar uma preocupação para governos de todo o mundo.

REVIRAVOLTAS

Há 22 meses, sobrava petróleo no mundo. Com a pandemia e países em lockdown, a demanda pelo produto despencou em 2020, os estoques ficaram abarrotados e, de repente, era preciso pagar para armazenar o óleo - o que fez o preço do WTI (tipo de petróleo produzido nos EUA) retrair. O barril do Brent (um petróleo mais leve e que serve como principal referência global) caiu na época para menos de US$ 20 - a primeira vez desde 2001 -, e a cotação parecia longe de se tornar um problema.

A demanda, porém, voltou muito mais rápido do que se previa, impulsionada por estímulos econômicos adotados por vários governos, e os países produtores não acompanharam o ritmo. Agora, quando se esperava uma acomodação, o preço voltou a disparar.

"Se houver um conflito, o céu é o limite (para a cotação). Caso não haja, provavelmente estamos perto do pico. A conclusão é de que, nos próximos meses, o preço ainda vai ser alto. Se não tiver guerra e o Banco Central dos EUA aumentar o juro, é possível que a demanda esfrie um pouco", diz José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados.

Os preços médios do etanol hidratado caíram em 20 Estados e no Distrito Federal nesta semana, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas. Em outros 5 Estados, os preços subiram, enquanto no Amapá a cotação permaneceu estável. Nos postos pesquisados pela ANP em todo o País, o preço médio do etanol caiu 2,92% na semana em relação à anterior, de R$ 4,938 para R$ 4,794 o litro.

Em São Paulo, principal Estado produtor, consumidor e com mais postos avaliados, a cotação média do etanol hidratado ficou em R$ 4,539 o litro, queda de 3,55% ante a semana anterior (R$ 4,539).

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O preço mínimo registrado na semana para o etanol em um posto foi de R$ 3,879 o litro, em São Paulo, e o menor preço médio estadual, de R$ 4,539, foi registrado também em São Paulo. O preço máximo, de R$ 7,669 o litro, foi verificado em um posto do Rio Grande do Sul. O maior preço médio estadual também foi o do Rio Grande do Sul, de R$ 6,340.

Na comparação mensal, o preço médio do biocombustível no País caiu 5,09%. O Estado com maior queda no período foi São Paulo, onde o litro se desvalorizou 6,95% no mês. Na apuração semanal, a maior queda porcentual de preço, de 3,55%, foi observada também em São Paulo; e a maior alta, de 2,19%, aconteceu em Roraima.

Apesar das críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Combustíveis no Senado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e outros articuladores do Palácio do Planalto no Congresso assinaram a autoria da proposta, permitindo a tramitação da medida apelidada pela equipe econômica como "PEC Kamikaze".

A PEC foi protocolada pelo senador Carlos Favaro (PSD-MT) e recebeu a assinatura do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro. Normalmente, parlamentares assinam iniciativas de colegas apenas para viabilizar a tramitação, que só começa com 27 assinaturas. Em medidas polêmicas, porém, as assinaturas sinalizam um apoio maior. Além disso, Flávio solicitou a inclusão do nome quando a PEC já tinha assinaturas suficientes. Ao todo, a proposta teve 31 assinaturas.

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O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), e os senadores Carlos Viana (MDB-MG) e Marcio Bittar (PSL-AC), que compõem oficialmente a articulação política do Planalto no Legislativo, também colocaram a digital na autoria da proposta.

Além da desoneração do óleo diesel e da energia elétrica, que pode acarretar num rombo de R$ 100 bilhões na arrecadação, a PEC do Senado abre caminho para o governo federal gastar até R$ 17,7 bilhões em subsídios fora das regras fiscais ainda em 2022.

A equipe econômica aponta a proposta como a pior do pacote que circula no Congresso. Guedes defende a desoneração do diesel via tributos federais e a redução do ICMS, controlado pelos Estados, por meio de outro projeto.

"Existem pontos positivos na PEC, senão ela não receberia as assinaturas. Quando assinamos uma PEC, a princípio é para ela tramitar. Se ela está tramitando, ela tem razão de ser", disse o líder do governo no Congresso. "O problema está identificado, o governo mantém uma boa intenção de discutir o assunto, mas vai discutir o assunto com rigor fiscal, mantendo o equilíbrio do Orçamento da União e atendendo na ponta aquilo que a população precisa, que é a redução no preço do combustível."

O Senado ainda não decidiu quando votará a PEC, mas quer agilidade. Na próxima semana, os senadores devem votar dois projetos de lei sobre o tema. Um deles cria uma conta de compensação para amenizar o impacto dos preços com o uso de dividendos da Petrobras pagos à União e um imposto sobre a exportação de petróleo. A equipe econômica é contra a proposta. Outro é o projeto do ICMS aprovado na Câmara e defendido pelo governo. O Senado, no entanto, se movimenta para desidratar o texto e dar liberdade aos governadores definirem as alíquotas.

A movimentação da equipe econômica contra a PEC intensificou as críticas de senadores contra o ministro da Economia. Em entrevista ao Estadão, Guedes afirmou que não recebeu apoio suficiente para emplacar uma agenda liberal no governo e classificou a proposta do Senado como uma "bomba fiscal". "O ministro Paulo Guedes, em vez de construir convergência, sempre constrói dissenso, principalmente intitulando como ele intitula. Sempre que há um projeto polêmico na Casa, ele faz uma peripécia para poder desviar o foco, que é a fome e um país empobrecendo cada vez mais", disse o senador Alexandre Silveira (PSD-MG), um dos formuladores da PEC do Senado.

Silveira foi convidado para a liderança do governo no Senado, mas não aceitou o cargo afirmando que precisa pontuar as divergência que tem com o Executivo, especialmente com a equipe econômica. "Ele (Guedes) é tão inábil que constrói instabilidade. O que eu critico é a forma inábil dele criar dissenso. Ele não cria consenso porque não busca convergência. Ele culpa o aumento de despesa quando a PEC dos Combustíveis pode socorrer o povo brasileiro. Essa ortodoxia dele é que faz com que a pobreza aumente cada vez mais em um período de pandemia."

O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), afirmou que o Executivo se mantém com disposição para discutir uma solução para os preços dos combustíveis no País, mas evita apoiar alguma medida específica em tramitação no Congresso.

"O problema está identificado, o governo mantém uma boa intenção de discutir o assunto, mas vai

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discutir o assunto com rigor fiscal, mantendo o equilíbrio do Orçamento da União e atendendo na

ponta aquilo que a população precisa, que é a redução no preço do combustível", disse o parlamentar, pontuando que há várias propostas em tramitação e que o governo está "na mesa de Negociação".

Nesta terça-feira, o Congresso analisa dois vetos do presidente Jair Bolsonaro, um com impacto fiscal. Os parlamentares fecharam um acordo para derrubar o veto à compensação da propaganda partidária no rádio e na TV fora do período eleitoral, retomada neste ano.

Com isso, as emissoras de rádio e de televisão deixarão de pagar impostos ao inserir os programas das legendas, diminuindo a arrecadação da União.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender, neste domingo (6), a revisão da carga tributária sobre combustíveis e minimizou perdas fiscais com propostas em tramitação no Congresso. Para Bolsonaro, a composição do preço dos combustíveis "é bastante grave". "Tem que pensar no povo, não no Estado. Em primeiro lugar, a população", disse, ao retornar ao Palácio da Alvorada após um passeio por Brasília e pelo entorno.

Contrariando a equipe econômica, Bolsonaro e a ala política do governo deram sinal verde a uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), apresentada pelo deputado Christino Áureo (Progressistas-RJ) na quinta-feira (3). O texto autoriza Estados e municípios a reduzirem total ou parcialmente as alíquotas de tributos de suas competências em 2022 e 2023 sem necessidade de compensação fiscal, como é exigido hoje pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

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"A PEC não é impositiva, é autorizativa em momento de emergência", argumentou Jair Bolsonaro neste domingo. A proposta, se promulgada, representará renúncia de até R$ 54 bilhões, segundo a equipe econômica do governo. A equipe do ministro Paulo Guedes, da Economia, defende a redução de tributos apenas para o óleo diesel e com compensação orçamentária.

O presidente voltou a jogar a culpa pelo valor elevado nos postos de gasolina na cobrança do ICMS definida pelos governadores. "A composição do preço dos combustíveis é bastante grave. Desde janeiro de 2019 o valor, por parte do governo federal, sempre foi o mesmo. Já no tocante ao ICMS, quase dobrou o valor desses impostos", declarou.

Além da PEC protocolada na Câmara, uma outra proposta surgiu no Senado para reduzir tributos de combustíveis. Apelidada de "PEC kamikaze" por técnicos da área econômica, o texto do senador Alexandre Silveira (PSD-MG) pode ter impacto superior a R$ 100 bilhões.

O senador Carlos Fávaro (PSD-MT) apresentou uma nova Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permite reduzir impostos sobre combustíveis em 2022 e 2023, sem compensação fiscal. O texto, mais amplo que o do deputado Christino Áureo (PP-RJ), inclui o pagamento de um auxílio-diesel mensal de R$ 1.200 a caminhoneiros autônomos por até dois anos, subsídios ao transporte público e aumento da cobertura do vale-gás a famílias de baixa renda.

"Compreendo que uma PEC nesse sentido já foi apresentada na Câmara dos Deputados, mas ainda de forma superficial, podendo ser engolida pela continuidade do aumento dos preços no mercado internacional. Por isso venho com uma proposta mais profunda", disse Fávaro, que recolhe assinaturas para protocolar a proposta no Senado.

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A medida do senador autoriza o governo federal, os Estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios a reduzir os impostos sobre diesel, biodiesel, gasolina, gás e energia elétrica, além de prever a criação do auxílio temporário aos caminhoneiros autônomos. A medida também inclui um aumento da cobertura do vale-gás destinado a famílias de baixa renda, de 50% para 100% do valor do botijão.

A PEC ainda destinaria R$ 5 bilhões em recursos da União para que Estados e municípios invistam no transporte público coletivo, com objetivo de assegurar a mobilidade de idosos.

Assim como a proposta da Câmara, a matéria apresentada no Senado dispensa o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que exige que o governo compense a perda de arrecadação ao cortar impostos com a elevação de outros.

De acordo com Fávaro, a PEC usaria recursos dos dividendos distribuídos pela Petrobras ao governo. "Não quero discutir os dividendos privados da Petrobras, mas a parcela que cabe à União como principal acionista deve servir sim às políticas públicas", disse o senador.

"A Petrobras está gerando um superávit gigantesco. Enquanto a média das grandes petroleiras mundiais foi de um lucro de cerca de 6%, nossa estatal acumulou mais de 38% por conta dessa política de preços que penalizou o consumidor", acrescentou Fávaro.

A PEC do senador vem na esteira de outra proposta, que foi apresentada na Câmara pelo deputado Christino Áureo (PP-RJ) e redigida na Casa Civil. A matéria carimbada pelo Palácio do Planalto também permite ao governo federal, Estados, DF e municípios reduzir ou zerar os impostos sobre os combustíveis e gás, mas não inclui energia elétrica e também não prevê auxílio a caminhoneiros, subsídio ao transporte público e aumento da cobertura do vale-gás.

Por outro lado, a proposta da Câmara permite que o governo federal reduza em 2022 e 2023 as alíquotas de tributos de caráter extrafiscal, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), ainda que não incidentes sobre combustíveis e gás, sem necessidade de compensar a perda de arrecadação.

O presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, explicou nesta quarta-feira que a estatal precisa praticar preços de mercado e se comportar como uma empresa privada, até porque não consegue atender todo o mercado de combustíveis brasileiro com suas refinarias, que operam com ociosidade de cerca de 20%. Segundo ele, apesar de evitar passar imediatamente a volatilidade dos preços dos derivados de petróleo no mercado internacional, é necessário fazer reajustes quando observada uma mudança estrutural nos preços, não apenas para evitar prejuízos, mas para dar oportunidade a outros agentes do setor.

"Não conseguimos atender ao mercado todo, temos que ter paridade com a importação. O abastecimento do mercado tem que ser uma oportunidade para todos", disse Luna em evento do Credit Suisse.

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Segundo a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem da gasolina e do diesel já atinge 10% em alguns portos brasileiros.

O preço dos combustíveis, com inúmeras críticas à Petrobras, têm sido uma bandeira do presidente da República, Jair Bolsonaro, que pretende zerar os impostos federais do diesel para amenizar o valor nos postos para os caminhoneiros, seus apoiadores na última eleição presidencial.

"A Petrobras tem responsabilidade social, mas não pode fazer política pública", afirmou Luna ao ser perguntado sobre os elevados preços dos combustíveis.

O diretor Financeiro e de Relações com o Mercado da Petrobras, Rodrigo Alves, afirmou que nos últimos cinco anos a estatal pagou mais de R$ 1 trilhão em tributos e que esta seria a melhor forma de retorno para a sociedade. Segundo ele, todo o retorno da empresa vai para tributos, dividendos e investimentos.

"Não temos interesse em reter recursos", disse Alves, também durante evento do Credit Suisse.

De acordo com Silva e Luna, os recursos que a Petrobras paga em tributos e dividendos são capazes de gerar empregos, e essa é a melhor forma de dar retorno à sociedade. Ele explicou que, apesar de estatal, a companhia não pode simplesmente reduzir o preço dos combustíveis e ter prejuízo, como já ocorreu no passado.

Silva e Luna destacou que em 2021 a Petrobras pagou R$ 220 bilhões em tributos e R$ 27 bilhões em dividendos só para a União. "Uma Petrobras saudável e forte para a sociedade gera um valor muito grande", ressaltou.

Fontes energéticas

O petróleo é uma fonte energética que ainda vai durar bastante tempo no mundo, mas a Petrobras está se preparando para a transição energética e estuda nove fontes alternativas, entre elas a energia nuclear, mas de olho também em solar, nuclear e hidrogênio, disse o presidente da Petrobrás no evento do Credit Suisse.

A empresa criou um comitê de pesquisa para descobrir quais seriam as melhores sinergias para a Petrobras no futuro.

Segundo Silva e Luna, na área de energia nuclear, poderiam ser analisadas a construção de pequenos reatores (Small Modular Reactor), uma nova tecnologia que vem despertando o interesse do mundo inteiro, pela redução de custos e possibilidade de instalação perto do centro de consumo.

Mas, segundo ele, no momento o foco é reduzir os custos e as emissões do petróleo, o que vai garantir o prolongamento do consumo do combustível fóssil.

"Precisamos ter capacidade de produzir petróleo com o menor índice de carbono possível a um preço bastante resiliente, de modo que ele possa, com a redução dos incentivos, ser competitivo nessa área", explicou o executivo.

Segundo Rodrigo Alves, a empresa tem uma estratégia robusta e um portfólio competitivo para enfrentar a transição energética. "O fato da gente ter conseguido adequar a nossa estrutura de capital nos dá conforto de trabalhar na transição energética com decisões mais conscientes, mais racionais e obviamente que gerem valor, que gerem retorno", afirmou Alves, considerando que a Petrobras está muito bem posicionada no cenário da transição.

Refinarias

Já vencido o prazo para a venda das oito refinarias da Petrobras (dezembro de 2021), a estatal tem mantido negociações com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para prosseguir com os planos de venda, informaram os principais executivos da companhia no evento do Credit Suisse.

A única unidade vendida foi a refinaria da Bahia, ex-Rlam e hoje Refinaria de Mataripe, controlada pela Acelen, empresa do fundo de investimento Mubadala.

Segundo Silva e Luna, algumas refinarias deixaram de ser vendidas porque não receberam propostas adequadas, inferiores ao valor de referência, sendo que a de Pernambuco (Rnest) nem proposta recebeu.

De acordo Rodrigo Alves, a empresa "está caminhando para o closing da Reman e da Six também", referindo-se às refinarias Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, e SIX no Paraná.

"O nosso interesse é relançar o processo (de venda) das que não foram bem sucedidas, temos duas negociações em andamento que são a Lubnor (CE) e a Regap (MG), e relançar Repar (PR) e Refap (RS), e na Rnest teve feedback importante que era o risco de conclusão da obra", disse Alves, ressaltando que a Petrobras vai iniciar as obras da Rnest enquanto negocia a venda.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, voltou a culpar a cobrança de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelos Estados e a "roubalheira do PT" para justificar o alto preço da gasolina no Brasil, que em alguns postos do Rio de Janeiro já ultrapassou os R$ 8 o litro. Em entrevista para a TV Record durante a visita ao Porto do Açu, acompanhado de políticos e ministros, Bolsonaro frisou que não queria brigar com os governadores, mas que "precisava falar a verdade".

"O ICMS incide no preço final da bomba e não na origem, é bi tributado. Não sou contra a cobrança dos governos, mas a população tem que entender que os governos cobram R$ 2 por litro, e ainda tem o aumento das refinarias aos ....distribuidores", disse Bolsonaro, sendo ajudado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

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"O insumo dos derivados (petróleo) aumentou muito também, passou de R$ 270 o barril para R$ 500", disse Albuquerque, sem estipular o período do aumento.

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