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O polo itinerante de vacinação da Secretaria de Saúde do Paulista irá funcionar neste sábado (25), no Centro Administrativo da Prefeitura do Paulista, na Avenida Prefeito Geraldo Pinho Alves, 222, em Maranguape I. O atendimento ao público ocorrerá das 9h às 16h. 

Na ocasião, será realizada a imunização contra a Covid-19 e atualização da caderneta de vacinação infantil, com as vacinas de rotina que são aplicadas nas unidades de saúde. Não é necessário agendamento para ir ao local. 

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De acordo com a Coordenação do Programa Nacional de Imunização (PNI) de Paulista, a vacinação contra a Covid-19 contempla o público de 5+ a adulto, com a aplicação de primeira e segunda doses e primeira dose de reforço; segunda dose de reforço para o público 40+; e bivalente a partir de 60 anos, pessoas vivendo em instituições de longa permanência (ILP) a partir de 12 anos, abrigados e os trabalhadores dessas instituições; imunocomprometidos (com apresentação de laudo); comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas. 

Ainda sobre a vacina bivalente, a Saúde do Paulista também está ofertando a dose para o público liberado na nova fase, que são: gestantes (a partir de 12 anos de idade) e puérperas (mulheres com até 45 dias após o parto); trabalhadores da saúde (a partir de 18 anos); e pessoas com deficiência permanente (a partir de 12 anos de idade, com apresentação de laudo); pessoas privadas de liberdade; adolescentes em cumprindo medida socioeducativa; e funcionários de sistema de privação de liberdade. 

Para tomar a vacina bivalente, as pessoas que preenchem os requisitos precisam ter tomado ao menos a D1 e a D2, ou seja, estar com o esquema completo. Lembrando que é preciso respeitar o intervalo de quatro meses após a última vacinação, antes de procurar pela dose da bivalente. 

Documentação vacinas de rotina

Caderneta de vacinação;

Cartão SUS ou CPF da criança;

RG do responsável.

Documentação bivalente 

Comprovantes de todas as doses anteriores;

CPF ou Cartão SUS;

comprovante de residência. 

Documentação público infantil 5 a 11 anos

Certidão de Nascimento ou RG da criança;

CPF ou Cartão SUS da criança;

RG do responsável;

comprovante de residência;

cartão de vacinação da Covid-19 com as doses anteriores registradas.

Documentação para adolescentes a partir dos 12 anos a menores de 18 anos

Certidão de Nascimento ou RG;

CPF ou Cartão SUS;

RG do responsável;

comprovante de residência; 

cartão de vacinação da Covid-19 com as doses anteriores registradas.

Documentação para maiores de 18 anos

CPF;

RG;

comprovante de residência;

cartão de vacina.

 

 

Três anos após o surgimento da Covid-19, os debates sobre a origem da doença voltam à tona. Um estudo recente reforça a hipótese majoritária de transmissão de um animal, mas os defensores de um vazamento de laboratório na China não jogam a toalha.

"Não podemos dizer categoricamente como a pandemia começou", declarou recentemente Maria Van Kerkhove, epidemiologista americana da Organização Mundial da Saúde (OMS), em meio a um debate renovado sobre o assunto.

O mundo científico estima, principalmente, que a pandemia começou no início de 2020, porque um animal selvagem transmitiu o vírus para humanos meses antes, provavelmente no mercado de Huanan, na cidade chinesa de Wuhan.

Alguns pesquisadores defendem, no entanto, a hipótese de vazamento do laboratório de um instituto científico da mesma cidade.

A China rejeita firmemente essa teoria, mas também nega que o mercado de Huanan abrigasse animais suscetíveis à transmissão do vírus.

O debate foi retomado em fevereiro, depois que o diretor do FBI (a Polícia Federal americana), Christopher Wray, garantiu que essa teoria do vazamento do laboratório é "muito provável".

Embora tenham causado grande comoção na mídia, as declarações não tiveram grande impacto na opinião científica majoritária.

"Essas propostas não parecem se basear em novos elementos e [a teoria do vazamento] continua sendo a menos convincente das duas hipóteses", disse a cientista britânica Alice Hughes, especialista em biodiversidade, ao Science Media Center.

- O cão-guaxinim -

Semanas depois, os defensores da transmissão natural recuperaram a vantagem midiática, após um estudo que analisou as amostras coletadas no início de 2020 no mercado de Wuhan.

Vários veículos de comunicação americanos, especialmente o jornal The New York Times, noticiaram este trabalho antes mesmo de ser publicado online, apresentando-o como um avanço para apoiar esta tese.

Depois de fechar o mercado de Huanan no início de 2020, as autoridades chinesas coletaram inúmeras amostras no local. Cientistas liderados pela francesa Florence Débarre trabalharam com base nesses dados.

Neles, encontraram o DNA e o RNA de inúmeros mamíferos silvestres, o que permite atestar sua presença no mercado antes de seu fechamento.

Chama a atenção o caso do cão-guaxinim. Este animal, que pertence à família canina mas se parece com um guaxinim, pode ter sido infectado pelo coronavírus e ter sido um elo de contágio entre morcegos e humanos.

Este trabalho, que não foi publicado em revista científica, não prova, porém, que o cão-guaxinim esteja na origem da pandemia, nem permite afirmar categoricamente que estes animais foram infectados, porque as amostras não foram retiradas diretamente deles.

- Dados inacessíveis -

Mas essa teoria parece plausível, já que, em alguns mercados, o DNA desses animais estava muito presente junto com o do vírus e quase não foram encontrados vestígios do genoma humano.

E, mesmo que a infecção seja admitida, é impossível determinar se eles transmitiram o vírus para um ser humano, ou se a transmissão foi invertida.

Este estudo constitui "uma nova peça do quebra-cabeça que sustenta um vínculo entre o mercado de animais de Wuhan e a origem da pandemia", mas "não é uma prova irrefutável", disse o virologista Connor Bamford, da Universidade Queen's, de Belfast.

Para ele, seria preciso ter amostras mais antigas, do final de 2019, quando a covid surgiu sem fazer barulho, e retiradas diretamente desses animais.

Mas esse é um grande obstáculo na investigação da origem da covid: é quase impossível acessar os dados originais. Mesmo os dados com os quais a equipe de Débarre trabalhou não estão mais acessíveis.

Eles estavam inicialmente disponíveis em uma plataforma para pesquisadores, a Gisaid, mas foram removidos a pedido dos cientistas chineses que os publicaram online.

"Temos dados absolutamente cruciais que nos permitem esclarecer o início da pandemia, mas não podemos compartilhá-los, porque não são nossos", lamenta esta pesquisadora em conversa com a AFP. "Quanto mais pessoas estudarem esses dados, mais informações poderemos extrair", afirma.

A partir desta segunda-feira (21), todos os grupos prioritários já podem ser vacinados com a vacina bivalente contra a Covid-19. Segundo orientação repassada na sexta-feira (17) pelo Ministério da Saúde, os estados e municípios devem começar a chamar as pessoas para se vacinar com a dose complementar.

O imunizante bivalente da Pfizer começou a ser aplicado no fim de fevereiro, dentro do Movimento Nacional pela Vacinação, lançado no último dia 27, nos idosos com mais de 70 anos, pessoas imunocomprometidas, funcionários e pessoas que vivem em instituições de longa permanência, indígenas, ribeirinhos e quilombolas.

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De acordo com avaliações locais, a vacinação poderia avançar para os outros públicos prioritários, desde que os primeiros tivessem atingido uma boa cobertura. Até o momento, segundo o Ministério da Saúde, foram aplicadas mais de 4,1 milhões de doses de reforço com a vacina bivalente, disponível apenas para quem completou o ciclo básico com duas doses e recebeu os dois reforços iniciais há pelo menos 4 meses.

As vacinas bivalentes da Pfizer oferecem proteção contra a variante original do vírus causador da Covid-19 e contra as cepas que surgiram posteriormente, incluindo a Ômicron, variante de preocupação no momento. A Agência Nacional de  Vigilância Sanitária (Anvisa) já atestou a segurança das doses disponíveis no Brasil. 

Público prioritário

Podem se vacinar contra a Covid-19 com a quinta dose bivalente os idosos de 60 anos ou mais de idade, população privada de liberdade, adolescentes cumprindo medidas socioeducativas, funcionários do sistema de privação de liberdade, gestantes e puérperas e trabalhadores da saúde.

A vacina também está disponível para adolescentes e adultos a partir dos 12 anos dentro dos grupos prioritários: pessoas vivendo em instituições de longa permanência e seus trabalhadores; pessoas imunocomprometidas; indígenas, ribeirinhos e quilombolas; e pessoas com deficiência permanente.

O Ministério da Saúde reforça a necessidade de vacinação para proteger contra as formas graves da Covid-19, que matou quase 700 mil pessoas no Brasil desde o início da pandemia, em 2020.

Número 1 do mundo, o sérvio Novak Djokovic não conseguiu permissão e vai perder o Masters 1000 de Miami por não ter se vacinado contra a covid-19. James Blake, diretor do evento da Flórida, confirmou a não liberação do tenista para entrar nos Estados Unidos sem estar vacinado contra a covid-19, exigência para todos os estrangeiros que chegam ao país.

"Nós gostaríamos de ter os melhores jogadores do mundo no torneio. Nós fizemos tudo que pudemos, falamos com o governador, mas estava fora do nosso alcance. Ele não poderá jogar. Aconteceu o mesmo no Indian Wells, Tommy Haas fez tudo que podia. Tentamos fazer com que Novak Djokovic pudesse obter uma isenção, mas isso não foi possível", declarou Blake em entrevista ao Tennis Channel.

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No Indian Wells, o dirigente do torneio Tommy Haas também havia tentado a permissão do tenista em solo americano para disputar o torneio, mas não obteve sucesso, mesmo tendo apoio do US Open e pela Associação de Tênis dos EUA.

O governador do estado da Flórida, Ron DeSantis, e outras autoridades do estado tentaram apelação com o presidente Joe Biden, mas não obtiveram sucesso. A exigência de vacinação para viajantes estrangeiros em território dos Estados Unidos estará em vigor até 11 de maio.

Maior campeão do Masters 1000 de Miami com seis conquistas, Djokovic é o atual número um do mundo. Essa condição, no entanto, pode mudar caso Carlos Alcaraz conquiste o título de Indian Wells, que acontece neste final de semana. O tenista espanhol está na semifinal do torneio e enfrentar o italiano Jannik Sinner neste sábado, às 18h20.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) indicou nesta sexta-feira (17) que espera reduzir este ano seu nível de alerta máximo pela Covid-19, ao estimar que a epidemia poderia representar em breve uma ameaça semelhante à da gripe sazonal.

"Chegamos a um ponto em que podemos considerar a Covid-19 da mesma forma que consideramos a gripe sazonal, ou seja, uma ameaça à saúde, um vírus que vai continuar matando, mas um vírus que não atrapalha nossa sociedade nem nossos sistemas hospitalares", disse o chefe dos programas de emergência da OMS, Michael Ryan, à imprensa.

Junto com ele, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou estar "muito satisfeito em ver que, pela primeira vez, o número semanal de mortes registrado nas últimas quatro semanas foi menor do que o registrado quando usamos a palavra 'pandemia' pela primeira vez uma vez, há três anos".

"Hoje certamente estamos em uma posição muito melhor do que em qualquer outro momento da pandemia", analisou.

Tedros está "confiante" de que a OMS pode reduzir seu nível de alerta máximo este ano.

A agência da ONU declarou uma "emergência internacional de saúde pública" devido à Covid-19 em 30 de janeiro de 2020, em um momento em que havia menos de 100 casos positivos e nenhuma morte fora da China.

Pouco depois, em março de 2020, Tedros chamou a situação de pandemia.

"Declaramos uma emergência sanitária global para estimular os países a tomarem medidas mais decisivas, mas nem todos o fizeram", lembrou ele nesta sexta-feira.

"Três anos depois, foram registradas cerca de sete milhões de mortes por covid-19, embora saibamos que esse número é muito maior", afirmou.

Em pronunciamento nesta quarta-feira (15), o senador Humberto Costa (PT-PE) pediu que a Controladoria-Geral da União (CGU), o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público Federal (MPF) apurem a denúncia de que 39 milhões de doses de vacina contra a covid-19 serão descartadas pelo Ministério da Saúde e que outros 20 milhões de doses terão o mesmo destino nos próximos dois meses, por causa da perda de validade dos imunizantes. 

"Prejuízo de R$ 2 bilhões de reais, imaginem: no momento em que nós estamos vivendo, com tanta gente falando de desequilíbrio fiscal e da gastança cometida pelos governos, é inconcebível jogar fora R$ 2 bilhões de reais em um produto que salva vidas e minimiza os efeitos colaterais causados por essa doença!", afirmou.

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Segundo Humberto, essa descoberta evidencia a falta de planejamento e a postura do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro contrária à vacinação. O senador lembrou que o ex-mandatário chegou a disseminar notícias falsas em relação aos imunizantes. 

"Quem não se lembra do ex-presidente dizendo que havia o risco de que quem tomasse a vacina virava jacaré? Ou que um homem poderia começar a falar fino e a mulher a criar barba por conta da vacina? Por tudo isso, ele atrasou a chegada das vacinas e o que vemos hoje é que boa parte das que chegaram serão descartadas, porque perderam a validade".

Em consequência, lamentou o parlamentar, mais de 700 mil pessoas morreram de covid-19. O cenário só não foi pior, segundo ele, porque a CPI que apurou as irregularidades praticadas pelo então governo, durante a crise sanitária, obrigou o executivo a apressar a aquisição de vacinas. 

*Da Agência Senado

A paralisação dos auxiliares e técnicos de enfermagem afetou o trabalho realizado nos pólos de vacinação no município do Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR). Para evitar a interrupção total da aplicação de imunizantes na população, a prefeitura concentrou as atividades no Centro Administrativo, localizado no centro da cidade.

Segundo o portal G1, a campanha de vacinação contra Covid-19 foi uma das atividades que teve de ser alterada para que a população não ficasse desatendida. Nesta quarta-feira (15), os profissionais se reuniram no centro do Recife no sexto dia de paralisação para reivindicar reajuste do piso salarial e melhores condições de trabalho para toda a categoria no estado.

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Procurada pelo LeiaJá, a Prefeitura do Paulista informou que a redução foi de 50% nos atendimentos de vacinação. “Devido à greve, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) tiveram seus atendimentos suspensos em 100% e as policlínicas e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) tiveram 50% dos atendimentos mantidos”, explicou em nota.

A Controladoria-Geral da União (CGU) decidiu, nesta segunda-feira (13), autorizar a divulgação da carteira de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro. O órgão acatou um recurso que contestava a negativa de divulgação de data, local, laboratório de fabricação e nome de vacinas que tenham sido aplicadas e constam no cartão do ex-presidente.

“A decisão baseou-se no fato de que a informação referente ao status vacinal do ex-Presidente da República foi tornada pública por ele mesmo, de modo que não se aplica ao objeto do pedido a proteção conferida pelo artigo 31, §1º, inciso I da Lei nº 12.527/2011 (LAI). Diante disso, conclui-se que o acesso às informações pessoais solicitadas é compatível com a finalidade pela qual o dado pessoal foi tornado público pelo próprio titular”, argumenta a CGU.

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Com a decisão da CGU, o Ministério da Saúde deverá informar se o ex-presidente Bolsonaro foi ou não vacinado contra a covid-19. Caso haja registros, o ministério é obrigado a fornecer data, local, laboratório de fabricação e o nome do imunizante aplicado. Bolsonaro declarou em diversas ocasiões não ter se vacinado.

As informações somente poderão ser fornecidas pelo ministério após o fim da Investigação Preliminar Sumária (IPS). A CGU investiga se houve inserção de dados falsos em sistemas do Ministério da Saúde. Na gestão passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro impôs sigilo à divulgação de seu cartão de vacinação.

O argumento era tratar-se de informação pessoal e privada. Em um dos seus primeiros atos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou a revisão, pela CGU, dos sigilos aplicados por Bolsonaro, como na carteira de vacinação, gastos do cartão corporativo e o processo administrativo sobre a participação do general Eduardo Pazuello em um evento político no Rio Janeiro.

Os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) - associados à Covid-19 - mantiveram a tendência de alta já registrada nas últimas semanas no Amazonas e São Paulo e também apresentam tendência clara de aumento no Ceará e no Rio de Janeiro.

É o que revelam informações divulgadas nessa sexta-feira (10) no último Boletim Infogripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os dados de 26 de fevereiro a 4 de março apontam, ainda, para sinais iniciais de aumento em Mato Grosso do Sul e no Pará.

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O avanço da SRAG por Covid-19 - que gera hospitalizações - está mais associado a casos na população adulta. O InfoGripe também registra crescimento de casos entre crianças e adolescentes, mas não há uma associação viral clara, segundo o coordenador do boletim, Marcelo Gomes.

"Na Bahia, em Mato Grosso do Sul, no Paraná, em Santa Catarina e, em menor escala, em São Paulo, existe aumento nos casos positivos para rinovírus nas crianças até 11 anos", disse o pesquisador, em texto divulgado pela Agência Fiocruz de Notícias. 

Vacinas

Ele destaca que o novo cenário de crescimento reforça a importância da campanha de vacinação iniciada no dia 27 de fevereiro pelo Ministério da Saúde, em que os grupos prioritários já podem receber as vacinas bivalentes contra covid-19, atualizadas para conferir maior proteção contra a variante Ômicron. 

Ao todo, 18 unidades da federação apresentam tendência de crescimento nos casos de SRAG, porém, apenas nas destacadas pelo estudo o movimento já pode ser considerado realmente uma expansão. No Amazonas, além da covid-19, as hospitalizações por SRAG também estão associadas a casos de influenza A. 

Apesar disso, o boletim informa, também, que em Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina há um crescimento de casos de SRAG concentrado entre crianças e adolescentes, que, até o momento, não se reflete na população adulta. 

A pandemia deixou muitos impactos nas vidas dos sobreviventes da Covid-19 e dos familiares que perderam alguém para a doença. Para essas pessoas, o pesadelo ainda não passou. No caso da enfermeira Heloísa Garcia Claro Fernandes, por exemplo, a doença assombrou durante todo um ano.

Heloísa contraiu Covid-19 três vezes em 2022. Na primeira, estava no sétimo mês de gestação de seu terceiro filho. “Frequentava muitos serviços de saúde por conta do pré-natal. Provavelmente peguei enquanto fazia ultrassom”. Por estar no grupo de risco, ela teve muito medo.

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“No Brasil teve uma gravidade maior de letalidade entre as gestantes. Obviamente, não foi fácil quando eu descobri que estava com Covid. Tenho certeza que se eu não tivesse me vacinado teria sido muito pior, porque a gente vê os dados. A vacina impediu os casos graves”.

Ela conta que, além da baixa saturação, teve outros sintomas mais pesados de Covid-19 na primeira vez que contraiu no ano passado. “Passei a gravidez inteira evitando sair, de estar junto da família, pois era do grupo de risco. Então me privei de várias coisas e acabei pegando [Covid-19] quase no final da gestação. E eu tenho sinusite e rinite alérgica, o que ficou bem ‘atacado’. Eu fiquei praticamente de janeiro até o final do ano passado com tosse o tempo todo”.

A enfermeira, que também é professora de saúde mental na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), relembra também que os conhecimentos de sua profissão a ajudaram durante uma viagem. “A gente tinha ido a passeio numa cidade pequena do litoral, mas tive os primeiros sintomas ainda em São Paulo. Quando estava lá [no litoral], fiz o teste no segundo dia, mas não tinha como ir para o pronto-socorro ali, afastada de tudo. Como eu sou enfermeira, pedi ajuda para os meus amigos que são profissionais da saúde, pois sei que nem toda medicação pode ser tomada na gestação. Então fiz a consulta por telefone, foi o que me ajudou, passar com um profissional para me orientar”.

Além de Heloísa, a família toda, o marido e os dois filhos, testou positivo. “Depois ainda tive [covid] em junho, quando o meu bebê era pequenininho, e também em novembro, mesmo depois de tomar todas as doses da vacina. Se eu tive alteração de saturação quando estava grávida, mesmo vacinada, imagina se eu não tivesse tomado?”.

Sequelas

O presidente do Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (CES-RS), Claudio Augustim, de 66 anos, já defendia protocolos mais efetivos de proteção à Covid-19 quando ele mesmo, em dezembro de 2020, pegou o vírus, mesmo tomando todas as precauções. Entrou no hospital com pneumonia bacteriana e dias depois foi diagnosticado com o coronavírus. A partir de então, sua situação de saúde só piorou.

“Fiquei muitas semanas entubado. Peguei 20 pneumonias no hospital. Acordei da sedação em fevereiro, mas só me dei conta que estava vivo, que tinha consciência, em abril. Vim para casa em agosto [de 2021] e só me alimentava por sonda, nem água podia tomar”, relata.

O período no hospital foi pesado, ele conta. “Tomei muita morfina para a dor. Como tive câncer no pulmão, só tenho parte do pulmão esquerdo, com isso eu não podia virar para o lado esquerdo, e com as pneumonias, meu pulmão direito também estava comprometido”. Muitas vezes, ele pensou que ia morrer. “Minha filha dizia: pai, você já passou por tanta coisa e chegou até aqui, não é agora que vai morrer. E eu seguia vivo!”.

“Mesmo assim, depois de todos as vacinas, peguei novamente a covid”, relembra. Em novembro do ano passado, foi infectado mais uma vez, em casa, apesar de todos os protocolos continuarem firmes na residência: quem o visita precisa estar de máscara, lavar as mãos e passar álcool, além de manter a distância mínima.

Para Claudio, as informações oficiais com os números dos recuperados da covid não significam exatamente um dado positivo. “Recuperada é aquela pessoa que não está mais transmitindo a doença. Mas tem muitas sequelas que atingem as pessoas. Muita gente, por exemplo, desenvolveu diabetes depois, problemas mentais e outras doenças. São as sequelas da Covid. Até em pessoas que tiveram a doença, mas ficaram assintomáticas, elas apareceram”.

Ele mantém as atividades do conselho ainda de casa. Faz tudo de forma virtual, não participa de mais nada presencialmente. Um das propostas foi o Comitê Estadual em Defesa das Vítimas da Covid, que trabalha nas reivindicações e ampliação dos recursos públicos para atendimento às vítimas com sequelas da doença. O comitê entrou com uma ação, em 2021, junto aos deputados, para aprovar uma emenda garantindo a aplicação de 12% de arrecadação de impostos na área da saúde, como previsto na Constituição Federal.

“O Estado deve destinar 12% para a área da saúde pública, mas não estava destinando o percentual. A emenda não foi aprovada. Este ano, vamos tentar novamente, para que esses recursos sejam usados na recuperação das pessoas com sequelas da covid e para a atenção básica, o que é muito importante. Porque, se há atenção e prevenção, as pessoas não adoecem tanto”, destaca.

Claudio conversa bem, ainda que tenha uma tosse entre as falas, mas já precisou fazer sessões de fonoaudiologia quase diárias. Hoje, faz fisioterapia cinco vezes por semana, acompanhamento psicológico e o serviço de enfermagem é 24 horas. A filha, que é médica neurologista, o visita com frequência para avaliá-lo também e ele segue acompanhado pelo médico que o assiste há 20 anos, onde mora, em Porto Alegre (RS).

“Até hoje eu não consigo sair de casa sozinho. A minha mão direita está caída, sem força, e com isso eu não consigo escrever, pois sou destro. Nem sei se conseguirei um dia”, lamenta. Outra sequela, ele diz, são as crises de ansiedade. “Tem hora que não consigo respirar, é mais uma sequela bastante ruim”, completa Claudio.

Legados perdidos

Legado pode ser definido como algo que fica para a posteridade após o fim de um ciclo, de uma vida, sejam obras materiais ou não. Ou seja, como alguém será lembrado pela história, amigos e familiares. Uma dessas vítimas da covid-19 deixou um legado de estudos sobre os tubarões na costa pernambucana.

O professor e pesquisador Fábio Hissa Vieira Hazin morreu em 2021, vítima de covid-19, em Recife, aos 57 anos. Hazin era referência em pesquisa sobre a megafauna marinha. Graduado em Engenharia de Pesca pela Universidade Federal Rural do Pernambuco (UFRPE), o professor possuía mestrado e doutorado em Marine Science and Technology/ Fisheries Oceanography na Tokyo University of Marine Science and Technology; e pós-doutorado em Avaliação de Estoques de Recursos Pesqueiros Pelágicos Migratórios no Southeast Fisheries Sience Center, em Miami (EUA).

Também obteve especialização em Direito Internacional do Mar, pela Rhodes Academy (Center for Oceans Law and Policy/ University of Virginia School of Law). Em 2015, exerceu o cargo de Secretário Nacional de Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura e, interinamente, de Ministro de Estado da Pesca e da Aquicultura.

Sua atuação principal era em Oceanografia Pesqueira e Engenharia de Pesca, com ênfase em grandes peixes pelágicos (atuns, agulhões, tubarões), atuando principalmente em biologia reprodutiva, distribuição, comportamento, migração; Gestão Pesqueira e Direito Internacional do Mar e exerceu diversos cargos relevantes no Brasil e no mundo.

Hazin foi professor associado da UFRPE, no Curso de Engenharia de Pesca e no Programa de Pós-graduação em Recursos Pesqueiros e Aquicultura, e na UFPE, no Programa de Pós-graduação em Oceanografia. Até adoecer, era coordenador Geral Científico do Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo.

O currículo é ainda mais extenso, com diversas participações em palestras, comitês e comissões. Mas, sua atuação como professor era singular, conta um de seus ex-alunos e atual professor e pesquisador do Departamento de Pesca e Aquicultura da UFRPE, Paulo Oliveira. “Ele era incrível em sala de aula! Extremamente didático, usava exemplos e analogias simples para explicar diversos processos oceanográficos. As aulas ministradas por ele eram sempre riquíssimas e repletas de informações, tanto que era muito comum os alunos gravarem para não perder nenhuma informação”.

Na opinião do ex-aluno e colega de profissão, o oceanógrafo foi um dos legados perdidos para a covid. “Infelizmente. Mesmo sendo muito cuidadoso, o professor usava sempre duas máscaras, mesmo assim foi infectado, testou positivo cinco dias antes da vacina ser liberada para a sua faixa etária e ele estava consciente disso”, lamentou.

Para Paulo, a genialidade de Hazin e sua dedicação incessante à pesquisa geraram contribuições preciosíssimas para a ciência e gestão marinha no Brasil e no mundo. Ele acredita que o trabalho do pesquisador fortaleceu a ciência e abriu caminhos para a pesquisa brasileira no cenário mundial. “Seu comprometimento com a transmissão deste conhecimento e capacidade extraordinária de transbordar o amor pela ciência em sua oratória encantou e inspirou seus alunos e a todos que o ouviam”.

Hazin também ficou conhecido pelo trabalho de pesquisa sobre a presença de tubarões no litoral pernambucano e foi presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit) entre 2004 e 2012.

“No litoral pernambucano as pesquisas foram desenvolvidas durante duas décadas, de 1994 até 2014. Quando as pesquisas começaram não sabíamos nem quais eram as espécies envolvidas. Hoje, sabemos confirmar quais as espécies envolvidas nos ataques, o tamanho, as áreas e períodos mais propícios para ocorreram os incidentes, a existência de um canal adjacente à linha de praia”, explica Paulo. As pesquisas em andamento conduzidas por Hazin continuam sendo desenvolvidas pela equipe que trabalhou com ele.

“O seu legado segue inspirando e orientando, e será sempre lembrado como uma referência na formação de futuras gerações de pesquisadores. Estamos certos de que sua ausência será sempre apenas física. Ele permanece vivo em tudo que enriqueceu na pesquisa e gestão pesqueira e na vida de todos que com ele conviveram”, finalizou Paulo, que também teve Hazin como seu orientador de mestrado e doutorado.

Órfãos da Covid

As mortes causadas pela pandemia de covid-19 deixaram 40.830 crianças e adolescentes órfãos de mãe no Brasil, em 2020 e 2021, segundo estudo publicado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

O estudante Lucas Luis Ferreira da Silva, de 11 anos, é um desses. Ele perdeu a mãe para a doença em 2021. A educadora social Clébia Kelly Ferreira Paiva morreu repentinamente aos 37 anos, contou a avó do menino, a auxiliar de limpeza Nilza Ferreira Henrique da Silva.

“Ela sentiu os sintomas e foi para ao hospital. E a morte foi muito rápida, ela não chegou a ficar internada, a ficar ruim. Ela passou mal na madrugada, foi para o hospital e não deu 20 minutos, teve um infarto e morreu”. Ela não tinha comorbidades conhecidas, disse Nilza, que está criando os netos. Clébia, que era separada do marido, ainda tinha outros dois filhos, Yasmin, de 18 anos e Pedro, de 7.

Nilza diz que durante o período que Lucas fez acompanhamento psicológico, ele “deu uma melhorada”, mas não apresenta mais progressos. “De repente ele fica ansioso. Só no período do tratamento que ele mudou um pouco. Mas, de sofrimento, ainda continua a mesma coisa”. A criança descontinuou o tratamento e para voltar tem que aguardar na fila.

Lucas passou por atendimento no Programa de Acolhimento ao Luto (Proalu). A iniciativa faz atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para todo o país.

O medo da pandemia ainda ronda a vida da criança, conta Nilza. “Se ele for na esquina, ele coloca a máscara. É um trauma que ele ficou e uma culpa, porque foi ele que primeiro [da família] que sentiu os sintomas, depois todos fizemos testes e deu positivo. Mas falo com ele que não é assim, que ele não tem culpa”.

A mãe, que perdeu a filha, também sofre e se emociona ao lembrar da dor imposta pela morte precoce de Clébia. “É difícil, quero tentar normalizar, mas eu crio eles, que sempre dizem ‘estou com saudade da minha mãe’. Sofremos todos juntos, é uma dor que não passa”.

Pessoas idosas

O risco de contrair covid-19 é igual para todos, mas, para os idosos, por terem mais comorbidades e a queda da imunidade comum à faixa etária, a probabilidade de desenvolver a forma grave da doença é maior.

Por essa razão, idosos e idosas são os primeiros a receberem a vacina bivalente contra a covid-19, que melhora a imunidade contra o vírus da cepa original, contra a variante Ômicron e tem perfil de segurança e eficácia semelhante ao das vacinas monovalentes, de acordo com o Ministério da Saúde.

No primeiro ano da pandemia, em setembro de 2020, quando a vacina ainda não estava disponível, a vendedora aposentada Maria Enedina da Silva, então com 80 anos, contraiu covid-19 em Fortaleza (CE). Sua filha, a comerciante Juliana Mara da Silva Morais, contou que a idosa ficou um mês internada em estado grave.

“Ela pegou covid logo na primeira etapa, no pesado mesmo da pandemia. Ficou muito mal mesmo, foi internada em UTI, entubada, traqueostomizada e tudo mais que você imaginar”, detalha a filha. “Além do mais, ela tinha pressão alta, diabetes tipo 2, o kit completo”, brinca hoje, passado o susto.

Mas, apesar de ter passado vencido a doença, Maria Enedina ainda sente sequelas deixadas pela covid. “Nunca mais ela foi a mesma. É uma dor de cabeça que não passa com medicação nenhuma, ela amanhece o dia com dor. Todos os médicos que ela consulta dizem que é sequela da covid”.

Passada a covid, Maria Enedina, ainda foi internada e operada, tirou uma pedra na vesícula. “Tudo consequência da pancreatite aguda, de muita medicação que foi introduzida nela”, diz Juliana. Maria Enedina já tomou todas as doses da vacina, só falta a bivalente da Pfizer, afirma a filha.

A aposentada diz que tem esperança de que a pandemia acabe. “Agora que a pandemia está indo embora meu sentimento é de alívio. Quando peguei covid fiquei muito doente, só não fiz morrer”. Com o fim da pandemia, ela deseja também o fim das sequelas. “É uma dor de cabeça que eu sinto diariamente, já acordo com dor de cabeça, é muito triste!”.

Dores de cabeça, insônia, dificuldade para respirar, tosse incessante e ansiedade são sintomas da chamada covid longa. Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostrou que esses problemas são mais frequentes em pacientes que foram internados por covid-19 e tiveram perda muscular.

A pesquisa acompanhou 80 pacientes. Casos graves ou moderados que ficaram internados no Hospital das Clínicas, em São Paulo, no ano de 2020, no período em que ainda não havia vacinas para todos. Os participantes foram acompanhados durante e após o período de hospitalização.

A perda de massa muscular costuma ser comum durante períodos prolongados de internação. Mas o estudo constatou que em pacientes por covid essa perda é mais acentuada a ponto de, em alguns casos, comprometer a mobilidade da pessoa.

A vacinação foi a ferramenta de prevenção que teve maior impacto no controle da pandemia de covid-19, que completa neste sábado (11) três anos. Apesar disso, grande parte das crianças brasileiras ainda não teve acesso a essa proteção e elas são consideradas por especialistas como vulneráveis a casos graves e mortes pela doença.

Segundo o Ministério da Saúde, entre os bebês e crianças de seis meses a quatro anos de idade, a cobertura vacinal contra a covid-19 é de 25% na primeira dose e de 2,5% na segunda.

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O esquema básico para essa vacina também prevê uma terceira dose, oito semanas após a D2, e só 0,1% do público-alvo recebeu essa aplicação. Essa faixa etária foi a última a ter acesso às vacinas, com a Pfizer baby, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em setembro do ano passado. 

Antes disso, crianças de três e quatro anos podiam ser vacinadas com a CoronaVac, aprovada pela Anvisa para essa faixa etária em julho de 2022. Apesar disso, somente 22,87% das crianças com três e quatro anos foram imunizadas com a primeira dose, e 10,2% receberam a segunda dose, de acordo dados enviados pelo Ministério da Saúde à Agência Brasil. 

Já na faixa etária mais velha - de cinco a onze anos - a primeira vacina aprovada foi a Pfizer Pediátrica, ainda em dezembro de 2021. A vacinação propriamente dita começou apenas em janeiro de 2022, com mais de um mês de atraso, e, mais de um ano depois, a cobertura vacinal para a primeira dose é de 71,62% e a da segunda dose, de 51,58%.

Risco de infecção

Com coberturas tão abaixo da média da população brasileira, as crianças estão expostas à infecção pelo coronavírus, cuja circulação foi impulsionada pelas linhagens da variante Ômicron.

O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Clóvis Constantino, disse que não foi pequeno o número de crianças que adoeceu e morreu por covid-19 nesses três anos. Segundo o Laboratório de Saúde da Infância, da Fundação Oswaldo Cruz e da Faculdade de Medicina de Petrópolis do Centro Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), o Observa Infância, mais de 1,8 mil crianças menores de cinco anos morreram de covid-19 entre o início da pandemia e outubro de 2022. 

"Ao contrário do que se dizia, que a criança não apresentaria formas graves da doença, ela apresentava com uma certa frequência, inclusive, com casos de síndrome inflamatória multissistêmica (SIM) e comprometimento cardíaco", disse Constantino, que também destaca os quadros de covid longa.

"Se a criança consegue sobreviver, tem a possibilidade de covid longa, principalmente nas que tiveram maiores comprometimentos, como a SIM, que é uma inflamação geral do organismo que tem um tempo muito longo de recuperação", afirmou.

Constantino vê a disseminação de fake news [notícias falsas] como ponto importante para a hesitação dos pais em vacinar seus filhos. Diante disso, o médico pediatra tranquilizou os responsáveis sobre algumas das dúvidas mais frequentes: os efeitos adversos causados por essas vacinas não fogem à normalidade do que já era previsto para outros imunizantes, e a tecnologia desenvolvida para elas não foi criada da noite para o dia, mas fruto de um salto tecnológico que levou muitos anos para estar pronto e poder ser usado na pandemia.

"O substrato biológico já estava pronto há muito tempo. Apenas faltava fazer o sequenciamento do vírus, identificar a parte do vírus que seria usada e fazer a adaptação dessa plataforma biológica que já estava pronta. Isso significa uma alta segurança do produto. Não havia necessidade nenhuma de se duvidar", explicou.  

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, lamentou que, pela primeira vez, pais buscaram a imunização para se proteger, mas não fizeram o mesmo para proteger seus filhos. O médico vê as notícias falsas espalhadas sobre a vacinação como um elemento importante para esse problema.

"Isso impactou bastante na pediatria e na confiança das pessoas. É algo mais seletivo contra as vacinas de covid, mas acaba respingando nas outras vacinas, no conceito de vacinação, no valor das vacinas. E talvez o maior pilar de um programa de vacinação é a confiança, não só na vacina, mas no poder público", salientou.  

Idosos

Kfouri observou que, ao longo da pandemia, foi muito enfatizado o risco de agravamento da doença em idosos, e que essa comparação com outros grupos como as crianças contribuiu para a invisibilização dessa faixa etária. O problema cresce com a demora na chegada das vacinas para crianças, que só ficaram disponíveis em um momento em que a mortalidade da pandemia já havia passado da sua pior fase.

"O mais justo não é comparar a covid-19 na pediatria com a covid-19 no adulto e no idoso, mas, sim, a covid-19 na pediatria com as outras infecções pediátricas. Quando a gente vê isso, só a covid, sozinha, faz mais vítimas em crianças do que todas as doenças do calendário infantil de imunização. Se somar as mortes por todas as doenças imunopreviníveis, a covid-19, sozinha, faz mais vítimas", garantiu. 

Para o co-coordenador do Observa Infância, Cristiano Boccolini, a ideia de que as crianças não são do grupo de risco para covid-19 é falsa.

"As crianças, comparadas com adultos e idosos, têm um risco menor de ter a doença, mas elas não estão isentas de risco. Foi vendida para a sociedade a ideia de que criança não morre de covid. O ex-presidente falou isso, o ex-ministro falou isso. E isso entrou em um senso comum. As crianças têm, sim, risco, e hoje ele pode ser prevenido por medidas de vacinação. Cada morte de criança a partir de seis meses é uma morte prevenível", especificou. 

Também co-coordenadora do laboratório, Patrícia Boccolini lembrou que houve atraso na disponibilização da vacina pediátrica para a população e a criação de obstáculos, inclusive com o governo federal levantando a hipótese de exigir a assinatura de termo de consentimento e responsabilidade para a vacinação das crianças.

"O governo [anterior] fez de tudo para complicar. Ele não só não ajudou, como atrapalhou", avaliou Patrícia. "A figura central do Brasil [o ex-presidente Jair Bolsonaro] sempre defendeu que não iria se vacinar e que não iria vacinar sua filha, que era uma criança. Isso tudo para exemplificar que os pais têm a sua parcela de culpa, mas o cenário todo estava desfavorável e contribuindo para a hesitação desses pais" recordou Patrícia.

Para a pesquisadora, é muito importante a inclusão da vacina contra a covid-19 no calendário de vacinação da criança, estabelecendo como uma obrigação dos pais e responsáveis. 

"A vacinação está em destaque no Estatuto da Criança e do Adolescente como um direito da criança, e isso não foi respeitado. Só agora o governo está discutindo a entrada dela no calendário oficial. Se é um direito, ela tem que estar presente nesse calendário", acrescentou.

O Observa Infância destacou ainda que, além das mortes e sequelas da covid longa e os efeitos para a saúde mental do isolamento e do ensino remoto, as crianças e adolescentes sofreram também com a perda de seus pais durante a pandemia. Um estudo divulgado no fim do ano passado pelo grupo contabilizou 40 mil crianças e adolescentes que ficaram órfãos de mãe no Brasil por causa da covid-19. 

"Normalmente as mães têm um papel central na organização familiar. Então, ocorre uma relativa desorganização familiar, muitas vezes com as crianças tendo que ser adotadas ou tutoradas por parentes ou outras pessoas. E tem toda a questão da segurança social, como questões relacionadas à renda", destacou Cristiano Boccolini.

Crianças e adolescentes

Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Saúde adiantou que, na segunda etapa do Movimento Nacional pela Vacinação, que ocorre agora em março, será reforçada a importância da vacinação contra covid-19 com foco nas crianças e adolescentes.

O ministério afirmou, também, que trabalha em conjunto com estados e municípios para sensibilizar a necessidade da vacinação neste público e esclarecer os pais e responsáveis sobre a eficácia e segurança das vacinas e os riscos de doença e morte das pessoas não vacinadas. Segundo assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, ainda em janeiro, a nova gestão iniciou as tratativas com laboratórios para antecipar as entregas dos imunizantes, que estavam em falta em todo o país.

"O Ministério da Saúde reforça que a vacinação é a forma mais eficiente de salvar vidas contra a covid-19.  A redução de óbitos e casos graves que o país vem registrando é reflexo da vacinação. Para que se mantenha essa tendência de queda, é necessário que a população se vacine e complete o esquema vacinal com todas as doses recomendadas para cada faixa etária. Para mobilizar o país sobre a importância da vacinação, o Ministério da Saúde lançou o Movimento Nacional pela Vacinação, que visa unir o país no propósito de ampliar as coberturas vacinais em todas as faixas etárias. As vacinas são seguras e eficazes, protegem crianças, adultos e idosos contra a doença", esclareceu o ministério.

Em 26 de fevereiro de 2020, o Brasil registrava o primeiro caso de infecção por covid-19. O paciente, um homem de 61 anos, deu entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, com histórico de viagem pela Itália.

De lá para cá, quase 700 mil brasileiros morreram com diagnóstico da doença. Dentre os óbitos, 1,3 mil eram profissionais de medicina e enfermagem. As primeiras ondas da doença impactaram fortemente a saúde física, mental e emocional dos que atendiam na linha de frente das emergências hospitalares.

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Nessa época, a cardiologista Ana Karyn Ehrenfried trabalhava na Santa Casa de Curitiba e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Fazendinha, também na capital do Paraná. A chegada do vírus ao país suspendeu os planos de um doutorado em São Paulo e fez com que a médica assumisse uma carga de trabalho de até 120 horas semanais em diversas urgências e emergências, incluindo unidades de terapia intensiva (UTI) exclusivas para pacientes infectados pelo vírus.

Em meio aos picos de casos, internações hospitalares e óbitos, Ana Karyn chegou a enfrentar filas em uma empresa de material industrial da cidade para conseguir equipamentos de proteção individual (EPI), que estavam em falta nas unidades de saúde.

Amigos da igreja se reuniam para levar máscaras à médica, que passava apenas duas noites em casa e emendava um plantão ao outro. A cardiologista chegou a cogitar deixar uma mala com roupas no carro por medo de passar a doença para a família.

“Tenho duas filhas, mas, na época, tinha só uma, a Manuela. Ela era novinha, mas já entendia. Minha sogra mandava mensagem dizendo ‘Ana, por favor, pense na sua família, no seu marido, na sua filha. O que vai ser se você morrer? Saia daí’. Quando escolhi a medicina, foi porque queria fazer a diferença na vida das pessoas. Sabia que estava lá e podia salvar vidas. Falava pra minha filha que, se acontecesse alguma coisa, queria que ela se orgulhasse de mim por estar ali e não ter me acovardado.”

Três anos após a identificação do primeiro caso, o acolhimento de pessoas infectadas pela covid-19 no Brasil ocorre em meio a um cenário de menos incertezas e muitas lições para os sistemas de saúde público e privado.

Além da tendência de queda na transmissão do vírus, a vacinação de praticamente todas as faixas etárias abriu caminho para menos casos graves, internações e mortes. Mas o esgotamento físico e mental de médicos e enfermeiros deixou sequelas.

“Quem esteve lá dentro do hospital nunca mais vai ser a mesma pessoa. É impossível. As pessoas que entravam na UTI muitas vezes não sairiam mais. Você, como médico, era a última pessoa que elas veriam. Lembro de alguns pacientes que eu precisaria entubar e de falar pra lembrarem das pessoas que amavam. Se acontecesse alguma coisa e eles não voltassem, a última frase que tinham ouvido era que alguém os amava. Até hoje enche meus olhos de lágrima só de pensar que isso aconteceu tantas vezes.”

“Nós, médicos, temos uma facilidade, entre aspas, de encarar a morte porque é uma coisa com a qual a gente convive de maneira mais próxima. Mas não é pra isso que a gente é médico. Pelo contrário, é pra trazer vida, pra trazer cura. Durante a covid, a gente fazia tudo que estava ao nosso alcance e, mesmo assim, os pacientes morriam. Era uma carga emocional que não tem explicação. Chegamos ao final dos picos de transmissão esgotados emocionalmente. A gente queria ver vida e não morte. Quem viveu nunca mais vai ser o mesmo.”

Exaustão

Um estudo da Universidade Federal de São Carlos apontou a presença intensa de quadros de exaustão e estresse entre profissionais de saúde de todo o país, além de má qualidade de sono, sintomas depressivos e dores pelo corpo. Foram ouvidos 125 profissionais da rede pública, que responderam a questionários online ao longo de 2021 e 2022. Os resultados mostram que 86% deles sofrem de burnout, um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastantes.

De acordo com a pesquisa, 75% dos entrevistados avaliaram negativamente as demandas emocionais ligadas ao trabalho, 61% criticaram o ritmo do serviço e 47% reprovaram a sua imprevisibilidade. Dados relacionados a comportamentos ofensivos também chamaram a atenção dos coordenadores do estudo: 15% dos profissionais relatara terem sido afetados por atenção sexual indesejada, 26% foram ameaçados, 9% sofreram violência física de fato e 17% reportaram bullying.

Aos 40 anos e com duas filhas, Ana comemora a mudança de rumos proporcionada pela chegada da vacina. “A história da covid mudou totalmente depois da vacina. Mas, como médica e profissional de saúde, vejo que as consequências, as sequelas emocionais e físicas ainda são longas e vai levar muito tempo pra gente se recuperar. São três anos que passaram, mas parece muito mais. Foram vidas marcadas tanto na área profissional quanto no atendimento a pacientes. Graças a Deus, a gente está aqui pra escrever uma nova história depois da covid.”

Médicos

O país contabiliza, atualmente, 546 mil médicos ativos, uma proporção de 2,56 profissionais por mil habitantes. Dados da plataforma Demografia Médica no Brasil 2023 mostram que os homens representam 51% desse contingente.

A média geral de idade desses profissionais é 44,9 anos e a maioria permanece concentrada no Sul e no Sudeste, nas capitais e em grandes municípios.

Nas 49 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes e que juntas concentram 32% da população brasileira estão pouco mais de 8% dos médicos ativos.

Enfermeiros

Já o Conselho Federal de Enfermagem contabiliza 1,8 milhão de profissionais, entre enfermeiros (23%), técnicos e auxiliares de enfermagem (77%). Desse contingente, 1,5 milhão são mulheres, o que representa 85% do total.

A maioria desses profissionais tem entre 26 e 50 anos e vive na Região Sudeste (49%). Ainda de acordo com o Perfil da Enfermagem no Brasil, 42% desses profissionais são brancos, 41% pardos e quase 37,7% têm outros profissionais de saúde na família.

Desde que a pandemia de covid-19 começou, em 11 de março de 2020, o sucesso de novas estratégias na contenção do coronavírus SARS-CoV-2 e as mutações que deram a ele maior capacidade de transmissão moldaram altos e baixos que criaram ondas, picos e momentos de relaxamento e tranquilidade.

Nestes três anos, o coronavírus descoberto em Wuhan, na China, já causou 759 milhões de casos de covid-19, que provocaram 6,8 milhões de mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 65% da população mundial está vacinada com duas doses, e 30% receberam doses de reforço. Esses percentuais, porém, escondem desigualdades: enquanto Américas, Europa e Leste da Ásia estão perto dessa média ou acima dela, menos de 30% da população da África recebeu duas doses da vacinas.

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No Brasil, os óbitos se aproximam dos 700 mil, em um universo de 37 milhões de casos já diagnosticados. Apesar de a pandemia não causar mais o colapso de unidades de saúde, ela ainda faz vítimas: foram 330 na última semana epidemiológica, segundo dados do DataSUS, o que mostra que ainda é necessária atenção à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento da doença.

No que diz respeito à vacinação, o Brasil possui uma cobertura acima da média do mundo e das Américas, com 82% da população com o esquema primário completo e 58% com ao menos uma dose de reforço, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A maior parte dessas doses aplicadas é de vacinas de terceira geração, com as tecnologias de vetor viral e RNA mensageiro, uma inovação posta em prática em massa pela primeira vez com a pandemia de covid-19 e acrescentada ao arsenal da ciência contra futuras ameaças de saúde pública.

Quais foram os marcos que moldaram a pandemia?

Ao contar a história da pandemia, o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, destaca que há muitas formas de dividi-la, e um dos principais marcos temporais que se pode apontar é antes e depois da vacinação.

“Em 2020, a gente não tinha vacina, e, em 2021, a gente começou a vacinar muito lentamente no primeiro semestre. Foi o período em que a gente teve o maior número de mortes e a maior demanda por leitos hospitalares”, lembra. “A partir do segundo semestre 2021, quando a gente consegue avançar na vacinação, há uma mudança de característica da doença, que passa a ter uma gravidade muito menor do que foi durante esse primeiro período, com uma redução importante de mortalidade e no impacto sobre a rede hospitalar.”

O infectologista acrescenta que as mudanças do próprio vírus são outra variável que moldou essa história. A partir de 2021, as variantes do coronavírus, especialmente a Gamma e a Delta, trouxeram um grande aumento de casos no Brasil, que se tornou ainda mais expressivo em 2022, com a chegada da Ômicron. Além de o vírus se disseminar mais rápido, os testes se tornaram mais acessíveis, o que também ajudou a elevar o número de diagnósticos de covid-19, que antes estavam restritos a casos de maior gravidade.

“Uma terceira forma de dividir é que a gente teve, a partir do final de 2022 e início de 2023, a possibilidade de ter medicamentos incorporados ao SUS para que a gente possa tratar os casos com pior resposta à vacina”, diz Chebabo. “Apesar de a gente querer um tratamento precoce, rápido e específico para a doença, a gente demorou a achar. Precisou ter um desenvolvimento de novas drogas antivirais e anti-inflamatórias para que a gente pudesse ter a possibilidade de tratar precocemente a doença. Medicações que foram advogadas como salvadoras, como a cloroquina e a ivermectina, realmente não tinham nenhuma função.”

O conhecimento sobre o vírus, explica o pesquisador, foi outro ponto importante que reduziu a mortalidade da doença. Ainda no primeiro ano da pandemia, a descoberta de como manejar os casos de falta de oxigenação no sangue permitiu um tratamento clínico mais eficaz nas unidades de terapia intensiva (UTIs). A própria caracterização da covid-19 como doença respiratória mudou ao longo do tempo.

“A gente aprendeu o espectro todo da doença. Não é uma doença apenas com um quadro respiratório agudo, é uma doença com quadros muito mais amplos, com quadros cardiovasculares, com risco de trombose, e com a covid longa. Também tem impactos a médio e longo prazo”, explica ele, que cita mudanças neurológicas e também sequelas pulmonares como condições pós-covid que podem necessitar de tratamento especializado.

A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Marilda Siqueira, destaca que a colaboração de cientistas de diferentes áreas se deu de forma acelerada durante a pandemia, e esse foi um fator fundamental ao longo da emergência sanitária. O laboratório chefiado pela virologista foi referência da OMS no continente americano e também participou do desenvolvimento de testes diagnósticos em tempo recorde.

“Assim que a OMS disse que se tratava de um coronavírus, um laboratório em Berlim disponibilizou o desenho de como seria o teste diagnóstico PCR. Então, Bio-Manguinhos contactou nosso laboratório e, em colaboração conosco, produziu em menos de um mês um kit diagnóstico. Com coordenação do Ministério da Saúde, fizemos um treinamento de todos os laboratórios centrais de Saúde Pública [Lacens], e, em 18 de março, os 27 estados brasileiros já estavam com um profissional treinado e com kit para diagnóstico de SARS-CoV-2. Poucos países conseguiram isso, que foi fruto de investimentos de décadas do Ministério da Saúde e Ciência e Tecnologia em Bio-Manguinhos”, conta ela.

Da mesma forma que os testes, a pesquisadora explica que as vacinas também foram fruto de investimentos e esforços cumulativos, o que desmonta a falácia de que foram produzidas “rápido demais”. “Isso aconteceu em um curto espaço de tempo porque já vínhamos com experiências e conhecimento científico acumulado de décadas. Imagina se a introdução do coronavírus tivesse sido há um século, como aconteceu com a gripe espanhola. Teria sido arrasador, porque as ferramentas não estavam naquele momento prontas como estavam neste momento, em 2020. O uso dessas ferramentas que a humanidade vem desenvolvendo foram pontos cruciais para diminuir o impacto da pandemia em um ano.”

Maior colapso sanitário e hospitalar

O virologista da Fiocruz Amazônia Felipe Naveca conta que, assim como a agilidade e articulação dos pesquisadores, a capacidade de transmissão do coronavírus foi crucial para determinar as diferentes fases da pandemia. Desde sua descoberta, no fim de 2019, o vírus impressionou pesquisadores com seu potencial de disseminação, chegando a todos os continentes em poucos meses. Conforme o número de infectados cresceu, aumentou também a pressão seletiva sobre o vírus, que sofreu mutações para escapar do sistema imunológico das pessoas já infectadas e continuar se multiplicando.

“As variantes que tiveram maior sucesso e suas linhagens, ou eram mais transmissíveis, ou escapavam mais do sistema imunológico, ou as duas coisas”, define Naveca, que liderou o grupo responsável pelo sequenciamento da variante Gamma, no Amazonas, causadora do pior momento da pandemia no Brasil.

Foi a variante Gamma que causou as infecções durante o colapso hospitalar no Amazonas em janeiro e se espalhou no país nos meses seguintes a ponto de lotar hospitais em todas as regiões ao mesmo tempo. Menos de 15% da população estava vacinada com a primeira dose naquele momento, e o Brasil chegou a ter mais de 3 mil mortes por dia entre março e abril de 2021, quando enfrentou o maior colapso sanitário e hospitalar de sua história, segundo o Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz.

Desde 2022, entretanto, as descendentes da variante Ômicron dominam o cenário epidemiológico. “Do vírus ancestral à Ômicron foi um salto muito grande. Inclusive, algumas teorias sugerem que esse vírus ficou evoluindo de uma maneira silenciosa em alguns países com menor vigilância. Pode ser que ela tenha circulado de maneira silenciosa no continente africano, e quando se detecta a Ômicron, ela já era muito diferente de todas as que a gente conhecia.”

O sucesso da variante Ômicron em escapar da imunidade faz dela um marco na pandemia, na visão do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, que concorda que o outro grande marco é a proteção coletiva obtida com as vacinas, a partir de 2021.

“A gente tem três momentos na pandemia. Um momento sem vacina; um momento com vacina antes da Ômicron, em que a proteção era mais elevada, inclusive contra as formas leves da doença; e um momento pós-Ômicron, em que a perda da proteção contra as formas leves aconteceu, mas foi conservada a proteção contra as formas graves da doença. Hoje, os vacinados continuam muito bem protegidos dos desfechos mais graves, mas não conseguem estar protegidos contra a infecção.”

O que poderia ter sido diferente?

O Brasil é o segundo país do mundo que contabiliza mais vítimas da covid-19, apesar de ter a quinta maior população mundial. A mortalidade da doença, medida em óbitos por 100 mil habitantes pela Organização Mundial da Saúde, também atinge no país uma média desproporcional: quase quatro vezes maior que a média mundial.

Para o epidemiologista e professor da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, Pedro Hallal, comparar a mortalidade no Brasil com a média mundial requer uma série de ponderações – e elas podem ser ainda mais desfavoráveis para o país. O cientista é coordenador-geral da pesquisa Epicovid-19, que busca medir a prevalência do coronavírus e avaliar a velocidade de expansão da covid-19 no país.

Hallal explica que a população brasileira é, em média, mais jovem que a mundial, o que faz com que haja um percentual menor de pessoas no grupo de risco da covid-19. Além disso, o Brasil é um país de renda média que tem um programa nacional de vacinação muito superior ao da maioria dos países, e um sistema de saúde público e universal com capacidade de realizar atendimentos de alta complexidade, como os casos graves de covid-19. Em relação às subnotificações de outros países que possam puxar a média mundial para baixo, o epidemiologista argumenta que a literatura já construída sobre a covid-19 mostra que as mortes são muito menos subnotificadas do que os casos.

“Eu acho justo, por conta de todas essas explicações, dizer que o Brasil tem, no mínimo, quatro vezes mais mortes do que deveria ter”, diz Hallal, que enviou um estudo com essa metodologia no formato de carta ao editor para a revista The Lancet, um dos mais importantes periódicos científicos do mundo, e também apresentou o mesmo levantamento na Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, no Senado Federal. “Não estou comparando se o Brasil fosse o exemplo do melhor enfrentamento. Se o Brasil tivesse sido apenas mediano, ele teria 184 mil mortes, e não 699 mil.”

O especialista destaca que os erros do Brasil no enfrentamento à covid-19 vieram desde o começo da pandemia. Os investimentos em testagem e rastreamento de contatos foram insuficientes, aponta. Além disso, o governo Jair Bolsonaro apostou em uma estratégia de imunidade de rebanho por infecção, na qual havia a expectativa de que um número grande de infectados bloquearia a circulação do vírus em algum momento. "Um erro gravíssimo de quem fez uma leitura equivocada desde o primeiro dia sobre o que que era essa pandemia”, classifica. Ele argumenta que houve uma confusão sobre como deveriam ser implementadas as políticas de distanciamento social, por parte do governo federal, estados e municípios.

“O Brasil nunca fez um lockdown. O Brasil fez fechamentos seletivos de longuíssima duração, que destruíram não só a saúde pública, porque não conseguiram impedir a circulação do vírus, como também destruíram a economia do país”, diz. “A ciência mostra que, nos momentos mais agudos, é útil fazer um lockdown extremamente rigoroso e curto. A maioria dos lugares do mundo usa três semanas como referência.”

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, é cauteloso em relação a comparações da mortalidade no Brasil com a média mundial, pelo risco de subnotificações ou confiabilidade dos dados de todos os países. Apesar disso, ele não tem dúvidas de que houve um excesso de mortalidade por covid-19 no Brasil.

“Certamente, a gente foi um dos países mais afetados. E a gente errou muito na pandemia, principalmente nos primeiros dois anos. O Ministério da Saúde não teve uma atuação coordenada, deixando a cargo de cada município e de cada estado a implementação de medidas, com uma politização e polarização infundadas que levaram a um número muito grande de casos e de óbitos relacionados à não implementação adequada a medidas de controle, principalmente as não farmacológicas [como distanciamento e máscaras], que eram as que gente tinha para oferecer no início”, avalia Chebabo. “Isso fragilizou muito o controle da doença no país, aumentando de forma acentuada o número de óbitos.”

Outro ponto que o infectologista destaca é que houve atraso no início da vacinação contra a covid-19 no momento em que a disseminação da variante Gamma causava a fase mais letal da pandemia, com até 3 mil mortes em um único dia.

“A vacinação contra a covid foi muito lenta e se arrastou durante quase todo o primeiro semestre de 2021, só ganhando força mesmo no segundo semestre”, afirma, lembrando que o país demorou a fechar a compra das vacinas de RNA mensageiro, exportadas pela Pfizer. “O Brasil tem capacidade de vacinar até 1,5 milhão de pessoas por dia, e vacinava 10 mil, 20 mil, ou 100 mil, no máximo. A gente talvez tivesse salvado mais vidas.”

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, além da demora, houve falta de empenho em campanhas de estímulo à vacinação e até contrapropaganda por parte do governo à época. Ele considera que uma mortalidade por covid-19 acima dos países desenvolvidos já era esperada para o Brasil, porque isso também ocorre com outras doenças, mas acredita que fatores como os problemas na vacinação agravaram essa diferença.

“Essa poderia ter sido a grande bandeira do governo, que infelizmente trabalhou desfavoravelmente ao uso das vacinas. Atrasou, contraindicou, criou brigas políticas com produtores e questões xenófobas, só dificultando o processo.”

Kfouri destaca que, apesar disso, o Brasil alcançou uma alta cobertura nas duas primeiras doses, mas não conseguiu repetir o feito nas doses de reforço, que são consideradas indispensáveis para a proteção contra as cepas Ômicron. O médico avalia que a pandemia foi o ponto de partida do fortalecimento de movimentos antivacina no Brasil, e que as crianças foram as maiores afetadas.

“Pela primeira vez, a gente vê pais vacinados com até quatro doses que não vacinaram seus filhos. Em geral, a gente protege os filhos e depois pensa na nossa proteção. De uma maneira geral, isso impactou bastante na pediatria. Apesar de ser algo que é mais seletivo, contra as vacinas covid, acaba respingando nas outras vacinas”, afirma. “A pandemia trouxe à luz os grupos contrários à vacinação, que aproveitaram das vacinas contra a covid-19 para disseminar conceitos equivocados e a insegurança na vacinação. Os antivacinistas são muito poucos no Brasil e não prosperavam aqui porque não havia um campo fértil. A covid-19 criou essas condições.”

O esquema vacinal contra a Covid-19 para crianças imunocomprometidas de 5 a 11 anos foi modificado pelo Ministério da Saúde. A orientação é que o público passe a receber três doses e uma de reforço. Pernambuco já autorizou os municípios a atender o novo esquema. 

O grupo prioritário infantil tem preferência pela Pfizer pediátrica, mas, caso falte, pode ser vacinado com a vacina da Coronavac. Após as três doses do esquema primária, a aplicação de reforço deve ocorrer quatro meses após a última dose. 

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“O Programa Estadual de Imunizações (PEI-PE) aguarda envio do Ministério da Saúde de novas doses do imunizante pediátrico para encaminhar aos municípios. É importante destacar que os gestores locais já podem colocar em prática em suas estratégias esta nova atualização, com estoques que já possuem, sendo necessário estarem atentos aos intervalos entre as doses do esquema primário e aplicação de reforço”, destaca a superintendente de Imunizações do Estado, Ana Catarina de Melo. 

LeiaJá também: Recife: Idosos de 60 anos podem receber vacina bivalente

Em 2022 o Ministério da Saúde se desfez de 1,9 milhão de doses contra a Covid-19 porque o lote havia passado o prazo de validade. O Governo havia recebido dos Estados Unidos uma doação de 2,2 milhões de doses da AstraZeneca no dia 21 de novembro de 2021. A validade dos materiais era até 31 de dezembro, mas apenas 282 mil foram distribuídas a tempo aos estados.

As informações foram reveladas por meio da auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), aprovada no último dia 1º. O órgão pede ressarcimento aos responsáveis, de cerca de R$ 1 milhão devido ao desperdício causado.

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De acordo com o relatório do TCU, as doses chegaram ao Brasil “com prazo de validade bastante exíguo e sem prévia estratégia de utilização em tempo hábil”. Devido ao tempo de validação da qualidade das doses, feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), elas só estavam aptas para distribuição a partir do dia 10 de dezembro.

O TCU avalia que não foi levado em consideração “o período que seria gasto para regularização das questões burocráticas e técnicas de tramitação e importação, bem como o tempo necessário para distribuição aos estados e a efetiva disponibilização”.

Na época que as doses haviam chegado em solo nacional, o então Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, publicou em suas redes sociais o evento.

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Desde o início da pandemia, em março de 2020, a Covid-19 levou a vida de 699 mil brasileiros, além de ter deixado mais de 37 milhões de infectados.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) derrubou, nesta quarta-feira (1º), a obrigatoriedade do uso de máscaras em aeroportos e aviões. A decisão foi tomada por unanimidade durante a primeira reunião ordinária do ano da diretoria colegiada da agência reguladora.

Ao considerarem uma melhora no cenário de covid-19 no Brasil, com redução de casos e mortes em relação a 2022, os diretores da Anvisa decidiram manter apenas a recomendação do uso de máscaras em aeroportos e aviões, sobretudo para grupos mais vulneráveis e pessoas com sintomas respiratórios.

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“A Anvisa reforça que haverá a obrigatoriedade de fornecimento, por parte da tripulação, de máscara facial para casos suspeitos”, destacou a agência, por meio de nota.

Ainda de acordo com o comunicado, as seguintes medidas permanecem em vigor no país: desembarque de passageiros por fileiras; impedimento de viagens para casos confirmados de covid-19; exigência de limpeza e desinfecção de ambientes e aparelhos de ar-condicionado; e avisos sonoros sobre o uso de máscara em aeroportos e aeronaves.

Linha do tempo

A obrigatoriedade do uso de máscaras em aeroportos e aviões no Brasil havia sido retomada em novembro do ano passado, diante de uma perspectiva de aumento de casos da doença. Algumas semanas depois, o país atingiu um novo pico de infecções por covid-19, com 350 mil novos casos.

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-prefeito do Recife Geraldo Julio (PSB) e o ex-secretário de Saúde Jailson Correia por suposta falsidade ideológica, corrupção por contratação Covid-19 e fraude a processo licitatório também durante a pandemia. O suposto desvio é apontado na casa dos R$ 4,3 milhões. 

O processo já consta na Justiça Federal e foi distribuído para a 4ª Vara Federal desde o dia 15 de fevereiro, sob o número 0803712-12.2023.4.05.8300.

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O ex-prefeito Geraldo Julio, o ex-secretário de governo João Guilherme Ferraz, o ex-secretário de Administração Marconi Muzzio, o ex-secretário de Saúde Jailson Correia e o ex-diretor-financeiro de Saúde Felipe Bittencourt são mencionados na ação judicial da Operação Desumano. 

O conteúdo da denúncia “revelou indícios de fraude e direcionamento na contratação do Instituto Humanize tanto por parte do município de Jaboatão dos Guararapes, quanto em relação ao município do Recife, existindo indicativos de desvio de recursos”, diz a ação. 

A fase ostensiva da Operação Desumano foi deflagrada ainda em julho de 2020, quando o socialista ainda era prefeito do Recife. À época, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão temporária em desfavor do administrador do Instituto Humanize Paulo Luiz Alves Magnus. 

 

Começa a ser aplicada hoje (27) em todo o país a vacina bivalente contra a Covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina melhora a imunidade contra o vírus da cepa original e também contra a variante Ômicron e tem perfil de segurança e eficácia semelhante ao das vacinas monovalentes.

“A vacina monovalente, como o próprio nome diz, tem um tipo só do vírus que causa a covid. Ela foi originalmente desenhada com aquele chamado vírus ancestral, o primeiro que apareceu na China no fim de 2019. Então, todas as vacinas que a gente tinha e usou até agora eram monovalentes, independentemente do laboratório fabricante”, explicou o diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha.

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Inicialmente, a vacina será aplicada somente nos chamados grupos de risco. Conforme divisão anunciada pelo ministério, a imunização será feita da seguinte forma: na fase 1, pessoas acima de 70 anos, imunocomprometidos, indígenas, ribeirinhos e quilombolas; na fase 2, pessoas com idade entre 60 e 69 anos; na fase 3, gestantes e puérperas; e na fase 4, profissionais de saúde.

“Essas populações, do que a gente tem nesses três anos de pandemia, são as pessoas que mais sofreram e mais sofrem com a doença. É importante termos um planejamento porque não tem vacina suficiente para incluir toda a população com a bivalente. A tendência é que, com o passar do tempo, a gente vá aumentando os grupos que vão receber.”

No Brasil, duas vacinas bivalentes, ambas produzidas pelo laboratório Pfizer, receberam autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso emergencial. Elas são indicadas como dose única de reforço para crianças e adultos, após dois meses da conclusão do esquema vacinal primário, ou como última dose de reforço.

“Para quem é recomendada a bivalente? Só como reforço. Para pessoas que foram plenamente vacinadas com o esquema primário que, em geral, são duas doses ou dose única. Mesmo para aquelas que já fizeram a terceira e a quarta doses, dois reforços”, disse Juarez. “Essas pessoas que têm essa vacinação já feita, desde que tenham se passado quatro meses da última dose, podem receber a bivalente.”

O ministério reforça que as vacinas monovalentes contra a covid-19 seguem disponíveis em unidades básicas de Saúde (UBS) para a população em geral e são classificadas como “altamente eficazes contra a doença”, garantindo grau elevado de imunidade e evitando casos leves, graves e óbitos pela doença.

“A aplicação da bivalente não significa que as vacinas monovalentes não continuam protegendo. Elas continuam protegendo, mesmo para a variante Ômicron, mas, claro, tendo a possibilidade de uma vacina desenhada mais especificamente para a variante circulante, a tendência é termos melhor resposta.”

A Prefeitura do Recife realiza nestes sábado (25) e domingo (26) o mutirão de vacinação itinerante em 12 localidades da cidade. O imunizante anticovid será ofertado para pessoas a partir de cinco anos, sem a necessidade de agendamento. Em alguns locais também terá disponível vacina de influenza para toda população a partir de seis meses e atualização do cartão de vacina (confira abaixo a programação).

 Para agilizar a vacinação, a Secretaria de Saúde do Recife recomenda que os usuários levem um documento de identificação, a carteira de vacinação, os comprovantes de vacinação da covid-19 e o cartão SUS (se tiverem esses três últimos). 

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 A vacina contra covid-19 será aplicada nas pessoas a partir de cinco anos que estão dentro do perfil para receber a primeira dose da vacina, ou aqueles que estão no prazo para a segunda dose, os que estão com doses atrasadas ou que já podem tomar a primeira ou segunda dose de reforço. 

 Durante o mutirão, podem receber a primeira dose de reforço (terceira dose) as pessoas a partir de cinco anos que tomaram a segunda dose há, pelo menos, quatro meses. Já aquelas com 40 anos ou mais, imunossuprimidas, com o Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou maior a 40 e os trabalhadores da saúde também podem receber a segunda dose de reforço (quarta dose).  

Os idosos com mais de 80 anos também podem receber a dose de reforço adicional (quinta dose). O imunizante pode ser aplicado naqueles que tenham recebido a segunda dose de reforço (4ª dose) há, pelo menos, quatro meses. 

 Nos pontos onde houver disponibilidade de vacina contra influenza, os profissionais da Secretaria de Saúde municipal vão aplicar o imunizante em pessoas a partir dos seis meses. 

  Os menores de idade devem estar acompanhados dos pais ou responsáveis no momento da vacinação. Também precisam apresentar documento oficial da criança, documento oficial com foto que comprove filiação/responsabilidade, além de comprovante de residência em nome de um dos pais ou responsável. Caso não possua e também não tenha o certificado de domicílio eleitoral, é possível utilizar uma autodeclaração de moradia, elaborada especificamente para estas ações. 

Confira a programação completa:

SÁBADO (25)

- Mercado de São José (8h às 17h): Praça Dom Vital, São José - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 12 anos;

- Mercado da Encruzilhada (8h às 17h): Rua Dr. José Maria, s/n, Encruzilhada - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos e atualização de cartão de vacina para pessoas de todas as idades 

- Mercado Público de Casa Amarela (9h às 15h): Rua Padre Lemos, 94, Casa Amarela - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos e influenza para toda população a partir de seis meses

- Comunidade Caminho da Areinha (8h às 15h): Rua Caminho da Areinha, 27, Várzea (ponto de referência: próximo ao campo do Barreiro) - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos e atualização de cartão de vacina para pessoas até 13 anos e gestantes

- Upinha de Jardim São Paulo (8h às 15h): Praça de Jardim São Paulo  - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos

- Via Mangue I (9h às 15h): Rua Jemil Asfora, Pina - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos e atualização de cartão de vacina para pessoas até 13 anos 

- Capela de Santo Expedito (8h às 15h):  Rua Ribeirão Vermelho, 1262, Ibura - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos 

 

DOMINGO (26)

- Associação de Moradores, Comerciantes e Produtores Culturais - AMCPC (8h às 16h): Rua Marquês de Baependi, 201, Campo Grande - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos e atualização de cartão de vacina para pessoas de todas as idades;

- Ferreira Costa (9h às 17h): Rua Cônego Barata, Tamarineira - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos e influenza para toda população a partir de seis meses;

- Associação do Sítio do Cardoso (8h às 15h): Rua Padre Landim, 392, Madalena - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos e atualização de cartão de vacina para pessoas até 14 anos;

- Via Mangue II (9h às 15h): Rua Amador Bueno, 170, Pina - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos, atualização de cartão de vacina para pessoas até 14 anos;

- USF Josué de Castro (8h às 15h): Avenida Coração de Jesus, s/n, Cohab - neste local, será realizada vacinação contra a covid-19 para pessoas a partir de 5 anos.

 

Um estudo brasileiro revelou que pessoas que tiveram um quadro leve da Covid-19 e desenvolveram ansiedade e depressão após a doença podem ter alterações cerebrais que afetam diretamente a estrutura e a função do cérebro, o que também compromete a memória.

A pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) será apresentada na 75ª Reunião Anual da Academia Americana de Neurologia, em Boston. 

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A PhD da Unicamp Clarissa Yasuda salientou que ainda há “muito o que aprender” sobre a Covid longa, e que uma gama de problemas de saúde estão incluídos na doença, como a ansiedade e depressão meses após a infecção. “Nossas descobertas são preocupantes. Mesmo pessoas com um caso leve de Covid-19 apresentam mudanças em seu cérebro meses depois”, disse. 

O estudo reuniu 254 pessoas com idade média de 41 anos e tiveram uma infecção leve da Covid pelo menos três meses antes. Os cientistas avaliaram os sintomas de depressão e ansiedade em cada participante. 

Dos 254, 102 voluntários apresentaram sinais das condições e 152, não. Varreduras cerebrais em todos os participantes foram realizadas após a avaliação e, nessa fase, eles analisaram se havia danos à massa cinzenta do cérebro para determinar se aconteceu um encolhimento da região. 

Os participantes que tiveram ansiedade e depressão depois da Covid-19, apresentaram um encolhimento na área límbica do cérebro, conhecida como a área emocional. No entanto, os voluntários sem sintomas e diagnóstico não tiveram encolhimento cerebral. 

O estudo também usou software especial para avaliar a função cerebral e as mudanças na forma como as áreas do cérebro se comunicavam. Ao total, foram analisadas 84 pessoas sem sintomas de ansiedade e depressão, 70 com sinais das condições e 90 sem diagnóstico recente de Covid-19. 

Os pesquisadores descobriram que as pessoas que apresentavam sintomas de ansiedade e depressão tinham alterações funcionais generalizadas em todas as 12 redes cerebrais testadas. Por sua vez, o grupo sem sintomas teve mudanças em apenas cinco. 

“Os nossos resultados sugerem um padrão severo de mudanças em como o cérebro se comunica, bem como em sua estrutura, principalmente em pessoas com ansiedade e depressão com síndrome de Covid longa, que afeta tantas pessoas”, detalhou Yasuda. 

“A magnitude dessas mudanças sugere que elas podem levar a problemas de memória e habilidades de pensamento. Por isso, precisamos explorar tratamentos holísticos, mesmo para pessoas levemente afetadas pela Covid”, complementou. 

 

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