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O Governo Federal incluiu definitivamente gestantes, puérperas e lactantes, com ou sem comorbidade, no grupo prioritário de imunização contra a Covid-19. A alteração na Lei 14.124, que trata do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação foi publicada Diário Oficial da União desta sexta-feira (30).

Pela norma, crianças e os adolescentes com deficiência permanente, com comorbidade ou privados de liberdade também passam a fazer parte do grupo prioritário de vacinação contra Covid-19 "conforme se obtenha registro ou autorização de uso emergencial de vacinas no Brasil para pessoas com menos de 18 anos de idade".

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A inclusão de gestantes e adolescentes no grupo foi motivada por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinava ao Ministério da Saúde a análise da inclusão dos adolescentes no Plano Nacional de Imunização (PNI). Mendes argumentou que, diante da existência de adolescentes com comorbidades e da adequação da vacina da Pfizer a esse público, não faria sentido limitar a vacinação apenas a maiores de idade.

A vacina contra a Covid-19 da Pfizer foi a primeira a receber o registro definitivo no Brasil. Em junho, o imunizante da farmacêutica americana contra o novo coronavírus, primeiro a ter registro definitivo no Brasil, obteve o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aplicação em grupos com 12 anos de idade ou mais.

Na última terça-feira (27), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que assim que for concluída a vacinação de maiores de 18 anos, o Brasil iniciará a vacinação de adolescentes com idades entre 12 e 17 anos.

No Recife, pessoas com deficiência permanente física, intelectual ou sensorial (visual ou auditiva), com doenças raras e com espectro autista, que tenham mais de 18 anos, começam a ser vacinados contra a Covid-19 nesta terça-feira (25). A aplicação depende da apresentação de documentos no agendamento pelo site ou no aplicativo Conecta Recife.

A ampliação da imunização atende pessoas com:

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- Limitação motora que cause grande dificuldade ou incapacidade para andar ou subir escadas, como amputação, paraplegia, tetraplegia, ostomia, nanismo etc;

- Indivíduos com grande dificuldade ou incapacidade de ouvir mesmo com uso de aparelho auditivo;

- Indivíduos com grande dificuldade ou incapacidade de enxergar mesmo com uso de óculos;

-Indivíduos com alguma deficiência intelectual permanente que limite as suas atividades habituais, como trabalhar, ir à escola, brincar.

Em relação às doenças raras, são consideradas:

- As que causam imunossupressão como síndrome de Cushing, lúpus eritematoso sistêmico, doença de Chron, imunodeficiência primária com predominância de defeitos de anticorpos;

- Doenças que causam comprometimento pulmonar crônico como a fibrose cística;

- Doenças que causam deficiências intelectuais e/ou motoras e cognitivas como a síndrome Cornélia de Lange, a doença de Huntington;

- Outras doenças raras como anemia falciforme e talassemia maior.

Os documentos comprobatórios precisam ser anexados no cadastro digital e também devem ser levados no dia da dose. É necessário apresentar o original e levar uma cópia, que ficará no local.

A campanha de vacinação do Recife aceita os seguintes documentos:

- Laudo médico que indique a doença/deficiência;

- Cartões de gratuidade no transporte público que indique condição de deficiência;

- Documento oficial de identidade com a indicação da deficiência;

- Documentos comprobatórios de atendimento em centros de reabilitação ou unidades especializadas no atendimento de pessoas com deficiência.

 “Nós preparamos a vacinação acessível. O Geraldão e no Centro de Vacinação da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) terão tradutores de libras e pessoas da nossa equipe treinadas para fazer a recepção das pessoas cegas”, informou o prefeito João Campos.

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As inovações destinadas a atenuar situações de deficiência relacionadas a limitações motoras, visuais e outras tiveram um "aumento significativo" e são cada vez mais aplicadas nos artigos de consumo - destacou a ONU nesta terça-feira (23).

Segundo um relatório sobre as tendências tecnológicas da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) - uma agência da ONU -, "mais de 1 bilhão de pessoas precisam atualmente de tecnologia assistiva", um número que vai dobrar na próxima década, à medida que a população envelhece.

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Apenas uma em cada dez pessoas no mundo tem, no entanto, acesso aos produtos de apoio que precisa.

Para responder a esta demanda, as inovações em tecnologias assistivas vivenciaram um verdadeiro auge, com um crescimento de dois dígitos nos últimos anos, segundo o relatório.

Enquanto isso, a convergência entre produtos eletrônicos de consumo e produtos de apoio leva a uma comercialização ainda maior dessas tecnologias, informa a OMPI em um comunicado.

"As pessoas com deficiência se apoiam há muito tempo nas novas tecnologias para ganhar independência e interagir melhor com seu entorno", destacou no relatório o diretor-geral da OMPI, o singapurense Daren Tang.

- Casas e óculos inteligentes -

O relatório identifica mais de 130.000 patentes relacionadas a tecnologias assistivas convencionais e emergentes publicadas entre 1998 e meados de 2020, com 15.592 pedidos apresentados nesse período, como "assistentes robóticos, aplicativos domésticos inteligentes, tecnologias disponíveis para pessoas com deficiência visual e óculos inteligentes".

A apresentação de pedidos no campo da tecnologia assistiva emergente aumentou três vezes mais rápido (com um índice médio anual de 17% durante o período 2013-2017) do que o da "tecnologia assistiva convencional", que traz melhorias para os produtos já bem estabelecidos no mercado, como assentos para cadeiras de rodas ou rodas ajustadas para diferentes espaços, alarmes e dispositivos em braille.

O relatório revela que China, Estados Unidos, Alemanha, Japão e Coreia do Sul são os cinco países que geram mais inovação no setor das tecnologias assistivas.

Universidades e organizações públicas de pesquisa ocupam um lugar de destaque no acervo de dados sobre essas tecnologias emergentes, diz o texto.

No entanto, é o setor privado que está "à frente" do desenvolvimento da tecnologia assistiva, por exemplo, com empresas especializadas no assunto, como WS Audiology, Cochlear, Sonova, Second Sight e Össur.

Até o próximo 25 de março, internautas podem assistir e votar em uma das 16 apresentações selecionadas na mostra virtual Todo Mundo Dança, que busca dar visibilidade às pessoas com deficiência que são artistas, estudantes ou amantes da dança em Pernambuco. Participam do evento pessoas com diferentes tipos de deficiência, como física, visual e auditiva.

Os vídeos com as performances foram postados no Instagram do festival (@dancatodomundo). Há apresentações vindas do Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e outros municípios da Região Metropolitana.

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A primeira edição da mostra é realizada pelo Centro Técnico de Referência em Acessibilidade e Eventos (Centraea) e tem incentivo da Lei Aldir Blanc, por meio da Fundarpe e da Secretaria de Cultura de Pernambuco. "Todas as apresentações são incríveis e mostram que não há limites para a dança. Algumas nos surpreenderam, como as performances de Wiviany Aguiar e Victor Pedro. Eles são surdos e executaram a apresentação em perfeita sincronia entre música e dança", comenta Poliana Alves, intérprete de Libras e diretora executiva do Centrae.

Metade da equipe do festival é composta por pessoas com algum tipo de deficiência. Os vencedores da competição serão anunciados até o fim do mês na rede social do evento.

Nos dois primeiros dias da campanha local de vacinação, iniciada na terça-feira (19), o Recife já imunizou 2.714 pessoas do grupo prioritário. Após aplicar a Coronavac em servidores da saúde e idosos em abrigos de longa permanência, nesta quinta-feira (21), o Plano Recife Vacina se estende aos profissionais da rede particular de saúde.

A Prefeitura informa que 60 técnicos e enfermeiros, divididos em 13 equipes, percorreram 35 locais entre unidades de saúde e lares de idosos em todos os distritos sanitários da capital pernambucana. Após a primeira etapa, o foco da campanha se volta aos profissionais da rede privada.

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Nos próximos dias, a prioridade de imunização será para pessoas com deficiência severa, que residem em residências inclusivas, além dos funcionários. A expectativa é que a primeira etapa de vacinação seja concluída em até três semanas.

Começou a tramitar no Senado o Projeto de Lei (PL) 5.266/2020, que permite o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para pagamento de reforma ou adaptação de imóvel de pessoa com deficiência. O texto insere essa previsão no artigo 20 da Lei do FGTS (Lei 8.306, de 1990). O autor da proposta é o senador Carlos Viana (PSD-MG).

De acordo com o projeto, a pessoa com deficiência beneficiada poderá ser o titular da conta vinculada ao FGTS ou um habitante de seu domicílio.

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Além disso, o texto determina que, para ter direito a essa nova modalidade de saque do FGTS, a pessoa com deficiência tem que comprovar sua condição — e para isso poderá utilizar os serviços de perícia da Receita Federal e do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

“Não é lógico que o FGTS possa ser usado para a aquisição de novo imóvel, mas não para a reforma de um que já existe. Essa limitação é especialmente dura para a pessoa com deficiência, que frequentemente precisa adaptar seu imóvel para sua vida cotidiana. Isso é especialmente evidente para a acessibilidade da deficiência física, mas propomos a flexibilização também para os impedimentos de natureza mental, intelectual e sensorial”, argumenta o senador na justificativa do projeto.

Ainda não há data prevista para a apreciação dessa matéria.

Possibilidade de saque

Atualmente, existem algumas possibilidades de saque do FGTS, como: demissão sem justa causa; término do contrato por prazo determinado; aposentadoria; fechamento da empresa; falecimento do trabalhador; financiamento habitacional; estágio terminal em decorrência de doença grave; idade superior a 70 anos; entre outras.

*Da Agência Senado

Regina Casé e a filha, Benedita, deram uma aula contra o capacitismo, em uma publicação nas redes sociais. Neste sábado (26), data em que é celebrado o Dia Nacional do Surdo, as duas ensinaram como não tratar  pessoas com algum tipo dessa deficiência, a exemplo da própria Benedita, que tem uma perda auditiva severa. 

No vídeo, mãe e filha reproduzem algumas situações ainda comuns entre pessoas ouvintes e não ouvintes, como aqueles que tentam falar com os surdos dando-lhe as costas; os que se dirigem ao acompanhante da pessoa com deficiência e não diretamente a ela; e ainda alguns que falam gritando e tocando na pessoa tentando chamar-lhe a atenção. 

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Na legenda da publicação, Regina explica que a intenção é ajudar todos a se comunicarem melhor e entender a diversidade que há na surdez. Por fim, Regina e Benedita deixam claro que pessoas com deficiência não são dignas de pena ou lamentação. “Procure saber o que é capacitismo e daqui pra frente seja anti capacitista. Ela (Benedita) é linda e é surda”.

Desde 2017, a aposentada Selma Oliveira Almeida Ferreira, de 56 anos, não usava uma legging. Renata Viana, de 39 anos, tinha o sonho de voltar a sair de jeans. Daniel Silva de Souza, de 30 anos, não queria mais esconder a prótese. Após participarem de uma oficina na Rede de Reabilitação Lucy Montoro, os três, que têm deficiência, reformaram peças que haviam deixado de usar e perceberam que a moda pode ser inclusiva.

Além das adaptações no guarda-roupa feitas pelos próprios pacientes, marcas do ramo têxtil estão criando coleções focadas nesse público, para trazer autoestima, conforto e autonomia para cadeirantes, amputados e pessoas com deficiência visual. "Quando tem um problema de saúde, a gente deixa de querer se arrumar. Eu só usava calças largas para poder usar com a prótese, mas não usava legging desde a amputação", conta Selma, que precisou fazer o procedimento após complicações que teve em uma cirurgia.

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Há 12 anos, a estilista Daniela Auler desenvolveu um projeto de moda inclusiva na Rede Lucy Montoro. "A moda inclusiva é pensada na diversidade dos corpos e é sustentável, porque, em uma calça que seria jogada fora, podemos abrir a lateral e colocar um zíper. Isso facilita na hora de se vestir", exemplifica.

Um zíper que custou R$ 3 permitiu que Renata voltasse a usar calça jeans após oito anos. "Sentia falta, mas dependia de outras pessoas para me ajudar a vestir", diz a aposentada.

As pessoas com deficiência dizem que, além de conforto e autonomia, querem se mostrar como são. "Eu não gosto de esconder a prótese. A oficina não trabalhou só a moda, mas a autoestima. Temos uma impressão de que a deficiência é feia, a gente pensa que não pode se vestir com determinadas roupas, mas não é assim", afirma Souza, que sofreu um acidente de moto em 2014 e teve o braço e a perna do lado direito amputados.

Marcas e coleções focadas nesse público têm surgido com a proposta de peças atemporais e funcionais. Neste mês, a Riachuelo lançou sua primeira linha inclusiva.

Desenhada pelo estilista Alexandre Herchcovitch, a coleção tem bolsos embutidos e velcro ou elástico para fechar as peças. Segundo a marca, a concepção das roupas teve consultoria da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD).

"Não foi fácil fazer essa coleção, porque exige um desenvolvimento grande para ser confortável e fomos na AACD justamente para ver o que estava certo e o que não estava", conta Marcella Kanner, gerente de marketing da Riachuelo. As peças estão disponíveis no site da marca e a meta é, no futuro, oferecer as peças nas lojas físicas e ter coleção para as crianças.

Peças inclusivas

Um vestido de noiva adaptado foi o primeiro projeto de Drika Valerio, fundadora da marca Aria Moda Inclusiva. "A gente vende autoestima, conforto, bem-estar, autonomia e praticidade. O que a pessoa levaria 40 minutos para fazer com ajuda, faz em cinco minutos sozinha. Tem pessoas que levam até duas horas e meia para trocar de roupa. Elas acabam ficando em casa, têm depressão, baixa autoestima."

A loja é virtual e os preços variam entre R$ 69,99 e R$ 89,99 "Não adianta fazer uma marca inclusiva e não ter um preço acessível", diz Drika.

A empatia por paratletas conduziu a estilista Silvana Louro ao trabalho nesse ramo. Ela é a idealizadora da Equal, que, além de roupas, tem acessórios para pessoas com deficiência.

"A roupa dá identidade e faz uma ponte para a pessoa se comunicar com o mundo. A procura está crescendo, mas é importante ter mais marcas."

Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel crê que o ramo deve crescer. "Ainda tem um longo caminho, mas vai crescer porque é preciso pensar em todos e pensando no design, na forma para as pessoas ficarem bem."

Psicóloga da Rede Lucy Montoro, Daniele Araújo explica que a roupa promove o resgate da participação e do convívio social. "Sair de casa envolve ter de se vestir. Algumas pessoas evitam beber água para não ter vontade de ir ao banheiro por causa da dificuldade para subir o zíper ou abotoar a calça. O impacto (da moda inclusiva) é maior liberdade para ser aquilo que é, mais alegria e satisfação com a própria vida", destaca.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Neste domingo (3), mais de 5 milhões de brasileiros realizam o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em que os estudantes precisam escrever uma redação sobre o tema “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Quatro dias antes da avaliação, o Ministério da Educação (MEC) havia anunciado uma parceria com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), que irá disponibilizar 20 filmes nacionais com produção de acessibilidade comunicacional, incluindo fone com audiodescrição para cegos e pessoas com baixa visão, além de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e legenda para surdos e ensurdecidos.

Para o ministro da Educação, Abraham Weintraub, trata-se de uma iniciativa importante que demanda sensibilidade da sociedade. “A ideia é trazer a tecnologia da Fundaj para todo o Brasil. [...] Desejo que essa seja a primeira de muitas realizações do cinema inclusivo”, afirmou. Um protocolo de intenções para o cinema acessível foi assinado pela secretária de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp) do MEC, Ilda Peliz, e pelo presidente da Fundaj, Antônio Campos, na Sala de Atos do MEC, em Brasília.

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De acordo com o MEC, “o projeto se dirige a unidades da Federação que queiram implementar a iniciativa em seus cinemas e outros tipos de espaços públicos. As produções, inclusive em formatos de desenho, atendem públicos de todas as idades”.

A proposta inclui ainda a adaptação de salas de cinema para o público autista, com ambiente de som e luzes reduzidos. Já para os cegos, a proposta viabilizar entradas com maquetes em braille, facilitando a identificação dos lugares e das saídas de emergência.

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Um projeto social mudou a vida dos moradores do município de Augusto Corrêa, nordeste paraense. É o “Projeto Paraolímpico de Augusto Corrêa”, criado em 2017, por Benedito Élcio, professor de Educação Física, que atende alunos de 6 anos de idade até a fase adulta.

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O projeto, que começou com 30 alunos e hoje está com 67, treina pessoas com deficiência para competirem nas Paralimpíadas. O município abraçou a causa e contratou Élcio para trabalhar no Centro de Atendimento Educacional Especializado Marcilene Nacimento (CAEEMN). “Hoje esse projeto faz parte do CAEEMN, que é um Centro com vários profissionais. Uma das modalidades é o atletismo adaptado para o público com deficiência em todas as suas versões, corrida, salto, arremesso e lançamentos”, explicou Élcio.

A bocha para alunos em cadeira de rodas está entre as modalidades. “Tenho um aluno com paralisia cerebral que tem pouca movimentação do tronco, braços e pé, mas mexe a cabeça muito bem. Esse atleta vai competir usando somente a cabeça, é uma modalidade bem bacana. Às vezes, a gente olha para um cadeirante e pensa que ele não pode fazer mais nada, porque ele não tem movimentos do tronco e dos pés, mas ele movimenta a cabeça e, movimentando a cabeça, ele consegue treinar e competir”, detalhou o idealizador.

Vôlei sentado, especificamente para amputados ou com alguma deficiência de má formação congênita, e tênis de mesa em cadeiras de rodas, voltado para usuários com amputações ou lesão modular, são algumas das muitas modalidades desenvolvidas pelo projeto que já coleciona medalhas. “Em 2017, a gente fez a nossa primeira Paraolimpíada Municipal e em 2018, a segunda. Participamos ano passado dos Jogos Paraolímpicos Estaduais, daqui do Pará, fomos para Marabá com sete atletas na categoria atletismo e voltamos com 12 medalhas, sendo elas cinco de ouro, cinco de prata e duas de bronze”, disse o professor.

O bom resultado nas competições estaduais classificou quatro alunos do projeto para a fase nacional das Paraolimpíadas Escolares. “Um deles foi por convocação de um projeto da Tuna, o futebol de sete, que é específico para alunos com paralisia cerebral. Esse atleta foi convocado e foi para São Paulo, eu o acompanhei. Levei um atleta na natação, modalidade que a gente conseguiu incluir em cima da hora, uma vez que a gente não tem piscina, a gente aluga para treinar esse atleta e ele veio de lá com bronze nos 100 metros livres”, disse Élcio.

Segundo o treinador, o projeto tem forte papel motivacional e ajuda os alunos a vencerem os preconceitos, um dos muitos desafios que enfrentam. “Ganharam motivação para estudar, para viver em sociedade. Lógico que o preconceito existe, mas eles foram mais valorizados. Os coleguinhas na sala de aula querem saber para onde eles foram, quem são eles, o que eles estão fazendo. A própria família vê essa melhora, vê que estão sendo atendidos pelo Centro, pelo município, então é um projeto de uma grandiosidade, não somente de medalhas e de conquistas pessoais, mas é uma conquista de famílias, de amigos, de crianças que vivem na zona de pobreza”, afirmou.

Para Ana Paula Costa, mãe do Enderson, um dos atletas, através do projeto o filho pôde ver o mundo com outros olhos. “Não tem limitações, muito menos dificuldades que não sejam superadas. Fico imensamente feliz, não só por meu filho, mas por todas as crianças que participam do projeto. O carinho do professor Élcio para com essas crianças vai além do profissional. Ele vê cada um de forma igual”, disse Ana Paula, emocionada.

 

  Discutindo a participação de pessoas com deficiência nas práticas teatrais, o curso “Acessibilidade comunicacional nas artes” será realizado a partir da segunda-feira (27), na Alpha Faculdade, no bairro de Santo Amaro, no Recife. As inscrições estão abertas e o valor da matrícula custa R$ 50.

Com 60h de duração, o curso irá focar nos conceitos e práticas inclusivas envolvendo pessoas com deficiência no universo do teatro e aplicabilidades de tecnologias assistivas, como a audiodescrição, libras, braille, fontes ampliadas, entre outras. As aulas serão ministradas por Andreza Nóbrega, mestre em educação inclusiva, licenciada em artes cênicas e especialista em audiodescrição; Igor Rocha, especialista em educação para surdos, graduado em letras/libras; Marcelo Pedrosa, arquiteto que realiza projetos que dialogam a acessibilidade arquitetônica com a comunicacional e Milton Carvalho, graduado em publicidade, consultor em audiodescrição e professor e revisor de braille.

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O projeto conta com 60 vagas e é uma realização do VouVer Acessibilidade, através do Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Funcultura).

*Com informações da assessoria

A Marinha do Brasil recebeu neste sábado (11) em seu Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo, no Rio de Janeiro, várias crianças com deficiência para o evento Um Dia de Fuzileiro Naval e Marinheiro. A iniciativa, que chega à sua terceira edição, busca promover a inclusão através de atividades lúdicas.

"Começou como sendo um projeto voltado para as crianças com autismo, mas foi dando tão certo que foi se expandindo. Hoje, ele alcança crianças com outras deficiências e a Marinha acolhe também as famílias. O sucesso é tão grande que outras unidades no Brasil estão replicando o evento", disse o contra-almirante Renato Ferreira.

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Segundo ele, o retorno imediato são os sorrisos das crianças. "Elas fazem a camuflagem, que é a pintura do rosto, interagem com os instrumentos musicais da banda dos fuzileiros navais e têm a oportunidade de ver nossos equipamentos mais vistosos como o helicóptero e os carros de combate. As crianças podem passear nas viaturas".

O evento integra o calendário oficial do aniversário do Corpo de Fuzileiros Navais, que completou 211 anos. Fundado em 7 de maio de 1808, o a corporação é uma das forças integrante da Marinha do Brasil.

O Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) foi uma das instituições parceiras das atividades e levou cerca de 80 alunos. "É um ambiente perfeito para os surdos porque é um ambiente visual. Eles também têm contato com livros, computadores, fotos. Estavam presentes crianças com síndrome de down, com autismo, e houve uma forte interação entre pessoas com diferentes deficiências. Há um aprendizado muito grande nessa integração. Os surdos estão muito felizes e vamos continuar essa parceria com a Marinha", disse André Martins de Bulhões, diretor-geral do Ines.

O militar Roberto da Silva dos Santos, pai de uma criança autista de 8 anos, avaliou positivamente a atividade proporcionada pela Marinha. "Ele gosta de ver militares pela televisão. Ter esse contato ao vivo, participar dessas atividades de maneira bem divertida e poder se aproximar dos coleguinhas é muito bacana".

Começa nesta terça-feira (23) mais uma edição do VerOuvindo - Festival de Filmes com Acessibilidade Comunicacional do Recife. Em 2019, a mostra expande a programação e alcança outras cidades da Região Metropolitana. Jaboatão dos Guararapes e Vitória de Santo Antão serão as primeiras a receberem o festival.

Os curtas pernambucanos "Coleção" (André Pinto e Henrique Spencer, 2018), "Cor de Pele" (Lívia Perini, 2018) e "Nova Iorque" (Leo Tabosa, 2018) serão exibidos com recursos de audiodescrição, legendas descritivas e Libras, às 9h30 em Vitória, no Teatro Silogeu Professor José Aragão, e às 14h30 em Jaboatão, no Cine Teatro Samuel Campelo.

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As sessões são gratuitas e abertas a pessoas com e sem deficiência. O festival segue até o domingo (28) e a programação completa pode ser conferida no site oficial do evento.

Serviço

V VerOuvindo

23 a 28 de abril

Acesso gratuito 

O Centro de Equoterapia da Univeritas/UNG, em parceria com a Secretaria de Saúde de Guarulhos, oferece à população sessões terapêuticas com o auxilio de cavalos e que ajudam a melhorar a qualidade de vida de pessoas portadoras de necessidades especiais. Podem realizar esse tipo de terapia pacientes acima de dois anos de idade, com autorização médica e que tenham síndrome de down, autismo, paralisia cerebral e síndromes diversas.

A dona de casa Cláudia Tavares, 37 anos, conta que a filha de dois anos foi diagnosticada com paralisia cerebral e faz equoterapia há seis meses. O tratamento tem ajudado a menina a melhorar o equilíbrio e a desenvolver a fala. "Logo no começo, na primeira semana, ela começou a falar. Antes da equoterapia, ela dizia algumas coisas, depois passou a conversar bastante", afirma.

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O paciente que faz o tratamento está amparado pelo trabalho em conjunto de profissionais das áreas de fisioterapia, psicologia e medicina veterinária. "O cavalo tem o movimento tridimensional, que é muito parecido com o do ser humano. Com isso, conseguimos que o paciente ganhe controle e fortalecimento de tronco e cervical, alongamento, relaxamento, além de vários outros benefícios", conta a fisioterapeuta Paula Moreira Clemente Carvalho, que faz parte da equipe do Centro de Equoterapia.

Há seis meses, o filho da dona de casa Clarinete Francisca dos Santos, 32 anos, participa das sessões de equoterapia, sempre uma vez por semana. O menino tem paralisia cerebral. "Conhecia o tratamento, e meu filho apresentou evolução desde a primeira sessão. Posso dizer que ele melhorou muito. Como mãe, para mim, isso é muito satisfatório", conta.

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Segundo a psicóloga Roseli da Silva Andrade, a equoterapia também apresenta resultados positivos no tratamento de crianças autistas. "Observamos que elas ganham autonomia, melhora no lado social, comunicação e memória, tudo isso com intermédio do cavalo. Na psicologia, o andar do cavalo nos remete ao útero materno, onde a criança relaxa e, nesse momento, conseguimos interagir melhor com ela", comenta.

O filho de Cícera Batista Alves, 45 anos, também faz tratamento no Centro de Equoterapia. A dona de casa conta que quando conheceu esse modelo de terapia achou muito diferente. "Estranhei no começo, por ser com um cavalo, mas depois entendi como o animal ajuda em relação a postura", relata.

Para realizar sessões de equoterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o paciente deverá ir até uma Unidade Básica de Sáude (UBS) que o encaminhará para avaliação com equipe multiprofissional em um Centro Especializado de Reabilitação (CER-II). O centro será responsável tanto pela indicação do tratamento, conforme os critérios técnicos do protocolo de equoterapia do município, quanto pelo acompanhamento da evolução clínica da pessoa.

Além de contemplar os pacientes encaminhados pelo SUS, o Centro de Equoterapia da Univeritas/UNG também atenderá demandas espontâneas, com cobrança de consultas a um preço mais acessível do que o praticado em clínicas particulares.

O Centro de Equoterapia fica no campus Dutra da Univeritas/UNG, na Rua Anthon Philips, 446, Vila Hermínia, Guarulhos - SP.

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O número de crianças com necessidades especiais matriculadas nas escolas cresceu 33,2% no país, entre 2014 e 2018, de acordo com o Censo Escolar publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Também aumentou de 87,1% para 92,1% os que estão em classes comuns.

Em 2014, o número de alunos com deficiência era 886.815, contra 1,2 milhão em 2018. Entre 2017 e 2018, houve aumento de cerca de 10,8% nas matrículas. Ainda segundo os dados do Censo, a rede pública tem as maiores taxas de estudantes em classes comuns, sendo 97,3%, contra 51,8% em redes particulares.

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Segundo o Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil deve incluir os estudantes com necessidades especiais em salas comuns e deverá conter todo o sistema educacional inclusivo, salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.

Os dados do Censo mostram que 38,6% das escolas públicas de ensino fundamental e 55,6% das privadas dispõe de banheiros para pessoas com necessidades especiais. 28% das instituições públicas e 44,7% das particulares oferecem espaços adequados para pessoas com necessidades especiais.

Além disso, no ensino médio 60% das escolas públicas e 68,7% das particulares possuem banheiro especial e 44,3% das públicas e 52,7% das privadas dispõe dependências apropriadas.

“Na escola onde meu filho estudava disseram que não tinham como continuar com ele e queriam que eu pagasse uma auxiliar para Murilo* poder continuar estudando”, conta Michele Martins*, 28, mãe de Murilo, de seis anos. O garoto nasceu com meningomielocele, uma falha no fechamento do tubo neural que compromete a medula, os arcos vertebrais e o manto cutâneo.

A condição do pequeno Murilo trouxe uma série de consequências para o resto de sua vida. Por causa da coluna, ele não consegue andar e vive sobre um cadeira de rodas. O crânio da criança também foi afetado, o que o faz ter hipercefalia e hipertensão intracraniana. Sua bexiga não consegue expelir urina sozinha, então é preciso que Michele insira uma sonda de alívio a cada duas horas para que o xixi dele possa sair do corpo.

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Apesar dos problemas, Murilo é um menino alegre e sua condição especial o faz ainda mais feliz. Uma vez por semana, ele tem consultas com fisioterapeuta e terapeuta ocupacional no Núcleo de Assistência Multidisciplinar ao Neurodesenvolvimento Infantil (Namni), localizado em Vitória de Santo Antão, em Pernambuco.

Lá, Murilo faz suas consultas para tentar sanar as dificuldades do dia a dia, oriundas de sua condição especial. Na outra parte do tempo, ele está na escola, também localizada na mesma cidade pernambucana. Estudante do primeiro ano do ensino fundamental, Murilo, morador da mesma cidade onde faz o tratamento e estuda, encontra dificuldades no aprendizado e manutenção dentro do ambiente escolar, segundo sua mãe. Michele afirma a dificuldade de uma escola aceitar a criança. “Na antiga, que era particular, eles não quiseram mais meu filho. Aí coloquei ele na municipal e está um grande problema. Tem dias que ele vai para não fazer nada. Um dia cheguei lá e ele estava sentado na cadeira e mandando a auxiliar escrever as letras do alfabeto no quadro”, conta.

Por lei, é garantido que, quando necessário, educandos tenham serviço de apoio especializado na escola regular “para atender as peculiaridades da clientela de educação especial”. E, segundo Michele, Murilo necessita desse acompanhamento. “Nessa nova escola ele nunca foi uma vez sequer para o chão brincar com as crianças. Na antiga, ele sempre ia, voltava feliz e ir para o colégio era uma alegria. Hoje, ele só vai a pulso”, lamenta a mãe do garoto.

E dentro de uma perspectiva de abandono familiar, estão Michele e Murilo. O pai da criança não aceita o menino. “Ele fica o tempo todo dizendo que perdeu a mulher, que eu só quero viver em hospital”, revela. A mãe ainda explica que passa por dificuldades para levar o filho à escola e a consultas médicas porque não tem como ter um carro. “A lei garante que ele, por ele ter deficiência, ele possa ter um carro em seu nome e ter desconto no valor do automóvel. Eu fui tentar conseguir e disseram que se eu fosse comprar o carro, perderia o auxílio que o INSS dá a ele. Como é que se tem um direito e depois esse direito é retirado por conta de outro direito? Aí a pessoa tem que depender de homem para ter as coisas”, queixa-se Michele.

Procurada pela equipe de reportagem do LeiaJa.com, a escola privada onde Murilo estudava não respondeu às diversas tentativas de contato. Da mesma maneira, a Prefeitura de Vitória de Santo Antão também não retornou aos e-mails e ligações da nossa equipe.

Em uma condição de incerteza também vivem Juliana Gomes, 24, e Allan Gabriel, 5. Moradores de Bonança, distrito de Moreno, Região Metropolitana do Recife (RMR), os dois enfrentam dificuldades educacionais. Allan foi diagnosticado com autismo leve aos dois anos. Até essa idade, o garoto não falava, só andava nas pontas dos pés. O processo de inseri-lo dentro da educação regular só aconteceu neste ano.

“As escolas não aceitavam por ele ser autista, diziam que não tinham suporte para ficar com ele. Ele foi para a ‘Cinco de Julho’, em Bonança, e teve muitos problemas”, explica a mãe. Allan só começou a estudar em maio, quando, segundo Juliana, uma auxiliar foi contratada para ajudar o garoto em sala de aula. Porém, ele entrou de férias antes das demais crianças porque o contrato dessa profissional foi encerrado antes mesmo do período letivo terminar. “Eu ainda fui na escola e eles disseram que eu poderia correr atrás de outro [auxiliar], mas seria o tempo que o colégio ia entrar de férias”, conta Juliana.

Segundo a Prefeitura de Moreno, todos os alunos da escola 'Cinco de Julho' ainda irão concluir seus anos letivos. “Como diretora da escola, recebo essa denúncia até com surpresa, pois temos acompanhado todos os alunos que são registrados com laudos médicos, e não deixaremos de cumprir o calendário letivo com nenhum aluno”, esclarece a diretora do colégio, Valquíria Soares. Já Juliana aponta que a resposta é uma inverdade. “Eles querem esconder a verdade para não se prejudicar. Falei com a própria auxiliar dele e ela disse que ele não precisava mais ir para a escola. Tentei por duas vezes falar com a diretora, mas ela também nunca estava lá”, conta.

Rejeitar matrículas de crianças com necessidades especiais é crime, de acordo com a Lei nº 47/2015, promulgada em abril do mesmo ano. A legislação pernambucana prevê a multa de três a 20 salários mínimos para escolas que negarem a recepção de crianças com condições especiais. Nacionalmente, a Constituição ainda reforça a obrigatoriedade da aceitação, com a Lei 9.394/1996, regulamentada em 1999.

Segundo o Censo Escolar da Educação Básica 2017, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), o ano contou com 827.243 matrículas de crianças com deficiência. A quantidade, segundo o MEC, vem crescendo. O índice de inclusão de pequenos com necessidades especiais inseridos nas classes regulares aumentou de 85,5% em 2013 para 90,9% em 2017. Entretanto, apenas 40,1% dos matriculados têm acesso ao atendimento especial.

Já o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima que uma em cada 20 crianças com 14 anos ou menos vive com algum tipo de deficiência moderada ou grave. Um levantamento da plataforma 'QEdu', com base no Censo Escolar da Educação Básica 2016, aponta que cerca de 26% das escolas públicas do país têm dependências acessíveis para crianças com deficiência. Na rede particular, o total sobe para 35%.

Educação convicta, dificuldades do dia a dia e incertezas para o futuro

Matheus, de 2 anos, autista, não teve problema em conseguir sua vaga em uma escola particular do Recife. Segundo seu pai, também autista, Carlos Nascimento, 39 anos, a escola não negou a recepção da criança, porém, não irá fornecer atendimento especial para ela. “Disseram que os custos de um auxiliar são muito caros e que se a gente quisesse, poderíamos contratar uma pessoa para acompanhar ele”, explica.

O radialista, que atualmente trabalha na área de serviços gerais em uma escola do Recife, tem medo do que seu filho poderá passar. “Eu vejo que as escolas ainda não estão preparadas para receber crianças autistas. Há a necessidade de inclusão e da capacitação de profissionais que saibam lidar com um momento de crise, por exemplo”, conta Carlos. O pai de Matheus ainda relata seus sonhos para o filho. “Matheus é nosso primeiro filho, eu gostaria que ele fosse um cantor, um ator, um artista. Minha esposa queria que ele fosse voltado para a área acadêmica, um advogado, um doutor".

Aos dez anos e com paralisia cerebral, Júlia dos Santos está desde os seis anos estudando em uma escola municipal de Vitória de Santo Antão. Sua mãe, Maria Severina dos Santos, 35, confessa que não teve dificuldades para inserir a pequena na educação. Júlia foi posta na educação especial, segundo Maria, porque não iria acompanhar os demais alunos na educação inclusiva. “Ela não tem oralidade, ela só escuta, ela está só no rabisco, então ela está na educação especial para socializar porque a aprendizagem não acontece somente no ler e escrever, acontece como um todo, na interação um com o outro”, explica.

Antes de entrar na escola pública, Júlia recebeu negativas de centros educacionais privados. “Os professores que estão aqui não têm condições de atender sua filha”, relembra Maria Severina a resposta da diretora da primeira escola que procurou para a filha. “Os colégios não podem dizer ‘não’. Se fosse hoje, eles iriam pegar uma mãe instruída; na época eu não era”, conta.

Confira abaixo o depoimento da mãe de Júlia e do pai de Matheus:

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Suporte escolar

Na contramão do abandono escolar, estão Lucas, 9, autista, e Leila Costa, mãe do garoto. O pequeno ingressou no colégio ainda na educação infantil, aos dois anos, mas sem diagnóstico. “Foi a escola que percebeu alguma coisa diferente nele e me mostrou as atividades. Então, eu vi que o que ele fazia no colégio era muito distinto do que fazia em casa. A escola me recomendou procurar algum profissional”, conta Leila. A mãe de Lucas ainda salienta que iniciou a investigação pela oftalmologista. “A gente acha logo que é um problema de visão e por isso ele não estava conseguindo ler direito as coisas da escola”, lembra.

Lucas ainda passou por um psicólogo durante um ano, que não suspeitou do autismo. Em seguida, o menino ainda teve consultas com uma neurologista, momento em que houve a desconfiança do Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). “Foi pedido para fazer uma avaliação neuropsicológica, que faz com que o profissional tenha ideia do que é a criança. Ele fez os testes e veio, na época, com a diagnóstico de TDAH porque além de ser muito novo, não estava fazendo medicação nenhuma”, recorda Leila. Apenas após o uso da medicação, Lucas teve o diagnóstico de autismo confirmado.

Leila ainda salienta a importância da participação da escola na construção de Lucas. “A aceitação tem que começar dos pais, aceitar o tratamento com medicamentos, com terapia, porque senão não resolve. A família deve estar junto com os médicos, os terapeutas e escola; tem que funcionar em conjunto”, acrescenta Leila.

Apoio profissional

Segundo a neuropsicóloga Ingrid Carvalho, os transtornos psicológicos causam grandes problemas de atenção e desenvolvimento escolar em crianças e adolescentes. Porém, ela salienta que é preciso entender como a idade interfere no diagnóstico. “Até os seis anos, a criança apresenta um atraso global. A partir dos sete anos é que consideramos ser um transtorno”, explica.

A especialista ainda alerta para características de condições especiais, como o autismo. “No período escolar, a criança não fala com os outros amigos, é reclusa,  não brinca nem compartilha brinquedos. Tem dificuldade de aprender, não tem atenção e não tem memória. Em outros casos, crianças com autismo são superdotadas e tem altas performances. Já tivemos um caso de uma criança de cinco anos saber falar duas línguas”, relembra.

A fisioterapeuta Renata Mariana atua no 'Namni' há dois anos e já tratou de crianças com diversas condições especiais. Autismo, paralisia cerebral e microcefalia foram algumas delas. Segundo a especialista, é preciso que, para um bom desenvolvimento escolar e social, os pais e responsáveis estendam o tratamento para dentro de casa. “Existem crianças com dificuldade motoras, então se a gente faz aqui um trabalho de pegar no lápis e quando chega em casa o pai não faz, o tempo de 20 minutos que ela fica aqui vai ter efeito mínimo”, explica.

De acordo com o psicopedagogo João Paulo Araújo, é preciso que as escolas encontrem meios para inserção das crianças em vida comum. “Não se deve trabalhar o isolamento delas, estimule a sociabilidade com outras crianças. Se você a isola, é o que chamamos de aceitação. A escola aceita o pequeno com sua condição especial, mas não estimula a interação”, diz. Confira no vídeo abaixo o depoimento do psicopedagogo.

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Posição oficial

Segundo o diretor-executivo de Gestão Pedagógica da Secretaria de Educação do Recife, Rogério Morais, a matrícula de crianças na educação especial cresceu de 2,6 mil para 3,9 mil de 2013 a 2018. “Estamos ampliando o trabalho e a população está entendendo que é possível fazer uma ação de conscientização”, explica. Uma das grandes “cartas na manga” que o município conta é a utilização de salas de recursos multifuncionais.

Nessas salas, os alunos podem ter, no contraturno do horário de aulas regulares, um tipo de reforço daquilo que foi aprendido. “Sozinhos ou em dupla e com atendimento de professores especialistas na educação especial, os estudantes encaminhados para o serviço fazem uso de recursos como tablets, brinquedos, jogos que estimulem o desenvolvimento”, explica Morais. Atualmente, o município dispõe de 122 salas para as 309 escolas do Recife.

No dia a dia, crianças com necessidades especiais contam com o apoio de professores e agentes de apoio e desempenho da educação especial. Ao total, as crianças contam com mais de 1,5 mil educadores, divididos entre as funções de docentes e auxiliares.

Rogério ainda salienta para a importância de uma contribuição conjunta entre escolas municipais e particulares. “Se todos fizessem um mesmo tipo de trabalho, todos ganhariam e não haveria uma superlotação em algumas escolas que ganham reconhecimento". O diretor também aponta para as sanções e formas de denúncias. “É importante lembrar que recusar a matrícula de crianças especiais é crime punível de reclusão, podendo chegar até mesmo ao fechamento da escola. O principal é incentivar as famílias a denunciarem irregularidades junto ao Ministério Público, Procuradoria Geral e até mesmo na Prefeitura”, aconselha.

Até o fechamento desta matéria, não conseguimos entrevistar a gestora da Gerência de Educação Inclusiva e Direitos Humanos (GEIDH) da Secretaria de Educação de Pernambuco, Vera Braga.

*Michele e Murilo tiveram suas identidades verdadeiras preservadas por questão de segurança.

Até que ponto a gentileza pode mudar o ambiente escolar? A professora Thara Welcy, da escola estadual Cornélio de Barros, no bairro da Marambaia, em Belém, destacou a importância de uma conduta gentil entre os estudantes para melhorar o relacionamento numa fase de formação tão importante para a construção do caráter. “Eu particularmente gosto de chegar na escola dando bom dia, perguntando como foi o dia, como foi o final de semana, então tento passar isso para os meus alunos”, falou a educadora. "Um elogio à gentileza" é o tema do Festival Osga de Vídeos Universitários da UNAMA - Universidade da Amazônia. O assunto está sendo discutido nas instituições de ensino superior de Belém e nas escolas de ensino médio.

A professora disse que a escola Cornélio de Barros é inclusiva e abre portas para alunos com surdez, deficientes físicos, autistas, entre outros. “Falo sempre: eu preciso de vocês. Me ajudem com eles. Eles precisam da nossa ajuda em pequenas coisas, como um aviso que eles não conseguiram entender ou uma atividade que eles não conseguiram fazer. A gente gera, nesse sentido, gentileza”, declarou Thara.

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Segundo a professora, os alunos fizeram muitos atos para poder ajudar e integrar os colegas com algum tipo de deficiência, para facilitar e deixá-los mais à vontade no ambiente escolar. “Eles fizeram uma rampa para uma aluna cadeirante. Eles vieram e limparam, capinaram e fizeram a rampa. Temos uma aluna surda, os alunos  aprenderam libras para poder se comunicar com ela. Se sentem responsáveis por ela”, disse a professora.

Todos esses atos de gentileza têm tido resultados, tanto com os alunos, quanto com os pais, que gostam do ambiente proporcionado. “Fiquei muito feliz quando as famílias chegou e falaram que estavam preocupados, porque acharam que ela (a aluna com deficiência) não ia ser bem recebida, mas eu vejo que realmente que ela se integrou. Ela tem um ciclo de amizade”, concluiu Thara.

Texto: Breno Wesley. (Com apoio de Sayury Moraes).

 

 

 

 

 

O Shopping Costa Dourada recebe, até a próxima terça (6), a exposição 'São crianças como você. O que você vai ser quando você crescer?', sobre crianças com deficiência. Para oportunizar o acesso dos trabalhos para todos, a mostra conta com um sistema de audiodescrição. A entrada é gratuita.

Ao todo, são 18 fotografias de garotos e garotas com down, autismo, microcefalia, deficiência visual e auditiva e paralisia cerebral, retratadas de forma artística. O projeto é uma parceria entre os grupos Supermães, Fazendo Acontecer e a fotógrafa Carol Mayer.

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Serviço

São crianças como você. O que você vai ser quando você crescer?

Até terça (6)

Shopping Costa Dourada (Rodovia PE 60, 3200 - Garapu - Cabo De Santo Agostinho

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Cerca de 940 mil pessoas que irão votar nas eleições tem algum tipo de deficiência e por isto, 45.621 seções eleitorais com acessibilidade atenderão estas pessoas. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), deficiência locomotora é a maioria (332.433), seguida de deficiência visual (120.195) e auditiva (63.861).

Pessoas com deficiência poderão ter ajuda de pessoas de confiança para ter acesso a cabine de votação. São Paulo tem 331 mil eleitores com deficiência e que que votarão em 11,6 mil seções eleitorais adaptadas.

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Todas as urnas eletrônicas também são em braile para os eleitores com deficiência visual. Além disso, as cabines especiais têm fones de ouvidos para deficientes auditivos.

A Polícia Civil está investigando um homem suspeito de estuprar uma adolescente de 13 anos portadora de necessidades especiais. O crime aconteceu no bairro de Santo Amaro, na área central do Recife. Segundo a polícia, o suspeito é vizinho da vítima. O caso foi denunciado nesta segunda-feira (20). 

O homem, identificado como Erivaldo, chamava a adolescente para casa dele e lá realizava os abusos sexuais. A garota foi atendida pelo setor de apoio técnico do Departamento de Policia da Criança e do Adolescente (DPCA), no bairro da Madalena, na Zona Oeste do Recife, e encaminhada ao Instituto Médico Legal (IML) para realizar exame sexológico.

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