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Um homem, que não teve o nome divulgado, foi preso nesta última segunda-feira (26), em Abadiânia, Goiás, suspeito de manter onze pessoas em situação análoga à escravidão. Os funcionários eram mantidos sem água potável, sem dia de descanso e trabalhando por comida. 

Eles trabalhavam em uma fazenda, na corta de eucalipto. Segundo a Polícia Civil de Goiás, as vítimas declararam que muitos tinham que fazer o serviço de chinelo e aos domingos para que pudessem garantir o almoço e o jantar. Além disso, a polícia verificou que os alojamentos não possuiam camas e todos dormiam amontoados em colchões no chão.

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As vítimas são do Maranhão e tiveram os seus documentos retidos com a promessa de que teriam a carteira de trabalho assinada pelo empregador. No entanto, nenhum deles recebeu salário e estavam no local sem ter para onde ir. 

O acusado recebeu voz de prisão pelo crime de redução à condição análoga à de escravo e foi encaminhado ao presídio. O inquérito policial ainda deve ser finalizado.

Uma mulher que manteve sua empregada doméstica em condições análogas à escravidão por quase 32 anos, em sua casa em Vila Isabel (zona norte do Rio), foi denunciada nesta quinta-feira (18) pelo Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ), que pediu à Justiça que ela seja condenada a pagar cerca de R$ 472,5 mil em função da conduta - R$ 272 mil à própria vítima e R$ 199,5 mil à Previdência Social e outros órgãos públicos.

O caso foi descoberto em janeiro, durante uma operação de âmbito nacional realizada pelo Ministério Público do Trabalho. Essa vítima de 51 anos foi resgatada no apartamento da patroa, para cuja família trabalhava desde 1989, sem carteira assinada. Atualmente ela era responsável por cuidar da mãe da ré, uma senhora idosa portadora de mal de Alzheimer.

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A empregada dormia em um colchão no chão, no mesmo quarto em que a idosa, e guardava seus pertences em um armário dentro do banheiro. A vítima não tinha folgas. No apartamento não havia dependência de empregada nem outro lugar em que a vítima pudesse se desligar do trabalho. A empregada recebia um salário mínimo, mas parte do valor era usada pela empregadora para pagar o plano de saúde para a vítima.

A trabalhadora resgatada foi levada para um hotel, e o gasto com medicamentos, roupas, transporte e alimentação foi bancado pelo Projeto Ação Integrada, desenvolvido pelo MPT-RJ em parceria com a Cáritas Arquediocesana do Rio de Janeiro.

A ré foi notificada a suspender as atividades domésticas realizadas pela trabalhadora e a comprovar, em até dez dias, o pagamento de todos os créditos trabalhistas, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e demais verbas rescisórias. Até o ajuizamento da ação pelo MPT-RJ, a patroa não comprovou esses pagamentos.

Na Ação Civil Pública contra a mulher, o MPT-RJ requer o bloqueio de valores e bens em nome da ré, inclusive o arresto do imóvel onde a vítima foi encontrada, até o valor de R$ 500 mil, montante estimado para pagamento de verbas trabalhistas e indenizações.

Para a vítima, o MPT-RJ pediu que a ré seja condenada a pagar, imediatamente, um salário mínimo por mês (R$ 1.100, em valor atual), a ser descontado diretamente de seus vencimentos, até o julgamento final do processo, sendo a primeira parcela paga em até 48 horas da decisão, já que a vítima se encontra em estado de absoluta necessidade. O MPT-RJ pede ainda que a ré pague todas as verbas trabalhistas não quitadas ao longo desses 32 anos, no valor de R$ 135.707,73. O mesmo valor é pedido a título de indenização por danos morais individuais à vítima, totalizando R$ 272.515,46 para a vítima, além do salário mínimo dos meses subsequentes.

O MPT-RJ também pede que a ré seja condenada ao pagamento do valor atualizado das contribuições previdenciárias devidas, nos termos do laudo pericial, no total de R$ 61.464,81, valor a ser ainda atualizado até a conclusão da ação. Foi pedido ainda que a ré seja obrigada a restituir o valor gasto pelo Projeto Ação Integrada no resgate da vítima, o correspondente a R$ 2.360,09, e outros pelo menos R$ 135.707,73 a título de dano moral coletivo, em benefício da sociedade, a ser revertido conforme decisão do Juízo, com a aquiescência do MPT.

Para a procuradora do Trabalho Vivian Brito Mattos, responsável pelo caso e que participou do resgate, "restou configurado o tão penoso trabalho escravo moderno, agravado pela vulnerabilidade da vítima, uma pessoa com 51 anos de idade, extremamente simples, que teve seus laços familiares e sociais rompidos em tenra idade pela necessidade de trabalho e moradia e por todo trabalho psicológico feito sobre ela para mantê-la em situação de total sujeição e submissão, a ponto de sequer ter consciência da situação de exploração a que foi submetida, por mais de 30 anos."

Segunda a procuradora, ficou claro que "os grilhões de outrora que restringiam a liberdade de locomoção foram substituídos pelo abuso psicológico, que retirou a autoestima da trabalhadora e a manteve diminuída, anulada e com medo de ter opinião ou mesmo direitos, impedindo-a de romper o vínculo com a patroa por acreditar que aquela era a única relação possível e sem forças para mudar sua própria situação. "

Vinte e um trabalhadores foram encontrados em condição análoga à de escravo em uma propriedade na zona rural do município de Rondon do Pará, sudeste do Estado. Na Fazenda Moreira, onde os trabalhadores foram resgatados, havia duas empresas terceirizadas, a Construtora Concel e a fábrica de compensados Paraforest, alvos de fiscalização do Grupo Móvel Regional de Combate ao Trabalho Escravo, integrado pelo Ministério Público do Trabalho PA-AP (MPT) e Superintendência Regional do Trabalho (SRT-PA), com apoio do Batalhão de Polícia Ambiental do Pará (BPA).

O proprietário da Concel aceitou firmar Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o MPT, comprometendo-se a não mais manter empregados em condições degradantes de trabalho nem sem registro e assegurar a eles todos os direitos trabalhistas decorrentes da assinatura em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), como o respeito ao prazo legal para pagamento de salários, 13º, recolhimento de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e jornada regular de 8 horas diárias.

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O empregador deverá fornecer gratuitamente aos trabalhadores Equipamentos de Proteção Individual (EPI); proceder à realização de exames médicos ocupacionais; dotar alojamentos com água potável e instalações sanitárias adequadas; fornecer garrafas térmicas para transporte de água às frentes de trabalho; providenciar materiais de primeiros socorros para o estabelecimento rural e frentes de trabalho e proporcionar condições de conforto, higiene e segurança nos alojamentos.

Aos oito trabalhadores da Concel encontrados em condições degradantes foram pagas as verbas rescisórias e indenização por dano moral individual. O proprietário da terceirizada Concel pagará a título de indenização por dano moral coletivo o valor de R$ 50 mil, quantia esta que será de responsabilidade solidária do proprietário da fazenda tomador dos serviços caso a terceirizada não cumpra a obrigação de pagar.

Os outros 13 trabalhadores resgatados são empregados da Paraforest, que também firmou TAC e pagou a todos os empregados as verbas rescisórias e indenização por dano moral individual. A empresa deve pagar também o valor de R$ 120 mil em danos morais coletivos, caso a terceirizada não cumpra a obrigação, o valor será pago solidariamente pelo proprietário da Fazenda Moreira.

A empresa deverá se abster de manter empregado em condição degradante e sem registro, proceder à concessão de todos os benefícios decorrentes da formalização em CTPS, além de cumprir uma série de obrigações relativas à saúde e segurança dos trabalhadores, como: adequação de alojamentos, fornecimento de água potável e instalações sanitárias, promoção de treinamento, avaliação de riscos, manutenção de máquinas e equipamentos utilizados, realização de exames médicos, bem como possibilitar aos obreiros o acesso a órgãos de saúde.

A ação fiscal, realizada de 30 de novembro a 8 de dezembro, também visitou outras duas propriedades onde não foram constatadas condições degradantes, mas algumas irregularidades trabalhistas. Em ambos os casos os proprietários aceitaram firmar TAC com o Ministério Público do Trabalho e pagar dano moral individual e coletivo.

A primeira foi a Fazenda Muriaé, situada em Nova Ipixuna (PA). O dono da propriedade aceitou registrar a CTPS dos cinco empregados encontrados pela fiscalização e conceder a eles todos os direitos trabalhistas decorrentes da formalização, além de proceder à realização de exames médicos ocupacionais e disponibilizar materiais de primeiros socorros e armários nos alojamentos. O proprietário da fazenda pagará R$ 20 mil em danos morais coletivos.

A segunda foi a Fazenda Itajubá, cujo proprietário também é dono da Fazenda Moreira, terceirizada a outros empreendimentos. Na Itajubá também não foram encontrados trabalhadores em condições degradantes, porém o proprietário aceitou firmar TAC com o MPT comprometendo-se a não mais admitir trabalhador sem registro; assinar a CTPS dos obreiros encontrados pela fiscalização nessa situação, conforme função e data de admissão, em cinco dias úteis; e conceder a eles todos os direitos decorrentes da formalização.

O empregador também deverá proceder à realização de exames médicos ocupacionais; dotar alojamentos com água potável e instalações sanitárias adequadas; fornecer garrafas térmicas para transporte de água às frentes de trabalho; providenciar materiais de primeiros socorros para o estabelecimento rural e frentes de trabalho; proporcionar condições de conforto, higiene e segurança nos alojamentos e comprovar em até 90 dias o recolhimento do débito do FGTS dos trabalhadores encontrados. O dono da fazenda pagou ainda indenização por dano moral individual a 14 empregados e pagará indenização por dano moral coletivo no valor de R$ 100 mil, reversível a entidade ou projeto sem fins lucrativos a ser posteriormente indicado pelo Ministério Público do Trabalho. Ao todo, 34 trabalhadores foram beneficiados com a atuação do Grupo Móvel regional e o valor total a ser pago pelos empregadores por dano moral coletivo e individual, e verbas rescisórias é de aproximadamente R$ 402 mil.

Da assessoria do MPT.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, inaugurou neste sábado (26) um parque na capital francesa onde colocará a primeira estátua de uma heroína negra que lutou contra a escravidão na ilha francesa de Guadalupe no Caribe, no início do século XIX.

A mulher, chamada Solitude, foi uma "histórica heroína dos escravos de Guadalupe (...), nascida em 1772" e "filha de uma escrava africana e de um marinheiro branco", segundo indica a Cidade de Paris em um comunicado.

Hidalgo afirmou que a estátua será colocada no jardim inaugurado em Paris, chamado Solitude em homenagem à "mulher que, por sua valentia e seu compromisso com a justiça e a dignidade, abriu junto com outros o caminho para uma abolição definitiva da escravidão na França".

"Em breve, uma estátua desta heroína, a primeira de uma mulher negra em Paris, será colocada aqui" neste parque, disse a prefeita.

Em maio de 1802, uma expedição francesa desembarcou em Guadalupe, seguindo ordens de Bonaparte, para restabelecer a escravidão abolida em 1794.

Diante das tropas francesas, a resistência se organizou, apoiada por ex-escravos, entre eles várias mulheres e a própria Solitude, que se juntou aos combates mesmo grávida.

Solitude foi presa e condenada à morte. Em 29 de novembro de 1802, no dia seguinte a dar à luz, foi executada por enforcamento.

O antropólogo Kabengele Munanga, professor do Centro de Estudos Africanos da Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências e Humanidades da USP, afirmou que ‘’parece que os negros não têm passado, presente e futuro no Brasil, parece que sua história se limita à escravidão".

Pensando nisso, o LeiaJá escolheu 5 personalidades negras brasileiras que vale a pena conhecer.

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1 – Dandara dos Palmares

Não há registro que do local e nem data de nascimento de Dandara. Acredita-se que ela foi levada ao Quilombo dos Palmares ainda criança. Lá teria aprendido a caçar, a lutar capoeira e a manusear armas. Foi uma das líderes do exército feminino em Palmares e mulher de Zumbi, com quem teve três filhos. Após a tomada do Quilombo pelos portugueses, em fevereiro de 1694, Dandara cometeu suicídio para não ser capturada e voltar à escravidão.

 

2 – Milton Santos

Milton Santos foi um geógrafo brasileiro, reconhecido mundialmente. Nascido em 1926 em Brotas de Macaúbas, na Bahia, ele era filho de dois professores primários e se formou em Direito pela Universidade Federal da Bahia. Santos foi o precursor da pesquisa geográfica na Bahia e, na década de 1990, tornou-se o único pesquisador brasileiro a ganhar o Prêmio Vautrin Lud, considerado o prêmio Nobel da Geografia. No mesmo período, ganhou um Prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira, pelo livro "A Natureza do Espaço", lançado em 1996.

 

3 – Carolina Maria de Jesus

Carolina nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em 1914. De família pobre, ela cursou apenas os primeiros anos do primário, quando se mudou para São Paulo em 1937 para trabalhar como doméstica. Nesse período ela mantinha um diário em que relatava o seu dia a dia como moradora do Canindé, bairro de São Paulo. Em 1958, após fazer uma reportagem no local, o jornalista Audálio Dantas conheceu Carolina e leu seus 35 diários. Dois anos depois, o conteúdo desses diários foi publicado com o título de ‘’Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada.’’ A obra vendeu mais de 100 mil exemplares em 40 países e foi traduzida em 13 línguas.

 

4 – Lima Barreto

Nascido Afonso Henrique de Lima Barreto, em 13 de maio de 1881, no Rio de Janeiro, Lima Barreto cursou a Universidade de Engenharia, porém a abandonou em 1902 para cuidar de seu pai, que sofria de distúrbios mentais. Tornou-se funcionário público para sustentar a família e escrevia reportagens para o jornal carioca Correio do Amanhã, denunciando o racismo e a desigualdade social no Rio de Janeiro. Ele morreu em 1922, aos 41 anos, considerado louco. Deixou uma obra de dezessete volumes, pelos quais nunca recebeu nada.

 

5 – Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis é o maior escritor da literatura brasileira, porém não há evidência de uma cronologia legítima sobre sua vida nas escolas. Nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Machado de Assis se tornou um escritor conhecido em 1872, com a publicação do romance ‘’Ressurreição’’. Ele foi eleito o primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras. O livro ‘’Memórias Póstumas de Brás Cubas’’, publicado em 1881, é considerado sua maior obra e uma das mais importantes em língua portuguesa.

Os Estados Unidos recordam nesta sexta-feira (19) o fim da escravidão no "Juneteenth", um feriado não oficial que este ano adquiriu um significado renovado, após a morte por abuso policial do afro-americano George Floyd.

Milhares de pessoas são esperadas em várias manifestações, orações e atividades culturais previstas de Nova York a Los Angeles para honrar o dia, em 1865, em que um general da União proclamou em Galveston, no Texas, que todos os escravos eram livres.

Exatamente 155 anos após o fim Confederação pró-escravidão, várias tragédias levaram o país a uma reflexão sobre raça e racismo. Também deu um novo impulso à luta pela igualdade dos afro-americanos, que denunciam a persistência do racismo sistêmico e da injustiça nos Estados Unidos.

O afro-americano George Floyd, 46 anos, foi morto em 25 de maio na ação de um policial branco em Minneapolis que o asfixiou durante quase nove minutos, com o joelho sobre seu pescoço, apesar das súplicas para conseguir respirar.

O vídeo da ação provocou protestos de costa a costa contra a injustiça racial e a brutalidade policial.

Milhões de pessoas saíram às ruas sob o lema "Black Lives Matter" (As Vidas dos Negros Importam). Para inflamar ainda mais o cenário, um agente de Atlanta matou na semana passada um jovem negro ao atirar pelas costas quando ele fugia de um confronto com a polícia.

Os dois policiais envolvidos nas mortes foram acusados de assassinato. Os crimes levaram os parlamentares de vários estados americanos a aprovarem reformas das forças de segurança.

Enquanto os americanos debatem o legado de seu país, o Juneteenth tem o potencial de amplificar os pedidos por ações e aplicação de reformas.

Vários atos serão virtuais, devido à pandemia de coronavírus, mas muitas acontecerão nas ruas, de acordo com o previsto, ou com modificações para se adaptar ao distanciamento social e ao uso de máscaras.

Os protestos estão programados para cidades como Tulsa, Oklahoma, que receberá uma manifestação de um dia de duração, "I, Too, Am America" (Eu, Também, Sou Estados Unidos) a favor da justiça.

O presidente Donald Trump usou uma linguagem incendiária para criticar os manifestantes após a morte de Floyd e acirrou ainda mais os ânimos ao programar um grande comício de campanha em Tulsa, justamente no dia de Juneteenth.

Finalmente, ele mudou o comício para sábado, já que a escolha da data original e o local do evento de campanha foram interpretados como uma provocação.

Em 1921, Tulsa foi cenário de um dos maiores massacres racistas do país, quando morreram até 300 afro-americanos.

Nesta sexta-feira, dezenas de eventos serão organizados em Nova York para celebrar o dia, incluindo uma passeata em direção à prefeitura para exigir "justiça, dignidade e igualdade" para a comunidade negra.

Chicago será a sede da festa na rua do movimento Black Lives Matter, com campanha de registro de eleitores. A pressão aumenta para que o 19 de junho vire um feriado nacional.

Nova York e Virgínia decretaram feriado oficial nos estados, e várias empresas americanas, incluindo Nike e Twitter, anunciaram recentemente o Juneteenth como feriado pago para os funcionários.

Com a aproximação do Juneteenth, Trump insistiu em que adiou o comício para 20 de junho por respeito.

"Ninguém havia ouvido falar disto", afirmou na quinta-feira ao "Wall Street Journal", aparentemente sem saber que a Casa Branca publica a cada ano uma declaração sobre a data.

"Fiz algo bom. Tornei o Juneteenth famoso", completou.

No dia em que a abolição da escravidão no Brasil completa 132 anos, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, intensificou a estratégia de tentar desqualificar a figura que dá nome à instituição criada justamente para promover e preservar valores históricos e culturais da influência negra no Brasil. Neste 13 de maio, data que marca a assinatura da Lei Áurea em 1888, Camargo publicou artigos no site oficial da instituição que mostrariam "a verdade" sobre Zumbi dos Palmares, cuja morte motiva a celebração da Consciência Negra.

Zumbi é reconhecido como um dos líderes do Quilombo dos Palmares, o principal núcleo de resistência negra à escravidão no País. Os detalhes de sua vida, no entanto, são pouco conhecidos e objeto de divergência entre historiadores.

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Entre os textos publicados nesta quarta-feira, 13, pela Fundação Palmares, está "Zumbi e a Consciência Negra - Existem de verdade?", do professor Luiz Gustavo dos Santos Chrispino. No artigo, o autor fala sobre um processo que chama de "endeusamento de Zumbi". Chrispino afirma que a corrente do Movimento Negro tinha influência do processo Marxista Cultural de separação social e precisava de "um ícone", que viria a ser Zumbi dos Palmares. "Começava aí a Luta Esquerdista usando o povo negro como massa de manobra", diz o texto.

Ao longo do dia, Sérgio Camargo também usou as suas redes sociais para atacar Zumbi, a quem afirma não ser um "herói autêntico", e sim "uma construção ideológica de esquerda". Para Camargo, a verdadeira heroína seria a Princesa Isabel, responsável pela assinatura da Lei Áurea em 1888, após o Brasil ser pressionado pela Inglaterra desde a primeira metade do século 19 a abolir o comércio negreiro. O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão.

"Zumbi é herói imposto pela ideologia que a grande maioria dos brasileiros repudia. Negros, questionem, critiquem e não o aceitem passivamente!", escreveu Camargo nas redes sociais. "Herói da esquerda racialista; não do povo brasileiro. Repudiamos Zumbi!", disse em outra publicação.

No final do ano passado, o atual presidente da Fundação Palmares teve a nomeação suspensa por já ter defendido a extinção do movimento negro e dizer, entre outras coisas, que o Brasil tem um "racismo nutella". Ele também já afirmou que a escravidão foi "benéfica para os descendentes" e atacou personalidades como a ex-vereadora do Rio Marielle Franco e a atriz Taís Araújo.

Em fevereiro deste ano, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, reverteu a decisão e, a pedido da Advocacia-Geral da União, liberou a nomeação de Camargo para o comando da Fundação Palmares.

A postura de Camargo, no entanto, não é totalmente isolada no governo. Assim como ele afirma que a sua gestão busca "reconhecer a importância da Princesa e resgatá-la do ostracismo histórico a que foi relegada", a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), segue discurso semelhante. Em resposta a um texto de Camargo contra Zumbi, a Secom compartilhou publicação que enaltece a Princesa Isabel como símbolo do fim da escravidão. "Em 1888, a princesa Isabel promulgava a Lei Áurea, extinguindo a escravidão no Brasil. Seus anos de intenso empenho em favor da liberdade foram coroados com uma lei cujo nome deriva da expressão latina para 'ouro', representando o valor insuperável da dignidade da vida humana", afirma trecho do texto, acompanhado de uma imagem da Princesa Isabel.

Às vésperas da data de assinatura da Lei Áurea, que libertou os negros no Brasil em 13 de maio 1888, a deputada federal Benedita da Silva (PT), sem dúvidas é um ícone em relação à representatividade preta e feminina na Política. Em entrevista à Universa, a pioneira em ocupar cargos no Executivo prefere não comemorar a data e avaliou o que entende como "retrocesso inigualável" nas políticas voltadas à população negra.

Aos 78 anos, Benedita é fruto do amor de uma lavadeira e um pedreiro. Natural da favela carioca, seu pioneirismo político emergiu em 1982, quando foi a primeira negra a alçar uma cadeira na Câmara dos Vereadores do Rio. Anos depois, chegou a integrar cargos no Senado e no governo do Estado, antes de assumir a candidatura no Congresso.

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A deputada explica que o 13 de maio não é um dia de comemoração, e sim de reflexão, pois "o extermínio da população negra continua até hoje". "A escravidão apenas mudou do chicote para a caneta. Da caneta para a exclusão. É nesse sentido que o 13 de Maio não se festeja", entende.

Seu dia-a-dia no Congresso Nacional é divido ao lado dos demais políticos escolhidos para reger o país. Sua "intimidade" com a classe, a faz cravar que ainda "há essa coisa escravocrata na cabeça de governantes e executivos que querem que a gente morra."

Para Benedita, desde a entrada do ex-presidente Michel Temer (MDB), o Brasil sofre com um "retrocesso inigualável" em relação à luta contra o racismo. A redução das medidas voltadas para promover oportunidades e acesso ao ensino superior é uma de suas principais queixas.

Em relação à gestão Bolsonaro (sem partido), frisou o avanço de gestos antidemocráticos e na escolha de Sergio Camargo para comandar a Fundação Cultural Palmares. Ela relembrou o entendimento distorcido de Camargo, que defende que "a escravidão foi ótima para os negros". "Como entender que a Casa Grande ainda usa negros para bater em negros, como capitão do mato? Chegamos a um 13 de Maio nunca visto antes", compara.

Benedita também garantiu que não sente-se representada pela ministra Damares Alves, responsável pela pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. "Com esse governo não tem diálogo [...] tudo que seu mestre mandar, faremos todos", no ‘toma lá, dá cá’. Eles falam que não pode ter ideologia, mas eles têm e é perversa", aponta.    

A deputada reforça que o antirracismo deve ser uma luta de todos e “quando você cuida da mulher negra, está cuidando da maioria da população brasileira". A petista também criticou o cenário político, resultante da polarização polarização: "se faz diferente é comunista e não tem fé em Deus", comentou.

Embora evangélica, a congressista enxerga uma contradição entre fé e Política no atual Governo. "Quem ama não mata, nem discrimina, abandona ou julga. E há muita contradição em religiosos que estou vendo ali", afirma.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco resgatou dez trabalhadores mantidos em condições análogas à de escravidão em obras de pavimentação realizadas pela Prefeitura de Olinda. Os trabalhadores, que vieram de Vitória de Santo Antão, Zona da Mata de Pernambuco, foram encontrados trabalhando em calçamento e na construção de meio-fio no bairro do Varadouro, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife.

Segundo o MPT, já que o grupo vinha de uma cidade distante da obra, a construtora cedeu uma casa para os seus trabalhadores se alojarem próximo ao local onde trabalhavam. Eles viviam sem água, de modo que eram os vizinhos que disponibilizavam, não havia ventilação ou iluminação adequada no local, a fiação elétrica era improvisada e irregular, oferecendo risco de choque e incêndio.

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O Grupo Especial de Fiscalização também constatou que na casa não tinha, sequer, cama para todos os trabalhadores, que dormiam em papelões, espumas e em colchonetes. A construtora contratada pela Prefeitura de Olinda para as obras foi notificada a regularizar imediatamente a situação. O MPT aponta que todas as demandas foram regularizadas e o pagamento integral das verbas rescisórias devidas aos trabalhadores resgatados, assim como indenizações individuais acordadas pelo Ministério Público do Trabalho e pela Defensoria Pública da União.

A Assistência Social do Município de Vitória de Santo Antão foi acionada e deve acompanhar as famílias dos trabalhadores, que receberão, ainda, o Seguro-Desemprego Especial do Trabalhador Resgatado, que consistente em três parcelas de um salário-mínimo cada uma.

*Com informações da assessoria

Três pastores evangélicos foram presos pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) de Portugal acusados de terem praticado tráfico de pessoas e auxílio à imigração ilegal. O órgão portugês aponta que foram resgatados cerca de 30 cidadãos brasileiros, entre eles crianças, que viviam em condições precárias - estando a maioria em situação irregular no país.

O SEF não divulgou o nome da igreja e nem dos pastores envolvidos. Segundo o site TN Online, 55 agentes participaram da operação que aconteceu nesta última quinta-feira (9). “Para além das condições de trabalho, alojamento e salubridade em que foram detectados, os cidadãos estrangeiros, entre os quais crianças, eram sujeitos ao pagamento de quantias de dinheiro para a organização religiosa”, afirmou, em nota, o SEF.

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Os pastores evangélicos foram interrogados nesta sexta-feira (10), pela justiça portuguesa. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras afirma que as investigações seguem em andamento.

Um áudio com trecho de uma palestra feita pelo procurador e ouvidor-geral do Ministério Público Estadual do Pará, Ricardo Albuquerque, na última terça (26), tem causado revolta na internet. Em sua fala, Ricardo defende que a escravidão no Brasil só aconteceu porque o "índio não gosta de trabalhar". Ele também criticou políticas públicas com destinação por raça e disse que não há "dívida com quilombolas". 

A palestra aconteceu na sede da instituição para alunos de Direito de uma universidade privada do Pará. Alguns trechos foram gravados e compartilhados na internet. Em um deles, Ricardo culpa os indígenas pela escravidão do povo negro: "Esse problema da escravidão aqui no Brasil foi porque o índio não gosta de trabalhar, até hoje. O índio preferia morrer do que cavar mina, do que plantar para os portugueses. O índio preferia morrer. Foi por causa disso que eles foram buscar pessoas nas tribos na África, para vir substituir a mão de obra do índio. Isso tem que ficar claro, ora!".

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Em outro momento, o procurador também afirma que "não há dívida nenhuma com quilombolas" e que não concorda com políticas públicas que tenham destinação por raça: "Tem que dar estrutura para todo mundo, tem que dar terra pra todo mundo, mas é porque é brasileiro, só isso. É o que eu disse ainda agora, todos são iguais em direitos e deveres, homens e mulheres. Você escolhe o que você quiser ser, não estou nem aí. Mas todos são iguais, todos, absolutamente. Não precisa ser gay, ser negro, ser índio, ser amarelo, ser azul, para ser destinatário de alguma política pública. Isso tá errado. O que tem que haver, meus amores, é respeito mútuo. Eu lhe respeito, você me respeita, acabou a história. O resto é papo furado. Isso tudo só faz travar a sociedade e eu tô dizendo isso porque eu sei o que rola lá dentro". 

Após a palestra, o procurador se pronunciou através de nota oficial e alegou que os áudios estavam sendo veiculados fora do contexto e de forma "tendenciosa". O Ministério Público do Pará também se manifestou através de nota e garantiu não corroborar com a fala de Ricardo Albuquerque. "O teor reflete tão somente a opinião pessoal do referido membro da instituição. Em relação a questão racial, o MPPA tem trabalhado para assegurar a implementação de políticas públicas para garantir às populações negras e indígenas a efetivação da igualdade de oportunidades". 

O papa Francisco fez um apelo contra a escravidão e a manipulação cultural dos jovens, ao discursar nesta sexta-feira (22) na Tailândia. Em uma conferência religiosa em Bangcoc, o argentino Jorge Mario Bergoglio disse que existe "uma tendência crescente de desacreditar os valores e as culturas locais para a imposição de um modelo único".

"Assistimos a uma 'homogeneização' dos jovens, a uma tentativa de dissolver as próprias diferenças dos locais de origem e a transformá-los em sujeitos manipulados produzidos em série", criticou. "Assim, produz-se uma destruição cultural que é tão grave quanto a extinção das espécies animais e vegetais".

    Em outro compromisso, na Universidade de Chulalongkorn, também na capital tailandesa, o Papa focou seu discurso no combate à escravidão. "É preciso colocar fim a tantos tipos de escravidão que persistem nos dias atuais. Penso principalmente no flagelo do tráfico humano", destacou. Francisco cumpriu nesta sexta-feira (22) o seu segundo dia de agenda na Tailândia.

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O líder católico está em uma viagem oficial de uma semana pela Ásia, que será concluída no Japão. Pela manhã, ele também visitou o santuário do beato Nicholas Bunkerd Kitbamrung, considerado o primeiro mártir da Tailândia, no vilarejo católico de Wat Roman em Tha Kham. No local, Bergoglio se reuniu com sacerdotes, seminaristas e bispos, e falou sobre desigualdade econômica e social.

    "Desejo apoiar e encorajar tantos de vocês que, diariamente, gastam a própria vida servindo Jesus através dos seus irmãos, e a tantos de vocês que veem beleza onde outros veem somente desprezo, abandono e um objeto sexual para explorar", afirmou o Papa. "Vocês vivem em um continente multicultural e religioso, dotado de grande beleza e prosperidade, mas provado pela pobreza e pela exploração em vários níveis", disse Francisco.

"Os rápidos progressos tecnológicos podem abrir imensas possibilidades para facilitar a vida, mas também dão espaço para um crescente consumismo e materialismo, especialmente entre os jovens", destacou. A agenda de Francisco foi encerrada com uma missa em Bangcoc que reuniu cerca de 10 mil pessoas, de acordo com as autoridades locais.

Da Ansa

Uma mulher conseguiu na Justiça uma indenização de R$ 1 milhão contra a família que a criou. Segundo Solange, de 39 anos, ela vivia em situação análoga à escravidão. As informações são do G1.

A decisão foi proferida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, em São Paulo. Ainda cabe recurso no Tribunal Superior de Trabalho (TS). O advogado da família já informou que irá recorrer.

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Em seu relato, a mulher conta ter ido morar na casa da família aos sete anos através de uma adoção não oficial. Ela acredita que a mãe decidiu entregá-la por estar garantindo melhores condições de vida para a filha.

Na nova casa, Solange recebeu o nome de Karina, sendo apresentada aos membros da família como um misto de filha e empregada. Já na primeira semana, ela foi colocada para dormir em um banheiro entre o box e o vaso sanitário. Essa situação só mudou após ela contrair uma infecção.

Além disso, ela era proibida de brincar com o neto dos patrões e não frequentava a escola, apesar da patroa ser professora aposentada. Solange não podia usar papel higiênico, sendo obrigada a utilizar jornal. Aos 18 anos, ela foi registrada como empregada doméstica para o pagamento do INSS, porém o salário nunca era entregue. Ela viveu na casa até os 36 anos.

Solange deixou a residência no dia em que uma das netas das da patroa a acusou de estar fazendo orgia com o enfermeiro que frequentava o local. "A neta gritou que eu estava fazendo orgia dentro do quarto. Ela disse enquanto o enfermeiro estiver aí você não volta mais. E chamou o sobrinho dela", a mulher contou ao G1.

Hoje, Solange tem namorado, algo que era proibido, e trabalha em uma empresa que oferece faxinas. A empregada doméstica ainda faz faxinas para os antigos patrões, que atualmente pagam corretamente pelos serviços. "Eu não vou lá porque eu gosto de ver eles, eu vou lá para trabalhar, ganhar meu salário, eu saí de lá sem nada", explica.

Na primeira instância, o juiz entendeu que não havia trabalho análogo ao escravo, mas um trabalho proibido por ela ser menor de idade. Já na segunda instância, três juízes reconheceram se tratar de um trabalho análogo ao escravo.

O Tribunal fixou um valor de R$ 1 milhão de indenização a ser pago em 21 anos. Os advogados de Solange acreditam que os fatos e as provas não deverão ser reexaminados, podendo haver apenas discussão em relação ao valor. Já a defesa da família diz nunca ter havido relação análoga à escravidão.

O dia 13 de maio é celebrado no Brasil como a data que marca a Abolição da Escravatura. Foi neste dia, no ano de 1888, que a Lei Áurea foi sancionada pela princesa Isabel, regente do país à época. A medida libertava os escravos e colocava fim na escravidão. O tema é recorrente no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o LeiaJa.com preparou uma lista com as principais obras que abordam o período.

O Cortiço (1890); Aluísio Azevedo 

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Da escola naturalista, a obra retrata, não só as peculiaridades do comportamento humano, mas também um período de transição, onde a luta pela abolição se intensifica. O professor Diogo Xavier destaca que o livro discute também a sobrevivência do mais forte frente ao mais fraco e a sobrevivência do livre frente ao escravo.

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881); Machado de Assis 

Na famosa obra de Machado de Assis as consequências da escravidão são mostradas de forma clara. O romance conta a história de Brás Cubas e, além da escravidão, retrata as diferenças entre as classes sociais.

O Navio Negreiro (1880); Castro Alves

A obra descreve o drama vivido por milhares de africanos que, tirados de suas terras, eram trazidos ao Brasil para servir de escravos nas fazendas e propriedades.

 Casa Grande e Senzala (1933); Gilberto Freyre

Na obra o pernambucano trata da construção da sociedade brasileira, com detalhes sobre raça e classe, separação e miscigenação. O livro é considerado um clássico da antropologia moderna. 

Lembramos que o Enem não cobra nenhuma obra específica. Porém, devido o grande número de questões que abordaram o tema em edições anteriores, a leitura de obras que explorem o tema sobre diferentes pontos de vista é de extrema importância.

O Vai Cair No Enem dá dicas de conteúdo para que você possa se preparar da melhor forma possível para o maior vestibular do país.

Neste dia 13 de maio, data que lembra a abolição da escravidão no Brasil, figuras políticas do país lembraram a representatividade da data e fizeram menção à luta negra dentro da atual conjuntura do país.

 O senador Paulo Paim (PT) lembrou do elevado índice de assassinato de pessoas negras no Brasil. “Grilhões que não se rompem e feridas que não cicatrizam: a cada 23 minutos um negro é assassinado no Brasil; negros recebem, em média, R$ 1,2 mil a menos que os brancos; a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior que a de um branco”, enumerou o parlamentar.

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Já a deputada federal Carla Zambelli (PSL) foi mais contida com a homenagem do dia. A parlamentar lembrou uma frase da Princesa Isabel: “Mil tronos eu tivesse, mil tronos eu daria para libertar os escravos do Brasil”, escreveu a deputada.

 O ex-candidato à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, afirmou que é necessário lutar contra o racismo no Brasil. “De cada três desempregados no Brasil, dois são negros. 71% das pessoas assassinadas são negras. As marcas da escravidão não se abolem apenas com leis. O racismo é estrutural. A luta contra ele é imprescindível”, pontuou.

 A deputada federal Erika Kokay (PT) trouxe à tona a problemática do tráfico negreiro. “É assustador imaginar que temos uma dívida social com o povo negro de mais de 450 anos. O tráfico negreiro iniciou em 1550. Somente em 2002 iniciaram as primeiras políticas de ações afirmativas voltadas aos negros no Brasil. A igualdade racial é uma utopia do presente”, lamentou.

 Kokay ainda aproveitou para trazer dados de causas negras e alfinetar o Governo Federal. “De cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. Das 726 mil pessoas encarceradas, 64% são negras. Negros são 78% entre os mais pobres. E Bolsonaro ainda tem a desfaçatez de dizer que o racismo é algo raro no Brasil?”, questionou.

 O deputado federal pelo PSOL Marcelo Freixo utilizou-se de uma poesia para mencionar a data. “Brasil, o teu nome é Dandara. E a tua cara é de cariri. Não veio do céu. Nem das mãos de Isabel. A liberdade é um dragão no mar de Aracati. Brasil, chegou a vez. De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês", homenageou.

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Sete trabalhadores foram resgatados de duas fazendas de corte de gado bovino no município de Medicilândia, na região sudoeste do Pará, em operação integrada pelo Ministério Público do Trabalho PA/AP (MPT), Auditoria Fiscal do Trabalho, Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os proprietários dos estabelecimentos, que são irmãos, não forneciam condições dignas de trabalho e moradia aos trabalhadores, que não possuíam Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) anotada e não dispunham de instalações sanitárias adequadas.

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A água consumida pelos trabalhadores era retirada de igarapé ou poço artesiano e em ambas as propriedades não havia banheiro nem sanitários. Outro grave problema detectado foi quanto ao uso de agrotóxicos, os quais eram armazenados no mesmo local dos alojamentos, o que representa sério risco à saúde.

Os empregadores assinaram um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o MPT e a DPU, comprometendo-se a regularizar a situação dos funcionários e a fornecer condições de trabalho e moradia dignas. Entre os termos acordados estão: abster-se de manter funcionário em situação degradante de trabalho; assinar a CTPS; abster-se de descontar valores referentes a equipamentos e alimentação; e proporcionar aos trabalhadores assistência médica e capacitação quanto à prevenção de acidentes.

Além das obrigações, os proprietários das fazendas também pagarão aos trabalhadores verbas trabalhistas que somadas contabilizam aproximadamente R$ 100 mil. Eles não aceitaram pagar qualquer valor quanto ao dano moral coletivo, o que ensejará o ajuizamento de ação civil pública por parte do MPT, para cobrar tal indenização por submissão de trabalhadores a condições degradantes de trabalho.

Em caso de descumprimento do TAC, os empregadores ficam sujeito à cobrança de multas cujos valores são reversíveis ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) ou a instituição sem fins lucrativos indicada pelo MPT.

Além da responsabilização trabalhista, os autos de infração lavrados durante a ação fiscal e o relatório da operação serão encaminhados ao Ministério Público Federal (MPF) para apuração do crime de trabalho análogo à escravidão.

Da assessoria do MPT.

Dez trabalhadores venezuelanos, sendo nove homens e uma mulher, foram resgatados pela fiscalização da Gerência do Trabalho de Ilhéus, Bahia, após serem encontrados em condições análogas à de escravo. O grupo prestava serviços em um galpão de oficina na rodovia BR-415, entre Itabuna e Ibicaraí. A oficina realiza serviços de manutenção de equipamentos de um parque de diversões.

Os venezuelanos foram aliciados em seu país de origem, com proposta feita por um casal de empregadores - um brasileiro e um polonês -, caracterizando tráfico internacional de pessoas. De acordo com o Ministério da Economia, os trabalhadores chegaram ao Brasil em janeiro, de forma regular, com passagem fornecida pelos empregadores.

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Todo o custo da viagem estava sendo descontado mensalmente da remuneração dos venezuelanos, além dos gastos com alimentação, alojamento, televisão e internet – o que representava dois terços da remuneração a que os trabalhadores tinham direito mensalmente.

Do montante recebido após os descontos, segundo eles informaram aos auditores, parte era enviada às famílias, na Venezuela, restando a cada um deles apenas o valor médio de R$ 100,00 para todo o mês.

Segundo a auditora-fiscal do trabalho Lidiane Barros, nenhum dos trabalhadores tinha registro formal empregatício. Estavam alojados em instalações precárias no próprio galpão da oficina. As camas eram improvisadas, não havia ventilação nos cômodos, o banheiro utilizado tinha paredes de zinco, sem oferecer privacidade e condições sanitárias e de conforto adequados. Um dos trabalhadores adquiriu sarna em decorrência das condições precárias a que era submetido.

Tanto no alojamento como no banheiro foram identificadas instalações elétricas com fiações desprotegidas, gerando o risco de choque elétrico. A alimentação se restringia à panqueca de farinha de trigo, arroz, frango e ovos. Todo esse conjunto de fatores caracterizou as degradantes condições de trabalho e o resgate do grupo pela fiscalização.

A Polícia Federal prendeu em flagrante o casal de empregadores. Eles responderão na Justiça pelo crime de redução de trabalhador à condição análoga à de escravo, tipificado no Código Penal.

Todos os trabalhadores resgatados estão sendo acolhidos pela Coordenação de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Combate ao Trabalho Escravo (CETP), que está fornecendo hospedagem, alimentação e suporte para emissão de documentos.

A Auditoria Fiscal do Trabalho, juntamente com a PF, está realizando os trâmites necessários à regularização documental dos venezuelanos para permanência no país. A Auditoria Fiscal do Trabalho também está levantando o valor das verbas rescisórias e efetuando a emissão das carteiras de trabalho e das guias de Seguro-Desemprego. Ao fim dos procedimentos, os resgatados estarão aptos a trabalhar de forma regular no país.

*Com informação da assessoria

 

Um vídeo de um homem ajudando uma senhora a atravessar uma rua alagada no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, tem repercutido nas redes sociais. O homem utiliza duas caixas de verdura para que a mulher pise sem que molhe os pés.

As fortes chuvas atingem o Rio de Janeiro desde a segunda-feira (8). A cidade está em estágio de crise, o mais alto em uma escala de três níveis. Foram confirmadas dez mortes até o momento.

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A atitude do homem das caixas de verdura foi bastante elogiada na internet. Porém, houve quem criticasse o comportamento da mulher. Após fazer a travessia, ela vai embora sem fazer gestos de agradecimento. Não é possível ouvir no vídeo se ela fez algum agradecimento durante a travessia. “Olha o jeito dela saindo, nem olha pra trás, como se aquilo fosse uma obrigação do rapaz. Zero bom senso”, diz um usuário do Twitter. “Gente, dá um desconto, pelo vídeo parece ser uma senhora. Pessoas dessa idade são desatentas mesmo, não estão lúcidas, deve ter nem se lembrado de agradecer”, ponderou outra internauta.

Houve também quem fizesse uma comparação com o período escravagista, devido ao fato de um homem negro estar molhando os pés na água suja para proteger os pés da mulher branca. “Cena antiga na história do Brasil”, comentou uma internauta, postando também uma pintura de Jean-Baptiste Debret que mostra escravos carregando um homem branco em uma rede. “Rio de Janeiro, 1819”, escreveu também um homem fazendo alusão a um período de escravidão no país.

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 No mês do Dia Mundial Contra a Escravidão Infantil, três marcas pernambucanas participam da campanha global da World Fair Trade Organization (Organização Mundial de Comércio Justo) para encorajar e ajudar os consumidores a comprar as roupas que são feitas de maneira ética. As peças desenvolvidas serão apresentadas nesta terça-feira (2) para os organizadores da ação, no Marco Pernambucano da Moda.

No Recife, as marcas Viva Yemanjah e a Menina dos Olhos desenvolveram coleção especial para a campanha, que também conta com peças assinadas pelo Marco da Moda, elaboradas pelo designer Macivaldo Santos. Foram criados vestidos, casacos e coletes funcionais.

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O diferencial das peças é que todas são identificadas com um botão na cor azul, assinalando as marcas comprometidas com a proteção dos direitos da infância. A renda será revertida para ajudar instituições de proteção aos direitos das crianças em projetos de estímulo educacional.

*Da assessoria de imprensa

Uma fiscalização em obras de restauração da rodovia Raposo Tavares entre as cidades de Itapetininga e Itaí, no interior de São Paulo, resultou no resgate de 12 trabalhadores em condições análogas à escravidão. Eles não recebiam salários há cerca de três meses, e foram encontrados em alojamentos precários com risco de incêndio, sem alimentação.

Auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho em São Paulo (SRT-SP) dizem que os operários foram alvo de aliciamento e tráfico de pessoas. Eles teriam sido enganados ao receber propostas de trabalho, segundo a SRT-SP, e arcado com os custos das viagens de cidades da região Norte e Nordeste até o interior paulista. Segundo o depoimento dos trabalhadores, a empresa havia prometido ressarcir o valor da passagem de volta, o que não ocorreu.

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A fiscalização os encontrou em duas casas no município de Angatuba. Uma delas tinha instalação elétrica irregular, e a outra uma cozinha a gás improvisada, o que é proibido pelas normas de saúde e segurança do trabalho.

O improviso ocorreu, segundo os auditores, após a contratante ter cortado o fornecimento de marmitas e oferecido mantimentos para os próprios operários cozinharem, o que também é irregular. Sem pagamento, quando a comida forneceu acabou eles tiveram de contar com a ajuda da assistência social da cidade e moradores do bairro, que doaram comida.

Nesta sexta-feira (22), eles embarcaram para suas cidades de origem. Oito das 12 vítimas moram na cidade de Esperantina, no Piauí. Outros dois são do Tocantins, e dois da Bahia.

Além da constatação de trabalho escravo, a SRT-SP ainda investiga se o Departamento de Estradas e Rodagem (DER) tem responsabilidade no caso, por falta de fiscalização ou negligência. Responsável pela concessão da rodovia, o órgão estadual deve se certificar, por força de contrato, que a empresa concessionária cumpra a legislação trabalhista. A fiscalização está em andamento desde a terça-feira, 12, quando os trabalhadores foram resgatados, e ainda está em andamento.

A DER firmou assinou o contrato de concessão em 2017 com o Consórcio SP 270, que reúne as construtoras SA Paulista, Ellenco Construções e Bandeirantes. O consórcio terceirizou serviços para a SMA Construmaq, que, segundo a fiscalização do Trabalho, teria aliciado os trabalhadores e os "abandonado" em Angatuba.

"O responsável pela empresa tinha pessoas nesses Estados, ou pessoas em cidades próximas de onde esses trabalhadores viviam, e que faziam contato e ofereciam vaga de trabalho em São Paulo", diz a auditora fiscal Lívia Ferreira, da SRT-SP. "Só um dos resgatados chegou a receber R$ 800, de outubro até março, e o resto não recebeu nada de salário e ainda foram submetidos à condição de passar fome em alguns dias."

Questionada, a SMA Construmaq informou que não irá se pronunciar. A reportagem não conseguiu contato com as empresas do Consórcio SP 270. Segundo a SRT-SP, após ser notificado, o consórcio assumiu todas as medidas emergenciais, como abrigo emergencial em hórais, alimentação, pagamento de verbas trabalhistas e passagens de retorno às cidades de origem.

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