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O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao Supremo Tribunal Federal os integrantes do chamado "PMDB da Câmara" por organização criminosa. São acusados o presidente da República, Michel Temer; Eduardo Cunha, Henrique Alves, Geddel Vieira Lima, Rodrigo Loures, Eliseu Padilha e Moreira Franco. Segundo a denúncia, eles praticaram ações ilícitas em troca de propina por meio da utilização de diversos órgãos públicos, como Petrobras, Furnas, Caixa Econômica, Ministério da Integração Nacional e Câmara dos Deputados. Michel Temer é acusado de ter atuado como líder da organização criminosa desde maio de 2016.

Também há imputação do crime de obstrução de justiça por causa dos pagamentos indevidos para evitar que Lúcio Funaro firmasse acordo de colaboração premiada. Neste sentido, Michel Temer é acusado de instigar Joesley Batista a pagar, por meio de Ricardo Saud, vantagens a Roberta Funaro, irmã de Lúcio Funaro. Os três são denunciados por embaraçar as investigações de infrações praticadas pela organização criminosa. Apesar da tentativa, Lúcio Funaro firmou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República, que foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal, e as informações prestadas constam da denúncia.

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O PGR pede o desmembramento do Inquérito 4327 em relação às condutas de Joesley Batista e Ricardo Saud, para que sejam julgadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba. Em relação ao inquérito 4483, ele pede que cópia dos autos seja remetida à Seção Judiciária do Distrito Federal, para avaliar as condutas de Lúcio Funaro, Roberta Funaro e Eduardo Cunha. Janot explica na cota da denúncia que uma parte das provas foi obtida a partir dos acordos de colaboração firmados com Joesley Batista e Ricardo Saud, que sofreram rescisão por descumprimento das cláusulas, mas isso não limita a utilização das provas apresentadas.

Organização criminosa - Segundo o PGR, o esquema desenvolvido permitiu que os denunciados recebessem pelo menos R$ 587 milhões de propina. A denúncia explica que o núcleo político da organização era composto também por integrantes do PP e do PT, que compunham subnúcleos políticos específicos, além de outros integrantes do chamado “PMDB do Senado”. Para Janot, em maio de 2016, com a reformulação do núcleo político da organização criminosa, os integrantes do "PMDB da Câmara", especialmente Michel Temer, passaram a ocupar papel de destaque que antes havia sido dos integrantes do PT em razão da concentração de poderes na Presidência da República.

O PGR faz um registro histórico das nomeações e cargos ocupados desde que Lula foi vitorioso nas eleições presidenciais e precisava de mais espaço no âmbito do Congresso Nacional. Quanto ao grupo do "PMDB da Câmara", as negociações de apoio passaram a orbitar, por volta de 2006, primordialmente em torno de dois interesses: a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF); e a necessidade de ampliação da base do governo em razão do processo do “Mensalão” que havia enfraquecido o poder político da cúpula do Poder Executivo Federal integrada por membros do PT.

Esses temas foram negociados por Michel Temer e Henrique Alves, na qualidade de presidente e líder do PMDB, que concordaram com ingresso do “PMDB da Câmara” na base do governo em troca de cargos chaves, tais como a Presidência de Furnas, a Vice-Presidência de Fundos de Governo e Loterias na Caixa Econômica, o Ministério da Integração Nacional, a Diretoria Internacional da Petrobras, entre outros. No dia 30 de novembro de 2006, o Conselho Nacional do PMDB aprovou a integração da legenda, em bloco, a base aliada do Governo Lula.

Com relação à interação entre os núcleos político e administrativo da organização criminosa, a distribuição dos cargos ocupados pelos membros deste núcleo (administrativo) no âmbito do governo federal foi sempre um processo dinâmico, que envolvia constante tensão com o chefe do Poder Executivo federal e marcado por fortes disputas internas por espaços. Isso porque todos estavam interessados nos cargos públicos que lhes garantissem a melhor rentabilidade em termos de arrecadação de propina.

Segundo a denúncia, o papel de negociar os cargos junto aos demais membros do núcleo político da organização criminosa, no caso do subnúcleo do "PMDB da Câmara", era desempenhado por Michel Temer de forma mais estável, por ter sido ele o grande articulador para a unificação do Partido em torno do governo Lula. Depois de definidos os espaços que seriam ocupados pelo grupo dos denunciados, Michel Temer e Henrique Eduardo Alves, este último líder do Partido entre 2007 e 2013, eram os responsáveis maiores pela distribuição interna dos cargos, e por essa razão recebiam parcela da propina arrecadada por Moreira Franco, Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha e especialmente Eduardo Cunha.

Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves, Moreira Franco e Rodrigo Loures têm relação próxima e antiga com Michel Temer, daí porque nunca precisaram se valer de intermediários nas conversas diretas com aquele. Eram eles que faziam a interface junto aos núcleos administrativo e econômico da organização criminosa a respeito dos assuntos ilícitos de interesse direto de Michel Temer, que, por sua vez, tinha o papel de negociar junto aos demais integrantes do núcleo político da organização criminosa os cargos a serem indicados pelo seu grupo e era o único do grupo que tinha alguma espécie de ascensão sobre todos.

O procurador-geral informa que, além de praticar infrações penais no Brasil, a organização criminosa adquiriu caráter transnacional, o que pode ser demonstrado, principalmente, por dois de seus mecanismos de lavagem de dinheiro: transferências bancárias internacionais, na maioria das vezes com o mascaramento em três ou mais níveis para distanciar a origem dos valores; e a aquisição de instituição financeira com sede no exterior, com o objetivo de controlar as práticas de compliance e, assim, dificultar o trabalho das autoridades.

Transição de governo - Explica-se a rápida ascensão de Eduardo Cunha no âmbito do PMDB e na organização criminosa, entre outros fatores, por sua atuação direta e incisiva na arrecadação de valores lícitos ou ilícitos; e pelo mapeamento e controle que fazia dos cargos e pessoas que o ajudariam nos seus projetos. Em 2015, a relação entre os integrantes do "PMDB da Câmara" e a ex-presidente Dilma Rousseff estava fortemente abalada, especialmente pela exoneração de Moreira Franco da Secretaria de Aviação Civil sem prévio ajuste com Michel Temer.

No início de 2015, Eduardo Cunha decidiu não observar o acordo de alternância entre PT e PMDB e lançou-se candidato à Presidência da Câmara dos Deputados numa disputa com o candidato do PT Arlindo Chinaglia. Esse episódio marcou uma virada importante no relacionamento entre os integrantes do núcleo político da organização criminosa do "PMDB da Câmara" e do PT. Os caciques do PMDB achavam que o governo não estava agindo para barrar a Operação Lava Jato em relação aos “aliados” por que queriam que as investigações prejudicassem os peemedebistas; já os integrantes do PT da organização criminosa desconfiavam que aqueles queriam fazer uma manobra política para afastar a então presidente Dilma do poder e assumir o seu lugar.

Em março de 2016, o PMDB decidiu deixar formalmente a base do governo e, em abril de 2016, o pedido de abertura de impeachment da Presidente Dilma Rousseff foi aprovado pela Câmara dos Deputados. Michel Temer assumiu a Presidência da República em 12.05.2016, provisoriamente, e, em definitivo, no dia 31 de agosto de 2016. Na sua gestão, garantiu espaços relevantes aos líderes do PP e do PMDB que já pertenciam a organização criminosa.

A denúncia também destaca que, ante a forte atuação parlamentar e responsabilidade por outras indicações políticas, as quais ainda perduram, a organização criminosa permaneceu praticando crimes nos anos de 2015, 2016 e 2017. Nesse sentido, aplica-se a lei vigente a partir de setembro de 2013 (Lei nº 12.850/13). Conduta permanente, mesmo iniciada antes dessa data, passa a ser regida pela nova lei, nos termos do enunciado da Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal.

Confira a denúncia na íntegra

Do site do MPF

A Prefeitura de Salvador comunicou nesta sexta-feira (8) a exoneração do diretor da Defesa Civil do município (Codesal), indicado ao cargo pelo PMDB . Gustavo Ferraz foi preso em sua residência na cidade Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador, em mais uma fase da operação Cui Bono, responsável pela prisão do ex-ministro Geddel Vieira Lima.

O diretor geral da Codesal havia assumido o cargo em janeiro deste ano. Segundo investigações policiais em curso, Gustavo estaria envolvido em atos ilícitos. A prefeitura enviou nota à imprensa informando que “qualquer servidor municipal envolvido em questões dessa natureza terá que responder na justiça”.

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Além de atuar na Defesa Civil, o funcionário público também já havia sido superintendente da Agência de Desenvolvimento Econômico da Bahia, chefe da Superintendência de Indústria e Comércio de Lauro de Freitas, e diretor da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial da Bahia (Sudic).

A Polícia Federal ainda cumpre mais dois mandados de prisão preventiva, e três de busca e apreensão, conforme a 10 ª Vara Federal de Brasília. O nome que irá substituir Gustavo no cargo ainda não foi divulgado pela prefeitura.


O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara em Brasília, autorizou a busca e apreensão em três endereços na manhã desta sexta-feira (8), entre eles a casa da mãe do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Ao pedir a busca, a Polícia Federal alegou que "há grande probabilidade" de que nos endereços existam documentos que comprovem a prática de crime e "inclusive, mais dinheiro de origem ilícita".

A PF foi nesta manhã (8) na casa de Geddel, de Gustavo Pedreira - ambos presos preventivamente - e da mãe do ex-ministro, que mora no mesmo prédio do filho em Salvador (BA). Por essa razão, a polícia considerou que "não se descarta que o mesmo possa utilizar a residência da mãe para ocultar documentos e valores decorrentes e sua empreitada criminosa, retirando-os do seu apartamento, mas se encontrando em local de pronto acesso".

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O Ministério Público Federal no Distrito Federal, ao concordar com o pedido da PF, considerou ainda que Geddel pode usar a residência de seus familiares para contatar outras pessoas.

Na terça-feira (5), a PF encontrou em um imóvel na capital baiana, que seria usado por Geddel como uma espécie de "bunker", o armazenagem de dinheiro em espécie. O valor chegou a R$ 51 milhões, distribuídos em oito caixas e seis malas. A polícia encontrou as digitais do ex-ministro no apartamento.

Para o juiz, diante dessas circunstâncias "não há nenhuma possibilidade de se assegurar que o preso domiciliar esteja cumprindo e possa continuar cumprindo rigorosamente todos os requisitos da cautela. Aliás, como se pode ver, tudo evidencia que não está executando fielmente a medida alternativa à prisão (efetiva), pois foram encontradas fragmentos de impressões digitais no material apreendido, e tanto de Geddel quanto de Gustavo Pedreira".

Para o magistrado, há fortes os indícios do crime de lavagem de dinheiro e de "reiteração da conduta criminosa", o que justifica a necessidade da prisão preventiva.

A Polícia Federal encontrou impressões digitais do ex-ministro Geddel Vieira Lima no apartamento em Salvador onde foram apreendidos R$ 51 milhões em espécie, montante atribuído ao peemedebista. As impressões foram identificadas em malas e caixas onde estavam estocadas as cédulas, segundo a TV Globo. Ontem, o proprietário do apartamento admitiu ter emprestado o imóvel a Geddel.

O empresário Silvio Silveira, porém, disse à Polícia Federal que "não sabia" que o local era utilizado para que o peemedebista guardasse dinheiro.

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Anteontem, a PF fez buscas no endereço, apontado pelos investigadores como sendo um "bunker" usado pelo ex-ministro dos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Michel Temer, e localizou os R$ 51 milhões. A conferência indicou R$ 42,6 milhões e US$ 2,68 milhões em cédulas (mais informações nesta página).

Silveira apresentou-se ontem à PF e contou que Geddel pediu o apartamento para estocar "pertences do pai", que morreu em janeiro de 2016.

"A informação é que esse apartamento foi cedido para supostamente guardar pertences do pai do ex-ministro Geddel. Mas quando fomos lá deparamos com dinheiro. Teria sido uma desculpa que ele usou para colocar o dinheiro lá. A nossa função foi cumprir essa busca. No levantamento verificamos esse possível esconderijo", disse o delegado Daniel Justo Madruga, superintendente regional da PF na Bahia.

De acordo com o delegado, os agentes da PF ficaram "surpresos" com a descoberta do volume de dinheiro no apartamento, localizado no bairro da Graça, em Salvador. "Foi pedido um mandado de busca em Brasília e nós demos cumprimento. Os policiais ficaram surpresos. Esperavam encontrar documentos e se depararam com caixas e caixas e malas de dinheiro", disse o Madruga.

Geddel ainda não se manifestou sobre a origem do dinheiro a ele atribuído. O ex-ministro está em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica. Ele foi preso em 3 de julho e mandado para casa em 12 de julho.

Cui Bono? - O cumprimento de mandado de busca e apreensão foi desdobramento da Operação Cui Bono?, deflagrada em janeiro, que investiga a ocorrência de fraudes em liberação de empréstimos da Caixa Econômica Federal. Batizada de Tesouro Perdido, a ação foi autorizada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara Federal de Brasília. Ao autorizar a operação, o juiz disse que Geddel "estava fazendo uso velado do aludido apartamento, que não lhe pertence, mas a terceiros, para guardar objetos/documentos". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal terminou a contagem dos valores apreendidos no bunker ligado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima. Foram apreendidos R$ 51 milhões. O dinheiro será depositado em uma conta judicial.

O valor foi apreendido pela Polícia Federal na manhã desta terça na Operação Tesouro Perdido, nova fase da Cui Bonno?. A ação fez buscas em um imóvel em Salvador e foi autorizada pela 10ª Vara Federal de Brasília.

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A Tesouro Perdido mirou o local onde seria o "bunker" do ex-ministro Geddel Vieira Lima. O apartamento seria usado para armazenagem de dinheiro em espécie.

Ao autorizar a operação, o juiz federal Vallisney de Souza Oliveira afirmou que Geddel ‘estava fazendo uso velado do aludido apartamento, que não lhe pertence, mas a terceiros, para guardar objetos/documentos (fumus boni iuris), o que, em face das circunstâncias que envolvem os fatos investigados (vultosos valores, delitos de lavagem de dinheiro, corrupção, organização criminosa e participação de agentes públicos influentes e poderosos), precisa ser apurado com urgência’.

Geddel está em prisão domiciliar sem tornozeleira eletrônica. O ex-ministro foi preso em 3 de julho e mandado para casa em 12 de julho.

Valores finais:

R$ 42.643,500,00 (quarenta e dois milhões, seiscentos e quarenta e três mil e quinhentos reais)

US$ 2.688,000,00 (dois milhões, seiscentos e oitenta e oito mil dólares americanos)

* cotação de venda na data de hoje - fonte Bacen ( 1 dólar = 3,1203 reais)

R$ 8.387.366,40

Total = R$ 51.030.866,40 (cinquenta e um milhões, trinta mil, oitocentos e sessenta e seis reais e quarenta centavos)*

Nesta quinta-feira (13), o Ministério Público Federal (MPF) solicitou novo pedido de prisão preventiva do ex-ministro baiano Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). O político havia sido preso no dia 03 de julho por obstrução à justiça, mas teve seu pedido de prisão domiciliar aceito pelo desembargador Ney Bello, do 1° Tribunal Regional Federal (TRF). Geddel iria deixar o complexo penitenciário da Papuda na última quarta (12), em Brasília, e usar tornozeleira eletrônica.

De acordo com o MPF, Geddel tentou obstruir uma delação inédita do doleiro Lúcio Funaro. Ainda segundo o órgão, o pemedebista estava agindo para impossibilitar acordo entre Funaro e o Ministério, alegando que possuía influência criminosa sobre o poder Judiciário.  A defesa de Geddel negou que o político tenha tentado impedir, em conversa, o acordo entre o doleiro e o MPF.

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O novo pedido de prisão preventiva será avaliado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília. Geddel deve deixar a Papuda e usar tornozeleira eletrônica, enquanto aguarda a decisão do magistrado.

Atraso

Por decisão do desembargador Ney Bello, Geddel deveria deixar Papuda, usando tornozeleira eletrônica. No entanto, a falta do acessório no Distrito Federal estaria atrasando a liberação do ex-ministro, que aguarda em complexo penitenciário. "O documento condiciona a liberação dele ao uso de uma tornozeleira eletrônica. Como o Distrito Federal ainda não dispõe do equipamento para instalação no custodiado, uma vez que o contrato para disponibilizar serviço foi assinado recentemente, a pasta enviou um ofício ao TRF1 que deverá decidir como será o procedimento neste caso", informou a Secretaria de Segurança Pública (SSP) em nota.

Denúncias de irregularidades rondam a vida pública do ex-ministro Geddel Vieira Lima desde seu primeiro emprego, aos 25 anos, quando foi acusado de desviar milhões do Baneb (Banco do Estado da Bahia) e beneficiar sua família.

Dez anos depois, em 1994, já deputado federal, foi implicado no escândalo dos "anões do Orçamento" depois de seu nome aparecer em um papel encontrado na casa de um diretor da Odebrecht ao lado da mensagem "4%". Foi inocentado.

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O ex-ministro também já foi associado a acusações de enriquecimento ilícito e de direcionamento para aliados de verbas do Ministério da Integração Nacional, mas foi a citação a seu nome na operação Cui Bono?, da Polícia Federal, que resultou na primeira consequência jurídica prática.

Geddel, que sempre negou todas as acusações, se entrincheirou em seu apartamento em Salvador desde novembro passado, quando entregou a carta de demissão ao presidente Michel Temer após ser acusado de tráfico de influência para aprovar a construção irregular de um edifício na capital baiana. A interlocutores, dizia que estava "refazendo a vida".

Só reapareceu em Brasília em março, quando boatos davam conta de que ele poderia fazer delação premiada. Na ocasião, jantou com Temer no Palácio do Jaburu. Sempre que era questionado sobre essa hipótese, reagia com palavrões. E sobre a possibilidade de ser preso, algo que já se falava há duas semanas, dizia estar "tranquilo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Agentes da Polícia Federal (PF) prenderam hoje (3), na Bahia, o ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o político baiano estaria tentando obstruir a investigação de supostas irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal.

A prisão preventiva foi pedida pela PF e pelos integrantes da Força-Tarefa da Operação Greenfield, a partir de informações fornecidas em depoimentos do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva, sendo os dois últimos em acordo de colaboração premiada.

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O executivo João Pacífico, um dos delatores da Odebrecht, apontou propina ao ex-ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) sobre um contrato de 1987 para obras do Transporte Moderno de Salvador (TMS). Segundo o delator, foram pagos R$ 3,6 milhões entre 2007 e 2010, período em que Geddel (PMDB) foi ministro da Integração Nacional de Lula.

Pacífico relatou que, em 1987, a Construtora Norberto Odebrecht firmou com a Superintendência de Urbanização da Capital (Surcap), atual Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop), autarquia vinculada à prefeitura de Salvador, contrato para o TMS. As obras, disse, serviriam para melhorar o tráfego dos ônibus na capital baiana. "De 1987 até 2001, eu não tive nenhuma participação, nenhum envolvimento nesse projeto", afirmou o delator.

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O delator narrou que "eram frequentes os atrasos nos pagamentos pela Surcap dos valores devidos à construtora, que tinha dificuldade em receber seus créditos". O cenário, segundo Pacífico, mudou "em função de uma alteração do contexto político que envolvia a prefeitura de Salvador" em 2007. A mudança, disse, permitiu a Geddel que passasse a exercer "forte influência no governo municipal". Pacífico declarou que procurou o então diretor de Relações Institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho. Naquele ano, Geddel era ministro da Integração Nacional.

"Eu pedi a Cláudio que falasse com o Geddel, já que o prefeito era do partido dele, para que houvesse uma regularidade no fluxo de recurso. Foi quando Cláudio esteve com o ministro e, a partir daí, realmente aconteceu uma melhora significativa no fluxo de recurso." O delator afirmou que "diante da proximidade das eleições" Melo Filho "solicitou, a pedido de Geddel, uma contribuição para o PMDB da Bahia, com o objetivo de ajudar os candidatos do partido no Estado". Segundo ele, os valores "eram retirados através do Setor de Operações Estruturadas."

A prefeitura de Salvador não respondeu à reportagem. Geddel refutou, "categoricamente, as irresponsáveis e levianas alegações formuladas por delator premiado". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça Federal homologou acordo de delação premiada do empresário Alexandre Margotto, ex-sócio do corretor Lúcio Bolonha Funaro, apontado como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de grupos empresariais no suposto esquema de corrupção na Caixa.

Em depoimento prestado à Procuradoria da República no Distrito Federal, Margotto disse que a Vice-Presidência de Pessoa Jurídica da Caixa, comandada pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) de 2011 a 2013, era mais rentável para Funaro que a Vice-Presidência de Fundos de Governo e Loterias, a cargo de Fábio Cleto - que delatou desvios em operações bilionárias do banco público.

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Ele também afirmou que o corretor ganhou uma casa de R$ 30 milhões, como propina, de um dos donos da holding J&F, Joesley Batista. À reportagem, Joesley alegou que vendeu o bem ao corretor.

As informações sobre a colaboração foram confirmadas por fonte que teve acesso ao depoimento. A delação foi homologada na quarta-feira (15) pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal, em Brasília.

Pode ter impacto na ação penal na qual o próprio Margotto, Funaro, Cleto, Cunha e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) são acusados de negociar suborno para liberar aportes da Caixa em grandes empresas, entre elas a Eldorado Celulose, da J&F. Além de Geddel e Joesley, a delação implica Funaro e outros empresários.

Aos investigadores, Margotto contou que Funaro dizia ganhar na Caixa mais dinheiro com Geddel que com Cleto, primeiro delator do esquema de desvios no banco público. Ele deu detalhes da relação do peemedebista com o corretor.

O ex-ministro é investigado pela Polícia Federal e o MPF, sob a suspeita de comandar, juntamente com Cunha, o esquema de corrupção na Caixa. Ele foi alvo da Operação Cui Bono? (a quem interessa?), em janeiro.

O imóvel de luxo supostamente doado pelo dono da holding a Funaro fica no Jardim Europa, bairro nobre da zona sul de São Paulo. Em sua colaboração premiada, Fábio Cleto contou ter ouvido de Margotto que o suposto presente foi propina. A versão foi confirmada pelo novo delator.

O MPF sustenta que o grupo de Cunha cobrou suborno para viabilizar operação de R$ 940 milhões, aprovada pelo fundo de investimento do FGTS, com a Eldorado. A empresa pagou cerca de R$ 33 milhões por meio de contratos de consultoria a empresas de Funaro.

Margotto era dono da Etros Administradora de Recursos e Valores Imobiliários, gestora do fundo de investimentos Aquitaine, montado em parceria com Cleto.

Em nota, Joesley Batista afirmou que vendeu a casa a Funaro, por meio de uma operação "lícita e regular". "O valor do imóvel foi negociado com base nos preços de mercado da época e devidamente pago e contabilizado." A advogada de Funaro, Vera Carla Silveira, disse que ainda não teve acesso ao conteúdo da delação e que, antes de se pronunciar e tomar medidas a respeito, terá de conhecê-la. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No período em que o ex-ministro Geddel Vieira Lima ocupou o cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, área responsável por financiamentos empresariais, foram liberados ao menos R$ 4,3 bilhões às principais empresas investigadas por suspeita de pagamento de propina na Operação Cui Bono?, deflagrada ontem pela Polícia Federal. Geddel ficou no posto de 2011 a 2013.

Os valores estão registrados publicamente em diferentes documentos, como demonstrações contábeis e atas de reuniões de diretoria, das quatro maiores empresas investigadas pela PF: JBS e sua holding J&F, Bertin e Marfrig. Elas fazem parte do que o mercado chama de "campeões nacionais", grupo beneficiado, nos governos do PT, com financiamento de bancos públicos para fazer fusões e aquisições e se tornarem líderes em seus setores.

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Os procuradores entendem que havia um esquema organizado de crime na Caixa que atingia duas áreas: a de pessoas jurídicas, sob o comando de Geddel, e a do FI-FGTS, fundo com recursos do trabalhador que é gerido pela Caixa.

Quando Geddel estava na Caixa, o frigorífico JBS recebeu um financiamento de R$ 1,8 bilhão. Já sua holding, a J&F, recebeu R$ 500 milhões por meio de uma emissão de debêntures que foi totalmente adquirida pela Caixa. Na época, o mercado questionou os juros, considerados favoráveis à empresa.

A área de infraestrutura do grupo Bertin contou ao menos com R$ 1,6 bilhão, liberado para as obras do Rodoanel de São Paulo. O Bertin já foi a maior exportadora de carnes do País e vendeu essa área para a JBS, numa operação que gerou controvérsia por causa de outro financiamento de banco público.

Marfrig, outra do setor de carnes, fez ao menos dois empréstimos na Caixa no período investigado, um de R$ 300 milhões e outro de R$ 50 milhões. A Marfrig também fez negócios com a JBS: vendeu para a rival a Seara e a irlandesa Moy Park.

O valor recebido por essas empresas, via Caixa, chegaria a quase R$ 6 bilhões se levado em conta também os empréstimos do FI-FGTS. Esquemas com o fundo foram descritos na delação do ex-vice presidente da Caixa Fábio Cleto e deflagraram a Operação Sépsis, em julho do ano passado. Um dos presos na Sépsis foi Lúcio Bolonha Funaro. Ele foi considerado peça chave no esquema do FI-FGTS e ressurgiu ontem, agora no esquema com financiamentos junto a instituição, ao lado do deputado cassado Eduardo Cunha e do próprio Geddel.

Na época, recaíram suspeitas sobre empréstimos à Eldorado Celulose, controlada pela J&F, e a BR Vias, da família Constantino, dona Gol. BR Vias e Oeste Sul Empreendimentos imobiliários, também dos Constantino, voltaram a ser investigadas.

Alvo da Operação Cui Bono?, o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima mantém sua influência no núcleo duro do Palácio do Planalto, atua nos bastidores e faz contato frequente com os principais integrantes da cúpula do governo. Toda a estrutura montada por Geddel no governo Michel Temer foi mantida, apesar de sua demissão, em novembro passado.

Desde a ausência de Geddel, o dia a dia da pasta tem sido tocado pela secretária executiva Ivani dos Santos, seu braço direito. A Secretaria de Governo é responsável por questões estratégicas, como liberação de recursos para emendas parlamentares, divisão de cargos entre os integrantes da base aliada e articulação de votações de projetos de interesse do Planalto no Congresso.

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A "parceria" entre Geddel e Ivani remonta ao período em que o peemedebista foi deputado federal e ocupou a Primeira-Secretaria da Câmara, em 2003 e 2004. Três anos depois, ao ser alçado ministro da Integração Nacional pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele levou Ivani para sua equipe. Antes de assumir o atual posto, ela estava lotada no gabinete da liderança do PMDB na Câmara.

O atual chefe de gabinete da Secretaria de Governo, Carlos Henrique Menezes Sobral, também é considerado um dos "soldados" de Geddel. A exemplo de Ivani, ele ocupou uma cadeira de destaque quando o peemedebista comandou a Integração Nacional. Na ocasião, foi nomeado secretário de Desenvolvimento do Centro-Oeste do ministério.

A relação de Sobral estende-se ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - preso na Lava Jato - tendo sido assessor especial do peemedebista na presidência da Câmara.

Cunha

As investigações da Polícia Federal e do Ministério Público indicam que Geddel atuava em conjunto com Cunha "em negociações ilícitas" envolvendo empresas interessadas na liberação de empréstimos da Caixa, entre 2011 e 2013. Geddel ocupou o cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa no governo da então presidente Dilma Rousseff e, de acordo com o Ministério Público, agia de "forma orquestrada" para beneficiar empresas.

O peso de Sobral na estrutura do governo está ligado às negociações relativas a emendas parlamentares, usadas como moeda de troca em votações de interesse do Planalto no Congresso.

Servidores disseram que, logo após a saída de Geddel - acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de fazer pressão para a liberação de um empreendimento imobiliário em Salvador, no qual tinha apartamento -, integrantes da cúpula do governo pediram para que todos se mantivessem nos cargos. O argumento foi o de que não fazia sentido deixar a pasta esvaziada em meio às discussões de projetos de interesse do Executivo no Congresso.

O presidente Michel Temer já acertou com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) a nomeação do líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA), para a Secretaria de Governo. A indicação do tucano deverá ocorrer após a eleição que renovará o comando da Câmara e do Senado, no dia 2 de fevereiro. Após as revelações da Operação Cui Bono?, porém, a permanência dos afilhados de Geddel na pasta é vista como improvável.

No Planalto, o discurso oficial é de que ele é um ex-ministro, mas preocupam os desdobramentos das investigações.

Geddel também continua atuando nos bastidores do Planalto, pois tem a pretensão de concorrer ao Senado, em 2018. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo apurou, um dos principais interlocutores tem sido o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.

Irmão. A presença física de Geddel no Planalto foi substituída pela do irmão Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), candidato à Primeira-Vice-Presidência da Câmara e um dos deputados mais assíduos nos corredores do palácio.

Lúcio foi citado em pedido feito por investigadores à Justiça de autorização para busca e apreensão de documentos no apartamento funcional onde o deputado do PMDB mora em Brasília. A solicitação foi negada pela 10.ª Vara Federal de Brasília, por ele ter foro privilegiado. Lúcio afirmou estar "tranquilo" em relação às investigações.

A forte reação do Centrão, que ameaçou bloquear a reforma da Previdência no Congresso, abortou nesta quinta-feira, 8, a nomeação do líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), para comandar a Secretaria de Governo no lugar do ex-ministro Geddel Vieira Lima. O bloco, formado por 13 partidos da base aliada - entre os quais PTB, PSD e PP -, se rebelou por considerar que o Palácio do Planalto articulou uma manobra para ajudar a reconduzir Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Casa.

O presidente Michel Temer chegou a convidar Imbassahy, mas desistiu do anúncio diante da pressão. Temer também ficou contrariado com rumores de que a Secretaria de Governo, sob a gestão do PSDB, terá agora maior peso, assumindo funções antes conduzidas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como a negociação da dívida dos Estados e a relação com governadores. Em conversas reservadas, o presidente atribuiu os "vazamentos" ao PSDB e negou que a pasta será "turbinada" para abrigar o partido aliado.

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Diante dos ânimos exaltados, até mesmo o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, telefonou para deputados do Centrão e disse que o presidente ainda não havia decidido quem seria o sucessor de Geddel. No fim do dia, o Planalto se viu às voltas com uma nova crise política, escancarada com a revolta de deputados do Centrão, que foram procurar Temer.

Com cerca de 200 parlamentares na Câmara, o grupo alega ter ficado isolado na disputa pela presidência da Casa porque a entrega da Secretaria de Governo a Imbassahy fortalece a candidatura de Maia (DEM-RJ), já que ele terá o apoio do PSDB. A pasta é justamente responsável pela articulação política com o Congresso. Desgastado com o episódio, Temer conversou ontem com Maia, no Planalto.

Representação

O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, disse que seu partido ficará "subrepresentado" na equipe de Temer. "O PMDB não vai criar problemas para o presidente, mas é natural que, mais adiante, queira o reconhecimento por estar abrindo mão de um espaço importante", afirmou. "Não vamos disputar a presidência da Câmara e estamos sinalizando boa vontade com Michel, mas logicamente o PMDB precisa sobreviver."

Geddel caiu no dia 25 do mês passado, após ser acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de interferir indevidamente para mudar decisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) que embargou a construção de um prédio de luxo, nos arredores de uma área tombada, em Salvador.

Se assumir a Secretaria de Governo, o PSDB não apenas ampliará o seu espaço no primeiro escalão, de três para quatro ministérios, como entrará no "núcleo duro" do Planalto. "Trata-se de um posto da maior importância. É o coração político", afirmou o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

A decisão de Temer de aumentar o espaço do PSDB na equipe também tem o objetivo de "segurar" o partido no governo. Nos últimos dias, diante do agravamento da recessão, os tucanos fizeram várias críticas à condução da política econômica, sob o argumento de que é preciso ir além do ajuste fiscal.

Proposta

A Secretaria de Governo já havia sido oferecida ao PSDB, mas os tucanos resistiam em aceitá-la, alegando que o posto é uma fonte de desgastes políticos. A preferência dos tucanos sempre foi por maior protagonismo na área econômica. O presidente, porém, não gostou nada de ver seus aliados "fritando" Meirelles e reiterou a confiança no comandante da economia.

Antes desse novo impasse, Temer pretendia anunciar o sucessor de Geddel somente depois das eleições que renovarão o comando da Câmara e do Senado, em fevereiro de 2017. Foi o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que aconselhou o presidente a apressar a nomeação.

O problema é que toda a estratégia do Planalto para esconder o apoio à reeleição de Maia foi exposta ontem, com o "vazamento" da indicação de Imbassahy para a Secretaria de Governo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No domingo, 27 de novembro, dia que encerrou a semana de seu calvário político, o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima recebeu o jornal O Estado de S. Paulo em sua casa, no bairro do Chame-Chame, em Salvador, para, em suas palavras, encerrar suas declarações sobre as denúncias que lhe custaram o cargo.

Ele mostrou cheques em seu nome e de empresas que usam suas iniciais (GVL) e a de seus pais (MA) para reafirmar que investiu no apartamento 2301 do Edifício La Vue, na capital baiana. Sua intenção é desfazer afirmações de que seria sócio oculto do empreendimento.

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O ex-ministro diz ter assinado a promessa de compra e venda do imóvel "em meados de 2014" e já ter pago R$ 1,9 milhão pelo apartamento - mais R$ 1 milhão seria pago em duas parcelas de R$ 500 mil, uma este ano e outra no final de 2017, na entrega das chaves.

Apesar do investimento, seu nome e o das empresas citadas por ele não aparecem na ata da convenção do condomínio assinada em setembro de 2015. Segundo Geddel, porque era uma promessa de compra e venda, ainda que o pagamento já tivesse sido efetuado. "A empresa de minha prima está lá na ata e ela desistiu da compra", afirmou.

O ex-ministro não permitiu que a reportagem tirasse cópias dos documentos que apresentará à Comissão de Ética da Presidência e ao MP. Também não autorizou qualquer registro da entrevista.

"Não vai fazer que nem o (Marcelo) Calero não, hein?", brincou, citando o ex-ministro da Cultura, que afirma ter gravado conversas em que Geddel o teria pressionado a aprovar o empreendimento fora das regras do Iphan. O caso culminou com o pedido de demissão de Geddel na última sexta-feira, acompanhado de perto por jornalistas e manifestantes em frente ao prédio onde mora, na Bahia.

Geddel diz não saber o que será feito do empreendimento após a suspensão das obras por decisão da Justiça. "Quero sarar o lombo e pensar no que fazer daqui para a frente". De camisa regata, jeans e sandálias, brincou: "A partir de hoje, sou babá", em referência ao filho, Gedelzinho, de sete anos.

'Suíno'

O ex-ministro também comentou o apelido de "Suíno" que teria recebido no colégio Marista de Brasília, onde estudou com Renato Russo, do qual ele afirma não se recordar. "Nunca fui chamado de Suíno. Aliás, nem lembro de Renato Russo nenhum no colégio. Ele não era ninguém". A história - e a desavença com Renato - é narrada na biografia do cantor, "O Filho da Revolução", de Carlos Marcelo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal analisa as gravações apresentadas pelo ex-ministro Marcelo Calero como prova de que foi pressionado por integrantes do governo Temer a tomar uma decisão que favorecia interesses pessoais do agora ex-ministro Geddel Vieira Lima.

Calero informou à Polícia Federal que gravou o presidente Michel Temer, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel, além de outros servidores do Planalto. Ele entregou uma série de áudios que comprovariam suas acusações.

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Conforme investigadores, o equipamento utilizado não era profissional e a qualidade do áudio captado é ruim. Por essa razão, as gravações foram submetidas a um tratamento técnico. Segundo relatos, algumas conversas estão melhores e outras piores. Esse fato justifica a demora na análise do material.

Dessa forma, ainda não é possível dizer quais trechos do diálogo com o presidente Temer relatados por Calero em depoimento à PF foram captados pela gravação. A Polícia Federal só irá encaminhar as gravações para a Procuradoria-geral da República após verificar se o conteúdo confere com as informações prestadas pelo denunciante. São analisados se as conversas têm relação com os fatos narrados.

A PF não pode investigar políticos com prerrogativa de foro sem autorização do STF. Por isso, nessa etapa de análise a perícia não deve entrar no mérito de quem são as vozes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Integrantes da cúpula do PSDB, principal partido da base aliada, minimizaram ontem os impactos da nova crise política que atingiu o Palácio do Planalto com a queda do ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), mas aproveitaram o episódio para reforçar o discurso que tem como horizonte a disputa presidencial de 2018.

"Diante da circunstância brasileira, depois do impeachment precisamos atravessar o rio. Isso é uma ponte, pode ser uma frágil, uma pinguela, mas é o que tem", afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em outro momento, após participar de almoço com Temer, o ex-presidente disse: "Temos de chegar até uma eleição em 2018 e temos de nos unir pelo Brasil".

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O ministro José Serra (Relações Exteriores) evitou dar declarações à imprensa sobre a demissão de Geddel, mas adotou a mesma linha do ex-presidente ao discursar no evento do partido. "Assumimos essa responsabilidade e agora temos de ir até o final. Isso não significa deixar de ter opinião própria. Temos de trabalhar para que linhas corretas sejam adotadas."

Apesar de o partido manter uma atitude "amigável" neste momento com o atual governo, integrantes da cúpula do PSDB, contudo, insistiram no recado eleitoral, afirmando que a legenda precisa estar pronta para a próxima disputa presidencial.

Data

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), chegou a estabelecer uma data para a legenda intensificar a pré-campanha pelo comando do País. "Estamos a partir do 1.º de janeiro, com a posse dos novos prefeitos e atuação no Congresso Nacional, nos preparando para fazer aquilo que é necessário para o Brasil, vencer as eleições e governar o Brasil com decência, com ética, e com eficiência", ressaltou o senador.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tratou a nova crise do governo Temer como uma questão restrita ao âmbito "federal", mas também aproveitou a ocasião para ressaltar que chegou o "tempo do PSDB". "Vitor Hugo (escritor francês do século 19) dizia que nada é mais poderoso do que uma ideia que chega no momento certo. E eu vejo que volta de novo o tempo, o tempo do trabalho, da honestidade, da competência, o tempo do PSDB", afirmou.

Apesar do clima de campanha que tomou o evento em razão da instabilidade do atual governo, Fernando Henrique Cardoso aproveitou a presença de Alckmin, Serra e Aécio, potenciais candidatos presidenciais em 2018, e lembrou da necessidade de união do partido para se chegar à vitória na próxima eleição. "Esses vários líderes têm de ter capacidade de se unir e, aí sim, o PSDB vai dar o próximo presidente da República e vai sustentar essa transição até que em 2018 possamos com tranquilidade dizer: o povo venceu."

Após o encontro, parte da cúpula do PSDB foi recebida para um almoço por Temer, no Palácio do Alvorada. Segundo relatos, percebia-se um clima de tensão no evento."E eu vejo que volta de novo o tempo, o tempo do trabalho, da honestidade, da competência, o tempo do PSDB."

Apesar de ter pedido demissão, o processo instaurado contra o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, continua na Comissão de Ética da Presidência da República. O prazo para que Geddel apresente a sua defesa é até 1°.

O presidente da Comissão, Mauro Menezes, ressaltou que cabe à Comissão analisar tanto a conduta de autoridades quanto de ex-autoridades. “Nós apenas recomendamos e deixamos registrado que ele [autoridade] tem no seu currículo uma determinada avaliação quanto a seu comportamento ético. Transgressão à ética pública é, sem dúvida, a antessala de violações mais sérias que podem ser cometidas na vida pública”.

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Acusado de tráfico de influência no Governo Federal, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB), pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (25). A solicitação foi acatada pelo presidente Michel Temer (PMDB). 

Durante discurso em um congresso de professores em Serra Negra (SP), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva direcionou ataques à força-tarefa da Operação Lava Jato e aos meios de comunicação. O petista chegou a comparar a atenção dada às denúncias contra ele no caso envolvendo um tríplex no Guarujá com o apartamento comprado pelo ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, em Salvador (BA), objeto da mais recente polêmica envolvendo um ministro de Michel Temer (PMDB).

"Vocês percebem que não dão destaque ao apartamento do Geddel como deram ao meu tríplex", disse Lula, a uma plateia de participantes do Congresso do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp).

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Para Lula, a mídia e a força-tarefa da Lava Jato estão em uma campanha para demonizar sua imagem e fazer com que ele "pare de brigar". Lula se referiu como "moleques" aos procuradores do Ministério Público Federal que produziram uma acusação contra ele por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. "Quando essa molecada não tinha nascido, eu já estava fazendo greve em 78."

O ex-presidente acusou os procuradores de "inventar mentiras" contra ele submetidos aos meios de comunicação. "Todo dia produzem uma mentira, vai para a PF, da PF vai para o MP, o MP através desse grupo constrói outra mentira, vai para o juiz Moro. O Moro, ao invés de tentar aceitar ou não pelos autos, orienta como eles têm que fazer", afirmou Lula.

Lula disse que as ações da Polícia Federal, do Ministério Público e da Justiça "se misturam na mesma coisa, a caça ao Lula". Ele disse que entrou com processo contra Moro pela "invasão que fez na minha casa". Também afirmou que processou o delegado "que disse que eu peguei dinheiro de Angola" e está processando "o cidadão do Ministério Público que disse que Lula criou o PT, que é organização criminosa e eu chefe, e que disse: não tenho prova, mas tenho convicção". "Ele que guarde a convicção dele para ele, eu quero prova", falou.

Durante o discurso, o presidente falou que as palestras que fez na África, sob as quais ele é investigado, "quem sabe tenham sido mais honestas que diárias que eles estão recebendo para contar mentiras no Paraná", principal palco da Lava Jato.

O petista afirmou ainda que vai entrar com um processo contra os meios de comunicação, mas que "isso demora". "Não vou aceitar que meia dúzia de delegados ou procuradores venham jogar suspeita contra mim, se acham que tenho medo (...) eu não aprendi a ter medo, aprendi a ter respeito", afirmou.

Lula ainda conclamou os militantes a discutirem um projeto para o Brasil e reformular as políticas de educação que, segundo ele, foram desfeitas pelo governo de Michel Temer. "Temos que pedir aquilo que nós seríamos capazes de fazer quando a gente retomar esse governo para o povo trabalhador governar esse País, nós temos competência para isso e acho que a gente pode retomar", discursou.

O ex-presidente ainda falou que os ataques direcionados ao PT não estão sendo feitos "pelas coisas ruins que algum petista fez, é pelas coisas boas que nós provamos que é possível fazer nesse País."

Um dia após pedir demissão do Ministério da Cultura e denunciar o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) por pressionar o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que autorizasse a construção de um edifício com altura acima do permitido em Salvador, o diplomata Marcelo Calero afirmou neste sábado (19), durante evento no Rio de Janeiro, que não deseja a ninguém "estar diante de uma pressão política, claramente um caso de corrupção" como ele afirma ter estado.

"Não me considero herói nem a pessoa mais honesta do mundo, não tenho história de superação para contar, sempre tive uma vida confortável, mas na conta, trabalhando para isso. Meu pai e minha mãe trabalharam muito, eu estudava e trabalhava e fui criado num ambiente onde os valores de retidão e honestidade sempre foram fundamentais. Não tenho iate, casa na praia nem joia cara, mas tenho reputação e nome. Perco o cargo, mas não perco a cabeça. Esse mundo (do poder em Brasília) é muito diferente, é rotina estar num nível de milhões, a gente vai até perdendo a noção de normalidade das coisas. Eu cheguei a contar para amigos o que estava acontecendo e perguntar: ‘Isso é errado mesmo, como estou pensando, ou eu estou louco?’", contou Calero, que disse ter narrado ao presidente Michel Temer (PMDB) no último dia 17 a pressão que sofria. "Ele falou: 'Mas o presidente sou eu, não o Geddel'. Só que eu percebi que a pressão ia continuar, então preferi sair. Já inventaram várias versões, culparam até a vaquejada (pela saída do ministério), mas saio de cabeça erguida porque sei exatamente o que aconteceu", afirmou.

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"Uma situação como essa, de um ministro ligar para outro ministro pedindo interferência em um órgão público para que uma decisão fosse tomada em seu benefício, não é normal e não pode ser vista assim. Não é normal", afirmou.

O diplomata, que vai voltar ao cargo no Itamaraty, afirmou não ter gravado as conversar com Geddel, mas não está preocupado em ter sua versão contestada pelo ex-colega. "Não tenho nada a temer. Não tenho rabo preso, não sou metido em maracutaia, sou um cidadão de classe média, servidor público, diplomata de carreira, assalariado, não tenho nada a esconder. Nunca agi errado, nunca roubei. Sou um cidadão normal", afirmou.

"Eu tomei uma injeção e doeu. Doeu demais, mas fui convencido pelo médico de que era necessário e agora já estou me sentindo muito melhor", disse o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para explicar como o governo vai tentar convencer a sociedade brasileira da necessidade das reformas previdenciária e trabalhista. De acordo com o ministro, a Previdência não tem como se sustentar se não mudar. "Estamos propondo essas medidas com coragem, sem pensar em popularidade, e queremos apoio para que a Previdência possa pagar seus compromissos", afirmou.

O ministro disse defender pessoalmente que o governo vá à televisão explicar as mudanças propostas, consideradas de difícil aprovação no Congresso. "Eu até defendo que isso entre na propaganda institucional do governo, de forma clara, mostrando o governo fazendo a sua parte, conversando com sua base parlamentar e pedindo apoio à sociedade. Não há outra maneira", disse.

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Segundo Geddel, o texto da reforma previdenciária tem pontos definidos, como a proposta de 65 anos de idade e de igualar todos os aposentados a um projeto só, tanto da atividade pública como da privada, além de estabelecer regras de transição "que não prejudiquem absolutamente ninguém".

"Ainda estamos ouvindo algumas pessoas e vamos levar à apreciação do presidente da República", disse. "Se vamos aprovar (a reforma previdenciária)? Creio que sim, mas quem vai decidir isso são as pessoas, os homens e as mulheres, através dos parlamentares que os representam", comentou.

Prioridade zero. O ministro afirmou que não há pretensão de votar a reforma antes do processo eleitoral e que não sabe se conseguirá votar o texto ainda este ano por conta do rito do parlamento, que não dá para ser atropelado. Segundo ele, junto com a PEC que limita o teto dos gastos públicos, que é a "prioridade zero" do governo, há um interesse claro de fazer da reforma da Previdência uma de suas prioridades, como também a questão da rediscussão e de reformas de leis trabalhistas.

Classificando como uma herança a ser enfrentada, Geddel reconhece que a situação fiscal do Brasil "é muito grave", mas acredita que já há "sinais iniciais da recuperação da economia, ainda muito tênues", mas que podem deixar a possibilidade de criação de impostos como última alternativa.

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