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A morte do general iraniano Qassim Suleimani, em janeiro, fez a embaixada brasileira em Bagdá entrar em alerta. Telegramas enviados ao chanceler Ernesto Araújo - obtidos pelo Estado -, apontaram para o risco de guerra e mostram que os diplomatas adotaram medidas de segurança para proteção dos brasileiros, incluindo a compra de combustível e de comida.

O general iraniano foi morto na madrugada do dia 3 de janeiro, à 1 hora no horário local (19 horas do dia 2 de janeiro, em Brasília). O primeiro relatório da embaixada foi emitido com caráter "urgentíssimo" e relatava o que havia sido reportado pelo noticiário, reproduzia a primeira justificativa dos EUA para a morte - "deter planos iranianos de ataque" - e oferecia ao Itamaraty uma análise da nova conjuntura do Iraque.

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Suleimani era chefe de uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã e o militar de mais alto escalão do país. A ofensiva americana também matou Abu Mahdi al-Muhandis, comandante do Comitê de Mobilização Popular, uma milícia xiita iraquiana apoiada pelo Irã.

"As circunstâncias da morte do general Suleimani e do comandante Abu Mahdi al-Muhandis constituem grave escalada, em território iraquiano, nas disputas envolvendo Irã e EUA e, certamente, deterioram, em muito, o já delicado quadro político-militar no Iraque. Não é descabido temer a eclosão de conflagração interna", diz o comunicado.

A crise no Oriente Médio teve repercussão no Brasil. Jair Bolsonaro prestou solidariedade ao governo dos EUA logo após o ataque. O Brasil disse apoiar a "luta contra o flagelo do terrorismo" e ignorou a morte do militar iraniano. A mensagem foi interpretada com um alinhamento ao discurso de Donald Trump e criticada pela comunidade muçulmana.

Os telegramas a Araújo foram escritos pelo diplomata Flávio Antônio da Silva Dontal, encarregado de negócios da embaixada. Quando a crise começou, o embaixador brasileiro em Bagdá, Miguel Júnior França Chaves de Magalhães, estava de férias. Mesmo assim, todas as ordens para as providências partiram dele.

"Por instrução do titular do posto, que se encontra de férias, determinei às empresas que nos prestam serviços de segurança e logística o reforço de pessoal e coordenação com a polícia federal iraquiana; e aquisição de óleo diesel e de mantimentos adicionais, talvez precauções que se mostrarão excessivas, mas recomendáveis no momento", escreveu Dontal.

Um segundo relatório "urgentíssimo" foi enviado ao Brasil na tarde do dia 3. Nele, a diplomacia brasileira descreveu a escalada da tensão e os protestos em Bagdá. O governo brasileiro foi alertado sobre a decisão de uma empresa de segurança privada americana de retirar 900 funcionários do Iraque por precaução. As tropas dos EUA estavam sendo reposicionadas em países vizinhos e havia expectativa de reação de milícias xiitas no Iraque.

Paralelamente, a embaixada brasileira recebia "inúmeros pedidos de orientação" de brasileiros que vivem no Iraque. Grupos no WhatsApp e no Facebook foram divulgados para facilitar a comunicação. A embaixada também sugeriu a reprodução da nota enviada a esses grupos no site do Itamaraty, o que foi atendido.

"No atual quadro de incertezas e especulações, a embaixada do Brasil recomenda aos portadores de passaporte brasileiro que monitorem as notícias por meio de fontes confiáveis, evitando tomar decisões com base em rumores e especulações que, como sabemos, são comuns e se espalham rapidamente nessas horas de crise", dizia o comunicado.

Funeral

O corpo de Muhandis foi enviado a Najaf, no sul do Iraque. O de Suleimani, a Teerã. A procissão começou ainda no dia 4. O enterro do general só ocorreria três dias depois, com o trágico desfecho de dezenas de pessoas mortas pisoteadas na multidão que foi às ruas prestar homenagens ao militar, considerado um herói nacional.

Contudo, rumores detectados pelo serviço de segurança da embaixada brasileira davam conta de que, na verdade, os restos mortais de Suleimani haviam sido enviados a Teerã antes mesmo do cortejo. No documento elaborado no dia 5, o funeral transcorreu "com razoável normalidade" e o telegrama ganhou prioridade normal nas linhas de comunicação da embaixada com o Itamaraty.

Repercussão

A manifestação oficial do governo brasileiro sobre o episódio provocou reação por parte do Irã. O Ministério das Relações Exteriores iraniano chegou a convocar a encarregada de negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, para explicar a posição. Em Brasília, o governo temia possível represálias terroristas em razão da posição em favor dos EUA.

Dados da empresa AP Exata, publicados pelo Estado no sábado, mostram que o dia do ataque foi o que mais rendeu comentários negativos contra o presidente desde a posse. Internautas que temiam o alinhamento do Brasil com os americanos criaram a hashtag #BolsonaroFicaCalado. O mau humor das redes foi crescente nos dias seguintes. Outro pico de críticas ocorreu no dia 8, quando Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo para acompanhar a fala do presidente americano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Xodó da torcida do Santa Cruz entre 2015 e 2016, o atacante Bruno Moraes está livre no mercado. Após o fim do contrato com o Botafogo-SP, o “General” agora treina por conta própria no interior de São Paulo e espera resolver o destino de sua carreira na próxima semana.

Em conversa com o LeiaJá, Bruno não quis comentar sobre eventuais propostas para a sequência da carreira, mas afirmou ter vontade de voltar a defender o tricolor do Arruda. "Com certeza um dia voltarei a vestir a camisa do Santa Cruz. Mas hoje em dia não teve nenhum contato diretamente comigo", se limitou a dizer.

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A reportagem também ouviu o empresário do jogador, Adão Chaves. Ele afirmou que estuda propostas e quer definir o futuro clube de Bruno Moraes na próxima semana. Ele fez questão de deixar claro que não houve procura pelo atacante por parte do Santa Cruz, mas que não seria impeditivo para uma possível volta do jogador o fato do clube estar na série C. “Futebol é muito dinâmico”, disse.

Adão fez muitos elogios ao tricolor do Arruda. “As pessoas não têm noção da grandeza do Santa Cruz. É um clube que tem um patrimônio imenso, que é a sua torcida. Sem dúvida que um dia o Bruno vai voltar a defender essas cores, porque teve um bom desempenho e criou uma identificação. Ele é querido pela torcida”, disse, reiterando que não houve procura da direção coral ou do patrocinador máster, que prometeu um jogador midiático no Santa Cruz.

Pelo menos 32 pessoas morreram, e cerca de 190 ficaram feridas, em um tumulto registrado nesta terça-feira (7), em Kerman, ao sudeste do Irã, onde é celebrado o funeral do general Qassem Soleimani, acompanhado por milhares de iranianos - informaram fontes oficiais à televisão pública.

"Infelizmente e devido à extraordinária multidão que se concentrou, 32 dos nossos compatriotas perderam a vida", em meio ao gigantesco cortejo fúnebre que avança em homenagem ao general, declarou o chefe do Serviço Nacional de Urgências iraniano, Pir Hossein Koulivand, à emissora estatal.

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Ainda segundo ele, 190 pessoas ficaram feridas.

O centro de Kerman, cidade natal do oficial que foi morto em um ataque americano na sexta-feira e que será enterrado à tarde, foi invadido por uma maré humana semelhante à que varreu no domingo e na segunda-feira Teerã e outras cidades por onde os caixões do general e de seus companheiros de armas passaram.

Chefe da Força Al-Quds, uma unidade de elite encarregada das operações externas da Guarda Revolucionária (Exército ideológico iraniano), Soleimani era o arquiteto da estratégia do Irã no Oriente Médio. Ele foi morto em um ataque de drone americano em frente ao aeroporto de Bagdá.

O processo de "expulsão dos Estados Unidos da região já começou", disse à multidão em Kerman o comandante-chefe da Guarda Revolucionária, major-general Hossein Salami.

"Nossa vontade é firme. Dizemos a nossos inimigos que vamos nos vingar e que, se eles atacarem novamente, atearemos fogo no que eles adoram", disse em tom enigmático. "Eles sabem de que lugares estou falando", completou.

Nesta terça, o Parlamento iraniano adotou, em caráter de urgência, uma lei que classifica todas as forças armadas americanas como "terroristas" após o assassinato de Soleimani.

- 'Terroristas' -

Para isso, adotou uma emenda à lei que declara "terroristas" as forças americanas enviadas ao Chifre da África e à Ásia Central, passando pelo Oriente Médio.

A denominação agora se estende a todas as forças americanas, aos responsáveis pelo assassinato de Soleimani e a qualquer pessoa física, ou jurídica, envolvida em sua morte.

"O mártir Qassem Soleimani está mais poderoso e vivo agora do que morto" e "mais perigoso para o inimigo", garantiu o chefe da Guarda Revolucionária diante dos caixões do oficial e de seu braço direito, o general de brigada Hossein Pourjafari, expostos entre coroas de flores na praça Azadi, em Kerman.

Elevado postumamente ao posto de general de corpo do Exército, patente inutilizada há anos no Irã, o oficial é amplamente considerado em seu país como um herói pela luta travada contra os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria.

Aos olhos dos iranianos, isso permitiu que sua nação multiétnica evitasse a desintegração ocorrida no Iraque, na Síria, ou no Afeganistão.

"Estamos aqui para prestar homenagem ao grande comandante da Defesa sagrada", disse Hemmat Dehghan, referindo-se ao papel de Soleimani na defesa do país durante a guerra Irã-Iraque (1980-1988).

"Ele era amado não apenas em Kerman, ou no Irã, mas em todo mundo", ressaltou esse veterano, de 56 anos.

- "Desescalada" -

"O mundo inteiro, os muçulmanos, os xiitas, o Iraque, a Síria, o Afeganistão e especialmente o Irã: todos lhe devem muito por sua segurança", acrescentou este homem, que disse ter chegado procedente de Shiraz, a mais de 500 quilômetros de distância.

Desde o assassinato de Soleimani, a comunidade internacional teme uma nova grande explosão no Oriente Médio.

Enquanto os principais líderes civis, religiosos e militares iranianos se revezam para anunciar uma terrível vingança, os pedidos de "desescalada" aumentam em todo mundo.

O ex-presidente francês François Hollande considerou que o presidente americano, Donald Trump, "ameaçou o mundo" com sua decisão "mais do que infeliz" de eliminar o general.

Nesse clima hipertensivo, após meses de pressão entre Washington e Teerã, em um cenário de escalada militar no Golfo e tensões em torno da questão nuclear iraniana, os Estados Unidos criaram confusão na segunda-feira ao transmitir por engano às autoridades iraquianas uma carta anunciando os preparativos para a retirada de seus soldados do Iraque.

A carta se referia a uma votação realizada no domingo no Parlamento iraquiano. Nela, exigia-se do governo que expulsasse as tropas estrangeiras do Iraque, depois do ataque que matou o general Soleimani.

Em entrevista coletiva, o secretário americano da Defesa, Mark Esper, garantiu que "nenhuma decisão foi tomada para deixar o Iraque. Ponto".

Circula nas redes sociais um vídeo no qual a bandeira dos Estados Unidos aparece sobre um caixão, em alusão a 'severa vingança' prometida pelo o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã. Esse é o pedido de parte dos iranianos, após o assassinato de uma das figuras mais importantes na política do país, o general Qassem Soleimani, ocorrida na sexta-feira (3).

Os três dias de luto encerram nesta segunda-feira (6), com o sepultamento do militar, de 62 anos, na capital Teerã. Milhões de iranianos acompanham o funeral e entoam gritos contra os EUA e o presidente Donald Trump, autor da ordem para bombardear Soleimani, tido como um herói no país.

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No Twitter, a bandeira americana foi usada por Trump após ordenar a execução do general. A mesma bandeira ressurgiu sobre um caixão enquanto um contador de mortes cresce progressivamente em torno de 143 mil vítimas. Ao fim das imagens, a hashtag #severerevenge - vingança severa - reforça as palavras do líder iraniano.

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Exonerado em junho do comando da Secretaria de Governo, o general Carlos Alberto Santos Cruz avaliou o primeiro ano de mandato do presidente Jair Bolsonaro. O ex-ministro criticou o envolvimento dos filhos do presidente na gestão e a inconstância com seu discurso de campanha. Na visão do general, o combate à corrupção trouxe 'desilusão para muita gente'.

Junto com o antipetismo, o combate à corrupção foi o ponto que elevou Jair Bolsonaro à cadeira presidencial. Contudo, Santos Cruz destaca que apenas um ganhou visibilidade. "O combate à corrupção não ficou tão caracterizado e acho até que em alguns pontos se afastou, se afastou disso aí. E isso aí eu acho que trouxe desilusão para muita gente", avaliou à BBC Brasil.

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Ele criticou a interferência dos filhos no Governo e propõe que os ministros mais próximos - general Augusto Heleno, Jorge Antônio Oliveira, Onyx Lorenzoni e o general Eduardo Ramos- devem alertá-lo sobre tal participação. "O que não é normal é o que está acontecendo aqui quando você vê a interferência, familiares se metendo no Twitter, dando opinião sobre conduta de ministro”, descreveu.

Tido como o responsável por sua demissão, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) atacou Santos Cruz nas redes sociais e divulgou uma suposta conversa no WhatsApp onde criticava Jair Bolsonaro. Ele se defende e garante que as imagens são ‘coisa falsa’. “Coisa falsa sendo entregue para o presidente, mas o presidente não quer dizer quem é que entregou a falsidade para ele. Então, esse tipo de atitude são coisas que saem da normalidade", afirmou.

Ele reafirma a inocência ao relatar que viajava de avião no momento da conversa ‘forjada’. "Uns criminosos vagabundos de baixo nível fazem aquilo, entregam para o presidente [a imagem], incrivelmente ele acredita naquilo e incrivelmente ele até hoje se nega a dizer quem levou aquilo para ele. São coisas que não se pode esperar de uma autoridade que tem essa responsabilidade", disparou.

Com dois dos três filhos investigados, além da suspeita de seu antigo gabinete ter admitido familiares como funcionários fantasmas no período em que era deputado, o general da reserva preferiu não tomar partido sobre a corrupção envolvendo o clã Bolsonaro, mas entende que "a partir da hora que se incorre nesse erro que seja cumprida a lei. Não acho que são cidadãos acima da lei".

Para o general, Bolsonaro largou o PSL pela confusão interna para deter o controle das verbas dos fundos partidários e eleitoral. "Eu vejo uma disputa de liderança principalmente por controle de recursos, o fundo partidário é muito forte no Brasil e no ano que vem o fundo eleitoral é outro valor grande (serão R$ 2 bilhões, dos quais cerca de R$ 185 milhões devem ir para o PSL). Então, eu vejo essa divisão, essa briga toda, mais vinculada a controle de recursos de fundo partidário, de fundo eleitoral, do que de discordância em filosofia", declarou.

Santos Cruz reforça o compromisso com a política e revela que recebeu convites de partidos, dentre eles o PSDB. Contudo ainda analisa propostas e cravou que não voltará a formar parceria como presidente. "Eu não entraria em um partido hoje do presidente Bolsonaro de jeito nenhum. Ele tem valores que não coincidem com os meus; ele tem atitudes que eu acho que não têm cabimento", explicou sobre a possibilidade de filiar-se ao Aliança pelo Brasil.

A resposta do Irã ao assassinato do general Qassem Soleimani, morto na sexta-feira num ataque americano em Bagdá, "será militar", disse um conselheiro do guia supremo iraniano em entrevista, neste domingo (5), ao canal americano CNN.

"A resposta será certamente militar e contra locais militares", disse à CNN o brigadeiro-general Hossein Dehghan, conselheiro militar do aiatolá Ali Khamenei.

"O Irã não está buscando a guerra, mas está pronto para enfrentar qualquer situação", declarou por sua vez o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Abbas Moussavi, em entrevista coletiva em Teerã.

Os líderes da República Islâmica se esforçarão para responder ao assassinato de Soleimani "de uma maneira que fará o inimigo se arrepender de seu gesto, mas também, tanto quanto possível, de uma maneira que não arraste a nação iraniana para uma guerra", acrescentou.

"Foi a América que iniciou a guerra", disse o general Dehghan à CNN, de acordo com a transcrição em inglês desta entrevista em persa.

"Consequentemente, eles devem aceitar que as reações serão adaptadas às suas ações", acrescentou.

"A única coisa que pode acabar com esse momento de guerra é os americanos receberem um golpe igual ao que lançaram", disse o ex-ministro da Defesa.

O aiatolá Khamenei prometeu na sexta-feira que uma "vingança implacável" aguarda os Estados Unidos após o assassinato de Soleimani.

Em comunicado, o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã garantiu, sem maiores detalhes, que essa "vingança dura" aconteceria "no lugar certo e na hora certa".

Comandante da Força Al-Qods, unidade de elite da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica e arquiteto da estratégia iraniana no Oriente Médio, o general Qassem Soleimani foi morto na sexta-feira em um ataque aéreo americano em frente ao aeroporto de Bagdá.

mj/feb/mr

Uma maré humana tomou as ruas de Ahvaz neste domingo (5), no primeiro de três dias de homenagem nacional no Irã ao general Qassem Soleimani, morto na sexta-feira (3) num ataque americano no Iraque.

Colocados no teto de um caminhão florido e cobertos com uma manta representando a Cúpula da Rocha de Jerusalém, os caixões de Soleimani e de Abu Mehdi al-Mouhandis, chefe militar iraquiano pró-Irã morto no mesmo ataque, percorreram muito lentamente o centro de Ahvaz, segundo imagens da televisão estatal iraniana.

Cidade no sudoeste do Irã, com uma grande minoria árabe, Ahvaz é a capital do Khuzistão, uma província mártir da guerra Irã-Iraque (1980-1988), durante a qual o general começou a brilhar.

A televisão estatal iraniana transmite ao vivo desde o início da manhã um programa especial sobre a homenagem nacional, que deve continuar neste domingo em Machhad (nordeste), em Teerã, domingo e segunda-feira, depois em Qom (centro), antes do enterro previsto para terça-feira em sua cidade natal, Kerman (sudeste).

As autoridades declararam três dias de luto nacional. A morte do general Soleimani também parece ter adiado o anúncio de uma nova redução dos compromissos internacionais do Irã em seu programa nuclear, que poderia ter sido anunciada nos primeiros dias de janeiro.

A multidão em Ahvaz carrega bandeiras vermelhas (cor do sangue dos "mártires"), verdes (cor do Islã) e brancas decoradas com dizeres religiosos, além de retratos do general que comandava a força Al Qods, uma unidade de elite da Guarda Revolucionária, o exército ideológico da República Islâmica.

A agência Isna falou de uma multidão "inumerável", a agência Mehr, próxima dos ultra-conservadores, de um "número incrível" de participantes e a televisão estatal de uma "multidão gloriosa".

"Seu sonho" 

Homens e mulheres choram enquanto batem no peito ao som de um canto xiita: "Você alcançou seu sonho, encontrou o imã Hussein".

Neto de Maomé, o imã Hussein é uma das figuras sagradas mais reverenciadas do xiismo, a quem os fiéis costumam se referir como o "senhor dos mártires".

Gritos de "Morte à América" também são repetidos com veemência.

Soleimani, responsável pelas operações externas do Irã e arquiteto da estratégia do seu país do Oriente Médio, e Mouhandis foram mortos na sexta-feira em um ataque americano com drone nos arredores do aeroporto de Bagdá.

A morte de Soleimani, que o Irã prometeu vingar, chocou a República Islâmica e levantou temores de outra guerra no Oriente Médio.

O presidente americano Donald Trump, que ordenou o assassinato do general, anunciou no sábado que os Estados Unidos selecionou 52 alvos no Irã e que os atacará "muito rapidamente e com muita força" se a República Islâmica atacar pessoal ou locais americanos.

Alguns desses locais "são de alto nível e muito importantes para o Irã e para a cultura iraniana", escreveu Trump no Twitter.

"Se eles atacarem novamente, o que eu recomendo fortemente que não o façam, nós os atacaremos com mais força do que nunca!", acrescentou o presidente americano.

"Presença maligna"

Trump ressaltou que o número de 52 alvos iranianos corresponde simbolicamente ao número de americanos mantidos reféns por mais de um ano a partir do final de 1979 na embaixada dos Estados Unidos em Teerã.

"Visar locais culturais é um crime de guerra", disse o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, no Twitter.

"Tendo violado seriamente o direito internacional" com os "assassinatos covardes" de Soleimani e Mouhandis, Trump "ainda ameaça cometer novas violações (...) das normas imperativas do direito internacional", para cruzar novas "linhas vermelhas", acrescentou Zarif.

Citado pela agência oficial Irna, o general de divisão Abdolrahim Mussavi, comandante em chefe do Exército iraniano, disse duvidar que os Estados Unidos "tenham a coragem" de cumprir suas ameaças.

As facções pró-Irã no Iraque aumentaram, no sábado, a pressão sobre as bases que abrigam soldados americanos ao final de um dia de enormes manifestações em homenagem ao general Soleimani.

Foguetes e morteiros caíram quase simultaneamente na Zona Verde de Bagdá, onde está localizada a embaixada americana, e em uma base militar mais ao norte, onde soldados americanos estão destacados, sem causar vítimas.

O próximo ato pode acontecer no Parlamento iraquiano, onde os pró-Irã poderiam obter neste domingo uma votação ordenando a saída dos soldados americanos do país, o que provavelmente seria seguido pela expulsão de todas as tropas estrangeiras da coalizão anti-jihadista liderada por Washington.

"Contra sua vontade, o fim da presença maligna dos Estados Unidos na Ásia ocidental começou", disse Zarif no Twitter.

Um bombardeio dos Estados Unidos matou nesta sexta-feira (3) o influente general Qasem Soleimani e um líder pró-Teerã no aeroporto internacional de Bagdá, o que exacerbou as tensões regionais e provocou pedidos de "vingança" do Irã.

O Pentágono afirmou que o presidente Donald Trump deu a ordem de "matar" Soleimani depois que uma multidão pró-Irã atacou a embaixada americana em Bagdá na terça-feira (31).

O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, pediu "severa vingança" pela morte de Soleimani, na mais grave escalada em uma temida guerra entre Irã e Estados Unidos em território iraquiano.

A embaixada americana recomendou a seus cidadãos que abandonem "imediatamente" o Iraque. O presidente Trump tuitou uma foto da bandeira dos Estados Unidos, sem qualquer explicação.

O bombardeio americano, nas primeiras horas da sexta-feira contra um comboio de veículos no aeroporto internacional de Bagdá, matou nove pessoas, incluindo o general Soleimani, que era responsável pelas questões iraquianas na Guarda Revolucionária, o exército ideológico do Irã, e Abu Mehdi al-Muhandis, que tinha dupla cidadania iraquiana e iraniana, o número dois das Forças de Mobilização Popular, ou Hashd al Shaabi, uma coalizão paramilitar pró-Teerã integrada ao Estado iraquiano.

"Esta é a maior operação de decapitação já realizada pelos Estados Unidos, maior que as que mataram Abu Bakr al-Bagdadi ou Osama bin Laden", líderes do Estado Islâmico (EI) e da Al-Qaeda respectivamente, afirmou Phillip Smyth, analista americano especializado em grupos armados xiitas.

Uma fonte militar americana afirmou à AFP que o impacto que pulverizou dois veículos do comboio foi executado com um "tiro de precisão de drone".

Também afirmou, sob anonimato, que alguns dos 750 soldados adicionais mobilizados chegaram a Bagdá para reforçar a segurança na embaixada americana.

As reações ao bombardeio foram quase imediatas. China, União Europeia, Grã-Bretanha, França e Alemanha pediram calma e prudência.

O Irã e seus movimentos satélites, como o Hezbollah libanês, o Hamas palestino ou os huthis iemenitas, clamaram vingança.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu interrompeu sua viagem à Grécia para retornar em caráter de urgência ao país.

"Não há nenhuma dúvida de que a grande nação do Irã e outras nações livres da região se vingarão por este crime horrível dos criminosos Estados Unidos", prometeu o presidente iraniano, Hassan Rohani.

A diplomacia iraniana convocou o embaixador da Suíça, que representa os interesses dos Estados Unidos em Teerã.

Em Teerã, milhares de pessoas saíram às ruas para protestar contra os "crimes" americanos e gritaram frases como "Morte aos Estados Unidos".

- Entre dois inimigos -

As mortes desta sexta-feira aumentam o temor citado por vários analistas há alguns meses: que o território do Iraque se transforme em um campo de batalha indireto para Irã e Estados Unidos.

O presidente iraquiano Barham Saleh pediu "moderação" a todos, enquanto vários comandantes pró-Irã pediram aos combatentes que "estejam preparados" para responder ao ataque americano.

O primeiro-ministro iraquiano, Adel Abdel Mahdi, teme que o ataque provoque uma "guerra devastadora no Iraque", ao mesmo tempo que o influente líder xiita iraquiano Moqtada Sadr anunciou a reativação de sua milícia anti-EUA, o Exército de Mehdi, e ordenou que seus combatentes fiquem preparados.

O grande aiatolá Ali Sistani, figura tutelar da política iraquiana, considerou o ataque americano "injustificável", enquanto seu representante na cidade sagrada xiita de Kerbala leu o sermão que denunciou "uma violação flagrante da soberania iraquiana". Centenas de fiéis gritaram "Não aos Estados Unidos".

Há vários anos o Iraque se encontra no meio do fogo cruzado entre seus dois grandes aliados: Estados Unidos e Irã.

Em 2003, ao derrubar o regime de Saddam Hussein, Washington passou a controlar as questões iraquianas. Mas Teerã e o movimento pró-Irã se infiltraram no sistema aplicado pelos americanos.

As forças pró-Teerã acumularam um arsenal graças ao Irã, mas também ao longo de anos de combate junto com os americanos, em particular contra o Estado Islâmico.

Washington respondeu à ação contra sua embaixada, que fica no centro da ultraprotegida Zona Verde de Bagdá, assim como a semanas de ataques com foguetes contra seus diplomatas e soldados.

"Os serviços de inteligência americanos seguiam Qasem (Soleimani) há muitos anos, mas nunca apertaram o gatilho. Ele sabia, mas não calculou até que ponto suas ameaças de criar outra crise de reféns na embaixada (em Bagdá) mudaria as coisas", explicou à AFP Ramzy Mardini, do 'Institut of Peace', recordando o trauma provocado nos Estados Unidos pela tomada de reféns na representação diplomática americana em Teerã em 1979.

"Trump mudou as regras ao eliminá-lo", disse.

- Divisão política nos EUA -

As consequências do assassinato seletivo de uma das figuras mais populares do Irã provocaram preocupação nos Estados Unidos e uma nova divisão entre democratas e republicanos, que apoiaram o ataque, a menos de um ano das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

O Congresso americano não foi informado com antecedências sobre o ataque.

Este bombardeio ameaça provocar "uma perigosa escalada da violência", advertiu a presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi.

As principais Bolsas do mundo operavam em queda nesta sexta-feira, enquanto as cotações do petróleo registravam alta.

O petróleo iraniano está submetido a sanções americanas e a crescente influência de Teerã no Iraque, o segundo maior produtor da Opep, gera o temor entre os especialistas de um isolamento diplomático e de sanções políticas e econômicas

Na praça Tahrir de Bagdá, epicentro dos protestos contra o governo e seu aliado Irã que abalam o país há mais de três meses, dezenas de iraquianos celebraram a morte do general Soleimani. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, compartilhou um vídeo no Twitter de pessoas "dançando pela liberdade".

O general iraniano Qasem Soleimani e o líder paramilitar iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis morreram na noite desta quinta-feira em um ataque dos Estados Unidos com mísseis contra o Aeroporto de Bagdá, três dias após manifestantes pró-Irã tentarem invadir a embaixada americana na capital do Iraque, confirmou o Pentágono.

Segundo o departamento americano de Defesa, a ordem para liquidar Soleimani partiu diretamente de Donald Trump.

"Sob as ordens do presidente, o Exército americano adotou medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal americano e estrangeiro e matou Qasem Soleimani", informou o Pentágono.

O general Soleimani liderava a força Al-Qods dos Guardiões da Revolução encarregada das operações no exterior. Al-Muhandis era o número dois da Hashd al Shaabi e seu chefe operacional.

Na terça-feira, milhares de apoiadores, combatentes e altos comandantes do Hashd al Shaabi protestaram na Zona Verde de Bagdá contra os ataques dos Estados Unidos a grupos paramilitares pró-Irã.

Os manifestantes quebraram as janelas e invadiram as instalações de segurança da embaixada americana, sem que as forças iraquianas que protegiam o local reagissem.

Os Guardiões da Revolução, o exército ideológico da República Islâmica, confirmaram que "o glorioso comandante do Islã Haj Qasem Soleimani ao final de uma vida de servidão morreu como mártir em um ataque dos Estados Unidos contra o aeroporto de Bagdá", em nota divulgada na TV estatal em Teerã.

As vítimas estavam em um comboio das Forças de Mobilização Popular (Hashd al Shaabi), uma coalizão de paramilitares majoritariamente pró-Irã e atualmente integrada ao Estado iraquiano, revelou o porta-voz do grupo Ahmed al-Assadi.

"Três mísseis atingiram o Aeroporto Internacional de Bagdá próximo ao terminal de carga, e dois explodiram", matando ao menos oito pessoas, confirmaram funcionários iraquianos, que pediram para não ser identificados.

O Iraque tem sido palco, nas últimas semanas, de uma espiral de tensão que ameaça transformar o país em um campo de batalha entre forças apoiadas por Estados Unidos e Irã.

Desde o final de outubro, militares, funcionários terceirizados e diplomatas americanos são alvo de ataques no país.

Washington, que acusa as Forças de Mobilização Popular de estar por trás do ataque à sua embaixada em Bagdá, havia bombardeado no domingo posições do grupo na zona de fronteira com a Síria, matando 25 combatentes.

O ataque americano foi lançado em resposta ao disparo de um foguete que matou um empreiteiro americano na sexta-feira em uma base militar no norte do Iraque, que Washington atribuiu às brigadas do Hezbollah no país.

O Comandante do Exército durante o governo de Dilma Rousseff e o de Michel Temer, o general Eduardo Villas Bôas, disse que a democracia do Brasil "foi colocada à prova", mas passou no teste.

O general concedeu uma longa entrevista ao jornal O Globo, que foi publicada neste domingo. Para o militar, o país correu risco institucional entre o impeachment e a divulgação dos diálogos da JBS.

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"Confesso que fiquei preocupado, porque vi ali uma possibilidade de o Exército ser empregado contra as manifestações. Contudo, corre uma versão de que a presidente Dilma teria me chamado e determinado a decretação do 'Estado de Defesa', e eu teria dito que não cumpriria. Isso não aconteceu. Mas que houve a sondagem, ela de fato houve", afirmou Villas Bôas ao jornal.

O general de 68 anos enfrenta uma doença neuromotora de caráter degenerativo, respira com ajuda de aparelho e se locomove em cadeira de rodas.

"Quando Deus quer ter uma conversa particular com você, ele te dá uma doença assim", confidenciou o militar aos jornalistas da publicação.

Ao comentar a situação atual do país, Villas Bôas demonstrou otimismo.

"Fomos repetidamente colocados à prova. Não vejo nenhum risco", concluiu o general.

Da Sputnik Brasil

O general Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército e atual assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), recebeu alta hospital neste sábado, 12, após resolução do quadro respiratório que provocou sua internação, informou a assessoria de comunicação do GSI.

Villas Bôas estava internado desde o dia 6 no Hospital Sírio Libanês, em Brasília, quando foi transferido do Hospital das Forças Armadas (HFA).

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O ex-comandante, de 67 anos, sofre de uma doença neuromotora degenerativa.

Mais cedo, o GSI havia informado que o general tinha apresentado uma "melhora considerável" do quadro. Agora, segundo a assessoria, Villas Bôas já está em casa, e continua com visitas restritas aos familiares.

"A família agradece a dedicação e o empenho da equipe médica e interdisciplinar do Hospital das Forças Armadas e do Hospital Sírio Libanês de Brasília", diz a nota.

O empresário Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho foi preso em Miami, Estados Unidos, por suspeita de integrar um esquema envolvendo pagamento de propina a dirigentes do Banco de Brasília (BRB). O suposto acordo seria em troca de recursos para a construção do Trump Hotel, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Ele é neto do último ditador brasileiro, o general João Baptista Figueiredo.

A operação da Polícia Federal aponta que pelo menos R$ 16,5 milhões foram pagos a diretores do BRB. A intenção era que liberassem recursos de fundos de pensão estatais e de órgãos públicos para projetos que davam prejuízo e não passavam por análise técnica adequada. O empresário estava foragido e era procurado pela Interpol, mas foi capturado na última sexta-feira (2).

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Houve um tempo em que o general de brigada Sérgio Augusto de Avellar Coutinho, um dos mais importantes pensadores militares, afirmava que o presidente Jair Bolsonaro fazia "o jogo das esquerdas". Para ele, a atuação política do então capitão da reserva só servia "para reforçar uma campanha de descrédito das Forças Armadas perante a opinião pública, comprometer a respeitabilidade do militar e quebrar a coesão interna" do Exército.

Coutinho vinculava Bolsonaro a "iniciativas desastradas" que podiam desprestigiar a autoridade dos chefes militares e "criar lideranças informais e hierarquias paralelas". O general - estudioso da guerra revolucionária - expressou-se assim quando comandava o Centro de Informações do Exército (CIE), em 1989, em dois Relatórios Periódicos Mensais do órgão - os de n.º 05/89 e 09/89.

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Nos anos 1980, o general foi um dos primeiros militares a difundir nas Forças Armadas textos que abordavam a influência do pensador marxista Antonio Gramsci na estratégia das esquerdas no Brasil.

Na reserva, tornou-se uma espécie de "guru" da direita no País. Coutinho publicou livros pela Biblioteca do Exército, como Cenas da Nova Ordem Mundial e A Revolução Gramcista no Brasil. Dava palestras no Clube Militar nas quais afirmava que "o marxismo cultural", por meio da criação de "um novo senso comum" ancorado no "politicamente correto", criava o "consenso na sociedade". Este era interpretado como um instrumento para a socialização do País, discurso que influenciaria o de Bolsonaro. O general morreu em 2011.

Alvo de suas críticas nos relatórios confidenciais do CIE, Bolsonaro era então vereador - preparava a primeira candidatura a deputado federal - e ocupava a vice-presidência da Federação das Associações de Militares da Reserva. A Famir reunia militares inativos e pensionistas e defendia as reivindicações dos militares.

Coutinho não foi o único general que, na época, criticava Bolsonaro. A atuação classista do capitão fez com que tivesse a entrada proibida nos quartéis, após colidir com os ministros do Exército Leônidas Pires Gonçalves (1985-1990) e Carlos Tinoco (1990-1992). Julgavam-no inconsequente e intransigente. Ou, nas palavras de Coutinho, alguém que "procurava semear um clima de discórdia, incompreensão e descrédito no público interno".

Prontuário

Coutinho não se limitava a informar fatos nos relatórios do CIE. Ele também fazia análises, um estilo que contrastava com os dos chefes anteriores do centro, como o general Tamoyo Pereira das Neves. Desde 1987 até 1990 os generais do CIE, por meio da Seção 102 (Informações) do órgão, produziram documentos sobre Bolsonaro para os chefes militares e alimentaram seu prontuário no centro: o de n.º 18658-5.

Além de vigiar e acompanhar as atividades de Bolsonaro, a inteligência militar também espalhava suas análises e descobertas pelos quartéis. Na época de Coutinho, os relatórios mensais tinham 340 cópias, que eram distribuídas "até o nível de unidade" com o objetivo de "difundir informações relacionadas à defesa interna". Era praticamente o triplo do que era feito no comando do general Tamoyo, seu antecessor.

Assim, os textos de Coutinho sobre Bolsonaro tiveram difusão ampla na Força, pois o general acreditava que "o comandante de unidade tem o dever de manter seus homens informados". "A utilização de trechos (do relatório confidencial), desde que preservado o sigilo da fonte, poderá ser feita para atingir os objetivos já citados."

Compostura

No relatório de maio de 1989, o texto sobre Bolsonaro (Compostura Militar) dividia a página - a de número 6, com a assinatura de Coutinho no alto - com outro sobre o líder do PT Luiz Inácio Lula da Silva - condenado e preso na Lava Jato -, que tinha o título Desinformação.

Um texto analisava o "socialismo moreno" do ex-governador Leonel Brizola, a quem acusava de ter usado nos anos 1960 recursos de Cuba para "alimentar movimentos revolucionários". Mais adiante, criticava o secretário-geral do PCB, Salomão Malina, por não ter verdadeiramente desistido da luta armada para a tomada do poder e ser financiado pela União Soviética.

Em setembro, Coutinho escreveu que a "permissividade da sociedade brasileira, pacientemente elaborada nos últimos 10 anos, através dos meios de comunicação social, infiltrados pela esquerda, tem criado uma aceitação 'sem preconceitos' e 'democrática' de tudo: da destruição da família ao desamor à Pátria, da tolerância ao crime à complacência aos antigos terroristas". Denunciou ainda "a radicalização do PT" e concluía com a acusação a Bolsonaro - Fazendo o Jogo das Esquerdas II: Famir. A inteligência do Exército chegou a se infiltrar na Famir. Em sigilo, pelos menos três colegas de Bolsonaro, da turma de 1977 da Academia Militar das Agulhas Negras, denunciaram sua atuação para o CIE.

Seria pelo trabalho silencioso - revelou um general ao Estado - de um dos maiores agentes da história do CIE, o tenente-coronel João Noronha Neto, o Doutor Nilo, que começaria a reconciliação da cúpula militar com Bolsonaro, um processo iniciado nos anos 1990 que só se concluiria no ano passado.

O Estado procurou o Centro de Comunicações do Exército e a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, mas eles não se manifestaram sobre os relatórios de Coutinho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, irá para Colômbia na próxima segunda-feira (25) representar o Brasil no Grupo de Lima (que reúne 14 países), em um encontro em Bogotá, comandado pelo presidente colombiano, Iván Duque, e no qual estará presente também o vice-presidente norte-americano, Mike Pence.

Mourão confirmou sua presença na reunião em mensagem postada na conta pessoal no Twitter. Segundo ele, foi designado pelo presidente Jair Bolsonaro para participar da reunião em Bogotá, capital da Colômbia. O porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, confirmou que o ministro das Relações Exteriores, Eenesto Araújo, participará do encontro no dia 25. 

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“Por determinação do presidente @jairbolsonaro estarei na segunda-feira, 25, em Bogotá, na Colômbia, para representar o Brasil na reunião do Grupo de Lima. Discutiremos os desdobramentos da crise na Venezuela, que fechou sua fronteira hoje com nosso país.”

A reunião ocorre poucos dias depois de o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciar o fechamento da fronteira com o Brasil, previsto para ocorrer na noite de hoje (21).

Com a fronteira fechada, aumenta a dificuldade para o repasse de ajuda humanitária, organizada pelo Brasil, que instalou duas centrais de distribuição em Boa Vista e Pacaraima, em Roraima. No entanto, o governador de Roraima, Antonio Denarium, afirmou hoje à Agência Brasil, que busca alternativas para garantir que medicamentos e alimentos cheguem aos venezuelanos.

A crise humanitária e o agravamento da situação política e econômica na Venezuela levaram o Brasil e 11 dos 14 países que integram o Grupo de Lima a reconhecer como presidente interino, Juan Guaidó, considerado o governante legítimo.

O general do alto escalão da força área da Venezuela Francisco Yanez retirou seu apoio ao governo de Nicolas Maduro neste sábado. Yanez é o primeiro oficial de alta patente do país a abandonar Maduro desde o dia 23 de janeiro, quando o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autodeclarou presidente do país.

"A transição para a democracia é iminente", disse Yanez em um vídeo postado no YouTube, descrevendo Maduro como um ditador e se referindo a Guaidó como seu presidente. No vídeo, o general diz ainda que "90 por cento" das forças armadas da Venezuela estão contra Maduro.

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Yanez se recusa a dizer se ainda está na Venezuela ou fora do país. A reportagem da agência Associated Press conseguiu contato com ele ligando para um número de celular da Colômbia. Yanez confirmou sua posição e disse que não daria mais declarações até ter autorização do "comandante-chefe da força armada legal (do país), que é o presidente Juan Guaidó". Fonte: Associated Press.

Em seu primeiro dia como presidente em exercício, o general Hamilton Mourão buscou nessa segunda-feira (21) manter a rotina habitual, inclusive despachando no seu gabinete na vice-presidência, no anexo do Palácio do Planalto. Ele chegou às 9h10, bem-humorado, brincou com os jornalistas que o aguardavam e comemorou a vitória do Flamengo sobre o Bangu por 2 x1.

“Bom dia. Só queria dizer o seguinte: extrema satisfação que o Flamengo venceu ontem e o Botafogo perdeu”, disse Mourão, antes de entrar no prédio.

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O único compromisso previsto na agenda na parte da manhã foi às 10h, Mourão recebeu Miguel Angelo da Gama Bentes para discutir projetos de mineração estratégica.

Após o almoço, Mourão afirmou que o tempo de serviço prestado pelos militares na ativa deve aumentar, a partir da reforma da Previdência. Questionado se o período de contribuição passaria de 30 anos para 35 anos, Mourão afirmou: “Em tese, é isso aí, com uma tabela para quem já está no serviço, um tempo de transição”.

À tarde, o presidente em exercício teve encontros com os embaixadores da Alemanha, Georg Witschel, e Tailândia, Susarak Suparat, com os quais tratou sobre questões climáticas e reformas.

No final da tarde, Mourão se reuniu com o coronel Hélcio Bruno de Almeida cujo currículo o descreve como especialista em defesa e segurança com atenção no combate ao terrorismo. Depois, se encontrou com dois generais.

Mourão deixou o Planalto por volta de 18h40, mantendo o bom humor. Questionado por repórteres sobre seu dia, reagiu: “No news, good news [sem notícia, boa notícia] Zero. Sem problemas.”

Até a próxima sexta-feira (25), o general da reserva Hamilton Mourão (PRTB) estará à frente da Presidência da República. O vice-presidente assumiu o exercício do mandato na madrugada desta segunda (21), pouco antes do presidente Jair Bolsonaro (PSL) embarcar para Davos, na Suíça. Esta é a primeira vez, desde o fim do regime militar em 1985, que um general fica no cargo.  

O último militar desta patente a estar como presidente foi João Figueiredo, de 15 de março de 1979 a 15 de março de 1985, quando entregou o cargo a José Sarney, encerrando o período da ditadura.

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Agora em outro cenário, com a democracia em evidência, a ascensão do general à Presidência será mais frequente. Uma vez que ele é o primeiro na linha sucessória e, sempre que Jair Bolsonaro se ausentar do país, terá a responsabilidade de guiar a administração federal.

Apesar de ser dono de declarações e posturas polêmicas, nesta segunda, Mourão já avisou que "por aqui, manteremos a posição" com a ausência de Bolsonaro. No próximo dia 28, quando está marcada a cirurgia do presidente para a retirada da bolsa de colostomia, o general deve voltar ao exercício do mandato. 

Indicado pelo vice-presidente eleito, o também general Hamilton Mourão, Marco Aurélio Costa Vieira pode assumir a área de Esportes, que perderá status de ministério no futuro governo e será incorporada à pasta da Cidadania.

A ligação com as Forças Armadas tem sido um trunfo para candidatos a vagas na futura gestão. Até agora, Bolsonaro já escolheu seis militares e outros dois nomes com formação militar para o primeiro escalão do governo. Além do vice, que acumulará funções da Casa Civil, o novo governo terá os generais Augusto Heleno, futuro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); Carlos Alberto dos Santos Cruz, que irá para a Secretaria de Governo, e Fernando Azevedo e Silva, no Ministério da Defesa. Também farão parte do primeiro escalão o astronauta Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia), que é tenente-coronel da Força Aérea Brasileira (FAB), e o almirante de esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior, oficial da Marinha, anunciado ontem para o Ministério de Minas e Energia.

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Além deles, dois futuros ministros têm formação militar. Tarcísio Gomes de Freitas, escolhido para a Infraestrutura, é formado pelo Instituto Militar de Engenharia, e Wagner Rosário, que continuará à frente da Controladoria-Geral da União (CGU), é graduado e pós graduado pela Academia Militar das Agulhas Negras e pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais do Exército.

Também há militares escolhidos para cargos importantes, mas sem status de ministérios. É o caso do general Maynard Santa Rosa, que vai para a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). O general Floriano Peixoto Vieira Neto é cotado para assumir a Secretaria de Comunicação Social do governo.

Paraquedista. O general Marco Aurélio Costa Vieira, cotado para assumir a Secretaria de Esportes, é paraquedista, como Bolsonaro, e foi diretor executivo de Operações da Olimpíada do Rio e diretor executivo do Revezamento da Tocha Olímpica em 2016. Ele já faz parte da equipe de transição que tem trabalhado no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. Segundo o deputado Osmar Terra (MDB-RS), futuro ministro da Cidadania, ao qual a área será subordinada, Vieira é um nome "respeitável".

Outro nome que pode ser confirmado no governo é o da advogada e pastora Damares Alves, convidada para chefiar o novo Ministério de Direitos Humanos, Família e Mulheres depois que Bolsonaro rejeitou indicações feitas pela bancada evangélica. Damares é assessora do senador Magno Malta (PR-ES), que esperava um convite para compor o primeiro escalão. Parte da bancada evangélica avalia que a sondagem a Damares foi uma "afronta" e "ingratidão" a Malta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após o senador Armando Monteiro (PTB) pedir que o general Augusto Heleno, futuro ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, se retratasse por ter dito que “o Nordeste é o grande centro da roubalheira do país”, foi a vez do senador Humberto Costa (PT) falar sobre o assunto. Nesta quarta-feira (21), durante discurso no plenário do Senado Federal, o petista saiu em defesa dos nordestinos pelo que chamou de “infeliz afirmação”. 

“É inaceitável que o presidente da República [Bolsonaro] não tenha criticado até a presente data o general Augusto Heleno, seu braço direito e futuro ministro. Foi uma infeliz afirmação”, lamentou Humberto Costa. 

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O senador saiu em defesa dos nordestinos. “Lamentavelmente o próprio general não pediu desculpas e é uma afronta que um governo que nem começou trate dessa maneira uma região onde vive um quarto da população brasileira, homens e mulheres reconhecidos pela sua capadidade de trabalho e resistência às imensas adversidades em que vivem”.

Humberto também falou que a declaração do general precisa ser imediatamente reparada antes do início de qualquer diálogo. “E é preciso que o governo ou o futuro governo claramente fique atento à pauta dos nordestinos. Nós precisamos urgentemente da conclusão de obras de infraestrutura fundamentais como a Transnordestina, a Transposção do São Francisco, adutoras e barragens para segurar o desenvolvimento das nossas potencialidades e o nosso crescimento sustentável”.

Sem deixar passar a oportunidade, o senador aproveitou para lembrar da saída dos médicos cubanos do programa Mais Médicos. Segundo ele, serão quase 30 milhões de brasileiros sem atendimento hospitalar básico. “Só em Pernambuco, mais de 400 profissionais deixarão de atuar, inclusive em municípios onde só existiam esses médicos”. 

Entre outras críticas, ele definiu o novo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, como “indivíduo movido por ranço ideológico e interesse corporativo”. “Tem uma mentalidade empresarial absolutamente descompromissada com a população, especeialmente a mais pobre deste país. Vai aprofundar ainda mais a política tacanha de Michel Temer, que acaba de suspender o repasse de R$ 77 milhões de reais para 309 unidades na área da saúde mental em todo o país”.

“Enquato nós entendemos que o Brasil precisa de investimento e inclusão dos mais pobres, eles defendem mais cortes e mais exclusão. Essa verdadeira tempestade ideológica que os últimos anos varreu o Brasil em defesa de um indivualismo tacanho, em defesa do salve-se quem puder não é a forma de pensar e a mentalidade habitual e tradicional do povo brasileiro. Nós precisamos resgatar a solidariedade, o altruísmo e a preocupação em fazer com que todos tenham a mesma oportunidade. Hoje, é o contrário o que está acontecendo novamente. É a tese de cada um por si. É a tese de que eu sou capaz e os demais que se danem”. 

No final do discurso, Humberto disse que no próximo governo as políticas sociais irão sofrer “cortes inimagináveis” e que as desigualdades irão se aprofundar. “É preciso que o presidente deixe de lado o seu tapadismo para poder entender o Nordeste”, enfatizou.

Na semana passada, uma declaração do general da reserva Augusto Heleno, futuro ministro do Gabinete de Segurança  Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, pegou mal. Durante entrevista concedida ao Valor Econômico, ele afirmou que “o Nordeste é o grande centro de roubalheira do país”. Nesta terça-feira (20), o senador Armando Monteiro (PTB) não deixou passa batido a frase do general. 

O ex-candidato a governador de Pernambuco derrotado falou, durante discurso no plenário do Congresso, que a opinião do aliado de Bolsonaro é “preconceituosa e estarrecedora”. “Nós nos surpreendemos com o juízo absolutamente preconceituoso e estarrecedor do general Augusto Heleno. Como nordestino, não posso aceitá-lo”, criticou. 

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O petebista também disse que o general foi comandante da Missão da ONU no Haiti e que ele é “uma voz muito acatada no novo governo”. Também não concordando com a declaração, o senador Otto Alencar (PSB) falou que o general da reserva foi muito infeliz e que não corresponde à realidade o que foi dito. Por sua vez, a senadora Ana Amélia (PP), que comandava a sessão, disse esperar que ele peça publicamente desculpas.

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