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Protestos de caminhoneiros em diversos estados brasileiros, alguns iniciados na noite de domingo (30), atrapalharam o trânsito nas rodovias e levaram ao atraso de viagens de ônibus. Muitos passageiros foram pegos de surpresa no meio do caminho, o que fez dobrar o tempo de algumas viagens. Os manifestantes – que protestam contra o resultado das eleições - fecharam, total ou parcialmente, as estradas, usando os próprios veículos como bloqueio ou ateando fogo em pneus e outros materiais.

Em praticamente todos os casos houve intervenção da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na tentativa de desobstruir as pistas em diálogo com os manifestantes, muitas vezes sem sucesso. No meio da tarde desta segunda-feira (31), um grupo tentou parar a Ponte Rio-Niterói, mas foi logo contido pela Polícia Militar (PM), que liberou o trânsito.

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Segundo balanço parcial da PRF, divulgado no início da noite, houve bloqueios em pelo menos 20 estados. Entre os que tiveram maior número de casos, Santa Catarina registrou 42 bloqueios, Mato Grosso do Sul, 32 interdições, Paraná teve 18 interdições e 6 bloqueios, Pará teve 17 interdições, mesmo número de Rondônia. Goiás registrou 10 interdições, Rio de Janeiro, 9 interdições, São Paulo teve 7 bloqueios. De acordo com a PRF, 75 manifestações foram desfeitas

Viagens suspensas

Na Rodoviária do Rio de Janeiro, segundo a porta-voz Beatriz Lima, houve uma queda de 80% no movimento de embarques rumo a São Paulo, que num dia normal é cerca de 2,5 mil pessoas. As empresas que fazem a rota decidiram suspender as viagens e estão remarcando sem custo os bilhetes.

“A venda de bilhetes rodoviários do Rio de Janeiro em direção a São Paulo e regiões que utilizam a Via Dutra em seu trajeto estão suspensas, hoje, pelas empresas de ônibus regulares que estão monitorando a situação. Os passageiros devem procurar as centrais de atendimento das viações para remarcação das passagens sem custo. Lembramos que as demais linhas seguem normais e que os serviços do terminal continuam funcionando 24h”, se pronunciou em nota a porta-voz.

Justiça Federal

Em uma ação movida pela empresa K-Infra Rodovia do Aço, permissionária da Rodovia BR-393, no Rio de Janeiro, o juiz federal Iorio Siqueira D´Alessandri Forti acolheu ação de interdito proibitório, determinando que caminhoneiros ou pessoas se abstenham de fechar total ou parcialmente a BR-393. Ele ordenou também a remoção de pessoas ou veículos, bem como a identificação dos responsáveis, impondo multa de R$ 5 mil para cada pessoa, por hora de interrupção.

A decisão diz respeito unicamente à rodovia em questão e não afeta as demais estradas do estado ou do país.

Os talibãs dispersaram com tiros para o alto uma manifestação de mulheres diante da embaixada do Irã em Cabul em apoio às iranianas, com as quais afirmam compartilhar a mesma luta.

O Irã foi abalado nas últimas semanas por protestos após a morte da jovem Mahsa Amini, que havia sido detida em Teerã pela polícia da moral da República Islâmica.

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Com gritos de "mulher, vida, liberdade", 25 mulheres protestaram durante 15 minutos na rua diante da embaixada do Irã. Elas foram dispersadas pelos tiros para o alto dos combatentes talibãs mobilizados no local.

Os guardas também tentaram agredir as manifestantes, segundo os correspondentes da AFP.

As mulheres exibiam cartazes com frases como "Irã levantou, agora é a nossa vez" e "De Cabul ao Irã, diga não à ditadura"

Os talibãs rasgaram os cartazes diante das manifestantes.

As mulheres, algumas de óculos escuros e máscaras, recolheram os cartazes rasgados e formaram bolas de papel para jogar nos talibãs.

Os homens armados também ordenaram que os jornalistas apagassem as imagens dos protestos.

O Irã é cenário de protestos todas as noites desde 16 de setembro, data da morte de Mahsa Amini, de 22 anos, três dias depois de sua detenção pela polícia da moral por supostamente violar as regras severas impostas às mulheres sobre as vestimentas na República Islâmica, onde devem cobrir o cabelo em público.

"Estamos aqui para mostrar nosso apoio e nossa solidariedade a povo iraniano e às mulheres vítimas dos talibãs no Afeganistão", declarou uma das mulheres na manifestação de Cabul, que pediu anonimato.

- Normas muito rígidas -

Desde o retorno dos talibãs ao poder em agosto de 2021 foram registradas manifestações esporádicas de mulheres na capital afegã e em outras cidades do país, apesar da proibição, seja pela perda de emprego ou para exigir o direito ao trabalho.

Algumas foram foram reprimidas com violência e as ativistas que convocaram protestos foram detidas pelos talibãs.

Após 20 anos de guerra e da saída do exército americano do Afeganistão, o novo governo do país impôs regras muito rígidas para as mulheres, com a exigência do uso de véu integral em público, de preferência a burca.

Também decretaram a separação de homens e mulheres nos parques públicos de Cabul e proibiram a presença das mulheres nas escolas do Ensino Médio na maioria das províncias.

O temido ministério para a Propagação da Virtude e a Prevenção do Vício substituiu a pasta dos Assuntos da Mulher.

Em 10 de setembro, dezenas de jovens protestaram em Gardez, leste do país, quando constataram o fechamento de suas escolas, que haviam sido reabertas uma semana antes sob pressão das alunas e dos líderes das tribos.

Um relatório da ONU denunciou as "restrições severas" impostas aos direitos das mulheres, especialmente no que diz respeito ao Ensino Médio, e pediu aos talibãs a revogação "imediata" da medida.

A suspensão das restrições é uma condição essencial para o reconhecimento oficial do governo talibã, reitera a comunidade internacional.

Até o momento, nenhum país reconheceu o governo talibã.

Pelo menos 35 pessoas morreram nas manifestações iniciadas há mais de uma semana no Irã, após a morte de uma jovem detida pela polícia moral por usar o véu de forma "inapropriada" - conforme balanço oficial divulgado neste sábado (24).

Os manifestantes tomaram as ruas das principais cidades do Irã, incluindo sua capital, Teerã, por oito noites consecutivas desde a morte de Mahsa Amini, de 22 anos. Esta jovem curda foi declarada morta depois de passar três dias em coma.

"O número de pessoas que morreram nos recentes distúrbios no país subiu para 35", informou a imprensa estatal, elevando o número oficial anterior de pelo menos 17 mortos, incluindo cinco membros das forças de segurança.

Na província de Guilán (nordeste), o chefe da polícia anunciou hoje "a prisão de 739 manifestantes, incluindo 60 mulheres", apenas nesta região, desde o início dos protestos, segundo a agência de notícias iraniana Tasnim.

Na sexta-feira (23), novos protestos aconteream em todo país. Os vídeos que circulavam na Internet mostraram confrontos em Teerã e em outras grandes cidades, como Tabriz. Em algumas imagens, viam-se agentes das forças de segurança nas cidades de Piranshahr, Mahabad e Urmia atirando, com o que parecia ser munição real, contra manifestantes desarmados.

Em um vídeo compartilhado pela ONG Iran Human Rights, com sede na Noruega, um membro uniformizado das forças de segurança dispara com um fuzil de assalto AK-47 contra manifestantes no Ferdowsi Boulevard, em Teerã.

Segundo a organização, outras imagens mostram o "fluxo de forças de segurança do Estado (...) em uma rodovia em Teerã", na noite de sexta-feira.

Também houve uma onda de prisões de ativistas e de jornalistas, incluindo Niloufar Hamedi, do jornal reformista Shargh, que noticiou a morte de Amini. Desde segunda-feira, pelo menos 11 jornalistas teriam sido detidos, conforme a organização Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

De acordo com o grupo de direitos curdos Hengaw, com sede na Noruega, os manifestantes "tomaram o controle" de partes da cidade de Oshnavih, na província do Azerbaijão Ocidental.

Segundo a Anistia Internacional, com sede em Londres, evidências coletadas em 20 cidades no Irã indicam "um padrão terrível das forças de segurança iranianas, atirando, deliberada e ilegalmente, com munição real contra manifestantes".

Em paralelo, milhares de pessoas saíram às ruas de Teerã na sexta-feira em uma manifestação a favor do hijab, em homenagem às forças de segurança que tentam sufocar o que a imprensa oficial chama de "conspiradores". Também houve manifestações de apoio às forças de segurança em cidades como Ahvaz, Isfahan, Qom e Tabriz.

- Gestos de desafio -

Amini morreu após ser detida pela polícia moral iraniana, encarregada de aplicar e fazer cumprir o rígido código de vestimenta das mulheres no país. Segundo as ONGs, ela recebeu um golpe na cabeça enquanto estava presa. A informação ainda não foi confirmada pelas autoridades, que abriram uma investigação a esse respeito.

Alguns manifestantes tiraram seu hijab em sinal de desafio e o queimaram, ou cortaram simbolicamente o cabelo, em meio à ovação da multidão, de acordo com imagens publicadas nas redes sociais.

Na sexta-feira, o ministro iraniano do Interior, Ahmad Vahidi, insistiu em que Amini não havia sido agredida.

"Relatórios foram recebidos de agências de supervisão, testemunhas foram entrevistadas, vídeos foram revisados, opiniões forenses foram obtidas e se comprovou que não houve qualquer agressão", declarou Vahidi.

A Anistia Internacional rejeita, no entanto, a investigação oficial e pede ao mundo que tome "medidas significativas" contra a repressão "sangrenta".

burs/dv/pc/avl/tt

O candidato ao governo de São Paulo Fernando Haddad (PT) pediu nesta segunda-feira, 5, que a militância não caia em provocação no dia 7 de setembro, data em que será comemorado o bicentenário da independência do Brasil. O presidente Jair Bolsonaro (PL) aposta transformar este dia em um grande ato político, com manifestações no Rio de Janeiro e em Brasília.

"Isso deveria ser uma celebração. Nós deveríamos estar comemorando o bicentenário, infelizmente nós vamos estar divididos porque o governo está promovendo uma divisão. É um escândalo isso. Não aceitar provocação, celebrar, mas sabendo que tem gente querendo arrumar confusão", disse Haddad aos jornalistas antes do encontro com representantes da Frente Nacional de Defesa do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), no Palácio do Trabalhador (SP), em São Paulo.

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No dia 7, Haddad não fará atos públicos. De acordo com a assessoria, estão previstas apenas gravações de programas eleitorais de 9h às 18h. Na agenda do candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, também não tem nada previsto ainda. O petista estará em São Paulo.

Em 7 de setembro do ano passado, Bolsonaro participou de manifestações antidemocráticas e chegou a afirmar que não obedeceria mais às decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A declaração gerou uma crise institucional no País. Neste ano, a campanha do PT evita entrar na pauta bolsonarista e medir forças com o presidente.

Na manhã deste sábado (2), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) promoveu atos de protesto contra a fome, a miséria e o desemprego em cidades de diversos estados do país. No Recife, o ato ocupou a loja do Supermercado Extra, na Avenida João de Barros, bairro do Espinheiro, Zona Norte da cidade. Com cartazes e gritos de ordem, cerca de 200 pessoas participaram da manifestação no interior do estabelecimento. A Polícia Militar (PM) foi chamada para conter o movimento.

Com convocatória feita pelas redes sociais, os atos deste sábado (2) pretendiam protestar contra os altos preços dos alimentos no país e contra o atual governo, comandado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). As manifestações ocorreram no Rio Grande do Norte, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco.

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No Recife, capital pernambucana, os manifestantes se concentraram na Praça do Derby, na região central, e seguiram a pé até o Supermercado Extra da Avenida João de Barros. Segundo postagens nas redes sociais do MLB, as famílias participantes do ato reivindicavam cestas básicas no estabelecimento. A Polícia Militar foi chamada para conter o movimento. "Não seremos intimidados e iremos resistir até que tenhamos nossas cestas garantidas", diz a publicação.

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O LeiaJá entrou em contato com a PM, através de sua assessoria, e aguarda retorno. Mais  informações em instantes.

 

Milhares de mulheres saíram às ruas de São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro nesta terça-feira (8), em pequenos atos contra a cultura machista e os feminicídios, e em repúdio ao presidente Jair Bolsonaro.

Em São Paulo, as manifestantes se concentraram na Avenida Paulista e gritaram "Fora Bolsonaro!", tornando o presidente, apontado por um histórico de comentários machistas, o principal alvo do dia.

"Ele representa tudo que é ruim para nós mulheres: é retrocesso, fascismo e machismo incorporado em tudo o que ele faz", disse à AFP e economista Amalia Silva, 40 anos. Já a estudante Manuela Silva, 24 anos, contou que estava protestando em São Paulo "para ter uma vida digna, para as nossas vidas", em um país onde uma mulher é assassinada a cada sete horas em um crime de gênero.

--> Mulheres protestam em defesa da vida e contra Bolsonaro

O tom foi semelhante em Brasília, onde uma coluna de manifestantes, com a presença de movimentos de esquerda e estudantis, marchou da biblioteca até o Congresso.

"Pela vida das mulheres. Pelo fim do racismo e machismo. Lutamos por comida, emprego, saúde e educação", dizia a faixa que puxou o protesto na capital.

Mais de 3 mil pessoas foram presas na Rússia desde o começo da ofensiva na Ucrânia, incluindo 467 neste sábado, por se manifestarem contra a guerra, informou a ONG de defesa dos direitos humanos OVD-Info.

As manifestações se multiplicaram pelo país, apesar de serem proibidas. Autoridades russas ameaçaram na última quinta-feira reprimir qualquer protesto "não autorizado" relacionado à "situação tensa da política externa".

Naquele dia, pelo menos 1.391 pessoas foram presas, em 51 cidades. A Rússia tem uma legislação rígida para controlar as manifestações, que costumam resultar em prisões em massa.

Como de costume, durante o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL), na noite desta sexta-feira (31), panelaços foram realizados em bairros do Recife, como Boa Vista, área central, Casa Amarela, Casa Forte, ambos na Zona Norte, e Boa Viagem, Zona Sul da capital pernambucana. Vídeos dos atos foram compartilhados nas redes sociais. 

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A manifestação chegou a ser ironizada por Bolsonaro nas redes sociais, na manhã desta sexta. “Hoje, dia 31, às 20h30, panelaço da esquerda para protestar contra o Governo Bolsonaro por estarmos, há três anos, sem corrupção”, escreveu.

Da Austrália às Antilhas Francesas passando por cidades europeias, milhares de pessoas mostram sua indignação neste sábado (20) com as medidas sanitárias que os governos reinstauram para tentar conter uma nova onda da pandemia do coronavírus.

Na Austrália, 10.000 pessoas se manifestaram em Sydney em oposição à vacinação anticovid-19, de acordo com a polícia.

A vacinação obrigatória só é exigida em alguns estados e territórios para determinados grupos profissionais. Cerca de 85% dos australianos com mais de 16 anos estão totalmente vacinados.

Milhares de pessoas também protestaram em Melbourne e cerca de 2.000 pessoas compareceram a uma contramanifestação, uma das primeiras deste tipo desde o início da pandemia.

"Tudo o que foi feito, foi feito para salvar vidas. Quer dizer, incomodou muitas pessoas e afetou muitas pessoas, mas é uma pandemia mundial. O que mais podemos fazer?", disse Maureen Hill à AFP, referindo-se ao protesto antivacinas.

Ao contrário do que aconteceu na noite de sexta-feira na Holanda e nas Índias Ocidentais francesas, os protestos ocorreram de forma pacífica.

- Manifestação anulada en Amsterdã

Em Rotterdam, no sudoeste da Holanda, uma manifestação contra as restrições adotadas para conter o vírus terminou em graves distúrbios na sexta-feira (19).

Durante o protesto, ocorreram incêndios em vários locais, fogos de artifício foram lançados e a polícia disparou vários tiros de advertência.

Dezenas de pessoas foram presas, e sete ficaram feridas, incluindo policiais, informaram as forças da ordem.

"A polícia achou necessário sacar suas armas para se defender", disse o prefeito da cidade, Ahmed Aboutaleb, a repórteres. Segundo a televisão pública holandesa NOS, duas pessoas ficaram feridas com os disparos.

Diante dessa situação "muito grave", qualificada pelo prefeito como uma "orgia de violência", as autoridades locais decidiram proibir qualquer reunião na área.

Neste sábado, os organizadores de outra manifestação planejada em Amsterdã decidiram cancelá-la. "Ontem à noite (sexta-feira) o inferno se instalou em Rotterdam", reconheceu no Facebook a organização United We Stand Europe, que atua contra as restrições sanitárias. Manter a manifestação em Amsterdã "não nos parecia justo", afirmou

Há uma semana, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, anunciou a reintrodução de um confinamento parcial junto com uma série de restrições sanitárias, sobretudo no setor de restaurantes, para conter o número de casos de covid-19.

Os planos do governo incluem restringir o acesso de pessoas não vacinadas a alguns lugares. Na sexta-feira, o país registrou mais de 21 mil novos casos.

A Holanda não é o único país ocidental a restabelecer um confinamento parcial. Na Áustria, o governo anunciou que vai confinar a população novamente a partir de segunda-feira (22) e que a vacinação anticovid se tornará obrigatória em fevereiro.

Milhares de pessoas se manifestaram neste sábado em Viena, capital austríaca, contra essas medidas.

O protesto ocorreu sob forte vigilância policial, já que as forças de segurança temiam a chegada de grupos violentos, militantes neonazistas e do movimento identitário, de extrema direita.

O organizador do protesto foi o partido de extrema direita FPÖ, mas seu líder, Herbert Kickl, não compareceu porque testou positivo para o vírus.

- Violência nas Antilhas Francesas -

Do outro lado do Atlântico, um grupo de sindicatos e organizações cívicas se mobiliza há quatro dias contra o passaporte sanitário e a vacinação obrigatória do pessoal de saúde em Guadalupe, uma das duas principais ilhas das Antilhas francesas.

Na sexta-feira, a manifestação organizada terminou em violência. Na cidade de Pointe-à-Pitre, que tem muitas casas de madeira, quatro prédios pegaram fogo, segundo os bombeiros. E nas estradas, alguns manifestantes confrontaram a polícia com pedras.

O prefeito da ilha, Alexandre Rochatte, anunciou toque de recolher imediato até 23 de novembro - das 18h00 às 05h00 locais - "devido a distúrbios sociais no departamento e atos de vandalismo", segundo seu gabinete.

Forças de segurança sudanesas prenderam dezenas de manifestantes neste domingo e dispersaram protestos lançando bombas de gás lacrimogêneo, no primeiro dia de uma nova campanha de desobediência civil contra o Exército, que assumiu o poder após um golpe de Estado em 25 de outubro.

Os opositores iniciaram a resistência após a dissolução de todas as instituições do país e a prisão de civis pelo general Abdel Fattah al-Burhan, comandante dos militares. Após a primeira mobilização, no dia do golpe, sindicatos e outras organizações pediram que os sudaneses voltassem às ruas hoje e amanhã, para mostrar seu descontentamento.

Centenas de pessoas manifestaram-se em Wad Madani e Atbara, e dezenas de professores saíram em passeata até o Ministério da Educação, em Cartum, em um "protesto silencioso contra as decisões do general Burhan ", disse à AFP o professor Mohammed al-Amin. "A polícia chegou e lançou granadas de gás lacrimogêneo contra nós, embora estivéssemos ali apenas com nossos cartazes contra o regime militar", acrescentou.

Segundo o sindicato dos professores, 87 manifestantes foram presos e uma professora quebrou a perna durante a dispersão. Horas depois, uma passeata que reunia centenas de pessoas no leste de Cartum foi reprimida com gás lacrimogêneo.

- 'Nem diálogo, nem negociação' -

Desde 25 de outubro, soldados prenderam a maioria dos líderes civis, uma lista que não para de crescer: políticos, militares ativos nas redes sociais, jovens que erguem barricadas, funcionários do alto escalão ou simples transeuntes, presos sem mandado judicial.

À noite, os manifestantes haviam bloqueado estradas, enquanto as lojas permanecem fechadas. A Universidade de Cartum, onde estudantes foram agredidos por militares no dia do golpe, anunciou uma greve por tempo ilimitado. A Universidade do Mar Vermelho suspendeu as aulas "pela segurança dos estudantes".

Entre "greves gerais" e manifestações em massa, os sudaneses (que obrigaram o Exército a destituir o ditador Omar al-Bashir em 2019) querem ter peso nas negociações a portas fechadas entre militares, líderes civis e mediadores locais e internacionais com o Exército, segundo comunicados divulgados por SMS, diante do corte no serviço de internet, que já dura 14 dias.

- Preocupação internacional -

O Exército quer formar um novo governo, mais favorável aos seus interesses políticos e econômicos, explicam analistas. Mas o primeiro-ministro deposto, Abdallah Hamdok, em prisão domiciliar, e os poucos ministros que seguem em liberdade pedem o retorno à situação anterior a 25 de outubro.

Negociadores da Liga Árabe, do Sudão do Sul e da ONU multiplicam as reuniões com ambos os lados, mas um avanço parece complicado. O representante da ONU no Sudão, Volker Perthes, expressou indignação na última quinta-feira com a prisão pelo Exército de políticos com quem iria se reunir.

O Exército libertou quatro ministros, mas o general Burhan pretende julgar os que ainda estão detidos.sob custódia. A "Troika" que coordena o dossiê sudanês (formada por Estados Unidos, Reino Unido e Noruega) reuniu-se hoje com líderes civis recém-libertados e informou que os mesmos estão bem.

O golpe de Estado e a repressão (que causou a morte de 14 manifestantes, segundo médicos) renderam ao Sudão uma série de condenações internacionais, além da sua suspensão da União Africana e de grandes cortes na ajuda internacional.

O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), usou o Twitter, neste sábado (2), para disparar contra o presidente Jair Bolsonaro e confirmar presença nos atos que pedem a saída do mandatário nacional e estão marcados para este sábado (2). O pedetista declarou que se juntará às manifestações de São Paulo e Rio de Janeiro.

“Hoje é mais um dia de luta contra o governo genocida de Bolsonaro. Participarei dos atos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Conto com a presença de todos e todas vocês que encarnam esta luta contra o despotismo, a corrupção e o retrocesso”, publicou.

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Na sequência, Gomes afirmou que para que o país volte a pautar assuntos como “emprego, desenvolvimento, redução das desigualdades” é preciso exigir a prisão do presidente, a quem chamou de “criminoso”.

“Infelizmente alguns setores da política, principalmente ligados ao que existe de mais atrasado, corrupto e marginal, preferem ver o Brasil seguir sofrendo a lutar por essa causa. Serão julgados pelo nosso povo e pela história como traidores da pátria”, finalizou.

Nomes como Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), que disputaram as eleições presidenciais de 2018 ao lado de Gomes, também confirmaram presença no ato na Avenida Paulista, região central de São Paulo (SP).

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A batalha pelo direito ao aborto chega neste sábado (2) às ruas dos Estados Unidos, com centenas de manifestações previstas durante a "Marcha das Mulheres", convocada para frear uma forte ofensiva conservadora.

A entrada em vigor em 1º de setembro de uma lei no Texas que restringe o aborto, provocou uma guerra judicial e um contragolpe no Congresso, mas poucos protestos nas ruas foram registrados até o momento.

A dois dias do reinício das audiências na Suprema Corte de Justiça, que arbitrará a disputa, quase 200 organizações convocaram os defensores dos direito ao aborto para manifestações em todo o país.

O principal evento acontecerá em Washington D.C. Na capital do país, milhares de pessoas devem participar em uma passeata que seguirá até o principal tribunal do país, que há quase 50 anos reconheceu o direito ao aborto na sentença do caso Roe vs Wade.

Agora, a Suprema Corte, que teve a composição drasticamente alterada pelas nomeações de juízes conservadores pelo ex-presidente Donald Trump, parece pronta para alterar a norma.

O tribunal se negou a intervir em caráter de urgência para bloquear a lei do Texas e poderia aproveitar a revisão de uma restritiva do estado do Mississippi para mudar sua jurisprudência.

As capitais destes dois estados conservadores, Austin e Jackson, respectivamente, também devem receber manifestações, assim como outras 600 cidades. Os organizadores acreditam que mobilizarão 240.000 pessoas em todo o país.

"Lutamos para que o aborto não apenas seja legal, mas também acessível e sem estigmas", afirma um comunicado divulgado pela organização dos protestos. As ativistas desejam que o Congresso estabeleça o direito ao aborto na lei federal com o objetivo de protegê-lo de uma possível reversão na Suprema Corte.

Um projeto de lei neste sentido foi aprovado na semana passada na Câmara de Representantes, controlada pelos democratas, mas não tem chance de triunfar no Senado, onde os republicanos podem bloquear o texto.

"Desejo patriarcal"

Uma primeira "Marcha das Mulheres" aconteceu em 2017, pouco depois da posse do presidente Trump e reuniu milhões de opositores do republicano, que o chamaram de sexista.

Marchas posteriores tiveram menos participantes, em parte porque uma de suas promotoras foi acusada de antissemitismo.

"Este ano estamos unidos", promete o comunicado divulgado pela organização, uma aliança que reúne desde pequenos grupos feministas até grandes organizações como a Planned Parenthood, que promove o planejamento familiar.

"Voltamos às ruas pela primeira vez na era Biden porque com a mudança no Salão Oval (da Casa Branca) não acabou o desejo politizado, perverso e patriarcal de controlar nossos corpos", acrescenta a nota, em referência à vitória de Joe Biden em 2020, que não mudou a dinâmica nos estados.

Pelo contrário, estimulados pela entrada na Suprema Corte de três magistrados designados por Trump, legisladores conservadores locais iniciaram uma verdadeira ofensiva contra o direito ao aborto: desde 1º de janeiro, 19 estados aprovaram 63 leis restritivas.

Se a Suprema Corte anular a sentença do caso Roe vs Wade, todos os estados ficariam livres para proibir ou permitir os abortos. Desta maneira, 36 milhões de mulheres em 26 estados, ou quase metade das mulheres americanas em idade reprodutiva, provavelmente perderiam o direito a abortar, segundo um relatório divulgado pela Planned Parenthood.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) admitiu que os atos de 7 de setembro passaram a ser organizados após uma convocação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) feita semanas antes. Esta é a primeira vez que Bolsonaro é citado em um inquérito da PGR.

A PGR também tenta rastrear o envolvimento de ministros na organização dos atos antidemocráticos. De acordo com publicação do O Globo, o documento encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) não assevera investigação contra o presidente, nem aponta crimes pela motivação às manifestações que tiveram seu ápice na Esplanada dos Ministérios.

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No material enviado ao relator e ministro do STF, Alexandre de Moraes, a subprocuradora-geral Lindôra Araújo aponta que a primeira convocação para a mobilização contra as instituições democráticas foi feita no dia 15 de agosto, quando Bolsonaro teria enviado uma mensagem para seus contatos no WhatsApp cobrando um 'contragolpe' às manifestações contra sua gestão.

"A princípio, a organização da realização de prováveis atos de ataque à democracia e às instituições iniciou-se com entrevista do presidente da República informando que haveria 'contragolpe' aos atos entendidos como contrários à sua gestão, em 15 de agosto", destacou a subprocuradora-geral.

A partir da data, a investigação busca rastrear o fluxo financeiro dos envolvidos para identificar financiadores. Um dos principais investigados é o caminhoneiro conhecido como Zé Trovão, que está foragido no México. 

Ele incitou a paralisação da categoria para pressionar a destituição do STF. Semanas antes do protesto, Zé Trovão foi à Brasília onde participou de uma reunião com a Secretária Especial de Articulação Social, Gabriele Araújo. O encontro foi registrado na agenda oficial com o tema “caminhoneiros autônomos”.

Na ocasião, o foragido ainda se encontrou com os ministros Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional e Gilson Machado, do Turismo, além dos deputados bolsonaristas Nelson Barbudo (PSL-MT) e Hélio Lopes (PSL-RJ). No depoimento à Polícia Federal (PF) antes da fuga, ele respondeu que os encontros foram casuais.

O primo dos filhos de Bolsonaro, Léo Índio, é outro investigado pela PGR, que verificou que ele também fez convocações e chegou a divulgar dados para arrecadar recursos para as mobilizações. Ele ainda vai prestar depoimento à PF, mas já negou ligação com os demais citados e disse que não recebeu doações.

 

Convocados por grupos de centro-direita, os atos em defesa do impeachment do presidente Jair Bolsonaro reuniram cerca de 6 mil pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, o maior contingente entre as 15 capitais onde foram registrados protestos no domingo, 12. O Movimento Brasil Livre (MBL), o Vem Pra Rua e o Livres até sinalizaram baixar o tom das críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atrair adesões da esquerda e do PT, mas o mote "nem Lula nem Bolsonaro" seguiu em destaque na maioria das manifestações.

Pesquisa do Monitor do Debate Político no Meio Digital, da USP, ajuda a demonstrar os desafios para unir partidos e grupos de orientação diversa em torno da mobilização pelo impeachment do presidente. De acordo com o levantamento, realizado durante o ato na Paulista, 85% dos manifestantes são favoráveis à criação de uma frente ampla contra Bolsonaro, mas 38% dos entrevistados disseram que não iriam para rua com o PT. De todo o público ouvido, 37% dos manifestantes disseram ser de esquerda ou centro-esquerda e 34% de direita ou centro-direita.

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A divisão entre os partidos e movimentos de oposição ao governo levou a protestos esvaziados. O levantamento foi coordenado pelos professores da Universidade de São Paulo Pablo Ortellado e Márcio Moretto. Foram entrevistados 841 manifestantes, entre 13h e 17h30. A margem de erro é de 4 pontos porcentuais, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Na avaliação de Ortellado, a pesquisa revela um "paradoxo" que só poderá ser resolvido com a superação de "ressentimentos" entre petistas e segmentos da direita, como o discurso de que Lula foi preso "injustamente". Para ele, a criação de uma frente ampla passa naturalmente pela inclusão do PT no grupo. "Trata-se de um partido hegemônico na esquerda, sem ele, nenhuma proposta de frente ampla é suficientemente ampla", disse.

"Embora a pesquisa tenha constatado esse nó na direita, ele também está acontecendo do lado da esquerda, que tem a mesma dificuldade de ir pra rua com lavajatistas", afirmou.

Apesar de contar com a participação de cinco potenciais candidatos à Presidência em 2022, a corrida eleitoral esteve no pano de fundo da manifestação na Paulista, cuja bandeira.

Eleições presidenciais

A pesquisa também questionou os eleitores sobre a intenção de voto para a eleição de 2022.

O pedetista Ciro Gomes, um dos presentes na Avenida Paulista, foi o mais citado pelos manifestantes (16%), seguido do ex-presidente Lula (14%) e do ex-juiz Sérgio Moro (11%). Na sequência, João Amoedo (Novo) e João Doria (PSDB), ambos presentes no ato em São Paulo, têm 8% e 7%, respectivamente. Outros 31% afirmaram não saber em quem votar.

Pesquisas nacionais de intenção de voto têm apontado que, se a eleição fosse hoje, Lula e Bolsonaro chegariam ao segundo turno, com vantagem do petista. Nesse cenário, 54% dos manifestantes disseram que votariam em Lula, enquanto 40% afirmaram que anulariam ou votariam em branco. A taxa é próxima a que afirma não aceitar ir às ruas ao lado do PT.

Perfil dos manifestantes

Nos atos de 7 de Setembro, os pesquisadores também foram às ruas para traçar o perfil dos manifestantes. Em comparação com os atos do dia 12, os resultados mostram que em um intervalo de cinco dias, o público que esteve na Avenida Paulista ficou, em média, mais jovem, mais escolarizado, com maior renda e mais branco do que os apoiadores de Bolsonaro.

Entre os manifestantes de 12 de setembro, 69% tinham até 44 anos; 79% tinham ensino superior (completo ou incompleto); e 56% tinham renda familiar acima de cinco salários mínimos. A maior parte dos entrevistados, 67% se declarou branca. Autodeclarados negros somaram 29%.

Entre os manifestantes bolsonaristas, a maioria, 53% tinham mais de 45 anos; 43% tinham renda familiar maior que 5 salários mínimos; e 60% tinham curso superior (completo ou incompleto). Autodeclarados brancos somaram 60% e negros, 33%.

O presidente Jair Bolsonaro minimizou nesta segunda-feira, 13, os atos contra o governo ocorridos ontem, 12. A apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo afirmou que só uma minoria "digna de dó" foi às ruas e ainda ironizou a presença de presidenciáveis nos atos. "Viram em São Paulo, ontem, cinco presidenciáveis aglomerados?", questionou Bolsonaro.

Entre os cotados para disputar o Planalto em 2022, estiveram presentes na Avenida Paulista o governador de São Paulo, João Doria (PSDB); o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM); o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT); o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

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Porém, ao contrário do que o presidente costuma fazer, todos os presentes nos atos utilizavam máscara, seguindo a recomendação de autoridades sanitárias, exceto nos momentos de discursos. "Citaram questões pessoais. Não vão me tirar daqui com isso de jeito nenhum", declarou Bolsonaro.

Foram registradas neste domingo, 12, manifestações contrárias ao governo em todo o País, mas com adesão bastante menor em comparação com 7 de setembro, como destacou mais cedo o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB). Os atos reuniram setores da direita que abandonaram o presidente, como o Movimento Brasil Livre (MBL), e algumas figuras da esquerda, mas parte desse campo resistiu a ir às ruas com ex-bolsonaristas.

Em outro descumprimento às recomendações de especialistas em saúde, o presidente ainda reforçou a apoiadores que não se vacinou contra a covid-19. "Eu não tomei a vacina e estou com 991 de nível de imunoglobulina G, o IgG, um marcador de anticorpos. Eu acho que peguei covid de novo e nem fiquei sabendo", acrescentou aos presentes.

Interferência

Questionado por uma apoiadora sobre a dificuldade do exame Revalida, prova do Conselho Federal de Medicina (CFM) para autorizar o exercício da profissão no País por médicos formados no exterior, Bolsonaro respondeu que não tem interferência no órgão. "Zero, zero interferência. É igual às agências aqui no governo. Pessoal pensa que eu mando, mas não mando em agências, não".

Constituição

Bolsonaro ainda leu aos apoiadores presentes o artigo 1º da Carta Magna. "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição", frisou o chefe do Planalto, pedindo aos presentes intensificação de estudos sobre a realidade País. "Alguns idiotas não aprendem nunca, mas temos de dar conhecimento às pessoas que não têm ainda".

Discurso

De olho nas eleições de 2022, o presidente também resgatou alguns aspectos do discurso conservador que o alçou ao comando do País em 2018. Contrário ao politicamente correto, contou a apoiadores nesta segunda-feira "piadas" de cunho machista. "Todas as mulheres são torcedoras do Botafogo, não vou falar por quê", afirmou, arrancado risos de simpatizantes. "O Brasil está chato. Você não pode contar uma piada. Eu só conto piada em círculo reduzindo e sabendo que ninguém está gravando".

Bolsonaro ainda insistiu em sua retórica de que a inflação dos alimentos é culpa da política do "fique em casa" adotada por Estados e municípios durante a pandemia, desprezando, mais uma vez, o efeito cambial do fenômeno e o impacto de questões políticas na alta do dólar.

"As coisas ruins não acontecem de uma hora para outra, a não ser um raio. O Estado é bonzinho, vai dar comida para você, tome isso, tome aquilo. Quando você ver, a água ferveu demais. É assim que começam os regimes de exceção e terminam da forma mais trágica possível, como da Venezuela", declarou o chefe do Executivo, voltando a forçar comparações com o país vizinho. "Se o Brasil tiver aqui um caos, convulsão social, não vai ser diferente de Venezuela".

Quatro dias após a publicação da "declaração à Nação", documento em que presidente Jair Bolsonaro pediu harmonia entre os poderes, o vice-presidente Hamilton Mourão disse nesta segunda-feira entender que a semana começa com um clima institucional melhor em relação à anterior. Ele também minimizou os atos contra o presidente ocorridos no domingo, 12, menos expressivos do que os governistas de 7 de setembro em meio à divisão da esquerda.

Questionado nesta segunda-feira por jornalistas em frente ao Palácio do Planalto se a semana terá um clima melhor entre as instituições, Mourão confirmou. "Não resta dúvida. Na semana passada, houve uma manifestação maciça em favor do nosso governo, em particular à pessoa do presidente da República. O presidente, na quinta-feira, fez aquela carta buscando diminuir essa tensão e fazer reaproximação com STF, em particular com ministro Alexandre de Moraes", lembrou o vice-presidente. "A gente começa a segunda-feira com pauta positiva e muita coisa a ser tratada no Congresso. Tem a Medida Provisória da questão das redes sociais, a questão do código eleitoral. Tem muita coisa para ser tratada nesta semana."

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A "declaração à Nação" de Bolsonaro, articulada diretamente pelo ex-presidente Michel Temer, foi um recuo, ainda que temporário, da ofensiva do chefe do Executivo sobre o Supremo Tribunal Federal (STF), instituição ameaçada por ele nos atos de 7 de setembro.

Após ser alertado pelo presidente da Corte, Luiz Fux, de que sua promessa a apoiadores de descumprir decisões judiciais configuraria crime de responsabilidade, Bolsonaro diminuiu o tom - embora na mesma noite, em transmissão ao vivo nas redes sociais, tenha feito novos elogios às manifestações pró-governo, marcadas por pautas antidemocráticas.

Mourão também minimizou no período da manhã desta segunda-feira os atos da oposição ocorridos no domingo. "Eu nunca desdenho de nada, mas foram bem aquém daquilo que podia se esperar. A esquerda faltando falta muita gente", disse na sua chegada ao Planalto.

Convocados principalmente por grupos considerados de direita, como o Movimento Brasil Livre (MBL), os protestos deste domingo tiveram baixa adesão da esquerda, embora algumas figuras tenham marcado presença.

Em São Paulo, por exemplo, o presidenciável Ciro Gomes (PDT) e a deputada estadual Isa Penna (PSOL) estiveram na Avenida Paulista, ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que também deseja disputar a corrida ao Planalto.

Amazônia.

De volta de uma agenda no Pará com embaixadores, o vice-presidente insistiu que os representantes diplomáticos de outros países ficaram satisfeitos com o tour pela Floresta Amazônia. "Andamos 80 km na Transamazônica. Voamos e não tinha nenhuma queimada", afirmou Mourão. "Estamos vivendo situação econômica difícil no País. Onde tem oportunidade para pessoas ganharem algum dinheiro, vão buscar. Uma delas é o garimpo. Quando é feito dentro da legalidade, muito bem, mas quando está na ilegalidade, compete às forças da lei e da ordem impedir que isso aconteça", acrescentou.

A fala vem em meio à pressão internacional pela diminuição no desmatamento da Floresta.

Partidos e movimentos de esquerda, centro e direita voltam a dialogar nos próximos dias na tentativa de unificar as agendas de protestos contra o governo Jair Bolsonaro. A ideia é promover uma manifestação conjunta em 15 de novembro, data que marca a proclamação da República.

Mas a criação de uma frente ampla e diversa em defesa do impeachment parece distante no horizonte. Líderes da campanha nacional Fora Bolsonaro, que iniciou as manifestações presenciais em 29 de maio, criticaram o "fracasso" de público nos atos desse domingo (12), capitaneados pelo Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua (VPR) e Livres, que atuaram diretamente na mobilização pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

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"O fracasso das mobilizações deste domingo demonstra que quem quiser realmente o impeachment de Bolsonaro terá de sentar para conversar com a esquerda", afirmou ao Estadão o presidente do PSOL, Juliano Medeiros. "Somos os únicos com capacidade de mobilização além do bolsonarismo. Estamos abertos a construir iniciativas com qualquer um que esteja contra Bolsonaro, mas sem adesismo."

No evento deste domingo (12), na Avenida Paulista, os presidenciáveis João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB) e Alessandro Vieira (Cidadania) defenderam uma aproximação entre os lados antagônicos do espectro político e fizeram comparações sobre a mobilização atual com o movimento das Diretas Já, na redemocratização.

A agenda unificada será discutida em uma reunião, nesta quarta-feira, com representantes de 9 partidos de oposição em Brasília. Pelo desenho inicial, siglas e grupos à esquerda planejam fazer uma manifestação nacional mais ampla que as anteriores em 2 de outubro. Conduzem a preparação desse protesto PT, PSOL, PSB, PDT, PCdoB, Cidadania, Solidariedade, UP e Rede.

Para o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP) e um dos líderes da campanha nacional Fora Bolsonaro Raimundo Bonfim, Doria, Mandetta, Ciro e Tebet "partidarizaram" o ato na Paulista, algo que, segundo ele, o ex-presidente Lula não teria feito. "Esse ato foi construído com o objetivo de isolar (a esquerda). O MBL não tem legitimidade para ser porta- voz de um movimento como as Diretas Já", disse Bonfim.

Do lado da direita, também há resistências à união. O mote "nem Lula, nem Bolsonaro" não foi aposentado, como chegou a ser anunciado pelos organizadores. Para o deputado estadual Arthur do Val, o "Mamãe Falei", do MBL, não existe interesse em uma composição com o PT: "Nem da parte deles, nem da nossa".

O deputado estadual José Américo (PT), membro da Executiva Nacional do PT, avalia como "positiva" a manifestação deste domingo. Mas diz que é preciso certa "maturidade" de alguns dos movimentos que estiveram na Avenida Paulista antes de o partido do presidente Lula se juntar as fileiras.

"Esta é uma primeira tentativa de unificar os movimentos", afirmou Magno Karl, diretor do Livres. Ele disse que conta com a adesão de outras organizações para que o movimento cresça, incluindo siglas de esquerda como o PT. "Espero que isso aconteça, mas respeito a estratégia eleitoral diferente".

Os manifestantes que foram na tarde deste domingo (12) à Esplanada dos Ministérios, em Brasília, tinham como principal bandeira o impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Organizado pelo Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem pra Rua, o ato não teve um grande número de participantes, mas conseguiu reunir algumas centenas de pessoas próximo ao Congresso Nacional.

Com faixas pedindo o impeachment de Bolsonaro, o movimento defende uma terceira via, nem Lula e nem Bolsonaro. Os atos também são realizados em outros Estados e teve uma maior adesão em São Paulo, onde manifestantes se reúnem na Avenida Paulista.

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Nas redes sociais, parlamentares governistas e ministros ironizaram o número de manifestantes que foram às ruas no primeiro ato em resposta aos eventos de 7 setembro, organizados por apoiadores de Jair Bolsonaro, mas não comentaram o fato de o ato no início da manhã em Brasília, favorável ao governo, ter tido poucos apoiadores.

A deputada Bia Kicis (PSL-DF) fez publicações no Twitter sobre o baixo comparecimento na Esplanada dos Ministérios e em Copacabana, no Rio de Janeiro, em vista do horário definido pelos organizadores para início dos protestos, às 14h.

"A manifestação do MBL pelo impeachment do Presidente Jair Bolsonaro na praia de Copacabana conseguiu um fato inédito: que a praia ficasse mais vazia do que em um domingo qualquer de sol", escreveu a deputada.

O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, publicou um vídeo no Twitter, aos risos, com críticas à imprensa por noticiar os atos. Ele também compartilhou montagens de supostas fotos tiradas hoje com os registros das manifestações bolsonaristas recentes. O mesmo fez o ministro da Comunicação, Fábio Faria, que citou o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) ao dizer que "o distanciamento social está sendo 'totalmente respeitado' em todas as manifestações de hoje", em alusão ao baixo comparecimento.

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) montou um esquema de reforço à segurança na Esplanada, pois a manifestação convocada pelos movimentos de oposição ocorreu poucas horas depois de atos que seriam realizados a favor de Bolsonaro. Os dois protestos tiveram baixa adesão e não foram registradas ocorrências junto a Polícia Militar do DF. O protesto terminou por volta das 17h. As vias da Esplanada dos Ministérios só serão liberadas após a dispersão dos manifestantes.

Atos pró-governo

Mais cedo, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro se reuniram na Esplanada dos Ministérios para um ato pró-governo. A manifestação, no entanto, teve baixa adesão. Pelas redes sociais, o presidente chegou a debochar e questionar se o ato estava, de fato, previsto. "Alguém sabia desse 'ato'?", escreveu Bolsonaro em seu perfil no Twitter, ao compartilhar imagem de reportagem publicada pelo Estadão.

Em nota ao Broadcast/Estadão, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) confirmou que dois atos estavam previstos para serem realizados em Brasília neste domingo. A previsão era que os apoiadores do governo se concentrassem na área central da Capital a partir das 9h.

"Dois grupos - um contrário e um a favor do governo - realizaram cadastro junto à Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP/DF) para realização de manifestação no próximo domingo (12). Eles irão se manifestar entre o Museu da República e a Avenida José Sarney, paralela à Avenida das Bandeiras, porém em horários distintos", informou a secretaria.

Políticos que buscam representar a chamada "terceira via" nas eleições de 2022 devem comparecer em peso à manifestação deste domingo (12), na Avenida Paulista, em São Paulo. De acordo com lista divulgada pelo MBL em suas redes sociais na noite deste sábado, os ex-ministros Ciro Gomes (PDT) e Luiz Henrique Mandetta (DEM) devem participar do ato convocado pelo grupo. Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Simone Tebet (MDB-MS), que também ensaiam a candidatura, engrossam a lista.

Além deles, o presidente do partido Novo e candidato à Presidência em 2018, João Amoêdo, também teve sua presença confirmada pelo movimento. Ele esteve no ato no Rio pela manhã. Amoêdo chegou a ensaiar uma nova candidatura para 2022, mas recuou poucos dias depois de aceitar a indicação do partido ao posto.

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Mesmo com o abandono do mote "Nem Bolsonaro, nem Lula" da convocação para os atos deste domingo, os principais partidos e grupos da esquerda não aderiram ao evento. No entanto, o ato na Paulista deve contar com alguns representantes. A deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP) e o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) foram confirmados na manifestação de São Paulo. Como representante do PDT estadual, que optou por aderir ao protesto de hoje, a deputada federal Tabata Amaral (PDT) também deve marcar presença.

A lista divulgada pelo movimento também inclui o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM), a deputada estadual Marina Helou (Rede-SP), e o presidente estadual do PSDB-SP, Marco Vinholi, além dos principais rostos do MBL, como o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) e o deputado estadual Arthur do Val (Patriota-SP). (Equipe AE)

Depois do temor manifestado por governantes de que policiais militares pudessem embarcar nas manifestações realizadas neste 7 de setembro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, usou parte de seu discurso para elogiar as forças de segurança, citando também as Forças Armadas.

Ao comemorar a ausência de "incidentes graves" nos atos, Fux disse ser necessário enaltecer a atuação desses quadros, dando destaque às Polícias Militar (PM) e Federal (PF). "Membros não mediram esforços para a preservação da ordem e da incolumidade do patrimônio público, com integral respeito à dignidade dos manifestantes", disse.

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Em seguida, o presidente da Corte também citou o "empenho" das Forças Armadas, dos governadores e demais agentes de segurança que monitoraram em tempo real todos os protestos. "Permitindo, assim, o seu desenrolar com ordem e paz." "De norte a sul do País, percebemos que os policiais e demais agentes atuaram conscientes de que a democracia é importante não apenas para si, mas também para seus filhos, que crescerão ao pálio da normalidade institucional que seus pais contribuíram para manter", afirmou.

Ao falar sobre os atos, Fux também comentou que os manifestantes, ao irem às ruas, exerceram as liberdades de reunião e de expressão, direitos "fundamentais ostensivamente protegidos por este STF". A observação é feita pelo presidente do STF num momento em que a Corte é acusada por bolsonaristas e pelo próprio presidente Jair Bolsonaro de assinar decisões que, segundo esses ataques, iriam contra a liberdade de manifestação.

Por outro lado, Fux respondeu a essas "palavras de ordem", como ele mesmo classificou. "Cartazes e palavras de ordem veicularam duras críticas à Corte e aos seus membros", acrescentou, ao ressaltar que muitas delas vieram de Bolsonaro nas falas a apoiadores em Brasília e São Paulo.

Ao dar o recado mais duro ao presidente da República - de que o desprezo às decisões judiciais configura crime de responsabilidade -, o presidente do Supremo Tribunal afirmou que a crítica institucional não se confunde e nem se ajusta a narrativas de descredibilização do STF e de seus membros, "tal como vem sendo gravemente difundidas pelo Chefe da Nação".

"Nós, ministras e ministros do STF, sabemos que nenhuma nação constrói a sua identidade sem dissenso. A convivência entre visões diferentes sobre o mesmo mundo é pressuposto da democracia, que não sobrevive sem debates sobre o desempenho dos seus governos e de suas instituições", afirmou, para, então, alertar que a ofensa à honra de ministros, a incitação à propagação de palavras de ódio e o incentivo ao descumprimento de determinações judiciais são práticas ilícitas.

"Infelizmente, tem sido cada vez mais comum que alguns movimentos invoquem a democracia como pretexto para a promoção de ideias antidemocráticas (...) Todos sabemos que quem promove o discurso do 'nós contra eles' não propaga democracia, mas a política do caos. Em verdade, a democracia é o discurso do 'um por todos e todos por um', respeitadas as nossas diferenças e complexidades", analisou Fux, segundo quem o STF "jamais aceitará ameaças à sua independência nem intimidações ao exercício regular de suas funções". "O Supremo Tribunal Federal também não tolerará ameaças à autoridade de suas decisões", anunciou.

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