Após receber a bancada do PT, nessa quarta-feira (11), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, acusou a oposição de querer usar a CPI da Petrobras para “fazer imputações indevidas à presidente Dilma Rousseff”. Para ele, os que defendem o impeachment têm “motivação política e problema psicológico, por não aceitarem o resultado das urnas”.
Os parlamentares petistas pediram que o Ministério Público, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça instaurem investigação para apurar crimes declarados pelo ex-gerente da Petrobras, Pedro Barusco, antes de 2003 e, além disso, pedem acesso, caso o procedimento já começado. A ação é um contragolpe para ampliar as apurações para o período do governo FHC, já que os depoimento do ex-gerente executivo da Petrobras, Pedro Barusco, aponta para esquemas de corrupção desde 1997.
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“Infelizmente há uma corrupção histórica na Petrobras, que agora é descoberta. É como uma doença que se descobre depois, com o diagnóstico correto”, disse ele. Cardoso também rebateu as críticas de que o governo está agindo tardiamente. “Avançamos muito no combate à corrupção. Se não tivéssemos tomado as medidas que tomamos desde o governo do presidente Lula e durante o governo da presidenta Dilma, nós não teríamos hoje a investigação no padrão que temos”.
Confira um trecho da entrevista do ministro da Justiça:
O governo está sob cerco político e a oposição convoca manifestações pelo impeachment. Como o Planalto deve reagir?
Eu não diria que o governo está sob cerco político. Eu diria que existem pessoas que ainda não entenderam o resultado das urnas e querem o terceiro turno. Antes mesmo da posse, estavam convocando atos para defender o impeachment da presidenta. Agora, a Lava Jato está sendo aproveitada por lideranças políticas para fazer imputações indevidas à presidenta Dilma. Eu acho curioso porque não há absolutamente nada em relação a ela. Os depoimentos da Lava Jato mostram que a corrupção na Petrobras começa muito antes do governo Lula, infelizmente. Segundo depoimento de um dos delatores, começa em 1997. No entanto, ninguém fala - nem poderia falar - que Fernando Henrique Cardoso foi conivente ou estava envolvido naqueles fatos.
O senhor está dizendo que o governo Fernando Henrique fechou os olhos para a corrupção?
Não. O que digo é que não existe nenhum fato que possa implicar a presidenta Dilma. Isso é de uma evidência solar. Quem tenta envolver a presidenta age com dois pesos e duas medidas. Aqueles que querem fazer isso têm motivação política e problema psicológico, por não aceitarem o resultado das urnas. Exibem sentimento de frustração. Infelizmente há uma corrupção histórica na Petrobras, que agora é descoberta. É como uma doença que se descobre depois, com o diagnóstico correto.
Mas foram 12 anos para o diagnóstico? O senhor acha crível que ninguém soubesse de nada?
Não foram 12 anos para diagnosticar. As pessoas que sabiam ou participavam serão, obviamente, objeto de apuração e investigação. Existe a tentativa de algumas lideranças de criar um clima de revanche eleitoral. Fico espantado ao ver pessoas que, embora sem tomar as medidas necessárias para que a corrupção fosse investigada, tentem hoje, subitamente, apagar o passado, colocar o problema no presente e criar um clima passional que contradiz com o espírito democrático que sempre tiveram.
A situação do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, acusado de desvio da Petrobras para abastecer o caixa do partido constrange o governo?
Um governo que busca combater a corrupção não se sentirá minimamente constrangido em relação a nenhuma investigação. O que é importante ter claro é que jamais podemos prejulgar alguém, seja ele petista, seja ele tucano ou quem quer que seja. Não vivemos numa arena romana.
O que mais preocupa o governo: os desdobramentos da nova CPI da Petrobras ou a lista de políticos suspeitos, muitos da base aliada, que será enviada ao Supremo pela Procuradoria-Geral da República?
Se nós não quiséssemos que a investigação ocorresse, poderíamos estar preocupados, mas não estamos.
Com informações da assessoria do Ministério da Justiça e da Agência Estado.