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Protestos por moradia ocorrem nesta sexta-feira (15) no Recife e também em Caruaru, no Agreste de Pernambuco. Nos dois atos houve invasão de prédios públicos por parte dos manifestantes.

No Recife, integrantes da Organização de Luta pela Moradia Digna (OLMD) ocuparam o prédio da Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab). A reivindicação do grupo é o pagamento do auxílio moradia para moradores das comunidades de Bandepe, Nova Tacaruna, Nelson Mandela e Casa Amarela.

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Segundo a Cehab, a reunião já estava marcada para esta sexta-feira. A companhia informou que havia solicitado uma atualização dos cadastrados devido a alguns nomes apresentarem irregulares. Após isso, a promessa é que o grupo seja incluído no benefício. “Além disso, projetos habitacionais já estão em análise para atender esse grupo”, disse a Cehab em nota.

Em Caruaru, o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) ocupou a sede da prefeitura para cobrar moradias que teriam sido prometidas há seis anos. Segundo o coordenador do MNLM, Paulo André Araújo, Caruaru tem um déficit habitacional de 18 mil famílias.

“Foram prometidos sete hectares de terra para a construção de 70 unidades. Perdemos uma oportunidade nesses seis anos de ter construído pelo Minha Casa, Minha Vida Entidades. Hoje o programa está bastante reduzido”, ele lamenta. Os manifestantes foram recebidos pela secretária de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Perpétua Dantas.

Na próxima quinta-feira (21), o movimento visitará um terreno que deverá ser direcionado para algumas dessas famílias. No dia seguinte, está agendada uma nova reunião com a prefeitura. De acordo com a prefeitura, representantes da gestão se reunirão com a Caixa Econômica Federal (CEF) para debater o recadastramento de interessados nos programas habitacionais, pauta também reivindicada nesta manhã.

Minutos antes da reunião, o síndico Rufino Neto fumava cigarros, andava de um lado para o outro e dava respostas curtas, parecia inquieto. Aos poucos, as pessoas foram entrando na capela. Josy Miranda foi a primeira a falar. “Amanhã serão oito dias de angústia e incertezas. A gente não vai desistir, aqui a gente vai ficar. Temos fé em Deus”, ela disse. Aplausos. Discursaram também as deputadas da Juntas (Psol), que presidem a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Uma moradora se exaltou e começou a acusar o síndico de ter subtraído pagamentos, enquanto ele ouvia de braços cruzados em silêncio. “Se ele não tem condições, coloque outro no lugar”, ela esbravejou. Josy pedia para a reunião não perder o foco. Na entrada da capela, uma senhora com camiseta da Paixão de Cristo rezava de olhos fechados e mãos juntas. Outra moradora gritava para todos: “A discussão é pela moradia. Depois a gente decide sobre o síndico. A gente tem que se unir agora. Acorda!”. Desencantados com a falta de perspectiva, moradores começaram a deixar o recinto. Rufino ameaçou renunciar caso alguém encontrasse alguma irregularidade sua. “Eu quero assistir a minha novela, quero tomar banho de chuveiro”, reclamava outra pessoa do lado de fora. Em poucos minutos a reunião acabou. Lá do alto do prédio, Regina Pires ouviu nada daquilo.

O clima de nervos à flor da pele observado naquela reunião da tarde de terça-feira (12) domina os moradores do Edifício Holiday, localizado a uma quadra da Praia de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Mal sabiam eles que a situação ainda iria piorar no dia seguinte: a Justiça determinou que o prédio seja interditado e que os moradores deixem o local no prazo de cinco dias úteis - até a próxima quarta-feira. É mais um drama na vida dessas pessoas que estão há nove dias sem energia elétrica e sem água. Mais um drama para Regina.

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Regina é um claro exemplo de como a situação dos moradores do Edifício Holiday está dramática. Ela não estava na reunião porque estava ilhada em sua casa. A mulher de 63 anos mora no 16º andar e, desde a falta de energia, com os elevadores parados, não sai mais de casa. Ela já sofreu dois AVCS, é hipertensa, diabética, com dificuldade de locomoção, tendo recebido 59 pontos nas costas após um acidente, não pode ficar sentada por muito tempo porque começa a sentir dor. E não tem parentes próximos. “Eu não tenho para onde ir”, resumiu.

No dia dos três pipocos, Regina estava no térreo. De repente, todo o prédio ficou no escuro. Ela precisou ser levada por amigas até o seu andar pois não consegue subir sozinha e os elevadores não funcionavam mais. Certa vez ela tentou arriscar as escadas e, quando estava no sétimo andar, seu coração acelerou e ela acabou sendo socorrida para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde ficou três dias internada. A casa é minúscula. O sofá vermelho de um lado e a estante cheia de imagens de santos do outro permitem apenas um apertado corredor que leva ao outro cômodo, onde a cama de solteiro é colada com o fogão. “Aqui é maravilhoso. Não quero sair daqui”, disse sem hesitar. Apesar do gênio alegre, precisou ser amparada na igreja semanas atrás de tanto chorar preocupada com o seu futuro. “Já chorei que só uma louca”, admitiu.

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No escuro, ela mostra o recipiente com insulinas descongeladas. “Tenho medo de tomar assim e bater as botas”, comentou, também aos risos. A insulina deve ser conservada na geladeira, podendo perder a capacidade de ação se mantida em temperatura ambiente.

O Edifício Holiday foi erguido em 1957, possui 17 andares e 476 apartamentos. Na época de sua construção, o bairro de Boa Viagem ainda estava em formação e consistia basicamente de residências de veraneio. Acredita-se que a construção modernista foi erguida com o objetivo principal de servir de residência para fins de semana e férias ou moradia para jovens casais e solteiros, por isso o formato de apartamentos pequenos. Há três tipos de apartamentos no Holiday: kitnet, com um quarto e com dois quartos.

Boa Viagem sofreu uma transformação desde a década de 50 e virou bairro nobre. O Holiday agora é cercado por prédios intimidadores, direcionados para quem tem maior poder aquisitivo. Mesmo com sua estrutura singular, o Holiday virou o patinho feio da vizinhança. “As pessoas olham para cá discriminando. Meu irmão não entra aqui com vergonha”, diz Cláudio Laureano, de 71 anos. Entre os residentes, corre o zumzumzum  de que haveria grande interesse do setor imobiliário na interdição do Holiday devido ao local ser estratégico.

Cláudio é outro morador que tem sofrido em especial com a falta de energia e água. Também diabético e com prótese no quadril, o aposentado tem ficado recluso. “Como eu vou descer essas escadas de noite?”, questionou. Cláudio abriu a geladeira e um cheiro ruim invadiu o ambiente. Sob a luz de várias lanternas ligadas em cima do armário, ele exibiu um recipiente onde guarda as insulinas. “Estão todas estragadas”, salientou. Além desses moradores, o imóvel abriga idosos, cadeirantes, doentes e crianças. Os condôminos são, em grande maioria, de baixa renda. Apesar de uma grande rotatividade, o prédio é conhecido por abrigar em maior parte comerciantes da Praia de Boa Viagem e algumas garotas de programa da região.

Em fiscalização recente, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) disse ter identificado um “risco elevadíssimo” de incêndio no Holiday. “Nós identificamos diversas ligações clandestinas, gambiarras, condutores expostos, um risco elevadíssimo de curto circuito e incêndio. Era necessário um corte de imediato para proteger a vida das pessoas”, explicou o gerente operacional da Celpe, Fábio Barros. Em uma tentativa de desligamento da energia, os técnicos foram impedidos pela população. “Chamamos a polícia para nos apoiar, mas mesmo assim, não conseguimos realizar o corte”, recordou Barros. Após a queda de energia, os moradores esperaram o religamento, que não ocorreu. Por meio de nota, a Celpe destacou que estava amparada por determinação judicial, acrescentando que o fornecimento só será restabelecido após as correções elétricas necessárias.

A Prefeitura do Recife, que solicitou a interdição, diz ter baseado o pedido em laudo do Corpo de Bombeiros, que constatou risco quatro de incêndio em uma escala de um a quatro. “Eles são desorganizados, não se dão bem entre eles, não se acertam. Eu dei sugestões. Sugeri criar um grupo para decidir sobre a restauração do prédio, fazer uma conta bancária, emitir um boletim para tudo ser feito com transparência, cobrar taxa de aluguel, regular a situação do pagamento dos condomínios”, citou o secretário de Mobilidade e Controle Urbano, João Braga, antes de ocorrer a solicitação de interdição. O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) também acompanha o caso, tendo instaurado um inquérito civil e solicitado laudos sobre as condições de habitabilidade. O Governo de Pernambuco, através da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), encaminhou uma equipe do Centro Integrado de Atendimento e Prevenção à Violência contra a Pessoa Idosa (CIAPPI) para fazer um levantamento do perfil socioeconômicos dos idosos.

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Aos poucos, as famílias estão indo embora. Entra e sai de caminhões de mudança virou algo corriqueiro nos últimos dias. Antes desse drama, cerca de três mil pessoas viviam no local. “Se tem 200 pessoas agora é muito”, calculou Josy. Para ela, a saída dos condôminos é ruim para quem quer continuar lutando para morar no Holiday. De maneira geral, a situação chegou a esse ponto por causa da inadimplência dos moradores, que alcança até 80% dos ocupantes. O síndico alega não haver dinheiro para fazer os ajustes no prédio e que a inadimplência existe desde síndicos anteriores.

Segundo a prefeitura, a condição estrutural do edifício é alvo de preocupação do Poder Público desde 1996. Desde então, o edifício foi alvo de vistorias, intervenções e recomendações de diversos órgãos públicos a exemplo do Corpo de Bombeiros, CREA, Procuradoria Regional do Trabalho, Ministério Público de Pernambuco, Dircon, Vigilância Sanitária e Defesa Civil do Recife. O lixo, por exemplo, sempre foi outro problema recorrente do edifício. Ele costuma ficar acumulado no térreo, causando mau cheiro e risco de doenças. Em cada andar há uma espécie de lixeira-canaleta, que joga os dejetos para baixo. Certos andares têm forte mau cheiro porque estas calhas não recebem a devida limpeza.

O síndico pretende recorrer da decisão de interdição. A gestão municipal está oferecendo abrigos públicos a partir desta quinta-feira (14), porém, de forma praticamente consensual, os residentes rejeitam a ideia. Força policial pode ser usada para que determinação seja cumprida.

Na manhã desta quinta-feira (24), uma reintegração de posse foi cumprida em um terreno em Jardim São Paulo, Zona Oeste do Recife, que estava sendo ocupado desde novembro de 2017, segundo os moradores. Cerca de 300 famílias tiveram que deixar o local. Logo cedo, no momento da chegada da Polícia Militar (PM), houve momentos de tensão, com os despejados colocando fogo em entulhos e em barracos e protestando contra a decisão judicial.

Grupos como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH) e Defensoria Pública de Pernambuco estiveram no local para dar apoio aos moradores da ocupação intitulada Jardim Boas Novas. Vitória Genuína, coordenadora estadual do MTST, destacou ter havido vícios no processo de reintegração de posse.

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“O dito proprietário do terreno apresenta um contrato de compra e venda e não a escritura, que é o documento que comprova a propriedade; os moradores não foram citados no processo, algo que deve acontecer; e várias coisas não deixam claro de quem é o terreno”, cita Vitória. A coordenadora complementa ter conversado com o juiz solicitando mais 30 dias antes da reintegração para que as famílias organizassem melhor a saída. “Ele deu o prazo, mas, no outro dia, saiu uma decisão de que ele não tinha revogado a liminar [de reintegração]. Fomos pegos de surpresa junto com os moradores”, ela acrescenta.

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O defensor público José Fernando Nunes Debli disse que uma pessoa teria convidado as famílias para ocupar o terreno alegando que não haveria proprietário. “Ele teria dito que poderia construir aqui, por isso há tanta construção de alvenaria. A gente soube da ocupação e da reintegração na sexta. Na segunda-feira a gente protocolou uma petição e tentou reverter, mas não foi possível. Então a gente veio aqui hoje amparar e verificar a legalidade da reintegração para que não houvesse excesso”, explica o defensor.

O advogado Ícaro Marques, do autor do pedido de reintegração identificado como Cláudio Geraldo Seixas Guedes, disse lamentar o despejo, mas fez acusações: “Uma coisa é certa: quem está aqui ocupando não é pessoa completamente desabrigada. A gente está vendo pessoas aí levando suas coisas por conta própria na mão. Ninguém ia carregar isso aqui dois, três quilômetros ou ficar do lado de fora segurando na mão. Obviamente tem algum lugar pra levar. Outro exemplo que cito é o pessoal morador de rua. Por que esse povo não está aqui? Porque eles não têm condições de comprar um imóvel aqui. O grupo que faz esse tipo de invasão faz para vender. Simples. Aí eu pergunto: realmente essa invasão aqui tem alguma finalidade social? Não tem. Não sejamos ingênuos”. Marques também relatou que os documentos apresentados à Justiça comprovam que seu cliente é dono do terreno.

No local, o clima era de lamento, enquanto as casas de alvenaria e madeira eram derrubadas por um trator. Algumas pessoas choravam ou assistiam em silêncio à derrubada da casa. Outros, ainda, pareciam conformados, como o vendedor Rodrigo de Araújo, 33 anos. “Eu já sou acostumado a perder mesmo. Isso é da vida. Bola pra frente. Trabalhar agora”, disse. Rodrigo conta já ter sido despejado em outra oportunidade.

A manicure Bianca Camila, 27, veio com o marido e os dois filhos para a ocupação Jardim Boas Novas no final de 2018 e já haviam erguido uma casa de tijolo. “É triste. Vou viver de favor na casa dos familiares. Perdi material que não vai ter como recuperar. Consegui tirar muito pouco. Lutei pra conseguir material para construir e agora vem tudo por água baixo. É muito triste não só para mim, mas para muita gente daí”, lamenta a mulher que ganha R$ 20 por serviço de manicure e que está com um companheiro desempregado. “Ou come ou arruma uma casa para morar”, afirma Bianca.  

Os enfeites postos anunciam que o período natalino chegou e como um bom protetor da tradições, Fábio sempre opta pelo vermelho. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

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Cuidadosamente, os bonecos encontrados nas ruas são realocados em cima de um móvel coberto por pedaços de grama sintética. Com algumas referências bíblicas, um presépio diferente, mas igualmente acolhedor começa a ganhar vida. Nas paredes da casa, laços vermelhos, espumas reutilizadas de travesseiros e colchões velhos, tecidos e plásticos coloridos são ornamentados de modo que toda as paredes fiquem enfeitadas, em diferentes ângulos. Pelo menos uma vez por ano, a casa onde vive Fábio Bento, conhecido pelos amigos como Magão, 36, muda completamente de aparência.

Os enfeites postos anunciam que o período natalino chegou e como um bom protetor da tradições, Fábio sempre opta pelos detalhes no tom do vermelho mais vivo que encontrar pelas ruas. Todo o material da ornamentação para o Natal é reciclável e muitos deles são doados por amigos, que conhecem a relação do Magão com o fim do ano e a felicidade por ter um teto para morar, pelo menos por enquanto. Fábio vive há pouco mais de dois anos na ocupação Sítio dos Pescadores, localizada na comunidade do Bode, na Zona Sul do Recife.

Junto a ele, um total de 35 famílias também habitam o local. São casas feitas com madeira, muitas improvisadas de um só vão, já outras construídas com alvenaria são mais arriscadas. Isso porque o terreno no qual a ocupação se encontra pertence ao município do Recife e já possui um projeto para ser implementada uma escola pública no local.

A ocupação teve início no dia 16 de março de 2016 e Magão logo ganhou uma moradia. Atualmente, ele, que nunca trabalhou formalmente com carteira assinada por falta de oportunidades, se considera um profissional “faz tudo”. Garante que sabe fazer uma boa faxina, é auxiliar de cabeleireiro e realiza outros bicos. Ele nasceu e foi criado nas palafitas do Pina, bairro da Zona Sul do Recife, mas em 2016 passou por um dos momentos mais desesperadores de sua vida.

Apaixonado pelas cores do Natal desde criança, o cabeleireiro sempre sonhou em fazer como nos filmes de Hollywood. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Ele morava com um tio e uma sobrinha deficiente em uma casa simples, mas que representava muito. Após uns aos, a garota foi morar em um abrigo e o tio piorou na dependência do álcool. “Um dia ele jogou um góia do cigarro no chão, nem percebeu. Deu um vacilo grande”, relembra entristecido Magão. Em pouco tempo, tudo já tinha virado cinzas. “Teu barraco está pegando fogo, tesá pegando fogo”, as pessoas gritavam. Magão conta que perdeu tudo, desde os documentos até as memórias físicas do local.

Meses depois conseguiu ajuda através do Programa Atitude, de Atenção Integral aos Usuários de Drogas e seus Familiares, voltado para o atendimento a usuários de drogas e redução de danos. “Consegui temporariamente um local para morar e comer, não tinha nada, nem roupa”, conta.

Ao entrar na comunidade do Sítio dos Pescadores, a primeira casa a ser avistada é a de Magão. Ela já chama atenção pelos enfeites em alusão ao Natal no muro de entrada. Ele conta que o espírito natalino não pode se abater pelos percalços que enfrenta no medo de perder o seu lar, porque a data representa um momento importante.

Apaixonado pelas cores do Natal desde criança, o cabeleireiro sempre sonhou em fazer como nos filmes de Hollywood. “Queria aquele presépio belíssimo todo iluminado de encher os olhos de todos, o Natal é isso, felicidade, alegria, amor e muita luz”, diz. Mas, o que faz a data se tornar ainda mais saudosa é que o dia 24 também representa a data em que perdeu a mãe, há 16 anos. “Ela partiu exatamente na véspera de Natal e para eu não ficar triste lembrando disso, tento colorir a minha vida do jeito que posso, mesmo sem luxo”, complementa.

Ele conta que o espírito natalino não pode se abater pelos percalços que enfrenta no medo de perder o seu lar. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O local que Fábio vive é pequeno e composto em sala e quarto em um só vão. Vaidoso, ele deixa a cama cheia de jóias e bijuterias que ganhou de um amigo. Na sala, a árvore de Natal feita com materiais reciclados chama atenção de quem entra na casa dele, que não possui fogão e nem geladeira. “Eu como na casa dos amigos, compro coisas prontas, não caberia aqui e também não tenho condições de comprar um”, afirma. Para concluir a ornamentação do Natal, ele destaca que está faltando um dos principais objetos: o pisca pisca. “Só queria mais isso, vamos vê se eu vou conseguir. Já pedi a algumas pessoas e todo mundo só faz prometer, vai passar o Natal e não coloco a luz”, menciona dando algumas gargalhadas esperançosas de quem vai ganhar.

Na tradição ocidental, o papai noel é um dos personagens mais importantes nessa época do ano. É o velhinho que faz a alegria das crianças ao levar os presentes na véspera de Natal. Magão já não mais crê nessa tradição natalina, mas apesar das dificuldades, ainda acredita na Justiça e no direito de ter uma propriedade para viver sua vida como presente de Natal. “Luto por moradia desde que me entendo por gente. Sempre com aquele medo de que tanto faz a gente está conversando aqui e de uma hora para outra, ser colocado para fora a força da casa e não saber para onde ir”, lamenta. Ele mora com um sobrinho de 18 anos e possui a tutela do garoto. “A maioria da minha família já faleceu, eu tenho três sobrinhos que me restaram para aproveitar o resto da vida”.

Ansioso para a chegada do dia 24, ele já fez sua programação, que pode ser alterada dependendo se surgir um convite melhor. Durante o dia, já foi chamado para fazer vários cabelos na comunidade. “As pessoas gostam do meu trabalho aqui, sou bom no que faço”, diz. Mas, ele já adianta que quando der a sua hora, vai meter o pé no mundo para aproveitar a melhor época do ano e pedir por mais paz no mundo, principalmente. “A noite vou me encontrar com os meus amigos aqui pela região mesmo, talvez fazer amigo secreto, confraternizar, comer um churrasco”.

Em 2018, o déficit habitacional em Pernambuco é de 285 mil unidades, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Outro problema é o número alto de pessoas que vivem em moradias inadequadas e sem saneamento básico. Dados do  Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) revelam que quase metade da população pernambucana é refém dessa falta de infraestrutura.

Sem muita renda, com pouca perspectiva de melhoria no futuro e com a incerteza de ter uma moradia digna e própria um dia, Magão ainda resiste e bate o pé ao falar que toda a comunidade deveria enfeitar sua casa. Mas, no Sítio dos Pescadores, são poucos que, por diversos motivos, procuram se apegar aos enfeites.

Um dos poucos que decidiu ornamentar a casa, o zelador Jobson explica que se as outras pessoas também tivessem mais condições financeiras, enfeitariam bem melhor e comprariam árvores de Natal. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O zelador Jobson Carlos, 26, mora a poucos metros de Magão e com um dinheiro extra que recebeu, conseguiu comprar um pisca-pisca para colocar no muro de entrada da sua casa. Ele conta que cresceu morando com o pai e a mãe, mas assim que saiu de casa foi residir na ocupação do Sítio dos Pescadores. “O sonho de ter uma casa vai aumentando, todo mundo quer ter seu espaço e encontrei o meu há dois anos”, detalha Jobson sobre como foi morar na comunidade.

Um dos poucos que decidiu ornamentar a casa, ele explica que se as outras pessoas também tivessem mais condições financeiras, enfeitariam bem melhor e comprariam árvores de Natal. Mas, a situação de incerteza, o desemprego, a falta de oportunidades e a não perspectiva de melhorias afastam cada vez mais seus vizinhos desse apego à ornamentação natalina. “Desde pequeno eu acho bonito colocar luzes, celebrar essa data tão importante, queria fazer isso um dia também e mesmo que seja uma ocupação, temos que viver, somos gente”, conta Jobson que descreve como será sua festa natalina. “Minha família vai vir para o meu terreno, vamos ouvir música, conversar e comer um churrasquinho”, expõe.

Ana Karla, 23, a coordenadora da ocupação do Sítio dos Pescadores e integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), relata que os problemas na ocupação são muitos, falta energia elétrica, água encanada, saneamento básico, assim como em outras ocupações. “Mas a gente tem dado um jeito em todas as questões porque temos que passar por isso, a ocupação hoje só existe porque há déficit habitacional em toda a cidade e isso nos leva a ocupar esses terrenos abandonados”, explica.

Karla é a coordenadora da ocupação do Sítio dos Pescadores e integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Ela aponta que desde o começo, a ameaça de sair do local é constante e que o terreno deverá ser uma escola, de fato. “Mas como a gente participa das reuniões e negociações, combinamos que só sairíamos com duas condições, a primeira é que a verba para o colégio seja entregue para que a obra comece, e a outra é que eles precisam nos realocar para outra moradia”, destaca Karla. Para ela, eles estão ocupando um espaço e propondo um uso social de um local abandonado. “Quando a gente chegou aqui só tinha lixo, entulho e mato”, relembra.

A ocupação se encontra em uma área Zona Especial de Interesse Social (Zeis) e deveria servir a políticas públicas de moradia e regularização fundiária. É o que pensam os moradores. Para Karla, o medo de dormir e não saber se irá acordar sendo despejada é a pior angústia que poderia sentir. “Outras ocupações, mesmo com negociações, já foram destruídas, e por isso, temos esse receio de perder tudo que estamos construindo”, lamenta.

À noite, ao passar pelo local, as luzes coloridas chamam atenção dos pedestres e motoristas. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Na Zona Oeste do Recife, no bairro da Iputinga, um morador, que preferiu não se identificar para a reportagem, também decidiu gastar um dinheiro a mais e enfeitar a sua casa para esperar a chegada do Natal. Ele vive na 'Ocupação Vitória para Cristo', que fica localizada na Avenida Maurício de Nassau. À noite, ao passar pelo local, as luzes coloridas chamam atenção dos pedestres e motoristas. Na escuridão, o brilho dos piscas se destacam e dão uma nova vida ao local.

“Eu sempre gostei muito do Natal, é o nascimento de Jesus Cristo, podemos até ter falhas, mas ele está presente em nossas vidas. Morei em muitos cantos em toda minha vida e sempre achei bonita esses enfeites, pelo pouco que eu tenho, gosto de ter organização. As pessoas passam, olham e admiram pela beleza de tudo que eu faço. Gosto mesmo é de enfeitar tudo”, celebra o morador.

Ele se mudou para a ocupação há três anos, mas a tradição é longa e o acompanha por todas as casas que já morou. Assim como em outras ocupações, Marcos*, nome fictício, vive a realidade das incertezas. “Aqui na favela moram umas trinta famílias, eu acho. A gente não sabe de quem é esse terreno, dizem que é da Marinha, outros dizem que é do Estado. Era para ser um teatro e tem até a estrutura das arquibancadas montada”, conta. Com o abandono da obra, as famílias avistaram no terreno um local para habitar.

Há cerca de seis anos, algumas pessoas começaram a construir suas casas se aproveitando da estrutura de concreto que já estava por lá. “A gente mora aqui, mas sempre com aquele medo acontecer alguma coisa ruim. Estamos aqui porque precisamos e sem dúvida se tivesse um lugar melhor, eu sairia na hora. Não consigo ajeitar minha casa, enfeitar mais, fazer tudo que gosto porque tenho medo de gastar meu trocado e chegar alguém aqui para derrubar tudo, é difícil”, narra.

Neste Natal, Marcos não quer pedir muito. Ele afirma que já tem o principal que é saúde para trabalhar com reciclagem pelas ruas, mas possuir uma casa sua seria o melhor presente que poderia ter. “Pelo menos quatro paredes e o resto eu organizaria. Queria algo meu porque eu poderia cuidar e construir. Imagina eu morar numa casa e colocar uma árvore de natal daquelas de cinco metros, seria um sonho, mas por enquanto tô acordado e atento”, pontua o morador, que espera ter um Natal tranquilo ao lado da família na ocupação.

O Ministério Público de Pernambuco implantou o pagamento de auxílio-saúde para todos os procuradores e promotores do órgão. O valor do benefício, inicialmente, será de R$ 500 mensais, conforme decidido pelo procurador geral de Justiça de Pernambuco, Francisco Dirceu Barros. A determinação foi publicada no Diário Oficial dessa quarta-feira (19).

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O valor será acrescido a remuneração dos membros do MPPE que ganham, em média, R$ 30 mil mensais. Além disso, de acordo com o decreto, o auxílio não contempla membros inativos do órgão. 

De acordo com informações publicadas pelo Blog do Jamildo, a implantação desse auxílio-saúde é visto nos bastidores como cumprimento de uma promessa de campanha feita pelo procurador-geral, em 2016, no grupo de WhatsApp da categoria. Na ocasião, Francisco teria dito que o auxílio poderia chegar até R$ 5 mil por mês, sem impostos, como uma forma de compensar o, então, possível fim do auxílio-moradia - que foi revogado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux.

As 22 famílias que ficaram desabrigadas após o deslizamento do Morro da Boa Esperança, em Niterói, obterão unidades habitacionais da prefeitura, no bairro do Fonseca. As casas serão entregues no dia 20 de dezembro, de acordo com a prefeitura do município.

Até as casas ficarem prontas, as famílias receberão aluguel social. O município está trabalhando na preparação do projeto de lei para incluir as famílias no recebimento do benefício. O texto será encaminhado para a Câmara dos Vereadores amanhã (13) em processo de urgência.

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Foram confirmadas 14 mortes pelo Corpo de Bombeiros, e 11 pessoas foram resgatadas com vida, mas uma morreu no hospital.

 

O bairro de Muribeca, localizado em Jaboatão dos Guararapes, Grande Recife, era uma comunidade pulsante. Vibrava cultura, harmonia e encontros pelos becos dos 70 prédios do Conjunto Habitacional Muribeca, que nos anos 80 deu origem e sentido a todo o bairro. Hoje, o coração da comunidade parece estar fraco, batendo apenas com a ajuda de alguns moradores que resistem e tentam ressignificar o local que agora se encontra em meio ao êxodo provocado pela condenação dos mais de 2.000 apartamentos, e a retirada dos seus moradores.

O Conjunto Muribeca faz parte das milhares de habitações construídas nos anos 80, financiadas pelo Banco Nacional de Habitação (BNH), integrando parte de um projeto do Governo Federal, na época, para facilitar o acesso às moradias populares pelas pessoas mais carentes. Um projeto que foi replicado em várias cidades do Brasil.

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A já extinta Companhia de Habitação Popular do Estado de Pernambuco (COHAB-PE) era a responsável pela construção e entrega local das moradias. No Estado, segundo confirmado pela Pernambuco Participações (Perpart), hoje responsável pelas demandas da COHAB, foram construídos 750 prédios "tipo caixão" para as pessoas carentes que acessaram essa iniciativa Federal; todos na Região Metropolitana. A construção ficou assim dividida: 28 no Recife, 260 em Paulista e 462 desses prédios erguidos no município de Jaboatão dos Guararapes.

Do total de "prédios caixão" - uma construção em alvenaria que se tornaram muito comuns no Brasil a partir de 1970 - entregues em Jaboatão, 70 representavam o Residencial Muribeca, que foi entregue aos seus compradores em 1982.

No entanto, exatos quatro anos após a entrega dos imóveis, alguns moradores se viram numa situação complicada: terem que sair de suas moradias recém adquiridas por conta de problemas estruturais, os chamados "vícios de construção" que acabaram condenando alguns apartamentos; o que mais tarde se repetiu por vários blocos do residencial.

A desocupação aconteceu de forma "parcelada", tendo a primeira desocupação obrigatória acontecido 1986. Neste ano, o bloco 10 da quadra 3, conhecido como “balança, mas não cai”, foi interditado e em seguida demolido.

Em 2005, 19 anos depois da primeira interdição, mais uma desocupação em massa aconteceu. A partir daí, cada vez mais moradores tiveram que sair de suas residências, deixando para trás toda uma vida construída dentro e fora das paredes de seus apartamentos. Foi o ano em que 100% dos blocos foram desocupados e o bairro que crescia começou a regredir e se resumir em abandono - se transformando numa “cidade fantasma”.

Comerciante, filha de uma das primeiras moradoras do Conjunto Muribeca, Eulina Felix, 60 anos, hoje residindo no Ibura, Zona Sul do Recife, lamenta a situação em que vive o seu bairro de infância. “A gente tem até medo de ficar por aqui. Nos feriados, por exemplo, a gente não abre o comércio porque não confiamos mais na segurança”, salienta.

Dona de uma loja de costura em Muribeca, Eulina sente na pele a diminuição de pessoas ao seu redor e, consequentemente, do trabalho. “As pessoas foram embora. Vamos trabalhar pra quem? A gente vive aqui pedindo a Deus uma solução para esse bairro. Ficamos triste porque somos pessoas iguais a todo mundo, e porque nossa cidade está assim? Estamos abandonados”, reclama.

Exercendo o papel como uma das líderes comunitárias da região, Rosa Maria da Silva, mesmo não tendo morado no Conjunto Muribeca, lamenta pela situação. “É algo muito difícil porque tem gente que chegou em Muribeca com filho pequeno, constituíram família e uma história aqui dentro, quando de repente se viram nesse beco sem saída”.

O sentimento de resistência e esperança de que conseguirão sair vitoriosos dessa batalha judicial é demonstrado por cada morador. Mas o que parece imperar em muitos desses é o sentimento do medo de morrer antes de ter um teto para chamar de seu novamente.

“Eu saí do Rio de Janeiro e escolhi esse lugar para viver até a morte.  De repente, já na velhice, me encontro com uma mão na frente e outra atrás, saindo do que era meu, para morar no que é dos outros” relata Maria José dos Santos, 60 anos. A dona de casa recorda a forma de abordagem da Defesa Civil, na época. “Fomos tratados como bichos e invasores. Muita gente aqui dentro passou mal, morreu e quem ainda vive está com a saúde ruim por conta de tudo o que aconteceu”.

Maria José foi uma das pessoas que resistiram inicialmente a ordem de despejo e, segundo afirma, só saiu após muita insistência de seu marido e do filho que não queriam mais passar pelas humilhações. Lembra que, na época, se juntou com outros moradores e foram até a justiça para conversar sobre a situação.

“A juíza nos recebeu e disse que ninguém iria mais sair e que o problema seria resolvido", o que não aconteceu. Depois de um tempo foi a vez de um engenheiro ir até o apartamento da Maria José, pedindo novamente para que a moradora e seus familiares saíssem do imóvel para que pudesse ser feito uma nova perícia. "Depois disso eu recebi a ordem de despejo e tive que deixar o apartamento contra a minha vontade”, afirma.

Maria, Rosa e Eulina são pessoas que estão com a idade avançada, assim como dona Ruth Almeida, que diz já ter perdido a esperança de voltar para a “nova Muribeca” e luta para que pelo menos consiga receber a indenização da moradia que tem direito. “Eu não tenho mais idade para esperar que eles façam as novas moradias. Estou com 75 anos e quero antes de morrer conseguir comprar minha casa e descansar em paz, não aguento mais essa situação”.

Há 13 anos que os moradores lesados esperam pela reconstrução do Habitacional Muribeca e/ou pagamento do seguro para que possam adquirir um novo lar. Toda essa dificuldade deixou a marca da incerteza de um futuro seguro para os velhos e novos, pais e filhos de Muribeca. Assim como teme Dona Ruth, dezenas de pessoas morreram sem reaver suas moradias.

Não é por falta de divulgação da realidade dos que, um dia, tiveram Muribeca plenamente como o seu lar, que o problema foi por completo solucionado. Filmes e poesias já foram feitos no (e para o) bairro, ultrapassando até as fronteiras do Brasil. No entanto, parece que tanta visibilidade da situação calamitosa que vive os antigos e resistentes moradores do bairro não tem feito com que todos os órgãos envolvidos consigam entrar num consenso e resolver a problemática.

O imbróglio judicial do Habitacional Muribeca corre hoje na 5ª Vara da Justiça Federal em Pernambuco. São ao todo cinco processos e nenhuma perspectiva de quando tudo será solucionado.  

Em 2012, a Presidenta Dilma Rousseff, em visita à Pernambuco para a promoção do Programa de Aceleração do Crescimento 2 (PAC2), havia afirmado, juntamente com o Governador Eduardo Campos, que a resolução do problema de Muribeca deveria ser prioritário para a Caixa, que naquele momento não deveria discutir o “mérito” do problema e, sim, tentar auxiliar as pessoas que moravam nos apartamentos condenados. Mas nada foi feito.

Com a desabitação dos prédios, os moradores conseguiram perante a justiça a garantia do pagamento do auxílio moradia no valor de R$ 920, pagos pela Caixa Econômica Federal (CEF), que assumiu o conjunto com o fim do Banco Nacional de Habitação. Em resposta ao LeiaJá, a Caixa afirma que “já se posicionou no referido processo e está aguardando a decisão judicial".

Especulação Imobiliária

Luiz Cláudio, integrante do movimento Somos Todos Muribeca, acredita que o que está acontecendo com o bairro seja parte de uma especulação imobiliária. “Nós aqui estamos a cinco minutos da BR que dá acesso a Suape (Cabo de Santo Agostinho), acesso a praia, ao shopping. A gente está sofrendo o poder dessa especulação que tenta fazer um êxodo na comunidade e o poder público não faz o que deveria fazer”.

Lula, como é conhecido dentro da comunidade, informa que em boa parte do processo os moradores foram julgados, sentenciados e condenados sem participar das ações. “O Somos Todos Muribeca tentou colocar um advogado popular para acompanhar todo o processo como conselheiro do caso, mas a justiça não permitiu”, conta Lula.

Ele afirma que até pouco tempo a comunidade só sabia dos fatos quando tudo já estava determinado, e sem a participação popular. “Uma coisa importante que devemos pontuar aqui é que para além das moradias não existe projeto algum para os comerciantes da área. Toda a comunidade precisa de um comércio e aqui não se está fazendo nada para isso. Nós já entramos em contato com a prefeitura, mostramos algumas áreas que poderia ser construída uma alameda de comércio para atender a comunidade e eles dizem que não podem (fazer)”, diz.

Quem continua em Muribeca, resiste pela esperança de encontrar essa comunidade mais uma vez sendo habitada e desfrutada por aqueles que um dia derramaram o suor do rosto para conseguir realizar o sonho da casa própria.

Na manhã desta sexta-feira (31), a Prefeitura do Recife está demolindo os barracos da Comunidade do Pocotó, que estavam localizados em cima do túnel Augusto Lucena, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a ação desrespeita as negociações que ocorriam e deixa os moradores sem garantia de moradia.

Equipes da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) e da Diretoria Executiva de Controle Urbano (Dircon) iniciaram os trabalhos no local por volta das 5h. Um longo congestionamento foi formado no sentido Boa Viagem-centro do Recife.

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O MTST contabiliza que 12 famílias que não estavam no auxílio moradia foram alvo do despejo. Outras famílias atingidas estavam no auxílio moradia, porém sem cadastro para conseguir habitacional. O movimento critica a prefeitura, pois haveria uma negociação aberta, com a gestão municipal se comprometendo a não fazer o despejo antes de garantir todos os auxílios.

Desde 2017 os moradores do Pocotó vivem sob o temor de perder suas casas. Em setembro do ano passado, a Justiça expediu uma ordem de despejo e as famílias realizaram um protesto no local. A retirada foi adiada, sendo aberto um canal de diálogo com a prefeitura.

"A prefeitura tinha se comprometido a garantir auxílio moradia e cadastramento das famílias no projeto habitacional do Aeroclube. Hoje a gente foi surpreendido com uma ação criminosa em que eles derrubaram aproximadamente 20 barracos. Muitas das famílias estavam dormindo, foram acordadas com a Guarda Municipal e a Prefeitura para derrubar os barracos. Foi um descumprimento de qualquer acordado estabelecido com as famílias e sem uma solução. Nem abrigamento foi oferecido para as famílias", resume Rud Rafael, integrante do MTST.

Por meio de nota enviada nesta manhã, a gestão informou que retirou nove ocupações com o objetivo "de garantir a segurança dos moradores e usuários do Túnel Augusto Lucena". Ainda de acordo com a prefeitura, as nove ocupações já estavam sem moradores. A ação é baseada em critérios técnicos da Defesa Civil, que alegam risco à estrutura do sistema viário, que não foi projetado para receber moradias.

A prefeitura também diz ter realizado o cadastramento das famílias que construíram barracos e ocupavam o local. "Após a inclusão das famílias no auxílio moradia, nova decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco determinou a desocupação voluntária do local, após a citação por parte do Oficial de Justiça", diz nota.

Um levantamento do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos aponta que mais de 30 milhões de brasileiros não têm onde morar. Com foco no mote da luta por moradia, o programa Vai Cair No Enem traz, nesta semana, uma aula direto da Ocupação Marielle Franco, instalada desde março deste ano em um prédio do Centro do Recife.

Recebemos o professor de sociologia João Pedro Holanda, além do docente de geografia Tiago Félix. Lembramos também que o programa está no Instagram - @vaicairnoenem -, onde os feras encontram dicas, desafios, questões, enquetes e muitos outros conteúdos diários. Confira o programa desta semana:

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--> Confira outras edições do programa Vai Cair No Enem 

Manifestantes que começaram um protesto em frente a Secretaria de Administração do Estado de Pernambuco (SAD-PE), na Avenida Antônio de Góes, Zona Sul do Recife, por volta das 9h desta terça-feira (28), continuam mobilizados e seguem para a Superintendência do Patrimônio da União em Pernambuco (SPU-PE) para cobrar da entidade a terraplanagem de um terreno que fica no bairro de Nova Descoberta, na Zona Norte. Os manifestantes integram o Movimento de Luta e Resistência pelo Teto (MLRT).  

Segundo informações do Jean Carlos, Coordenador do Movimento, a Secretaria de Administração do Estado não colocou em seu sistema a solicitação de nova licitação que iria contemplar o terreno, o que já havia sido prometido pela entidade, conforme o coordenado do MLRT. Por isso, o movimento seguiu em protesto até a sede da SAD, para discutir algumas questões com a secretária da pasta, Marília Lins. No entanto, segundo Jean, o movimento não foi atendido. "Ela mandou uma nota falsiê (sic), dizendo que tudo já foi resolvido. Mas a nota não tinha nem assinatura. Uma falta de respeito", exclamou o coordenador do movimento. 

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--> Protesto deixa zona sul do Recife parada nesta terça (28)

O candidato a presidente Guilherme Boulos (PSOL) desembarcou mais uma vez no Recife, nesta quarta-feira (22), no Pátio de São Pedro, área central do Recife, para um comício com a militância e movimentos sociais. Para um público tímido, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) prometeu emprego, educação, moradia e políticas públicas para o segmento LGBT. 

Em seu discurso, Boulos disse que tem propostas para o Brasil e que isso o trouxe para o ato na capital pernambucana. O psolista foi ovacionado quando chegou a garantir que vai gerar seis milhões de empregos em um prazo de dois anos. “Enquanto eles geraram 14 milhões de desempregados, em dois anos vamos gerar seis milhões de empregos para os trabalhadores com o programa Levanta Brasil”, prometeu. 

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Boulos também garantiu que em seu governo mulheres e homens que exercem o mesmo cargo terão os mesmos salários. “Enquanto eles dizem que as mulheres devem ganhar menos do que os homens, nós deixamos claro que no nosso governo vai ter salário igual para trabalho igual e que cabe, sim, ao governo intervir. Qualquer empresa que queira pagar salários diferentes vai ser punida e penalizada por isso”. 

O candidato prometeu com o programa Levanta Brasil criar um milhão de novas vagas nas universidades públicas do país. “Dinheiro público vai para as universidades”, disse. Ainda na área da educação, ele foi taxativo ao falar que irá suspender por um ano as cobranças dos endividados com o Fies, de modo que os jovens possam reorganizar as suas vidas. 

Direcionando as palavras aos movimentos sociais, o candidato do PSOL falou que vai criar um programa de moradia popular que irá desapropriar os prédios vazios localizados no centro das cidades brasileiras. “Porque pobre pode morar no centro sim. É direito à casa, mas é direito à dignidade, é direito à cidade”, disse também falando que irá enfrentar os banqueiros de modo a acabar com o que chamou de “farra da vida pública”. 

As promessas durante o ato no Recife não pararam por aí. Boulos também garantiu que irá desmilitarizar as polícias. “Nós vamos dizer com todas as letras que vamos desmilitarizar as polícias e investir em um modelo de prevenção, em um modelo que valoriza as pessoas porque não queremos uma polícia que seja temida. Queremos uma polícia que seja respeitada e para ser respeitada ela precisa respeitar o povo”. 

Para o segmento LGBT, ele afirmou que haverá políticas públicas expondo que os demais candidatos querem interferir na forma que as pessoas amam e reiterou que vai enfrentar o “tabu” do tema diversidade sexual nas escolas. Segundo ele, quando não trata do tema cedo, o ódio e a violência são alimentados. 

No final do seu pronunciamento, o candidato disse  que não tem dinheiro para a campanha e nem tempo de televisão. “Mas nós temos uma coisa que eles não têm e que nunca vão ter: nós temos coerência para andar de cara limpa neste país para dizer às pessoas que a gente representa um projeto. A mudança depende de todos, para poder dar certo depende de cada um de todos nós. Nós temos 47 dias daqui até o dia 7 de outubro”, finalizou.

Além das chapas majoritárias, estiveram presentes alguns candidatos do partido como o deputado Edilson Silva, o vereador Ivan Moraes, Áureo Cisneiros, Aldo Lima, as Juntas co-deputadas, Levi Costa, Paulo Rubem Santiago, dentre outros.

A candidata a governadora de Pernambuco, Dani Portela (PSOL), discursou sobre desafios. “A gente tem um desafio, que é vencer as capitanias hereditárias políticas do estado de Pernambuco. Nós somos uma chapa que tem duas mulheres negras no centro. Somos a base da pirâmide e movemos estruturas. Isso é ancestralidade. É tempo de ocupar a política e nós não vamos recuar”, disse. 

Um protesto do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fechou, na manhã desta quinta-feira (10), o trânsito na Avenida Conde da Boa Vista, área central do Recife. O grupo com cerca de 100 manifestantes ateou fogo em pneus e está expondo cartazes que pedem a desapropriação de locais já ocupados por membros do MTST, como o prédio na Praça da Independência, também no Centro da capital pernambucana, onde está localizada a Ocupação Marielle Franco. 

O trânsito está parado nos dois sentidos da via e, até o momento, não há previsão para a liberação do local. Segundo um dos responsáveis pelo MTST no Recife, Rud Rafael, o protesto quer a abertura de diálogo com a Prefeitura do Recife sobre a questão da política de moradia na cidade. 

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“Estamos fazendo uma jornada de luta pelo direito à moradia nesta semana, reivindicando uma pauta de negociação com a Prefeitura, como a desapropriação da ocupação Marielle Franco”, explicou. 

Segundo Rud Rafael, o Recife tem cerca de 60 mil famílias sem casas e mesmo com as mobilizações acontecendo desde a última sexta-feira (4), a gestão municipal ainda não sinalizou positivamente para a negociação. “Queremos discutir a política habitacional do município que não existe. A política da Prefeitura é de desabrigar as famílias que já têm moradia, como é o caso das famílias do Pocotó”, criticou. 

*Com informações de Nathan Santos

Uma nova ocupação está sendo erguida no Recife. Intitulada ‘Contra o Golpe’, a ocupação é formada em sua maioria por famílias que sofreram reintegração de posse em um terreno do Walmart, no bairro de Areias, Zona Oeste do Recife, na última quinta-feira (28). A expectativa é que 60 famílias passem a viver ali.

Os barracos estão sendo levantados numa área cheia de mato localizada entre a PE-05 e a Rua Francisco Tôrres, no bairro da Caxangá, Zona Oeste do Recife, na divisa com o município de Camaragibe. O terreno pertence a União – segundo informações, é da Justiça Eleitoral. A expectativa é que todos os ocupantes estejam no local até o sábado (7).

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Na manhã desta terça-feira (3), o movimento ainda era tímido no local. Segundo os presentes, muitas pessoas estavam trabalhando ou estavam na casa de parentes. Do lado de fora, cartazes pedem doações de alimentos e itens de higiene. Dentro, uma cozinha comunitária preparava o almoço com alimentos doados.

A invasão é organizada pelo Movimento Urbano dos Trabalhadores Sem Teto (MUST) com apoio do Partido da Causa Operária (PCO). Ao longo de toda a fachada, cartazes pedem a soltura de Lula e chamam o processo de prisão de golpe. Maurício Santana, coordenador do MUST, alega, entretanto, que o nome da ocupação foi sugerido pelos próprios ocupantes em assembleia.

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Da ocupação do Walmart, eles não conseguiram levar muita coisa. Kátia Bezerra, de 57 anos, por exemplo, diz que perdeu geladeira, fogão e telhas. Trouxe consigo um zumbido na orelha, das balas de borracha disparadas pela Polícia Militar no dia da reintegração. Pretendem viver no novo terreno ela e mais três irmãos. “Não desisto de conseguir minha casa, mas essa eu já acho maravilhosa”, diz ela apontando para um casebre de pedaços de madeira e com lona plástica servindo de telhado. Kátia tem dificuldades de movimentação, com dores nas pernas e coluna.

O terreno de cerca de 2150 m² é lamacento, cheio de formigas, mosquitos e abelhas. Disseram ter encontrado um ninho de cobra. Um sagui passa ligeiro nos galhos das árvores. Muitas plantas estão sendo cortadas para os barracos serem erguidos. O terreno não é plano, sendo um grande desafio, por exemplo, para Kátia, que transformando um galho de árvore em bengala, caminha pelo local vagarosamente.

“As pessoas estão com medo”, diz Prazeres Alves, 40, que, sabendo apenas ler, só consegue dizer seu número de telefone quando o escreve no braço. O fraco letramento não é empecilho para ela que ocupou uma posição de liderança desde a ocupação do Walmart. Prazeres conta que os ocupantes estão traumatizados e muitos ainda não se firmaram no local por temerem uma nova visita da polícia. “Da outra vez eles chegaram muito rápido. Não deu tempo para cuidar dos idosos, para tirar as crianças. Para as crianças, uma reintegração é algo muito traumático”, ela destaca.

Segundo Maurício Santana, o coordenador do MUST, já está havendo movimentação para conseguirem direito ao terreno. Na manhã desta terça-feira, eles entregaram na Superintendência do Patrimônio da União de Pernambuco (SPU) uma solicitação para a Concessão de Direito Real de Uso. “Quem vive de ocupação sempre tem medo, mas acreditamos que aqui vai dar certo. É um terreno ocioso”, complementa. Ele alega que o movimento não cobra taxa de moradores e qualquer tipo de coleta de dinheiro conta com a participação apenas daqueles que podem doar e é revertida diretamente para o local. Nos primeiros dias, conseguiram energia elétrica e água com o vizinho, que tem apoiado o movimento.

“Estamos querendo que aqui tenham apenas famílias que realmente precisam. A gente sabia desse local há uns dois anos e estava organizando para o pessoal de outra localidade vir para cá. Eles até reclamaram, mas é que esses aqui estavam com mais necessidade”, continua Maurício.

Das 60 famílias, o MUST contabiliza que 50 vieram do terreno do Walmart e 10 de comunidades ribeirinhas da região. Uma família, porém, veio de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco: Joseane Costa, Antônio Barbosa e seus três filhos. Antônio perdeu seu emprego em um lava jato e não conseguia mais pagar o aluguel. Disse que o proprietário da casa permitiu que entrassem na casa e levassem seus eletrodomésticos. Sobraram apenas um colchão e uma estante. Para Joseane, que por muitos anos foi moradora de rua, dormindo nas calçadas do Recife, o barraco é até bem vindo, mas o futuro é que assusta. “Não sabemos como vamos fazer para ganhar dinheiro”, diz em tom de lamento.

A Justiça e a Polícia Militar (PM) realizam uma reintegração de posse na manhã desta quinta-feira (28) em um terreno ao lado do Walmart e que pertenceria à rede de supermercados, localizado no bairro de Areias, Zona Oeste do Recife. Os moradores fazem protesto contra a reintegração no local e a PM já teria usado spray de pimenta contra os manifestantes.

Por volta das 7h, o Corpo de Bombeiros debelou o incêndio em entulhos e pneus que travava a Avenida Recife. Segundo informação da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), às 8h10, há fogo em pneus na Avenida Capitão Gregório de Caldas.

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O terreno começou a ser ocupado em março deste ano. Os ocupantes alegam que o local está em desuso há muitos anos. Eles já teriam recebido a determinação judicial para deixarem o local há alguns meses.

Acampado no Largo do Paissandu, com a mulher e dois filhos - uma menina de 11 anos e um menino de oito -, desde que teve que deixar às pressas o edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou em 1º de maio após um incêndio, João, como preferiu ser identificado pela reportagem da Agência Brasil, disse que não pretende deixar o local “Nós só vamos sair daqui quando a última família tiver êxito e conseguir sua moradia”.

Nascido no Ceará, ex-presidiário, João vende água e salgadinho nas ruas da cidade de São Paulo. Mas o que ganha com as vendas não dá para pagar um aluguel para abrigar a família, por isso foi parar na ocupação do prédio. Os quatro dormem em uma barraca de camping com o que restou de seus pertences. Essa é a situação da maioria dos que estão acampados largo. Vivem de doações e com o que conseguiram carregar, fugindo do incêndio.

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Mãe solteira, com cinco filhos, Kátia Gilmara também está em uma barraca no Paissandu. Juntos com ela, uma irmã com quatro filhos. Todos dividem duas barracas. Kátia vende água e bala nos semáforos. “Tem dia que tiro alguma coisa e dia que não tiro nada [na vendas]”, disse ao explicar que sua renda não permite que tenha um lugar para morar com a família. “Há 17 anos, estou em ocupações, estou nessa luta para conseguir uma moradia digna para meus filhos. Eu nunca tive condições de pagar aluguel, cuido deles sozinha”.

Ela morava havia cinco meses no edifício que desabou. Kátia informou que já estar cadastrada na fila por uma moradia. Sobre os rumos que pretende tomar com os filhos, disse: “Agora, só Deus!” e acrescenta: “Tenho que ficar aqui [acampada] lutando”.

Fim das buscas

Pela manhã, após 13 dias de buscas, o Corpo de Bombeiros terminou o trabalho de buscas nos escombros do prédio desmoronado. Ao todo, 1.700 bombeiros participaram da operação de combate ao incêndio e busca de vítimas. Quatro foram identificadas a partir de restos mortais encontrados. Outras quatro permanecem desaparecidas.

Na parte da tarde, equipes da prefeitura recolhiam o restante do entulho. Além dos 24 andares, o edifício tinha dois patamares de subsolo. Três prédios do entorno ainda estão interditados. A previsão da Defesa Civil é que, até amanhã (14), as vias da região sejam totalmente limpas e liberadas ao tráfego.

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL) falou sobre o incêndio e desabamento de um prédio no centro de São Paulo. O psolista disse que estão “instrumentalizando politicamente” o que chamou de tragédia. Ele ressaltou que o desabamento aconteceu para criminalizar os movimentos de luta por moradia e o pré-candidato a presidente Guilherme Boulos (PSOL), líder do MTST. “Não podemos admitir esse jogo sujo”, ressaltou. 

Wyllys também disse que a luta por moradia no Brasil é urgente e necessária. “Temos mais de 6 milhões de família sem casa e mais de 7 milhões de imóveis abandonados. Há mais casa sem gente do que gente sem casa. Enquanto morar for privilégio, é um direito ocupar propriedades que não cumprem uma função social como determina a nossa Constituição”, ressaltou. 

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O edifício Wilton Paes de Almeida, de 24 andares, pegou fogo e desabou na madrugada de terça-feira (1º). O local era uma ocupação irregular, e moradores afirmam que o fogo começou por volta da 1h30, no 5º andar, e se espalhou rapidamente pela estrutura.

Por sua vez, Boulos exigiu “celeridade nas buscas e também respostas de alternativa habitacional às famílias” e salientou, em uma postagem no facebook, que o MTST nasce da luta por moradia digna, um direito garantido pela Constituição Federal de 1988. Ele contou que o movimento ocupa terrenos abandonados sem função social e, em geral, nas periferias. 

 

O senador Cristovam Buarque (PPS) criticou, nesta segunda-feira (12), a concessão do auxílio-moradia para os juízes e parlamentares. O pernambucano falou que o benefício é uma “forma perversa” de gasto do dinheiro público. “Cada um, juiz ou o parlamentar, ganha o suficiente para pagar aluguel de sua casa ou até construir sua casa”, declarou. 

“O Brasil felizmente despertou para o problema da corrupção graças, sobretudo à Operação Lava Jato, mas ainda não despertou plenamente para uma forma perversa de gasto e de dinheiro público que são as mordomias, os privilégios que são pagos a alguns dos servidores públicos, especialmente parlamentares e os juízes sob a forma de um auxilio chamado auxílio-moradia”, ressaltou o senador. 

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O senador ressaltou que apresentou um projeto de lei que, caso o privilégio acabe, para que o todo o dinheiro poupado seja destinado para o piso salarial dos professores. “O piso é de R$ 2.400, metade do auxílio”, destacou afirmando que o piso subiria para R$ 2.600. “Ainda é muito pequeno, mas já seria um aumento no piso salarial ao mesmo tempo em que acabando o privilégio que não faz sentido no Brasil”. Cristovam também disse acreditar que o Supremo vai acabar com essa regalia. 

No final do ano passado, o senador Álvaro Dias (PR) também falou sobre os privilégios chegando a afirmar que abre mão de R$ 50 mil por mês. “É o ônus da coerência. Há uma cobrança popular pelo fim dos privilégios das autoridades. Há os que combatem, mas que não abre mão dos seus. Eu abri mão dos meus privilégios”, chegou a dizer. 

 

 

 

 

Anitta abriu as portas de sua casa para a apresentadora Sabrina Satto. A cantora mostrou sua luxuosa mansão, no Rio de Janeiro, para o Programa da Sabrina, que vai ao ar neste sábado (24), mas assegurou ser uma pessoa muito "simples", sem "ostentação".

A casa fica em um luxuoso condomínio da Barra da Tijuca. A residência conta com 607 metros quadrados, uma fachada grande, uma parede de sete metros na sala, com quadros e uma imponente e luminosa letra 'A', um sofá desenhado pelo italiano Alessandro Medini, píscina, sauna, jardim e muito conforto. Só o seu quarto tem 70 metros quadrados e um closet grande o suficiente para acomodar seus 400 pares de sapato. Mas, a cantora garantiu não fazer questão de luxo: "Eu sou muito simples. Não gosto de ficar ostentando, de fazer coisas mirabolantes, eu sou tranquila. Gosto de ficar em casa com os amigos".  

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Além de mostrar seu lar, Anitta também falou um pouco sobre a vida pessoal. A cantora revelou que gosta de cozinhar e às vezes vai para a cozinha preparar pratos saudáveis. Sobre o marido, Thiago Magalhães, ela foi só elogios: "Ele abre mão muito mais do que eu das coisas dele para ficar comigo. A gente conversa e está se organizando. Mas sempre tem um jeitinho. Quando as pessoas se gostam, vão dar um jeito de acontecer”.

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Começou nesta segunda-feira (19) e segue até o dia 6 de abril o recadastramento das famílias que recebem o auxílio-moradia pago pela Prefeitura do Recife. A atualização cadastral acontece na sede da Defesa Civil do Recife, na Rua dos Palmares, Nº 519, no bairro de Santo Amaro.

O atendimento é feito de segunda à sexta-feira, das 8h às 17h. Os seis mil beneficiários serão atendidos em datas de acordo com o mês de nascimento (confira tabela abaixo). Para se recadastrar, os favorecidos devem se apresentar portando Carteira de Identidade, CPF e comprovante de residência atualizado.

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A Prefeitura alerta que quem não fizer o recadastramento terá o benefício suspenso. Os beneficiários do programa são pessoas que perderam suas moradias em decorrência de deslizamentos de barreiras, incêndios, chuva ou incêndios em comunidades, ou ainda por recomendação técnica em decorrência de risco potencial de desabamento.

Também recebem o benefício os inscritos para novas moradias dentro dos programas de Habitação de Interesse Social. Cada família beneficiada recebe uma ajuda mensal no valor de R$ 200. Mais informações podem ser obtidas através do telefone é o 0800 081 3400. A ligação é gratuita.

 

Na tarde desta sexta-feira (9), o  Bloco “Terra à Vista” ganhou as ruas do centro do Recife para protestar por uma cidade com mais direito à moradia. Pelo 6º ano seguido, o bloco buscou unir a brincadeira do Carnaval com o fortalecimento da luta de famílias em situação de risco de despejo. No Recife, o déficit habitacional ultrapassa 60 mil moradias.Em 2018, o bloco teve o tema “Daqui não saio! Daqui ninguém me tira!” e recebeu o apoio de duas agremiações no cortejo. A Troça Carnavalesca Empatando Tua Vista, que critica à verticalização excessiva da cidade e a especulação imobiliária e o Pisa Ligeiro, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) de Pernambuco.De acordo com Ronaldo Coelho, um dos organizadores da troça, tudo começou com um projeto há seis anos para unir a questão do carnaval para divulgar a causa. “É uma forma de satirizar a questão do direito à terra no Brasil. A gente sai com temas diferentes, mas são sempre girando em torno da mesma problemática, que é a desigualdade no direito à moradia. Este ano a gente, decidimos trazer essa temática para chamar atenção pelo aumento das reintegrações de posse”, explicou. 

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