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Na manhã desta segunda-feira, 8 de março, data que se comemora o Dia Internacional da Mulher, mulheres da ocupação Maria Caroline de Jesus do Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) protestaram na BR-101, no Barro, Zona Oeste do Recife. O ato começou por volta das 6h e as manifestantes reivindicavam ampla vacinação, renda básica e moradia.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o protesto aconteceu no km 72, da BR-101, próximo à estação do Barro. Haviam cerca de 30 pessoas do MTST no local que interditaram a rodovia nos dois sentidos com pneus e cartazes. A manifestação já foi encerrada e a rodovia liberada às 7h15.

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Em suas redes sociais, o MTST enfatizou que o dia 8 de março é um dia de luta para as mulheres e fez críticas à gestão de Jair Bolsonaro (sem partido). “Em meio a maior crise sanitária do Brasil, a população está à mercê da política de morte do governo Bolsonaro. MTST, a luta é pra valer!”, escreveu.

Um protesto de moradores da comunidade Santa Francisca bloqueia os dois sentidos da Avenida Recife, na altura da entrada do Ibura, na Zona Sul, na manhã desta segunda-feira (1º). Os manifestantes atearam fogo em pneus para impedir a passagem e a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) foi acionada para orientar os motoristas por um desvio.

A entidade informa que foi chamada por volta das 7h15 e enviou agentes para tentar viabilizar a fluidez do trânsito. Um desvio foi montado pela Rua São Nicolau, que serve de mão dupla aos condutores. A Polícia Militar também está no local junto com o Corpo de Bombeiros, que negociou a liberação das faixas e começou a apagar as chamas por volta das 8h10. 

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O ato organizado por populares, que residem em um terreno nas proximidades, reivindica uma ordem de despejo da Transnordestina e pede respeito ao art. 6º da Constituição, que classifica a moradia como um dos direitos sociais. “Não podemos deixar que exterminem uma comunidade inteira, deixando mais de 200 famílias na rua sem perspectiva de vida”.

Foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (10) uma Portaria que declara o interesse do serviço público sobre dois imóveis do Recife para fins de regularização fundiária em favor de 192 famílias que vivem na Comunidade do Pilar, localizada na região central da capital pernambucana. 

Um dos imóveis, situado à Rua do Brum nº 46, tem no Bairro do Recife, tem  1.863,25m² e está situado em área de marinha. O outro está localizado na Rua Bernardo Vieira de Melo, Bairro do Recife, também em terreno de marinha, e ocupa uma área de 1.863,25m². 

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De acordo com a Portaria nº 18.133, a Superintendência do Patrimônio da União no Estado de Pernambuco dará conhecimento da decisão à Prefeitura Municipal do Recife acompanhado dos respectivos memoriais descritivos das áreas às quais ela se refere. A medida já está em vigor. 

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A necessidade de isolamento social definiu a residência como o lugar mais seguro para quem quer passar incólume pela pandemia. Ter, em casa, um quintal; ou, no apartamento, uma varanda passou a ser desejo, necessidade ou vontade de muitas famílias, o que, inclusive, acabou por impactar sensivelmente no mercado de imóveis, tanto para compra como para aluguel.

O Covid-19 deu nova conotação à palavra “morar”. “Quero uma casa com quintal, onde, nesses tempos de Covid-10, eu possa ter uma horta e que haja espaço suficiente para a minha família praticar seus hobbies. Onde tenhamos espaço para ampliar nossa liberdade de criação”, disse à Agência Brasil a intérprete de libras Magda Petter Oliva, 46, mãe de duas estudantes com 12 e 20 anos.

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Por causa da pandemia, as três têm ficado direto em casa. “Agora, até o cachorro parece ocupar um espaço enorme. Descobrimos que moramos em um apartamento muito pequeno”, disse ela referindo-se ao imóvel de pouco mais de 70 metros quadrados.

Magda está, desde março, tentando trocar o apartamento de dois quartos na Vila Mariana, em São Paulo, por uma casa com jardim, no mesmo bairro. Ela diz que “o estalo” para ir atrás desse desejo ocorreu logo após as primeiras notícias de que o Covid-19 se espalhava rapidamente pelo país.

As filhas da intérprete têm como hobbie pintura e yôga. E Magda pratica tecido acrobático, esporte de origem circense, que envolve acrobacia aérea executada em um longo tecido suspenso. “De fato, é impossível fazermos tudo isso dentro do apartamento”.

Após três meses de busca, Magda chegou à conclusão de que o Covid-19 acabou aumentando a procura por casas, a ponto de refletir no valor cobrado pelo aluguel. “Os preços estão subindo, me forçando a rever a faixa de preço que pretendo pagar, que passou de R$ 5 mil para R$ 6 mil mensais”.

Quintais, varandas e imóveis rurais

A percepção de Magda é corroborada pela gerente de Marketing Brasil do Imovelweb Angélica Quintela. Levantamento feito pela empresa, que atua nas 27 unidades federativas, aponta que, em maio, foi registrado um crescimento de 19% na busca por imóveis com quintais, quando comparado a abril.

“Na comparação com maio de 2019, a alta na procura por esse tipo de imóvel ficou em 96%”, detalhou a gerente de Marketing.

Além disso, houve um aumento de 20% na procura por imóveis com varandas, na comparação a abril. “Comparando maio de 2019 a maio de 2020 o crescimento ficou em 128%. Esse movimento já havia sido observado em abril, e continuou crescendo em maio”, completou.

O levantamento aponta também que, a partir de março, houve aumento na busca por imóveis rurais. Entre fevereiro e março o aumento ficou em 52%. Entre março e abril, 40%; e, entre abril e maio, mais 23%. Na comparação com 2019, o crescimento chegou a 310%.

Medo do Coronavírus

Foi pelo medo que tem do Covid-19 que a dona de casa Amélia Vieira, 58, fechou a casa que tem em Valparaíso de Goiás (GO), região do Entorno do Distrito Federal, para morar em uma chácara em Luziânia (GO).

“Sou hipertensa e tenho uma filha cardíaca, de 24 anos. Levei, nas primeiras semanas, meu pai, de 93 anos, que além de ter Alzheimer usa marca-passo, para ficar com a gente. Somos todos do grupo de risco e isso me preocupa muito”, disse Amélia à Agência Brasil.

Como a opção pela mudança foi repentina, não deu para preparar a chácara para o pai, que acabou tendo de voltar pois requer muitos cuidados. “Lá havia risco até de ele se perder, por causa do Alzheimer”, disse Amélia que, devido às necessidades do pai, acaba retornando, uma semana a cada mês, a Valparaíso. “Por precaução, minha filha permanece na chácara”, disse.

Dificuldades e visitas online

Mudar de um apartamento para uma casa era algo que já estava nos planos do consultor de projetos da indústria de alimentos Bauducco Carlos Dilinski, de 50 anos. A chegada da pandemia ao Brasil acabou fazendo com que ele buscasse uma casa mais espaçosa do que a pretendida inicialmente.

“O Covid-19 acabou atrasando todo o plano traçado por mim e minha família, porque inviabilizou as visitas aos imóveis que pretendemos alugar”, disse ele ao relatar a dificuldade para conseguir mudar do município paulista de Guarulhos, onde mora com a esposa e três filhos, para Bragança Paulista (SP), cidade mais próxima de seu trabalho.

Na pressa por evitar os longos deslocamentos que faz até o trabalho e de dar uma qualidade de vida ainda melhor para a família – que devido ao isolamento social tem ficado bem mais em casa –, Dilinski aderiu até a videoligações para conhecer, de longe, os imóveis disponíveis.

Segundo a gerente da Imovelweb, há atualmente diversas ferramentas tecnológicas que permitem as visitas online, sem necessariamente a pessoa se dirigir ao imóvel.

“Um outro dado interessante, que também obtivemos por meio de uma pesquisa com nossos usuários é de que 27% das pessoas fechariam negócio apenas com fotos e vídeos do local, sem realizar uma visita presencial”, disse Angélica à Agência Brasil.

Escolha difícil

A tecnologia, no entanto, ainda deixa inseguros alguns clientes na hora de assinar o contrato. “Estou tentando, mas é muito difícil fechar um negócio dessa forma. Apesar de ter feito visitas desse tipo, prefiro esperar a situação melhorar para ir conhecer de perto os imóveis”, pondera Dilinski.

A intérprete de libras Magda Petter tem opinião parecida. “Já fiz algumas visitas online, mas acho muito mais difícil, tanto a escolha como a tomada da decisão pelo imóvel”, disse.

Magda relata que esse tipo recurso é uma forma de compensar a falta de pessoas disponíveis para mostrar o imóvel, preocupadas com o risco de contaminação pelo Covid-19. “Em parte, porque muitos dos corretores estão na idade considerada de risco para o novo coronavírus. E, também, pelo temor de alguns proprietários em abrir o imóvel [para possíveis locatários]”, disse.

Quando os moradores do bairro de Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife, pensam que as dificuldades enfrentadas com as suas moradias acabaram, mais um episódio dificulta o fim desse pesadelo. Mesmo com a garantia do título de posse de mil famílias que residem nos arredores - do que era - o Conjunto Habitacional Muribeca, cerca de 30 famílias estão desamparadas.

Segundo a superintendente de Habitação de Jaboatão, Ana Catarina, as famílias não contempladas com o título de posse residem em edículas que estão dentro do perímetro do terreno da Caixa. Desses moradores, quem conseguiu fazer o cadastro com a superintendência, conseguirão uma moradia no Habitacional Suassuna, que tem previsão de entrega para o dia 15 de abril. 

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O problema é que a juíza da 5ª Vara Federal de Pernambuco, Nilcéa Maria Barbosa Maggi, determinou que essas 30 famílias deverão sair das casas até o dia 8 de março para que as construções sejam demolidas. Nesse intervalo de tempo, esses moradores vão ter que se virar. 

“Como em qualquer outro lugar que há uma determinação judicial, tem que haver o cumprimento dela. Essas pessoas, infelizmente, até a entrega do habitacional terão que se realocar em casa de família, na casa de algum parente, tentar um aluguel, até que seja entregue o Suassuna e assim garantir a moradia”, afirma Ana Catarina.

A superintendente afirma a possibilidade do auxílio moradia está descartado porque não há respaldo jurídico para isso. “O prefeito garantiu que todos aqueles que tiverem uma unidade de residência nessas áreas, terão direito a uma unidade habitacional no Suassuna 6, que está com previsão de entrega para a quinzena de abril”, salienta Catarina.

Por um acordo judicial, o terreno será dado para a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, que pretende fazer um “grande parque” e abrigar alguns equipamentos públicos como mercado, escolas, posto de saúde e outros equipamentos que sejam de caráter público. A construção de moradias nesses terrenos desocupados está descartada.

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, apresentou nesta terça-feira (17) um plano para fornecer, até 2024, abrigo para todos os que vivem na rua, com camas temporárias e moradias permanentes.

A cidade calcula que quase 4.000 nova-iorquinos vivem nas ruas. Cerca de 60.000 pessoas, incluindo 21.640 crianças, ficam diariamente em um dos abrigos da maior cidade dos Estados Unidos, 10.000 a mais do que em 2013.

O Departamento de Habitação dos EUA (HUD) estimou o número de pessoas sem-teto em Nova York em 78.676, em um relatório publicado em 2018. O plano anunciado hoje faz parte do programa Municipal Home-Stat, lançado em 2016 para melhorar o atendimento aos sem-teto em Nova York.

O democrata De Blasio disse que as autoridades religiosas da cidade podem colocar cinco locais adicionais a serviço do programa, oferecendo mais 1.000 camas.

Esses são abrigos temporários, que devem ser instalados durante o próximo ano e serão adicionados aos 1.800 leitos já disponíveis no programa. O plano também prevê o fornecimento de 1.000 casas permanentes.

A prefeitura também reforçou as equipes responsáveis para contactar as pessoas em situação de rua. É um "plano para acabar com a vida nas ruas em Nova York de uma vez por todas", disse De Blasio em uma coletiva de imprensa.

Espera-se que o plano custe aproximadamente 100 milhões de dólares por ano, segundo o prefeito. De acordo com a prefeitura, 2.450 pessoas saíram das ruas, graças ao programa Home-Stat.

A tão esperada hora de independência chegou e se você decide morar sozinho seja para ter mais liberdade ou por uma localização mais próxima da sua faculdade, ou emprego, tome alguns cuidados antes de procurar por locação de apartamento em São Paulo.

O bom de se morar sozinho é que você não precisa se preocupar em procurar apartamentos à venda logo de cara, no ínicio o aluguel de casa ou apartamento é mais indicado.

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Escolha por um lugar pequeno, como uma kit net, ou com no máximo dois quartos. Com a rotina de trabalho e estudos é mais difícil de manter a organização e a limpeza do local e se o local for pequeno os serviços domésticos são menores, ocupando menos o seu tempo.

Procure por um imóvel que seja próximo da sua rotina, assim não irá perder tempo em transportes, podendo otimizar melhor seu tempo com outras tarefas, como os estudos ou momentos de lazer.

A locação de apartamentos em São Paulo dependendo do bairro que você escolher pode ser cara, por isso, se organize financeiramente para conseguir pagar o aluguel sem ficar muito apertado no final do mês.

Comece a comprar seus eletrodomésticos alguns meses antes de mudar, montar uma casa do zero requer muito investimento, então, compre aos poucos para não pesar nas contas.

Escolha morar em um Studio ou em uma Kit net

Se você está procurando um apartamento à venda em São Paulo ou para alugar que seja aconchegante para só uma pessoa, uma ótima opção são os studios que tem a metragem variada entre 25 e 50 m² e não possui a parede, sendo um espaço todo aberto.

Geralmente esse tipo de apartamento para locação fica perto de metrôs e possui uma ótima área de lazer com piscina, academias e até lavanderias. É a união de praticidade e conforto de quem mora sozinho precisa.

Com a kit net o investimento é menor e possui em várias regiões de São Paulo, a metragem é um pouco menor varia de 20 m² a 40 m², alguns possuem a opção de sala e outros somente quarto e cozinha, o que torna o imóvel mais barato. Você não vai precisar gastar muito com a mobília, já que os espaços são menores.

Chegou a hora da mudança

Morar sozinho nem sempre é uma tarefa fácil, as responsabilidades são enormes e às vezes vai bater uma saudade do conforto da casa da nossa mãe, mas saiba algumas das atitudes que podemos tomar para não ficar perdido com essa mudança.

Saiba que a decoração faz toda a diferença, e um apartamento alugado pode ter seu estilo, pense em utensílios que você possa levar caso precise se mudar ou quando decidir comprar apartamento.

Crie a rotina de manter seu apartamento limpo e organizado, reserve um dia da semana para cuidar do seu cantinho e não acumule serviços domésticos, faça um pouco por dia para não ficar pesado.

Não gaste seu dinheiro com coisas supérfluas, quem mora sozinho pode ter imprevistos, como, um gás que acaba, uma pia que entope ou um chuveiro que queima e são coisas que não conseguimos viver sem e precisam ser arrumados na hora.

Por mais que no começo você sinta muita dificuldade, essa fase vai ser um aprendizado para quando decidir buscar por apartamentos à venda em São Paulo, e você vai se sentir muito mais preparado para uma rotina familiar.

A Polícia Civil de Pernambuco divulgou a prisão de duas pessoas acusadas de praticar golpe usando o nome do programa Minha Casa, Minha Vida. O delegado do caso, Vinicius Oliveira, estima que cerca de 60 pessoas tenham sido enganadas.

Liz Carla Ricarte de Santana, de 37 anos, e Flávio de Vasconcelos de Mello, 42, foram presos na quarta-feira (30) após mandado de prisão preventiva expedido pela Comarca de Olinda, no Grande Recife. Eles não admitem o crime.

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Segundo o delegado, os suspeitos ofereciam uma falsa promessa de apartamento no programa habitacional e pedia um valor para aquisição do imóvel. A quantia cobrada variava de R$ 3,5 mil a R$ 15 mil. As casas nunca eram entregues aos compradores.

Já foram enviados à Justiça 19 inquéritos policiais. Da quarta para a quinta, outras três vítimas compareceram à delegacia. "Conforme as vítimas, está para vir [à delegacia] aproximadamente mais 40 pessoas", contou o delegado.

A primeira pessoa a procurar a polícia apresentou um recibo de aquisição de imóvel datando de 2016. Vinicius calcula que os suspeitos já tenham recolhido mais de R$ 500 mil das vítimas.

De acordo com investigador, Flávio participava de movimento de sem-tetos e exercia cargo comissionado na Prefeitura de Olinda. Ele e Liz Carla responderão por estelionato e associação criminosa.

Manifestantes interditam a BR-101, no bairro do Barro, Zona Oeste do Recife, na manhã desta quarta-feira (30). O protesto é contra a demissão de cobradores e o exercício de dupla função pelos motoristas de ônibus.

O ato é articulado por moradores da comunidade Carolina de Jesus, ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e rodoviários. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), há cerca de 25 pessoas no local. 

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Pneus foram queimados para impedir o fluxo de veículos, inclusive no Terminal Integrado do Barro. O Grande Recife Consórcio de Transporte acionou a Polícia Militar para liberar a entrada e saída dos ônibus. O Corpo de Bombeiros também foi acionado para apagar o fogo.

O preço da moradia em Paris superou, neste verão, os 10.000 euros por metro quadrado, após vários anos de aumento sem equivalente no resto da França, segundo números divulgados nesta quinta-feira.

"O preço por m2 dos apartamentos antigos, que estava em 9.890 euros na capital francesa no segundo trimestre de 2019, superou os 10.000 euros por metro quadrado em agosto", anunciou o tabelião parisiense Thierry Delesalle, durante a apresentação dos números trimestrais.

A superação dessa marca acontece após vários anos de forte aumento dos preços na capital francesa, sem equivalente no resto do país.

Segundo a agência imobiliária Meilleurs Agents, nos últimos dez anos, os preços das casas aumentaram apenas 10% em toda a França e pouco menos de 30% nas outras dez grandes cidades francesas, em comparação com 60% em Paris.

Essa tendência continuará no futuro próximo, já que os tabeliães esperam que o metro quadrado chegue a 10.280 euros em Paris no final de outubro.

Movimentos de luta por moradia vão se unir às categorias e grupos que paralisam nesta sexta-feira (14), data da Greve Geral contra a Reforma da Previdência. A manifestação está marcada para as 11h na Avenida Agamenon Magalhães, no Recife.

Participam desse ato o Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) e a Organização e Luta dos Movimentos Populares de Pernambuco (OLMP). Os manifestantes também são contrários às mudanças propostas pelo Governo Federal para o programa habitacional Minha Casa Minha Vida.

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A concentração do protesto ocorrerá em frente à Comunidade Construindo Sonhos, na Avenida Agamenon Magalhães, na altura do bairro do Torreão, Zona Norte do Recife.

 

Movimentos de luta por moradia organizam um ato em frente à Prefeitura do Recife, na área central da capital, nesta quinta-feira (6). A manifestação também é contrária às mudanças propostas pelo Governo Federal no programa Minha Casa Minha Vida.

O protesto, organizado pelo Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) e Organização de Luta dos Movimentos Populares de Pernambuco (OLMP), chegou a interditar a Avenida Cruz Cabugá no cruzamento com a Avenida Norte, no Recife. O trânsito ficou congestionado no local e a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) precisou realizar um desvio.

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De acordo com o coordenador do MNLM Paulo André, há cerca de três meses ocorreu uma reunião com a Secretaria de Habitação do município, porém nenhuma medida foi tomada desde então. "A política de habitação de Geraldo Julio não existe. Recife possui um déficit habitacional de 200 mil pessoas", critica o coordenador.

Com relação ao governo federal, a principal crítica é com relação à faixa 1 do Minha Casa Minha Vida, dedicada à população mais pobre. Hoje, a faixa é direcionada para pessoas que ganham até R$ 1,8 mil, que recebem o subsídio do governo de 90% no imóvel. O ministro de Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, disse ter identificado 30% de comercialização irregular dessas moradias.

O limite para a primeira faixa do programa seria restringido para famílias que ganham até um salário mínimo, com um fator de localização pelo qual o valor seria multiplicado. O governo financiaria todo o imóvel. O nome do programa deve ser alterado.

"O governo está acabando com a oportunidade dessas pessoas de acessarem a política de moradia. Ao todo, 80% de 8 milhões de pessoas inseridas no programa estão na faixa 1", finaliza Paulo André.

 

Movimentos de luta por moradia organizam um protesto no centro do Recife para às 10h da quinta-feira (6). O ato é contra as propostas de mudança do Governo Federal no programa Minha Casa Minha Vida.

Organizam o ato o Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM) e a Organização de Luta dos Movimentos Populares de Pernambuco (OLMP). Os manifestantes devem sair em passeata pelo bairro de Santo Amaro. Durante o ato, também será cobrada agilidade ao prefeito Geraldo Julio (PSB) na solução habitacional para famílias que vivem em extrema pobreza na cidade. "Estas famílias aguardam há anos do poder público municipal a desapropriação de terrenos para a construção de suas moradias populares. Infelizmente na gestão do Recife não existe política habitacional. Só promessas", critica Paulo André, coordenador do MNLM.

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O ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, tem apresentado propostas para mudança do programa Minha Casa Minha Vida. Tais medidas deverão ser transformadas em projeto de lei.

À Folha de São Paulo, Canuto afirmou interesse em modificar a faixa 1 do programa, dedicada à população mais pobre. Hoje, a faixa é direcionada para pessoas que ganham até R$ 1,8 mil, que recebem o subsídio do governo de 90% no imóvel. O ministro disse ter identificado 30% de comercialização irregular dessas moradias.

O limite para a primeira faixa do programa seria restringido para famílias que ganham até um salário mínimo, com um fator de localização pelo qual o valor seria multiplicado. O governo financiaria todo o imóvel. O nome do programa deve ser alterado.

"Em verdade, Bolsonaro comete o maior 'estelionato eleitoral' da história republicana, pois o mesmo foi eleito, com outra proposta para ser o presidente do Brasil. O que assistimos é uma verdadeira inversão de prioridades e valores, assim como o desmonte das políticas públicas, que atende os mais necessitados. Não permitiremos este absurdo", declarou Paulo o coordenador MNLM. Para ele, as mudanças vão atingir negativamente famílias que não têm acesso ao mercado imobiliário por causa da instabilidade de renda e que vivem na informalidade.

Seu Biu é uma figura simbólica para os antigos moradores da Ilha de Tatuoca. Severino Caciano da Silva é conhecido como o último a permanecer na ilha localizada na área portuária de Suape, no Litoral Sul de Pernambuco. Foi ali que cresceu e construiu a vida e o bar com o qual conseguia sobreviver. Brigou muito para não sair. Saiu em 2016. Morreu no ano seguinte. O falecimento foi uma decorrência direta de sua retirada, segundo os antigos moradores da região insular e atuais residentes da Vila Nova Tatuoca.

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A Vila Nova Tatuoca foi construída em 2014 no município do Cabo de Santo Agostinho para 75 famílias que moravam na Ilha de Tatuoca. As casas são de alvenaria, têm terraço, sala, dois quartos, cozinha, banheiro e área de serviço. De maneira geral, é um vilarejo de pessoas cheias de saudade de em que viviam. E insatisfeitas com o lugar onde moram.

Não foi só Seu Biu que faleceu por causa da mudança, conta Edson Silva, presidente da associação dos moradores de Nova Tatuoca. A mãe do vice-presidente do grupo tirou a própria vida após um quadro de depressão. Já a genitora de Edson não gosta de falar da ilha porque sempre chora.

O pescador Rodrigo da Silva era enteado de Seu Biu. Foi um dos que correu para a ilha ao saber que, após anos resistindo, o dono do bar finalmente estava sendo retirado e a casa derrubada. “Ele já saiu de lá doente e veio a falecer por causa de Suape pressionando ele a sair. No dia que tiraram ele, estava o pessoal de Suape armado. Tiraram ele à força. Pegaram ele, jogaram numa caminhonete. Eu estava lá”, se recorda Rodrigo. Após a transferência, Seu Biu era visto algumas vezes na costa do Cabo de Santo Agostinho, olhando o antigo lar a distância.

Quando as obras de dragagem começaram na ilha, as águas que eles consumiam ficaram impróprias. Esse foi o primeiro golpe para que as pessoas começassem a deixar a área. “A partir do momento que ele [Suape] tirou a gente de Tatuoca, já tirou a nossa origem, não é? Porque a pessoa que nasceu e se criou ali dentro, sabia todo lugar ali como a palma da nossa mão”, resume o pescador. Segundo Rodrigo, as pessoas se sentiam intimidadas e coagidas porque eram abordadas por seguranças armados.

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Edson caminha pelas ruas da vila apontando os problemas com os quais convive. A estação de tratamento não funciona, muitas casas estão com água retornando pelo ralo, uma grande barreira atrás da casa ocasiona em lama cujas marcas se veem nos muros e quintais de algumas residências e as tampas de esgoto concentram água suja. Os parques para as crianças também estão tomados por lama e grama alta.

Inconformado, Edson não mede críticas. “Fizeram casa para animais morarem” e “Suape é um câncer incurável” são algumas das opiniões que ele emite em tom seguro. Guarda municipal, Edson diz que os moradores que cresceram vivendo da pesca e da venda de frutas lutam para sobreviver. 

“Hoje eles vivem de ‘oia’, fazem massa para construção, são ajudantes de pedreiros”, resume Edson. Vários não abriram mão do que sabiam fazer e continuam pescando. A segurança patrimonial impede que se aproximem da Ilha de Tatuoca para pescar, ainda assim, se arriscam em pescas noturnas. Com mais de 40 anos vividos na ilha, Edson conta nunca ter presenciado pessoas de lá envolvidas com criminalidade. Desde a mudança, três pessoas próximas foram presas por tráfico de drogas.

Benedito Elias da Silva, de 62 anos, lembra dos dias na ilha, de fartura de peixes, crustáceos e frutas. “Agora não tem mais essa fartura. Foi tudo destruído, dragado, aterrado, desmatado. Se a gente pegava naquele tempo 20 kg, hoje a gente pega cinco, três. Quando pega uns dez para pegar outros dez vai ter tempo”, resume. Além das dificuldades financeiras, a diminuição de peixes é outro problema na ponta da língua de qualquer residente de Nova Tatuoca, sempre culpando Suape pelo ocorrido. Benedito reconhece que a casa de alvenaria é melhor que a antiga de taipa e que é bom estar em um lugar mais movimentado, perto de serviços. Quando compara os dois momentos, entretanto, opta pela vida insular.

Muitos ali não pagam as contas, dizem que não têm condições. “Sempre tinha uma ‘mixariazinha’, hoje a gente tem dívida”, diz Benedito, seguido de um sorriso. “Tem gente que não consegue pagar R$ 100 em uma conta”, afirma o pescador Rodrigo, lembrando que as famílias ainda não receberam os títulos das casas. Além disso, os residentes demonstram frustração, pois o estaleiro que seria construído lá após a saída deles nunca existiu.

Suape

O LeiaJá conversou com Leonardo Cerquinho, presidente do Complexo Industrial Portuário de Suape há pouco mais de quatro meses. Cerquinho destaca que melhorias estão sendo planejadas, mas lamenta acusações das famílias. “Todos os acordos foram homologados na Justiça. É difícil falar em coação, isso se daria em frente a um juiz? Afirmar isso seria praticamente inferir que a Justiça faz parte dessa coação”, opina. “Eu não vivi essa época, da saída das famílias, de qualquer forma, Suape não coaduna com qualquer comportamento inadequado da guarda patrimonial. A gente pede que as pessoas registrem e nos informem. Vamos tomar medidas imediatas”.

Sobre as irregularidades de esgoto e lama, Cerquinho e a assessoria de Suape prometem soluções com datas. “A estação de tratamento é feita para tratar dejetos líquidos. Infelizmente, houve despejo de fralda, absorvente, materiais físicos pelo ralo e isso danificou a estação. A gente já está fazendo o termo de referência, a licitação, para reformar a estação de tratamento, inclusive dotar ela de níveis que não permitam a passagem desses artigos sólidos. Expectativa que de dois a três meses a gente tenha isso resolvido. Com isso, vamos entregar a estação à Compesa [Companhia Pernambucana de Saneamento]”, prometeu Cerquinho.

Suape também elaborou um edital para contratação de projeto executivo de contenção de encostas na vila. O processo licitatório deve durar 30 dias. A previsão é que as obras de intervenção na localidade comecem em setembro, no período do verão.

Cerquinho ainda defende que o estoque de peixe caiu no mundo inteiro. “E não há evidências de que o estoque caiu mais em Suape do que, por exemplo, em colônias pesqueiras de Jaboatão ou Recife. Ainda assim a gente entende que obras de dragagem e a movimentação de navios pode eventualmente, sim, atrapalhar o processo. Por conta disso, desde 2012 que nós pagamos uma bolsa de R$ 400 por mês mais cesta básica para 128 pescadores da colônia de Gaibú”, completa.

O presidente de Suape lembra que o terreno foi escolhido pelas próprias famílias e que também houve indenização pelas casas e plantios no total de R$ 2.868.466 - essa indenização considerada de valor baixo pelos moradores. O valor de compra do terreno foi de R$ 5,5 milhões. Cerquinho acrescenta: “É importante dizer que a área vai ser porto no futuro, é só questão de tempo. Quando a gente estava planejando tudo isso, Pernambuco estava crescendo 10% ao ano, a expectativa era de uma série de projetos numa velocidade muito rápida. Mas a área de Tatuoca pertence ao porto organizado de Suape e ela, necessariamente, um dia vai se tornar porto”.

Questionada sobre o título dos imóveis, Suape informou ter criado um instrumento jurídico para garantir a exploração do imóvel, por prazo indeterminado, denominado “concessão de direito real de uso”. O instrumento jurídico teria o objetivo de garantir o direito à moradia e evitar a especulação imobiliária no local. “Em tratativa com os representante dos moradores, a administração de Suape foi informada que eles não tinham interesse em assinar o referido documento. Suape continua à disposição dos moradores para celebrar o termo contratual”. Cerquinho não conhece o caso de Seu Biu.

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Movimentos de luta por moradia vão realizar um protesto em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), na manhã da terça-feira (21). Eles alegam que o prefeito Professor Lupércio (SD) havia assumido o compromisso de desapropriar terrenos, mas não tomou medidas quanto a isso.

Os manifestantes vão se concentrar em frente ao Mercado Eufrásio Barbosa e seguirão para a sede da prefeitura por volta das 10h. Interdições de vias não estão descartadas.

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Segundo o coordenador do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), Paulo André Araújo, 2,5 mil famílias estão à espera das moradias. "São pessoas que estão em extrema pobreza. Parte delas vivem na bacia do Rio Beberibe, vivem em favelas", comentou.

Ainda conforme Araújo, o movimento chegou a enviar uma lista com sugestões de terrenos que a prefeitura conseguiria doar. "Com o terreno ficaria muito mais fácil conseguir uma aprovação em programa habitacional do Governo Federal", salientou. O LeiaJá aguarda posicionamento da Prefeitura de Olinda.

“Me desculpa, Holiday”, pede Jeane da Silva, ex-moradora do edifício e a penúltima a deixar o prédio no dia 23 de março, quando o imóvel foi totalmente desocupado. Nesta terça-feira (23) completa um mês da data. Jeane está dormindo com três filhos no chão da cozinha de sua lanchonete na comunidade Entra Apulso, na Zona Sul do Recife. “Me desculpa, Holiday, por não ter olhado para você e ter já usufruído tanto de você’, ela continua, ‘porque cada um da gente usufruiu muito, minha gente. Cada um que trabalhou aqui, cada um que teve essa comodidade, de você fazer tudo, cada um teve seu fruto, cada um ganhou dinheiro, teve sossego, teve uma boa moradia, teve o prazer de abrir a janela todos os dias e ver o mar. Cada um teve o seu lucro dado pelo Holiday. Mas cada um de nós esqueceu um pouquinho de olhar pelo Holiday. Então não adianta culpar um. São todos culpados”.

Foi traumática a saída dos moradores do Edifício Holiday, construção modernista erguida no final da década de 50 quando o bairro de Boa Viagem era dominado por imóveis baixos, distante da área nobre a qual se tornou. O Corpo de Bombeiros e a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) identificaram no local um elevado risco de incêndio devido às más condições das instalações elétricas. Em março, houve uma queda de energia no local e a Celpe não promoveu a religação, amparada em uma determinação judicial da 2ª Vara Cível da Capital. “A decisão foi tomada em função das condições precárias das instalações elétricas do prédio, que apresentam risco iminente de incêndio e acidentes envolvendo energia elétrica”, respondeu a companhia na ocasião. Sem eletricidade e também sem água, os residentes receberam um terceiro baque: a Justiça determinou a interdição do Holiday em cinco dias úteis.

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"Imagine que você está com um filho na UTI e o médico fala assim 'eu vou desligar os aparelhos amanhã de cinco horas da tarde'. Eu olhava para aquilo ali e queria tanto mudar isso. 'Meu deus me dá mais um tempo, dá um tempo para eu correr, me dá um tempo para eu tentar corrigir todo o esquecimento que foi feito'”, recorda Jeane. Além de fazer almoço no local onde agora mora, Jeane vende empada na praia, a poucos metros do edifício onde era locatária e com o qual tanto se identificou.

A mulher é otimista e espera comemorar o próximo réveillon já na construção reformada. “Eu creio que agora vai ficar melhor do que nunca. Essa obra para mim é agradecer por todo bem que esse lugar me causou”. A obra que Jeane cita ainda está em planejamento. Engenheiros e técnicos solidários à causa ainda precisam conhecer melhor as condições do imóvel para iniciarem o projeto.  No dia 12 de abril, o síndico recebeu de volta a chave do local. O juiz determinou a apresentação de um documento listando todas as pessoas envolvidas na obra para haver a autorização de entrada no terreno. Enquanto a reforma não começa, o síndico aguarda bem próximo dali.

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É início da tarde e um Palio Fire preto está, como de costume, estacionado na Rua Salgueiro, a via do Edifício Holiday. Dentro do veículo, Rufino Neto dorme no banco reclinado do motorista. É no carro que o síndico mora agora.

Na importante posição de síndico do prédio, Rufino foi um dos mais envolvidos nas tentativas de reverter a decisão judicial de desocupação. Distanciou-se do trabalho informal que tinha em um escritório de advocacia e foi demitido - mas não pelo distanciamento, segundo ele. “Ela [chefe] me ajudou no primeiro, segundo, terceiro mês, depois falou 'olha, quando melhorar você retorna porque o escritório está em crise agora', foi isso que aconteceu”, ele resume.

Rufino tem dois filhos, uma menina de 12 anos e um garoto de 11. Separou-se da mãe deles na metade de 2018; deixou o apartamento 1601 e foi para o 12º andar. Atualmente, todo o dinheiro obtido é voltado para os filhos, que dividem um apartamento com a mãe, uma vizinha e duas cachorras. “É muito apertado. Até para uma cachorra passar a outra tem que subir no sofá. Eles não estão morando bem”, resume o síndico.

O homem explica sua nova rotina: “Eu fico me virando no meu carro. O pessoal da feira me ajuda muito. Eu vivo assim: durmo na casa de um amigo, de uma amiga, de pessoas que cedem”, explica. Mesmo recebendo convites, ele prefere não dar trabalho e continua passando os dias em seu automóvel. “Não gosto de extrapolar muito porque um dia a gente acaba sendo um abuso”, completa. O síndico diz estar enfrentando dificuldades para dormir.

Rufino também denuncia sumiço de pertences de moradores durante as mudanças - inclusive os dele. “O videogame do meu filho sumiu durante a mudança. Eu não estou generalizando toda a turma que veio fazer a mudança, mas ali tinham pessoas de má índole. Levaram notebook de pessoas, minhas lâmpadas foram saqueadas”, cita.

Por fim, o ex-morador do Holiday clama: “Eu peço a sociedade que nos ajude, com doação de materiais elétricos, de construção, o que puder. Alguém que queira patrocinar aqui, colocar sua marca, divulgar seu nome. Eu digo: a gente vai voltar. A gente está na mídia e seu nome aqui vai valer muito tanto para a gente quanto para vocês divulgarem aqui em Boa Viagem. Isso aqui é um outdoor imenso, um painel para vocês. E enquanto der para eu me virar, eu estou me virando. Eu peço ajuda para a minha família, um aluguel mais barato para que meus filhos possam morar bem. Peço isso, um aluguel que eu possa pagar”.

Apesar da sugestão, eles ainda não receberam uma proposta para usar o imóvel como outdoor. De fato, o prédio se destaca e é visível a uma boa distância. Uma idosa que conhece bem aqueles andares agora abandonados teria uma visão privilegiada desses tais anúncios esperados por Rufino.

*

Da janela da sua sala abafada, contemplando a fachada do Edifício Holiday logo à frente, Neide Santos, de 74 anos, conclui que precisa voltar a trabalhar. Ela é mãe de Fernando Santos, outro morador que assumiu um papel de liderança no período pré-desocupação e foi o último a se mudar. Ela teve outros sete filhos, dois já morreram. Chegou ao Holiday aos 14 anos.

Na época de sua chegada, os arredores do prédio de 17 andares eram mato e lama, ela lembra. Neide viu de perto Boa Viagem virar uma terra de espigões. Mesmo tendo uma família bem estruturada, formada por uma mãe funcionária pública e pai e avô oficiais do Exército, a mulher sempre fez o que dava na telha. Antes da maioridade, foi toda maquiada e bem vestida em busca de um emprego em uma fábrica de cigarros. Ao chegar lá se deparou com um aviso de que não havia mais vagas - saiu de lá empregada.

Neide confessa nunca ter precisado se preocupar financeiramente. “Eu não sabia o que era responsabilidade, nunca me preocupei com as coisas. Fui mimada”, admite. O marido que morreu em 1998 lhe dava dinheiro o tempo todo, entretanto, não permitia que trabalhasse.

Em determinada época de sua vida, Neide chegou a abrir uma sorveteria em Barreiros, Mata Sul de Pernambuco. Ouvia dos clientes que seu sorvete era melhor que o da própria cidade. Ela nunca contou para eles, porém, que comprava o sorvete de Barreiros e apenas os enfeitava. Uma cheia, certo dia, atingiu a sorveteria dela, destruindo seus freezers.

Na esperança de alguma doação, Neide mais de uma vez em uma conversa curta pede dois freezers para voltar a vender sorvete. No Edifício Holiday, ela era proprietária de apartamentos. Hoje volta a se preocupar com o pagamento de aluguel. Não consegue tirar da cabeça o prédio onde morou por tanto tempo. Até porque ele está logo ali. Virou a paisagem da sua janela, uma estrutura gigante de pedra a mirar suas costas com olhos vazios como em eterna vigilância.

Enquanto o prazo para a desocupação se esgotava, a idosa precisou correr. O residencial onde vive agora pediu adiantamento de três meses de aluguel. Foi preciso implorar para conseguir um empréstimo. Além da sua própria mudança, auxiliou na dos filhos, como Fernando, atualmente desempregado. Ela sustenta um neto criado desde recém-nascido e outro filho que não morava no Holiday. Neide está com pressão alta e não consegue mais fazer a tradicional feira, que repartia com os filhos. Ela pede mais uma vez freezers para voltar a trabalhar.

A aposentada não nega que não voltaria ao Holiday se tivesse condições de se mudar para um lugar melhor. Ela também sabe o lado positivo de viver no histórico prédio. “A gente mora em um ambiente que de pobre só tem a gente mesmo. Holiday é maravilhoso. Perto de Bompreço, tem de tudo que a gente procura, perto de comércio, praia… nós como pobres temos a mordomia que o rico tem”, avalia.

*

Em nota, a Defesa Civil informa que, entre os dias 14 e 30 de março, a prefeitura realizou 296 mudanças a pedido dos moradores. No último dia 12, após a Defesa Civil finalizar a remoção de entulhos ordenada pela Justiça, a chave do prédio foi entregue ao síndico. “A Prefeitura do Recife reforça que todas as mudanças foram acompanhadas pelos próprios moradores, pela Secretaria de Defesa Social e pela Justiça de Pernambuco”, informa a nota do órgão.

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Os problemas da política habitacional do Recife estiveram no centro dos debates de uma reunião da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Casa de José Mariano. Na Sala de Comissões da Câmara, o grupo recebeu nesta segunda-feira (22) o Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), que expôs algumas das dificuldades enfrentadas pela população que vive em condições precárias na capital pernambucana.

 Presidente da comissão, a vereadora Michele Collins (PP) afirmou que ações serão realizadas para verificar os problemas, que envolvem falta de investimentos e retirada de famílias de suas habitações, e para apontar possíveis soluções.

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 “A gente vai fazer um trabalho de força-tarefa junto aos movimentos sociais. Precisamos nos unir com quem está na ponta trabalhando com as comunidades e saber a necessidade real de cada pessoa. Recebemos um pleito que traz muitos detalhes sobre como está acontecendo essa política no Recife, que está deixando a desejar”, pontuou.

Além da presidente, participou da reunião o vereador Ivan Moraes (PSOL), que é vice-presidente do colegiado. A primeira iniciativa a ser realizada pela Comissão será uma visita à comunidade de palafitas do bairro dos Coelhos. A ação vai acontecer na manhã do dia 8 de maio.

 Segundo o representante do MNLM, Paulo André de Araújo, as más condições de moradia no Recife não apenas chamam a atenção, mas também representam um risco às pessoas. “Viemos fazer um relato da situação de vulnerabilidade que famílias que são acompanhadas pelo movimento em relação à ausência de política de moradia popular. Hoje, trabalhamos com 17 comunidades, que somam em torno de cinco mil famílias, só na cidade do Recife. É importante que esta Casa possa debater e contribuir, com o Poder Executivo, com uma solução para essas famílias. Na situação de precariedade em que vivem, as pessoas correm risco de vida”, disse.

Neste sábado (23), os últimos ocupantes do Edifício Holiday, na Zona Sul do Recife, deixaram o local e agora o prédio está totalmente desabitado, informou a Secretaria de Defesa Social (SDS). As últimas seis famílias deixaram o local sem resistência.

A SDS agora reforça que aqueles que saíram do local mas deixaram os móveis, façam a mudança. O prazo para retirada de pertences e objetos vai até as 17h da próxima terça-feira (26). A partir de quarta feira (27), os pertences encontrados em cada apartamento irão para um depósito da Prefeitura do Recife, onde serão catalogados e ficarão à disposição dos proprietário.

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Neste sábado, a Defesa Civil do Recife realizou 37 mudanças. Ao todo, foram 252 mudanças de moradores e comerciantes do Edifício Holiday. Faltam 21 mudanças de mobílias e a expectativa é finalizá-las no domingo (24), entretanto, a perspectiva é que outros moradores procurem ajuda da prefeitura para se mudar.

O Holiday foi interditado judicialmente após ser identificado um grande risco de incêndio no local. Cerca de três mil moradores residiam no prédio. O edifício modernista foi construído em 1957, tem 476 apartamentos e 17 andares.

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A manhã foi melancólica no Edifício Holiday, no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Esta quarta-feira (20) é o prazo final para que os moradores desocupem o imóvel. O tempo todo caminhões de mudança entram e deixam o local. Segundo a Defesa Civil, 77 mudanças estão agendadas para ocorrer hoje em caminhões cedidos pela Prefeitura do Recife, sem contar as pessoas que deixam o prédio por conta própria.

Aqueles que ainda não decidiram sair continuam esperando uma nova decisão judicial que permita que permaneçam. “A gente está aguardando decisão judicial. Engenheiros vão entrar com recurso, a peça já está pronta. O documento mostra o que já foi feito, o que está sendo feito e o que vamos fazer. O processo vai ser feito como o bombeiro quer, mas a gente quer que seja feito com o povo morando”, explica o morador e comerciante Fernando Santos, que também cuida da administração do Holiday. O síndico Rufino Neto completa: “Esse laudo diz que foi minimizado o risco de incêndio por eletricidade, por causa do lixo e das cozinhas industriais. Estamos provando que o risco de incêndio é mínimo”.

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A inquilina Jeane da Silva, que vende empada na Praia de Boa Viagem, mais de uma vez vê e exibe as fotos do nascer do sol que tirou da sua janela no 15º andar com o celular. Ela ainda não empacotou seus pertences. “Meu plano é correr atrás, ir até o último minuto. Eu não corri atrás de casa, não fiz nada. Eu não vou sair me rendendo, vou lutar até o fim, se tiver que esperar a polícia, eu vou esperar”, ela comenta.

Segundo Jeane, é preciso ter moradores no local para que o prédio não seja esquecido. “Se fechar aqui a gente vai cair no esquecimento, que nem Brumadinho, que ninguém lembra mais. Lá foi uma tragédia, nem se compara a isso aqui e já caiu no esquecimento. Então aqui não vai ser diferente”, reflete. E acrescenta: "Aqui é o único local que o pobre mora tão bem quanto o rico. Pode não ser a mesma estrutura de prédio, mas tem a mesma visão, mesma praticidade, mesmo local. Tudo é favorável aqui, para pegar ônibus, pegar táxi, comer. É a única oportunidade que pobre tem de morar bem”.

Encostada do lado de fora do prédio, Vanusa Barbosa não conseguia conter as lágrimas. Ela se mudou há oito dias, mas tem acompanhado de perto a situação. “É triste ver as pessoas saindo desse jeito. Dois filhos meus nasceram e cresceram aqui. Todos se conheciam. Era um local seguro, que ninguém fazia o mal ao outro, e, de repente, se desfaz”, lamenta.

285. Essa é a quantidade de degraus que Fernando Cândido, de 87 anos, tinha que subir até o seu apartamento no 13º andar, após o imóvel ficar sem energia e, consequentemente, sem elevadores. O idoso demorou mais de meia hora contando os lances de escada, levado pela curiosidade. Mudou-se há dois dias para um local próximo. “Morar aqui era ótimo, era uma beleza. Perto de tudo. Vou voltar para cá se Deus quiser”, torce o aposentado.

Outra idosa, de 63 anos, precisou ser retirada pelo Corpo de Bombeiros de seu apartamento no 16º andar. Regina Pires mora só, tem dificuldade de locomoção, sendo hipertensa e diabética, além de já ter sofrido dois AVCs. Ela estava de saída, porém a contragosto. Antes, quando questionada se cogitava deixar o endereço, exclamava: “não diga nem isso!”. Foi convencida de que era necessário deixar o local. Com a glicose elevada, saiu direto para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira. De lá, será encaminhada para um abrigo da prefeitura.

A Justiça determinou que os moradores deixassem o local até esta quarta-feira, mas não há um horário específico. O juiz Luiz Rocha, autor da decisão, tem pontuado que a saída dos residentes deve ser feita com diálogo, para evitar o uso da força.

O comerciante Hélio Gomes, que tem um depósito de água na parte de trás do Holiday, havia recebido técnicos da Defesa Civil que afirmaram que ele deveria deixar o local. “Eu fiquei sem dormir, sem comer…”, recorda. Hélio conseguiu decisão favorável da Justiça ao defender que jamais foi condômino do edifício, que não está em débito com a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe), além de estar regular com o Corpo de Bombeiros e Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea). Apesar de Hélio dizer que seu imóvel não faz parte do terreno, moradores têm esperança de que a decisão seja um indício de que a ordem de desocupação possa ser suspensa.

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Com o objetivo de cobrar da Prefeitura de Olinda o compromisso com a habitação digna para famílias carentes, um ato ocorre na manhã desta quarta-feira (20), no Nascedouro de Peixinhos. Articulado pelo Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), em parceria com o Organização e Luta dos Movimentos (OLMP), o protesto segue direção ao prédio da gestão municipal. 

Dentre as reivindicações, está a construção de 2.000 casas populares pelo programa Minha Casa, Minha Vida e o diálogo referente aos serviços prestados pela atual gestão.

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“Infelizmente as famílias têm que passar por esse processo para conquistar uma moradia”, afirmou a coordenadora do MNLM Eduarda Luz. Segundo ela, após receber cerca de 192 residências do Governo do Estado, no dia 18 de dezembro de 2018, o serviço público do município não vem garantindo as demandas necessárias, como energia pública, água e atendimento de saúde.

“Essas famílias lutam muito por uma moradia e quando têm o sonho realizado, na verdade vira um pesadelo. Porque a gente sente abandono do poder público”, afirmou a coordenadora. Com isso, famílias das comunidades de Peixinhos, Jardim Brasil, Caixa D’água, Sapucaia, Ouro Preto, Aguazinha e Águas Compridas, ainda lutam por 2.000 casas.

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