Após os escândalos envolvendo os investimentos da Portugal Telecom na Rioforte, holding de ativos não financeiros do Grupo Espírito Santo, comprometendo os termos da fusão entre a operadora portuguesa e a brasileira Oi, o mercado de teles no Brasil voltou aos holofotes nos últimos dias com a disputa bilionária entre Telefônica e Telecom Itália pelos ativos da operadora GVT, do grupo francês Vivendi.
O conselho de administração da Vivendi deverá analisar nesta quinta-feira, 28, as duas propostas. A Telefônica, segundo fontes, teria elevado a oferta de 6,7 bilhões de euros para 8 bilhões de euros para fazer frente à da Telecom Itália, de cerca de 7 bilhões de euros, pelo negócio. A proposta da Telecom Itália daria à Vivendi uma fatia entre 15% e 20% no grupo italiano, disseram fontes à Reuters. A Telefônica é considerada favorita.
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Em meio a essa disputa, a Oi anuncia interesse nos ativos da TIM. Fontes familiarizadas com a operação afirmaram que, se o grupo italiano for escolhido pela Vivendi, as negociações entre Oi e TIM terão de ser interrompidas até que a operação global se consolide. "Mas depois serão retomadas."
Os rumores em torno da venda da fatia da TIM começaram no início do ano, após o Cade estabelecer que a Telefônica não poderia ficar com 100% do capital da Vivo sem se desfazer da participação indireta na TIM. A Telefônica é acionista majoritária da Telco, holding controladora da Telecom Itália, dona da TIM Brasil. Se concretizada a transação que o BTG está costurando, a Telefônica volta a aumentar sua fatia no grupo italiano - a espanhola reduziu recentemente a participação no grupo de 14,8% para 7%.
Apesar de a operação ter gerado dúvidas sobre a condição financeira da Oi para arcar com o negócio, os papéis foram puxados pela visão de que a consolidação do setor é positiva para as companhias, por gerar maior lucratividade e melhores margens. As ações ON da Oi avançaram 6,72% na quarta-feira, 27, enquanto as ON da TIM subiram 11,19%, liderando as altas do Ibovespa. "Não faz sentido o mercado brasileiro ter cinco operadoras. Esse setor é muito consolidado. Nos EUA, por exemplo, são dois grandes players", disse uma fonte.
O interesse da Oi em entrar no capital da TIM acendeu o sinal de alerta do mercado em relação às estratégias para o leilão de celular 4G, no qual o governo espera arrecadar, no mínimo, de R$ 7,7 bilhões. A preocupação gira em torno do grande desembolso que as companhias terão para participar do leilão e se ainda haverá caixa para as três grandes teles - Oi, Telefônica e Claro - dividirem a TIM.
"Está todo mundo querendo comprar a TIM, mas tem de ver quem tem cacife para isso. A Oi está entrando na disputa com chances bem menores", disse o ex-ministro das comunicações e sócio da Órion Consultoria, Juarez Quadros. "O desafio do momento é o leilão do 4G na frequência de 700 MHz."