O substituto de Paulo Roberto Costa na Diretoria de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, é o próximo a ser ouvido pela CPI Mista que investiga irregularidades na estatal. O depoimento foi marcado pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), para quarta-feira (22).
Esta é a data da próxima reunião da CPI, a menos que oposicionistas consigam marcar um encontro extra na semana que vem. Eles pressionam para a realização de uma reunião de emergência para votar novos requerimentos diante dos depoimentos de Paulo Roberto e do doleiro Alberto Youssef à Justiça Federal na última quarta-feira (8). Conforme divulgado pela imprensa, os dois revelaram a existência de um esquema de pagamento de propinas na empresa. O ex-diretor da Petrobras disse ao juiz Sérgio Moro que a maior parte da propina cobrada de fornecedores da petrolífera era direcionada para atender a partidos governistas PT, PMDB e PP.
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O deputado Izalci (PSDB-DF) informou à Agência Senado que tentará hoje contato com o presidente Vital do Rêgo propondo um novo encontro, mas sabe que não será tarefa fácil obter quórum para análise dos requerimentos pendentes de votação. "A base do governo vai evitar ao máximo quórum para apreciarmos qualquer coisa antes do segundo turno das eleições. Não há interesse para investigar essas questões agora", afirmou.
Relações
José Carlos Cosenza vai ter que explicar aos parlamentares por que Paulo Roberto, mesmo após ter saído da Petrobras em abril de 2012, continuou a manter relações com a companhia, conforme reportagem da revista Época. A matéria informou também que os dois despachavam sobre assuntos discutidos na cúpula da estatal.
O deputado Carlos Sampaio (PSB-SP), autor de um dos requerimentos que pediu a convocação de Cosenza, lembra que Paulo Roberto continuou tentando fazer negócios com a estatal e chegou a enviar uma carta a presidente da companhia, Maria das Graças Foster, propondo uma parceria entre a Petrobras e a REF Brasil, um empreendimento que ele vinha tocando até ser preso, e que previa a construção, com recursos privados, de pequenas refinarias em quatro estados brasileiros.
Além disso, conforme o requerimento de Sampaio, recentemente, foram demitidos vários executivos da Diretoria de Abastecimento e "o atual diretor, José Carlos Cosenza, indicado pelo PMDB, e homem de confiança de Paulo Roberto, não caiu".
Paulo Roberto Costa está cumprindo prisão domiciliar no Rio de Janeiro, acusado de integrar um esquema de corrupção na Petrobras, com a participação do doleiro Alberto Youssef. Preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, o ex-diretor da Petrobras confessou envolvimento em negociatas na estatal.
A CPI Mista da Petrobras tem a participação de senadores e deputados e funciona paralelamente à CPI exclusiva do Senado, com idênticos objetos de investigação: irregularidades envolvendo a Petrobras entre 2005 e 2014 relacionadas à compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA; o lançamento plataformas marítimas inacabadas; o pagamento de propina a funcionários da estatal; e o superfaturamento na construção de refinarias, principalmente a de Abreu e Lima, em Pernambuco.