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O diretório do Partido dos Trabalhadores em Pernambuco divulgou uma nota nesta terça-feira (25), se solidarizando com o senador petista Humberto Costa. Ele está sendo acusado pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, de ter recebido um milhão de reais do esquema de corrupção da estatal para a campanha eleitoral de 2010.  

A nota afirma que há 12 anos que o Governo Federal está combatendo os atos de corrupção na máquina pública, e que causa admiração a notícia ser baseada na delação de Paulo Roberto, que tem depoimentos vazados constantemente de forma seletiva. O documento segue afirmando que o nome de Humberto é citado na tentativa de atingir uma das vozes de defesa do governo Dilma e do PT. 

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Confira a nota na íntegra: 

NOTA PÚBLICA

Há meses o povo brasileiro convive com intenso noticiário acerca da denominada operação Lava Jato, da Policia Federal, que investiga relações entre dirigentes da Petrobrás e o doleiro Alberto Youssef.

A existência de investigações desta natureza não é novidade nos últimos 12 anos do Governo Federal, que não tem medido esforços para elucidar e combater atos de corrupção na máquina pública.

O que nos causa admiração é o fato de todo esse noticiário ser baseado em delação premiada do doleiro e do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, cujos depoimentos são “vazados” insistentemente e de forma seletiva, o que pode comprometer a própria investigação. 

E é neste contexto, sem qualquer comprovação, que surge o nome do senador Humberto Costa, líder do PT no Senado Federal, numa tentativa desesperada de atingir uma das mais firmes vozes em defesa do governo Dilma e do nosso partido.

Queremos de público, externar toda nossa solidariedade ao companheiro Humberto Costa, vítima de declarações sem qualquer grau de veracidade, comprometidas pela evidente contaminação política, que vem sendo dada à investigação.

Renovamos a nossa expectativa no pronunciamento da Procuradoria Geral da República, almejando que os encaminhamentos desta operação possam ser mais objetivos e menos midiáticos, ao tempo em que nos somamos ao PT Nacional na busca de providências sobre os vazamentos de uma investigação que ocorre em sigilo de justiça.  

Recife, 25 de novembro de 2014.

TERESA LEITÃO

Presidenta do PT-PE, pela CEE.

A defesa do doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, pediu nesta segunda-feira (24) à Justiça Federal, a suspensão de uma da ações penais a que ele responde, até que o acordo de delação premiada seja homologado. No depoimento, o doleiro citou nomes de pessoas que receberam propina do esquema de desvio de recursos da Petrobras.

Segundo os advogados, novos fatos surgiram após a delação premiada, e terão reflexos na ação penal contra o doleiro. "A colaboração de Alberto Youssef vem sendo decisiva para os desdobramentos da Operação Lava Jato, inclusive para o bloqueio de valores e a recuperação de ativos aos cofres públicos. Diante de tudo quanto restou sobejamente demonstrado, requer seja recebido e processado o vertente petitório, a fim de que seja desmembrado o feito", pede a defesa.

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Na ação penal em que os advogados pedem a suspensão, o doleiro e outros seis investigados são acusados de evasão de divisas no valor de US$ 444,9 milhões em contratos fraudulentos de importações ilegais.

A defesa do vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, pediu nesta segunda-feira (24) à Justiça Federal em Curitiba o desbloqueio de R$ 4 milhões, depositados em suas contas. Na semana passada, por decisão do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condução do processo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, as contas de 16 investigados foram bloqueadas.

No pedido, a defesa de Almada alega que somente uma conta, no banco BNP Paribas, onde estão depositados mais de R$ 22 milhões, deve continuar bloqueada. Segundo os advogados, o limite determinado foi R$ 20 milhões. Como o valor foi alcançado em uma das contas,  outras cinco, com depósitos de R$ 4 milhões, devem ser liberadas.

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"Sendo certo que a medida cautelar extrapolou os limites estipulados por este juízo, requer o peticionário seja levantado o bloqueio imposto às demais contas de sua titularidade, com exceção da Banco BNP Paribas que, como visto, sozinha atinge o montante de R$ 20 milhões", disse os advogados.

Na semana passada, foram bloqueados R$ 47 milhões nas contas dos investigados. Após rastreamento, a medida foi cumprida parcialmente pela falta de saldo. Todos os valores encontrados foram transferidos para uma conta da Justiça Federal na Caixa Econômica Federal. As contas de Valdir Lima Carreiro, presidente da empresa Iesa, e de Erton Medeiros Fonseca, diretor-presidente da Divisão de Engenharia Industrial da Galvão Engenharia, estão zeradas.

O diretor-vice-presidente da empreiteira Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite, um dos presos da Operação Lava Jato, recebeu na tarde desse sábado (22) alta do hospital Santa Cruz, em Curitiba, onde ficou internado devido a um quadro de hipertensão. Segundo a assessoria do hospital, ele está bem e já foi conduzido à carceragem da Polícia Federal.

O executivo, que está preso na Superintendência da Polícia Federal, passou mal e foi internado na noite de sexta-feira (21). Segundo a assessoria do hospital, ele chegou de ambulância e permaneceu o tempo todo escoltado por policiais federais. Na quarta-feira (19), o executivo – acusado de pagar propina para conseguir contratos com a Petrobras, manteve silêncio durante depoimento prestado na Superintendência da PF.

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O juiz federal Sérgio Moro, responsável pela investigação da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, autorizou o compartilhamento dos dados da apuração com órgãos de fiscalização do Poder Executivo. No entanto, informações sigilosas que podem resultar em novas investigações ainda não serão repassadas.

De acordo com a decisão, os dados das investigações colhidos na sétima fase da operação serão compatilhados com a Receita Federal, o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – órgão responsável por identificar movimentações financeiras. Segundo o juiz, o trabalho dos órgãos de controle poderá contribuir com as investigações.

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"Portanto, diante de indícios de crimes financeiros, fiscais e ante os indícios de possível cartelização, o compartilhamento dos elementos probatórios colhidos na investigação criminal deve ser deferido por ter por objetivo primeiro viabilizar a própria investigação criminal desses fatos, não sendo, portanto, estranho aos propósitos da apuração em questão", declarou Moro.

O advogado e ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, morreu na manhã desta quinta-feira (20), no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Bastos foi internado na última terça (18), para tratamento de descompensação de fibrose pulmonar, segundo boletim médico divulgado pelo hospital. Bastos foi convidado pelo ex-presidente Lula (PT) para compor a equipe do primeiro mandato e comandou o  Ministério da Justiça entre 2003 e 2007.

Considerado um dos principais advogados criminalistas do país, Thomaz Bastos atualmente defendia a Camargo Corrêa e a Odebrecht na Lava Jato. Antes de ser ministro, o advogado foi presidente da OAB-SP entre 1983 e 1985 e do Conselho Federal da OAB (1987 a 1989). Em  1990, após a eleição do presidente Fernando Collor, integrou o governo paralelo instituído pelo Partido dos Trabalhadores como encarregado do setor de Justiça e Segurança.  Em 1992, participou ao lado do jurista Evandro Lins e Silva da redação da petição que resultou no impeachment de Collor. 

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Quando deixou o governo federal, ele voltou a advogar. Em 2012, o ex-ministro participou do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) como advogado de um dos réus. No julgamento, ele fez a defesa do ex-dirigente do Banco Rural, José Roberto Salgado, condenado a uma pena de 14 anos e 4 meses de prisão por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas.

ex-ministro nasceu em Cruzeiro, no interior de São Paulo, em 1935 e formou-se em direito pela USP em 1958. Durante a carreira, Thomaz Bastos participou de mais de 700 júris. Ele já advogou para o presidente Lula, o ex-senador Antônio Carlos Magalhães, o empresário Eike Batista e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. 

Na tribuna da Assembleia Legislativa, o deputado estadual e federal eleito, Betinho Gomes (PSDB), defendeu a demissão de todos os diretores da Petrobras. De acordo com o parlamentar, as medidas tomadas pelo Governo Federal em relação à Operação Lava Jato, até o momento, não tem sido satisfatória. “Primeiro, é preciso demitir imediatamente toda a atual diretoria da empresa. Em seguida, é imprescindível que seja realizada uma auditoria em todos os contratos que as empreiteiras envolvidas no escândalo tenham com o Governo Federal para que tenhamos segurança nas demais operações, uma vez que todos os contratos estão sob suspeita nesse momento”, defendeu o tucano, durante o pronunciamento desta segunda-feira (17). 

Segundo o parlamentar, apenas a União está tomando iniciativa nas investigações do  escândalo da Petrobras, avaliando como omissa a postura dos integrantes do Governo Federal.  “Não houve decisão do governo em mandar investigar, ao contrário, o governo está a reboque das investigações. Temos, sim, que reconhecer o papel da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça, que estão agindo de forma independente e desmontando o maior esquema de corrupção do Brasil e que só tem envergonhado a nação”, cravou o deputado.

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Apesar de integrar a oposição, Betinho Gomes ressaltou que o fato independe de posição partidária, pois se trata da  credibilidade da estatal. “E quando tratamos desse assunto, não se trata de apontar partido A ou B, mas de externar nossa indignação, nossa insatisfação diante do que está se revelando porque o mensalão é fichinha diante do petrolão”, concluiu.

O escândalo da Petrobras, mais uma vez, foi  alvo de critica da oposição. O senador Aécio Neves (PSDB) divulgou nota externando sua indignação quanto às investigações da operação Lava Jato. Para ele, o Governo Federal não está sendo severo suficiente. “O PSDB lamenta que, neste momento, o Governo Federal, através de suas autoridades, insista em tentar dar tratamento político a um caso que é, eminentemente, de polícia”, divulgou o tucano, ressaltando que além de responsabilizar os diretores da estatal e empresas envolvidas no esquema, é necessário identificar e punir os agentes públicos. 

Outro ponto abordado pelo senador foi a abertura de inquérito contra delegados da Polícia Federal que participaram da operação. Segundo Aécio, a iniciativa do ministro da Justiça de solicitar investigação de tais policiais, não tem justificativa. Para finalizar, o documento informou que a oposição continuará atenta as investigações do caso. 

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Confira a nota na integra:

O PSDB reitera a posição de defesa intransigente da rigorosa apuração do maior escândalo de corrupção da história do País, através da Operação “Lava Jato”.

Para o partido e as oposições, tão importante quanto responsabilizar diretores da Petrobras que se transformaram em operadores do esquema, ou empresas que dele participaram, é identificar e punir os agentes públicos que permitiram o irresponsável aparelhamento da empresa e criaram as condições necessárias para a expropriação de recursos públicos, para dele se beneficiarem direta ou indiretamente.

O PSDB lamenta que, neste momento, o Governo Federal, através de suas autoridades, insista em tentar dar tratamento político a um caso que é, eminentemente, de polícia.

Não contribui para o livre encaminhamento das investigações a injustificada iniciativa do ministro da Justiça de abrir inquérito contra delegados da Polícia Federal que participam da operação, pelo simples fato de terem exercido o direito constitucional de manifestação política em suas redes sociais privadas.

As oposições continuarão vigilantes e mobilizadas no acompanhando das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, e esperam que todos que atuaram nesse esquema criminoso sejam efetivamente responsabilizados.

A Polícia Federal decretou o bloqueio de R$ 720 milhões em bens durante a 7ª etapa da Operação Lava Jato, deflagrada nesta sexta-feira (14) em seis estados do Brasil. Em Pernambuco, duas equipes de policiais cumpriram um mandado de prisão temporária para empresário de 57 anos, quando ele estava prestes a embarcar no Aeroporto Internacional dos Guararapes com destino a São Paulo-SP; e um mandado de busca e apreensão em apartamento de luxo de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, onde nada foi apreendido.

A operação investiga organizações criminosas responsáveis por desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro em grandes quantias. Ao todo, 300 policiais federais, com apoio de 50 servidores da Receita Federal, cumprem 85 mandados judiciais, sendo 6 de prisão preventiva, 21 de prisão temporária, 9 de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, além do Distrito Federal. Desses mandados, 11 estão sendo cumpridos em grandes empresas. 

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Durante esta sétima fase foi autorizado o bloqueio integral de valores pertencentes a três empresas ligadas a um dos operadores do esquema criminoso. O sujeito detido no aeroporto será encaminhado ainda nesta sexta-feira para Curitiba-PR onde as investigações estão sendo conduzidas. Os envolvidos responderão pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.

Lava Jato - A operação foi deflagrada no dia 13 de março de 2014. Segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), os grupos investigados registraram operações financeiras atípicas num montante que supera R$ 10 bilhões.  

A Petrobras informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não tem a confirmação da data para a divulgação do balanço com os resultados referentes ao terceiro trimestre de 2014. Nesta sexta-feira (14), acaba o prazo para a publicação, pelas regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A estatal esperava o aval da auditoria PricewaterhouseCoopers, que impôs condições para assinar os resultados, entre elas a saída do presidente da Transpetro, Sérgio Machado, citado nas investigações da Operação Lava Jato, conforme antecipou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Machado pediu licença do cargo por 31 dias.

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Hoje, o Broadcast noticiou que a PricewaterhouseCoopers não vai assinar as informações trimestrais do balanço da Petrobras, segundo fontes. Os auditores decidiram esperar a conclusão das investigações que a própria estatal está realizando sobre as denúncias feitas pelo ex-diretor da companhia Paulo Roberto Costa, no acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato.

O conselho de administração da Petrobras tem reunião marcada para esta sexta-feira, em São Paulo. A pauta seria justamente o balanço da empresa.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), divulgou nota, nesta terça-feira (11), em que nega qualquer envolvimento com irregularidades em processos licitatórios em benefício de empresas doadoras da campanha dele em 2010. A resposta veio após reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, que mostrou que empresas que financiaram a campanha do senador estão sendo acusadas de fraude.

As empresas em questão são a SS Administração e Serviços e a Rio Maguari Serviços e Transportes Rodoviários. Elas doaram, legalmente, R$ 400 mil ao PMDB de Alagoas, principal coordenador da campanha de Calheiros. O grupo de qual as duas companhias fazem parte está sendo acusado de fraudar licitação da Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras. Três meses depois das doações, as empresas venceram uma licitação em São Paulo.

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Em nota, Calheiros reiterou que tudo aconteceu conforme "manda a Lei". "Estamos diante de uma denúncia da legalidade. Não é cabível outra interpretação", frisou.

No documento, ele também explicou que a "mencionada empresa venceu um processo licitatório pelo menor preço", seguindo o que determina a legislação do país, e que o “contrato foi auditado pelo Tribunal de Contas da União e nenhuma irregularidade foi apontada". "A referida empresa fez múltiplas doações eleitorais e elas estão declaradas. Mais uma vez, como manda a Lei", destacou.

As empresas também alegaram que não houve irregularidades nas doações e que contribuíram para campanhas em vários estados e para partidos e cargos diferentes.

 

As empresas acusadas de formar um cartel para lotear grandes licitações públicas no País, segundo investigação da Operação Lava Jato, doaram R$ 456 milhões a PT, PMDB, PSDB, PSB, DEM e PP nos últimos sete anos, sem fazer distinção entre situação e oposição. Parte do dinheiro foi repassada às legendas em valores fixos e mensais.

Segundo o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, parte desse dinheiro teve como origem esquemas de fraudes em contratos, lavagem de dinheiro e corrupção, e foi parar nas campanhas presidenciais de 2010 do PT e do PSDB. Levantamento feito pela reportagem mostra que o PT e o PSDB, juntos, receberam 55% do total repassado aos seis partidos via diretório nacional. Os R$ 456 milhões que irrigaram as contas dessas legendas de 2007 a 2013 - período que o Tribunal Superior Eleitoral publica para consulta na internet - representam 36% do total doado às seis legendas por pessoas jurídicas em geral, no período.

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Esse tipo de doação é legal, mas tem uma fiscalização mais frouxa em relação à eleitoral, e sempre foi usada para tentar dissimular a origem do dinheiro que abastece campanhas.

Repasses mensais. O mapa do dinheiro feito pelo Estado mostra que as construtoras fizeram repasses mensais em valores fixos muitas vezes e pulverizados por partidos, tanto da situação como oposição. É o caso da Andrade Gutierrez, líder no total repassado: R$ 128 milhões aos seis partidos. Para o PT, em 2010, ela deu R$ 15 milhões, sendo que alguns mensais fixos, como três depósitos de R$ 700 mil cada entre fevereiro e abril. Para o PSDB, a Andrade Gutierrez fez 24 repasses, totalizando R$ 19 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"Eu perdi tudo, não devo nada para o governo do PT, mas o Brasil me deve muito", afirma o empresário Hermes Magnus, que denunciou à Polícia Federal e à Procuradoria da República em Londrina (PR) o esquema de lavagem de dinheiro sob comando do então ex-deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010, e do doleiro Alberto Youssef.

Suas primeiras revelações, ainda em caráter anônimo, chegaram aos investigadores em 2008. Ele mandava documentos e mensagens para as autoridades, relatando movimentos de Janene e Youssef.

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Naquele ano, em busca de investidores que aportassem recursos na Dunel Indústria e Comércio Ltda., que criou para atuar no fornecimento de equipamentos, ele encontrou-se com o político na sede da CSA Project Finance, espinha dorsal da Lava Jato. Logo, afirma, descobriu que Janene usava a CSA para lavar dinheiro, mas não se afastou porque firmara memorando de entendimentos, que previa pesada multa por rompimento contratual.

Por meio da CSA, Janene e Youssef expandiram suas ações para a Petrobras, onde se associaram a Paulo Roberto Costa, diretor da estatal entre 2004 e 2012. "Naquela reunião, me foi apresentado o Claudio Menti, pupilo e testa de ferro do Paulo Roberto", narra o empresário. "Na CSA encontrei pelo menos três vezes o Paulo Roberto."

Segundo ele, Janene lhe ofereceu R$ 1 milhão para injetar na Dunel - segundo a Procuradoria, dinheiro do mensalão que foi lavado pelo político. "Eles queriam me usar como laranja. O dinheiro rodava livre na CSA. A partir das minhas informações, a Lava Jato foi ganhando corpo."

Entre 2011 e 2012, a Justiça Federal autorizou medidas cautelares, interceptação telefônica e de e-mails. Descobriu-se, então, as ramificações do grupo e surgiram detalhes das relações com o então diretor da Petrobras e indícios de propinas a políticos do PT, do PMDB e do PP.

Celeridade

As investigações ganharam celeridade quando o investidor Enivaldo Quadrado, operador de Janene, foi preso em dezembro de 2008 no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, com 361,4 mil em espécie na cueca e nos bolsos que, segundo Magnus, era destinado à ex-mulher de Janene.

"Eu quebrei, um prejuízo de pelo menos R$ 2 milhões. Éramos 32 funcionários, somos quatro", desabafa Magnus, que diz levar uma vida de dificuldades, sob desconfiança do mercado, que raramente lhe dá uma oportunidade de negócio.

Telefonemas anônimos o aterrorizam. Ameaças vêm de todo jeito, a qualquer hora. Teme uma emboscada. Ou uma bala perdida. "A militância vai cuidar disso", dizem. "Meu plano é ir embora do Brasil. As pessoas me veem como um bandido que desertou, mas não é verdade. Eu denunciei tudo, desde 2008. Eu não sou um deles."

Magnus afirma ver uso eleitoral da PF e não acha justas as críticas de políticos à condução do processo pelo juiz Sérgio Moro. "Não há nenhum interesse político na investigação."

O doleiro Alberto Youssef, alvo principal da Operação Lava Jato, usava o irmão de um ex-ministro, um agente da Polícia Federal e um condenado da Justiça por crimes financeiros e citado no mensalão para transportar os valores em espécie dentro de malas, maletas e no próprio corpo para agilizar e dissuadir a lavagem de dinheiro e manter um "eficiente" sistema de "delivery do caixa 2".

É o que afirmam o Ministério Público Federal e a Polícia Federal ao descrever o papel dos "mulas" da lavanderia criada por Youssef. Eles utilizavam voos comerciais, jatos particulares e carros blindados para transportar recursos que a organização criminosa denunciada movimentou entre 2009 e 2014, em associação com o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa.

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"Youssef é líder de uma organização criminosa (...) especializada em operações à margem do sistema financeiro nacional formada por subordinados diretos, parceiros de confiança, ‘laranjas’ e ‘mulas’ que carregam os numerários", afirmam investigadores em uma ação penal em que o doleiro é réu, na Justiça Federal do Paraná.

São descritos quatro "mulas’, como são apelidados os carregadores de dinheiro: Adarico Negromonte Filho (irmão do ex-ministro Mário Negromonte), Rafael Ângulo Lopez (condenado na Operação Curaçao e investigado no mensalão), Jayme Alves de Oliveira Filho (agente da PF lotado no Rio de Janeiro) e Carlos Rocha (doleiro ligado a outro grupo alvo da Lava Jato).

Do ponto de vista hierárquico, Rafael Ângulo Lopez, de 61 anos, identificado como "Veio", é apontado como figura central. Segundo a investigação, era ele quem controlava o cofre de Youssef quando este não estava em São Paulo. Em sua sala no escritório do doleiro a PF apreendeu uma maleta com cerca de R$ 500 mil, mais R$ 1,3 milhão e US$ 20 mil no cofre.

"Esses valores em espécie eram transportados pelo denunciado, em voos domésticos, ocultados no corpo ou em alguma valise, pela utilização de aviões particulares ou, ainda, valendo-se de veículos blindados, de transporte de valores", diz a ação.

Segundo os procuradores, o fato de o réu ter cidadania espanhola e ser idoso facilitava suas viagens com dinheiro à Europa em voos convencionais. A PF identificou ainda nos grampos da Lava Jato que Lopez e Youssef conversaram ou trocaram mensagem 160 vezes no período em que eram monitorados.

Lopez é reincidente dos crimes de colarinho branco e diretamente ligado ao mensalão. Seu nome apareceu ligado aos negócios do deputado federal José Janene (PP-PR), que morreu em 2010 e era réu do processo e suposto sócio de Youssef. Lopez também é cunhado de Enivaldo Quadrado, que no mensalão foi condenado como proprietário da corretora Bônus-Banval, usada por Marcos Valério Fernandes de Souza. Os agentes afirmam acreditar que a Bônus-Banval era do doleiro, não de Quadrado, agora qualificado como seu funcionário na Lava Jato.

Outro apontado como "mula" de Youssef é Adarico Negromente Filho, o Maringá, irmão do ex-ministro de Cidades Mário Negromonte. Seu nome está registrado em um dos 32 telefones apreendidos com o doleiro em março deste ano. São ao todo 34 trocas de ligação e mensagem com Youssef, alvo dos grampos.

Uma das qualificações dos "mulas" tem a foto do irmão do ex-ministro, sobre a alcunha Maringá e ladeada pela observação: "transporte de dinheiro em espécie. Obs: irmão do ex-ministro Mário Negromonte".

Em documentos apreendidos na sede de uma das empresas de Youssef, a GFD Investimentos, foi encontrada uma tabela de contabilidade com referências a "transferências" com o nome Maringá à frente. Para a PF, são os valores movimentados pelos transportadores e suas participações.

Um agente federal usava seu cargo para facilitar o transporte de dinheiro de Youssef. É Jayme Alves de Oliveira Filho, conhecido como Careca. Ele está lotado no Aeroporto do Galeão, no Rio, e a suspeita da PF é que atuava também como informante do grupo.

Dez nomes que aparecem na lavanderia de dinheiro desmontada pela Operação Lava Jato foram denunciados ou investigados pela Polícia Federal por crime financeiro em sete escândalos recentes da política brasileira, entre eles o mensalão, a CPI dos Bingos e o Caso Banestado. Alvo central e coordenador do "engenhoso e sofisticado" esquema de lavagem de dinheiro usado para "esquentar" os recursos de caixa 2, oriundos, segundo a Polícia Federal, de corrupção e fraudes que atingiram a Petrobrás entre os anos de 2009 e 2014, o doleiro Alberto Youssef é o melhor exemplo de reincidente.

"Alberto Youssef possui envolvimento há mais de duas décadas com crimes (...). Já foi preso e condenado, descumpriu acordos de colaboração e voltou a atuar de maneira ainda mais grave, realizando evasão de aproximadamente meio bilhão de reais", registrou o Ministério Público Federal, no pedido de manutenção da prisão dos réus da Lava Jato, em julho.

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Os dez personagens de outros escândalos que voltam a aparecer na Lava Jato se ligam em rede com a atual lavanderia de Youssef por transações cambiais, sociedades ocultas e abertas e troca de informações e recursos, conforme revelaram as investigações da PF (veja quadro).

Seus negócios no câmbio negro começaram em 1992, conforme ele mesmo disse em 2004 ao juiz Sérgio Moro, nos autos da Operação Farol da Colina - que apurava o megaesquema de lavagem de dinheiro mantido por doleiros, revelado no Caso Banestado. "Realmente, Youssef foi um dos principais doleiros envolvidos no Caso Banestado, com evasão fraudulenta milionária de divisas por contas CC5 na praça de Foz do Iguaçu nos anos 90", afirma o Ministério Público Federal. Por meio de três empresas (duas offshores fora do Brasil) movimentou mais de US$ 800 milhões. Com ele, aparecem dois outros doleiros: Antonio Claramunt, o Toninho Barcelona, e Raul Srour - que voltou a ser preso na Operação Lava Jato.

Preso e prestes a ser condenado por causa da Banestado, Youssef aceitou a delação premiada em 2004 - colaborou com a Justiça em troca de redução da pena. Admitiu a lavagem de US$ 25 milhões, os crimes contra o sistema financeiro e o desvio de recursos públicos. "Youssef se comprometeu inclusive a não realizar atividade delitiva sob pena de revogação do acordo", anotam os procuradores. Dois anos depois, voltou a ter o nome envolvido no caso do Mensalão, mas não foi denunciado. "Verifica-se que a corretora Bônus Banval, era, em verdade, de Alberto Youssef", afirmam.

Enivaldo Quadrado, que foi apontado como dono da corretora usada por Marcos Valério no mensalão, voltou a ser preso na Lava Jato, por ser um "funcionário de Youssef".

Agora, dez anos após sua delação premiada, Youssef foi pego pela PF como chefe da organização que lavava dinheiro por meio de pelo menos 12 empresas abertas em nomes de "laranjas", no Brasil e em países como Hong Kong, China, Holanda e Estados Unidos.

Usando oito dessas empresas, a Lava Jato aponta que Youssef simulou importações e enviou ao exterior US$ 44 milhões por meio de 3.649 operações de câmbio fraudulentas.

Youssef teria montado uma rede colarinho branco com três outros grupos de doleiros, associados a políticos, agentes públicos e empresários.

Para o Ministério Público, Youssef, "mesmo tendo feito termo de colaboração com a Justiça, (...) voltou a delinquir, indicando que transformou o crime em verdadeiro meio de vida". Nos grampos da Lava Jato, o doleiro mencionou os estragos que a prisão em 2003 lhe causaram. "Eu tinha 150 milhões de dólares na conta, eu quebrei fiquei com 20 negativo, paguei todo mundo."

O doleiro, "sem nunca ter uma atividade lícita", como ressalta o MPF, ficou rico e estava negociando a compra de um jato quando foi preso, no dia 17 de março, em São Luís (MA), onde havia conseguido a liberação de um pagamento de precatório por parte do governo estadual para uma empresa investigada.

Padrões

Enquanto a lei de crimes financeiros é a mesma desde 1986, o esquema de lavagem de Youssef foi se modernizando. A atual especialidade da lavanderia do doleiro era criar empresas de fachada no Brasil e fora do País (as offshores) para simular importações, movimentando assim recursos ilegais por operações de câmbio autorizadas pelo Banco Central.

Ele montou a MO Consultoria e a Empreiteira Rigidez, que serviam para emitir notas fiscais de serviços nunca prestados. Outras, como o Labogen e a GFD enviavam os recursos para o exterior. A partir das chamadas contas de passagem o dinheiro seguia para outras. "O criminoso de colarinho branco faz uma análise de risco. O fato de ele não ir preso é um incentivo para o crime", afirmou o procurador Rodrigo de Grandis, especialista em lavagem de dinheiro do Ministério Público Federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, discutiu nesta segunda-feira (8) com integrantes do Ministério Público medidas para garantir o prosseguimento das investigações da Operação Lava Jato após a divulgação do depoimento em que o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, cita nomes de políticos que receberam propina no suposto esquema. Em maio, Janot criou uma força-tarefa para auxiliar nas investigações.

De acordo com nota divulgada à imprensa, durante a reunião foram “avaliadas medidas para garantir a efetividade das investigações”. Os nomes de políticos citados pelo ex-diretor foram divulgados no sábado (6) pela revista Veja.

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O procurador também declarou, por meio de nota, que não vai se manifestar sobre a divulgação dos nomes. Segundo Janot, o Ministério Público vai continuar a investigação de forma imparcial e respeitando a presunção de inocência dos envolvidos.

A presidenta Dilma Rousseff disse hoje que pretende pedir à Procuradoria-Geral da República informações sobre as denúncias de que integrantes do governo foram citados pelo ex-diretor da Petrobras.

Citado em depoimento relacionado a recebimento de propina, o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-RN), divulgou nota em que nega as acusações. O nome dele foi mencionado pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, sobre envolvimento no esquema que desviou recursos de contratos bilionários da Petrobras.

Na nota entregue à imprensa, Renan "repudia as especulações" de Costa e diz que as relações dele com "todos os diretores da estatal nunca passaram os limites institucionais". Preso na Operação Lava Jato, Costa deu depoimento à Justiça para tentar conseguir o perdão judicial por meio da delação premiada. Foi nesse momento que ele citou diversos parlamentares, ministros e governadores que, supostamente, teriam sido beneficiados pela ação criminosa.

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O ex-diretor da estatal disse que havia um acerto com o doleiro Alberto Youssef para que o Postalis comprasse R$ 50 milhões emitidos da Marsans Viagens e Turismo, que tinha Youssef como um dos investidores. O doleiro teria se reunido com Renan, em Brasília, no início de março, para acertar a comissão do PMDB nesse negócio. Calheiros negou tal encontro e disse que "sequer o conhece ou dele ouviu falar antes dos fatos se tornarem públicos".

O parlamentar acredita que a apuração do caso irá revelar sua inocência. Renan também considerou que as declarações estão sendo usadas com estratégia eleitoral e pediu providências do Supremo Tribunal Federal e do Ministério Público. "É dever do STF e do MP apurar a veracidade das declarações do ex-servidor a fim de esclarecer se o mesmo merecerá ou não o benefício da delação premiada", frisou.

"A delação premiada, quando usada para encobrir ou ocultar eventuais beneficiários, deve redundar em um agravamento de pena daquele que tentou manipular os rumos da apuração", acusou.

A governadora do Estado do Maranhão Roseana Sarney (PMDB)enviou nota à imprensa em que diz repudiar veementemente e "com grande indignação" as denúncias feitas pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em delação premiada. Conforme reportagem da revista Veja desta semana, a governadora estaria entre os envolvidos citados em depoimento de Costa à Polícia Federal em um esquema de corrupção na estatal.

"Nunca participei de nenhum esquema de corrupção e muito menos solicitei ao ex-diretor da Petrobras recursos de qualquer natureza." Roseana afirma que tomará todas as medidas jurídicas cabíveis para resguardar sua honra e dignidade.

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A assessoria do PSB comunicou que não se manifestará sobre a menção ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos no depoimento do ex-diretor da Petrobras. Dentro do partido, a avaliação é a de que Paulo Roberto Costa não apresentou provas concretas contra Campos. "Apenas jogaram no ar o nome de uma pessoa que já morreu, é um absurdo", comentou um auxiliar.

A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, afirmou há pouco, em São Paulo, que é preciso ter "dados oficiais" para poder comentar as denúncias do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

"A própria revista que anuncia esse fato diz que o processo está criptografado, guardado dentro de um cofre e que irá para o Supremo", disse, referindo-se à revista Veja. De acordo com a publicação, na delação premiada, o ex-executivo da estatal citou deputados, senadores, governadores e um ministro em um suposto esquema de recebimento de propina em contratos da estatal. Entre os nomes estão do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) e do tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto.

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Constam também do depoimento Renan Calheiros (PMDB-AL), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), o ministro Edison Lobão (PMDB-MA) e Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco morto no mês passado.

"Eu gostaria de saber direitinho quais são as informações prestadas nessas condições e eu te asseguro que tomarei todas as providências cabíveis", disse a presidente, em coletiva de imprensa, antes de participar de um encontro com mulheres na sede do sindicato dos bancários.

Dilma disse ainda que não poderia comentar o assunto "com base em especulação". "Eu quero as informações. Acho que as informações são essenciais e são devidas ao governo. Porque, caso contrário, a gente não pode tomar medidas efetivas", afirmou.

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