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O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) alterou o decreto que classifica as atividades essenciais em meio a pandemia. A publicação do Diário Oficial da União da manhã desta quinta-feira (26), estabeleceu que as atividades religiosas, lotéricas, a produção de petróleo e energia, e pesquisa científica devem entrar no rol dos serviços que não devem ser suspensos durante a quarentena.

O decreto nº 10.292, de 25 de março de 2020, garante que "atividades religiosas de qualquer natureza, obedecidas as determinações do Ministério da Saúde", sejam realizadas. Em contrapartida, torna-se inevitável que os fieis furem o isolamento domiciliar e se aglomerem em centros religiosos, caminhando na contramão das diretrizes de prevenção.

O isolamento político somado à crescente da rejeição da opinião pública, fez o presidente se agarrar aos poucos aliados que lhe restam. Com o discurso cristão que foi fundamental para a sua eleição, a movimentação de Bolsonaro acaba reafirmando a relação com a bancada religiosa. Com validade imediata, a deliberação não precisa entrar em votação no Congresso Nacional. 

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A lei de quarentena durante a pandemia da covid-19 foi sancionada em fevereiro. Por meio de medida provisória, Bolsonaro alterou o texto que garante "o exercício e o funcionamento de serviços públicos e atividades essenciais".  Na determinação, ele deu a si próprio o poder de classificar, através de decreto, o que deve ser considerado serviço essencial.

Seus nomes são Sara, Regina, Sonia e Irene e fazem parte dos profissionais da saúde na linha de frente contra a nova pandemia de coronavírus, que sobrecarregou vários hospitais na Espanha.

A seguir, relatos à AFP de como estão lidando com a crise.

- "O hospital inteiro é coronavírus" -

Sara Chinchilla é pediatra, tem 32 anos, e trabalha em Móstoles, perto de Madri. O fluxo de pacientes em seu hospital é tal que a equipe precisa privilegiar a admissão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) daqueles com maior chance de sobrevivência, ou seja, os mais jovens e sem patologias prévias.

"Eu tenho cinco pacientes para escolher e apenas um leito. Então tenho que escolher. Estão morrendo pessoas que poderiam ser salvas, mas que não podem entrar na UTI", explica.

Sara lamenta a falta de material em seu centro. Nos últimos dias, há "mais máscaras", mas "o que mais precisamos são respiradores. Muito mais vidas poderiam ser salvas se houvesse respiradores".

O pessoal está no limite, porque muitos profissionais foram contaminados - "cada dia estão caindo mais" - e o hospital se reorganizou para receber os pacientes com coronavírus: "não há ala de ginecologia, de pediatria ou de traumatologia; agora todo o hospital é COVID-19".

"Cada vez mais pacientes e menos médicos, é uma situação limite", insiste. Na Espanha, milhares de profissionais da saúde foram infectados, segundo as autoridades, e ao menos três faleceram de coronavírus.

- Solidão 'imensa' -

Regina Dalmau, de 48 anos, é cardiologista do hospital de La Paz, em Madri, e há semanas trata pacientes com o novo coronavírus.

"Quando você sai do hospital, fica mais triste. Estão sozinhos (os pacientes), quando morrem, morrem sozinhos. Quando você chega em casa, precisa digerir, chorar. Ninguém imaginaria isso".

Regina diz que vê "situações muito dramáticas", como as dos pacientes que estão morrendo, cuja despedida será cruelmente breve.

"Você pede que um membro da família venha e diga adeus", com a condição de não apresentar sintomas ou de ter convivido com o paciente nos últimos cinco dias. "Pode ficar dez minutos, mas não se aproximar" do seu ente querido. "A solidão é bilateral e é imensa".

Ela define a situação como uma "guerra total" e acredita que "o pior" ainda está por vir, pois o que estão vendo agora é a "consequência do contágio de duas ou três semanas atrás".

Ela sustenta que a crise foi "fatalmente gerenciada" pelas autoridades, pois antes do confinamento ditado em 14 de março partidas de futebol foram realizadas, bem como a feira de arte ARCO em Madri e a manifestação de 8 de Março, com centenas de milhares de participantes em todo o país.

"É o vírus da cegueira seletiva", ressalta.

- "Uma máscara não é eterna" -

Sonia Pacho, uma enfermeira de 48 anos, trabalha no hospital Galdácano, perto de Bilbao, onde trabalhava a primeira agente de saúde falecida por coronavírus na Espanha, uma enfermeira de 52 anos. "Foi um golpe, você sente muita impotência".

Ela atende em casa pacientes com sintomas leves em uma área ampla - "às vezes faço 100 quilômetros" para ver um - e explica ter realizado testes em pessoas de todas as idades, usando um kit inteiro de proteção (luvas, jaleco, capuz, máscara, óculos, calçado) que deve ser removido escrupulosamente.

Insiste que custa obter material de proteção e que a falta dele "limita muito".

"Há colegas que estão reutilizando a máscara até a eternidade". No entanto, recorda: "uma máscara não é eterna".

No hospital, "a atmosfera de tensão é palpável", embora haja "muita vontade" e solidariedade entre os colegas.

"Se me ligarem de um local que precisa de gente, eu certamente iria".

- Em casa por contágio e "exausta" -

Irene Sanz, pediatra de um hospital de Valladolid, está em casa com seus dois filhos pequenos desde que testou positivo para coronavírus em 13 de março.

"Eu tive 39 graus de febre por vários dias, um total de 10 dias completos de febre, com muita dor muscular, cansaço e um pouco de tosse. Fiquei exausta".

Agora está melhor e na próxima semana espera testar negativo.

"Quero voltar ao trabalho, porque, muitos profissionais estão ficando doentes, enquanto recebem cada vez mais recursos humanos. Mas também tenho medo do que vou encontrar", acrescenta a médica de 35 anos.

No seu centro, a mobilização ainda não atingiu o nível extremo de outros hospitais do país, mas "em função da situação, vários planos de contingência foram ativados", o que forçará profissionais de diferentes especialidades a atender adultos que sofrem de coronavírus.

A China anunciou hoje (26) 67 novos casos de covid-19, todos oriundos do exterior, no momento em que o país está voltando à normalidade, após dois meses de paralisia, devido ao surto, que teve origem na província de Hubei.

A Comissão de Saúde da China informou que, até a meia-noite na China morreram mais seis pessoas no país devido à infeção pelo novo coronavírus, o que eleva o número de mortes para 3.287.

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Quando a doença começou a atingir o resto do mundo, muitos chineses regressaram ao país, que passou a registrar centenas de casos procedentes do exterior.

Para impedir uma segunda onda de contágios, o governo chinês impôs uma quarentena rigorosa de 14 dias a quem entrar na China. Os voos internacionais com destino a Pequim estão sendo desviados para outras cidades, depois de um aumento contínuo de casos importados na capital chinesa.

O número de infectados confirmados na China continental, que exclui Macau e Hong Kong, desde o início da pandemia, é de 81.285, entre os quais 74.051 receberam alta, após terem superado a doença.

O número de infectados "ativos" é de 3.947, entre os quais 1.235 permanecem em estado grave.

Desde o início do surto, em dezembro passado, 695.305 pessoas em contato próximo com infectados estiveram sob vigilância médica, incluindo 14.714 ainda sob observação, de acordo com dados oficiais.

No dia 12 deste mês, o governo chinês declarou que o pico das transmissões terminou no país, embora tenha lançado medidas adicionais para evitar novos surtos, diante do aumento de casos "importados".

O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, já infectou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, sendo que mais de 20 mil morreram.

Depois de surgir na China, o surto se espalhou por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar situação de pandemia.

O Continente europeu, com mais de 240 mil casos, é onde surge atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais mortes - 7.503 em 74.386 casos registrados até essa quarta-feira.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registrando 3.434 entre 47.610 casos de infecção.

*Emissora pública de televisão de Portugal

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, contrariou nesta quarta-feira (25) a postura adotada por Jair Bolsonaro e disse que o governo defende que o isolamento social é uma das melhores formas de frear a disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2).

"A posição do nosso governo, por enquanto, é uma só. A posição do governo é isolamento e o distanciamento social, né. Está sendo discutido e, ontem [24/3] o presidente buscou colocar, e pode ser que ele tenha se expressado de uma forma digamos assim que não foi a melhor", disse Mourão durante uma reunião por videoconferência do Conselho Nacional da Amazônia Legal.

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Conforme o vice, Bolsonaro quis mostrar a "preocupação que todos nós temos com a segunda onda, como se chama nessa questão do coronavírus". "Nós temos a primeira onda, que é a saúde, e agora temos uma segunda onda, que é a questão econômica e, uma vez que toda a atividade econômica cesse e o país praticamente caia numa anomia, podemos correr o risco de uma forte inquietação social, principalmente nas áreas mais vulneráveis", afirmou ainda Mourão.

A repercussão do pronunciamento do presidente foi a mais negativa possível. Prefeitos, governadores, senadores e deputados, além de especialistas e médicos, criticaram a fala de Bolsonaro - que contraria estudiosos do mundo todo e que foi adotada por mais de 150 países para frear a epidemia. 

Da Ansa

O "Crucifixo Milagroso" de Roma será levado para a Praça São Pedro, no Vaticano, nesta sexta-feira (27) para que o papa Francisco faça uma oração especial pelo fim da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2). A celebração está marcada para às 18h (14h no horário de Brasília).

A peça religiosa fica exposta na Igreja de São Marcelo no Corso e foi visitada pelo Pontífice em 15 de março. Naquele dia, o líder católico também fez uma oração especial pelo fim dos casos da nova doença.

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Segundo a tradição, o "Crucifixo Milagroso" é objeto de profunda veneração pelos fiéis de Roma desde 1519, quando permaneceu ileso em um grande incêndio que destruiu a igreja no centro de Roma. Pouco tempo depois, em 1522, foi usado em uma procissão pelas ruas da capital italiana, que durou 16 dias, e a ele foi atribuída o fim da peste que atingia a cidade Por conta disso, ganhou fama entre os romanos de por fim a grandes epidemias e é muito venerado inclusive pelos Papas através dos tempos.

Até o momento, de acordo com o Centro de Estudos John Hopkins, já são 474.204 casos da Covid-19 no mundo, com 21.353 mortes registradas. A maior parte dos falecimentos está na Itália, com 7.503, e na Espanha, com 3.647. 

Da Ansa

Um estudo italiano afirmou que o novo coronavírus (Sars-CoV-2) começou a circular na região da Lombardia, no norte da Itália, a partir de 1º de janeiro, cerca de um mês e meio antes da cidade de Codogno registrar o primeiro diagnóstico da Covid-19 em todo país, no dia 20 de fevereiro.

A análise foi realizada por 14 centros de pesquisa, com a coordenação da Direção Geral de Saúde da região da Lombardia, e divulgada nesta quarta-feira (25) no site "ArXiv".

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"A epidemia na Itália permaneceu desconhecida por semanas", diz um comentário sobre a pesquisa na revista "Nature", ressaltando que o vírus atingiu o país "muito antes de 20 de fevereiro de 2020".

"Quando o primeiro caso de Covid-19 foi identificado, ele já havia se espalhado por muitos municípios do sul da Lombardia", diz a pesquisa.

Para o físico Giorgio Parisi, da Universidade Sapienza de Roma, o artigo "é um trabalho extremamente interessante que reconstrói a pré-história do coronavírus na Itália".

Segundo o estudo, no início da pandemia, os casos sintomáticos eram 80%, contra 5% dos casos assintomáticos e 15% dos casos não confirmados, que apresentaram sintomas leves da infecção.

Os autores da pesquisa reconstruíram a origem da epidemia analisando os dados referentes aos 5.830 casos confirmados nos laboratórios da Lombardia, levando em consideração os dados referentes ao aparecimento de sintomas e fazendo a reconstrução da sequência de contatos.

Desta forma, os pesquisadores conseguiram identificar os casos esporádicos que apareceram na região entre 1 e 29 de janeiro e, em seguida, os casos mais frequentes de 30 de janeiro a 19 de fevereiro, com um pico de mais de 60 registros ocorridos no dia 18 de fevereiro. Dois dias depois, em 20 de março, surgiu a epidemia, com a identificação do paciente 1 em Codogno.

O grupo também estimou que a taxa de reprodução do vírus era inicialmente de 3 1, mas começou a diminuir após 20 de fevereiro. Além disso, na fase inicial, a epidemia se espalhou exponencialmente, com uma duplicação média de casos a cada três dias em Bergamo, Codogno e Cremona (2,6).

Até o momento, 7.503 pessoas já morreram na Itália em decorrência do novo coronavírus, enquanto que 74.386 já foram contaminadas.

Da Ansa

Apesar do fim do confinamento e do isolamento de dois meses, em Huanggang, cidade da província chinesa de Hubei, berço da pandemia, os moradores acreditam que o novo coronavírus continua sendo um perigo.

A vida começa a voltar à normalidade aos poucos em Hubei, onde os mais de 50 milhões de habitantes estavam de fato em quarentena desde o fim de janeiro.

Este é o caso de Huanggang, uma das cidades mais afetadas pela pandemia, onde os 7,5 milhões de habitantes estão novamente autorizados a fazer deslocamentos, inclusive fora da província.

Em uma rua comercial decorada decorada com lanternas vermelhas, um grupo de entregadores aguarda os pedidos na frente de um restaurante. Mas há poucos clientes e, de todas as maneiras, não é permitido comer dentro do estabelecimento.

Uma vendedora de panquecas afirma à AFP que voltou a trabalhar depois de dois meses de confinamento. "Me sinto mais livre por poder sair de casa", afirmou a mulher, que não quis revelar seu nome. A vendedora lamentou que os negócios "não vão tão bem como antes".

Chen Wenjun, uma farmacêutica de 22 anos, comemora a possibilidade de sair de casa, mas continua atenta e usa uma máscara. "Muitos lugares reabriram, mas temos que continuar muito atentos", explica a mulher, acompanhada por dois amigos ao lado de uma barraca de comida.

Huanggang fica 75 quilômetros ao sudeste de Wuhan, a capital da província, que tem o maior número de vítimas fatais da Covid-19 no país (mais de 2.500).

A atividade demora a ser retomada. Muitos hotéis estão fechados e apenas alguns deles registram poucos hóspedes. Nas ruas, muitos cartazes oficiais alertam que a epidemia não chegou ao fim.

"Uma reunião para jogar cartas é um suicídio", afirma uma das faixas vermelhas pendurada em uma rua, em referência a uma das atividades preferidas dos aposentados chineses. "Se você não usa máscara, o vírus pode se apaixonar por você", afirma outra mensagem oficial.

Desde o surgimento do vírus em dezembro em Hubei, quase 3.000 pessoas foram contaminadas em Huanggang e 125 morreram, de acordo com as autoridades locais. Aproveitando o fim das restrições de viagens, muitos moradores tentam sair da cidade ou da província.

Os habitantes de Wuhan, a capital provincial onde o coronavírus foi detectado pela primeira vez em dezembro, terão que esperar até 8 de abril pelo fim da quarentena. Na estação de Huanggang, vários agentes trabalham para evitar que os passageiros se aproximem uns dos outros. Mas algumas áreas de espera estavam lotadas.

Correspondentes da AFP conseguiram sair da estação, mas apenas depois que colocaram a segunda máscara cirúrgica sobre a primeira, obedecendo as ordens da polícia ferroviária. Apesar de melhor, a situação em Huanggang "ainda é perigosa", afirma um agente.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quarta-feira, 25, que não querer "descaso" com a pandemia do novo coronavírus, e sim "a dose adequada para combater esse mal sem causar um ainda maior". "Se todos colaborarem, poderemos cuidar e proteger os idosos e demais grupos de risco, manter os cuidados diários de prevenção e o país funcionando", escreveu no Twitter.

Bolsonaro inicia a série de publicações na rede social na ofensiva, dizendo ser "mais fácil fazer demagogia diante de uma população assustada, do que falar a verdade". Ele repete o discurso, já manifestado em entrevista à Record TV no domingo passado, de que não está preocupado que sua postura em relação à pandemia afete sua popularidade. "Aproveitar-se do medo das pessoas para fazer politicagem num momento como esse é coisa de COVARDE! A demagogia acelera o caos", afirma.

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Além disso, o presidente alega que, se estivesse pensando nele mesmo, "lavaria as mãos e jogaria para a plateia, como fazem uns", e que está pensando no povo, "que logo enfrentará um mal ainda maior do que o vírus se tudo seguir parado", para em seguida exclamar: "Não condenarei o povo à miséria para receber elogio da mídia ou de quem até ontem assaltava o país!".

Ele comenta também que quase 40 milhões de trabalhadores autônomos já sentem as consequências "de um Brasil parado". "Sem produzir, as empresas NÃO TERÃO COMO PAGAR SALÁRIOS. SERVIDORES DEIXARÃO DE RECEBER", prevê o presidente. "Não tem como desassociar emprego de saúde. Chega de demagogia! NÃO HÁ SAÚDE NA MISÉRIA!".

Após esses alertas, Bolsonaro encerra as publicações dizendo que, "com muita serenidade, juntos, podemos vencer essa batalha".

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Mais de 3 bilhões de pessoas estavam nesta quarta-feira sob medidas de confinamento ao redor do mundo para conter a propagação do novo coronavírus, que, segundo a ONU, ameaça a humanidade.

Um total de 450 mil casos da doença foram declarados oficialmente no planeta, e a cifra de mortos superava 20.600, a maioria na Europa, segundo um balanço feito pela AFP.

A Espanha se somou à Itália ao superar o número de mortos da China, e os Estados Unidos são o país onde o contágio avança mais rapidamente.

A pandemia de coronavírus "ameaça toda a humanidade", disse nesta quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, lançando um plano de resposta global que vai até dezembro e que inclui doações de até US$ 2 bilhões.

Os mercados de ações se recuperaram em nível global e os preços do petróleo subiram, ante a expectativa de que o Congresso americano aprove um pacote histórico de estímulo de 2 trilhões de dólares.

Com mais de 60 mil casos confirmados, os Estados Unidos são o terceiro país em número de infectados, atrás da China e Itália. O presidente Donald Trump espera que o país possa se reativar em meados de abril, mas parece estar sozinho entre os líderes mundiais.

Cerca de 40% dos 7,8 bilhões de habitantes do planeta foram convocados a permanecer em casa. A maioria dos países e territórios, entre eles Índia, Argentina, França, Itália e Reino Unido, bem como muitos estados americanos, impuseram medidas de confinamento obrigatórias. O Panamá foi o mais recente a se somar a esta lista.

Outros países anunciaram toque de recolher, como Chile e Equador, bem como quarentenas e outras recomendações de distanciamento de pessoas. A França anunciou o lançamento da operação militar Resiliência para contribuir com a luta contra a pandemia.

Na Rússia, o presidente Vladimir Putin decretou feriado na próxima semana e propôs uma votação sobre reformas constitucionais polêmicas.

As principais economias do G20 farão uma videoconferência de emergência amanhã para discutir uma resposta global para a crise, bem como os 27 líderes da União Europeia, novo epicentro da pandemia.

Na China, as restrições drásticas impostas por vários meses na província de Hubei, primeiro foco da pandemia, foram levantadas hoje. Não foi detectado nenhum caso de contágio local em 24 horas naquele país, mas foram registrados 47 casos "importados" do exterior.

Com mais de 3.400 mortos, a Espanha se tornou hoje o segundo país com mais vítimas fatais do novo coronavírus, à frente da China, com a qual fechou um contrato de 432 milhões de euros para adquirir material sanitário.

A situação na capital espanhola piorou tanto que uma pista de gelo foi transformada em necrotério e o Exército está desinfetando os lares de idosos.

A Itália, onde o número de doentes desacelerava, continua sendo o país mais afetado pela pandemia, com 7.503 mortos, 683 nas últimas 24 horas.

Espanha e Itália se uniram à França e a outros seis países da UE para pedir à Alemanha e Holanda que permitam a emissão de bônus europeus para estabilizar a economia da eurozona.

- Príncipe Charles infectado -

O número de doentes também aumentou no Oriente Médio, onde mais de 2 mil pessoas já morreram no Irã, e na África, onde o Mali registrou o primeiro caso e vários países anunciaram estado de emergência.

No Reino Unido, o príncipe Charles, 71, infectou-se, e, segundo um comunicado oficial, "permanece com boa saúde". No Japão, o governador de Tóquio alertou para uma possível explosão de infectados neste fim de semana.

A Colômbia, terceiro país mais populoso da América Latina, iniciou um confinamento obrigatório de 19 dias para conter o avanço da doença, para a qual não há tratamento.

Já o presidente Jair Bolsonaro fez um chamado para "manter os empregos e preservar o sustento das famílias". No Brasil, as deficiências no sistema de saúde, a pobreza e as condições insalubres em que vive boa parte da população ameaçam agravar a epidemia na maior economia da América Latina.

O final da série pós-apocalíptica "The Walking Dead" foi adiado até segunda ordem não por causa do vírus que na ficção transformou muitas pessoas em zumbis, mas pelo coronavírus que na vida real mantém o mundo em quarentena.

Os produtores revelaram que não conseguiram terminar o último capítulo por causa do vírus, que forçou 50% dos Estados Unidos a permanecer em casa para evitar sua propagação.

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"Os acontecimentos atuais tornaram impossível completar a pós-produção do final da décima temporada de 'The Walking Dead', pelo que a temporada atual terminará no episódio 15, em 5 de abril" nos Estados Unidos, informou a rede AMC no Twitter.

"O final planejado será um episódio especial (a ser exibido) mais adiante no ano", acrescentou.

"The Walking Dead", baseado em uma HQ ambientada em um mundo pós-apocalíptico, mostra um grupo de sobreviventes de um vírus que transformou boa parte da população em zumbis.

É um dos programas de maior sucesso da história da TV americana e bateu vários recordes de audiência.

Sem data definitiva para o episódio final, muitos fãs expressaram frustração e também destacaram a ironia do momento gerado pela pandemia do novo coronavírus.

O programa "está se tornando um documentário, em vista da situação atual do planeta", manifestou-se um fã nas redes sociais.

O coronavírus causou a morte de 1.331 pessoas em hospitais na França desde o início da epidemia, um saldo multiplicado por cinco em uma semana, informou o diretor geral de Saúde, Jérôme Salomon, nesta quarta-feira.

Além disso, 2.827 pacientes estão sendo reanimadas nesta quarta-feira.

Os números representam um aumento de 231 mortes e 311 novos pacientes em reanimação em comparação à véspera, de um total de 11.539 pacientes hospitalizados (+1.363), segundo Salomon.

"Temos uma epidemia nacional que está crescendo rapidamente", afirmou.

Considerando os quase 3.000 pacientes em reanimação "é um número considerável, excepcional em tão pouco tempo e devido a uma única doença", acrescentou.

Na região de Paris, há "grande tensão", segundo Salomon, apesar dos "esforços consideráveis para abrir centenas de leitos de reanimação após dobrar" o número de leitos disponíveis.

Segundo o responsável, "a crise será longa, os próximos dias serão particularmente difíceis".

A 33ª Vara Cível da Capital determinou que a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) não pode suspender o fornecimento de água dos consumidores residenciais inadimplentes durante o período de emergência de saúde devido ao novo coronavírus. A decisão, em caráter liminar, foi assinada nesta quarta-feira (25) e atende pedido da Defensoria Pública do Estado em ação civil pública. A Defensoria Pública já havia conseguido, com a 3ª Vara Cível da Capital, uma liminar para que a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) não suspenda a energia elétrica dos inadimplentes. 

A liminar desta quarta-feira também determina o restabelecimento dos cortes já efetuados em virtude de não pagamento e a adoção de providências para fornecimento de água nas localidades ainda não atendidas, seja pelo sistema ordinário de provimento de água ou caminhões pipa. Caso a decisão não seja cumprida, será aplicada uma multa diária de R$ 10 mil por cada consumidor afetado, que será revertida ao Fundo Estadual do Consumidor.

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Na ação civil pública, a Defensoria Pública destacou que há bairros periféricos no Recife e Região Metropolitana que estão desabastecidos de água. Apontou também que a suspensão do abastecimento, como medida de coação de pagamento, configuraria afronta à dignidade da pessoa humana na situação excepcional atualmente vivenciada.

"A água é essencial para a concretização das medidas de higiene sobremaneira estimuladas, como a lavagem constante das mãos, para evitar a disseminação do vírus", diz o pedido, destacando a essencialidade do serviço no período.

A liminar foi assinada pela juíza Karina Aragão. "Diante de tal cenário, não é difícil perceber que o abastecimento de água – serviço já considerado essencial em época de normalidade – reveste-se do caráter de indispensabilidade, dada a sua fundamental importância para manutenção da higiene dos indivíduos e de sua permanência, em isolamento domiciliar. O fornecimento de água mostra-se, assim, essencial para a efetivação do princípio da dignidade da pessoa humana, da saúde e da vida dos cidadãos, aspectos especialmente afetados em razão da crise sanitária mundial", pontuou a magistrada.

O governo de Pernambuco adotou mais uma frente de ação para combater a disseminação do coronavírus no estado. Em parceria com a entidade sem fins lucrativos Porto Social, lançou uma campanha emergencial para arrecadar doações com o objetivo de custear bens e insumos para atender a rede pública de saúde e auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade.

Com esta medida, o governo pretende agilizar a compra e reposição de materiais utilizados pelas unidades públicas de saúde durante o período da pandemia. As contribuições voluntárias não têm valor mínimo ou máximo e podem ser efetuadas por qualquer cidadão.

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As contribuições devem ser depositadas em nome da Associação Incubadora Porto Social (CNPJ: 25.087.812/0001-47), em conta corrente do Banco Bradesco (AG: 1164 e CC: 50071-2). O termo de cooperação foi firmado pelo Poder Executivo com a aceleradora e incubadora de iniciativas sociais, que será responsável pelos recursos arrecadados durante o período da campanha. 

A utilização dos recursos, no entanto, será definida pelo Comitê Estadual Socioeconômico de Enfrentamento à Covid-19, implementado pelo governador Paulo Câmara por meio do Decreto n° 48.810, publicado no dia 16 de março. 

“A pandemia do coronavírus só será vencida com a união de todos os setores, do primeiro ao terceiro. A convite do Governo de Pernambuco, nós estamos entrando nessa campanha, convocando toda a sociedade para participar e doar. Esses recursos serão utilizados da melhor forma possível para que esses materiais de saúde sejam adquiridos o quanto antes e ajudem no combate a essa doença”, reforça o presidente do Porto Social, Fábio Silva.

Além disso, as secretarias de Desenvolvimento Econômico, de Saúde e de Planejamento e Gestão irão chefiar a gestão. Diante disso, será criado um site em breve, para a população se informar e acompanhar as doações e emprego dos valores arrecadados. 

 “Precisamos do envolvimento de toda a população no combate à Covid, pois a situação é inédita em todo o mundo e precisamos dar respostas rápidas para evitar a propagação do coronavírus. Este é mais um mecanismo que se criou para auxiliar no atendimento às pessoas infectadas. Faremos a prestação de contas aos moldes do setor privado, no final do período de crise, com o máximo de transparência possível”, completou Bruno Schwambach, secretário de Desenvolvimento Econômico.

Com informações de assessoria

Diante do aparente despreparo do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) para lidar com as consequências socioeconômicas da pandemia da covid-19 no Brasil, o LeiaJá conversou com cientistas políticos para analisar a estratégia do Governo Federal, que contraria as diretrizes das autoridades de saúde mundial. Sem força política, ou ao menos orientação técnica, Bolsonaro pediu que escolas e o comércio fossem reabertos, pondo em risco a vida de brasileiros.

“O mundo e a razão estão totalmente contrários a essa linha do presidente”, avalia a cientista Priscila Lapa. Para ela, o enredo de enfrentamento adotado pelo mandatário é fruto da pressão feita pela ala empresarial, como complementa o também especialista Elton Gomes. "Vendo que os impactos da quarentena trariam um risco muito grande para perder apoio do empresariado e dos autônomos, ele resolveu jogar dos dois lados. Ao mesmo tempo que, através do ministro da Saúde, ordena o lockdown; no pronunciamento que fez ontem à noite disse que isso devia acabar”, pontuou, antes de continuar: “mas a gente precisa saber até que ponto ele consegue conciliar essa guerra em duas frentes. Porque uma é a realidade objetiva e científica, e outra é a realidade política".







Outra questão que interferiu na mudança de posicionamento do presidente foi o resultado do seu desempenho em relação à pandemia. Conforme o levantamento divulgado pelo Datafolha nessa terça-feira (25), apenas 35% da população estima que sua postura é boa ou ótima. Dessa forma, Bolsonaro teve o ego suprimido com a perda do protagonismo político para os governadores que, desalinhados com o presidente, vêm mantendo as restrições preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E em troca, foram atacados, junto com a imprensa.

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A integridade dos brasileiros em uma mesa de apostas

Com a saúde dos brasileiros em negociação, Elton Gomes classifica as declarações recentes de Bolsonaro como uma “aposta muitíssimo arriscada”. Assim, Bolsonaro apresenta-se como defensor dos pequenos empresários e autônomos estimulando o retorno da ‘rotina normal’, mas acaba se preocupando em apontar novos culpados para a incapacidade da sua gestão. Na visão do especialista, o presidente tenta “eximir o Governo Federal de assumir o ônus político pela quarentena e seus devastadores efeitos sobre a economia. Ele atribui a culpa das medidas restritivas aos governos locais”.



Gomes reforça que esse distanciamento proposital é uma forma de afastar a gestão federal dos impactos causados pela crise de saúde. “Ao minorar a pandemia e confiar que ela logo vai se dissipar, sem nenhuma evidência concreta, Bolsonaro tá partindo para o tudo ou nada. Suas ações de presidente são de um apostador ousado, que arrisca tudo com o objetivo de ser totalmente vitorioso ou fragorosamente derrotado”, afirmou.

Cenário (não) ideal para se vitimizar

A cientista Priscila Lapa reforça que desde o início do surto, o presidente desacreditou do potencial da infecção e, inclusive, chegou a afirmar que não passava de uma “gripezinha”. “Em nenhum momento a estratégia foi a de integrar esforços. Em todos os momentos, ele se portou como algo isolado falando por si mesmo”, identificou Lapa, que prosseguiu citando a discordância com a pasta comandada por Luiz Henrique Mandetta: “ele sempre estava deixando escapar muito mais opiniões de cunho pessoal e ideológico do que propriamente um discurso tecnicamente orientado, destoando completamente da fala do ministro da Saúde”.

Assim, um cenário dúbio acabou sendo exposto com o choque de recomendações e a tentativa de vitimização do presidente. “As determinações colocadas pelo ministro da Saúde são relativizadas e o presidente ao mesmo tempo que manda que essas medidas sejam tomadas, critica e posa como perseguido”, concluiu o cientista.

Na manhã desta quarta-feira (25) uma agência da Caixa Econômica, localizada em Camaragibe, Região Metropolitana do Recife (RMR), foi fechada após um bancário apresentar sintomas semelhantes ao do coronavírus.

De acordo com informações do Sindicato dos Bancários, a agência adotou o protocolo de quarentena e irá permanecer sem funcionar durante um período de cinco dias, mesmo sem a realização do teste para Covid-19. Além disso, caso algum dos funcionários apresentem sintomas do novo coronavírus, os dias de quarentena serão prolongados por 14 dias. 

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No momento todos os bancários da Caixa Econômica de Camaragibe estão em quarentena devido a pandemia. Está é a terceira unidade bancária fechada em Pernambuco por suspeita de coronavírus.

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A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do "orçamento de guerra" com o objetivo de agilizar os recursos para o combate da crise do novo coronavírus, que foi entregue na terça-feira (24), às lideranças da Câmara, contém duas permissões previstas quando é decretado o estado de sítio.

Durante a vigência da emenda e exclusivamente por razões relacionadas à saúde pública, o Comitê de Gestão da Crise poderá determinar a requisição temporária de bens e serviços ou propor ao Congresso que decrete a obrigação de permanência de pessoas em localidade a ser determinada.

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O jornal O Estado de S. Paulo teve acesso à minuta da PEC e apurou que o artigo com as duas medidas foi incluído pelo grupo técnico que elaborou a proposta, a pedido de deputados, como uma espécie de "vacina" à possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro usar no futuro, no caso de agravamento da crise, a calamidade como pretexto para decretar estado de sítio. Nessa situação, que precisa ser aprovada pelo Legislativo, são suspensas garantias constitucionais, como sigilo de comunicações, liberdade de imprensa e liberdade de reunião.

Técnicos que participam da elaboração do texto disseram à reportagem que o artigo cria "amarras" para impedir que Bolsonaro force a decretação do estado de sítio alegando questões de saúde pública. O sinal amarelo acendeu depois que o presidente disse, na sexta-feira, que "ainda" não considera decretar estado de sítio por causa da pandemia. Autoridades do Legislativo e do Judiciário, no entanto, ficaram preocupadas com a menção pelo presidente dessa possibilidade.

A versão da PEC ficou pronta na segunda-feira. O texto foi apresentado à equipe econômica, que negocia alterações. Líderes de partidos no Congresso só receberam a minuta ontem, o que causou insatisfação principalmente dos parlamentares dos partidos do chamado Centrão.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no entanto, afirmou que o texto da PEC está sendo arredondado e que a intenção é votá-lo nesta quarta-feira (25). Maia disse ter tido uma "reação positiva" dos agentes econômicos com quem conversou sobre a proposta. "A gente não pode enfrentar a crise contaminando o futuro, nós temos de tratar a crise de forma objetiva", disse.

Para Maia, o "orçamento de guerra" trará "mais transparência, agilidade e garantia jurídica" para a tomada de decisões no contexto de crise. "Pode ser um caminho importante para garantir celeridade e a certeza que vai ter recurso para o enfrentamento da crise na área de saúde, na área econômica, principalmente na área social, em relação à econômica", disse.

Um grupo de parlamentares, porém, defende que ajustes no decreto de calamidade pública, já dariam condições para agilizar a execução dos gastos, mas a área técnica tem dúvidas.

Três profissionais do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), de Canoas, localizada no estado de Rio Grande do Sul, adaptaram o ventilador mecânico, que é considerado um equipamento fundamental dentro da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), destinados para pacientes com problemas respiratórios graves, como é o caso de pessoas diagnosticadas com a Covid-19. O ventilador mecânico tem capacidade para atender até dois pacientes, em situações emergenciais pode chegar até quatro  em um mesmo aparelho. 

O estudo técnico feito por profissionais da Sociedade de Urgência e Emergência (Universidade de Detroit – Michigan) para desenvolvimento da metodologia a ser utilizada na reconfiguração do equipamento vem desde 2006, denominado “A single ventilator multiple simulated patients to meet disaster surge”. Sendo utilizado com sucesso pela equipe de urgência e emergência do HNSG, sob a coordenação do médico chefe da UTI, Dr. Emmanuel Rath Bonazina e os fisioterapeutas Marcio Ramos Laguna e André Hoerbe Bacchin. 

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Em esclarecimento o presidente da Associação Beneficente São Miguel (ABSM),  o médico oncologista, Rafael França ressalta que “esse é um momento de não pensar em si ou em méritos para poucos, mas trabalhar por todos, apresentar sugestões e possibilidades de nos fortalecermos nesta luta contra a COVID-19”. O equipamento reconfigurado ainda precisa passar por aprovação técnico-científica para implantação, mas a iniciativa dos profissionais vale como métodos de enfrentamento a pandemia do novo coronavírus (COVID-19).

Com mais de 300.000 mortos apenas este ano e um quarto da humanidade infectada, outra pandemia não mostra sinais de enfraquecimento. No entanto, diferentemente do novo coronavírus, a tuberculose, entre nós há centenas de anos, é curável.

Por ocasião do Dia Internacional de Combate à Tuberculose esta semana, os especialistas alertam para os sobreviventes da tuberculose, que sofrem de sequelas pulmonares, particularmente vulneráveis à Covid-19.

Esta doença, latente em um quarto da população mundial, infecta cerca de 10 milhões de pessoas a cada ano, e mais de 1,2 milhão morrem dela, apesar de ter sido declarada uma emergência de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1993.

Mas, embora as populações mais pobres sejam as mais afetadas, a doença não é necessariamente a prioridade dos políticos.

Especialistas dizem que os sistemas de saúde em todo o mundo podem aprender com a luta contra a tuberculose, contra à qual há uma vacina e um teste de diagnóstico que leva apenas alguns minutos.

"Sabemos o que funciona contra a Covid-19, graças à nossa experiência e às ferramentas que usamos contra a tuberculose: controle de infecção, testes em larga escala, rastreamento de contatos", diz Jose Luis Castro, diretor executivo da União Internacional contra Tuberculose e Doenças Pulmonares.

"A prevenção de qualquer doença requer vontade política - e a prevenção continua sendo a ferramenta mais importante contra a Covid-19", acrescenta ele.

O novo coronavírus é oficialmente responsável por mais de 19.000 mortes em todo o mundo. Governos de todo o mundo adotaram medidas de contenção sem precedentes para retardar seu progresso.

"Com a tuberculose, lutamos por pesquisas e investimentos para desenvolver ferramentas de diagnóstico confiáveis e melhores tratamentos, mas finalmente chegamos lá", comenta Grania Brigden, da União Contra a Tuberculose.

"Isso mostra que, quando há vontade política, as coisas podem acontecer e, infelizmente, para a tuberculose, a vontade política sempre foi um problema", comentou à AFP.

Em vários países na vanguarda da luta contra a tuberculose, os serviços de tratamento e testagem foram interrompidos pela Covid-19, que pesa muito sobre os sistemas de saúde.

A nova epidemia também interrompeu as cadeias de suprimentos de medicamentos e equipamentos usados para tratar outras doenças, como máscaras e antibióticos.

E a preocupação com a disseminação do novo coronavírus, principalmente na África subsaariana e no sul da Ásia, onde os sistemas de saúde são frágeis, preocupa a comunidade médica.

"Pessoas infectadas com tuberculose, HIV ou outras doenças infecciosas, bem como prisioneiros, migrantes e pessoas que vivem na pobreza podem ter ainda menos acesso aos cuidados", ressalta a União Contra a Tuberculose.

"Espero que esta situação (a epidemia de coronavírus) nos ajude a entender que a saúde global é importante e que devemos proteger os mais vulneráveis e em risco, fora de nossas próprias bolhas", conclui Brigden.

Um representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quarta-feira (25) que o pico da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) na Itália pode ocorrer ainda nesta semana.

A declaração chega depois de o país ter registrado um crescimento inferior a 10% no número de casos pelo segundo dia seguido, algo inédito desde o início da disseminação do vírus.

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Entre 23 e 24 de março, a quantidade de contágios subiu 8,2%, apenas 0,1 ponto percentual acima da cifra registrada no dia anterior.

"A desaceleração da velocidade de crescimento é um fator extremamente positivo. Em algumas regiões, acredito que estamos perto do ponto de queda da curva, então o pico poderia ser alcançado ainda nesta semana, para depois cair", disse o médico Ranieri Guerra, diretor-assistente da OMS, à "Radio Capital", de Roma".

"Acredito que esta semana e os primeiros dias da próxima serão decisivos, porque serão os momentos em que as medidas tomadas pelo governo há 15 ou 20 dias devem surtir efeito", acrescentou. Segundo Guerra, no entanto, a taxa de mortalidade deve "cair com alguns dias de atraso".

Entre 28 de fevereiro, quando a Defesa Civil passou a divulgar apenas um balanço diário, e 10 de março, os novos casos cresceram a uma taxa média de 25,1% ao dia na Itália. Agora esse índice é de 19,3%, número que vem caindo de forma consistente.

Apesar disso, o país registra mais de 600 mortes por dia desde 20 de março, o que pode ser explicado pelo elevado número de pacientes - 3.396, segundo a Defesa Civil - ainda internados na UTI. Até o momento, a Itália contabiliza 69.176 casos e 6.820 óbitos na pandemia.

Da Ansa

Resultados de um relatório feito pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) parecem ter sido completamente ignorados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), após o pronunciamento nacional que aconteceu na última terça-feira (24). O documento sigiloso, publicado pelo site The Intercept Brasil aponta que o novo coronavírus poderá chegar a 207.435 casos nos pais, além de causar a morte de até 5.571 pessoas, até 6 de abril. 

A publicação, datada da última segunda-feira (23), às 22h10, teria sido enviada ao presidente que, na contramão do aviso, criticou governadores e prefeitos por fecharem escolas e o comércio para evitar a propagação da COVID-19.

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Os dados coletados pela Abin projetam que, se não for controlada, a epidemia pode levar a até 5.571 pessoas ao óbito. O relatório leva em consideração a evolução de casos oficiais e mortes causadas pelo coronavírus em países como China, Itália e Irã, locais mais afetados pela pandemia. 

Partindo para um cenário menos pessimista, a Abin projeta 71.735 casos e 2.062 mortes até 6 de abril, levando em conta a evolução da pandemia na Alemanha e na França. Todas as hipóteses são feitas diariamente pela Agência a partir dos dados divulgados pelo Ministério da Saúde e podem variar bastante, dependendo da evolução dos casos. De acordo com o Intercept, o relatório anterior, do último domingo (22) projetava 8.621 mortes até 5 de abril, no pior cenário. 

Mas nem tudo está perdido

Apesar de prever o aumento das mortes em números que podem ser considerados pessimistas, o relatório também analisa dados de outros países e mostra uma diminuição nos casos de coronavírus ao redor do globo, após a adoção de medidas restritivas. Uma das análises é feita com a própria China, de onde saíram os primeiros casos. O relatório afirma que o país oriental conseguiu diminuir o aumento de casos entre 10 e 15 dias depois que adotou medidas de contenção, inclusive com "lockout" (fechamento da entrada e saída de pessoas) em cidades e províncias. 

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