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Pouco mais de 4,1 milhões de brasileiros entraram na faixa de pobreza no país em 2015, sendo que 1,4 milhão deles voltaram para a extrema pobreza no mesmo ano, informou o relatório "Radar IDHM 2015" nesta segunda-feira (14).

O relatório foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela Fundação João Pinheiro.

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Segundo o estudo, a faixa de pobreza concentra "pessoas com renda domiciliar per capita inferior a um quarto de salário mínimo, de agosto de 2010". Já na extrema pobreza estão as pessoas com "renda domiciliar per capita inferior a R$ 70 em agosto de 2010".

"Os dados trazidos pelas PNADs mostram que houve redução na renda per capita da população brasileira (passando de R$ 803,36 em 2014 para R$ 746,84 em 2015) e ingresso de 4,1 milhões de pessoas na pobreza sendo que, deste total, 1,4 milhão de pessoas ingressaram na extrema pobreza. Esses dados alertam para a necessidade das políticas públicas voltadas ao crescimento do emprego e da renda, sem deixar de lado o combate à desigualdade", informa ainda o documento.

O texto ainda ressalta que o "Índice de Desenvolvimento Humano Municipal do Brasil parou de crescer em 2015, mas ainda permanece na faixa de alto desenvolvimento humano, com 0,761".

Entre os motivos apontados pelos índices piores é o fato da crise econômica ter atingido fortemente a população naquele ano. "O estudo analisa três dimensões - Longevidade, Educação e Renda - e constata que 'a taxa média de crescimento anual do IDHM entre 2011 e 2015 foi de 0,8%, inferior à observada entre 2000 e 2010, que foi de 1,7%'".

O Radar IDHM usa informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

A China pretende erradicar a pobreza até 2020. De acordo com a Fundação para Alívio da Pobreza, vinculada ao Ministério de Assuntos Civis chinês, existem 43,35 milhões de pobres no país. Em 1978, início da política de reforma e abertura econômicas, eram 250 milhões nessa situação.

Na segunda potência econômica mundial, a pobreza está concentrada nas áreas rurais, em regiões montanhosas e remotas, com minorias étnicas ou atingidas por desastres naturais, como inundações e terremotos, em 22 províncias do Centro e do Oeste do país. A população rural chinesa corresponde a 44% dos mais de 1,3 bilhão de habitantes.

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Segundo a Fundação para Alívio da Pobreza, o governo central chinês segue os parâmetros da Organização das Nações Unidas e considera pobre quem vive com menos de US$ 1 por dia, o que significa que está nesta situação quem tem uma renda per capita anual abaixo de 2,5 mil iuanes (cerca de R$ 1,25 mil).

Entre as políticas de redução da pobreza rural estão programas de apoio a cooperativas agrícolas e ao turismo rural, isenção de impostos para os trabalhadores rurais, ampliação da cobertura dos serviços médicos e da educação obrigatória gratuita e microfinanciamentos a juros baixos a domicílios pobres para melhorar a produtividade no campo.

O diretor do Departamento Internacional da Fundação para Alívio da Pobreza, Wu Peng, também cita que as políticas públicas incluem capacitação da mão de obra, construção de infraestrutura e reassentamento de quem vive em regiões com terras inférteis e de difícil acesso. Ele acrescentou que o governo mobiliza empresas privadas para ajudar no combate à pobreza.

Para Wu Peng, o objetivo de erradicar a pobreza até o final desta década é viável com os parâmetros atuais. A meta, segundo ele, é retirar desta situação em torno de 10 milhões de pessoas por ano. “Temos plena confiança de que vamos acabar com a pobreza até 2020. No ano passado, tiramos 14 milhões da pobreza”, disse. “Temos uma garantia institucional porque o governo central determinou ser um dever a redução da pobreza para os governos provinciais, municipais e distritais”.

Combate à pobreza

Dos 91 milhões de habitantes de Sichuan, província no sudoeste do país, 2,7 milhões são pobres, informou o vice-inspetor do Escritório de Redução da Pobreza do governo local, Zhang Haipeng. “Ao mesmo tempo em que tivemos um desenvolvimento econômico acelerado nos últimos anos, ainda temos uma tarefa muito árdua no trabalho de redução da pobreza”, disse.

O vice-inspetor ressaltou a necessidade da precisão nas políticas de redução da pobreza, em que são identificadas as causas com a subsequente implantação de medidas de apoio para cada caso. “Aplicamos diferentes políticas a diferentes pessoas e lares pois são diversas as causas da pobreza”, explicou.

Segundo Zhang, entre as medidas para retirar a população da pobreza figuram o desenvolvimento industrial para aumentar a geração de postos de trabalho e a ampliação da assistência médica. “De acordo com as estatísticas, a enfermidade é a causa da pobreza para 1 milhão de pessoas em Sichuan. Nosso objetivo é que possam ter acesso a serviços de saúde. Os gastos médicos não podem ultrapassar 10% da sua renda. O restante é coberto pelo governo”, disse.

Outro mecanismo são os subsídios a quem perdeu a capacidade de trabalho. De acordo com o funcionário, a província tem 1 milhão de habitantes nessa situação. Para esses casos, o governo paga 3,3 mil iuanes (cerca de R$ 1,65 mil) ao ano a cada pessoa. “Quem ganha menos que 3,3 mil iuanes é considerado pobre em Sichuan”, disse Zhang.

Nos povoados de Nanshan e Yongtai, no distrito de Zhongjiang, em Sichuan, o trabalho de erradicação da pobreza é feito por meio do incentivo ao turismo rural e ao desenvolvimento da indústria agrícola, com produção de uvas, kiwis, gengibre e cogumelos.

O camponês Jin Shuguang, de 52 anos, nativo de Nanshan, conta que sempre cultivou flor de lótus cujas sementes são comestíveis e as folhas são usadas na produção de medicamentos tradicionais chineses. Ele diz que viu sua renda aumentar desde o ano passado quando passou a vender refeições, chá e raiz de lótus para turistas depois da melhora da infraestrutura na região que atraiu visitantes.

Pessoas que vivem com HIV têm uma vida cada vez mais perto da normalidade, com expectativa de vida muito próxima do restante da população. Aqueles que vivem em condição de fragilidade social, como desempregados e pessoas em situação de rua, entretanto, chegam a ter até dez vezes mais chances de complicações.

O resultado aparece na pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da Universidade de São Paulo (USP). Segundo o levantamento, os desempregados, por exemplo, têm quatro vezes mais chances de ter complicações. Os aposentados ou do lar, em comparação com as pessoas empregadas, apresentaram sete vezes mais chances de internação. Já os indivíduos em situação de rua têm dez vezes mais chance de serem internados do que os que têm moradia.

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A pesquisa foi realizada na cidade de Ribeirão Preto-SP e analisou o prontuário clínico de cada paciente que vive com o HIV no município. Os dados apresentam que 60,7% dos que estavam internados não faziam uso da terapia antirretroviral, que diminui a mortalidade e promove qualidade de vida, e 58,9% apresentavam histórico de abandono dos antirretrovirais. Entre os que não estavam internados, 83,9% usavam corretamente a terapia antirretroviral e 83,1% tomavam corretamente os medicamentos.

Escolaridade

A enfermeira Lívia Maria Lopes, responsável pelo estudo, percebeu também que a condição educacional está diretamente ligada à situação de saúde das pessoas. Os que não tiveram complicações em função do HIV são, em grande maioria, mais bem informados, com maior grau de escolaridade. 

No plano individual, a baixa escolaridade interfere no quanto o paciente está informado sobre as formas de transmissão do vírus e a prevenção para o não agravamento da doença. A baixa escolaridade também interfere no conhecimento sobre a importância do tratamento e no autocuidado. 

Na análise do aspecto social, o estudo revelou que as internações por HIV estão diretamente relacionadas com a ausência de fonte de renda, também conectada com menor escolaridade. A ausência dos familiares e a falta de um trabalho agravam o cenário dos portadores de HIV em situação de rua. "A permanência em situação de rua muitas vezes é influenciada por elementos estruturais e biográficos. Sendo assim, compreender e até mesmo enfrentar tal realidade implica no reconhecimento das condições de vida desses sujeitos e da disponibilidade dos serviços sociais existentes em cada cidade", Lívia destaca.

Para a enfermeira, o principal fator responsável pela internação hospitalar é a ausência de suporte social. Ela reforça que o cuidado prestado às pessoas que vivem com HIV/Aids não se limita à disponibilidade e oferta de ações e serviços de saúde. "É necessário o empreendimento de políticas públicas capazes de garantir a intersetorialidade e a integração entre os diversos serviços de assistência social e de saúde pertencentes à rede assistencial, com o intuito de minimizar as vulnerabilidades existentes nesse cenário de pobreza e exclusão social", salienta.

Com informações da assessoria

Stevie Wonder e a banda Green Day serão os principais artistas em um festival chamado Global Citizen Festival, no Central Park, em Nova York (EUA). O show será em apoio à luta contra a pobreza no mundo.

Pharrell Williams, a dupla de DJs The Chainsmokers e a banda The Killers também tocarão no festival que ocorre no dia 23 de setembro.

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Desde 2012 o Global Citizen atrai artistas e coincide com a Assembleia Geral das Nações Unidas, da qual participam durante semanas líderes de todos os países do mundo na sede da ONU, em Nova York.

Para o diretor do festival, Hugh Evans, a edição deste ano é especial após a eleição surpresa de Donald Trump e o voto no Reino Unido para deixar a União Europeia, mas também diante do “rechaço ao populismo” nas eleições da França e dos Países Baixos.

Segundo Evans, será “virtualmente impossível” que a ONU alcance suas metas de erradicação da desnutrição, o acesso universal à água potável e o oferecimento das mesmas oportunidades na educação para as meninas daqui até 2030 se os Estados Unidos continuarem com os cortes anunciados.

Os Estados Unidos são a principal economia do mundo e o maior doador em termos absolutos, embora muitos países europeus realizem maiores contribuições públicas per capta.

Stevie Wonder e a banda Green Day serão as atrações principais de um show em Nova York de apoio à luta contra a pobreza no mundo, enquanto o presidente Donald Trump propõe cortes à ajuda internacional americana.

Pharrell Williams, a dupla de DJs The Chainsmokers e a banda de rock The Killers também tocarão em 23 de setembro no Global Citizen Festival, no Central Park, no coração de Nova York, indicaram os organizadores nesta terça-feira.

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Wonder disse que o festival acontece em um "momento crucial". "Quando nos comprometemos com os assuntos de vida ou morte, estamos mostrando um amor pelo divino", acrescentou.

Desde 2012 o festival atrai artistas de alto nível e coincide com a Assembleia Geral das Nações Unidas, da qual participam durante semanas líderes de todos os países do mundo na sede da ONU, em Nova York.

Para o diretor do festival, Hugh Evans, a edição deste ano é especial após a eleição surpresa de Donald Trump e o voto no Reino Unido para deixar a União Europeia, mas também diante do rechaço ao populismo nas eleições da França e dos Países Baixos.

"Agora é que faz falta [...] mostrar que a ajuda internacional importa, que investir na educação importa, que investir na alimentação e lutar contra a fome é importante", disse Evans à AFP.

O festival, que se expandiu para Alemanha e Índia, é gratuito, mas os fãs devem tomar uma iniciativa, como escrever cartas aos seus governos, para obter um ingresso.

Evans está convencido de que é possível erradicar completamente a pobreza a nível mundial nos próximos 20 anos, mas admite que a chegada de Trump mudou completamente a situação.

Segundo Evans, será "virtualmente impossível" que a ONU alcance suas metas de erradicação da desnutrição, o acesso universal à água potável e o oferecimento das mesmas oportunidades na educação para as meninas daqui até 2030 se os Estados Unidos continuarem com os cortes anunciados.

Os Estados Unidos são a principal economia do mundo e o maior doador em termos absolutos, embora muitos países europeus realizem maiores contribuições públicas per capta.

Uma das palestras mais esperadas da tarde desta segunda (25), no 4° Congresso Pernambucano de Municípios, que acontece no Centro de Convenções de Pernambuco, foi a do consultor e referência internacional na recuperação de áreas degradadas, Gustavo Restrepo. Na ocasião, o especialista disse que dos 600 milhões de habitantes na América Latina, 39% vivem em estado de pobreza. 

O arquiteto e urbanista falou ainda que 20% da população mundial estão entre a faixa de 15 anos e 26 anos. "Que hoje não têm oportunidade e são considerados inoportunos, ou seja, não são bem-vindos", disse.

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Ele alertou que esses jovens que estão ficando "distantes" das oportunidades estão sendo considerados deliquentes. "Mas eles se aproximam da guerrilha e do narcotráfico porque é uma maneira de resolver o tema econômico e não porque queriam estar lá".

Gustavo Restrepo ainda criticou o Estado. "E o Estado não chega a resolver os problemas e a ingovernabilidade será precisamente pela falta de Estado", alfinetou.  Também ressaltou que as cidades estão sendo construídas através da "segregação", que traz como consequência uma infinidade de riscos. 

O consultor, em seu pronunciamento, disse que se tivermos cidadão educados, haverá uma cidade respeitável. "Eu sugiro que uma cidade transformadora é aquela que é capaz de construir um cidadão para o futuro". Ainda falou que o aquecimento climático chama a atenção da mídia pelos riscos trazidos pela seca.

Cerca de 5,6 milhões de crianças vivem na pobreza na Argentina, das quais 1,3 milhão são indigentes, segundo um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) com base em estatísticas oficiais divulgado nesta quinta-feira.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec) "permitem inferir que na Argentina 29,7% das pessoas está em situação de pobreza", assinala o relatório.

Mas ao analisar a situação de "crianças e adolescentes que residem em lares pobres, esta porcentagem sobre para 47,7%: 18 pontos percentuais a mais". Já "a pobreza extrema afeta 10,8%" dos menores de idade, adverte o estudo.

Segundo o comunicado do Unicef Argentina, a pobreza extrema afeta principalmente as mulheres chefes de lar, jovens de menor nível escolar e com problemas de inserção no mercado de trabalho.

O relatório do Unicef adverte que a taxa de pobreza infantil e adolescente aumenta 85% quando vivem em um lar cujo chefe está em situação de desocupação, e a 65% quando é um assalariado informal.

"A precariedade do emprego é fundamental: uma criança que reside em um lar cujo chefe é um assalariado informal tem um nível de pobreza monetária 2,4 vezes mais elevado do que um cujo chefe é um assalariado formal", sustenta o estudo.

As famílias que têm mulheres como chefes da casa estão mais comprometidas: a pobreza é maior em lares onde o sustento econômico é provido por uma mulher (55,3%).

O estudo analisa a chamada pobreza monetária, que identifica a população cujos rendimentos não são suficientes para adquirir uma cesta básica de alimentos (pobreza extrema) ou uma cesta básica total (pobreza), que inclui bens não alimentares, mas essenciais.

Esta medição é muito sensível às mudanças nos preços. A inflação da Argentina superou os 40% em 2016 e acumulou 9,1% no primeiro quadrimestre deste ano em um marco recessivo da economia.

Nos últimos dez anos, o Brasil aumentou o acesso de parcelas mais vulneráveis da população à escola, de acordo com levantamento do movimento Todos pela Educação (TPE). De 2005 a 2015,  o acesso daqueles que têm de 4 a 17 anos aumentou principalmente entre a população parda e negra, entre os de baixa renda e entre moradores do campo. Os avanços foram maiores que os registrados entre brancos, ricos e moradores da cidade. 

O levantamento foi feito com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad). Entre os mais pobres, em 2005, 86,8% estavam na escola, contra 97% dos mais ricos. Em 2015, esses índices passaram, respectivamente, para 93,4% e 98,3%. Entre aqueles que moram no campo, o acesso subiu de 83,8% para 92,5%, enquanto a taxa dos moradores de zonas urbanas passou de 90,9% para 94,6%. O crescimento do acesso entre negros e pardos - que passou, respectivamente, de 87,8% para 92,3% e de 88,1% para 93,6% - foi maior que o da população branca - que passou de 91,2% para 95,3%.

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Na avalição do movimento, há uma redução de desigualdade "importante, embora não suficiente", pois mesmo que os indicadores tenham avançado, ainda estão entre essas populações as maiores concentrações de crianças e jovens fora da escola. "São aqueles que mais precisam da educação para superar a exclusão e a pobreza. Muitos são crianças e jovens com deficiência e moradores de lugares ermos. Muitos têm gerações na família que nunca pisaram na escola", diz a presidente executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz. 

Por lei, todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos devem estar matriculados na escola. Pela Emenda Constitucional 59 de 2009, incorporada no Plano Nacional de Educação (PNE), lei sancionado em 2014, o Brasil teria que universalizar o atendimento até 2016.

Universalização

Os dados de 2015 mostram que o país tem 2.486.245 crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da escola. A maior parte tem de 15 a 17 anos, são 1.543.713 jovens que não frequentam as salas de aula.

O maior avanço dos últimos dez anos se deu entre os mais novos. Em 2005, 72,5% das crianças com 4 e 5 anos estavam na escola. Esse percentual passou para 90,5% em 2015. Entre aqueles com idade entre 15 e 17 anos, o percentual passou de 78,8% para 82,6% no mesmo período. A faixa de 6 a 14 anos é tida como universalizada, atualmente 98,5% estão na escola. No entanto, isso ainda significa dizer que há 430 mil adolescentes nessa faixa etária fora da escola.

"Temos que tomar cuidado quando se diz que estamos quase universalizando. Esse discurso tirou pressão nos governos", diz Priscila. "É a questão que mais deveria envergonhar os brasileiros, saber que temos 2,5 milhões de crianças e jovens fora da escola em pleno século 21".

O TPE estabeleceu, em 2006, metas para melhorar a educação até 2022, ano do bicentenário da independência do Brasil. A primeira delas é a matrícula de pelo menos 98% das crianças e jovens de 4 a 17 anos na escola. Para chegar a esse percentual, a entidade estabeleceu metas intermediárias. Para 2015, a meta traçada era que o país tivesse incluído 96,3%, índice superior à taxa atual de 94,2%.

Cerca de 17 milhões de crianças até 14 anos – o que equivale a 40,2% da população brasileira nessa faixa etária – vivem em domicílios de baixa renda. No Norte e no Nordeste, regiões que apresentam as piores situações, mais da metade das crianças [60,6% e 54%, respectivamente] vivem com renda domiciliar per capita mensal igual ou inferior a meio salário mínimo. Desse total, 5,8 milhões vivem em situação de extrema pobreza, caracterizada quando a renda per capita é inferior a 25% do salário mínimo.

Os dados fazem parte do relatório Cenário da Infância e Adolescência no Brasil, documento que faz um panorama da situação infantil no país, divulgado pela Fundação Abrinq. O estudo foi feito utilizando dados de fontes públicas, entre elas o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Nesta quarta edição, a publicação reúne 23 indicadores sociais, divididos em temas como trabalho infantil, saneamento básico, mortalidade e educação. A publicação também apresenta uma série de propostas referentes às crianças e que estão em tramitação no Congresso Nacional.

“Nesta edição, além de retratar a situação das crianças no Brasil, também apresentamos a Pauta Prioritária da Infância e Adolescência no Congresso Nacional. O conteúdo revela as principais proposições legislativas em trâmite no Senado e na Câmara dos Deputados, com os respectivos posicionamentos da Fundação Abrinq baseados na efetivação e proteção de direitos da criança e do adolescente no Brasil”, disse Heloisa Oliveira, administradora executiva da Fundação Abrinq.

Violência

Um dos temas abordados no documento é a violência contra as crianças e adolescentes. Segundo o estudo, 10.465 crianças e jovens até 19 anos foram assassinados no Brasil em 2015, o que corresponde a 18,4% dos homicídios cometidos no país nesse ano. Em mais de 80% dos casos, a morte ocorreu por uso de armas de fogo. A Região Nordeste concentra a maior parte desses homicídios (4.564 casos), sendo 3.904 por arma de fogo.

A publicação também mostra que 153 mil denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes chegaram ao Disque 100 em 2015, sendo que em 72,8% das ligações a denúncia se referia a casos de negligência, seguida por relatos de violência psicológica (45,7%), violência física (42,4%) e violência sexual (21,3%).

Trabalho infantil

Com base em dados oficiais, o documento revelou que as condições do trabalho infantil estão mais precárias. Embora tenha diminuído o número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil na faixa de 10 a 17 anos [redução de cerca de 659 mil crianças e adolescentes ocupados em 2015 em comparação a 2014], houve aumento de 8,5 mil crianças de 5 a 9 anos ocupadas.

O universo de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos que trabalhavam n somou 2,67 milhões em 2015. Mais de 60% delas são do Nordeste e do Sudeste, mas a maior concentração ocorre na Região Sul.

O estudo mostrou também dados mais positivos, como a taxa de cobertura em creches do país, que passou de 28,4% em 2014 para 30,4% em 2015 - ainda distante, no entanto, da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação, de chegar a 50% até 2024.

Os dados completos podem ser vistos no site www.observatoriocrianca.org.br.

A Comissão de Finanças do Senado da Itália voltou a discutir nesta segunda-feira (13) o projeto de lei que concede uma ajuda financeira a famílias com filhos que dependem dos pais. Ainda não definido, o valor de auxílio variará de acordo com o Indicador de Situação Econômica Equivalente (ISEE), instrumento criado para avaliar a condição de vida dos italianos, levando em conta renda, patrimônio e características do núcleo familiar.

Famílias com ISEE de até 30 mil euros por ano receberiam determinada quantia, que seria menor para aquelas com o indicador entre 30 mil e 50 mil euros. O valor seria fixo até o filho completar três anos de idade e diminuiria progressivamente até os 18, com possibilidade de extensão até os 26. "O projeto tem como objetivo dar apoio a todas as famílias com filhos, independentemente do tipo do trabalho dos pais", afirmou o relator da proposta, senador Claudio Moscardelli, do governista Partido Democrático (PD), de centro-esquerda.

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Segundo ele, a expectativa é que o Parlamento aprove a medida já nos próximos meses. Os gastos do auxílio, estimados em 2 bilhões de euros por ano, seriam cobertos por "novas economias nas despesas" do governo.

Atualmente, a Itália já paga uma "bolsa bebê" de 800 euros para cada criança nascida no país a partir de 1º de janeiro de 2017, uma forma de estimular a taxa de natalidade, que vem de duas quedas anuais consecutivas na península.

Bolsa Família - Na última quinta-feira (9), o Senado da Itália aprovou um projeto de lei que prevê a concessão de um benefício assistencial para famílias de baixa renda, inspirado no Bolsa Família do Brasil.

O texto, aprovado por 138 votos a favor e 71 contra, já tinha sido aprovado pela Câmara dos Deputados em julho de 2016. "Foi aprovada a lei da pobreza. Um passo adiante para ajudar as famílias em dificuldade. O compromisso social é uma prioridade do Governo", tuitou o primeiro-ministro Paulo Gentiloni.

O governo italiano estima que 400 mil famílias poderão ser beneficiadas com o programa, que deve passar entre 400 e 480 euros - entre R$ 1.300 e R$ 1.500 - por mês aos italianos de baixa renda.

Os haitianos afetados pelo poderoso furacão Matthew vivem em condições "desumanas" em abrigos temporários, três semanas depois da passagem da tempestade, lamentou na terça-feira um especialista independente da ONU para os direitos humanos.

Cerca de 3.000 vítimas do furacão, refugiadas no colégio de Nord Alexis, na cidade de Jeremie, vivem "em condições lamentáveis: sem alimentos, sem acesso a serviços de saúde, sem água potável, sem instalações higiênicas e sanitárias apropriadas", disse o especialista Gustavo Gallon em uma coletiva de imprensa em Porto Príncipe, após visitar este abrigo.

Gallon fez as declarações ao concluir, nesta terça-feira, uma visita de nove dias ao país.

O furacão Matthew arrasou a península sul do Haiti em 4 de outubro, deixando 546 mortos e mais de 175.000 pessoas desabrigadas, segundo o último boletim oficial.

No Nord Alexis, "estas pessoas estão amontoadas em 20 salas do colégio, e têm fome. Há dois bebês que nasceram neste lugar sem assistência ao parto e há cerca de 20 grávidas", afirmou Gallon, um jurista colombiano.

"Todas as pessoas estão afetadas psicologicamente devido ao que aconteceu. (...) Uma jovem me disse: 'todos nos tornamos dontes mentais'. As condições nas que estão essas pessoas são desumanas e deveriam ser resolvidas imediatamente", afirmou Gallon.

Segundo a Proteção Civil do Haiti, o furacão destruiu mais de 770 escolas, e as que ficaram intactas foram ocupadas por milhares de famílias afetadas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um estudo hoje (17) alertando sobre o impacto social das mudanças climáticas globais. Intitulado "O Estado da Alimentação e da Agricultura", o estudo chama a atenção para a intervenção humana no clima, que pode levar 122 milhões de pessoas à pobreza. Segundo o estudo, se nada for feito, no mínimo 35 milhões de pessoas devem atingir esse patamar.

“A menos que sejam tomadas medidas agora para tornar a agricultura mais sustentável, produtiva e resiliente, os impactos das alterações climáticas vão comprometer gravemente a produção alimentar em países e regiões que já enfrentam uma alta insegurança alimentar”, escreveu o diretor-geral da organização, José Graziano da Silva, no relatório publicado hoje. As pessoas mais afetadas serão os habitantes da África e do Sudeste Asiático, dependentes da agricultura.

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Os setores agrícolas são os maiores responsáveis pela emissão de gases que contribuem para o aumento da temperatura global, e com o aumento da população, enfrentam um duplo desafio: diminuir em 70% as emissões desses gases até o ano de 2050 e, ao mesmo tempo, aumentar sua produção para conseguir atender a demanda. A estimativa do relatório é de que a procura por alimentos no mundo aumente 60% nas próximas três décadas, e o crescimento populacional se concentre nos locais mais afetados pelo aquecimento global.

Brasil

No relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgado em maio deste ano, os índices de pobreza caíram de 20% para 9%, entre os anos de 2004 e 2013 no Brasil. No caso da pobreza extrema, o índice anterior a 2004 era de 7%, caindo para 4% em 2013. Também foi traçado o perfil das pessoas que vivem na pobreza no Brasil, o relatório indica que elas se concentram nos mesmos locais de antes: domicílios agrícolas das regiões norte e nordeste. Alguns municípios dessas regiões apresentam taxas de pobreza entre 60% e 90%.

“As diferenças são muito acentuadas entre os domicílios agrícolas. A Amazônia ocidental e o estado do Maranhão são áreas que apresentam níveis muito elevados de pobreza agrícola. Embora o Norte seja menos pobre do que o Nordeste, o progresso tem sido mais lento lá em comparação às demais regiões do país”, afirmou o estudo.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que o Brasil precisa de US$ 7,2 bilhões (R$ 25 bilhões) extras por ano para acabar com a pobreza no País até 2030, o ano estabelecido pela ONU para que os governos atinjam a meta. O valor é o equivalente a uma Copa do Mundo por ano e os dados fazem parte de um levantamento inédito.

Em 15 anos, o mundo precisaria de US$ 10 trilhões para erradicar a miséria, cerca de US$ 600 bilhões por ano. De forma global, os valores representam apenas 0,8% do planeta. Mas a OIT estima que esse dinheiro não tem como ser levantado e que a única forma de garantir o combate à pobreza é a geração de empregos e a preservação dos direitos sociais.

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Em termos absolutos, o Brasil é o sexto que mais teria de gastar entre os países emergentes. A Índia precisaria de aportes extras de US$ 61 bilhões; a China, US$ 37 bilhões; Nigéria, US$ 36 bilhões; Etiópia, US$ 10,7 bilhões; e Indonésia, US$ 10,2 bilhões.

Num informe publicado ontem, a OIT alerta para o fato de que os avanços sociais obtidos nos últimos anos foram desfeitos ou anulados em diversos países do mundo. "A pobreza relativa nos países em desenvolvimento está aumentando", declarou a entidade.

"Em 1990, 47% da população mundial vivia com menos de US$ 1,90 por dia. Em 2012, essa taxa caiu para 15%", disse Guy Ryder, diretor-geral da OIT. "Mas o progresso é frágil e se os avanços foram reais na China e na América Latina, ainda temos 40% dos africanos em situação de pobreza. E, nos países ricos, a pobreza também aumentou", disse. "Hoje, o desemprego aumenta e a pobreza tende a se perpetuar. No planeta, 30% da população é responsável por apenas 2% da renda", alertou.

Copa

No caso do Brasil, o País tiraria todos da pobreza com mais 0,3% do PIB por ano em gastos sociais. Isso garantiria que todos no País teriam uma renda acima de US$ 3,1 por dia, o nível que estabelece a fronteira da pobreza, segundo os organismos internacionais. O valor total seria o equivalente ao que o Tribunal de Contas da União estimou ter sido gasto no Mundial de 2014, de R$ 25 bilhões.

Mas para garantir uma renda diária de pelo menos US$ 5,00, o Brasil teria de ampliar seus gastos sociais em US$ 23,2 bilhões, ou 2% do PIB do país a cada ano.

Para a OIT, o combate à pobreza promete ser um dos principais desafios nos próximos anos no Brasil, com uma recessão profunda. A entidade acredita que a taxa de desemprego, de cerca de 11%, deve aumentar ainda mais até o final do ano antes de começar a regredir.

Diante dos números e da situação do País, a OIT pediu que a nova equipe econômica de Michel Temer não "desmantele" os programas sociais criados no Brasil nos últimos 20 anos. Para Ryder, instrumentos como o Bolsa Família e outros mecanismos que garantem "dinheiro no bolso dos mais pobres é a melhor forma de tirar a economia do buraco que se encontra hoje".

Segundo Ryder, Temer já deu sinais de que não iria mexer no Bolsa Família. Mas insiste que "fechar a equação" entre o rombo fiscal e garantir os benefícios sociais vai ser um "desafio" ao governo. "O Brasil terá de escolher suas prioridades", disse ao jornal O Estado de S. Paulo.

"Há o fim de um ciclo de crescimento e toda a América Latina entra agora em uma desaceleração", disse. "Isso nos deixa muito preocupados diante da possibilidade de que os ganhos sociais sejam revertidos. A prioridade deve ser a de manter as políticas sociais", defendeu.

"O Brasil está passando por tempos difíceis. A mensagem importante hoje é que, com a mudança de governo, o sucesso obtido nos últimos anos no setor social não deve ser revertido. Fico satisfeito em ver que o Bolsa Família vai ser mantido. O novo governo reconhece esse sucesso e deve continuá-lo", disse Ryder.

"A economia brasileira perdeu 4% em 2015 e deve seguir o mesmo caminho em 2016. Portanto, deixar dinheiro no bolso dos pobres é uma das melhores formas de lidar com a economia e tirá-la do buraco que se encontra", alertou. Hoje, menos de 40% da renda da camada mais pobre da população vem de um trabalho remunerado.

De uma forma geral, a OIT apelou para que, nessa fase de recessão, os direitos dos trabalhadores sejam preservados. Para Ryder, a pobreza é resultado de "fracasso institucional e do fracasso do diálogo social". "A corrupção também precisa ser lidada", apontou.

Se os gastos sociais terão de ser importantes, a OIT aponta que o Brasil, por conta de um PIB significativo, não vive a mesma situação de outros países em desenvolvimento. Para erradicar sua pobreza, o Malawi precisaria o equivalente a 77% de seu PIB. Na média, os emergentes teriam de realizar gastos extras de 21% de seu PIB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em 1516, em seu livro ‘Utopia’, o britânico Thomas More relatava uma conversa entre um bispo e um viajante. Ambos debatiam a pena de morte e chegavam à constatação de que ela não estava sendo eficiente para frear a onda de assaltos. Ao examinar eventuais soluções, uma delas foi escolhida como a mais adequada. "Em vez de infligir punições horríveis, seria muito melhor prover a todos algum meio de subsistência, de tal maneira que ninguém estaria se submetendo à terrível necessidade de se tornar primeiro um ladrão e depois um cadáver", disse More.

De uma forma revolucionária, ele propunha pela primeira vez que uma renda básica fosse criada como forma de garantir que todos tivessem uma forma de sobreviver.

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Exatos 500 anos depois, o que era uma utopia ganha sua primeira chance de se tornar uma realidade para todo um país. Ironicamente, será justamente num dos países mais ricos do mundo, com um índice de desemprego de menos de 4% e com as menores taxas de criminalidade do mundo: a Suíça.

No próximo dia 5, os suíços vão às urnas para dizer se aceitam ou não uma proposta para a criação de uma renda básica incondicional, que seria dada do nascimento à morte de todos os cidadãos, independentemente de sua profissão, grau de escolaridade, fortuna acumulada ou história pessoal.

Os proponentes da ideia apontam que esse salário seria a maneira de garantir "uma existência digna e a participação na vida pública", seja qual for a circunstância. Para a entidade Bien (sigla em inglês para Basic Income Earth Network), a proposta pode erradicar a pobreza e acabar com a dependência em sistemas de ajuda social.

Liberdade

A tese é de que, sabendo que contam com uma renda básica, as pessoas teriam a liberdade de escolher suas profissões, agir de forma voluntária para causas sociais, passar por períodos de treinamento e mesmo se concentrar em suas famílias. O argumento aponta até mesmo para o fato de que a produtividade de uma economia poderia aumentar, com as pessoas livres para serem criativas, testar ideias e projetos.

"Precisamos de uma renda básica para permitir que cada pessoa seja seu próprio empresário", defende o vice-presidente da Bien, Gabriel Barta.

No texto que vai a votação nacional, o valor da renda não está estabelecido. Mas aqueles que defendem a ideia trabalham com uma projeção de que ela seria estabelecida em cerca de 2,5 mil francos suíços por mês para cada adulto (o equivalente a US$ 2.562, ou a R$ 8.976, pelo câmbio de sexta-feira). Menores de 18 anos ganhariam 625 francos (ou R$ 2.244).

Na prática, quem ganha menos que a base receberia um acréscimo para garantir que tenham uma renda de pelo menos 2,5 mil francos.

Em março, para promover a ideia, o campo do "sim" no referendo distribuiu notas de 10 francos para cada pessoa na estação de trem de Zurique. O objetivo era sensibilizar os eleitores de que não deveriam viver suas vidas baseados em necessidades financeiras. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A inflação alta e o aumento do desemprego podem trazer de volta para a pobreza milhões de brasileiros que acumularam ganhos sociais nos últimos anos. Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a retomada do crescimento pode reverter o quadro, mas tudo dependerá de quando a economia se recuperará da pior recessão em 25 anos.

Os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram os efeitos da crise. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD contínua), o desemprego saltou para 9% em dezembro de 2015 depois de atingir o mínimo histórico de 6,5% em dezembro de 2014.

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A inflação pesa mais para os pobres. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias de até cinco salários mínimos, chegou a 11,08% nos aumulado dos últimos 12 meses até fevereiro. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) soma 10,36%.

As estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) sobre o número de indivíduos em situação de pobreza e de extrema pobreza em 2015 só serão divulgadas no fim deste ano ou no início de 2017. Em 2014, o total de brasileiros nas duas situações tinha atingido o menor nível da história, com 25,9 milhões de pessoas em situação de pobreza e 8,2 milhões em extrema pobreza.

Ameaças

Em relação a 2013, os dois patamares tinham caído: 9,79% para os indivíduos pobres e 21,64% para os extremamente pobres. Por meio da assessoria de imprensa, o Ipea explicou que os dados do instituto se baseiam na PNAD realizada em setembro de 2014, quando ainda havia melhora nos indicadores, e que os dados de 2015 trarão outra perspectiva.

Diante desse quadro, economistas dizem que os ganhos sociais conquistados nos últimos anos estão ameaçados. O professor de pós-graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Antônio Porto Gonçalves diz que tudo depende do desenrolar da crise econômica. “Pode ser que a crise demore ou não, mas as conquistas sociais estão há algum tempo ameaçadas. Não apenas quem é muito pobre. O país está perdendo 150 mil empregos por mês, o investimento está inibido, existe uma incerteza louca.”

O presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Júlio Miragaya, diz que, com o fim de repasses de preços a tarifas, a inflação em 2016 cairá, o que reduzirá a perda de poder aquisitivo. No entanto, a população corre o risco de continuar empobrecendo por causa do aumento do desemprego, que pode atingir 12%. “O problema maior dos índices de pobreza vem do mercado de trabalho, com o aumento do número de famílias com chefes desempregados e a queda do rendimento médio. Retomar o crescimento é a senha e manter políticas sociais”, explica.

Segundo Gonçalves, da FGV, o Bolsa Família, principal programa de transferência de renda do país, ajuda a amenizar os efeitos da crise, mas apenas para as famílias em situação de extrema pobreza. Para o economista, o grande fator que ajudou a elevar o rendimento médio do trabalhador nos últimos anos foi a política de valorização do salário mínimo, mas isso poderá mudar com o aumento da informalidade.

“A legislação continua a garantir a reposição da inflação [pelo INPC] para o salário mínimo, mas só quem está dentro do sistema formal é beneficiado. A ascensão de quem está na informalidade é prejudicada. Quando o país estava crescendo, isso nem chegava a ser um problema, mas, agora que a informalidade está aumentando, a política de valorização do mínimo perde parte do poder”, avalia Gonçalves.

Para o presidente do Cofecon, a política de reajuste do salário mínimo não pode ser paralisada. Ele diz que a chave para que as conquistas sociais não sejam perdidas está na retomada do crescimento. “A questão é o país voltar a crescer e a gerar emprego. Aquecendo a economia, melhoram o poder de barganha dos trabalhadores e o rendimento médio. Retomar o crescimento é a senha para manter as políticas sociais.”

O astro de futebol argentino Lionel Messi, a cantora colombiana Shakira e a rainha Matilde da Bélgica fazem parte de um grupo de personalidades recrutadas pela ONU para promover seus objetivos de desenvolvimento sustentável. Os 17 objetivos, entre os quais se destacam a erradicação da pobreza antes do fim de 2030, o acesso universal à educação e à saúde e a luta contra as mudanças climáticas, foram aprovados em 25 de setembro do ano passado por dirigentes mundiais reunidos em Nova York.

As 17 personalidades escolhidas "ajudarão a promover a realização" deste ambicioso programa, especialmente "incentivando as associações com os governos, a sociedade civil e o setor privado", segundo comunicado da ONU. O grupo é codirigido pelo presidente de Gana, John Dramani Mahama, e pela primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg.

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Integram o grupo ainda a princesa Victoria da Suécia, o ator Forest Whitaker, o prêmio Nobel e pioneiro do microcrédito Muhamad Yunus e o presidente e diretor-geral da Unilever, Paul Polman. Lionel Messi e Shakira já são "embaixadores da boa vontade" do Unicef e Forest Whitaker, enviado especial da Unesco.

As regiões Norte e Nordeste dominam a lista de 500 piores municípios do País em termos de desenvolvimento, mas cinco cidades refutaram essa tendência e aparecem entre as 500 melhores do Brasil. Por outro lado, 13 municípios localizados em regiões de elevado desenvolvimento têm indicadores muito distantes de seus vizinhos. São os chamados "estranhos no ninho" detectados pelo Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), referente a 2013.

As notícias positivas vêm de Eusébio, Sobral e Maracanaú, no Ceará, de Araguaína, no Tocantins, e de Fernando de Noronha, em Pernambuco, conforme levantamento da Firjan obtido com exclusividade pelo jornal O Estado de S. Paulo. Todas elas têm alto desenvolvimento em saúde e educação, além de bom desempenho nas áreas de emprego e renda, transformando-se em ilhas em meio às baixas pontuações obtidas por seus vizinhos.

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O município de Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza, não se acomodou. Em 2013, conquistou o posto de 17.ª cidade mais desenvolvida do País. De lá para cá, o município evoluiu 63,1% em termos de saúde básica. "A cidade conseguiu de fato transformar o desenvolvimento econômico em avanços sociais", avalia Guilherme Mercês, gerente de Ambiente de Negócios e Infraestrutura da Firjan.

Sobral, no Ceará, também é um oásis em meio ao baixo desenvolvimento. Seu índice de emprego e renda é o nono melhor do País. A média das escolas da rede pública no Ideb, exame de avaliação da educação básica, ficou em 6,5 pontos em 2013, ante os 3,8 pontos conquistados pela vizinha Santana do Acaraú.

Por outro lado, 13 municípios em regiões de elevado desenvolvimento estão entre os 500 piores do Brasil. A realidade é semelhante: baixo desenvolvimento em saúde, em educação e mercado de trabalho pouco formalizado.

Santa Maria do Suaçuí, em Minas Gerais, ocupa a 2.358ª colocação no ranking nacional de educação. Por lá, as vagas em creches e pré-escolas atingem apenas 33,9% das crianças de até cinco anos de idade.

Já Campinápolis, no Mato Grosso, sofre com falta de estrutura para gestantes. Completam a ponta de baixo da lista os municípios de Juvenília, Água Boa, Salto da Divisa, São Sebastião do Maranhão, Crisólita, Santa Helena de Minas e Bertópolis (todos em MG), Baliza (GO), Paranhos e Tacuru (MS), além de Nova Nazaré (MT). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pobreza na África subsaariana caiu nos últimos 20 anos, mas continua em níveis altos, segundo um estudo publicado pelo Banco Mundial. Em 1990, 56% da população vivia abaixo do nível de pobreza, definido como uma renda de menos de 1,9 dólar por dia. Em 2012, cerca de 43% da população tinha esse nível de renda.

O estudo destaca que apesar do crescimento econômico ajudou a avançar as áreas de saúde e educação, o rápido crescimento da população levou a um aumento da extrema pobreza. Na África, os dados da pobreza mostram a disparidade entre as zonas urbanas e rurais.

No continente, onde entre 60% e 70% das pessoas vivem nas zonas rurais, "a taxa de crescimento da agricultura constitui uma enorme contribuição à redução da pobreza", disse à AFP Majtar Diop, vice-presidente do Banco Mundial para África. Segundo o estudo, a guerra e a violência continuam sendo os principais obstáculos para reduzir a pobreza.

No Burundi, a proporção de pessoas que vivem abaixo do nível de pobreza subiu para 64% em 2007, após a guerra civil que abalou o país entre 1993 e 2006. O percentual anterior era de 21%. "Mas há menos conflitos que antes e estão mudando para uma natureza mais local", explicou Diop.

O relatório também destaca que as pessoas que vivem nos países ricos em recursos naturais, com ouro, petróleo ou os diamantes, às vezes devem pagar "uma taxa ao desenvolvimento", por uma redução de 10% na expectativa de vida, menor nível de escolaridade, mais desnutrição e violência doméstica. Os seis países onde há mais desigualdade, Botsuana, Lesoto, Namíbia, África do Sul, Suazilândia e Zâmbia ficam no sul do continente, onde há mais diamantes e minérios.

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta terça-feira, 1º de setembro, em Brasília, o Atlas da Vulnerabilidade Social nos Municípios Brasileiros, que traz o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS) para os 5.565 municípios do país. A publicação revela que o Brasil apresentava, em 2000, IVS igual a 0,446, posicionando-se na faixa da alta vulnerabilidade social. Dez anos depois, o índice caiu para 0,326, na faixa de média vulnerabilidade social – uma redução de 27% no período. No entanto, permanece um quadro de disparidades regionais, com a concentração de municípios na faixa de muito alta vulnerabilidade social na região Norte – estados do Acre, Amazonas, Pará, Amapá e Rondônia – e no Nordeste – principalmente nos estados do Maranhão, de Alagoas e de Pernambuco, além de porções do território baiano.

O Ipea concluiu que a quantidade de municípios brasileiros com alta ou muito alta vulnerabilidade social caiu de 3.610 em 2000 para 1.981 em 2010. Já o número de municípios com baixa ou muito baixa vulnerabilidade social passou de 638 em 2000 para 2.326 dez anos depois. A evolução foi mais nítida em alguns estados das regiões Centro Oeste (como a faixa de fronteira do Mato Grosso do Sul), Norte (especialmente Tocantins) e Nordeste (com destaque para o sul da Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte e leste de Pernambuco).

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No Centro-Oeste, somente três municípios – Japorã (MS), Tacuru (MS) e Nossa Senhora do Livramento (MT) – registraram alta vulnerabilidade social em 2010. A região tem 48,5% dos municípios na faixa de baixa vulnerabilidade social. Na mesma faixa estavam 48,8% dos municípios da região Sudeste, entre eles as capitais São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Vitória apresentou muito baixa vulnerabilidade social. A região Sul, por sua vez, é a que teve mais municípios com IVS muito baixo: 28,7%.

Na região Norte, 41,9% dos municípios estavam na faixa de IVS muito alto em 2010 e não havia nenhum município com o índice muito baixo. Na região Nordeste, quase metade dos municípios (47,7%) apresentavam IVS alto em 2010. O destaque ficou por conta do Rio Grande do Norte, onde 28% dos municípios tiveram retração do IVS da ordem de 0,181 a 0,377.

Na região Nordeste (figura à direita), quase metade dos municípios (47,7%) estão agrupados na faixa do IVS alto. Outros 32,4% estão na faixa de muito alta vulnerabilidade social. Os estados de Alagoas e Maranhão são os que apresentam o maior percentual de municípios nessas duas faixas de maior vulnerabilidade, 96,1% e 95,4%, respectivamente. No Maranhão, 78,8% dos municípios se encontram na faixa da muito alta vulnerabilidade social.

Na faixa do baixo IVS estão algumas das capitais de estado (Teresina/PI, Natal/RN, João Pessoa/PB e Aracaju/SE) e alguns poucos municípios do interior do Maranhão (1), do Rio Grande do Norte (12), da Paraíba (6), da Bahia (5), do Piauí (2) e do Ceará (2). Na faixa de muito baixa vulnerabilidade social há apenas um município nordestino (Fernando de Noronha/PE).

Renda e Trabalho – A dimensão do IVS em que o país apresentou maior redução é a de Renda e Trabalho, que envolve indicadores de insegurança de renda e de precariedade nas relações de trabalho. Todos os cinco indicadores desta dimensão tiveram melhoria entre 2000 e 2010, refletindo a redução da informalidade, a redução do trabalho infantil e o aumento da ocupação.

O IVS Renda e Trabalho era, em 2000, de 0,485 (alto). Em 2010, o subíndice foi de 0,320,registrando uma evolução da ordem de 34%. Entre os indicadores de Renda e Trabalho, aquele relativo à desocupação da população de 18 ou mais anos de idade foi o que mais caiu no país – redução em torno de 47% no período.

Capital Humano – O subíndice que sofreu a segunda maior retração no período diz respeito ao Capital Humano. Este conjunto de indicadores que retratam aspectos sociais diversos de exclusão social, acesso aos serviços de saúde e educação, e situações de vulnerabilidade decorrentes de aspectos demográficos e familiares, caiu 28%, passando de 0,503 (muito alta) para 0,362 (média). Destacam-se os avanços observados nos indicadores que medem o percentual de pessoas de 6 a 14 anos que não frequentam a escola (52% de queda) e a mortalidade até 1 ano de idade (45% de queda), expressando, claramente, avanços resultantes de políticas sociais implementadas ao longo dos anos 2000.

Infraestrutura Urbana – O subíndice Infraestrutura Urbana, que busca refletir as condições de moradia das pessoas em seus domicílios, por meio de três indicadores, apresentou melhoria de 16%, passando da faixa da média vulnerabilidade social (0,351), em 2000, para a baixa vulnerabilidade social (0,295), em 2010. A maior evolução verificada nesta dimensão foi no indicador relativo ao percentual da população que vive em domicílios urbanos sem serviço de coleta de lixo – queda de 66%.

Prosperidade Social – O Atlas da Vulnerabilidade Social nos Municípios Brasileiros traz, ainda, a análise integrada do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) como IVS, o que resulta no conceito de prosperidade social. Assim, nos casos em que uma região atingiu alto desenvolvimento humano e baixa vulnerabilidade social, considerou-se que o território é “socialmente mais próspero”.

A grande quantidade de municípios do Sul e do Sudeste com alto desenvolvimento humano e baixa vulnerabilidade social fez com que a faixa de muito alta prosperidade social fosse a mais numerosa em 2010. No entanto, a melhoria das condições de prosperidade social não ocorreu de forma homogênea em todo o país: os municípios do Norte e Nordeste permaneceram, em sua maioria, à margem do desenvolvimento enquanto processo capaz de reduzir a vulnerabilidade social.

Fonte: Ipea

A pobreza atingiu 167 milhões de pessoas na América Latina em 2014, o equivalente a 28% da população latino-americana. Destes, 71 milhões, ou 12% dos habitantes da região, estão na extrema pobreza, de acordo com estimativas do Panorama Social da América Latina 2014, divulgadas nesta segunda-feira (26) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).

O relatório mostra que a situação da pobreza na região vem se mantendo estável desde 2012, quando afetou 28,1% da população. Em 2013, o índice também foi 28,1%. Já a extrema pobreza na América Latina aumentou de 11,7%, em 2013, para 12%, em 2014. Segundo a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena, a alta dos preços dos alimentos e a desaceleração econômica da região são alguns dos fatores para essa estagnação. “A pobreza persiste sendo um fenômeno estrutural e, desde 2012, a redução da pobreza estancou-se.”

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Para Alicia, a recuperação da crise financeira internacional “não parece ter sido aproveitada suficientemente para o fortalecimento de políticas de proteção social que diminuam a vulnerabilidade diante dos ciclos econômicos.” Segundo ela, em um cenário de possível redução dos recursos fiscais disponíveis na região, são necessários mais esforços para assegurar as políticas sociais.

No Brasil, de acordo com o organismo regional, a pobreza caiu de 18,6% da população, em 2012, para 18%, em 2013. Já a extrema pobreza aumentou: de 5,4% para 5,9%. Segundo o diretor do escritório da Cepal no Brasil, Carlos Mussi, dos cerca de 34 milhões de brasileiros que estão na pobreza, 11 milhões estão em situação de extrema pobreza.

“O aumento dos preços dos alimentos tem impacto forte na indigência no Brasil e na América Latina. Ainda que o mercado de trabalho brasileiro tenha seu dinamismo, este vem diminuindo”, disse Mussi.

Para Alicia, o desempenho brasileiro vai depender muito “da intensidade e da duração do ajuste fiscal”.  “Até o momento, a Cepal não detectou redução no mercado laboral, mas pode ser que [o ajuste] tenha algum impacto no mercado de trabalho”. Para ela, a retomada do crescimento, a manutenção do investimento e das políticas anticíclicas e a geração de emprego são importantes para a redução da pobreza.

O relatório ainda recomenda o “desenho de uma nova geração de políticas sociais associadas ao investimento com instrumentos e mecanismos que aumentem sua eficácia, eficiência, impacto e sustentabilidade”, e um foco maior nos jovens e nas mulheres.

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