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Uma das principais forças paralímpicas do mundo, o Brasil inicia os Jogos Paralímpicos do Rio-2016 na próxima semana com uma meta ousada: terminar a competição no quinto lugar do quadro de medalhas. O objetivo, estabelecido ainda em 2009, é considerado "duro e agressivo" pelo presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons. Mas o dirigente diz acreditar que o País está preparado. "A gente sabe para onde está indo, qual o objetivo e como chegar", afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

Parsons se tornou presidente do CPB em 2009 e foi reeleito por aclamação quatro anos mais tarde. A meta de ser Top 5 no quadro de medalhas foi capitaneada pelo dirigente. "Se pegarmos os resultados de Londres-2012, estamos falando em ultrapassar Estados Unidos e Austrália, que são potências esportivas", disse. "A gente está se propondo um desafio muito grande e de uma meta lançada em 2009. (Nos Jogos de Pequim-2008) Para chegar em quarto lugar você precisava ganhar 24 ouros. Em Londres-2012, foram 34, então o buraco ficou mais embaixo. Vamos ter que nos superar mais do que de costume".

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Para atingir o plano traçado, o CPB decidiu investir mais forte em atletas com histórico de bons resultados. A lógica é simples: como o quadro de medalhas valoriza mais o ouro, o CPB faz o mesmo. "Faz parte da nossa estratégia. Vou dar um exemplo: da Paralimpíada de Pequim para Londres, o Brasil ganhou menos medalhas - a gente saiu de 47 para 43 -, mas subimos de 16 para 21 de ouro", lembrou Parsons. As cinco medalhas douradas a mais na última edição fizeram o Brasil ganhar duas posições no quadro geral, saindo do nono lugar em 2008 para o sétimo em 2012.

A exclusão da delegação russa em função do escândalo de doping poderá ajudar, uma vez que o país terminou em segundo lugar na última edição. Mas a ascensão não é automática, na avaliação do dirigente. "Acho que traz mais incertezas do que certezas. Por mais que você tivesse um rival muito grande, era um rival que pouca gente esperava alcançar".

POLÊMICA - Na semana passada, uma campanha publicitária do movimento paralímpico que teve dois atores sem deficiência como protagonistas causou enorme polêmica. A campanha contou com o apoio e a aprovação do CPB. Nesta quarta-feira, Parsons defendeu o material. "Acho que alguns setores não estão preparados para alguns tipos de abordagem e aí até alguns segmentos de pessoas com deficiência. Ali, basicamente, a gente chama atenção que todo mundo tem as suas deficiências, algumas visíveis e outras não, algumas que te tornam elegíveis para ser atleta paralímpico ou não. Era essa mensagem", disse o dirigente.

A Associação Internacional de Boxe (AIBA, na sigla em inglês) informou nesta quarta-feira que seguirá com uma ação disciplinar contra os juízes que, na Olimpíada do Rio, foram afastados por decisões que "não estavam no nível esperado" durante algumas lutas.

Uma série de boxeadores, assim como fez a equipe do cubano Lázaro Álvarez, derrotado pelo brasileiro Robson Conceição na semifinal olímpica, protestou contra a contagem de pontos durante o Rio-2016. A AIBA, então, reviu todas as lutas durante a competição. E, após verificar algumas decisões polêmicas, ela afastou os juízes envolvidos antes mesmo do término dos Jogos.

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Nesta semana, para avaliar o problema, uma comissão da AIBA se reuniu em Lausanne, na Suíça. E, segundo a associação, "indivíduos e federações associadas estão sendo encaminhados a uma comissão disciplinar para uma investigação aprofundada, que tomará depois medidas apropriadas".

A AIBA avisou ainda que todos os seus funcionários devem agir com códigos de respeito, justiça, integridade e transparência. Em virtude das falhas apresentadas no Rio-2016, a associação estuda implementar um sistema de pontuação com cinco juízes - atualmente são três - e rever o processo de certificação dos árbitros.

A Prefeitura do Rio de Janeiro divulgou nesta terça-feira o cronograma de eventos e parte da programação cultural e de transportes da Paralimpíada. A Vila Paralímpica, na Barra da Tijuca, zona oeste, será aberta nesta quarta-feira. Já a Tocha Olímpica chegará na cidade no próximo dia 6 de setembro e ficará acesa no Boulevard Olímpico, na Praça Mauá, zona portuária. A cerimônia de abertura será no dia 7. A de encerramento, no dia 18. A Vila será fechada no dia 21.

A pira olímpica será acesa no dia 6 dentro no Museu do Amanhã, na Praça Mauá. Depois, haverá um revezamento no centro e nos bairros de Vila Isabel, Grajaú, Campo Grande, Bangu, Realengo, Deodoro e Madureira, nas zonas norte e oeste. A chama também visitará o Instituto Benjamim Constant, em Botafogo, zona sul, a Fundação Urece, na Tijuca, zona norte, e o Cristo Redentor, zona sul. No dia 7, ela seguirá pelo Recreio dos Bandeirantes, Barra da Tijuca (bairros na zona oeste), Leblon e Copacabana (ambos na zona sul).

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Quem for assistir aos Jogos Paralímpicos não precisará utilizar o cartão especial da Olimpíada para embarcar na Linha 4 do metrô, que liga Ipanema, a Barra da Tijuca e começará a operar no próximo dia 5 para o público do evento. O cartão Riocard servirá como bilhete de embarque, junto com a apresentação do ingresso para o evento. Não haverá serviço noturno do BRT, já que os Jogos terminarão no início da noite, segundo o secretário executivo da prefeitura, Rafael Picciani.

NÚMEROS - A prefeitura também apresentou nesta terça números de comparação entre a Olimpíada e a Paralimpíada. Enquanto a primeira teve 207 delegações (205 países mais a delegação independente e a de refugiados), a segunda terá 160. Também serão 22 modalidades esportivas na Paralimpíada, contra 42 na Olimpíada.

Picciani recomendou que o público utilize o transporte público para os deslocamentos na cidade durante a Paralimpíada e que a área de Copacabana seja evitada, principalmente entre os dias 8 a 11 e 16 a 18, devido às provas de rua. "Pudemos contar com o apoio da população durante a Olimpíada para conseguirmos um bom resultado e é o que esperamos na Paralimpíada também. Apesar de termos menos delegações na Paralimpíada, temos o agravante que não estamos mais em férias escolares e, com isso, o trânsito poderá piorar", disse o secretário.

O Boulevard Olímpico da zona portuária terá shows diários à tarde e à noite. Também haverá a exposição de cadeiras de rodas customizadas por artistas plásticos e personalidades. A companhia britânica The Garden se apresentará nos dias 10 e 11 de setembro, pela manhã. Eles recriarão o "Jardim do Éden", elevando artistas com ou sem deficiência em até sete metros de altura, com ajuda de hastes de aço. Já no Boulevard Olímpico de Campo Grande haverá shows da cantora Valesca Popozuda e do cantor Belo.

Por toda a cidade acontecerão 1.200 atividades culturais, cerca de 100 eventos por dia. Das 13 casas temáticas dos países que funcionarão durante os Jogos, seis serão abertas ao público, sem necessidade de compra de ingressos.

Sucesso durante os Jogos Olímpicos do Rio, com público três vezes maior do que o esperado, o Boulevard Olímpico, junto à Praça Mauá, às margens da Baía de Guanabara, deve voltar aos dias de glória na Paralimpíada, de 7 a 18 de setembro. Nos 17 dias do evento, a faixa litorânea recebeu 4 milhões de pessoas, com pico de 1 milhão na partida do ouro no futebol masculino, quando o Brasil derrotou a Alemanha no Maracanã. Para os 12 dias de Paralimpíada, com boa parte da estrutura ainda montada, a previsão é de receber 1,5 milhão de pessoas.

Mesmo com apenas um feriado (7 de setembro, Dia da Independência), contra quatro da Olimpíada, Gaetano Lops, diretor da Gael, empresa que organizou o Boulevard, crê que a região será um point paralímpico. "Os próprios cariocas não conheciam essa região, ainda tinham a referência do lugar abandonado que era antes", disse. Serão mantidos o balão panorâmico da empresa Skol, que sobe a 150 metros do chão, 40 food trucks e um palco para shows diários e transmissões de competições, entre outras atrações.

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A renovação da zona portuária começou em 2011. A intenção era dar nova cara a uma área histórica e degradada havia décadas. As cidades de Barcelona - que teve como legado da Olimpíada de 1992 a renovação de sua zona portuária - e de Buenos Aires - cujo Puerto Madero foi remodelado na mesma época - serviram de inspiração.

Agora, diante do fenômeno do Boulevard na Olimpíada, as secretarias municipais de Cultura e de Turismo estão debatendo com a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp) que tipo de ocupação será feita na praça, reinaugurada há 11 meses, e em seu entorno. Parte dos food trucks deve seguir por lá passada a Paralimpíada. A continuidade do balão - agora com cobrança - está sendo negociada.

Durante os últimos dias, em que a cidade experimentou uma ressaca pós-olímpica, o movimento na chamada Orla Conde, que se estende da Praça 15 até a Avenida Rodrigues Alves, onde ficam os armazéns do cais do porto, foi grande. Cariocas que estiveram no Boulevard durante os Jogos ou que viram o burburinho no noticiário foram passear por lá. Somaram-se a eles turistas que esticaram a estada na cidade.

"Eu só conhecia a velha praça, e fiquei sabendo da nova pela TV. Quis vir conferir. Espero que continue bonito assim, que não seja algo só para inglês ver. O lugar é maravilhoso", disse a autônoma Vanessa Martins, de 29 anos, que foi na última terça-feira com o marido e o filho de dois anos. Moradora de Bangu, na zona oeste, distante 40 quilômetros do centro, a família também foi apresentada a outra novidade: o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que passa por ali.

A dúvida de Vanessa é compartilhada pelo arquiteto e urbanista Luiz Fernando Janot, que representa o Rio no Conselho Federal de Arquitetura: como garantir a frequência de pessoas no Boulevard Olímpico? "O ponto já havia se consolidado como área de lazer antes da Olimpíada, mas para permanecer é preciso que haja segurança. O trecho que me preocupa é o que vai da Candelária até a Praça Mauá, porque lá não há tantos atrativos. Se te assaltam ali, não há para onde correr. Também gostaria que tivesse um cuidado paisagístico maior, um calçadão mais interessante", ponderou Janot.

Como outros colegas, ele foi crítico da derrubada do Elevado da Perimetral, iniciada em 2013, e que foi o pontapé inicial para a revitalização da área do porto. Reviu a posição com o resultado pronto.

Para quem apostou no êxito da revitalização, o momento também é de expectativa. Mauricio Lobo, proprietário do mais charmoso café da área portuária, o Grão Café, abriu as portas em fevereiro de olho na Olimpíada e agora espera que o movimento seja perene. "Foi incrível, tive dias de fila na porta. Depois que passar a Paralimpíada, acredito que a frequência vá se estabilizar num outro patamar."

A prefeitura acredita que o Museu do Amanhã e o Museu de Arte do Rio serão suficientes para manter o público por lá, além da faixa litorânea. "A Orla Conde já entrou na agenda do Rio. A Olimpíada só veio consolidar isso, e agora a tendência é se intensificar. Já recebíamos 30 mil pessoas por dia, sendo de 5 mil a 10 mil só nos museus. Esse número deve passar para 40 mil ou 50 mil", estima o presidente da Cdurp, Alberto Silva. Na Paralimpíada, a expectativa é de 100 mil pessoas por dia.

Até o fim do ano, a realização de dois eventos de grandes dimensões vão garantir o fluxo de visitantes na região: a ArtRio, feira de arte entre 28 de setembro e 2 de outubro, vai ser abrigada pelos armazéns 2, 3 e 4; entre 12 e 16 de outubro, os mesmos galpões serão tomados pelo festival internacional de cerveja Mondial de La Bière.

A prefeitura do Rio busca uma ocupação permanente, e não esporádica, da área. O uso residencial de edifícios seria um caminho para tal - mas a crise econômica no País freou projetos.

A inauguração do AquaRio, empreendimento privado construído na Rodrigues Alves para ser o maior aquário marinho da América do Sul, com oito mil animais de 350 espécies, é outra aposta para a consolidação do fluxo de visitantes. Atrasada quase um ano, a inauguração é prometida para o início de novembro, passada a fase de pesca e compra de peixes, povoamento dos tanques e estabelecimento do equilíbrio biológico dos ambientes.

"O AquaRio sozinho já seria um grande atrator de público. Nosso projeto antecede a revitalização, é de 2007. Nem nos meus mais lindos sonhos imaginei que a região ficaria assim", contou o biólogo Marcelo Szpilman, diretor-presidente do AquaRio. A estimativa inicial de público é de 1 milhão de pessoas por ano.

Enquanto aguardam para receber os Jogos Paralímpicos, o Parque Olímpico da Barra, o Complexo de Deodoro e a Vila Olímpica passam por adaptações para receber os paratletas. As instalações estão sendo adaptadas, principalmente na área de disputa das provas e no acesso dos competidores. Tudo isso ocorre em meio a cortes de custos e readequações de projetos.

Os Jogos Paralímpicos sofreram mudanças profundas em relação ao projeto original. O motivo foi a falta de recursos anunciada no fim da Olimpíada do Rio. Com problema de caixa, o Comitê Rio-2016 remanejou verba prevista para a Paralimpíada e empurrou o problema para a competição que começará no dia 7 de setembro.

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Sem dinheiro, os organizadores dos Jogos chegaram a cogitar até mesmo a revisão do programa de disputas da Paralimpíada, mas mantiveram a competição com as 22 modalidades previstas. Os cortes acabaram recaindo sobre a logística e a operação, com locais de disputas sendo remanejados.

No Parque Olímpico, a Arena Carioca 3, por exemplo, receberá a disputa de esgrima em cadeira de rodas, modalidade prevista até o mês passado para ser disputada na Arena da Juventude, em Deodoro. Já a Quadra 1 do tênis teve seu piso coberto por gramado sintético e receberá as disputas de Futebol de 5 para cegos. Essa alteração já era prevista.

Equipamentos utilizados nas mais diversas arenas durante a Olimpíada também estão sendo remanejados. O reservado utilizado pelo técnico e jogadores do rúgbi, por exemplo, saiu de Deodoro e foi instalado ao lado do gramado artificial do Futebol de 5.

Dentro das arenas, as principais mudanças são nas áreas de disputa. "As arenas já são acessíveis e a grande mudança é na área de competição. O estádio da ginástica (Arena Rio) se transforma em estádio de basquete em cadeira de rodas, a quadra de tênis se torna de Futebol de 5 e assim por diante. A parte significativa é na área de competição e todo o sistema de fluxo de atletas", explicou Gustavo Nascimento, diretor de Instalações do Comitê Rio-2016. "Temos também uma verificação de acessibilidade. Às vezes temos uma passagem de cabo que precisa ser realocada, um sistema de rampa que precisa se refeito, mas nada muito significativo", garantiu.

Assim, quem foi ao Parque durante a Olimpíada e voltar ao local a partir do dia 7 encontrará o local com algumas mudanças. A mais icônica delas, porém, já estava prevista e passou ao largo dos problemas financeiros: os anéis olímpicos estão sendo retirados e substituídos pelo símbolo dos Jogos Paralímpicos, chamado de Agitos.

DEODORO - Segundo principal centro de disputas durante a Olimpíada, o Complexo Esportivo de Deodoro terá uma função "mais discreta" na Paralimpíada. Devido à contenção de custos, as áreas comuns do complexo ficarão fechadas e o público terá acesso apenas às instalações olímpicas.

"Nossa operação em Deodoro será em três arenas independentes: tiro, o estádio de Deodoro para o Futebol de 7 e o hipismo", explicou Nascimento. "Temos uma demanda de público muito menor lá (em relação à Olimpíada) e queremos ter eficiência. Não queríamos que o público tivesse uma experiência vazia. A praça de convivência comportava 65 mil pessoas por dia e a demanda prevista agora é de 20 mil".

Mesmo com as mudanças, o público brasileiro está demonstrando interesse em acompanhar as disputas in loco. Após assustar os organizadores com a baixíssima venda até o fim dos Jogos Olímpicos, os ingressos começaram a ter forte demanda na última semana. Até sexta-feira, mais de 900 mil bilhetes haviam sido comercializados. O total colocado à venda é de 2,5 milhões.

Autoridades brasileiras libertaram um irlandês preso em uma operação para desarticular um esquema de venda ilegal de ingressos para os Jogos Olímpicos do Rio, informou um de seus advogados.

Kevin Mallon, diretor da empresa THG Sports, estava preso desde o último dia 5. No momento da prisão, a polícia informou ter apreendido centenas de ingressos em poder de Mallon, suspeitos de estarem sendo vendidos por milhares de dólares.

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Thiago Andrade, um dos representantes legais do executivo, disse que Mallon deixou a prisão de segurança máxima na noite deste sábado, após a autorização por escrito de um juiz.

"Ele acaba de ser libertado", informou Andrade à AFP em um e-mail enviado pouco depois das 22h, sem dar detalhes.

Mallon foi detido em um hotel da Barra da Tijuca, perto do parque olímpico, quando vendia ingressos para um grupo, relatou a polícia. Nesta operação, foram apreendidos 781 ingressos "que estavam sendo vendidos a preços realmente muito altos".

Andrade assinalou que a libertação de Mallon não afeta o caso de outro detido no escândalo: Patrick Hickey, 71, principal dirigente olímpico europeu.

Membro do Comitê Olímpico Internacional e presidente da entidade na Irlanda e Europa, ele está preso em Bangu, de onde Mallon foi solto.

Este mês, a polícia também emitiu ordens de prisão contra outras sete pessoas, entre elas o britânico Marcus Evans, presidente do clube de futebol inglês Ipswich e diretor da empresa THG.

Três altos funcionários do Comitê Olímpico do Quênia (NOCK) foram detidos em Nairóbi, no marco da investigação solicitada pelo governo pelos escândalos protagonizados pelos chefes da delegação do Quênia no Rio de Janeiro, informaram fontes policiais.

O secretário-geral do NOCK, Francis Paul, foi detido em sua casa na sexta-feira, enquanto o vice-secretário-geral James Chacha e o chefe da delegação no Rio, Stephen Arap Soi, foram detidos no aeroporto de Nairóbi, quando regressavam dos Jogos Olímpicos.

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O governo do país africano havia ordenado em 18 de agosto a abertura de uma investigação pelo roubo de trajes oficiais, e pela presença de oficiais no Rio com o visível desejo de passar alguns dias em Copacabana com as despesas pagas.

Além disso, a delegação queniana se viu envolvida em várias situações que demonstraram sua desorganização, como o fato de que, na saída da equipe rumo ao Rio desde Nairóbi, o campeão mundial de lançamento de dardo, Julius Yego, prata no Rio, não tinha a passagem aérea à disposição.

O ministro dos Esportes, Hassan Wario, anunciou na sexta-feira (26) a dissolução do NOCK por esta série de escândalos. No Rio, o Quênia conquistou seis medalhas de ouro, seis de prata e uma de bronze.

A festa de recepção para Isaquias Queiroz será dividida em duas partes. A primeira, nesta sexta-feira, será um desfile em carro aberto. Já a segunda será marcada por uma série de shows com músicos que fazem muito sucesso no sul da Bahia e fazem parte do gosto musical do atleta da canoagem velocidade.

Isaquias foi o grande nome do Brasil nos Jogos Olímpicos. Ele conquistou duas medalhas de prata, no C1 1.000m e C2 1.000m, além de um bronze, no C1 200m. Com isso, se tornou o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas em uma mesma edição da Olimpíada, entrando para a história. Também foi o primeiro atleta da canoa no mundo a subir três vezes no pódio na mesma edição dos Jogos.

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Por isso, há uma grande expectativa para seu retorno a Ubaitaba. Ele desembarcará em Ilhéus na tarde desta sexta-feira, quando terá um encontro com o governador da Bahia, Rui Costa. Depois, seguirá de carro para Ubaitaba, que fica a cerca de 81 km de distância, e na entrada da cidade haverá um carro de bombeiro esperando por ele.

O veículo vem da cidade de Itabuna, já que Ubaitaba não conta com o equipamento. Foi feito um pedido ao comando em Ilhéus, que designou que o carro de Itabuna poderia ser usado. A cidade conta também com faixas de apoio ao atleta, muitas feitas antes das conquistas do rapaz no Rio.

A intenção dos organizadores (prefeitura e Associação Cacaueira de Canoagem) é percorrer diversas ruas dos município, saindo da entrada da cidade, perto da rodoviária, às margens da BR-101, e indo em direção ao centro, passando ainda pela beira do rio de Contas, onde Isaquias começou a dar suas primeiras remadas.

Mas é no próximo dia 3 de setembro, um sábado, que Isaquias terá sua grande festa. Ela será na Praça Cultural, que fica na beira do rio de Contas, e deve atrair gente inclusive de cidades próximas, como Ubatã, Itacaré, Aurelino Leal e até Ilhéus. Entre as bandas estarão presentes Binho Alves, considerado o rei do arrocha por Isaquias, Tinno Flow, Trio da Huanna e Raneychas. "Quero festa", avisou o atleta.

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O cargo de campeão olímpico vai obrigar Thiago Braz, do salto com vara, a assumir novas responsabilidades. O atleta vai ter de cuidar bastante da barra de 1kg de ouro que ganhou nesta quinta-feira da BM&F Bovespa-SP, onde treinou por quatro anos, fora se preparar para um futuro confronto com a ira da torcida francesa. A possível pressão pela revanche com o rival Renaud Lavillenie já o preocupa.

Os dois disputaram a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio até os últimos saltos. A torcida no estádio Olímpico, o Engenhão, vaiou o francês, que errou a sua tentativa e, depois, reclamou do comportamento do público. "Acho que se eu precisar ir para a França, vou ter que entrar preparado para a vaia. Isso pode te prejudicar na concentração e psicologicamente", explicou o brasileiro.

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Thiago Braz tem mais três competições para disputar antes do fim do ano, nenhuma delas na França. Já o medalhista de prata voltou às provas nesta quinta-feira, pela Diamond League, e novamente ficou em segundo lugar na etapa de Lausanne, na Suíça. O título foi para o terceiro colocado no Rio, o norte-americano Sam Kendricks.

Apesar do temor com o ambiente na França, o campeão olímpico afirmou que com o adversário não há problemas. Thiago Braz contou ter falado com Renaud Lavillenie no Rio para amenizar a situação. Os dois combinaram de se falar quando estivesse na Europa, nas próximas semanas.

A conversa foi mediada pelo ucraniano Serguei Bubka, ícone da modalidade. O ex-campeão olímpico apostou, inclusive, que o brasileiro será o novo recordista do salto, posto ocupado atualmente pelo francês. "Sou jovem. Não posso me pressionar para querer ser logo o primeiro do mundo. Só porque ganhei a Olimpíada não quer dizer que vou ganhar tudo", disse Thiago Braz.

A bicampeã mundial do salto com vara, Fabiana Murer, confirmou nesta quinta-feira que vai se aposentar do esporte. A atleta de 35 anos contou em evento em São Paulo que tinha mais quatro competições para disputar até o fim da temporada, que já seria a da sua despedida, mas, por problemas físicos, decidiu antecipar o adeus. O último compromisso dela foram os Jogos do Rio.

"Eu não compito mais. A Olimpíada foi a minha última competição. Eu gostava muito de estar no esporte, fico feliz por fazer o Brasil se tornar conhecido na modalidade. Agora vou trabalhar para que o atletismo tenha mais reconhecimento e estrutura", afirmou Fabiana. A agora ex-atleta será a gerente institucional do clube Bovespa, e será responsável pelo relacionamento com as federações e confederações nacionais e internacionais.

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Uma hérnia cervical foi a responsável por fazer Fabiana antecipar o adeus. "As dores eram muito grandes, limitavam meus movimentos no lado esquerdo, me atrapalhavam em saltar", contou. A lesão já vinha a incomodando semanas antes dos Jogos do Rio. A atleta insistiu, chegou a iniciar a competição e não passou da fase classificatória. Fabiana não conseguiu completar nenhum salto na prova olímpica no Engenhão.

Fabiana afirmou que está ansiosa para começar na nova função, principalmente por poder contribuir com o surgimento de novos atletas. "Depois que comecei, vi muitas garotas iniciando no salto. Quero ajudar nesse desenvolvimento e viajar bastante para entrar em contato com quem está em outros países", comentou. A bicampeã mundial lamentou não poder fechar a temporada em competições, mas afirmou se aposentar realizada.

"Passei anos difíceis. Foi um caminho complicado, principalmente por não ter o material no Brasil, ter que viajar com as varas, cuidar da logística. Fico contente de ter saltado a minha melhor marca no meu último ano, apesar de não ter atingido os 5 metros, como eu queria", disse a saltadora.

Ouro no salto com vara nos Jogos Olímpicos do Rio, Thiago Braz disse nesta quinta-feira, durante evento em São Paulo, que não espera rivalidade e represálias do rival que foi seu grande adversário na disputa pela medalha, o francês Renaud Lavillenie, em futuros encontros nas competições. O medalhista de prata, que tinha sido campeão em Londres-2012, deixou o Brasil criticando o público pelas vaias enquanto se preparava para a disputa direta com o brasileiro.

Braz foi à sede da Bovespa, no centro da capital paulista, para receber 1 kg de barra de ouro por ter sido atleta do Clube BM&FBOVESPA entre 2010 e 2014, até se mudar para a Itália. O campeão olímpico afirmou ter procurado o francês logo após a competição para amenizar o clima ruim gerado pela pressão da torcida. "Ele estava super chateado, conversamos bastante. Falamos até de nos encontrar na Europa nas futuras competições. Eu falei que era fã dele", contou.

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O atleta brasileiro disse que não poderia comentar as mais recentes entrevistas de Lavillenie na França. O rival afirmou que a torcida no Engenhão só torceu pelo velocista jamaicano Usain Bolt por ele não ter concorrentes brasileiros na mesma prova. "A torcida vaiou, eu sei que isso é ruim para o atleta. Mas tem que entender que somos brasileiros, então torceram para mim", explicou.

Até o fim do ano o medalhista brasileiro vai disputar mais competições na Europa e contou ter desfrutado pouco do sucesso pela medalha. "No Facebook eu tinha 2 mil seguidores. Agora, tenho uns 83 mil. O reconhecimento na rua está grande. Fico feliz pelos brasileiros. Não foi só eu quem ganhou, foram todos os brasileiros", disse. Braz, de 22 anos, também evitou projetar as próximas temporadas ao dizer que pretende descansar e analisar a prova olímpica que lhe deu o ouro no Rio.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta quarta-feira que o veto ao seu país dos Jogos Paralímpicos do Rio, marcados para começar no próximo dia 7 de setembro, é uma punição que ele descreveu como "imoral e desumana".

Putin se manifestou sobre o assunto um dia após a Rússia ser definitivamente banida da Paralimpíada como sanção por um programa de uso de substâncias proibidas que contou com apoio estatal, depois de fracassar em seu recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), que anunciou seu veredicto sobre a apelação contra a exclusão do evento. A audiência do caso foi realizada na última segunda, no Rio.

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O líder russo ressaltou que a "decisão de desqualificar os nossos atletas paralímpicos está fora dos limites da lei, da moral e da humanidade", em declarações dadas diante de atletas olímpicos no Kremlin, sede do governo do país. Para completar, ele disse que o veto aos atletas é uma punição "cínica" e que ainda "humilha aqueles que tomam tais decisões".

Antes de fracassar em seu recurso na CAS, a Rússia foi suspensa no dia último 7, durante o período inicial de disputas da Olimpíada do Rio, quando o Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) anunciou que a entidade decidiu, por unanimidade, banir toda a delegação da Rússia da Paralimpíada.

Segundo Philip Craven, presidente do IPC, a análise feita pelos membros do conselho da entidade sobre o Relatório McLaren, somada a investigações adicionais, demonstrou que os fatos apurados pelo advogado canadense Richard McLaren a pedido da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) também ocorreram no esporte paraolímpico.

O relatório, publicado pela Wada no último dia 18, revelou que o governo russo fraudou testes de laboratório para beneficiar seus atletas em dezenas de competições, incluindo os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, em Sochi, na Rússia. "O relatório McLaren marcou um dos dias mais escuros da história de todo o esporte", disse Craven, em entrevista coletiva no Rio.

Segundo o presidente do IPC, o relatório identificou 35 amostras de exames antidoping relacionados a atletas paraolímpicos. A investigação ainda está em curso e a entidade foi informada pela equipe de McLaren de que há mais dez amostras envolvidas. Do total de 45 amostras, 28 são de esportes que estão no programa dos Jogos Paralímpicos. Ainda segundo Craven, testes de DNA mostraram que amostras de uma mesma pessoa foram usadas em mais de um teste.

E, ao comentar a decisão da CAS em relação ao recurso apresentado pela Rússia, o dirigente afirmou que "a decisão sublinha a nossa forte crença de que o doping absolutamente não tem lugar no esporte paralímpico, e melhora ainda mais a nossa capacidade de garantir a justa competição em igualdade de condições para todos os atletas em todo o mundo".

Indignada com a decisão da CAS, a Rússia confirmou que irá organizar competições especiais para os atletas paralímpicos vetados dos Jogos, sendo que os vencedores das mesmas receberão os mesmos prêmios que ganhariam por possíveis vitórias no Rio. O governo russo faz premiações em dinheiro a medalhistas olímpicos e paralímpicos.

Com a Rússia excluída da Paralimpíada, o IPC afirmou que agora vai "redistribuir as 267 vagas que haviam sido garantidas para os atletas russos competir".

O gostinho de "quero mais" da Olimpíada está tendo um impacto grande na venda de ingressos para os Jogos Paralímpicos, que serão realizados de 7 a 18 de setembro no Rio. O sucesso da competição em alguns aspectos ajudou a despertar o interesse do torcedor, que pode encontrar bilhetes mais acessíveis para ver de perto grandes estrelas esportivas e ainda entrar em arenas que deixarão de existir depois dos Jogos.

"A gente continua com uma demanda muito alta e costuma ser assim mesmo, quando chega do meio para o final da Olimpíada, a procura aumenta", explicou Donovan Ferreti, diretor de ingressos do Comitê Organizador Rio-2016. Ele conta que desde o último sábado as vendas foram subindo, passando de 16 mil bilhetes para 50 mil no domingo, 100 mil na segunda-feira, 133 mil na terça e com expectativa de aumentar ainda mais nos próximos dias.

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No Parque Olímpico da Barra, por exemplo, algumas instalações serão desmontadas como o Estádio Aquático e a Arena do Futuro. Então o torcedor terá uma última oportunidade de conhecer esses dois palcos dos Jogos. "Outro detalhe importante é que o todo dia tem medalha e hino nacional do Brasil, pois o País é uma potência paralímpica", continuou Donovan, ciente de que o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) traçou como meta ser Top 5 na competição.

A venda de ingressos para a Paralimpíada foi muito lenta no início, pois tinha a concorrência da Olimpíada e a divulgação maior era em cima da competição que vinha antes. Mas o Comitê Organizador já imaginava que haveria um aumento da procura na segunda metade do mês de agosto, principalmente pelo torcedor brasileiro.

Um dos trunfos é o preço popular dos bilhetes. Se levar em conta a meia-entrada, existem ingressos partindo de R$ 5 e chegando até R$ 130 (final do basquete em cadeira de rodas) para as sessões esportivas. Já para a cerimônia de abertura, o bilhete custa entre R$ 100 e R$ 1.200. "As demandas altas são para as finais de basquete em cadeira de rodas, o futebol de 5 e as sessões de natação", disse Donovan.

Ele lembra que as vendas de ingressos para a Paralimpíada já ultrapassaram 600 mil bilhetes dos 2,5 milhões disponíveis. A expectativa é de negociar 80% do total. "Nos Jogos Olímpicos, a previsão era vender 86% e vendemos 94% dos ingressos. Queremos que as pessoas venham e tenham um programa em família. Só para se ter uma ideia, a média de permanência das pessoas no Parque Olímpico foi de oito horas".

Para o torcedor brasileiro, alguns nomes chamam atenção na hora da compra. Um deles é o de Daniel Dias, nossa versão do "Michael Phelps". Ele tem 16 medalhas paralímpicas, sendo 11 de ouro. Ele deve disputar seis finais no torneio. Outro grande nome da natação é Clodoaldo Silva, em sua despedida dos Jogos.

No atletismo, destaque para Terezinha Guilhermina, Felipe Gomes, Silvânia Costa e Shirlene Coelho. A paracanoagem terá Luís Carlos Cardoso, enquanto que no tênis em cadeira de rodas o destaque é Natália Mayara.

A Paralimpíada do Rio deve ser a maior da história com a presença de cerca de 4.350 atletas de 160 países. Na disputa estarão em jogo 528 medalhas.

"Os atletas russos ainda têm uma possibilidade de participar dos Jogos" paralímpicos do Rio, considerou o Comitê Paralímpico Russo nesta quarta-feira, um dia depois da decisão do Tribunal Arbitral do Esporte (TAS) que impede todos os atletas russos de participarem das Paralimpíadas.

Em coletiva de imprensa, o presidente do Comitê Paralímpico, Vladimir Loukine, não quis explicar os passos jurídicos que tomarão para que não sejam obrigados a cumprir a decisão do TAS. "Utilizaremos todos os meios possíveis para mostrar que temos razão e que nossos adversários estão equivocados", indicou Loukine à imprensa.

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Na terça-feira, o Tribunal Arbitral do Esporte rejeitou um recurso interposto pela Rússia depois da exclusão de seus atletas dos Jogos Paralímpicos, decidida pelo Comitê Paralímpico Internacional no dia 7 de agosto devido ao grande escândalo de doping que sacudiu o esporte russo.

O primeiro-ministro Dmitri Medvedev denunciou no Twitter "uma decisão cínica motivada pelo desejo de excluir rivais importantes", enquanto o ministro do Esporte, Vitali Mutko, falou de uma decisão "mais política do que jurídica". Loukine acrescentou que os atletas fariam uma solicitação individual ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

Nos Jogos Olímpicos do Rio, a Rússia foi sancionada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), que estabeleceu critérios muito rígidos para a participação de atletas no país. No total, 113 atletas foram excluídos dos Jogos, entre eles quase toda a delegação de atletismo (67 de 68), o que não impediu o país de ficar em 4º lugar no quadro de medalhas.

O maior mural de grafite do mundo é carioca, é brasileiro, é nosso. Sensação dos Jogos Olímpicos do Rio, o painel de 2.600 metros quadrados pintado pelo artista Eduardo Kobra na revitalizada zona portuária da Cidade Maravilhosa entrou oficialmente para o Guinness World Records.

Inspirado nos cinco aros olímpicos, o imenso painel colorido com rostos que representam a união dos povos foi feito especialmente pela equipe do grafiteiro paulista para a Olimpíada e conquistou o coração - e as fotos - de quem passou pela região da Praça Mauá no período.

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"Há três décadas eu pinto praticamente todos os dias. O projeto do Mural Etnias é a continuação dessa história, uma história de luta através da arte. Meu trabalho nesse período todo tem se concentrado na defesa e preservação dos animais, no resgate da história, na busca da igualdade entre as pessoas. Esse recorde para mim não se trata do maior mural do mundo, se trata da maior pintura pela paz entre as nações.", afirmou Kobra.

Se o mural foi uma das principais atrações do Boulevard Olímpico, que recebeu cerca de 1,4 milhão de pessoas durante os Jogos, na Paralimpíada, de 7 a 18 de setembro, e mesmo depois dela, não deverá ser diferente. Com as mudanças e novidades, a nova zona portuária do Rio tem tudo para se manter entre os pontos mais turísticos da cidade: Museu do Amanhã, Museu de Arte do Rio (MAR) e, agora, o maior mural do mundo, afinal, estão ali reunidos. E o melhor: dá para chegar até lá com o também novo VLT - custa R$ 3,80 e sai tanto da rodoviária quanto do aeroporto Santos Dumont.

O painel Etnias em números:

2646,34 m²

70 dias de trabalho, sendo 45 de pintura e 25 de produção

1890 litros de tinta branca para a base

2800 latas de tinta spray

O papa Francisco recebeu nesta quarta-feira (24) uma delegação do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), na Praça de São Pedro, em Roma. Estiveram presentes representando os atletas brasileiros Sergio Froes, do hipismo, e Jovane Guissone, campeão paralímpico da espada na esgrima em cadeira de rodas nos Jogos Paralímpicos de Londres. O vice-presidente do CPB, Ivaldo Brandão, e o diretor de relações institucionais da entidade, Luiz Garcia, também participaram do encontro.

O papa deu a benção aos atletas e desejou sorte nos Jogos Paralímpicos do Rio, que serão disputados entre os dias 7 e 18 de setembro. Ele ganhou de presente um agasalho da equipe brasileira do esgrimista Jovane Guissone. Na audiência geral aos fiéis na Praça de São Pedro, o santo padre também fez uma saudação especial aos atletas e aos membros dos CPB, do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) e do Comitê Paralímpico Italiano que se preparam para o Rio-2016.

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"Na hora em que eu vi que o Papa estava vindo na nossa direção, eu nem acreditei. Foi algo inesquecível, um momento muito especial. Ele me abençoou, abençoou meus pertences e nos desejou sorte e muita energia positiva nos Jogos Paralímpicos. Ele também nos pediu que rezássemos pelas vítimas do terremoto na Itália", disse Jovane Guissone, se referindo ao grande tremor que causou estragos e provocou vários mortes nesta quarta-feira em solo italiano.

Para Sergio Froes, o encontro dará ainda mais motivação na reta final de preparação para a competição no Rio. "Eu volto daqui para a França, onde estamos fazendo a preparação do hipismo, ainda mais motivado e com mais satisfação para chegar aos Jogos no Rio. Foi uma honra encontrar o Papa", afirmou Sergio.

Enquanto o cavaleiro chega ao Brasil no dia 4 de setembro para a disputa dos Jogos Paralímpicos, Guissone retorna ao Brasil nesta quinta-feira e se junta aos outros esgrimistas da equipe brasileira na fase final de treinamentos no CT Paralímpico em São Paulo.

Com mais confederações para dividir o "bolo" dos recursos da lei Agnelo/Piva, muitas entidades devem perder o status no próximo ciclo olímpico por causa da campanha abaixo da expectativa do Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio. Enquanto modalidades como a natação e basquete deixaram a desejar, outras, como canoagem e ginástica, mostraram que podem subir degraus.

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) determina ao final de todo ano qual é a expectativa de valor que terá para repassar às confederações. Os recursos são oriundos de uma parte dos 1,7% da renda bruta das loterias federais que o COB recebe. Em 2015, por exemplo, o montante foi R$ 244,7 milhões.

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Assim, as modalidades entram em faixas diferentes de importância, de acordo com critérios definidos para a distribuição. Um deles é ter obtido um desempenho igual ou melhor que o esperado. Pela campanha no Rio, modalidades importantes devem perder espaço e outras, que entraram no programa olímpico, como surfe, skate, caratê, escalada, beisebol e softbol, vão passar a receber verba.

"Vai haver uma reanálise e possivelmente elas vão trocar de posição. Essas divisões das modalidades são vivas", explicou Marcus Vinicius Freire, diretor-executivo de esportes do COB.

Após receber investimentos na casa de R$ 1,4 bilhão nos últimos quatro anos e ficar abaixo da meta de conquistar pelo menos o décimo lugar no quadro geral de medalhas, o COB considerou "extraordinária" a participação do Time Brasil nos Jogos do Rio. O País encerrou a competição com 19 medalhas e o 12º lugar na soma total de pódios - empatado com a Holanda - e em 13º na classificação geral, que tem como critério de desempate o maior número de ouros. Em Londres-2012, o Brasil havia conquistado duas medalhas a menos.

O baixo crescimento - de cerca de 10% - não pode ser creditado à falta de investimentos nos últimos quatro anos. No total, o COB recebeu cerca de R$ 700 milhões em repasses através da Lei Agnelo-Piva, e o montante dobrou com a injeção de recursos de patrocinadores privados. No ciclo olímpico anterior, entre os Jogos de Pequim e Londres, o orçamento da entidade foi 50% inferior - o COB recebera R$ 390 milhões em leis de incentivo e praticamente o mesmo valor em patrocínios.

A nadadora Ana Marcela Cunha coleciona títulos na maratona aquática, tem sete medalhas em campeonatos mundiais e, aos 24 anos, mas ficou apenas no decepcionante décimo lugar na prova nos Jogos Olímpicos do Rio. Apesar de não ter conseguido subir ao pódio nesta última Olimpíada, ela afirma que não mudaria nada em sua preparação e na estratégia para a prova.

"Eu estava muito bem preparada para essa Olimpíada e não faria nada de diferente em termos de tática, de treinamento. Avaliando a prova e a alimentação, talvez tenhamos de pensar em algo para adicionar, para melhorar. Eu me dediquei muito e essa medalha não veio por um detalhe, mas vamos nessa busca, nós sabemos o caminho para chegar em Tóquio", disse Ana Marcela nesta terça-feira, em entrevista coletiva na Universidade Santa Cecília, em Santos.

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"É claro que foi difícil aceitar a décima colocação. Eram quatro voltas de 2,5 quilômetros e, na primeira volta, consegui me alimentar, mas na segunda volta eu nadava junto com o pelotão e, quando eu já estava com a mão no saquinho (de isotônico), alguém bateu na vara de entrega. Tive que decidir entre deixar o pelotão e me alimentar ou continuar no grupo", contou a atleta.

Ana Marcela teve mais uma oportunidade de pegar outro saquinho, mas não foi suficiente para aguentar até o fim dos 10 quilômetros porque cada pacote tem aproximadamente 200ml e ela só havia consumido o primeiro.

Para o técnico Márcio Latouf, o posicionamento para entrega do isotônico dificultou a operação. "Ficamos sempre a 50 centímetros da água para entregar a alimentação, mas fomos colocados entre três ou quatro metros de distância", diz. "Ela estava com número 24 e a contagem foi feita ao contrário, da direita para a esquerda, e isso inverteu o que nós havíamos combinado. Quando ela estava praticamente com a mão na alimentação, outra atleta bateu na vara de entrega e o saquinho caiu na água", explicou.

De acordo com Latouf, a atleta voltará aos treinamentos em setembro, de olho em quatro grandes etapas: o Mundial em 2017, os Jogos Pan-Americanos de 2019, a seletiva olímpica que ocorre no Mundial em 2019 e a Olimpíada de Tóquio em 2020.

Segundo Lúcia Maria Teixeira, presidente do Instituto Superior de Educação Santa Cecília (Isesc) e diretora geral da Universidade Santa Cecília (Unisanta), onde a atleta treina, a faculdade de engenharia da instituição está desenvolvendo uma nova vara para evitar o problema que atrapalhou o desempenho de Ana Marcela nos Jogos do Rio.

PROJETO - Foi anunciado na entrevista coletiva desta terça-feira que o Instituto Ana Marcela e a Unisanta atuam em conjunto para criar o Dia Nacional da Maratona Aquática, a ser celebrado em 23 agosto, data da morte da nadadora Renata Agondi, que faleceu em 1988. O Projeto de Lei será apresentado na Câmara pelo deputado federal João Paulo Tavares Papa (PSDB/SP).

Renata Câmara Agondi foi um grande nome da natação brasileira nos anos de 1980. Ficou em terceiro lugar na Travessia Capri-Napoli e chegou ao vice-campeonato profissional. Começou a nadar aos 8 anos, no Rio de Janeiro, fez parte da equipe do Clube Internacional de Regatas e da Associação Santa Cecília de Esportes, em Santos.

A atleta morreu aos 25 anos durante a travessia ao Canal da Mancha (braço de mar no oceano Atlântico que separa a Grã-Bretanha do norte da França). Após um erro na rota da prova, ela teve hipotermia. O incidente provocou uma grande mudança nas regras de segurança da natação mundial, principalmente em águas abertas. A Maratona Aquática Internacional de Santos é chamada de Troféu Renata Agondi, em homenagem à brasileira.

O atleta Thiago Braz, de 22 anos, confessou nesta terça-feira, ao retornar a Marília, que não esperava um desempenho como o que o levou à medalha de ouro no salto com vara nos Jogos Olímpicos.

"Nunca saltei mais de seis metros nem em treinos", disse, em concorrida entrevista coletiva em um hotel da cidade do interior paulista. "Eu saltava 5,80m numa boa, mas no final do treino eu tentava pular seis metros e não conseguia. No máximo, relava", contou. No Rio, ele estabeleceu novo recorde olímpico com 6,03m.

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Thiago falou durante 40 minutos com jornalistas e lembrou que foi em Marília, onde nasceu, que teve a iniciação no esporte. "Aqui começou tudo, devo isso aos meus amigos e à minha família", disse o atleta, que mora na Itália. Ele cobrou mais investimentos. "A gente tem vários atletas de Marília competindo lá fora. Aqui é mais difícil, o atletismo está se acabando. O pessoal de Marília precisa de mais apoio, de uma estrutura melhor para todos os esportes."

Thiago fez referência ao amigo Augusto Dutra, outro mariliense que disputou o salto

com vara nos Jogos, mas não se classificou para a final. "Quem é do interior, para se firmar tem de ir para um grande centro. Eu saí daqui com 14 ou 15 anos, mas o sonho é voltar um dia."

O medalhista desembarcou na cidade no fim da tarde de segunda-feira e driblou alguns políticos que o esperavam. Thiago Braz permanece em Marília apenas mais um dia. Na próxima semana, deve competir na Europa, onde é aguardado pelo técnico Vitaly Petrov.

Após os Jogos Pan-Americanos de 2007, a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, o Brasil encerrou seu ciclo de megaeventos esportivos. No livro "Brasil em jogo: o que fica da Copa e das Olimpíadas?", publicado pela editora Boitempo Editorial no Brasil, uma série de especialistas analisam e questionam o legado destes grandes eventos para a sociedade brasileira. Um deles é o jornalista escocês Andrew Jennings, popular desafeto da alta cúpula da Fifa, que afirma que o Comitê Olímpico Internacional (COI) segue o mesmo modus operandi da entidade máxima do futebol.

"Quando comecei a investigar o COI, há mais de vinte anos, alguns de meus amigos jornalistas riram: 'Esporte? Nós investigamos governos, grandes negócios, a polícia. Por que ir futucar no esporte?'. E eu disse: 'Organizações esportivas estão na esfera pública. São financiadas por dinheiro público, detêm poder. Por que deveriam ficar isentas do exame crítico", afirma Jennings, em texto intitulado "A máfia dos esportes e o capitalismo global".

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Nele, afirma que, recentemente, vem tendo até mesmo suas ligações telefônicas interceptadas por executivos da Fifa. "Eles ilegalmente obtiveram meus registros telefônicos, identificaram alguns de meus contatos e usaram suas ligações na polícia para tentar sujar o nome de amigos meus. Às vezes brinco que, desde que me tornei persona non grata, nunca mais estive perto da Fifa - eles estão comigo em cada telefonema que faço!", ironiza, em outro trecho.

"A lacuna que identifiquei entre os holofotes olímpicos e seus bastidores me mobilizou tanto que mal conseguia dormir à noite. Fui descobrindo que o funcionamento do COI não é muito diferente do da Fifa e que figurões de ambas as entidades reapareciam frequentemente nas mesmas cenas obscuras", prossegue Jennings. No texto, ele ainda acusa tráfico de influência por parte de nomes como Horst Dassler, antigo chefe da Adidas e da ISL (International Sport and Leisure), e do diplomata americano Henry Kissinger, amigo de José Havelange à época que o brasileiro presidia a Fifa.

Jennings ainda traça um paralelo entre a apropriação do esporte de alto rendimento pelas grandes corporações e o doping. Neste trecho, o jornalista é enfático: "Corporações precisam atingir milhões de consumidores, o que exige, portanto, muita audiência televisiva. Multidões exigem heróis artilheiros, recordistas. A raça humana evolui devagar demais para quebrar recordes com a frequência satisfatória. E aí vêm os médicos do doping com a cura. Esportistas não precisam de doping. Patrocinadores precisam".

"Mas por que o capital gosta tanto de esporte?", prossegue Jennings, com uma reflexão. "O esporte é tão velho quanto nós. É como treinamos para a caça e para a batalha. [...] Quando assistimos a esportes somos mais que meros espectadores. Quando Pelé faz o gol, fui eu que fiz o gol. [...] Quando estamos curtindo o esporte, estamos completamente abertos, vulneráveis. E é assim que o grande capital gosta que estejamos", conclui.

Andrew Jennings é conhecido por ser um dos grandes desafetos e uma "pedra no sapato" da cúpula da Fifa e da CBF nos últimos anos. Nos dois volumes da série "Jogo Sujo", ele passa a limpo e escancara o grande esquema de corrupção que assola o futebol há anos, denunciando personagens como Joseph Blatter (ex-presidente da Fifa), João Havelange (ex-presidente da Fifa e da CBD, falecido neste mês) e Ricardo Teixeira (ex-presidente da CBF).

Na coletânea "Brasil em jogo", outros textos de análises sobre os megaeventos esportivos no Brasil podem ser encontrados. Para tornar o livro acessível ao maior número de pessoas, autores cederam gratuitamente seus textos, tradutores não cobraram pela versão dos originais para o português, e fotógrafos abriram mão de pagamento por suas imagens. A publicação pode ser encontrada pelo preço de R$ 10.

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