A China conseguiu, neste sábado (15), pousar com sucesso seu robô "Zhurong", que é controlado remotamente, na superfície de Marte, um evento sem precedentes para o país asiático e que reflete suas aspirações espaciais cada vez mais ambiciosas.
Os chineses lançaram sua missão não tripulada "Tianwen-1" da Terra no final de julho de 2020, em homenagem à sonda enviada ao espaço.
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Ela é composta por três elementos: uma sonda orbital (que gira em torno do astro), uma sonda (que pousou em Marte) e o robô teleguiado "Zhurong" a bordo.
"O módulo de pouso Tianwen-1 pousou com sucesso na zona definida" em Marte com o robô "Zhurong" a bordo, informou a rede estatal CCTV, que transmitiu um programa especial intitulado "Nihao Huoxing" (Olá, Marte), e informou que recebeu um "sinal" na Terra.
A descida culminou às 7h18 (20h18 de sexta-feira no horário de Brasília) em uma área do planeta vermelho chamada "Utopia Planitia", uma vasta planície localizada no hemisfério norte de Marte, segundo a Agência Espacial Chinesa (CNSA).
O pouso no planeta vermelho é particularmente difícil e muitas missões europeias, soviéticas e americanas falharam no passado.
A China já havia tentado enviar uma sonda a Marte em 2011, em uma missão conjunta com a Rússia, mas a tentativa fracassou e Pequim decidiu seguir a aventura sozinha.
Esta é a primeira tentativa independente e ambiciosa para os chineses, que esperam fazer tudo que os americanos fizeram em várias missões marcianas desde os anos 1960.
Em fevereiro, a China conseguiu colocar a sonda "Tianwen-1" na órbita marciana e tirar fotos do planeta vermelho.
Neste sábado, conseguiu pousar o módulo de pouso em Marte, o que permitirá a saída do robô teleguiado "Zhurong".
A realização dessas três operações em uma primeira missão a Marte é inédito.
- Descida perigosa -
A chegada a Marte foi um momento crítico.
Uma vez na atmosfera do planeta vermelho, a sonda "Tianwen-1" liberou um paraquedas para efetuar uma descida perigosa de vários minutos, explicou a agência espacial.
O módulo foi então estabilizado 100 metros acima da superfície, para identificar obstáculos, antes de finalmente pousar.
Dada a distância da Terra, "Tianwen-1" teve que "pousar por conta própria" sem ajuda externa, explicou Chen Lan, analista do site GoTaikonauts.com, especializado no programa espacial chinês.
O planeta vermelho está localizado a cerca de 200 milhões de quilômetros da Terra, segundo a imprensa chinesa, e um sinal leva "18 minutos" para chegar. Portanto, "em caso de problemas, ninguém na Terra poderia ajudá-lo", disse Chen à AFP.
Pesando mais de 200 kg, "Zhurong" está equipado com quatro painéis solares para o fornecimento de energia elétrica e pretende estar operacional por três meses.
Também está equipado com câmeras, um radar e um laser que lhe permitirá estudar o ambiente e analisar a composição das rochas marcianas.
A missão a Marte também procurará possíveis sinais de vida passada.
Chega ao planeta vermelho poucos meses depois de Perseverance, o rover da NASA, a agência especial dos Estados Unidos, que pousou em Marte em 18 de fevereiro com a missão de procurar evidências de vida passada.
O nome "Zhurong" foi escolhido após uma pesquisa online e refere-se ao Deus do Fogo na mitologia chinesa. Um simbolismo justificado pelo nome chinês de Marte: "huoxing", literalmente, "o planeta do fogo".
- Ambições espaciais -
A China investiu bilhões de dólares em seu programa espacial para tentar recuperar o atraso em relação à Europa, Rússia e Estados Unidos.
Em 2003, enviou seu primeiro astronauta ao espaço e lançou satélites para si e para terceiros.
Em 2019, pousou um veículo no lado oculto da Lua, outro feito inédito mundial. No ano passado, trouxe amostras da Lua para a Terra.
O gigante asiático planeja estabelecer uma grande estação espacial até 2022 e espera enviar pessoas à Lua em uma dúzia de anos. O primeiro dos três módulos da estação espacial foi lançado no final de abril.
Para completar a construção, a China planeja lançar uma dúzia de missões, algumas delas tripuladas.
A missão "Tianwen-1" enviou sua primeira imagem de Marte em fevereiro: uma foto em preto e branco mostrando relevos como a cratera Schiaparelli e o sistema de cânions de Valles Marineris.