Tópicos | seca

Meteorologistas dos Centros Estaduais de Meteorologia da Região Nordeste e do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), com a coordenação da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), se reuniram nos dias 21 e 22 de março para uma discussão técnica da área. Durante a ocasião foi concluído que a média de chuvas será de seca no período de abril e junho deste ano. 

A contestação é de que, no período de abril a junho de 2016, a previsão será de chuvas abaixo da média histórica, para o setor Leste do Nordeste brasileiro, e permanência de chuvas abaixo da média nas demais áreas do Nordeste. Haverá o agravamento da seca nesta Região. 

##RECOMENDA##

Também foi realizada a análise das chuvas no mês de fevereiro de 2016 no Nordeste brasileiro. O relatório desenvolvido desta reunião conclui que as chuvas observadas concentraram-se em poucos dias, principalmente no norte da Região e foram provocadas pela associação do Vórtice Ciclônico com a incursão da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Junto a isso, foi observada a predominância de anomalias negativas de chuvas na maior parte da Região, como resultado da fraca atuação da ZCIT, em virtude da permanência do fenômeno El Niño forte.

O relatório ainda indicou a análise das condições oceânicas e da atmosfera global observados em fevereiro e primeira quinzena de março deste ano. Foi destacado o campo de anomalia da temperatura da superfície dos oceanos (figura ao lado), isso mostra a permanência do fenômeno El Niño forte.

Já o oceano Atlântico Tropical manteve a condição de aquecimento no setor norte e neutralidade no setor sul. Com isso, de acordo com a Apac, essas condições mantiveram a Zona de Convergência Intertropical mais ao norte de sua posição climatológica, e mais fraca que o normal, o que favoreceu a diminuição das chuvas na região Nordeste.

Previsão para o trimestre entre Abril e junho de 2016

O relatório aponta que, considerando o resultado dos modelos oceânicos e atmosféricos do CPTEC/INPE, NCEP, NCAR, COLA, NASA, ECMWF, UKMET, OMM, FUNCEME e INMET, somados à discussão técnica realizada na última segunda (21) e terça-feira (22), para esse período de abril a junho de 2016, a previsão é de chuvas abaixo da média histórica , acarretando o agravamento da seca na Região Nordeste. O documento ainda prevê dez dias consecutivos sem chuva, com possibilidade de ocorrências de chuvas moderadas a fortes, concentradas em poucas horas. 

Por conta disso, é recomendado aos órgãos presentes na ocasião, o acompanhamento das previsões de tempo elaboradas pelos centros estaduais de meteorologia da região Nordeste. 

O boletim emitido após a reunião será atualizado na próxima Reunião de Análise e Previsão Climática que se realizará em Maceió – AL, na segunda quinzena de abril de 2016.

Cerca de um milhão de crianças na África Oriental e Austral sofrem de desnutrição aguda grave por causa da seca que atinge o continente e é provável que piore com o fenômeno climático El Niño - alertou a Unicef neste quarta-feira.

"O fenômeno El Niño será reduzido, mas o impacto sobre as crianças será sentido por muitos anos", avaliou Leila Gharagozloo-Pakkala, diretora-regional da Unicef para a África Oriental e Austral. "É uma situação sem precedentes e a sobrevivência das crianças depende das ações tomadas agora", acrescenta.

A desnutrição aguda severa é caracterizada por uma perda de peso muito significativa e é responsável pela maioria das mortes de crianças menores de cinco anos no mundo, de acordo com a Unicef.

Há dois anos o volume de chuvas está abaixo da média nessas regiões da África, e as colheitas são escassas. Como resultado, os preços das matérias-primas aumentar e os habitantes tiveram a alimentação reduzida. As crianças estão em maior risco de morrer de fome e de doenças, segundo a Unicef​​.

Lesoto, Zimbábue e várias províncias sul-africanas já estão em estado de catástrofe natural. A ONU estima que 14 milhões de pessoas podem ficar sem alimento em 2016 no sul da África por culpa das escassas colheitas do ano anterior, junto a uma seca extrema. No Malauí, por exemplo, 2,8 milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome.

Na África Oriental, a Etiópia é particularmente atingida pela tragédia com 18 milhões de pessoas que necessitarão de ajuda alimentar antes do final do ano, segundo a Unicef. Para a organização, o país precisa de 87 milhões de dólares em doações. Segundo o escritório da ONU pata a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), as comunidades afetadas pelo fenômeno do El Niño necessitarão de dois anos para se recuperar desta grave seca.

O fenômeno El Niño, corrente equatorial quente do Pacífico, reaparece a cada cinco ou sete anos e conheceu este ano uma forte intensidade. Causou graves secas em certas áreas e inundações em outras. A estação de chuvas, correspondente ao verão no hemisfério sul, termina tradicionalmente em abril para dar início a cerca de cinco meses de estação seca, o que poderia piorar a situação até o final de 2016.

O vice presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, disse que o país - atingido pela seca - precisa levantar US$ 1,5 bilhão em ajuda alimentar. Segundo Mnangagwa, mais de 70% das colheitas no sul do país foram atingidas pela seca trazida pelo fenômeno El Niño.

Ele disse que mais de 3 milhões de pessoas precisam de ajuda urgente nas províncias rurais e que 16.681 cabeças de gado morreram. Ontem, o vice fez um pedido semelhante à comunidade empresarial.

##RECOMENDA##

O coordenador do Programa de Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU), Bishow Parajuli, disse que a agência levantou US$ 60 milhões para programas de ajuda no país. Fonte: Associated Press.

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, decretou estado de emergência no país, que enfrenta uma seca que afeta a região. Em comunicado divulgado na quinta-feira (5), Mugabe anunciou a notícia, que permite acelerar o fluxo da ajuda a comunidades em dificuldade.

O embaixador da União Europeia no Zimbábue, Philippe Van Damme, advertiu no mês passado que a demora do Zimbábue em declarar a seca como um desastre poderia limitar as chances de o país conseguir apoio internacional, em um momento no qual os doadores estão assoberbados com várias crises humanitárias simultâneas pelo mundo.

##RECOMENDA##

A Prefeitura de Caruaru, no Agreste de Pernambuco, decretou situação de emergência por falta de água no município. A medida, publicada no Diário Oficial no dia 18 de dezembro, permite que convênios e contratos para obras e ações de combate à seca sejam firmados com menos burocracia. 

De acordo com o secretário de Governo de Caruaru Rui Lira, a cidade está sendo abastecida exclusivamente pela barragem do Prata, já que a Barragem de Jucazinho se encontra no volume morto. “Estamos restritos ao manancial do Prata, que está com 66% da capacidade, aproximadamente 26 a 27 milhões de metros cúbicos”, comenta. Segundo o titular da pasta, a quantidade atual de água armazenada consegue fazer o abastecimento por, no máximo, oito meses.

##RECOMENDA##

Entre as ações concretas a serem realizadas dentro do estado de emergência estão a construção de cisternas e contratação de carros-pipa. Os locais mais afetados fazem parte do Distrito 2, na zona rural, que engloba as seguintes localidades: Baraúna, Bilhar de Taboca, Borba, Cachoeira de Taboca, Cachoeira Seca, Caldas, Caldeirão, Carapotós, Coimbra, Contenda, Dois Riachos, Gruta Funda, Itaúna, Jacaré Grande, Juá, Juriti, Lagoa Roçada, Lagoa Salgada, Lajes, Macambira, Malhada de Barreiras Queimadas, Normandia, Olho D'água de São Félix, Olho D'água do Padre, Palmatória I e II, Patos, Queimada do Uruçu, Rafael de Dentro, Reinado, Riacho Doce, Salgadinho, Santa Maria, Vila Canaã e Vila do Rafael. A situação de emergência não tem data de validade. 

O nível do Sistema Cantareira, principal manancial de abastecimento da Grande São Paulo, voltou a subir neste sábado. Os reservatórios operam com 28% da capacidade, ante 27,7% ontem. O porcentual considera as duas cotas do volume morto como se fossem do volume útil. O Cantareira é responsável por abastecer 5,2 milhões de pessoas. As informações são da Companhia de Abastecimento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

No manancial da Guarapiranga, houve aumento de 0,5 ponto porcentual no nível, para 88,9% do total. Alto Tietê e Alto Cotia subiram 0,2 ponto porcentual, para 22,7% e 81,4% da capacidade, respectivamente.

##RECOMENDA##

Com relação às reservas do Sistema Rio Claro, estas permaneceram inalteradas de ontem para hoje, em 70,2% do total. Já no Rio Grande, houve queda de 0,7 ponto porcentual, para 98,3%.

Deflagrada nesta sexta-feira (11) pela Polícia Federal em Pernambuco (PF-PE), a Operação Vidas Secas-Sinhá Vitória aponta a participação do doleiro Alberto Youssef e do lobista Adir Assad em suposto superfaturamento nas obras da transposição do Rio São Francisco. De acordo com os investigadores, cerca de R$ 200 milhões do fundo das obras foram desviados para empresas fantasmas dos dois investigados da Lava-Jato.

As investigações foram iniciadas ainda em 2014, após suspeitas do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria Geral da União (CGU). O juiz Sérgio Moro autorizou à PF-PE a consulta a documentos da Operação Lava-Jato para identificar a participação de Youssef e Assid. Estão sendo cumpridos 32 mandados judiciais, sendo 24 de busca e apreensão, quatro de condução coercitiva e quatro de prisão nos estados de Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro , Rio Grande do Sul, Bahia e Brasília.

##RECOMENDA##

As prisões ocorreram nos estados do Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo e Ceará contra diretores e representantes legais das empresas Consórcio OAS, Coesa Engenharia, Barbosa Melo SA e Galvão Engenharia, responsáveis pelas obras. Já as conduções coercitivas, quando os intimados são conduzidos para prestar depoimento, ocorreram no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás contra responsáveis pelo gerenciamento e fiscalização da obra.

Em Pernambuco, estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão, como mídias, computadores e documentos. As diligências ocorrem nos municípios de Salgueiro (dois mandados), Custódia (dois mandados), e Recife (três mandados).

A investigação é focada apenas em dois lotes (11 e 12) de 14 da obra de transposição. O trecho investigado tem 82 quilômetros e vai de Custódia, em Pernambuco, a Monteiro, na Paraíba.  De acordo com o superintendente da Polícia Federal em Pernambuco Marcello Diniz, a operação deve ter novas fases. “Nesta primeira fase focamos em dois núcleos, o econômico e o financeiro. Mas vamos buscar os núcleos administrativo e político”, informa. A segunda fase já está em andamento.

Para o coordenador da operação, o delegado Felipe Leal, todo o contexto, por exemplo a participação de Youssef e Assid, leva a crer que haja uma participação política. De acordo com Leal, tal núcleo ainda não foi identificado. “Embora não haja elemento, o cenário converge para que exista esse núcleo político”, comenta.web

No núcleo administrativo, a Polícia Federal vai tentar identificar possíveis participações de servidores públicos. O Ministério da Integração Nacional, responsável pelo repasse do dinheiro da obra, será investigado. Os contratos para execução dessa parte da obra são da ordem de R$ 680 milhões, mas cerca de R$ 200 milhões foram retirados para as empresas fantasmas já investigadas na Operação Lava-Jato. Há um registro ainda não esclarecido de transferências em torno de R$ 586 mil da Galvão Engenharia para a JD Consultoria e Assessoria, do ex-ministro José Dirceu.

O delegado Felipe Leal ainda destacou que os indícios são suficientes para pedir a prisão preventiva de Alberto Youssef. “Só não pedimos porque ele já está preso”, concluiu.

Transposição – A transposição do Rio São Francisco começou a ser planejada em 2006, mas só passou para a fase de execução em 2009. Após atrasos, a data de conclusão da obra está entre o fim de 2016 e o primeiro trimestre de 2017.

A obra terá dois canais, com total de 477 quilômetros, que irá beneficiar cerca de 12 milhões de pessoas em 390 municípios de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. O projeto conta com 14 aquedutos, nove estações de bombeamento e 27 reservatórios e túneis para a passagem de água.

O Nordeste enfrenta a pior seca dos últimos 50 anos. As chuvas estão escassas há quatro anos. A Federação da Agricultura e Pecuária do Piauí (Feapi) informou que houve perda de 20% das 1,7 milhão de cabeças de gado nos últimos dois anos como consequência da seca.

O presidente da Feapi, Carlos Augusto Carneiro (também conhecido como o Caú), disse que cerca de 1 milhão de cabeças de gado foram remanejadas para regiões com pasto e água. "Foram levados da caatinga para o agreste até que as chuvas voltem", disse o presidente. A situação só se agrava com a permanência da estiagem, falta de pasto, de alimentos e de água na superfície.

##RECOMENDA##

Ele acredita que tudo deve mudar até o fim do ano, quando começam as primeiras chuvas na região. Nessa época, volta o verde e o gado, e o agricultor se anima a plantar novamente. Mas o que se espera é a seca verde, quando a vegetação floresce, mas não produz. Essa situação atinge apenas o pequeno produtor e o trabalhador rural, que pratica a agricultura de subsistência.

Caú disse que os pecuaristas nessa região já estão se acostumando a conviver com a seca. O gado é criado solto, mas tem de ter o complemento com silagem ou ração. E esse suplemento normalmente é feito com milho, sorgo ou mandioca. No entanto, essa criação é mais cara, e muitos preferem levar o rebanho para pastar em outras paragens. O gado anda até 100 quilômetros para uma região onde tenha pasto e água. "Essa transferência tem de ser feita antes do rebanho estar debilitado", advertiu. Se isso não for feito, o gado morre no percurso.

O presidente da Feapi disse que o rebanho pereceu diante da fome e sede por causa da estiagem que castiga o Estado. "Precisamos de pelo menos cinco anos para recuperar as perdas, se tivermos uma boa política de incentivos do governo", declarou.

Os criadores ainda acreditam numa parceria do Estado com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) para a construção de pequenas barragens no leito de rios e riachos perenes. Dessa forma, eles podem servir para irrigação e abastecer os animais. O problema é que atualmente, além do gado, estão morrendo caprinos e ovinos, animais mais resistentes à seca.

Bolsa Família

Com o quadro desalentador, é cada vez maior a dependência do Bolsa Família. Praticamente não existe mais plantio de subsistência no semiárido, por falta de água, escassa até para consumo humano. Não se vê mais roça na zona rural. Para o presidente da Feapi isso está ficando cultural.

"O agricultor de subsistência não planta mais, porque vai ter a cesta básica dele. E ele não tem a cultura de plantar para ganhar com isso. É preciso mudar essa mentalidade", analisou.

Por outro lado, não houve a distribuição de sementes como normalmente era feita pelo governo, porque o agricultor não está plantando nem as culturas chamadas de sequeiro, como arroz, feijão, milho e mandioca.

Desabastecimento

Mesmo com toda essa situação, nem os pecuaristas nem os agricultores acreditam em desabastecimento de alimentos. "Se formos pessimistas e se não plantarmos, não faremos nada. O agronegócio é a base que sustenta a economia do País", afirmou o vice-presidente da Feapi e presidente da Associação Brasileira de Produtores de Milho, Sérgio Bortollozzo.

Ele disse que quem planta monocultura utiliza tecnologia. São culturas irrigadas e a tendência é manter a mesma safra do ano passado. A safra brasileira foi de 206 milhões de toneladas no ano passado e este ano já é de 204 milhões de toneladas de grãos. A safra no Piauí foi de 3,2 mil toneladas de grãos e foi mantida, sendo que as áreas onde eram plantadas outras culturas como arroz, milho e feijão foram substituídas pela soja.

No entanto, Bortollozzo disse que houve redução de 20% na plantação de milho, 40% na plantação de algodão e as áreas dessas culturas foram substituídas pela soja, que tem um custo de produção mais baixo e está em alta no mercado internacional. Mas os produtores reclamam das condições e da falta de financiamentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quatro governadores do Nordeste se reuniram com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, em Brasília, nesta quinta-feira (19) para debater as ações de enfrentamento à seca na região. Os chefes dos executivos estaduais apresentaram a situação de cada estado e cobraram ações emergenciais para 2016.

Estiveram presentes os governadores Paulo Câmara (Pernambuco), Camilo Santana (Ceará), Ricardo Coutinho (Paraíba) e Ezequiel Ferreira (interino do Rio Grande do Norte). Os ministros Jacques Wagner (Casa Civil), José Eduardo Cardoso (Justiça), Nelson Barbosa, (Planejamento, Orçamento e Gestão) e Gilberto Occhi (Integração Nacional) também estiveram presentes.

##RECOMENDA##

Os quatro governadores deixaram a reunião no final da tarde e não falaram com a imprensa.

A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) tem 20 dias para apresentar plano de ações para a redução do impacto da seca em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco. O pedido foi feito pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) em reunião realizada nesta quarta-feira (18) com representantes da companhia, Associação Empresarial de Santa Cruz do Capibaribe, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Moda Center Santa Cruz.

Segundo o Moda Center, a Compesa não apresentou propostas para resolver o problema de abastecimento da cidade. O calendário de fornecimento do município, de dois dias com água e 28 sem por mês, não estaria sendo cumprido. 

##RECOMENDA##

Com informações da assessoria

Maior reservatório do Nordeste, a Barragem de Sobradinho passa por uma das piores secas da história, que afeta a geração de energia elétrica, o abastecimento dos municípios da região e preocupa agricultores que dependem da água da barragem para a irrigação da produção de frutas.

Nessa segunda-feira (16), o nível da barragem atingiu 2,5% do volume útil, o mais baixo da história. Esse número vem caindo dia a dia. No dia 10 deste mês, por exemplo, estava em 2,9%. O nível mais baixo havia sido registrado em novembro de 2001 (5,46%).

##RECOMENDA##

"A barragem de Sobradinho é usada para tudo. A nossa principal preocupação sempre foi fazer com que a água do reservatório atenda às necessidades no maior tempo possível. Mas, hoje, estamos dependendo da chuva”, disse o diretor de Operações da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), José Aílton de Lima.

A previsão é que entre o fim de novembro e início de dezembro a barragem atinja o volume morto - reserva de água abaixo do ponto de captação. Isso significa a parada total de geração de energia na hidrelétrica. Inaugurada em 1979, a represa de Sobradinho tem capacidade de armazenar 34,1 bilhões de metros cúbicos de água e corresponde a 58% da água usada para a geração de energia no Nordeste.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), não há, no entanto, risco de racionamento no Nordeste, pois é possível usar fontes alternativas - como térmicas -, e transferir energia de outras regiões. O órgão diz ainda que os reservatórios da Bacia do São Francisco estão sendo operados prioritariamente para outros usos da água que não a geração de energia.

Para manter mais água na represa, a Agência Nacional de Águas (ANA) determinou a redução da vazão de Sobradinho para 900 metros cúbicos por segundo (m³/s). A ANA estuda reduzir a vazão para 800 m³/s. “Se tivéssemos mantido a vazão em 1.300 m³/s, o reservatório hoje já estaria seco. Agora, vai ser preciso reduzir ainda mais. Ninguém quer que reduza, mas toda a população da região deve poupar água”, diz Aílton de Lima.

Irrigação - A produção de frutas também pode ser prejudicada diante da possibilidade de racionamento no Distrito de Irrigação Nilo Coelho, o maior das áreas irrigadas. Entre Pernambuco e a Bahia, o projeto tem produção anual de R$ 1,1 bilhão. Mais de 2 mil empresas, entre pequenas e grandes produtoras, usam o sistema.

“A previsão é que até o fim do mês a gente chegue a uma cota em que não seja possível mais captar água. Algumas culturas, como a uva, não sobrevivem durante muito tempo sem a irrigação. Se isso acontecer, os prejuízos serão milionários. Além disso, mais de 130 mil pessoas usam esse sistema para consumo”, afirma o gerente executivo do Distrito de Irrigação, Paulo Sales.

Para permitir o aproveitamento da água, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ligada ao Ministério da Integração, iniciou em setembro obras de instalação de bombas flutuantes e a construção de um canal de captação. A conclusão da obra, que deve custar em torno de R$ 30 milhões, está prevista para dezembro.

“O grande problema é o tempo. Esse sistema de bombas flutuantes já deveria estar pronto. A gente espera ter nível de captação até lá. Mas se o volume para captação acabar antes, será desastroso”, afirma Sales. Todo o Vale do Rio São Francisco tem 100 mil hectares irrigados e produz 2 milhões de toneladas de frutas por ano.

Abastecimento - A seca também prejudica as comunidades do entorno da barragem de Sobradinho, que estão sendo abastecidas com caminhões-pipa. A falta de chuvas interfere ainda na criação de animais. Com o nível de Sobradinho tão baixo, as ruínas das cidades baianas de Casa Branca e Remanso, inundadas na época da construção do reservatório, estão visíveis.

Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Anivaldo Miranda, além das mudanças climáticas, houve falhas na gestão dos recursos hídricos na região. “Tivemos um amplo processo de crescimento de demanda pela água, ao mesmo tempo que aumentou o uso irracional, por ausência de implementação de instrumentos de gestão hídrica, de responsabilidade sobretudo dos governos dos estados que compõem a bacia”.

Segundo ele, desde 2013 se observava uma tendência de redução do nível dos reservatórios. Miranda diz que a crise da falta de água se estende por toda a Bacia do São Francisco. “Precisamos  avançar para um pacto das águas, onde haja convergência de interesses e de tarefas entre os estados da bacia, o governo federal, os usuários e a sociedade civil, para construir a sustentabilidade de uma área que é das mais vulneráveis e importantes do Brasil”.

O verão que se aproxima terá de ser bastante chuvoso para que o Estado do Rio não entre no terceiro ano seguido de baixos níveis nos reservatórios e não sofra desabastecimento de água no período seco, a partir de abril. Dos quatro reservatórios que compõem a bacia do Rio Paraíba do Sul, principal fonte do Estado, dois quase chegaram ao volume morto.

Em média, estão com 5,94% do volume útil, conforme dados da Agência Nacional de Águas (ANA), enquanto no ano passado, que já havia sido difícil, o patamar era de 6,4%.

##RECOMENDA##

Em cidades onde os rios não são regularizados, sem reservatórios para reter água - e que, por isso, dependem de chuva para não secar -, a situação já é crítica. Em Angra dos Reis, no litoral sul; Campos e Itaperuna, no norte fluminense; Três Rios, no médio Paraíba; na Baixada Fluminense, especialmente Duque de Caxias, Queimados, Magé e Paracambi, e em Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (todos na região metropolitana), os moradores já recorrem a caminhões-pipa.

Na turística Angra, a preocupação é com a alta temporada, quando a chegada de veranistas triplica o consumo de água. Há três semanas, a prefeitura publicou decreto, a vigorar por no mínimo quatro meses, que multa quem desperdiçar água. Quem lavar carro ou calçada é multado em R$ 440; quem retira água irregularmente da rede paga R$ 3.080. Regar plantas não é permitido. Pelo menos 20 pessoas já foram autuadas.

"No verão passado, a emergência hídrica foi decretada em janeiro. Dessa vez, foi mais cedo. Angra sempre teve índices pluviométricos altos, mas nossos reservatórios chegaram, em outubro, a 10% do volume útil. Tivemos de alternar o abastecimento dos bairros, mandar água um dia sim, três não", disse o presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da cidade, Marcos Mafort.

Saída

Vivendo a pior crise hídrica em oito décadas, o Estado entrará o período mais chuvoso com reservatórios baixos mais uma vez. Em 2016, caso as precipitações não sejam abundantes até março, os volumes nos meses de estiagem não serão suficientes para a demanda de populações e indústrias, avisa Paulo Carneiro, pesquisador do Laboratório de Hidrologia da Coppe, que agrega pós-graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O racionamento, então, seria a única saída.

"O período 2013/2014 foi difícil, o 2014/2015, também, e o 2015/2016 está pior, porque os níveis dos reservatórios não foram recompostos. O fenômeno El Niño está intenso e não se sabe como se comportará no Sudeste", disse o pesquisador.

Apesar dos prognósticos ruins, os governos estadual e federal sustentam que não faltará água nos Jogos Olímpicos, em agosto. Na terça-feira, 3, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que a construção de um tanque reserva com 2 bilhões de m³ está garantida. Entre as medidas do Estado para economizar água está a diminuição da vazão do reservatório de Santa Cecília, que abastece o Rio - era de 190 mil l/s em 2014, passou a 110 mil l/s neste ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Soluções emergenciais que possam evitar um colapso hídrico na região do Vale do São Francisco serão debatidas pela Comissão Mista de Mudanças Climáticas (CMMC) do Congresso Nacional nesta quarta-feira (4). A audiência pública, que será presidida pelo senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), está agendada para às 14h30 (horário de Brasília) e deve além de elencar formas para amenizar a seca, avaliar se as medidas já adotadas estão surtindo efeitos. 

O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu; o diretor de Irrigação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), Luís Napoleão; e o superintendente de Operação e Contratos de Transmissão de Energia da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), João Henrique Franklin, são esperados na audiência. 

##RECOMENDA##

O encontro será transmitido pelo site do Senado.

A seca de 2014 aumentou em 22% o chamado "risco sistêmico" do Cantareira. Dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) revelam que a chance de o manancial receber por mês um volume de água menor do que o necessário para abastecer a população sem racionamento subiu de 5,5% em 2013 para 6,7% após o primeiro ano da crise hídrica. Mas, segundo a estatal, esse risco será praticamente nulo (0,4%) após a conclusão da obra de transposição de água da Bacia do Rio Paraíba do Sul, prevista para 2017.

O diagnóstico consta de um edital recém-publicado pela Sabesp para contratar um serviço de apoio à transposição, que poderá levar, em média, 5,1 mil litros por segundo da Represa Jaguari (Paraíba do Sul) para a Atibainha (Cantareira). Com esse reforço, que representa um terço do que é retirado hoje dos reservatórios, a companhia espera acelerar a recuperação do manancial e aumentar a segurança hídrica das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, onde 14 milhões de pessoas dependiam do Cantareira até o início da crise.

##RECOMENDA##

O risco sistêmico é um indicador que mede a probabilidade de a afluência (quantidade de água que entra no sistema pelos rios e pela chuva) em um ano qualquer ser menor do que a necessária para atender à demanda. Nesse caso, a Sabesp considerou como volume necessário o limite máximo de 36 mil litros por segundo que podem ser captados do sistema. Hoje, contudo, por causa da crise, essa retirada total está limitada pelos órgãos reguladores do manancial em 17 mil l/s, ou seja, uma vazão 53% menor, que é administrada com racionamento à população.

Isso significa que, até 2013, a entrada de água no Cantareira ficou abaixo dos 36 mil l/s em 55 meses distribuídos ao longo dos 83 anos de registros (desde 1930), o que resulta em um risco de 5,5%. Como esse volume foi inferior à meta em todos os meses de 2014, por causa da estiagem extrema, o número de "falhas" no sistema subiu para 67 vezes, ou seja, 6,7%. Historicamente, os reservatórios usados para abastecimento são projetados para operar com um risco máximo de 5%.

"Esse indicador é importante porque mostra a probabilidade de falhas, mas não dá a dimensão delas. A Sabesp tinha como objetivo que as falhas nunca chegassem a 5%. Elas já vinham ocorrendo em 2013, mas foi possível administrar com a água reservada no sistema. O problema é que em 2014 ficou abaixo em todos os meses e com vazões muito pequenas, o que exigiu uma redução significativa da retirada de água", explica Rubem Porto, professor do Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária da Universidade de São Paulo (USP).

Os dados da série histórica mostram que o Cantareira registrou déficits mensais, ou seja, perdeu mais água do que entrou, entre maio de 2013 e janeiro de 2015, quando o sistema chegou ao nível mais baixo de sua história, apenas 5% da capacidade, já incluindo as duas cotas do volume morto. À época, a Sabesp cogitou adotar um rodízio de cinco dias sem água na semana, que só foi descartado após as chuvas de fevereiro e março. Esses dois meses, aliás, são os únicos de 2015 nos quais a entrada de água ficou acima dos 36 mil l/s. Em outubro, por exemplo, a entrada de água foi de 12,5 mil l/s.

De acordo com Porto, com a transposição do Paraíba do Sul para o Cantareira, orçada em R$ 555 milhões, será possível colocar mais água no sistema por meio do bombeamento entre represas e manter volumes maiores de armazenamento no manancial. "Se a gente for surpreendido por outra seca, equivalente a 2013 e 2014, os reservatórios terão um nível maior e o risco será menor", afirma.

Problema pode aumentar. A conclusão da obra, contudo, está prevista para abril de 2017. Até lá, a Sabesp admite que o risco sistêmico pode aumentar, mas sem prejuízo à população, uma vez que ele é controlado com uma retirada de água do manancial bem menor. Ainda assim, a companhia afirma que "é alta a probabilidade de que o abastecimento de água para a região metropolitana de São Paulo e para a Bacia dos Rios PCJ (Piracicaba, Capivari, Jundiaí) em 2016 seja melhor do que em 2015". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os danos provocados pela seca na Califórnia obrigaram as autoridades americanas a considerar a reciclagem de águas residuais como uma opção para garantir o recurso no longo prazo. A possibilidade de reutilizar para consumo humano as águas contaminadas com urina e fezes sempre gerou rejeição por causa de seu sabor.

Os californianos, contudo, começam a mudar de opinião após quatro anos consecutivos de duras condições climáticas, sem chuvas nem nevadas. A neve das montanhas de Sierra Nevada, uma das principais fontes para o consumo, praticamente desapareceu, enquanto as importações de água procedentes do rio Colorado caíram.

"Todo mundo está estudando a reciclagem das águas residuais", explicou o especialista e professor emérito da Universidade California Davis, George Tchobanoglous. "Atualmente jogamos no mar uma grande parte dessas águas, quando poderíamos reutilizá-la", afirmou. "Pode-se fazer e é rentável em grandes aglomerações costeiras".

- Como no Texas -

Em um estudo publicado no ano passado, Tchobanoglous estimou que até 2020 as águas recicladas poderão alimentar uma quinta parte dos 38 milhões de habitantes de Califórnia. O estado do Texas, que também vive uma seca, começou a usar há tempo o sistema que recupera a água dos banheiros, duchas, máquinas de lavar e lava-louças para dar-lhes uma segunda vida.

Os que apoiam esse método na Califórnia apontam o exemplo da usina de depuração do condado de Orange, ao sul de Los Angeles. Abriu em 2008 e cada dia trata 378 milhões de litros, suficientes para abastecer 850.000 personas.

No condado de Los Angeles há outra usina menor conhecida como West Basin, também especializada em reciclar água para consumo o uso industrial. "Até agora víamos as águas residuais como um desperdício, mas agora é um recurso de muito valor", apontou seu responsável, Shivaji Deshmukh.

- Muito mais barata -

Diferentemente do Texas, onde as usinas distribuem água reciclada aos consumidores, a Califórnia as realoca para os lençóis freáticos antes de ser bebida. A qualidade é igual em ambos os casos: primeiro se microfiltra a água para eliminar qualquer organismo, depois se purifica e passa por raios ultravioletas que matam as últimas bactérias.

A água acaba sendo quase mais pura do que a engarrafada dos supermercados, por isso é preciso acrescentar alguns sais minerais, que dão o sabor. A Nasa recorre a essa técnica na Estação Espacial Internacional. Uma máquina recolhe a urina e o suor dos astronautas para produzir a água do café ou a que é usada para escovar os dentes.

O custo final desse processo pode contribuir para melhorar a imagem das águas residuais. "A água engarrafada vale cerca de 10.000 vezes mais sem que sua qualidade seja necessariamente melhor", afirmou o porta-voz de West Basin, Ron Wildermuth.

"Há um ou dois dias, essa água estava em cloacas. Agora tem uma das melhores qualidades que podemos encontrar", afirmou, antes de beber um gole.

A baixa umidade do ar registrada no Distrito Federal no fim de semana levou a Defesa Civil a declarar estado de emergência na capital. O índice mínimo de 11% foi registrado no sábado (19) e domingo (20).

A chegada da Primavera, na quarta-feira (23), será quente e seca, pois, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há possibilidade de pancadas de chuva no DF apenas no próximo fim de semana. Até lá, a massa de ar seco mantém os dias com muito sol e poucas nuvens, com temperaturas máximas entre 33 graus Celsius (°C) e 34°C e mínimas entre 16°C e 17°C. A umidade relativa do ar deve ficar na faixa dos 14%.

##RECOMENDA##

A Defesa Civil do Distrito Federal recomenda cuidados especiais com crianças e idosos. “As crianças estão com o organismo em formação, enquanto que os idosos são mais sensíveis a mudanças bruscas de ambiente. No entanto, o mal-estar causado pela baixa umidade pode ocorrer com pessoas de qualquer faixa etária”, informa o órgão.

Entre as recomendações estão suspender a prática de atividades físicas e trabalhos ao ar livre entre as 10h e as 16h, aumentar a ingestão de líquidos, evitar banhos prolongados com água quente e muito sabonete, evitar o uso do ar-condicionado, fazer refeições leves, usar protetor solar em abundância e umidificar o ambiente, com aparelhos umidificadores ou toalhas molhadas.

O calor intenso, a vegetação seca e o efeito esponja provocado pelo solo sem umidade são hoje os principais "rivais" naturais da recuperação dos Sistemas Cantareira e Alto Tietê, que estão à beira do colapso. Mesmo com um volume de chuvas próximo da média neste ano, os dois maiores mananciais que abastecem a Grande São Paulo têm recebido menos da metade da água esperada nas represas, quebrando recordes históricos.

Levantamento feito pelo Estado, com base em dados fornecidos pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), mostra que choveu no Cantareira entre janeiro e agosto uma média de 113,9 milímetros por mês, apenas 5% a menos do que o esperado: 119,9 milímetros mensais. Mas a vazão que de fato enche os reservatórios, seja pela chuva, pelo rio ou pela recarga do lençol freático, ficou 59% abaixo da média no período.

##RECOMENDA##

No caso do Alto Tietê, que está em situação mais crítica porque só tem 13,3% da capacidade - marca da sexta-feira - e não possui volume morto disponível como o Cantareira, as chuvas só ficaram 1,7% aquém da média, enquanto a entrada de água nas cinco represas que formam o sistema foi 42% menor do que o previsto. Os números mostram, por exemplo, que neste ano já choveu na região 44% mais do que no mesmo período de 2014, quando a crise hídrica foi deflagrada, mas a vazão dos rios que alimentam os reservatórios caiu 14% agora.

O geólogo Pedro Côrtes, professor de gestão ambiental da Universidade de São Paulo (USP), explica que a falta de chuvas no passado e a superexploração dos mananciais durante a estiagem secaram não apenas os reservatórios, mas também o lençol freático, o subsolo de rios e represas. Por causa disso, hoje, parte da água que caiu da chuva é absorvida pela terra, o chamado efeito esponja.

"A partir do momento em que o solo está exposto há muito tempo, totalmente ressecado, a recuperação dos mananciais fica ainda mais lenta. Primeiramente, é preciso recompor o nível do lençol freático, até que a água aflore e comece a se armazenar na superfície da represa. Para que isso aconteça, o ideal é que sejam chuvas mais fracas e constantes, que deixam o tempo mais frio e úmido, favorecendo a penetração da água no solo e acelerando a recarga."

Calor. Esse cenário, contudo, é exatamente o oposto do que ocorreu no mês passado, quando o Alto Tietê registrou a menor vazão em oito décadas e o Cantareira, o pior agosto desde 1930. O tempo seco, com chuvas isoladas, e a temperatura mais quente dos últimos dez anos para o mês, alimentaram um segundo vilão natural dos mananciais nesta crise: a evaporação da água das represas.

"Desde 2014 as temperaturas têm ficado acima da média. Por causa da seca, quando chove, o solo fica úmido nas primeiras camadas, mas isso logo evapora com o calor. É uma perda contabilizada pelos nossos modelos de medição", afirma Adriana Cuartas, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Desde maio de 2014, o órgão do governo federal faz um monitoramento próprio do Cantareira.

Em condições normais, durante o período padrão de estiagem, que vai de abril a setembro, os mananciais são abastecidos pela água que fica estocada no lençol freático após a estação chuvosa. "Ela faz o mesmo percurso da água superficial, migrando lentamente para os rios e represas, o que garante uma vazão mais perene nos períodos sem chuva", explica Côrtes.

Atualmente, porém, com a seca prolongada, essa reserva mínima acaba sendo sugada pela vegetação que cerca os corpos d'água, reduzindo a quantidade de água que corre para os reservatórios. "A vegetação no entorno do manancial é de extrema importância para o equilíbrio do sistema. As raízes das árvores facilitam a penetração do solo, a sombra delas ajuda o solo a ficar úmido e a evitar a evaporação. Tudo isso garante um fluxo mais perene ao longo do tempo. Mas, nesse ambiente de escassez extrema, a vegetação compete com o manancial nas primeiras chuvas", conclui o professor da USP. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mais de 9.000 bombeiros lutavam neste domingo contra mais de 20 incêndios que provocaram a morte de um oficial e obrigaram a retirada de milhares de pessoas do estado da Califórnia, afetado pela seca mais grave de sua história.

"Desde quinta-feira milhares de raios desencadearam pequenos incêndios", anunciou o Calfire, organismo de prevenção de incêndios do estado, em um comunicado.

##RECOMENDA##

A previsão é de tempestades na região montanhosa nas próximas horas, mas com pouca chuva. Os raios podem iniciar novos focos de incêndio em um solo coberto por vegetação seca, após quatro anos de uma seca recorde.

Disseminados ao longo de todo o estado da costa oeste dos Estados Unidos, os 21 focos de incêndio forçaram pelo 12.000 habitantes a abandonar 5.200 casas.

O número inclui apenas as áreas de atuação do Calfire, que recebeu o reforço de muitos bombeiros de outros estados, especialmente do limítrofe Nevada. A Guarda Nacional da Califórnia também foi mobilizada.

Um dos incêndios mais devastadores, no condado de Lake, devastou 186 quilômetros quadrados e 24 casas em três dias. As chamas foram controladas em apenas 5%, segundo o Calfire.

Além dos incêndios provocados por raios, as autoridades abriram uma investigação para determinar a origem de ouros, mas não existem até o momento indícios de atos deliberados.

Outro incêndio, nos condados de Napa e Solano, foi controlado em 95% no sábado à noite, depois de ter devastado 32 quilômetros quadrados desde 22 de julho.

Na sexta-feira, o governador da Califórnia, Jerry Brown, decretou estado de emergência no estado.

"A severa seca e o clima extremo transformaram toda a Califórnia em um paiol", afirmou o governador em um comunicado, antes de anunciar a morte de Dave Ruhl, um bombeiro de 38 anos que viajou de Dakota do Sul para combater as chamas na floresta nacional de Modoc, ao noroeste da Califórnia.

A seca recorde que afeta o estado há quatro anos levou o governo local a impor fortes restrições ao consumo de água.

Até 15 de julho foram registrados mais de 3.400 incêndios no estado, 900 a mais que no mesmo período em 2014.

Duas diferentes teorias sobre fenômenos climáticos longos e cíclicos têm sido usadas por pesquisadores para explicar a queda significativa no volume de água que entrou no Sistema Cantareira na última década. Tanto a tese que considera a temperatura do Oceano Pacífico quanto a dos ciclos solares concluem que a região do manancial atravessa um período de estiagem previsível, que deve durar ao menos mais dez anos.

"Esta última década está inserida na fase fria da oscilação decadal do Pacífico, que começou em 1999 e tem o efeito de um El Niño ou La Niña de longa duração, até 30 anos. Ela é marcada por uma redução das precipitações, como se tivéssemos um mês chuvoso a menos do que na fase quente", explica o professor da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da Rede Internacional de Estudos Sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade, Pedro Luiz Côrtes.

##RECOMENDA##

Segundo ele, essa fase seca deve durar pelo menos até 2025, o que dificultará a recuperação do Cantareira. Um estudo feito por Côrtes projeta que o manancial só deve atingir um nível de segurança, de 38% da capacidade sem incluir o volume morto, em oito anos. "As fases frias e quentes do Pacífico têm impacto direto nas vazões dos rios. Por isso chamo atenção para que esse prognóstico climático de médio e longo prazo seja incluído na nova forma de operação do sistema", diz.

O diretor do Departamento de Recursos Hídricos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Antonio Carlos Zuffo, vê nos ciclos solares, que influenciam a circulação atmosférica e a temperatura oceânica, a explicação para eventos climáticos extremos no mundo, como a seca do Cantareira.

Segundo ele, a temperatura máxima média da Terra apresenta tendência de queda desde 1998 - embora 2014 tenha sido o ano mais quente da história, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) -, semelhante à observada entre 1930 e 1970, que coincide com o período mais seco da região do Cantareira até a atual crise de estiagem.

Zuffo diz que o sistema foi concluído em 1974 e suas dimensões definidas com base em um período seco, de baixas precipitações, enquanto que sua operação pelos 30 anos seguintes ocorreram em período predominantemente chuvoso, aumentando os riscos de enchentes. Ele alerta que cenário inverso ocorre desde a outorga de 2004.

"O comportamento se repete. De 1930 a 1970, as precipitações caíram; de 70 até 2003, aumentaram. E, agora, de 2004 para cá, têm caído novamente. Então, temos ainda mais três décadas em que as chuvas devem diminuir e ficar abaixo da média." Segundo a Sabesp, a chance de uma seca como a de 2014 ocorrer era de 0,004.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Douglas Cintra (PTB) analisou com o presidente da Compesa, Roberto Tavares, a possibilidade de usar a futura Barragem de Serro Azul, no município de Palmares, como opção ao atraso do pleno funcionamento da Adutora do Agreste. O assunto foi discutido em reunião no gabinete do senador, em Brasília. Cintra é relator da Subcomissão de Fiscalização de Obras Inacabadas, 

O petebista e Tavares concluíram ser viável fazer uma ligação de Serro Azul, que está com 80% das obras concluídas e custará cerca de R$ 500 milhões, com a Barragem do Prata, em São Joaquim do Monte, que já abastece Caruaru e outras cidades do agreste, como Altinho, Agrestina, Cachoeirinha e Ibirajuba.

##RECOMENDA##

Segundo Cintra, dessa forma seria ampliado, provisoriamente, sem a necessidade de se esperar três anos pela Adutora do Agreste, o abastecimento de água de parte do agreste, outra região de Pernambuco afetada pela estiagem.  

O relator da Subcomissão de Fiscalização de Obras Inacabadas e o presidente da Compesa acertaram também a atualização de um relatório para a Subcomissão sobre o cronograma da Adutora do Agreste. A obra, de mais de mil quilômetros, um dos projetos atrasados do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em Pernambuco, deverá constar do roteiro de visitas dos integrantes da Subcomissão.

A última previsão é de que a Adutora do Agreste, orçada em R$ 2 bilhões, embora deva estar concluída em dezembro próximo, só entrará em pleno funcionamento, atendendo 64 municípios pernambucanos, no segundo semestre de 2018. Este é o prazo para se concluir o Ramal do Agreste, que fornecerá à Adutora a água proveniente do Eixo Leste da Transposição do Rio São Francisco.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando