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A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) foi a indicada pela federação entre PSDB e Cidadania para concorrer à vice-presidência da República na chapa de Simone Tebet (MDB). O anúncio formal da composição da chapa ocorreu na manhã desta terça-feira (2).

Nascida em São Paulo em 1967, Mara começou a carreira política em 2004, quando disputou as eleições municipais para o cargo de vereadora. Não alcançou a quantidade de votos necessária para se eleger, mas ficou na lista de suplentes.

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Em 2005, na gestão de José Serra (PSDB) na Prefeitura, Mara propôs a criação de uma secretaria municipal para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. O então prefeito acatou a proposta e criou a pasta, que foi a primeira no País a ser voltada para a área. A então suplente da Câmara Municipal foi nomeada secretária, cargo que ocupou em 2005 e 2006.

Nas eleições proporcionais de 2006, alguns vereadores do município de São Paulo foram eleitos deputados federais e estaduais, deixando lacunas na Câmara Municipal. Mara, que era suplente, tomou posse para cumprir os dois últimos anos de mandato. Foi reeleita em 2008 e ficou na Casa até 2011, quando tomou posse como deputada federal, após disputar o cargo no pleito de 2010.

No Congresso, seu trabalho de maior destaque foi a relatoria da Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que modernizou a legislatura brasileira e ampliou direitos para as pessoas com deficiência. O texto, que entrou em vigor em 2016, estabeleceu mudanças em relação aos direitos civis dessa população: pessoas com deficiência intelectual, por exemplo, passaram a ter garantido em lei o direito ao voto e a ser votado, ao casamento e a ter filhos, entre outros, sem a necessidade de uma decisão judicial para isso

"A principal inovação se dá na mudança do conceito de deficiência, que agora não é mais entendida como uma condição estática e biológica da pessoa, mas sim como o resultado da interação das barreiras impostas pelo meio com as limitações de natureza física, mental, intelectual e sensorial do indivíduo", afirma a senadora.

"Nesse sentido, uma pessoa que tenha uma tetraplegia, como eu, mas que tenha condições financeiras de ter um cuidador e para trabalhar, pode ser considerada com menos deficiência do que alguém com uma deficiência menos severa, mas que more em uma comunidade e não consiga sair de casa por falta de acessibilidade, por exemplo", completa.

Mara sofreu um acidente de carro em agosto de 1994, e desde então não tem mobilidade do pescoço para baixo. Em 1997, fundou o Instituto Mara Gabrilli, uma ONG para fomentar pesquisas científicas destinadas à cura de paralisias e atuar no desenvolvimento social de pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade.

Em 2018, foi eleita senadora por São Paulo com 6,5 milhões de votos. No mesmo ano, tornou-se a primeira brasileira a integrar o Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas (ONU).

Agora, na metade de seu mandato no Senado, Mara teve seu nome anunciado como vice de Simone nesta terça-feira, no diretório tucano de São Paulo, com a presença da emedebista e dos presidentes dos três partidos envolvidos na aliança: Baleia Rossi, do MDB; Bruno Araújo, do PSDB; e Roberto Freire, do Cidadania.

Pesquisas qualitativas feitas pela campanha do MDB mostraram que uma chapa com duas mulheres seria um diferencial. Além do MDB, o PSTU lançou duas mulheres: Vera Lúcia, candidata a presidente, e a líder indígena Kunã Yoporã, como vice. Já a chapa do PCB é encabeçada pela economista Sofia Manzano, que terá o jornalista Antonio Alves como candidato a vice.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) também era cotada para a vaga, mas os tucanos não abriram mão de indicar um nome da legenda, já que, pela primeira vez desde a criação do partido, o PSDB não terá candidato próprio na disputa pelo Palácio do Planalto. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que era considerado como primeira opção, declinou do convite. Ele também confirmou presença no anúncio da vice.

A senadora Simone Tebet (MDB), única mulher entre os principais candidatos à Presidência da República, disse em entrevista ao Universa nesta quinta-feira (28), que a população brasileira ainda não está preparada para avançar na discussão sobre o aborto, além do que já está determinado por lei. 

"Nós estamos diante de uma sociedade conservadora. Hoje, a população não está preparada para discutir a questão do aborto além do que já é previsto em lei", declarou.

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No entanto, acredita que nos últimos sete anos, período em que está no Senado, nunca se avançou tanto em matérias legislativas voltadas para a mulher. Por outro lado, a pré-candidata avalia que na hora de colocar em prática, os políticos ainda ficam devendo às mulheres. 

"Primeiro porque temos um governo que não acredita na legislação aprovada, temos um governo misógino, que entende essas políticas públicas com olhar de retrocesso. Segundo porque em muitos estados ainda faltam boa vontade e recursos financeiros", aponta.

"Eu estou cansada de lutar sozinha. O machismo é cultural, é estrutural, e o Brasil é dos países mais violentos em relação a suas mulheres. Esse prognóstico nós já temos, mas e aí? Queremos que os homens se somem à luta pelos direitos e pela segurança das mulheres", complementa.

Se eleita, Tebet promete a moradia como principal ponto para as mulheres brasileiras. "Não há política pública mais importante para a família do que moradia própria. Quero resgatar a construção de casas populares, e a chave da casa própria, em 95% dos casos, é entregue para as mulheres. É disso que elas precisam para terem autonomia: casa própria no nome delas para poderem, em caso de violência, expulsar um pai pedófilo, que bate, espanca os filhos ou a própria mulher. Isso é prioridade absoluta", destaca.

Uma linha de políticas públicas específicas para o público feminino empreendedor e a garantia da proteção à criança e ao adolescente por meio da criação de uma secretaria nacional dedicada ao ensino - desde a creche ao ensino médio -, também está na pauta de Simone. 

  O ministro Edson Fachin, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), negou nesta terça-feira (26), uma ação apresentada por uma ala do MDB, que buscava cancelar a convenção que deve oficializar a senadora Simone Tebet (MS) como candidata da sigla ao Planalto. A ação é ligada ao Senador Renan Calheiros (AL). A cerimônia está marcada para próxima quarta-feira (27). 

O grupo que moveu a ação é contra a candidatura de Simone, pois preferem apoiar a pré-candidatura do ex-presidente Lula (PT). Além disso, o pedido que foi assinado pelo presidente de Cacimbinhas, Alagoas, Hugo Wanderley, afirma que o MDB cometeu "grave irregularidade" ao definir que a reunião seria feita virtualmente. 

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 Em contrapartida, Fachin argumentou que no ato convocatório, o partido garante o sigilo dos votos mesmo em votação virtual, e o requerente não apresenta "prova minimamente robusta" de que a garantia não será cumprida.  

Pré-candidata do MDB à Presidência, a senadora Simone Tebet (MS) disse nesta sexta-feira, 22, que a ala do MDB que pressiona o partido para apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é uma foto que "cheira a naftalina".

A declaração é uma resposta ao senador Renan Calheiros (MDB- AL), que ameaçou judicializar a convenção do partido que deve homologar a candidatura.

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"Esses caciques são sempre os mesmos que tiveram no passado com Lula. Vejam a fotografia. Ela tem cheiro de naftalina", disse Simone.

A senadora falou com os jornalistas em São Bernardo do Campo, onde recebeu o apoio formal do prefeito Orlando Morando (PSDB).

O tucano e Simone visitaram a Fábrica de Cultura Bruno Covas e em seguida se reuniam no diretório local do PSDB, que foi o 1º do Brasil a declarar apoio formal à senadora.

A pré-candidata do MDB fez uma ressalva. "Michel Temer não faz parte daquela fotografia. Ele é um homem honrado".

O prefeito Orlando Morando e o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, criticaram a decisão do PSDB de Minas Gerais de declarar apoio a Ciro Gomes (PDT) na disputa presidencial.

"O PSDB nacional tomou uma decisão pela aliança com o MDB. Qualquer Estado que fizer diferente poderá ser punido", afirmou Morando.

Tebet disse ainda, sem citar nomes, que não tem medo de cara "feia" e classificou como uma "rasteira" a ameaça de judicialização. "Confio na Justiça desse País. Minha preocupação com isso é zero", disse Simone Tebet.

Um projeto apresentado no Senado busca proteger as mulheres contra brechas na interpretação da Lei Maria da Penha que levam à não aplicação de medidas protetivas previstas nessa norma (PL 1.604/2022). De autoria da senadora Simone Tebet (MDB-MS), a proposta considera violência baseada no gênero qualquer situação de violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da causa e da motivação. Além disso, determina que a aplicação das medidas protetivas não depende da condição do ofensor ou da ofendida. 

Simone afirma que a sua intenção é corrigir as brechas que permitem desvios de interpretação de tribunais que vão contra o espírito da Lei Maria da Penha, que é o de assegurar às mulheres proteção contra a violência. Ao apresentar o projeto, ela citou exemplos de interpretações que restringiram o âmbito de aplicação da Lei Maria da Penha, excluindo sistematicamente dessa proteção legal muitas mulheres que sofrem violência de pessoas que moram em suas casas. 

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“Tudo tem sido motivo para não aplicar a Lei Maria da Penha: conflitos familiares ou domésticos, conflitos de visitação aos filhos, conflitos patrimoniais, uso de álcool ou drogas pelo ofensor ou vítima, suposta ausência de vulnerabilidade ou hipossuficiência da vítima, transtornos mentais, deficiência, ausência de coabitação, dependência financeira ou hierárquica, idade jovem ou avançada da vítima, ou prática concomitante de violência contra o homem, entre outros”, ressaltou ela.

  A senadora afirma que uma das fontes dessas interpretações é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que ela considera equivocado, de que os juízes devem analisar no caso concreto se a violência contra a mulher foi ou não uma “violência baseada no gênero” para justificar a aplicação da Lei Maria da Penha.  Simone cita uma decisão do STJ segundo a qual, "para a aplicação da Lei 11.340/2006 [Lei Maria da Penha], não é suficiente que a violência seja praticada contra a mulher e numa relação familiar, doméstica ou de afetividade, mas também há necessidade de demonstração da sua situação de vulnerabilidade ou hipossuficiência, numa perspectiva de gênero". 

Para a senadora, a questão de gênero é um fato objetivo, sempre subjacente na violência doméstica e familiar, já que irmãs sofrem mais violência que irmãos; idosas sofrem mais violência que idosos; e mulheres sofrem mais agressões por parte de parceiros e familiares drogados ou bêbados do que os homens. 

“Dessa forma, seja como motivo principal, como pretexto ou como elemento contextual facilitador, a questão de gênero sempre está presente na violência contra vítima mulher, de modo explícito ou implícito, consciente ou inconsciente, na conduta do agressor e da vítima, mas também nas instituições”.  Regras Além de prever a aplicação das medidas protetivas em todos os casos de violência contra a mulher, o projeto busca evitar imposições que Simone considera descabidas para a concessão das medidas. Para isso, o texto inclui na lei a determinação de que as medidas protetivas de urgência serão concedidas em juízo de cognição sumária, ou seja: com base na probabilidade, sem a análise exaustiva das provas. 

De acordo com a proposta, a concessão será dada a partir do depoimento da ofendida. E só poderão ser indeferidas as medidas se, posteriormente, for comprovada a inexistência de risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da mulher ou de seus dependentes. 

O texto também prevê que as medidas serão concedidas independentemente da tipificação penal da violência, do ajuizamento de ação penal ou cível, da existência de inquérito policial ou do registro de boletim de ocorrência.  Segundo o projeto, as medidas protetivas de urgência vigorarão enquanto persistir risco à integridade da vítima ou dos dependentes. 

*Da Agência Senado

Presidenciáveis manifestaram preocupação com uma possível escalada da tensão nas eleições deste ano e foram às redes neste domingo, 10, condenar a violência durante a campanha eleitoral, que só começa oficialmente em agosto. O estopim para que os pré-candidatos se posicionassem a respeito do assunto foi a morte do guarda municipal Marcelo Arruda, assassinado em Foz do Iguaçu (PR) neste sábado, 9, durante uma festa de aniversário com decoração inspirada no Partido dos Trabalhadores (PT). O presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não se manifestou sobre o assassinato.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se pronunciou em suas redes sociais e prestou solidariedade às famílias. "Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda", escreveu.

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Em sua publicação, Lula também pediu "compreensão e solidariedade com os familiares" de José da Rocha Guaranho e sugeriu que ele foi influenciado pelo "discurso de ódio" do presidente Jair Bolsonaro.

Ciro Gomes

O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes (PDT) disse que o ódio político precisa "ser contido", citando a morte de "dois pais de família" fruto de uma "guerra absurda, sem sentido e sem propósito". "É triste, muito triste, a tragédia humana e política que tirou a vida de dois pais de família em Foz do Iguaçu. O ódio político precisa ser contido para evitar que tenhamos uma tragédia de proporções gigantescas."

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Tebet

Em nota à imprensa, a senadora Simone Tebet (MDB) afirmou que os episódios de violência refletem o acirramento da polarização política no País, fenômeno ao qual sua pré-candidatura se coloca como alternativa. "Lamento profundamente as mortes violentas em Foz do Iguaçu. Me solidarizo com as famílias de ambos. Mas o fato é que esse tipo de situação escancara de forma cruel e dramática o quão inaceitável é o acirramento da polarização política que avança sobre o Brasil. Esse tipo de conflito nos ameaça enormemente como sociedade. É contra isso que luto e continuarei lutando", afirmou a presidenciável.

André Janones

O deputado federal André Janones (Avante) afirmou considerar inexplicável que a "paixão" por convicções políticas seja capaz de causar tragédias como a de Foz do Iguaçu. "O debate ideológico sem qualquer base racional leva a tragédia que vamos lamentar profundamente. Ninguém vai conseguir explicar essa paixão que leva um ser humano odiar o outro por convicções políticas diferentes. Hoje nós vamos lamentar, desejar condolências às famílias", publicou ele.

Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados

Luciano Bivar

Já o pré-candidato Luciano Bivar (União Brasil) descreveu como "doença" a causa de episódios como esse. "Inadmissível onde chegamos. Esta doença 'política' contaminou nossa gente, até aqueles que amamos lá na casa da esquina", afirmou.

Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Onda de violência

Outros episódios de ameaça e intimidação a eventos e pessoas relacionadas à pré-campanha presidencial ocorreram nas últimas semanas. Ao menos dois atos políticos do PT registraram ocorrências contra os participantes por parte de críticos ao partido.

Em um deles, no Rio, uma bomba caseira com fezes foi lançada contra o público que assistia ao ato do qual participava o pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva, na última quinta-feira, 7. Em outra ocasião, no mês passado, um drone despejou um líquido malcheiroso sobre apoiadores do ex-presidente em Uberlândia (MG).

Recentemente, o juiz Renato Borelli, responsável pela ordem de prisão preventiva contra o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, passou a relatar o recebimento de ofensas e ameaças em suas redes sociais. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), insatisfeitos com a condenação, fizeram comentários xingando o magistrado e acusando-o de favorecer a esquerda. Como mostrou o Estadão, porém, ele já havia emitido condenações a políticos de outros partidos antes, inclusive do PT. Na última quinta-feira, o carro de Borelli foi atingido por um artefato contendo terra, ovos e estrume enquanto o juiz se locomovia em Brasília.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata à Presidência da República, afirmou nesta quinta-feira (30) que o Plano Real garantiu a estabilidade econômica do País em um período em que a inflação chegava a dois dígitos por mês. A declaração foi feita durante participação em seminário virtual sobre o Plano Real, promovido pela Fundação Astrojildo Pereira.

"O Plano Real provocou uma revolução social transparente e paulatina. Novamente estamos vendo a manipulação de preços com mudanças na Constituição para aprovar medidas eleitoreiras. Tudo é feito para rasgar a estabilidade conquistada com o Plano Real. O Bolsonaro quer gastar para ganhar voto", disse.

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A senadora e pré-candidata à Presidência Simone Tebet (MDB-MS) afirmou, nesta quarta-feira (29), que se coloca na disputa de outubro como defensora da população em situação de rua, das famílias que "estão procurando comida no lixo, como víamos nos anos 1990" e de "um governo afetivo" para retomar o crescimento econômico com "a iniciativa privada como parceira". Ela participou de evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília, no qual também falam nas próximas horas o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ao reforçar seu nome como alternativa à polarização política, Simone reforçou o otimismo com a recuperação econômica do Brasil. "Vivemos no melhor país do planeta. Temos condições de oferecer melhores condições a todos. Com amor, é possível reconstruir o Brasil", disse, após destacar que o País precisa, com urgência, sair "do mapa da fome".

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"Pedi à minha mãe para defender as (eleições) Diretas. Nunca imaginei que, depois de 20 anos de mandatos consecutivos, eu tivesse que ver, em grandes cidades brasileiras, barracas abrigando famílias inteiras, mães amamentando crianças na rua. Nunca imaginei que tivéssemos tanto retrocesso civilizatório", afirmou a senadora, logo após criticar o atual governo por "políticas negacionistas" e "desconhecimento de grandes problemas do País".

Em respostas a empresários e representantes da entidade industrial, Simone Tebet se comprometeu a concretizar a reforma tributária nos seis primeiros meses de governo, caso seja eleita presidente. Ela também mencionou o que classifica como "demora dos governos do PT" em fazer parcerias com a iniciativa privada.

"A iniciativa privada, através da indústria, tem condições de gerar os empregos necessários para a população e o governo precisa fazer sua parte."

"O Brasil é um dos que mais pagam impostos no mundo. O problema é que gastamos muito e gastamos mal", disse, citando proposta de reorganização do Orçamento. Simone também destacou como diretrizes de seu projeto de governo o desenvolvimento sustentável, valorização do agronegócio aliado à preservação do meio ambiente e políticas de direitos humanos.

Ela agradeceu aos representantes da indústria por investimentos em pequenos municípios, citou experiência como prefeita de Três Lagoas, cidade onde nasceu no interior do Mato Grosso do Sul, e a importância da instalação de fábricas de celulose para geração de empregos diretos e indiretos na região. "Peguei um caixa quebrado onde haviam se passado dez anos sem se construir uma escola", lembrou.

Simone Tebet também defendeu a preservação da floresta amazônica, mencionou indústrias de fertilizantes e falou em "trazer a iniciativa privada como parceira" para investimentos no setor de energia sustentável.

"De vez em quando, mulher na política roda a baiana. A gente sabe gritar, sabe se indignar", afirmou, ao citar experiências com opositores no Congresso e negociações sobre empresas da economia verde.

Uma assessora do gabinete da senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata à Presidência, tentou editar o verbete da parlamentar na Wikipédia, mas acabou bloqueada pela plataforma. As alterações diziam respeito, principalmente, a sua atuação em relação à demarcação de terras indígenas. Em nota, a assessoria da senadora disse que as informações disponíveis são "equivocadas".

O trecho que gerou o problema diz que "um dos principais projetos defendidos por Simone Tebet no Senado Federal trata da suspensão das demarcações de terras indígenas e pagamento de indenizações para fazendeiros". O texto disponível no site também diz que há conflito de interesse no caso, porque "a senadora é proprietária de uma fazenda em Caarapó, Mato Grosso do Sul".

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Além disso, o texto da Wikipédia relata que "Eduardo Rocha, marido de Simone Tebet e deputado estadual no MS, foi um dos nomes mais atuantes da Comissão Parlamentar de Inquérito aberta na Assembleia Legislativa do MS para investigar o Cimi". O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) é uma organização ligada à igreja Católica e direcionada à defesa dos povos indígenas.

Substituição

Em nota, a assessoria da senadora diz que tenta desde 2021 atualizar a página e alterar o que chamou de "informações equivocadas", que teriam sido baseadas em notícias da empresa que apresentariam "teor enviesado e negativamente tendencioso". Afirma também que a "verdade dos fatos" pode ser verificada nos documentos do Senado. A nota conclui que a senadora "enviará protesto formal à plataforma para que corrija essa injustiça".

Ao Estadão, a assessoria da senadora apresentou o texto que teria apresentado para substituir o presente hoje na Wikipédia. O novo conteúdo ameniza o tom crítico. A primeira diferença está no título da secção, suprimindo o termo "suspensão" e mantendo apenas "Demarcações de terras indígenas". Além disso, o texto apresenta uma versão mais extensa, com uma contextualização que afirma que as ações da senadora teriam como objetivo "pacificar o problema histórico devido à presença de não-índios em terras indígenas".

Há ainda a indicação de que, de fato, Simone Tebet teria apresentado uma sugestão para que a indenização aos proprietários que tivessem sua terra desapropriada fosse paga em dinheiro, e não em precatórios. Segundo a assessoria, isso seria fundamental para pequenos produtores reconstruírem sua vida em outro lugar. A proposta surgiu como emenda à PEC 71/2011, do senador Paulo Bauer (PSDB/SC). "Hoje tramita como PEC 132/2015 na Câmara dos Deputados e ainda aguarda criação de Comissão Temporária", afirma.

O texto também não nega que a senadora "chegou a apresentar projeto de lei para suspender, por período determinado, a possibilidade de estudos antropológicos em áreas conflagradas", mas acrescenta que ela retirou o projeto de tramitação e pediu seu arquivamento, ainda em 2015.

Além disso, a assessoria do gabinete da senadora afirmou que esses não são os principais projetos da senadora e que a Wikipédia não menciona, por exemplo, sua atuação na CPI da covid-19 ou como líder da bancada feminina no Senado.

Para a Wikipédia, no entanto, as alterações feitas pela equipe de Simone Tebet em seu próprio verbete configuram conflito de interesse, pois a favoreceriam. A edição dos verbetes da Wikipédia é livre, mas deve atender regras estabelecidas pela comunidade.

Projetos de demarcação de terras indígenas

O Estadão conferiu as informações e a PEC 132/2015, de autoria do senador Paulo Bauer, está, de fato, aguardando criação de comissão temporária na Câmara dos Deputados. Ela versa sobre "permitir a indenização de possuidores de títulos dominiais relativos a áreas declaradas como indígenas e homologadas a partir de 5 de outubro de 2013".

Também confirmou que a PLS 494/2015, de autoria da senadora Simone Tebet, foi retirada pela autora em junho de 2018. O texto propunha proibir "a adoção de qualquer procedimento conducente à reforma agrária", como estudos para demarcação de terras, no caso de propriedades invadidas entes da realização desses mesmos estudos. A proibição duraria dois anos, ou o dobro, no caso de reincidências.

A justificativa apresentada era de "desestimular o uso da violência no campo", no que o texto chamou de "ocupações truculentas" que estariam ocorrendo "como forma de pressionar o governo a promover novas demarcações". Na época, a proposta recebeu críticas por parte de entidades de defesa de direitos humanos.

"A senadora tem vários projetos e relatórios extremamente relevantes e este em questão foi arquivado a pedido da própria senadora anos atrás e, nem de longe, era um dos principais projetos defendidos por ela, conforme está no Wikipédia. Essa desinformação está sendo difundida nas redes sociais", afirma a assessoria de Simone Tebet.

O senador Tasso Jereissati (CE) aguarda o desfecho das negociações no Rio Grande do Sul entre seu partido, o PSDB, e o MDB para selar o acordo com Simone Tebet e ser anunciado como candidato a vice da senadora, pré-candidata à Presidência. Segundo pessoas próximas, o tucano já aceitou o "desafio", mas só vai falar do assunto após formalizado o acordo.

Aos 73 anos, o empresário e parlamentar cearense, um dos últimos representantes da velha guarda tucana em atividade na política nacional, tem o apoio integral do PSDB e se prepara para entrar na campanha presidencial enquanto estreita laços com o clã Ferreira Gomes, de Ciro e Cid Gomes, e mantém pontes com o petista Luiz Inácio Lula da Silva.

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Após Simone Tebet registrar 1% na mais recente pesquisa Datafolha, a pressão para a indicação do nome de Tasso cresceu. "Minha ligação com o Tasso é umbilical. Tenho uma história de vida com ele. Começou com meu pai e depois fomos colegas no Senado por sete anos. Mas a escolha é do PSDB", disse Simone em entrevista ao Estadão.

A indicação de Tasso na chapa, segundo tucanos e aliados, sedimenta o apoio do PSDB nos Estados ao palanque de Simone e ainda aproxima a senadora de Ciro Gomes. Além disso, afasta o MDB de vez do bolsonarismo e reforça a hipótese de apoio da terceira via ao expresidente Lula em um eventual 2.º turno. O ex-senador José Aníbal (PSDB-SP) lembrou que, em 1993, Tasso chegou a ser cotado como vice de Lula: "Ele sempre teve um bom diálogo com o PT e Ciro. É aberto e bom de conversa".

Em agosto do ano passado, Tasso recebeu Lula em seu escritório em Fortaleza e eles apareceram juntos em foto divulgada nas redes sociais. O ex-presidente costuma lembrar que se emocionou com uma carta do senador quando estava preso e perdeu o neto.

Não há expectativa de que Ciro ou Simone desistam de suas candidaturas, mas a indicação de Tasso como vice estreita os laços entre os dois projetos, que devem caminhar lado a lado nos debates e eventos da campanha.

"Tasso e Ciro têm a mesma origem política, que foi o enfrentamento às oligarquias do Ceará", disse o cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco, do Recife.

Ciro foi sucessor de Tasso no governo do Ceará, em 1990, e depois ministro da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso por indicação do aliado. Em 2010, eles romperam por causa de divergências locais, mas começaram a se reaproximar após a eleição de Jair Bolsonaro em 2018.

DIÁLOGO. Para a cientista política Raquel Macedo, da Universidade Federal do Ceará, a escolha de Tasso na chapa de Simone potencializa o diálogo da pré-candidata com as forças da terceira via. "Ele é um interlocutor com a terceira via, sim. Ele assumidamente não é de esquerda, nem adota pautas bolsonaristas. É um político preocupado com o equilíbrio financeiro, mas também com pautas humanitárias", afirmou Raquel. "Ele assume a linha que Fernando Henrique já representou. Ele é um liberal moderado."

Apesar da dedicação à política, Tasso é um empresário bem-sucedido dos ramos de bebidas, shopping centers e comunicação. O tucano tem boa interlocução com o mercado financeiro e grandes empresários, e deve ajudar Simone a construir pontes com o setor.

Após consolidar seu nome no MDB e conseguir o apoio do PSDB e do Cidadania para sua pré-candidatura presidencial, a senadora Simone Tebet (MS), de 52 anos, pretende agora abrir canais de diálogo com os demais nomes do centro político. A senadora emedebista vê espaço para uma aproximação com Ciro Gomes, pré-candidato do PDT. "No momento certo essa conversa tem que acontecer e vai acontecer. Estamos no mesmo lado da história. Essa conversa é necessária", afirmou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.

Simone disse ainda que, se for eleita, um dos primeiros atos de seu governo será, por decreto, "rever qualquer avanço de porte de armas".

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Além disso, a senadora se diz contrária à privatização da Petrobras e avalia que o governo tenta intervir de forma equivocada na empresa. "Tem muitas outras estatais para serem privatizadas."

É possível concentrar mais o centro político? Pretende procurar os outros pré-candidatos desse campo?

Na segunda-feira (dia 13) os presidentes dos partidos vão se reunir para discutir essa agenda. Agora não falo mais só pelo MDB, mas sou também o PSDB e o Cidadania. Sou o centro democrático. Os presidentes dos partidos têm autonomia para conversar com os partidos que não têm pré-candidato e em seguida com os que têm.

Pretende abrir um canal de diálogo com Ciro Gomes (PDT) na campanha?

Da minha parte, sem dúvida estou aberta para conversar com o Ciro. Nós dois sempre nos falamos por zap. Me dou muito bem com o irmão dele (o senador Cid Gomes) também. No momento certo essa conversa tem que acontecer e vai acontecer. Estamos no mesmo lado da história. Essa conversa é necessária. Em que sentido, o tempo vai dizer. Hoje o centro democrático tem candidatura própria. Respeito o Ciro, que não abre mão da candidatura. Mas política é diálogo.

Vai tolerar traições políticas na campanha nos Estados onde o MDB é alinhado com Lula ou Bolsonaro?

O MDB sempre respeitou os palanques regionais. O PSDB, como um partido democrático que é, também entende que é preciso respeitar. Essa é uma eleição em que o apoio do partido, com o tempo de rádio e TV e a estrutura, nos dá capacidade de crescer. O MDB tem 2 milhões de filiados, e eles estão às margens dos palanques regionais. O crescimento vai fazer com que a gente atraia os palanques. A democracia é a liberdade de escolha. Não quero palanque exclusivo. Quero espaço de fala. Sempre tive que empurrar portas. As coisas não me vieram fácil para eu achar que alguém pode me carregar. Não vou prejudicar qualquer projeto de companheiros. A política é uma via de duas mãos. Em alguns Estados terei dois palanques, em outros vou ter que dividir com outros pré-candidatos.

Que expectativa tem em relação ao seu desempenho nas pesquisas?

O crescimento será proporcional à queda do desconhecimento em relação ao meu nome. Essa é uma eleição de dois rejeitados e que tem uma franja muito grande de eleitores que buscam alternativa. Não é questão de quando, ou se é antes ou depois da convenção. (O crescimento nas pesquisas) pode acontecer antes ou depois. Vai haver um crescimento rápido a partir do momento em que as pessoas se interessarem pela eleição.

As pesquisas mostram que grande parte do eleitorado decide o voto mais tarde. Em 2018 foram 46%, segundo dados de pesquisa da época. Conta com esse 'voto volátil' na reta final?

É mais fácil romper essa barreira e alcançar esse eleitor. Ele não está decidido pelo sim, mas pelo não. Esse é o diferencial dessa eleição que me dá certeza que posso chegar ao 2° turno.

Luciano Huck publicou artigo no 'Estadão' no qual apresentou propostas para o Brasil elaboradas pelo grupo dele e defendeu o diálogo. Esse diálogo já existe?

Existe. Eu tenho um carinho muito grande pelo Luciano Huck. Estivemos juntos em algumas ocasiões. Ele tem um compromisso social muito forte. Li a matéria e concordo com grande parte das propostas apresentadas. Não é muito diferente dos programas que estão no nosso plano de governo. Nossa candidatura vai ganhar musculatura porque tem a capacidade de ouvir. Não vamos entregar o prato pronto.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) será seu candidato a vice?

Confiamos demais no PSDB e sabemos que ele vai entregar o melhor nome para o centro democrático. O PSDB tem valorosos nomes. Minha ligação com o Tasso é umbilical. Tenho uma história de vida com ele.

O teto de gastos foi criticado por Lula. Como vai tratar esse tema se for eleita?

É um grande equívoco (criticar o teto de gastos) de quem não está entendendo a realidade do Brasil. Se você não tem limite para a gastança pública, o dinheiro do povo será usado para benefícios próprios. Se não fosse o teto de gastos, de quanto seria o orçamento secreto no Brasil?

E a reforma trabalhista, qual será a sua posição caso seja eleita?

Não podemos retroceder na reforma trabalhista, mas pactuar com algumas categorias. Não dá para olhar para trás. É hora de falar de reforma tributária e uma reforma administrativa a favor do serviço público.

Mudaria a legislação sobre o porte de armas, que é bandeira do bolsonarismo?

Se eu for eleita, um dos primeiros atos será por decreto rever qualquer avanço de porte de armas. Determinados temas são tão complexos que não pode prevalecer a vontade pessoal de um único governante. Sou contra o porte de armas no Brasil. Votei a favor do porte de armas na zona rural, pelas mulheres. A mulher fica sozinha na sede enquanto o marido vai trabalhar e não tem como proteger seu filho.

O que acha da ideia de privatizar a Petrobras? O que deve ser privatizado?

Sou a favor das privatizações desde que elas tenham um fim social. Houve um momento em que se privatizou para pagar dívida. Isso passou. Temos mais 40 estatais. Mas sou contra a privatização da Petrobras. Podem haver subsidiárias e setores da Petrobras privatizados, como já tem. Mas neste momento em que mesmo estatal ela não consegue conter a alta, se não fizermos o dever de casa em relação ao refino, não dá para falar em privatizar uma estatal que está dando lucro. Vamos com calma. Tem muitas outras estatais para serem privatizadas. São critérios básicos: entre as deficitárias quais não são estratégicas?

Se fosse presidente hoje, faria alguma intervenção na Petrobras para conter a alta dos combustíveis?

Primeiro é preciso ter um presidente da Petrobras com autonomia e capacidade de dialogar com os acionistas. Ele precisa dizer que sim, vocês podem ter lucro, afinal é uma S.A. Ninguém discute isso. Mas a Petrobras tem um fim social. Com esse diálogo é possível fazer uma política nacional estratégica para fazer com que a Petrobras seja autossuficiente na produção e no refino. O governo tenta intervir na Petrobras de forma totalmente equivocada. A gente tem que respeitar a Petrobras como ela é, uma sociedade de economia mista com um função social estratégica para o Brasil. É possível conciliar os dois.

A pré-candidata à Presidência da República pelo MDB, senadora Simone Tebet (MS) foi diagnosticada nesta quinta-feira, 9, com Covid-19, informou sua assessoria. Segundo nota, a parlamentar está com sintomas leves e já tomou três doses da vacina.

Hoje, a Comissão Executiva Nacional do PSDB aprovou a formalização da aliança com o MDB em torno da pré-candidatura presidencial da senadora.

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Por 39 votos a favor, seis contra e uma abstenção, a cúpula do PSDB aprovou nesta quinta-feira, 9, a pré-candidatura da senadora Simone Tebet, do MDB, à Presidência. Após mais de seis meses de negociação, a aliança que reúne PSDB, MDB e Cidadania põe a terceira via na disputa presidencial, mas ainda há muitas divergências para a montagem dos palanques nos Estados.

O nome de Simone passou pelo crivo da reunião ampliada da Executiva Nacional do PSDB, com a participação das bancadas da Câmara e do Senado. Na composição para apoiar o MDB, os tucanos vão indicar mais adiante o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para vice da chapa.

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Os deputados Aécio Neves (PSDB-MG) Alexandre Frota (SP), Paulo Abi Ackel (MG), Eduardo Barbosa (MG), Rossoni (PR) e o senador Plínio Valério (AM) votaram contra o apoio a Simone. O ex-prefeito de Porto Alegre Nelson Marchezan se absteve.

Aécio liderou a ala do partido contra o lançamento de Simone, sob o argumento de que desejava candidatura própria, mas foi derrotado. "Seria uma bênção se a candidatura da senadora Simone pudesse se fortalecer e ocupar esse espaço da terceira via, mas eu vejo que ela está tendo dificuldade no seu próprio partido", disse ele, numa referência às divisões no PSDB.

O racha na seara tucana ficou evidente desde as prévias do partido, em novembro do ano passado, quando o então governador de São Paulo João Doria venceu. No mês passado, porém, Doria foi pressionado a desistir da disputa porque a cúpula do PSDB dizia que sua alta rejeição atrapalhava a candidatura do governador Rodrigo Garcia a um novo mandato. São Paulo é governado pelo PSDB desde 1995 e é a principal aposta do partido para as eleições.

"Todos os votos ‘sim’ (para Simone) foram pelo possível. A alma do PSDB é pela candidatura própria, mas entendemos que o PSDB não existe como fim em si próprio. Existe como fim em permitir o que é melhor para a alternativa dos brasileiros", disse o presidente do PSDB, Bruno Araújo.

O movimento pela terceira via, também batizado pelo grupo de "centro democrático", foi anunciado em meados do ano passado com o objetivo de quebrar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), favorito nas pesquisas. Até agora, porém, muitos nomes ficaram pelo caminho, como o do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro (União Brasil) e o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).

"Nesse momento somos convocados a oferecer uma alternativa. A alternativa caminha para a unidade e a unidade decidida com essa movimentação de hoje é fortalecer essa aliança entre Cidadania, PSDB e MDB com o nome de Simone Tebet e com o nosso vice", argumentou Araújo.

O PSDB e o MDB, porém, ainda se estranham na montagem dos palanques em alguns Estados, como Minas Gerais, Goiás, Pará, Pernambuco e Mato Grosso do Sul.

O presidente do PSDB admitiu divergências nos Estados, mas disse que isso não atrapalha a aliança nacional. "As eleições nacionais não verticalizam todo o processo. Vamos ter Estados onde o próprio PSDB vai ter dificuldade de votar com Simone. Ou a própria Simone vai ter dificuldade de receber o apoio do próprio partido. O que vai valer é o conjunto dessa unidade", afirmou Araújo.

AMEAÇA EM SÃO PAULO. Em Alagoas, por exemplo, uma possível aliança entre o MDB e o PSDB também ameaça um acordo feito em São Paulo, Estado considerado prioridade para os tucanos. A deputada estadual Jó Pereira (PSDB-AL), prima do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), se movimenta para ser candidata a vice na chapa do senador Rodrigo Cunha (União Brasil-AL). Uma ala tucano, no entanto, negocia apoio à pré-candidatura de Paulo Dantas (MDB), afilhado político do senador Renan Calheiros (MDB-AL), ao governo alagoano.

Lira já mandou um recado nas redes sociais e disse que, se o PSDB embarcar na candidatura de Dantas, o Progressistas e o União Brasil não apoiarão Rodrigo Garcia em São Paulo.

"O Progressistas e o União Brasil estão firmes e unidos em fazer cumprir acordos políticos firmados com o PSDB em diversos estados. Quebrar o que foi acordado em AL terá consequências à aliança, principalmente em SP. Na política, o cumprimento de acordo é fundamental à democracia", afirmou Lira nas redes sociais.

Araújo minimizou o atrito e disse que um acordo pode ser construído. "A manifestação do presidente Arthur nada tem a ver com a manifestação da nossa candidatura presidencial. É um problema de aliança local entre o PSDB, União Brasil e o PP. Vamos estar dedicados a encontrar uma convergência", afirmou.

Para a reafirmar a aliança pela reeleição de Rodrigo Garcia, Araújo lembrou que o PSDB dá suporte ao pré-candidato do União Brasil ao governo da Bahia, ACM Neto. "Nós temos dois Estados símbolos: São Paulo para o PSDB e a Bahia para o União Brasil. Na Bahia nós votamos em ACM Neto. Tenho certeza que não vai deixar de acontecer a mesma coisa em São Paulo", disse.

Há uma ala do MDB, principalmente no Nordeste, que já apoia abertamente Lula e outra, no Sul, que está mais vinculada a Bolsonaro. A cisão também ocorre no PSDB.

Assim como Aécio, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo defendeu a candidatura presidencial de Leite. "Não há nada mais legítimo do que colocar o segundo colocado nas prévias, que teve mais de 40%", afirmou. Perillo esteve na reunião, mas não votou porque não faz parte da Executiva. Simone e Tasso participaram do encontro de forma virtual.

A decisão do PSDB ocorreu um dia depois de o partido acertar um acordo que envolveu o compromisso do apoio dos emedebistas à candidatura de Leite ao governo do Rio Grande do Sul. O deputado estadual Gabriel Souza (MDB) ainda mantém a pré-candidatura ao Palácio Piratini, mas a expectativa é de que ele seja convencido a concorrer como vice do tucano.

Enquanto dirigentes do PSDB e do MDB tentam chegar a um acordo para formar palanque único presidencial, a pré-campanha da senadora Simone Tebet (MDB-MS) tem na retaguarda um marqueteiro com relações com o tucanato. Felipe Soutello, de 50 anos, trabalhou em sua primeira campanha aos 15 anos para José Serra, que em 1986 disputou vaga de deputado federal.

Soutello se filiou ao PSDB, mas hoje nem sequer sabe dizer se sua filiação está ativa no partido. "Minha filiação é de 1989. Fui um dos primeiros na cidade de São Paulo. Não estou na ata de fundação de 1988 porque não tinha idade." Sempre com atuação eleitoral, segue amigo de Serra e de outros tucanos.

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Na parede da sua sala na sede de sua produtora, no Alto de Pinheiros, em São Paulo, há um cartaz com a imagem do prefeito Bruno Covas com os punhos cerrados. Soutello conheceu o neto de Mário Covas em 1995, quando Bruno ainda fazia faculdade e morava com o avô no Palácio dos Bandeirantes.

O marqueteiro virou uma espécie de ideólogo do grupo que conheceu na militância da juventude tucana - mais tarde foi a espinha dorsal da gestão de Bruno. Comandou a campanha do tucano em 2020. Hoje é consultor de Ricardo Nunes (MDB).

Depois de ter feito a campanha ao governo de Márcio França (PSB), em 2018, e de Patrícia Vanzolini para a presidência da OAB-SP, no ano passado, Soutello recebeu convite do presidente do MDB, Baleia Rossi, para cuidar da pré-campanha de Simone.

A proposta surgiu depois de ter sido sondado por pré-candidatos ao governo paulista, entre eles Geraldo Alckmin, de quem é próximo e hoje é vice do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Foi Soutello, aliás, quem sugeriu a Fernando Haddad pela primeira vez, em um jantar no apartamento de Marta Suplicy, em maio do ano passado, a ideia de uma chapa de Lula com o ex-tucano.

Pressão

A missão de Soutello agora é administrar a pressão pelo crescimento de Simone nas pesquisas de intenção de votos e transformar uma pré-candidatura com 2% em um projeto viável. "Em uma campanha de construção de imagem como a da Simone não existe elevador para pegar. Tem escada para subir, degrau por degrau."

Ele admite não ter expectativa de crescimento "vertiginoso" antes do horário eleitoral de TV. "Não há instrumentos de comunicação suficientes para isso. A TV é o instrumento de comunicação determinante para estabelecer a agenda política da eleição. Sem ela, o candidato não se coloca, sobretudo os que não são conhecidos do eleitor."

Serão 45 dias de exposição - de 15 de agosto ao início de outubro - e cerca de 20 programas, além das inserções diárias.

Caso feche com o PSDB, Simone terá em torno de 2 minutos e 30 segundos, ante cerca de 3 minutos de Lula e Jair Bolsonaro (PL), cada.

O desafio é desenvolver uma empatia do eleitorado e tornar a senadora conhecida sem apelar para ataques. "O eleitor do meio não quer bate-boca."

Questionado sobre as chances reais de se quebrar a polarização, o marqueteiro recorre aos números: 40% dos eleitores que já optaram pelas candidaturas de Lula e Bolsonaro "odeiam" essa opção. "É um chute projetar o cenário político de agora com o daqui 30 dias", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Aliados da senadora Simone Tebet (MDB-MS) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE) tentam promover uma aproximação dos dois pré-candidatos à Presidência. A iniciativa visa estabelecer uma convivência pacífica - espécie de pacto de não agressão -, em meio à polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Eles podem construir uma agenda mínima.

Entre as pautas convergentes estão os desafios da economia - a inflação, o desemprego e a pobreza -, a defesa da democracia e a crítica à radicalização imposta no atual ciclo pré-eleitoral. Simone e Ciro se colocam como pré-candidaturas do centro democrático, mas, enquanto ela se situa na chamada terceira via, ele se posiciona mais à esquerda no espectro político.

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Em outra frente, o MDB abriu um canal de diálogo com o Podemos para tentar ampliar a coligação da senadora. O partido chegou até a lançar a pré-candidatura do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro Sérgio Moro, mas a iniciativa foi frustrada com a migração do ex-juiz da Lava Jato para o União Brasil. Atualmente, após a chancela da cúpula emedebista para representar a terceira via, Simone conta apenas com o apoio do Cidadania e espera pela palavra final do PSDB.

'GRANDEZA'

O primeiro sinal do movimento entre Ciro e Simone se deu na participação, na quarta-feira passada, do ex-senador gaúcho Pedro Simon, decano do MDB, em um programa apresentado pelo pedetista nas redes sociais. Na ocasião, Simon classificou como um desastre a "dobradinha" Lula e Bolsonaro e disse que os pré-candidatos do MDB e do PDT precisam "caminhar, discutir e debater com grandeza".

Ciro concordou, elogiou Simone e o pai dela, o ex-senador Ramez Tebet, e se colocou à disposição para o diálogo. "Em qualquer mesa em que o senhor estiver, eu estarei na cabeceira. Me convoque que eu estarei", afirmou ele.

Os presidentes do PDT, Carlos Lupi, e do MDB, Baleia Rossi, reforçaram a ideia. "Estamos abertos para o diálogo com a Simone. Esse é o caminho natural", disse Lupi. "Temos de conversar com todos aqueles que são alternativas à polarização. O diálogo está no DNA do MDB. Não se faz política com veto. Temos de buscar os pontos de convergência", afirmou Baleia Rossi.

A articulação no centro político esbarra, porém, em questões regionais, especialmente no Ceará. No Estado, o MDB e o PDT são rivais históricos. Uma reunião entre Ciro e Simone neste momento, dizem aliados, acirraria os ânimos com o grupo do ex-senador Eunício Oliveira, que é próximo de Lula e se opõe à pré-candidatura da emedebista.

PALANQUE

Do lado da senadora, enquanto os tucanos caminham para um acordo na disputa presidencial, o MDB abriu um canal de diálogo com o Podemos, que ficou sem candidato próprio. As conversas ainda são preliminares, mas integrantes do MDB avaliam que a chapa de Simone com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) na vice, que já indicou que pode aceitar o posto, tem o que chamam de afinidades históricas com o Podemos.

Há resistências. Segundo o senador Álvaro Dias (Podemos-PR), a sigla estaria dividida entre lançar candidatura própria ou liberar os filiados.

FATOR LEITE

A solução do impasse entre o PSDB e o MDB teve de ser adiada porque a senadora cancelou uma viagem ao Rio Grande Sul, que estava prevista para começar nesta quinta-feira, 2, em razão da morte de seu sogro, Agostinho Rocha Segura, de 80 anos, em Três Lagoas (MS). Ele morreu em consequência de um AVC que sofreu na quinta-feira passada.

Simone deve ir próxima semana a Porto Alegre para uma rodada de conversas com líderes locais do MDB e com o ex-governador Eduardo Leite (PSDB). O acordo local passa pela desistência do deputado estadual Gabriel Souza (MDB) de disputar o Palácio Piratini para apoiar o candidato tucano, que deve ser Leite.

Após a desistência de João Doria de disputar o Palácio do Planalto, o PSDB estabeleceu como contrapartida ao apoio a Simone que o MDB abrisse mão de lançar candidatos próprios em três Estados para apoiar tucanos: Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. Nos dois últimos, já está certo que a pré-candidata terá dois palanques.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O número de eleitores que afirmam "não conhecer o suficiente" a senadora Simone Tebet , pré-candidata à Presidência pelo MDB, caiu 13 pontos em um mês, de acordo com pesquisa Ipespe divulgada nesta sexta-feira, 3. De acordo com o levantamento, esse número, que era de 49% no começo de maio, agora é de 36%.

A rejeição à senadora também teve queda, passando de 35% há um mês para 31%. É a menor taxa entre os pré-candidatos, de acordo com a pesquisa. Na outra ponta, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem o maior porcentual de eleitores que não votariam nele "de jeito nenhum", com 59%, seguido pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva (43%) e o pedetista Ciro Gomes (40%).

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Ciro Gomes (PDT) tem o maior potencial de ganhar novos eleitores, pelo levantamento: 43% afirmam que "poderiam votar" no pedetista. O índice dos que cogitam votar em Simone é de 25%, em Lula, 12% e em Bolsonaro, 8%.

A pesquisa Ipespe entrevistou 1.000 pessoas entre os dias 30 de maio 1º de junho 2022. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para mais ou para menos. O registro no Tribunal Superior Eleitoral é o BR-02893/2022.

Após o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB) desistir da candidatura de presidente, a senadora Simone Tebet (MDB) será a mulher que comandará a terceira via. O MDB e o Cidadania confirmaram sua pré-candidatura na última terça-feira (24).

História

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Simone é uma advogada de 52 anos, nascida em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, onde cresceu com a influência política dentro de casa. Filha do do governador Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Ramez Tebet (PMDB), seu pai foi presidente do Congresso Nacional em 2001. Mesmo com esse DNA na política, a senadora priorizou os estudos e com 16 anos foi aprovada na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Depois, tornou-se especialista em Ciência do Direito, pela Escola Superior de Magistratura, e mestre em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Na sua trajetória profissional também deu aulas em universidades particulares e públicas. Apenas com 31 anos que entrou na política.

Trajetória Política

Aos 31 anos, nas eleições de 2002 foi eleita deputada estadual pelo Mato Grosso do Sul, e foi a mulher mais votada para o cargo legislativo. Em 2004, foi a primeira mulher eleita prefeita de Três Lagoas, e dois anos depois foi reeleita ao cargo com mais de 75% dos votos. Depois disso, resolveu renunciar à prefeitura e compor a chapa de André Puccinelli (MDB) na eleição para o governo de Mato Grosso do Sul como vice-governadora. Alguns anos mais tarde, nas eleições de 2014 foi eleita a senadora do seu estado natal. Porém em 2018, iria se candidatar a governadora, mas desistiu após seu companheiro de chapa André ser preso.

No Senado 

Na sua atuação no Senado Federal, Simone foi a única mulher participar da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Além de ter sido uma das senadoras que não teve cargo oficial na comissão, esteve presente na maioria das sessões e interrogando investigados.

Perfil

Segundo a cientista política Priscila Lapa, Simone pode ser considerada do centro direita, que mesmo não trazendo políticas com pautas feministas, durante sua trajetória politica já trouxe alguns temas que tenha essa relação. A questão da violência foi um dos temas que foi levantada pela candidata no senado. No entanto, apesar de ser mulher, ela não tem força com o público feminista não se identifica com pautas do movimento, o que a coloca em um espaço ainda em definição. "Acho difícil, sinceramente, que haja um deslocamento do eleitorado com essa polarização. Apesar dela ser mulher e trazer essa novidade, ela precisa resgatar esse entusiasmo. Não sei se ela tem esse perfil e se há tempo para isso", afirmou Priscila.

Terceira Via

A terceira via é um conjunto de forças políticas que é composta por uma união de partidos como MDB, PSDB, Cidadania, que tem como objetivo trazer uma nova alternativa para as candidaturas que atualmente dominam o cenário eleitoral que são Lula (PT) e Bolsonaro (PL). De acordo com Priscila, a chegada de Simone pode oxigenar e fortalecer essa força, já que é um novo nome nesse espaço de terceira via.

"Ela é um nome que desperta força política para um segmento específico do eleitorado, justamente aquele que presta mais atenção na sutileza desse processo eleitoral. Que são aqueles partidos políticos que estão conectados com essa agenda da mulher na política. Porém, ela tem um conjunto de atuação com muitas barreiras para sua atuação, por ser senadora de um estado que não é muito populoso, além de não ser muito conhecida nacionalmente. Ela não é conhecida no Nordeste e no Sudeste, que são os locais onde uma eleição presidencial ela se constitui", destacou.

DataFolha

Segundo pesquisa do instituto DataFolha, que revelou os índices de infeção de voto, realizada nesta quinta-feira (26), Simone aparece em 4º lugar empatada com André Janones (Avante), ambos com 2% dos votos. Acima deles estão Lula(PT) em 1º lugar com 48%, Bolsonaro (PL) com 27%, e no terceiro lugar Ciro Gomes com 7% dos votos. Os outros dois candidatos, Pablo Marçal (Pros) e Vera Lúcia (PSTU) tiveram apenas 1%. E por fim existiram 7% dos entrevistados que votaram em branco/nulo e 4% ainda não sabe.

A Executiva Nacional do MDB e diretórios estaduais se reuniram nesta terça-feira, 24, para confirmar o apoio à pré-candidatura presidencial da senadora Simone Tebet (MDB-MS). A reunião aconteceu em meio a conflitos internos do PSDB, que havia se comprometido a anunciar apoio à emedebista nesta terça, mas adiou uma definição devido a uma ala que prefere ter candidato próprio. A Executiva Nacional do Cidadania também formalizou apoio ao nome de Tebet.

"Eu tenho convicção que o PSDB conseguirá maioria absoluta para vir para este movimento do centro democrático. Não é algo que a gente está discutindo ontem e nem hoje, a gente está há bastante tempo dialogando", afirmou o presidente do MDB, Baleia Rossi, após o encontro.

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O presidente do partido também falou sobre a importância de apresentar uma candidatura que seja alternativa ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Neste momento de polarização, dessa política de briga, que mais parece uma briga de torcida organizada de futebol, temos a responsabilidade de apresentar um nome que é novo, mas com grande envergadura, grande experiência política e com projeto de País", afirmou.

A reunião aconteceu na sede nacional do partido, em Brasília, e também contou com a participação remota de alguns filiados. Importantes caciques regionais declararam estar a favor do projeto presidencial de Simone, como a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney e o ex-senador Romero Jucá (RR), ambos presidentes dos diretórios de seus Estados. Os prefeitos de São Paulo, Ricardo Nunes, e o de Porto Alegre, Sebastião Melo, também fizeram coro aos apoiadores da pré-candidata.

Apesar disso, diretórios estaduais que são publicamente contra que o MDB tenha candidatura própria, como os do Ceará, Alagoas e Paraíba, não participaram.

"Eu não quis participar porque minha posição é pública. O desafio agora está com ela, mexer na fotografia das pesquisas", disse o presidente do MDB de Alagoas, senador Renan Calheiros ao Estadão.

Apoiador de Lula, Renan afirmou também que há colegas de partido que querem estar com Bolsonaro. "O MDB continua com três bandas fortes definidas. Uma é Bolsonaro, ali mais ao Sul e em Brasília. Mato Grosso e São Paulo preferem a candidatura da Simone. E Norte e Nordeste preferem o Lula", declarou.

No encontro, o deputado bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ), que se filiou ao partido em março, afirmou que não vai contra a decisão da cúpula da legenda de lançar Simone, mas ressaltou que continua apoiando o atual governo.

Inicialmente a previsão era que o PSDB também anunciasse nesta terça o apoio à Simone, mas uma ala da legenda comandada pelo deputado Aécio Neves (MG) deseja ter candidato próprio.

Mesmo com a decisão do ex-governador de São Paulo João Doria de não ser mais o candidato do PSDB, esse grupo agora cita o nome do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite e do senador Tasso Jereissati (CE) como alternativas.

A avaliação é que o PSDB precisa ter protagonismo e que o MDB pode rifar a candidatura de Simone Tebet durante a convenção, o que deixaria os tucanos sem opção nas vésperas do início da campanha.

A movimentação para barrar a aliança com o MDB tem incomodado o presidente do PSDB, Bruno Araújo, que chegou a afirmar ontem, 23, que "é um desserviço à verdade dos fatos, desrespeito às reiteradas decisões coletivas e, mais grave, ao País".

Os tucanos remarcaram a reunião para decidir o assunto para o próximo dia 2 de junho, na quinta-feira da semana que vem. Baleia Rossi demonstrou confiança em ter o apoio do PSDB. "Vejo no presidente Bruno Araújo e no presidente (do Cidadania) Roberto Freire toda a vontade e esforço para que a gente busque as convergências necessárias para que a gente tenha uma só candidatura", afirmou.

Baleia também deixou claro que uma divisão da terceira via pode fortalecer Lula e Bolsonaro. "Isso é muito importante para que a gente não divida o centro democrático e não deixe com menos chances de crescer uma candidatura alternativa", alertou.

Cidadania também apoia nome de Simone à Presidência

O Cidadania também reuniu sua Executiva nesta terça e decidiu ser favorável à pré-candidatura de Simone. "Com Simone Tebet, MDB, PSDB e Cidadania dão um passo concreto na direção da manutenção da democracia com um programa comum: projetar o Brasil do Século XXI", disse o presidente do partido, Roberto Freire, por meio de nota.

Freire disse ainda que espera "a adesão de liberais, ambientalistas, da nova esquerda e de todos que tenham as liberdades e a democracia como valores universais". Apesar disso, a decisão do Cidadania está atrelada ao que o PSDB vai deliberar. Os dois partidos vão formar uma federação e precisam ter decisões conjuntas nas eleições nacionais, estaduais e municipais por no mínimo quatro anos.

A escolha de Simone Tebet (MDB) para representar a chamada terceira via na eleição presidencial não se explica pela principal informação revelada nas pesquisas de intenção de voto. Com apenas 2% da preferência, a senadora empata, dentro da margem de erro, com o ex-governador João Doria (PSDB), que chegou a 4% no mais recente levantamento do Ipespe. Em vez da intenção de voto, a resposta que lhe favorece é outra: a rejeição mais baixa. Segundo o instituto, 37% não votariam de jeito nenhum em Simone. Já em relação ao tucano, esse porcentual sobe para 53%.

Mas não é só. Há ao menos mais dois fatores que beneficiam Simone na disputa direta com Doria. O primeiro diz respeito à obrigatoriedade de partidos investirem ao menos 30% dos recursos dos fundos partidário e eleitoral em candidaturas femininas. Com uma mulher disputando a Presidência, o MDB já dará um passo importante no cumprimento da cota, uma vez que campanhas presidenciais devem ter um teto de aproximadamente R$ 70 milhões só no primeiro turno - o partido receberá acima de R$ 417 milhões.

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O segundo fator adicional às pesquisas diz respeito ao apoio interno conquistado ao longo dos últimos meses. Diferentemente de Doria, a senadora tem seu nome defendido pelo presidente nacional da sigla, deputado Baleia Rossi (SP), e conta com a aprovação declarada de 20 dos 27 diretórios estaduais. Essa maioria deve lhe assegurar uma posição confortável na convenção do partido, que costuma ser acirrada.

Considerado por analistas uma espécie de confederação, por abrigar dentro do mesmo guarda-chuva diferentes correntes políticas, o MDB caminha para ter, pela segunda eleição consecutiva, candidato próprio à Presidência da República. Em 2018, a função coube ao economista Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda do então presidente Michel Temer.

Ao contrário da trajetória de conflito trilhada por Doria no PSDB, a candidatura de Simone foi ganhando musculatura. Se no início a pré-campanha era vista no MDB como uma estratégia para marcar posição no debate presidencial, a mesma ganhou terreno nos Estados, especialmente nos mais conservadores. E por um motivo claro: a defesa de Simone se tornou um muro de contenção aos aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se reaproxima de quadros do partido, especialmente na região Nordeste.

Não por acaso o Rio Grande do Sul, onde o MDB tem tradição e força política, tornou-se a principal base da senadora de Mato Grosso do Sul. O coordenador do programa de governo de Simone é o ex-governador gaúcho Germano Rigotto e o ex-senador Pedro Simon, decano da sigla, é um dos mais empenhados cabos eleitorais da pré-candidata.

Com o avanço nas negociações com o PSDB e o Cidadania para o lançamento de uma candidatura única, Simone começa a delimitar os rumos de sua campanha. O marqueteiro já foi escolhido. Será Felipe Soutello, que comandou várias campanhas tucanas, entre elas a disputa vitoriosa de Bruno Covas à Prefeitura de São Paulo, em 2020, e também trabalhou para o então governador paulista Márcio França (PSB), em 2018.

ATIVO

Ao Estadão, Soutello disse que a baixa rejeição é um ativo importante da senadora, mas o desafio maior é torná-la conhecida. Simone será a última presidenciável a aparecer nos comerciais partidários: as inserções do MDB serão exibidas no dia 30 de junho. "O momento agora é de apresentá-la, mostrar a trajetória política e o pioneirismo enquanto mulher em espaços de poder", disse.

De acordo com as mais recentes pesquisas Ipespe, divulgadas neste mês, a senadora ainda é desconhecida por 46% do eleitorado, ficando atrás neste quesito apenas de Luciano Bivar (União Brasil), André Janones (Avante) e Luiz Felipe d’Avila (Novo). Doria, seu adversário direto para se tornar o nome da terceira via, é desconhecido por apenas 8% dos eleitores.

Segundo Soutello, o fato de a senadora ainda ser desconhecida de quase metade da população pode se tornar uma vantagem especialmente sobre o eleitorado feminino, que é maioria também entre os indecisos.

Para o diretor do Centro de Estudos de Opinião Pública (Cesop) da Unicamp, Oswaldo Amaral, os números até agora não sustentam tamanho otimismo. Segundo o analista, apesar de ser mais baixa que de seus concorrentes, a rejeição de Simone já lhe compromete. "Ela tem 37% de rejeição. O ex-presidente Lula tem 43%. Não é tanta diferença assim, especialmente pelo fato de ela ser desconhecida."

'NEM NEM'

Amaral diz que para se viabilizar como opção competitiva, Simone precisaria o mais rápido possível "roubar" votos de Ciro Gomes (PDT) e atrair o eleitorado "nem nem" todo para si. "Além disso, Simone terá pela frente uma dificuldade adicional, a construção dos palanques nos Estados. O MDB é muito diverso do ponto de vista regional e isso pode fazer com que as alianças regionais não reflitam o pacto nacional em torno dela", completa.

Nesse ponto, Simone e Doria combinam. Ambos estão atrás na corrida por aliados que sustentem nacionalmente suas candidaturas e ajudem a evitar a polarização Lula versus Bolsonaro.

 

Os presidentes do PSDB, do MDB e Cidadania decidiram nesta quarta-feira, 18, indicar a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como candidata única da terceira via à Presidência. A decisão ainda precisa passar pelo crivo das Executivas nacionais dos três partidos, que devem se reunir na próxima terça-feira, 24, mas já indica que o ex-governador João Doria, pré-candidato do PSDB, foi rifado.

Pesquisas feitas pelos partidos indicaram que a rejeição a Doria é muito alta e Simone teria maior potencial de crescimento. Doria teve o nome aprovado em prévias do PSDB, em novembro do ano passado, mas, desde então, enfrenta resistências.

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"Até terça-feira que vem fica pública uma posição apresentada aos três partidos. Vamos aguardar para ver se os três partidos confirmam essa posição", disse o presidente do PSDB, Bruno Araújo, ao sair da reunião. "A partir daí, inicia-se um processo entre os dois candidatos postos no qual poderemos passar para a fase seguinte de começar a construir de forma sólida essa aliança, construindo aspectos regionais e demandas que possam fortalecer essa candidatura presidencial", afirmou Araújo.

Em conversas reservadas, o presidente do PSDB já disse que a candidatura de Doria é inviável eleitoralmente e que sua rejeição atrapalha a tentativa de reeleição do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB). A cúpula das três siglas vai trabalhar para que Tebet seja a candidata do grupo. Procurado, Doria não se manifestou até a publicação deste texto.

"Temos consenso entre nós. Vamos ter que colocar para o partido para poder dizer esse candidato que vocês chamam de terceira via", declarou o presidente do Cidadania, Roberto Freire.

Logo após a reunião desta quarta, Araújo comentou uma mensagem em que Doria diz que "o momento é de diálogo". Ele elogiou o ex-governador e afirmou que "é a atitude de um líder que tem compromisso com o seu País".

Integrantes da Executiva do PSDB vão se reunir com Doria antes de terça e tentar fazer com que ele desista de ser candidato a presidente. Ainda não há data e local definidos para o encontro.

Aliados de Doria querem que a reunião seja em São Paulo. "Provavelmente aqui (São Paulo), se for no início da semana", disse o tesoureiro do partido, Cesar Gontijo.

Doria tem demonstrado resistência a abrir mão de ser candidato a presidente e já prometeu judicializar a questão. Além dele, outra ala do partido, também resiste a se aliar com o MDB. O grupo liderado pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG) teme que Tebet seja rifada pelos caciques emedebistas, que estão mais interessados em apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou o presidente Jair Bolsonaro (PL). Aécio também rejeita a candidatura de Doria e prefere que outros nomes do PSDB entrem na disputa, como o do senador Tasso Jereissati (CE) ou do ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite.

O presidente do MDB, Baleia Rossi, afirmou que uma alternativa a Lula e Bolsonaro é importante, criticou polarização e disse que o foco de um projeto de País deve ser resolver os problemas dos brasileiros e não a "briga pela briga".

"A sensação da população é que essa polarização prejudica os brasileiros. Esse é um dado extremamente relevante para a construção de uma alternativa mais equilibrada, moderada, que busque responder aos problemas reais dos brasileiros e não uma briga pela briga", afirmou Baleia.

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