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O corpo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki está sendo velado, neste sábado (21), em Porto Alegre, na sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4). O corpo de Teori chegou, por volta das 7h20, na Base Aérea de Canoas, na Região Metropolitana. A presidente do STF, Carmén Lúcia, acompanha a última homenagem. Ela chegou na capital gaúcha nessa sexta (20).

Desde às 9h, o velório está sendo realizado apenas para os familiares e amigos. A partir das 11h, será aberto para o público. O enterro acontece, às 18h, no Cemitério Jardim da Paz. 

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O juiz Sérgio Moro já se encontra no local. A expectativa é de que uma grande parte dos ministros do Supremo participem do adeus. 

Teori morreu em tragédia aérea, no litoral do Rio de Janeiro, na última quinta-feira (19). O ministro estava de férias e estava indo para a casa de praia do empresário Carlos Alberto Filgueiras, que também faleceu no acidente. Ele era dono do avião. Também faleceram o piloto Osmar Rodrigues; a massoterapeuta de Filgueiras, Maira Lidiane Panas; e a mãe de Maira, Maria Ilda Panas. 

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, entre os dias 19 e 20 de janeiro, perguntou à população se a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki “foi um acidente/fatalidade ou foi um crime/proposital?”. 

Para 83,1% dos entrevistados, a morte foi criminosa. Já os que acreditam que foi um acidente/fatalidade têm um percentual de 15,6%. A minoria, 1,3%, não soube ou não quiseram responder. 

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Também foi perguntado se eram a favor ou contra a nomeação do juiz Sérgio Moro para ocupar a vaga de Teori. Foram contra 65% e 31,1% a favor de que ele ocupe o lugar do ministro. Não sabem ou não responderam atingiu o percentual de 3,9%. 

Foram entrevistados 2.800 pessoas com 16 anos ou mais. A amostra tem um grau de confiança de 95% e uma margem de erro estimada em 2%. A Paraná Pesquisas é registrada no Conselho Regional de Estatísticas e é filiada à Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), desde 2003. Confira aqui a íntegra do estudo. 

O ministro Teori Zavascki morreu, na última quinta-feira (19), em tragédia aérea. Ele tinha 68 anos e era viúvo. Teori tinha se tornado ministro do STF, em 2012, por indicação da então presidente da República, Dilma Rousseff. 

Ele era relator da Lava Jato no Supremo e responsável por processos que envolvem esquemas de corrupção da Petrobras. Foi ele que determinou, entre outras decisões, o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB) da presidência da Câmara dos Deputados e do seu mandato. Cunha está preso desde o dia 19 de outubro de 2016, em Curitiba.

Teori Zavascki passou pela roça, pelo seminário, pelos campos de futebol e por três cidades do oeste de Santa Catarina até, bem mais tarde, se tornar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator da Lava Jato. Na sua cidade natal, a pequena Faxinal dos Guedes, com cerca de 10 mil habitantes, sua morte significou a perda do filho mais ilustre do município e deixou familiares inconformados.

"Tenho medo de que possa ter muita coisa por trás. Quero que façam uma boa investigação", pediu a irmã Delci Zavascki Salvadori, de 70 anos. "A nossa família sempre esteve muito preocupada com o trabalho dele na Lava Jato, mas o Teori sempre nos dizia para ter calma, porque andava com muitos seguranças", disse a dona de casa.

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Delci é a única dos seis irmãos do ministro que ainda mora cidade natal da família de descendentes de poloneses. A ida ao pequeno município era obrigatório para Teori pelo menos três vezes por ano. Fiel às raízes, gostava de aproveitar as folgas com os parentes de forma simples. Churrasco no almoço, seguido de chimarrão e conversas pela tarde adentro na varanda formavam a programação favorita.

A família Zavascki manteve o endereço desde que os pais, um casal de agricultores, começaram a ter os filhos. A mãe, Pia, faleceu em junho, aos 101 anos. Ela morava em uma casa de madeira, no mesmo terreno onde Delci vive em um sobrado com o marido, o empresário Alvor Salvadori. O quintal compartilhado é espaçoso, com um amplo gramado, piscina e lago. Na tarde de ontem, o local estava movimentado pela quantidade de visitas e os parentes estavam com pressa. Às 16h30, eles foram para Xanxerê, de onde pegariam o avião particular para ir ao funeral, em Porto Alegre.

Embora gostasse de falar com os parentes, Teori tinha um assunto vetado no bate-papo. "Ele não contava nada do trabalho. Era discreto demais. Nunca gostava de aparecer", disse a irmã. "A gente se falava por telefone quase toda semana. O Teori sempre demonstrou estar tranquilo, nunca me pareceu inseguro sobre possíveis riscos", relembrou, aos prantos.

A prefeitura local decretou luto oficial de três dias. A bandeira da prefeitura estava a meio mastro. Os habitantes da cidade conhecem a história de Teori como se já tivessem lido sua biografia. Até na igreja há ligação com o filho ilustre. O pároco, Ivo Pedro Oro, estudou durante seis anos no seminário com Teori.

Vida religiosa

A convivência entre os dois começou em 1961 e foi até 1967. Nos dois anos iniciais, a dupla foi colega de estudos em Lindoia do Sul, a 58 km de Faxinal. Depois, ambos migraram para Chapecó, a maior cidade da região, a cerca de 60 km. Foram mais quatro anos juntos até Ivo decidir continuar a vida religiosa e estudar em Curitiba. Já Teori, aos 18 anos, preferiu se mudar para Porto Alegre e seguir o irmão Olyr Zavascki, que já advogava na capital gaúcha.

"O Teori era um aluno excelente. Tivemos uma grande amizade. Ele era inteligente, criativo, lia muito e escrevia muito bem nas redações", contou Ivo, por telefone. Os dois passaram décadas sem se ver até o religioso ser transferido para Faxinal dos Guedes, há sete anos.

Nesse período, foram três encontros. Todos duraram no mínimo uma hora e meia de conversa. "Acho que ele aprendeu a ser discreto com o seminário. Estava sempre de chinelos, não queria ser chamado por senhor e vetou falar do Supremo. Ficávamos relembrando o passado, principalmente os jogos de futebol", contou. A vontade de seguir carreira no direito superou o sonho alimentado desde a infância em ser padre. O prédio onde funcionava o seminário em Chapecó hoje abriga uma universidade particular. Por coincidência, um dos cursos principais é Direito. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello sugeriu o nome do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para integrar a Corte, em substituição a Teori Zavascki, que morreu anteontem em um acidente aéreo no litoral de Paraty, no Rio de Janeiro.

Em entrevista ao Estado, Mello afirmou também que não vê riscos à Lava Jato, mas fez a ressalva de que a hipotética indicação do juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, que comanda os processos na primeira instância, traria um "duplo prejuízo" à operação.

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Perfil

Marco Aurélio disse que "o perfil ideal é um nome com bagagem jurídica e experiência" para suceder Teori.

"Aí nós temos, por exemplo, o ministro que está no Ministério da Justiça, que foi do Ministério Público, é professor, constitucionalista, foi secretário de Segurança Pública do (ex-)prefeito (Gilberto) Kassab, secretário de Justiça e Segurança Pública do governo (Geraldo) Alckmin, e aceitou o sacrifício de ir para Brasília trabalhar no Ministério da Justiça", disse.

A atribuição de indicar o novo ministro do Supremo é do presidente da República, Michel Temer. Marco Aurélio, no entanto, disse que o indicaria. "Se a caneta fosse minha."

Afirmando que não vê riscos à Lava Jato, o ministro fez apenas uma ressalva: "O risco ocorreria, por exemplo, se escolhêssemos este grande nome da magistratura, para ir para o Supremo, né? Ressalto que é o juiz Sergio Moro. Por quê? Porque ele domina o processo que está em curso no Paraná, os diversos processos. E, no Supremo, estaria impedido de julgar, no grau recursal ou habeas corpus, esses processos, em que já havia atuado na primeira instância. Aí teríamos um duplo prejuízo, perderíamos uma pedreira da magistratura, que é a primeira instância e também no Supremo."

Uma campanha foi iniciada na internet com a hashtag #moronoSTF. O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero foi um dos que compartilharam este desejo.

O velório e enterro do ministro Teori Zavascki serão realizados neste sábado (21), em Porto Alegre, na sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). Apesar de ter nascido em Santa Catarina, as últimas homenagens ao ministro ocorrerão na capital gaúcha por ter sido o local em que iniciou sua trajetória na magistratura. O velório deve começar por volta das 11h. Já o enterro, às 18h, no cemitério Jardim da Paz, também na capital gaúcha.

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, nesta sexta-feira (20), já desembarcou em Porto Alegre para participar do adeus a Zavascki. Ela deve visitar, hoje, a família do ministro. 

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Também acompanharão a última homenagem o presidente Michel Temer e outros ministros. Zavascki morreu, nessa quinta-feira (19), em acidente de avião em Paraty, no Rio de Janeiro. Ele era responsável pelos processos da Operação Lava Jato.

Um dia depois da morte do ministro Teori Zavascki, o presidente Michel Temer se reuniu na manhã desta sexta-feira (20) no Palácio do Planalto com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e com os comandantes das Forças Armadas.

A notícia da morte do relator dos processos da Lava Jato no STF chocou o Planalto. Segundo auxiliares do presidente, Temer considerava o ministro "sóbrio e correto" na condução dos processos. Ainda que não tivessem uma relação íntima, havia um sentimento de respeito mútuo.

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Interlocutores de Temer destacam que Teori assumiria um protagonismo ainda maior neste ano, ao ser personagem central nos desdobramentos das investigações da Operação Lava Jato.

Temer deverá ir ao velório de Teori, a ser realizado em Porto Alegre na sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que foi presidido pelo ministro de 2001 a 2003. Auxiliares palacianos estão à espera da liberação do corpo pelo Instituto Médico Legal (IML) e da confirmação da data e horário do velório para enviarem uma equipe precursora.

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, já está em Porto Alegre e também irá ao velório.

Segundo o Broadcast Político (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou, Temer já colocou à disposição da família de Teori uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para fazer o transporte do corpo.

Mais cedo, o presidente recebeu no Planalto a ex-ministra do STF Ellen Gracie, que acompanhou audiência de Temer com o presidente da Janssen no Brasil, Bruno Costa. "Eu tinha Teori como um irmão. Tivemos a oportunidade de trabalhar juntos por 30 anos. Durante minha presidência no Tribunal Federal da 4ª região, fiz com ele uma dobradinha. Ele era meu vice-presidente", disse Ellen a jornalistas, ao deixar o Planalto.

Com a morte do relator da Lava Jato no STF, ministro Teori Zavascki nesta quinta-feira (19) ganhou repercussão nas redes sociais e até entre alguns políticos a ideia de que o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação em Curitiba, seja nomeado pelo presidente Michel Temer (PMDB) para a vaga no Supremo.

Uma eventual indicação do magistrado, porém, poderia prejudicar os andamentos da Lava Jato. Além de precisar ser submetido a uma sabatina no Senado, onde 13 parlamentares são investigados pela operação no STF, para ser aprovado para o cargo, Moro ficaria impedido de atuar em vários casos relativos à Lava Jato no Supremo.

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Dentre os processos que seria impedido de atuar, por exemplo, estão os recursos envolvendo as ações penais do ex-presidente Lula e do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) que tramitam em Curitiba, onde ambos são réus na primeira instância acusados de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobrás.

"A grande questão aqui é que caso vá para o STF, ele ficará impedido de analisar os recursos ou casos em que ele já tenha atuado, isso é um requisito para que se tenha um Tribunal capaz de controlar os atos das outras instâncias jurisdicionais", afirma a professora da FGV e coordenadora do Supremo em Pauta, Eloísa Machado.

Ela lembra ainda que é direito dos réus que eles possam recorrer a um juiz diferente daquele que os julgam em primeira instância. "É muito difícil um juiz revisar sua própria decisão em grau de recurso e mudar a posição, e é um direito da parte que seja um juiz diferente a analisar esses recursos", explica.

Além disso, no Supremo, Moro não poderia se dedicar exclusivamente à operação, como ocorre na 13ª Vara Federal de Curitiba, e também não poderia manter o ritmo célere que vem adotando na Justiça Federal, pois, em vários casos, suas medidas precisariam ser referendadas pelo STF.

"Os processos no Tribunal são mais lentos, por que exigem composição do colegiado, diferente de um juiz de primeira instância que tem autoridade para decidir o caso sozinho. Moro não poderia se arvorar e decidir as coisas sozinho no Supremo, ele teria que seguir o ritmo do Tribunal, que é o correto", segue Eloísa Machado.

A nomeação de ministros do STF é feita pelo presidente da República e a indicação deve seguir três pré-requisitos básicos: idade entre 35 e 65 anos, notável saber jurídico e reputação ilibada.

Após a indicação do presidente, o nome precisa ainda ser sabatinado pelo Senado que pode referendar, ou não, a escolha do presidente.

Incerteza

Com a morte de Teori Zavascki, o futuro dos processos que estão em seu gabinete, sobretudo os da Lava Jato, ainda são uma incógnita. Pela lei, o ministro a ser indicado pelo presidente Michel Temer para a vaga herda os processos do gabinete, mas há a possibilidade também de que a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, redistribua os processos da Lava Jato para outros ministros antes da nomeação do novo titular para a vaga.

Para isso, a ministra deve considerar que os processos se enquadram no que determina o regimento interno do Supremo para os casos de redistribuição.

O advogado Francisco Prehn Zavascki, filho do ministro Teori Zavascki, que morreu nesta quinta-feira (19), em Paraty (RJ), cobrou uma investigação da morte do pai e disse que nenhuma possibilidade está descartada. "É preciso investigar a fundo e saber se foi acidente ou não, que a verdade venha à tona seja ela qual for", afirmou à Rádio Estadão.

Francisco disse que a família está em contato com autoridades para acompanhar os desdobramentos das investigações. O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) já comunicaram que abriram processos para apurar as causas do acidente. "Ainda não parei para pensar, não deu tempo para pensar com mais calma nisso, mas não podemos descartar qualquer possibilidade. No meu íntimo, eu torço para que tenha sido um acidente, seria muito ruim para o País ter um ministro do Supremo assassinado", disse.

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O filho relatou ainda que havia grupos contrários às investigações de casos de corrupção no País e que o ministro já teria recebido ameaças. Ele era relator dos processos da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), sendo responsável por conduzir os julgamentos de investigados com foro privilegiado. "Seria infantil dizer que não há movimento contrário, agora a questão é o que o movimento seria capaz de fazer", afirmou.

Francisco Zavascki disse que o pai estava bastante concentrado na homologação das colaborações premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht, o que estava programado para ocorrer em fevereiro. "Ele tinha perfeita noção do impacto que tem no País e que isso poderia realmente fazer o País ser passado a limpo."

O velório do corpo do ministro do STF vai ser realizado na sede do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre. Data e horário ainda não estão definidos.

O advogado Francisco Prehn Zavascki, filho do ministro Teori Zavascki, morto nessa quinta-feira (19), em um acidente aéreo em Paraty (RJ), afirmou à Rádio Gaúcha que o velório do corpo do pai vai ser realizado na sede do Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, em Porto Alegre, onde o ministro atuou como desembargador.

"A data e horário dependem da liberação do corpo, mas será no Tribunal Regional Federal, que é na verdade o prédio que ele inaugurou, construiu a carreira e tenho certeza que se tivesse que escolher é onde ele se sentiria em casa", disse o filho de Teori.

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Francisco contou que conversou com o pai na última quarta-feira (18), quando Teori teria dito que se preparava para homologar as delações dos executivos e ex-executivos da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato.

"Ele me relatou que a ideia era ter o no início de fevereiro tudo homologado praticamente para poder continuar o trabalho", afirmou Francisco. "Ele tinha uma preocupação muito grande com o trabalho, colocou que estava preocupado com 2017 e que este ano ia ser pior que 2016", contou o advogado.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estava na Suíça quando recebeu a notícia sobre a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki. Imediatamente, ordenou o cancelamento de todos os seus compromissos no país e decidiu que retornaria nesta sexta-feira (20) ao Brasil, chegando a Brasília no fim do dia. A pessoas próximas, admitiu que, agora, o que está em jogo é a investigação da Operação Lava Jato.

Com a morte do relator do caso no STF, Janot prevê que a homologação das delações da Odebrecht deve sofrer atrasos e que não mais haveria condição de que sejam realizadas no início de fevereiro, como estava planejado.

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Na Procuradoria-Geral da República, os cálculos são de que, se os casos da Lava Jato forem redistribuídos a um outro ministro, a homologação dos 950 depoimentos da construtora poderiam ser adiadas em pelo menos três meses.

Nessa quinta-feira (19), assessores do Supremo informaram que audiências com os 77 delatores da Odebrecht para confirmar que concordaram em colaborar com a Lava Jato serão canceladas. A expectativa era de que Teori e sua equipe começassem nesta semana as audiência. Nesta fase, os delatores não precisariam entrar no mérito das denúncias, mas apenas informar se foram coagidos ou não a firmar o acordo de delação com o Ministério Público.

Em um rápido pronunciamento à imprensa na noite de quinta-feira, a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, evitou comentar o futuro dos processos da Lava Jato após a morte de Teori. "Não estudei nada, por enquanto", disse ao ser questionada sobre que ministro ficaria com a relatoria dos inquéritos. "Minha dor é humana, como tenho certeza de que é a dor de todos os brasileiros depois de perder um juiz como este", afirmou a ministra.

Cooperação

Janot estava na Suíça para discutir com o procurador-geral do país europeu avanços na cooperação em relação às investigações. No encontro, ele pediria o congelamento de novas contas e tentaria estabelecer uma forma de garantir que as novas delações da Odebrecht pudessem contar com o apoio dos suíços. Berna teria a função de confirmar contas e as informações prestadas pelos executivos brasileiros.

Para tentar evitar uma exposição, Janot escolheu um hotel modesto de três estrelas em Berna, longe do centro da cidade. Mesmo assim, na recepção, foi reconhecido por um grupo de estudantes estrangeiros.

Foi justamente quando avaliava o que dizer aos suíços que recebeu a notícia. Numa primeira ligação, ouviu de fontes oficiais que o avião acidentado levava o ministro. Ainda assim, torcia para um final feliz. A pessoas próximas, já alertava que, se a morte fosse confirmada, seria um abalo à Lava Jato. Seu telefone não parava de tocar, de receber mensagens e mesmo alertas sobre dúvidas relacionadas ao "suposto acidente".

Por horas, Janot se recusava a pensar na hipótese da morte do ministro e pedia calma a todos. Uma de suas preocupações era justamente a pressão que sofreria o MP para apurar a "tese do assassinato".

Com a confirmação da morte, dizia que sentia que estava sonhando. Imediatamente, mandou a PGR decretar luto oficial e insistia que o momento era de mostrar firmeza. Desaba depois, recomendava.

Pressionado a dar uma declaração à imprensa, insistia que o momento era de luto e que não falaria além da nota oficial. Mas quem esteve com Janot na noite desta quinta-feira escutou dezenas de vezes que o Brasil estava sendo colocado à prova. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A consequência imediata da trágica morte do ministro Teori Zavascki é o atraso na homologação da delação da Odebrecht. Relator de todos os processos conexos à Lava Jato no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), Zavascki havia cancelado as férias de sua equipe para dar mais celeridade ao processo de homologação, último estágio para que o conteúdo do acordo possa ser utilizado nas investigações e processos.

Ainda nessa quinta-feira (19), horas depois do acidente aéreo que vitimou o ministro, os advogados da empreiteira foram informados que as audiências com executivos para confirmar os depoimentos gravados em vídeos haviam sido canceladas, sem previsão de retorno.

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Para advogados ouvidos pela reportagem, a relatoria dos processos relacionados à operação deve ser repassada ao ministro a ser indicado pelo presidente Michel Temer. Entretanto, os defensores temem que a mudança possa gerar uma "confusão" uma vez que o novo relator poderá mudar todo o "modus operandi" adotado por Zavascki até o momento.

"Cada juiz é único, pensa e age de forma particular. Diante disso, não é possível saber como será daqui pra frente", afirma um advogado que não quis se identificar. Os advogados ouvidos apontam que os casos mais urgentes, entre eles os que envolvem réus presos, devem ser distribuídos antes da nomeação do novo ministro. Para eles, essas redistribuições também contribuem para trazer "incertezas" aos processos. "Já fomos informados que todas as audiências com os delatores da Odebrecht para confirmar o que foi dito nos depoimentos gravados em vídeo foram canceladas até segunda ordem", explicou.

"O fato é a partir de agora temos uma grande mudança de cenário e ninguém pode afirmar com certeza o que vai acontecer. A escolha do novo relator é que vai definir o futuro da Lava Jato", completa outro advogado com cliente em negociação de delação.

Os defensores ouvidos afirmam que a decisão sobre o futuro dos processos e como será a escolha do novo ministro relator deveria ser feita o mais rápido possível para evitar o surgimento de "uma grande confusão". O temor dos advogados, em especial entre aqueles com clientes em negociação de delação, é que o novo relator, seja ele o ministro a ser indicado ou outro da atual composição, não "honre" o que havia sido acordado com Zavascki, por exemplo, sobre o conteúdo a ser entregue no acordo. "Não vejo uma situação tranquila no horizonte", finalizou um advogado.

Com a morte do ministro Teori Zavascki, o futuro da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) ficará inicialmente nas mãos da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, que é a responsável pelas decisões urgentes no período de recesso do Judiciário, que vai até 1º de fevereiro.

As normas do Supremo abrem algumas possibilidades sobre a sucessão de Teori na relatoria do maior caso de corrupção da história do País. O regimento interno diz que, em caso de morte, o relator é substituído pelo próximo nomeado para o cargo. A escolha cabe ao presidente da República, Michel Temer (PMDB), que não tem prazo para uma definição.

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O provável é que o Supremo tente uma solução provisória para que um ministro assuma os casos mais urgentes até a nomeação de um substituto. Entre eles está a homologação das 77 delações de executivos e ex-executivos da Odebrecht.

A expectativa era de que Teori fizesse isso na primeira semana de fevereiro. Uma equipe de juízes designados por Teori já estava desde dezembro analisando o material, composto por 950 depoimentos.

Cármen Lúcia, como presidente do Supremo, poderá ainda determinar a redistribuição de processos caso a relatoria fique vaga por mais de 30 dias. Conforme o regimento, esse procedimento vale para mandados de segurança, reclamações, extradições, conflitos de jurisdição e de atribuições, diante de "risco grave de perecimento de direito ou na hipótese de a prescrição da pretensão punitiva" ocorrer em seis meses após a vacância. Em casos excepcionais, diz a norma, também pode ser estendido a outros tipos de processo.

Precedente

Já há precedente no Supremo Tribunal Federal para a redistribuição de processos criminais em caso de morte de integrantes da Corte. Em 2009, com o falecimento do ministro Menezes Direito, o então presidente da Corte, Gilmar Mendes, editou portaria determinando a distribuição, principalmente da casos envolvendo presos, considerados urgentes.

Na época, conforme o ato de Gilmar, os processos seriam encaminhados de forma definitiva ao substituto de Menezes, quando nomeado pelo presidente da República.

A redistribuição de processos no Supremo se dá por sorteio eletrônico entre os ministros. Caso essa hipótese se aplique à Lava Jato agora, o STF terá de decidir se os casos serão sorteados entre todos os integrantes da Corte ou apenas os que fazem parte da 2º Turma, na qual Teori Zavascki tinha assento. Neste caso, o substituto só poderia ser Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Celso de Mello ou Ricardo Lewandowski.

O regimento do Supremo também prevê, em casos de vacância da relatoria, que o revisor do processo em questão assuma essa função ou o ministro imediato em antiguidade, que é Luís Roberto Barroso. A previsão vale para medidas urgentes, como deliberações sobre prisão ou busca e apreensão.

Defesas

Advogados que atuam nos processos da Lava Jato no âmbito do Supremo temem a "insegurança jurídica" que pode surgir por causa da morte do ministro-relator. O Estado ouviu quatro advogados de clientes cujos processos tramitam na Corte. Embora concordem que, em tese, a relatoria dos processos relacionados à operação deve ser repassada ao ministro a ser nomeado pelo presidente Michel Temer, os defensores apontam que a mudança deve gerar uma "confusão" uma vez que o novo relator poderá mudar todo o "modus operandi" adotado por Teori até o momento.

"Cada juiz é único, pensa e age de forma particular. Diante disso, não é possível saber como será daqui pra frente", afirma um advogado.

Além disso, os advogados apontam que os casos mais urgentes, entre eles os que envolvem réus presos, devem ser distribuídos antes da nomeação do novo ministro. Para eles, essas redistribuições também contribuem para trazer "incertezas" aos processos. O primeiro impacto, afirma um defensor, é a paralisação dos processo de homologação da delação da Odebrecht.

Os defensores ouvidos pela reportagem afirmam que a decisão sobre o futuro dos processos e como será a escolha do novo ministro deveria ser feita o mais rápido possível para evitar o surgimento de "uma grande confusão". O temor dos advogados, em especial entre aqueles com clientes em negociação de delação, é que o novo relator não "honre" o que havia sido acordado com Teori. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O juiz federal Sérgio Moro, que virou símbolo da Operação Lava Jato, afirmou que o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, morto nesta quinta-feira, 19, em acidente aéreo no mar de Paraty, foi 'um herói'. Teori, que era relator da Lava Jato na Corte máxima, estava em um bimotor que caiu no litoral do Rio. Outras duas pessoas morreram no acidente.

"Tive notícias do falecimento do ministro Teori Zavascki em acidente aéreo. Estou perplexo. Minhas condolências à família. O ministro Teori Zavascki foi um grande magistrado e um herói brasileiro. Exemplo para todos os juízes, promotores e advogados deste País. Sem ele, não teria havido Operação Lava Jato. Espero que seu legado de serenidade, seriedade e firmeza na aplicação da lei, independente dos interesses envolvidos, ainda que poderosos, não seja esquecido", afirmou Moro.

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A aeronave decolou do Campo de Marte, aeroporto localizado na capital paulista, às 13h, e caiu por volta das 13h45, segundo a Marinha. Segundo informações disponíveis no site da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o Beechcraft C90GT tem capacidade para sete passageiros, além do piloto. É um avião bimotor turboélice fabricado pela Hawker Beechcraft. A aeronave PR-SOM está registrada em nome da Emiliano Empreendimentos e Participações Hoteleiras Limitada.

Relator da Lava Jato na Corte, o ministro era o responsável por conduzir os desdobramentos da maior investigação de combate à corrupção no País que envolvem autoridades com foro privilegiado. Teori estava empenhado, nos últimos meses, na análise da delação premiada dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, o mais importante acordo celebrado pela operação até aqui e que aguarda homologação.

Até então, o ministro já havia homologado 24 delações premiadas no âmbito da operação que implicam políticos dos principais partidos do País, da base e da oposição do governo federal. Teori foi ministro do Supremo Tribunal Federal a partir de 29 de novembro de 2012. O ministro foi presidente da 2ª Turma da Corte entre 2014 e 2015.

A ex-presidente Dilma Rousseff lamentou nesta quinta-feira, 19, em nota, a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, vítima de um acidente aéreo. "É com imenso pesar que recebo a notícia da trágica morte do ministro Teori Zavascki. Hoje perdemos um grande brasileiro", afirmou.

Dilma lembrou que o ministro foi indicado por ela para a vaga no Supremo e destacou que ele "desempenhou esta função com destemor, como um homem sério e íntegro." "Como juiz e cidadão, Teori se consagrou como um intelectual do Direito, zeloso das leis e da Justiça. Tive o privilégio de indicá-lo para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), com ampla aprovação do Senado", afirmou a petista, que lamentou a "dor da família e dos amigos, recebam meus sentimentos de pesar e respeito".

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Senado

A bancada do PT no Senado também lamentou a morte do ministro Teori Zavascki. Em nota, os petistas enalteceram a atuação do ministro como relator da operação Lava Jato e também relembraram que Teori foi nomeado pela ex-presidente Dilma Rousseff.

"Teori Zavascki foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff pelo trabalho desenvolvido junto ao Superior Tribunal de Justiça, entre 2003 a 2012. Atual relator dos processos da Operação Lava Jato, desde março de 2015, o ministro Teori Zavascki desempenhou suas funções de forma isenta e independente à frente das instituições", afirma a nota.

A texto diz ainda que, mesmo com a tragédia, os parlamentares acreditam que as investigações sobre os casos de corrupção se mantenham pautadas pelo interesse público. Os principais nomes do PT no Senado são investigados pela Lava Jato: Humberto Costa (PE), Lindbergh Farias (RJ) e Gleisi Hoffmann (PR).

Costa, que é o líder da bancada, lamentou no Twitter a morte do ministro. O senador ressaltou que Teori teve uma "trajetória jurídica pautada pela ética e competência".

O artigo 38, inciso 4, do regimento interno do Supremo Tribunal Federal (STF) prevê que um relator de processo da Corte máxima é substituído 'em caso de aposentadoria, renúncia ou morte' pelo ministro nomeado para sua vaga ou 'pelo ministro que tiver proferido o primeiro voto vencedor, acompanhando o do Relator, para lavrar ou assinar os acórdãos dos julgamentos anteriores à abertura da vaga'.

Os ministros do Supremo são indicados pelo Presidente da República; aquele que entrar na vaga de Teori Zavascki vai herdar seus processos. Relator da Lava Jato na Corte, o ministro era o responsável por conduzir os desdobramentos da maior investigação de combate à corrupção no País que implicam autoridades com foro privilegiado e seu gabinete vinha se debruçado nos últimos meses à análise da delação premiada dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, o mais importante acordo celebrado pela operação até aqui e que aguarda a análise do STF para ser homologado.

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Até então, o ministro já havia homologado 24 delações premiadas no âmbito da operação que implicam políticos dos principais partidos do País, da base e da oposição do governo federal. A aeronave em que estava Teori decolou do Campo de Marte, aeroporto localizado na capital paulista, às 13h, e caiu em Paraty. A morte do ministro foi confirmada por seu filho, Teori Zavascki.

Segundo informações disponíveis no site da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o Beechcraft C90GT tem capacidade para sete passageiros, além do piloto. É um avião bimotor turboélice fabricado pela Hawker Beechcraft. A aeronave PR-SOM está registrada em nome da Emiliano Empreendimentos e Participações Hoteleiras Limitada.

 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira, 19, ter recebido com "grande impacto e consternação" a morte do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki em acidente aéreo hoje. Para o parlamentar fluminense, o ministro, que é relator da Operação Lava Jato na Corte, "engrandeceu" o STF com uma postura "firme, discreta e justa".

"Sob grande impacto e consternação recebi a informação da morte do ministro Teori Zavascky. O ministro engrandeceu o Supremo Tribunal Federal com uma postura firme, discreta e justa. Neste momento, em nome da Câmara dos Deputados, dirijo meus pensamentos e orações aos familiares e aos milhares de brasileiros que compartilham o sentimento de grande tristeza", afirmou Maia em nota oficial.

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Após a confirmação da morte do ministro Teori Zavascki em um acidente aéreo na tarde desta quinta-feira (19), o ex-governador Eduardo Campos apareceu no trending topics mundiais do Twitter. Campos também morreu em um acidente aéreo, no dia 13 de agosto de 2014.

O ministro Teori lidera os trending topics mundiais. Assim como a morte de Eduardo Campos foi à época, a de Zavascki também tem sido alvo de especulações e teorias da conspiração. Ele era o relator da Operação Lava Jato.

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“Desculpa, mas não engulo a morte de Eduardo Campos, assim como essa queda do avião com o ministro Teori Zavascki”, disse uma usuária do microblog. “Celso Daniel, Eduardo Campos e agora Teori Zavascki. Quem será o próximo da queima de arquivo?”, questionou outro internauta. 

Os termos “Lava Jato” e “Plantão da Globo” também aparecem na lista.

Voltou a circular nas redes sociais uma publicação no Facebook do filho do ministro do STF Teori Zavascki, Francisco Prehn Zavascki, em que ele dizia que o pai e a família estavam sofrendo ameaças. Teori morreu na tarde desta quinta-feira (19) em um acidente aéreo em Paraty.

“É óbvio que há movimentos dos mais variados tipos para frear a Lava Jato. Penso que é até infantil que não há, isto é, que criminosos do pior tipo (conforme MPF afirma) simplesmente resolveram se submeter à lei! Acredito que a Lei e as instituições vão vencer. Porém, alerto: se algo acontecer com alguém da minha família, vocês já sabem onde procurar...!Fica o recado!”, escreveu Francisco em maio de 2016. O ministro é relator da Operação Lava Jato.

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Na época, o ministro chegou a confirmar que estava recebendo ameaças. Ele, entretanto, as classificou como “nada sério”. 

Outra lembrança trazida pelos internautas foi a gravação do senador Romero Jucá e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. No áudio, Machado sugere buscar alguém que tenha ligação com Zavascki, mas Jucá ressalta que o ministro do STF é uma pessoa fechada, colocado pela ex-presidente Dilma Rousseff. 

Substituto – O regimento interno do STF aponta que um ministro deva assumir a relatoria pelo qual o ausente era responsável até que o presidente da República escolha um novo nome. Portanto, o processo da Lava Jato deve ser assumido por alguém indicado por Michel Temer

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não esperou a conclusão do inquérito da Polícia Federal em Brasília para denunciar nesta segunda-feira, 12, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras revelado pela Lava Jato. Diante disso, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, devolveu a denúncia a Janot para que ele complemente com as informações da investigação policial.

"Ante o exposto, à falta dos autos do inquérito, intime-se o Ministério Público para que regularize a situação dos autos, restituindo as petições protocoladas sob os números 70.676/2016 e 70.677/2016 (documentos da denúncia contra Renan) e documentação correspondente", assinala Teori em despacho publicado nesta terça-feira, 13.

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A iniciativa de Janot contradiz o próprio prazo solicitado pelo procurador-geral para a conclusão das investigações envolvendo Renan. No dia 24 de outubro, o procurador-geral pediu ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato na Corte, que o prazo das investigações fosse prorrogado por mais 60 dias para o cumprimento de diligências da Polícia Federal, o que foi acatado pelo ministro.

A prerrogativa para oferecer denúncias contra parlamentares e demais autoridades com foro no STF é somente do Procurador-Geral da República, que pode apresentar a acusação caso entenda já possuir elementos suficientes.

Com isso, o inquérito ainda não foi concluído na PF, já que ainda faltam 10 dias do prazo estabelecido inicialmente. Ainda assim, Janot apresentou na segunda a primeira denúncia da Lava Jato contra Renan, acusando o peemedebista de receber R$ 800 mil em propinas por meio de doações eleitorais de uma empreiteira ao PMDB registradas durante as eleições de 2010, quando ele disputou o cargo de senador por Alagoas.

"Ainda pendente o prazo para que a autoridade policial cumpra as diligências restantes e elabore relatório conclusivo, o órgão ministerial apresenta inicial acusatória sem os autos correspondentes", assinalou Teori em despacho nesta terça-feira.

Oficialmente, a PF não comenta o caso. Mas o grupo de trabalho da corporação que atua perante o STF ainda realiza diligências na investigação que tem como alvos o presidente do Senado e o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), que afirma que ainda não foi ouvido na investigação.

O deputado nega qualquer envolvimento em irregularidades apontadas na denúncia da PGR. Já o senador Renan Calheiros, na ocasião da denúncia, afirmou que suas contas eleitorais foram aprovadas e que "está tranquilo para esclarecer esse e outros pontos da investigação". Ele também negou ter autorizado Aníbal agir em seu nome.

Lava Jato

Esta é a primeira denúncia contra Renan envolvendo o esquema de corrupção na Petrobras. Atualmente, o peemedebista já é réu no Supremo acusado por peculato (desvio de dinheiro), envolvendo a empreiteira Mendes Júnior que teria bancado despesas pessoais da jornalista Monica Veloso, com quem Renan mantinha relacionamento extraconjugal em troca de apoio do peemedebista para apresentar emendas em benefício da empreiteira.

Segundo a denúncia da Lava Jato, Renan teria recebido R$ 800 mil em propina por meio de doações da empreiteira Serveng. O deputado Aníbal Gomes foi denunciado junto com Renan Calheiros. No pedido, o PGR solicita ainda a perda das funções públicas dos parlamentares.

Em troca dos valores, os parlamentares teriam oferecido apoio político ao então diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que mantinha a empreiteira em licitações da estatal.

Foram identificadas duas doações oficiais ao PMDB, nos valores de R$ 500 mil e R$ 300 mil em 2010, operacionalizadas por um diretor comercial da Serveng, também denunciado. A denúncia aponta ainda que esses valores seguiram do Diretório Nacional do PMDB para o Comitê Financeiro do PMDB/AL e deste para Renan Calheiros, mediante diversas operações fracionadas, como estratégia de lavagem de dinheiro.

Renan já é réu perante o STF em uma ação penal e alvo de outros 10 inquéritos, além da denúncia oferecida ontem.

Confira abaixo a nota da assessoria de Renan na ocasião da denúncia:

"O senador Renan Calheiros jamais autorizou ou consentiu que o deputado Aníbal Gomes ou qualquer outra pessoa falasse em seu nome em qualquer circunstância. O senador reitera que suas contas eleitorais já foram aprovadas e está tranquilo para esclarecer esse e outros pontos da investigação."

O presidente Michel Temer evitou polemizar sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavaski, que determinou a suspensão nesta quinta-feira, 27, da Operação Métis, que prendeu policiais legislativos acusados de atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.

Temer afirmou que "não entra no mérito da decisão" tomada por Teori e que "é obediente" ao que o STF decidiu. Ressalvou ainda que "processualmente" a decisão de recorrer, tomada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, é correta porque, no Judiciário, você tem instâncias justamente para recorrer quando não concorda com uma decisão. Para ele, "é isto que dá estabilidade às nossas instituições".

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Ao ser perguntado se considerava acertada a decisão de Teori, Temer, primeiro, disse que "seria pretensão demais" entrar no mérito da decisão. Em seguida, declarou: "o que eu posso dizer que é que, processualmente, foi uma medida correta. Você tem, no Judiciário, instâncias. Se você tem uma instância que decide de uma maneira, você recorre à instância superior, que verifica se mantém a decisão ou não mantém a decisão". Em seguida, limitou-se a dizer que a resposta do ministro Teori à ação foi "modificar a decisão do juízo de primeiro grau".

Temer fez questão de destacar ainda a importância de se "prestar atenção" que é preciso "seguir o que a Constituição estabelece". O presidente salientou ainda que, respeitando as instituições e a Constituição, "nós teremos tranquilidade no País e foi o que aconteceu".

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