Multidões ao redor do mundo desafiaram os alertas de riscos de atentados terroristas para dar as boas vindas a 2017, com Sydney, a maior cidade da Austrália, dando o pontapé aos festejos que se seguiram por Ásia, Europa e América.
Cerca de 1,5 milhão de pessoas lotaram a área próxima ao Harbour Bridge de Sydney para assistir à espetacular queima de fogos, que coloriu os céus da cidade sobre um dos mais famosos cartões postais da cidade.
Em Hong Kong, uma multidão também lotou a orla da cidade para ver os fogos que estouraram sobre o Victoria Harbour, enquanto no Japão, milhares de pessoas foram às ruas de Tóquio e soltaram balões no ar.
Ruidosas celebrações despediram um ano marcado pelo banho de sangue e a miséria produzidos pela guerra na Síria, pela crise dos refugiados na Europa e por numerosos ataques terroristas que dominaram as manchetes dos jornais.
Além disso, de Istambul a Paris, passando por Orlando, Bruxelas e Ouagadougou, a lista de cidades atingidas por ataques terroristas foi muito longa em 2016.
O ano que termina também foi marcado por surpresas políticas, do 'Sim' ao Brexit - a saída do Reino Unido da União Europeia -, à eleição de líderes dissidentes, como a do ultraconservador Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.
'Esta noite é de diversão'
O banho de sangue continuou neste sábado, quando a explosão de duas bombas deixou ao menos 27 mortos em um movimentado mercado no centro de Bagdá.
Mas isto não impediu as pessoas de lotarem as ruas da capital iraquiana para celebrar e famílias em trajes de noite comemoravam a chegada do Ano Novo em festas organizadas em hotéis elegantes da cidade.
Fadhel al-Araji, um jovem de 21 anos, morador da localidade de Sadr City, na periferia de Bagdá, bebia cerveja encostado em seu carro.
"Esta noite é de diversão... Todo mundo pode fazer o que quiser e ninguém liga. Precisamos de uma noite como esta, o Iraque precisa", desabafou, entre um gole e outro.
Na combalida cidade síria de Aleppo, Abdem Wahab Qabbani, um estudante de 20 anos, também estava determinado a encarar a chegada de 2017 com otimismo.
"Os últimos dois anos eu não saí para celebrar o Ano Novo. Desta vez, vou festejar", afirmou.
Dubai marcou a chegada do Ano Novo com seu habitual show pirotécnico no maior arranha-céus do mundo, o Burj Khalifa, e queimas de fogos também enfeitaram outros cartões postais do rico emirado.
As celebrações deste ano transcorreram sem problemas ali, diferentemente do ano passado, quando um incêndio de grandes proporções foi registrado em uma torre vizinha.
'Blocos de concreto'
A segurança foi reforçada nas maiores cidade do mundo, de Sydney a Nova York, e as autoridades mostraram-se inquietas de que grandes concentrações pudessem se tornar alvo para ataques extremistas.
Em Sydney, foram mobilizados cerca de dois mil policiais a mais que o inicialmente previsto, depois que um homem foi detido por suspeitas de fazer ameaças pela internet contra os festejos. Caminhões de lixo foram posicionados para impedir qualquer tentativa de lançar veículos contra a multidão.
Depois do ataque a um mercado natalino de Berlim, em 19 de dezembro, a capital alemã intensificou a segurança, mobilizando policiais extra, alguns armados com metralhadoras.
"O que é novidade este ano é que vamos posicionar blocos de concreto e veículos blindados pesados nos acessos" à área circundante ao Portão de Brandemburgo, que concentra os festejos, informou um porta-voz da polícia.
Os visitantes, no entanto, pareciam inabalados apesar dos últimos acontecimentos e começaram a se reunir na fria capital alemã para uma série de shows antes da grande queima de fogos da meia-noite.
Depois de uma véspera de Ano Novo sombria em 2015 após os atentados de 13 de novembro, Paris voltou a ser uma festa. Uma estimativa de meio milhão de pessoas devem se reunir na Champs Élysées, onde o presidente François Hollande inspecionou a segurança.
O esquema de segurança será enorme em todo o país, com quase 100.000 policiais, gendarmes e militares mobilizados em toda a França.
Enquanto isso, Bruxelas se preparava para retomar sua queima de fogos, depois do cancelamento do espetáculo no ano passado, devido a uma ameaça terrorista.
Com a expectativa de concentração de mais de um milhão de pessoas para assistir à Queda da Bola na Times Square, Nova York mobilizou cerca de sete mil policiais e 165 caminhões para bloquear vias.
Esquemas especiais de segurança também foram adotados em Moscou, Istambul e Londres.
Os dispositivos de segurança também foram reforçados em Roma, especialmente em torno da Basílica de São Pedro, onde o papa Francisco falou na tradicional celebração 'Te Deum' (Ação de Graças) dedicada à juventude, com a qual a sociedade, segundo o pontífice, tem uma "dívida".
"Nós criamos uma cultura que idolatra a juventude.... Paradoxalmente, ao mesmo tempo, condenamos nossos jovens a não encontrar seu lugar na sociedade", afirmou.
'Segundo extra'
A América será o último continente a dar as boas-vindas a um ano novo que se anuncia cheio de incertezas, a começar pela chegada de Donald Trump à Casa Branca - uma surpresa que ninguém imaginava no início de 2016.
O presidente eleito dos Estados Unidos enviou neste sábado uma saudação de Ano Novo a seus "muitos inimigos" em um tuíte irônico, no qual lembrou de seus desafetos políticos.
"Feliz Ano Novo a todos, inclusive a meus muitos inimigos e àqueles que lutaram e perderam tão mal que não sabem o que fazer. Amor!", escreveu Trump.
No Rio de Janeiro, estima-se que mais de dois milhões de pessoas lotem a praia de Copacabana para assistir à tradicional queima de fogos - um espetáculo reduzido de 16 para 12 minutos devido à crise e à falta de financiamento em uma cidade que tenta se recuperar do custo exorbitante da Copa do Mundo futebol de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, este ano.
Com barreiras de segurança e um efetivo de cerca de dois mil policiais militares patrulhando a praia, tudo está pronto para o 'réveillon' na Princesinha do Mar.
Mas antes de entrar no novo ano, os cidadãos de todo o mundo terão mais um segundo para aproveitar esta noite especial.
O minuto que vai das 23h59 às 00h00 durará um segundo a mais, 61, devido à inclusão de um "segundo intercalar" que permitirá sincronizar o tempo astronômico da rotação da Terra com a escala de tempo atômica, muito mais precisa.