A intensa maratona de vestibulares já passou. O momento, inclusive, deveria ser destinado ao descanso dos estudantes para recompor as energias e, aos poucos, ir voltando aos estudos. No entanto, esse não é o caso de alguns vestibulandos.
Anna Cecília de Oliveira, de 18 anos, que pretende cursar medicina veterinária, não esperou para descansar e já retornou a sua rotina de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021. “Eu estou me sentindo bastante cansada, principalmente pelo fato de não fazer ideia ainda da minha nota do ano passado e, por esse motivo, eu ainda não descansei, acabei pegando direto”, conta.
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A futura médica veterinária comenta que sua rotina de estudos é intercalada com os afazeres domésticos e diz que vem estudando desde janeiro de 2020. “Como eu estava ficando bastante desanimada, tentei organizar melhor os meus horários, sempre ajustando aquilo que não deu certo no ano passado e também procurando materiais e professores que expliquem de uma forma que eu consiga compreender melhor”, explica.
Não muito diferente está a estudante Fernanda Luna, de 18 anos, que pretende fazer faculdade de medicina. A garota, que fez o Enem 2020, também não quis esperar a nota ser publicada e já engatou nos estudos. Ela revela: “Pela correção dos gabaritos preliminares, eu vi que a minha nota não seria suficiente para o curso que eu quero. Nessa dúvida, eu comecei a estudar para não perder tempo”.
Fernanda conta que sua rotina de estudos não está sendo nada “anormal”, já que para ela, a situação do Brasil, diante da pandemia da Covid-19, não mudaria tão cedo. “Estou me adaptando desde fevereiro, estudando como posso e utilizando as ferramentas que tenho, o tempo e o fato de estar em casa ao meu favor, e não como um empecilho, embora não seja o ambiente mais adaptado”, acrescenta.
O ano ainda nem está na metade e a estudante já está cansada. Ela acredita que esse cansaço está ligado não somente aos estudos, mas também às milhões de vidas perdidas neste período pandêmico. “Meu cansaço está mais ligado ao psicológico do que ao físico. As coisas que acontecem no mundo sempre conseguem nos afetar de certa forma, afinal, vemos todo dia milhares de pessoas morrerem e isso é bastante assustador. O fato também de estarmos 'presos' em casa sem o contato de pessoas que gostamos e convivemos diariamente tem mexido muito com a minha cabeça, e acredito que com a cabeça de muita gente. É uma situação difícil de acostumar”, pontua.
A psicóloga clínica e escolar Márcia Monteiro esclarece que esse cansaço dos estudantes está relacionado à falta de descanso que os afetam não só fisicamente, mas psicologicamente também. “Os alunos que já voltaram às rotinas de estudo não tiveram tempo de descansar a mente e isso prejudica o rendimento, porque o psicológico está cansado, desgastado. Devido a isso, eles não conseguem absorver os conteúdos de maneira eficaz”, esclarece.
A especialista explica que para manter a saúde mental neste momento “é preciso otimizar as demandas com planejamento para conseguir, assim, se organizar e não se sobrecarregar nos estudos". "Precisamos de tempo para estudar, descansar e ter lazer. Precisamos do ócio criativo, fazer algo diferente da rotina que nos dê prazer", aconselha.
Como manter o foco e a energia na hora de estudar?
Manter a concentração e a energia na hora dos estudos pode até parecer uma tarefa difícil, mas assim como os estudantes precisam trabalhar seu psicológico, o corpo também carece de alguns estímulos para enfrentar uma maratona de preparação para os vestibulares. A nutricionista especializada em nutrição clínica, Jéssica Cézar, revela, ao LeiaJá, como os alimentos podem ajudar os vestibulandos neste momento.
“Os alimentos podem ajudar bastante os estudantes, principalmente quando criam o hábito de uma alimentação saudável, sempre em quantidades adequadas e uma rotina alimentar. Alguns alimentos estimulam a concentração, o raciocínio, a memória e o aprendizado. É sempre importante quando for estudar, consumir alimentos que forneçam energia, como a cafeína, que combate a fadiga mental e ativa o sistema de alerta, além de melhorar o estresse, pois libera a endorfina, hormônio que ativa naturalmente as melhores sensações de humor. Ela é uma fonte fundamental para quem busca mais energia”, explica.
Veja, a seguir, os alimentos listados pela nutricionista que darão um gás nos estudos:
Chocolate - pode ajudar o estudante a ter mais concentração. A indicação é o mais amargo acima de 50%. Lembrando que todo o excesso é prejudicial.
Cereais - evitam a fadiga e o cansaço mental, ele é encontrado em alimentos como arroz integral, aveia e macarrão integral.
Peixes e sementes - consumir alimentos fontes de ômega 3 melhora a comunicação entre os neurônios e, assim, a concentração, a memória e o aprendizado em geral. Ele pode ser encontrado em peixes como cavala, salmão, sardinha, arenque, atum, além das sementes como a linhaça, gergelim, semente de abóbora e chia.
Além dos alimentos, há exercícios que também podem ajudar bastante os estudantes a ganharem mais energia e concentração na hora dos estudos, como explica o fisioterapeuta Marcel José Crasto. “A prática de exercícios melhora nosso sistema ligado diretamente à capacidade de raciocínio e memorização. Esse sistema é o de oxigenação das células. A prática de exercícios funciona como um impulsionador do sangue que leva o oxigênio para o máximo de células e assim melhora nossa disposição e saúde, como também a capacidade de sinapses neurais”, elucida.
O profissional faz um alerta: "Antes de qualquer exercício, é necessário aprender a respirar. Sem uma boa respiração, os sistemas recebem menos oxigênio e por consequência menos energia".
Marcel aconselha que junto com a respiração, os estudantes podem iniciar exercícios articulatórios, movimentando todas as articulações levemente junto com uma inspiração de ar profunda e uma expiração lenta. “Em outro momento, fazer movimentos de espreguiçar pode ser interessante, pois alerta nosso cérebro que queremos acordar e não dormir, sempre com a respiração. Em um terceiro momento pode-se fazer exercícios de movimentação rápida dos músculos sem precisar sair do lugar, sendo que com uma respiração mais rápida, como se fosse correr sem sair do lugar, movimentando pernas e braços", explica o profissional.
Ao LeiaJá, o fisioterapeuta dá uma dica importante aos vestibulandos: “É necessário ter a motivação certa na hora de estudar. Oriento sempre se manterem numa postura de ataque, eretos, com foco máximo, como se fossem praticar um esporte que gostem ou alguma atividade que exija atenção, nunca se coloquem de forma deitada ou relaxada demais, pois isso mostra ao nosso cérebro que queremos agir e não dormir, assim todos os sistemas irão funcionar para favorecer a suas intenções ou os seus pensamentos, favorecendo assim um melhor desempenho”, finaliza.
É importante procurar ajuda especializada, como a de professores de educação física, antes de fazer qualquer tipo de exercício. O mesmo serve para o caso da alimentação: o nutricionista é o profissional indicado para dar as orientações.