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Com duas horas de atraso, o governador Eduardo Campos inaugurou nessa quinta-feira (3), ao lado de vários secretários estaduais, municipais e do prefeito Geraldo Julio, o Módulo 1 do Museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga, espaço inspirado no universo do Sertão nordestino e que está instalado na beira mar da capital pernambucana, no Bairro do Recife. A solenidade contou com a participação de vários artistas, como Chambinho do Acordeom, que interpretou Luiz Gonzaga no cinema, além de profissionais ligados ao museu e políticos locais. O equipamento fica localizado no antigo Armazém 10 do Porto do Recife e conta com uma série de recursos tecnológicos e inovadores que pretendem atrair e levar o público às principais dimensões da vida no sertanejo, com base na obra de Luiz Gonzaga. A área inaugurada, com seus 2 mil m², funcionará às terças-feiras, das 14h às 21h, e de quarta a domingo, das 10h às 17h. Os ingressos custarão R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia), exceto nas terças-feiras, quando a entrada é gratuita para todos.
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Após uma série de discursos em tom de campanha e que pouco envolveram o museu em si, como as falas do secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Márcio Stefanni, e do prefeito Geraldo Julio, Eduardo Campos aproveitou a ocasião para homenagear um antigo aliado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cujo mandato marcou o início do planejamento do museu. “Este espaço fala sobre uma realidade pouco conhecida no Brasil, que é a vida do sertanejo. Quero dedicar a inauguração deste espaço a um nordestino que fez muito esforço pra que este trabalho se concretizasse, o presidente Lula, que esteve presente no início da concepção deste projeto”, comentou o governador de Pernambuco.
O Módulo 1 do Cais do Sertão possui e abriga uma exposição de longa duração. Avaliado inicialmente em R$ 26 milhões, o equipamento acabou custando aos cofres públicos R$ 97 milhões, com recursos do Ministério da Cultura e do Governo de Pernambuco. “A gente imaginou no começo das obras que apenas a parte física, sem o conteúdo, custaria R$ 26 milhões. Mas diante das adversidades que foram surgindo com o tempo, como a interdição do IPHAN e a aproximação com o mar, entre outras coisas, a obra passou a custar R$ 97 milhões. Posso dizer que 80 a 85% dos trabalhos estão concluídos, mas é bom perguntar aos engenheiros para confirmar”, comentou sem tanta certeza o secretário Marcio Stefanni. Ainda de acordo com Stefanni, até o fim deste ano deverá ser inaugurado o Módulo 2 do Cais do Sertão, um prédio com 5,5 mil m² que abrigará salas de exposição temporária, auditório para 280 pessoas, salas para oficinas e cursos, restaurante, café e outros espaços de convivência.
Para que o projeto do Museu Cais do Sertão pudesse ser concluído, foram firmados convênios com algumas instituições, a exemplo do Porto do Recife, Fundação Gilberto Freyre e do Porto Digital. “Quando a ideia surgiu, numa iniciativa com o ex-presidente Lula e o governado Eduardo Campos, o conceito era fazer um museu a altura de Luiz Gonzaga numa forma extremamente moderna, com os conceitos museológicos mais contemporâneos e com uma intensidade da Tecnologia da Informação expressiva. O Porto Digital deu suporte desde o começo, durante o plano de concepção do espaço, e agora atua no desenvolvimento das plataformas interativas digitais que vão compor o museu. Para isso, o Porto Digital mobiliza empresas que têm expertise em animação, games e interatividade, em conjunto com a universidade e governo”, revela Francisco Saboya, presidente do parque tecnológico.
Segundo Severino Pessoa, presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), até o momento não há definição sobre a participação da Fundarpe e da Secretaria de Cultura na gestão do equipamento cultural. “Até perguntamos isso porque formos chamados para debater a gestão. Mas até onde eu sei não há definição se este equipamento será veiculado à Fundarpe. Eu já ouvi comentários de que será adotado o mesmo modelo do Paço do Frevo, que é um modelo gerido por uma organização social”, revela o presidente da Fundarpe.
A curadora Isa Ferraz, que trabalhou também na concepção do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, trouxe para o Cais do Sertão o conceito de um espaço dinâmico de convivência. A equipe de criação foi formada por nomes como Tom Zé, José Miguel Wisnik, Antônio Risério e Frederico Pernambucano de Mello, além dos cineastas pernambucanos Camilo Cavalcanti, Carlos Nader, Kleber Mendonça, Leandro Lima, Lírio Ferreira, Marcelo Gomes, Paulo Caldas e Sérgio Roizemblit. Outros artistas que participaram da criação do museu foram o xilogravurista e cordelista J. Borges, e os artistas plásticos Cafi, Derlon Almeida, Luis Hermano e Miguel Rio Branco.
Passeio no museu
A comitiva de Eduardo Campos, que estava acompanhado de alguns filhos e da esposa Renata Campos, logo após os discursos de inauguração, entrou no Cais do Sertão ao lado da imprensa e de alguns convidados. Logo na entrada, vestimentas do Rei do Baião e outros pertences dialogam com textos que remetem à vida do sertanejo num espaço chamado Jóias da Coroa.
Um pouco mais adiante o público poderá conferir a exposição audiovisual Um dia no sertão, do cineasta Marcelo Gomes. Kleber Mendonça Filho, Paulo Caldas e Lírio Ferreira também apresentam trabalhos feitos sob medida para o museu. Estes dois últimos, inclusive, puderam assistir aos curtas Lua e 4kordel ao lado do governador Eduardo Campos, que elogiou bastante os dois trabalhos.
Os vídeos são exibidos numa área chamada O Mundo do Sertão. Um desavisado pode acabar caindo no pequeno rio que passa pelo espaço expositivo com sete territórios temáticos. No primeiro andar do Módulo 1 do Cais do Sertão, a discografia completa de Luiz Gonzaga está à disposição do visitante em tablets e painel de capas originais de seus discos.
Serviço
Módulo 1 do Museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga
Av. Alfredo Lisboa, s/n – Bairro do Recife
Terça-feira | 14h às 21h
Quarta a domingo | 10h às 17h
R$ 8 (inteira) e R$ 4 (meia), exceto nas terças