O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou nesta (14) empresários de sabotar o abastecimento de produtos no país e de usar os dólares autorizados para as importações para "apunhalar" o povo. Ele anunciou que vai "radicalizar" a revolução bolivariana.
"Sem demora, sem falta, convoquem os empresários a quem são entregues dólares para a importação desses produtos que não são feitos na Venezuela. Convoquem, investiguem, verifiquem as contas, vão aos armazéns e se for necessário, vamos detê-los e entregá-los ao Ministério Público, porque estou seguro que estão detrás de um plano para sabotar o povo" disse.
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Nicolás Maduro falou em Los Próceres, Caracas, durante um ato por ocasião do Dia da Milícia bolivariana, transmitido simultâneamente e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões do país."Já chega! Peço o apoio do povo. Já chega de tanta sabotagem econômica, de tanta guerra econômica, se não é uma coisa é outra. Já chega de tanta reunião também. Quando os convocamos, eles falam, fazem cara de cordeiros e vão (embora) como lobos, hienas, a dar uma punhalada contra o povo" disse, referindo-se a alguns empresários.
O presidente da Venezuela chamou a sua equipe para "atuar com mão dura, direta" e a "não acreditar" na burguesia. "Vamos radicalizar a revolução. Já chega (…) chamo o povo, as Forças Armadas, os ministros. Já chega de sorrisos. Acabaram-se os sorrisos e as conversas com a burguesia, que respondam pelos dólares que lhes demos", acrescentou.
Maduro destacou que na luta contra os problemas de abastecimento de produtos não lhe interessam os sobrenomes e apelou aos ministros que tenham “mão dura” para os prevaricadores. "Quem não puder que se retire, quem não puder sustentar a sua atividade econômica que se vá, mas quem for encontrado sabotando (vai) para a cadeia, tem que ir preso e pagar o que faz ao povo", disse.
Segundo Nicolás Maduro "tudo tem um limite" e os empresários fazem "sabotagem permanente" mesmo quando são convocados ao Palácio Presidencial de Miraflores. "Eu peço apoio. Um só homem não pode fazer todas as tarefas, necessito de apoio e mão firme dos ministros e dedicação exclusiva ", disse, garantindo que irá "à raiz” do problema.
Na Venezuela, são cada vez mais frequentes as queixas de dificuldades para conseguir produtos essenciais como leite, óleo, café, açúcar, margarina, papel higiênico, lâminas de barba, shampoo, sabonetes e preservativos.
Alguns produtos que não são considerados básicos ou prioritários registram também falta de abastecimento, entre eles os dos setores de acessórios para automóveis, papel e tecidos.
Diariamente, os supermercados registram grandes filas de clientes à procura de produtos que, muitas vezes, são comprados na totalidade sem chegar às prateleiras. Alguns cidadãos recorrem frequentemente a aplicativos de telefones para saber onde chegam os produtos escassos e avisar aos amigos. Para conseguir os produtos, os venezuelanos passam várias horas diárias nas filas de diferentes estabelecimentos comerciais.