As ações de Israel em Gaza após o ataque do Hamas foram "além do âmbito da autodefesa" e esse governo deve "cessar a punição coletiva à população", afirmou o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, conforme declarações publicadas neste domingo (15).
Wang, que fez esses comentários no sábado em um telefonema com seu homólogo saudita, o príncipe Faisal bin Farhan, disse que "nenhuma das partes deve tomar quaisquer medidas que agravem a situação, e todas as partes devem voltar à mesa de negociações o mais rápido possível", de acordo com um comunicado divulgado pela Chancelaria.
"As partes não devem tomar quaisquer medidas que levem a uma escalada da situação", insistiu Wang Yi, que insistiu na abertura de "negociações".
Mais cedo neste domingo, a emissora estatal chinesa CCTV anunciou que o enviado da China para o Oriente Médio, Zhai Jun, visitará a região na próxima semana para promover um cessar-fogo e negociações de paz.
Zhai "visitará o Oriente Médio na próxima semana para coordenar um cessar-fogo com várias partes, proteger os civis, aliviar a situação e promover conversas de paz", disse a CCTV, em um vídeo divulgado nas redes sociais.
Em entrevista à CCTV, Zhai afirmou que "a perspectiva de [o conflito] se ampliar e se estender é muito preocupante", segundo a emissora de televisão.
A reportagem da rede estatal foi transmitida no momento em que Israel se prepara para lançar uma ofensiva terrestre contra militantes do Hamas em Gaza.
Mais de um milhão de pessoas na parte norte desse território densamente povoado receberam ordens de fugir antes da anunciada incursão. Um êxodo que, segundo os órgãos de ajuda humanitária, pode desencadear um desastre humanitário. Essa faixa estreita e empobrecida, onde vivem 2,3 milhões de residentes, está sujeita a um bloqueio terrestre, aéreo e marítimo desde 2006.
Nesse contexto, o secretário de Estado americano, fez um apelo ontem à China, parceira do Irã, para que use sua influência para tentar acalmar a situação no Oriente Médio. Em resposta, o chanceler Wang Yi pediu aos Estados Unidos que "desempenhem um papel construtivo e responsável" no conflito e solicitou que "se convoque uma reunião internacional de paz o mais rápido possível para promover a obtenção de um consenso amplo".
As declarações oficiais da China sobre o conflito não mencionam o Hamas, especificamente, em suas condenações à violência, o que suscitou críticas.
Os letais ataques israelenses se seguiram a uma sangrenta incursão do Hamas em 7 de outubro, na qual seus combatentes atravessaram a fronteira fortemente fortificada entre a Faixa de Gaza e Israel e mataram mais de 1.400 pessoas.
Em Gaza, as autoridades de saúde palestinas afirmaram, em seu último balanço, que a resposta de Israel deixou pelo menos 2.450 mortos. Assim como no lado israelense, a maioria era civil.