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As famílias da classe C, que ganham entre R$ 5,2 mil e R$ 13 mil mensais, gastam em média um terço, o equivalente a 33,3%, dos rendimentos com alimentação, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira (25) pelo Instituto Locomotiva. Entre as famílias da classe B, com rendimento de R$ 13 mil a R$ 26 mil, o percentual da renda comprometida com alimentação cai para 13,2%.

Para as famílias com rendimentos entre R$ 1,3 mil e R$ 5,2mil, classificadas como classes D e E, mais da metade do dinheiro recebido mensalmente (50,7%) é gasto com comida.

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O estudo foi encomendado pela empresa de benefícios VR. De acordo com o estudo, para a classe C, os benefícios como vale-refeição e vale-alimentação representam, em média, entre 3% e 8,5% dos gastos com alimentação. Para as classes D e E, esses benefícios chegam a cobrir 33% dessas despesas.

A classe C, segundo a pesquisa, representa no Brasil aproximadamente 109 milhões de pessoas, a maioria negras (60%). Quase a metade dessas famílias são chefiadas por mulheres (49%) e 52% dessa população não concluiu o ensino médio.

“Chefiados por mulheres porque parte é mãe solteira”, detalha o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles.

Poder de compra

Nos últimos anos, em um processo agravado pela pandemia da covid-19, Meirelles disse que houve perda do poder de compra dessas famílias.

“Há cinco anos, com 40% do valor de um salário mínimo dava para comprar uma cesta básica. Hoje, 59% do valor do salário mínimo dá para comprar uma cesta básica. Ou seja, o poder de compra de alimentos, dos itens básicos, diminuiu”, explicou.

Por isso, de acordo com ele, esses consumidores se tornaram ainda mais atentos aos produtos que consomem. “Uma radicalização do custo-benefício, que passa a ser muito mais exigente nos produtos que ele está comprando, na relação qualidade versus preço do que ele tá comprando”, ressalta.

Nessa camada da população, estratégias, como adotadas por várias marcas, de reduzir o tamanho das embalagens ou a qualidade da composição dos produtos como forma de disfarçar aumento de preços tendem, segundo Meirelles, a ser especialmente mal vistas.

“O custo do erro na classe C é muito maior. Então, se o consumidor da classe C compra um produto que está mais barato, mas não entrega o que promete, ele vai ter que comer aquele produto o mês inteiro, porque a grana que ele tinha para aquele produto era contada”, explica sobre o impacto da redução da qualidade nessas famílias.

“Dentro do que cabe no bolso, ele vai buscar a melhor qualidade, é esse o movimento que veio para ficar, isso não vai mudar”, acrescenta o pesquisador.  Endividamento Segundo a pesquisa, oito em cada dez famílias da classe C têm dívidas em aberto, sendo que um em cada três está inadimplente.

De acordo com Meirelles, muitas vezes as dívidas são contraídas como forma de garantir o consumo de itens básicos. “Quando o salário acaba e o mês não, a classe C que tem cartão de crédito vai no supermercado ou na farmácia e compra com o cartão de crédito para ganhar 20 dias para pagar”, disse.

A crise econômica que atingiu o país nos últimos anos, causando o declínio na taxa de crescimento e milhares de desempregos, causou um impacto diferenciado em cada nível social do eleitorado recifense. Ao menos é o que aponta o novo estudo qualitativo feito pelo Instituto de Pesquisas UNINASSAU, encomendado pelo LeiaJá em parceria com o Jornal do Commércio, divulgado neste domingo (29).

Na avaliação, em que foi verificada a opinião de eleitores recifenses sobre a atual conjuntura do país, houve unanimidade entre os entrevistados quanto à existência da crise, mas as perspectivas de atuação diante dela foram diferenciadas. Para quem é das classes A e B, por exemplo, o fator de declínio econômico “está na cabeça das pessoas” e se perpetua por causa disso.

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“Os entrevistados dizem que a crise atingiu eles em um primeiro momento. Contudo, hoje ela não mais os atinge, pois, decidiram enfrentá-la”, detalhou o cientista político e coordenador do estudo, Adriano Oliveira. Segundo ele, para esta parcela da sociedade “a crise é uma oportunidade para se reinventar”.

Foi o que aconteceu com a administradora Tatiana Veloso, de 42 anos, uma das entrevistadas pelo levantamento. Ela disse que no meio do arrefecer da economia deixou um emprego de 10 anos para empreender e abrir um brechó sustentável. “As pessoas precisam se reinventar na crise e inovar, pois é nela que surgem oportunidades. Hoje mesmo eu estou em um ramo que tem crescido, justamente por causa da crise, que são os brechós. Tem brechó que parece boutique e muitas pessoas optam por eles”, contou. 

Já os eleitores das classes C e D, de acordo com a amostra, registraram um certo “desespero” com a crise e pessimismo com a situação econômica do país, ao ponderar que estavam passando por “um momento muito difícil”.

“Eles salientam que a crise econômica atingiu a todos. Não só os pobres. Mas também os patrões, pois se ‘o pobre não compra, o rico deixa de ganhar’. Ao contrário das classes A e B, eles não afirmam que estão enfrentando a crise, mas que estão sobrevivendo diante dela. A crise econômica tem um impacto muito maior na mente e na vida dos eleitores das classes C e D”, observou o coordenador do estudo. “Quando falam em crise, não fazem referência apenas a crise econômica. Mas a crise da saúde, da segurança pública, da educação”, acrescentou Adriano Oliveira.

Para o levantamento, o Instituto UNINASSAU ouviu três grupos com recifenses das classes A e B (com salários acima de R$ 5 mil), C (entre R$ 2 mil e R$ 4 mil) e D (entre R$ 800 e R$ 1,2 mil) no dia 23  de abril. 

Os culpados pelo declínio econômico 

Se o impacto da crise teve significados diferentes para o eleitorado a partir da sua classe social, a pesquisa sugere que a responsabilidade pela existência dela tem dois culpados: os políticos e o povo. A partir dos argumentos expostos pelos entrevistados, o estudo observa que os eleitores das classes A e B apesar de culparem os políticos, ressaltam a dependência da população pelo Estado e, por isso, responsabilizam também a sociedade. 

“Diversos entrevistados das classes A e B afirmam que no Brasil existe a cultura do Estado. As pessoas estão sempre esperando pelo Estado e não fazem nada… É perceptível que os eleitores das classes A e B fazem questão de ser independentes do Estado. Ao contrário dos eleitores das classes C e D que revelam carência e que precisam do Estado para lhe ofertar bens públicos, como saúde, educação e segurança pública. E culpam, com ênfase, os políticos pela crise”, detalhou Adriano Oliveira.

Segundo Oliveira, durante o levantamento surgiu, inclusive, a menção de que para solucionar a atual conjuntura econômica seria necessária a mudança no quadro político do país, entretanto, "eles [os entrevistados] admitem que quem entra na política, se contamina [com a corrupção], e, por isto, a mudança tão desejada não é possível”. Os eleitores das classes C e D vão além e dizem que “o povo quer mudança, mas na hora de votar vende o seu voto”.

Método da pesquisa

Focada em verificar a opinião dos eleitores sobre o Brasil e a eleição presidencial, o estudo qualitativo feito pelo Instituto de Pesquisas UNINASSAU ouviu um recorte de três grupos recifenses e buscou identificar os sentimentos dos eleitores para com o momento do país.

“A pesquisa qualitativa possibilita que as visões de mundo, desejos e crenças dos eleitores sejam identificados e interpretados. O intérprete da pesquisa qualitativa deve decifrar os significados advindos das verbalizações dos indivíduos. A pesquisa qualitativa tem o poder de apresentar os elementos simbólicos que estão na conjuntura”, esclareceu Adriano Oliveira. 

A liberdade de não ter que se subordinar ao comando de chefes e ser dono dos lucros obtidos com o próprio trabalho cria em muitos recifenses o desejo de empreender. No entanto, para cidadãos das classes C e D entre 16 e 64 anos, a "ausência de verba" é o principal fator que impede a abertura de negócios. A informação é do mais recente estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas UNINASSAU, promovido em parceria entre o LeiaJá e o Jornal do Commercio. A análise, trabalhada de maneira qualitativa, contou com entrevistados de vários bairros do Recife.

O desejo de ter o próprio negócio é notado principalmente entre os recifenses considerados maduros. Entre os possíveis empreendimentos, estão principalmente venda de batata frita, comércio de roupas ou mercadinho. Integrante do grupo das pessoas que almejam empreender, mas param na falta de recursos financeiros, Luciane Maria Neves, que tem 43 anos e atualmente trabalha como empregada doméstica, pensa em ter um negócio. Como também faz artesanato, a recifense do bairro de Casa Amarela, Zona Norte da cidade, vislumbra uma empresa para vender suas produções artesanais. “A questão financeira me impede, porque é caro abrir um negócio, o valor para comprar tudo que você precisa para começar é alto e existe o risco de não dar certo”, diz Luciane.

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Também moradora da Zona Norte do Recife, Ranna Ivani tem 21 anos e diz que gostaria de ter a oportunidade de abrir uma academia. “Tenho vontade de ter um negócio, mas para a gente investir tem que ter oportunidade de levantar algum dinheiro. No momento, eu gostaria de abrir uma academia”, relata. “O lucro da pessoa que trabalha para si é mais vantajoso”, complementa a jovem recifense.

Ainda de acordo com a pesquisa, os entrevistados também apontam os impostos cobrados pelo poder público como barreiras para a abertura de empreendimentos, além da falta de certeza sobre se o negócio terá ou não sucesso. No geral, segundo o estudo, "empreender traz incerteza" para vários moradores do Recife.

Essa incerteza faz com que o público mais jovem e uma boa parcela dos recifenses maduros prefiram a segurança de ter uma renda fixa. Para isso, a aprovação em concursos públicos é o ideal, segundo relatos dos entrevistados. "Eles mostram o desejo de ser funcionários públicos. Segundo parte deles, trabalhar para o Estado possibilita que todo o mês, o 'certo entre na conta'. Portanto, empreender traz incerteza, é inseguro. Ser funcionário público traz o 'certo'. Eles desejam e elogiam a estabilidade do emprego público. Contudo, reconhecem que é muito difícil passar num concurso público”, diz o estudo do Instituto de Pesquisas UNINASSAU.

Para o coordenador da pesquisa e cientista político, Adriano Oliveira, o estudo mostra claramente que o desejo do recifense das classes C e D de ter o próprio negócio, caminha ao lado da busca por estabilidade financeira e profissional. "Os eleitores têm vontade de ser empreendedores. Tal desejo é observado entre os eleitores maduros. Entretanto, eles reconhecem que impostos e ausência de capital para abrir um negócio os impedem de empreender. Concorre ao desejo de ser empreendedor, o desejo da estabilidade, do certo. Jovens e maduros revelam opção pela segurança, estabilidade. Por isto, elogiam o emprego estatal e mostram desejo de conquistarem emprego público", analisa Oliveira.

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A recessão derrubou parte da nova classe média, a população da classe C, para a base da pirâmide social. Entre 2006 e 2012, no boom do consumo, 3,3 milhões de famílias subiram um degrau, das classes D/E para a classe C, segundo um estudo da Tendências Consultoria Integrada. Eles começaram a ter acesso a produtos e serviços que antes não cabiam no seu bolso, como plano de saúde, ensino superior e carro zero. Agora, afetadas pelo aumento do desemprego e da inflação, essas famílias começam a fazer o caminho de volta.

De 2015 a 2017, 3,1 milhões de famílias da classe C, ou cerca de 10 milhões de pessoas, devem cair e engordar a classe D/E, aponta o estudo. "A mobilidade que houve em sete anos (de 2006 a 2012) deve ser praticamente anulada em três (de 2015 a 2017). Estamos vivendo, infelizmente, o advento da ex-nova classe C", diz o economista Adriano Pitoli, sócio da consultoria e responsável pelo estudo.

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Para projetar esse número, Pitoli considerou que, entre 2015 e 2017, a economia deve recuar 0,7% ao ano; a massa real de rendimentos, que inclui renda do trabalho, Previdência e Bolsa Família, vai cair 1,2% ao ano, e o desemprego deve dar um salto, atingindo 9,3% da população em idade de trabalhar em dezembro de 2017 - o maior nível em 13 anos. Segundo o estudo, a classe C é formada por famílias com renda mensal entre R$ 1.958 e R$ 4.720 e a classe D/E por aquelas com rendimento mensal de até R$1.957.

"É a primeira queda da classe C em número de famílias desde 2003 e o primeiro ano de crescimento expressivo da classe D/E", diz Pitoli. Só neste ano, a classe D/E vai ser ampliada em cerca de 1,5 milhão de famílias; em 1,1 milhão em 2016 e em 454 mil em 2017. "Grande parte dessas famílias está fazendo o caminho de volta, vieram da classe C", diz Pitoli. Mas ele pondera que outra parcela é de novas famílias formadas dentro da própria classe D/E.

O economista diz que as pesquisas do IBGE, base da projeção, não permitem saber quanto é cada parcela, uma vez que a instituição não acompanha família a família. "Mas, naturalmente, a mudança de composição tem a ver com as migrações (de uma classe para outra)."

Para o economista Mauro Rochlin, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), os fatores que estariam levando parte das famílias de classe C a retornar ao estrato de origem são a alta impressionante no número de desempregados, o fechamento de vagas, o salário médio real que parou de subir e o crédito mais caro e restrito. "Tudo isso conspira a favor da ideia de que estaria havendo essa migração."

Maurício de Almeida Prado, sócio-diretor do Plano CDE, consultoria com foco na baixa renda, aponta que a faixa mais vulnerável à recessão é a baixa classe C, uma vez que 50% dela estão na informalidade. "A classe média baixa tem maior risco de voltar atrás. Ela tem pouca escolaridade, sente muito a queda da economia pelo emprego informal, quase nenhuma poupança e uma rede de contatos limitada para obter emprego."

Na prática

Myrian Lund, professora da FGV e planejadora financeira, que orienta por meio de um site famílias que precisam reestruturar as finanças, diz que a perda de poder aquisitivo da classe C afeta tanto empregados como desempregados. No caso dos empregados, ela diz que estão muito endividados, pois pegaram empréstimo com desconto em folha (consignado). Apesar de o juro dessa linha de crédito ser menor, hoje a prestação do financiamento está pesando mais no bolso dessas famílias, já que, em meio à recessão, o salário não terá aumento acima da inflação.

Para Prado, da Plano CDE, ainda que essas famílias tenham queda de renda, elas configuram uma classe baixa diferente, pela experiência adquirida com a ascensão. "É um novo tipo de classe baixa: mais conectada, escolarizada e de certa forma até mais preparada." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Com a recessão, o sonho de consumo da classe C, como ter plano de saúde, cursar faculdade, comprar o carro zero-quilômetro e até levar para casa itens de alimentação e higiene pessoal tidos como supérfluos, começou a ficar abalado.

De janeiro a agosto deste ano, 1,7 milhão de famílias deixou de comprar condicionador de cabelo em relação ao mesmo período de 2010. No caso da maionese, esse item foi cortado da lista de compras de 1,6 milhão de lares, nas mesmas bases de comparação. Os dados são da Kantar Worldpanel, empresa de pesquisa que visita semanalmente 11,3 mil famílias no País para descobrir o que os brasileiros estão consumindo.

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"A primeira mudança no padrão de consumo ocorre nas despesas do dia a dia, nas quais as compras são feitas em dinheiro, como as de alimentação", diz Myrian Lund, professora da FGV e planejadora financeira. Mas ela também observa alterações em outros segmentos, com em planos de saúde e educação.

Na área da saúde, os planos médico-hospitalares perderam 87,5 mil beneficiários de contratos individuais em setembro deste ano em relação ao mesmo mês de 2014, segundo o Instituto de Saúde Suplementar. Foi a primeira queda para o mês desde 2008.

Em 2015, o Fies, programa do governo federal que possibilitou o ingresso de muitos estudantes da classe média ao ensino superior, foi abocanhado pelo ajuste fiscal. As vagas foram reduzidas à metade: no ano passado, foram aprovados mais de 731 mil novos contratos; neste ano, serão aprovados em torno de 314 mil. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

O presidente do instituto de pesquisa Data Popular, Renato Meirelles, disse na manhã desta quinta-feira que a classe C irá continuar consumindo durante a crise e gastará, nesse período, cerca de R$ 1,35 trilhão. A afirmação foi feita na primeira edição do BRASILSHOP, na capital mineira, promovida pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop).

Segundo ele, como a Classe C emergiu de uma situação de crise, ela sabe transformar crises em momentos de oportunidades. Conforme o executivo, levantamentos recentes indicam que 92% da Classe C já estão fazendo economia no seu dia a dia; 81% estão comparando mais os preços; 65% estão se preparando para conseguir renda externa e 45% já possuem essa renda externa.

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"Há uma percepção pessimista da Classe C com relação à situação econômica, mas eles se dizem otimistas com a vida pessoal. Porque eles têm a consciência de que a economia depende dos políticos, já a vida dele depende só dele e só trabalhando ele consegue reverter a situação", declarou. Além disso, conforme o instituto percebeu, a Classe C, nesse período de maior aperto, tem adquirido mais dinheiro e/ou cartão de crédito emprestado, comprando mais fiado, escolhendo as marcas e priorizando os gastos.

Nova Classe A e B

Meirelles também ressaltou que nos próximos anos, haverá uma mudança do perfil da Classe A e B. "Essas classes vão crescer mais do que a C. São pessoas que têm bolso de Classe A e B, mas cabeça de C. Serão mais exigentes e mais resistentes à crise", declarou. Dados do Instituto Data Popular mostram que, em 2014, 23% da população é de classe alta; 56% média e 21% baixa. Para 2014, os porcentuais passarão para 34% alta; 58% média e 8% baixa.

Quase metade (49%) dos consumidores brasileiros da classe C tem o hábito de poupar dinheiro, mostra pesquisa da Boa Vista SCPC, em parceria com o programa de Finanças Práticas, da Visa Brasil. Entre os que poupam, 74% conseguem guardar acima de R$ 100 por mês. O meio preferido entre eles é a poupança (65%), seguido por guardar dinheiro em casa (24%) e investir em fundos, ações ou CDBs (10%).

Entre os motivos que levam os consumidores da classe C a poupar, 43% informaram que decidiram guardar dinheiro para ter uma reserva para emergências e imprevistos financeiros. Outros 26% afirmam que poupam recursos para comprar a casa própria; 9%, para se preparar para a aposentadoria; e 5%, para pagar estudos, faculdade ou cursos extras. Há ainda 4% que poupam para comprar o primeiro carro.

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O levantamento aponta que, entre os que ainda não conseguem poupar, existe uma expectativa de guardar dinheiro: 30% deles consideram "alta" a probabilidade de começarem a poupar ainda em 2015, enquanto 44% consideram essa possibilidade "média". A pesquisa ouviu 1 mil consumidores da classe C, de vários Estados brasileiros, por meio de levantamento eletrônico.

Há mais brasileiros que pertencem às camadas de menor renda - C, D e E - nas nove regiões metropolitanas do País do que às classes mais ricas, A e B. Essa é a estratificação do Brasil que se configura pelo novo critério de classificação social da população, o Critério Brasil, adotado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep). A nova métrica, mais minuciosa do que a anterior que está em uso desde 2008, começa a valer a partir de janeiro de 2015 para todas as pesquisas de mercado feitas no País.

Pelo novo critério, 68% dos brasileiros são das classes C e D, ante 63% pela estratificação antiga. Em contrapartida, diminuiu de 37% para 32% a fatia dos mais ricos, que pertencem às classes A e B. "Isso não significa que o brasileiro tenha empobrecido, mas pelo novo critério ficou mais difícil estar nas camadas de maior renda. Mudamos a régua", afirma o coordenado do Comitê do Critério Brasil, Luís Pilli.

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O Critério Brasil de estratificação social da população foi formulado pelos professores brasileiros Wagner Kamakura, da Rice University, dos Estados Unidos, e José Afonso Mazzon, da FEA/USP. Essa nova métrica leva em conta não apenas a renda das famílias, mas principalmente a posse de bens, o tipo de moradia, o nível educacional e o acesso a serviços públicos, como saneamento e ruas pavimentadas. Ao todo são 35 variáveis avaliadas para se chegar ao estrato social.

Pilli explica que a intenção de criar um modelo que considera vários elementos, não apenas os valores monetários que as pessoas embolsam, é tentar tirar uma fotografia da renda permanente das pessoas. O conceito de renda permanente foi introduzido pelo economista americano Milton Friedman no qual ele considera a renda corrente, isto é o que entra no bolso das pessoas, ajustada às expectativas de quem a recebe.

De acordo com esse modelo de estratificação social, são atribuídos pesos e pontos à população, de acordo com o acesso a determinados bens e serviços, grau de instrução e uso de serviços públicos e tipo de moradia.

Sai TV

Pilli explica que várias mudanças foram feitas em relação ao Critério Brasil hoje vigente para obter um retrato mais próximo da realidade social. Itens como a posse de televisor, rádio e aspirador de pó foram eliminados, pois, de acordo com os formuladores do modelo, esses bens não refletem mais a posição social. Em compensação, passaram a ser considerados nessa avaliação a posse de microcomputador, lava-louça, lava roupa, motocicleta, secadora, forno de micro-ondas e acesso a serviços públicos, como saneamento e pavimentação. "Posse de microcomputador e acesso a serviços públicos têm pesos muito grandes", diz Pilli.

Na lista de quesitos foram mantidos itens como a posse de geladeira, freezer, aparelho de DVD, automóvel, banheiro, ter empregado doméstico e o nível de escolaridade do chefe da família.

O coordenador do comitê do Critério Brasil ressalta que alguns itens que já faziam parte do critério anterior foram mantidos, mas tiveram o peso aumentado. Entre eles, estão o número de banheiros existentes na moradia, a quantidade de automóveis e o número de empregados domésticos. Por causa do maior número de itens considerados nessa nova métrica, o total de pontos que a classe A pode atingir, se preencher todos os quesitos, é 100. Pelo critério anterior, e em vigor atualmente, o total de pontos é 46.

Além de agregar novos itens para avaliar a posição socioeconômica da população, o novo critério usa uma base de dados mais ampla que permite ter um retrato mais fiel do País. "O banco de dados mudou: agora passamos a usar a POF (Pesquisa de Orçamento familiar) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de abrangência nacional. Antes, era usado o levantamento do Ibope que considerava dados das nove regiões metropolitanas." Pilli observa que, apesar de 40% a 45% do consumo estar concentrado nas nove regiões metropolitanas, o dinamismo da economia brasileira está andando mais rápido fora desses polos.

Dois 'Brasis'

Por causa do universo maior de dados do novo critério, que tem âmbito nacional, só é possível fazer comparações entre a estratificação social nova e a velha para as nove regiões metropolitanas. Segundo Pilli, o que chama atenção pela estratificação social no novo critério é que, na prática, existem dois "Brasis" em termos de perfil de classes sociais. Um deles é formado pelas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Nessas três regiões, a metade da população pertence à classe C, cerca de 30% são das classes A e B e uma pequena parcela é de classe D. "O Centro-Oeste, por causa da riqueza gerada pelo agronegócio e também em função da capital federal, já se aproxima da estratificação social das regiões mais ricas do País", observa.

Já as Regiões Norte e Nordeste mostram a outra face do Brasil. De acordo com o novo critério, quase a metade da população dessas duas regiões são da classe de menor renda, a classe D. Na Região Norte, 42% da população pertence à classe D e no Nordeste essa fatia chega 47%. Já as classes mais ricas, A e B, representam 16% na Região Norte e 13% no Nordeste. "Esses resultados mostram que o Brasil ainda é muito desigual", afirma Pilli, ressaltando, no entanto, que houve nos últimos anos ganhos de renda. Pelo novo critério, no País como um todo, 75% da população pertence às classes C (48%) e D/E (27%) e um pouco mais de um quarto integra as camadas mais ricas. Por essa métrica, a classe A representa 3% e a classe B responde por 23%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Quem me conhece, sabe que nunca tive nenhuma relação de amor com a música brega, por mais próxima que ela estivesse do meu cotidiano de subúrbio. Contudo, não posso negar certa satisfação em observar a ascensão da classe C como uma forma de tornar visível um nicho pouco conhecido – e até certo ponto, aceito e absorvido – por aqueles que se consideram afeitos a uma “cultura superior”.

No Brasil o comércio eletrônico avança a passos largos. Em 2012, as vendas chegaram a R$ 24,12 bilhões, uma alta de 29% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico. Para este ano a expectativa é de crescer 25%, segundo a e-Bit, empresa especializada no setor.

Este mercado tem se destacado pelo crescimento da participação do consumo das famílias da classe C. Mas terá a classe C chegado também ao paraíso do comércio eletrônico? A resposta obtida em estudo do Instituto Fecomércio nas cidades de Recife, Jaboatão e Olinda é positiva. “As portas do comércio eletrônico foram abertas para a nova classe média e a frase mágica é 'aumento da renda com acesso à internet'. Nas classes de menor renda o uso da internet para compras ainda é incipiente, mas na classe C as compras on-line já são prática usual”, explica o consultor da Fecomércio e um dos responsáveis por esta pesquisa inédita, Luiz Kehrle.

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Na classe C, quase 63% dos consumidores utilizam o comércio eletrônico para comprar principalmente artigos de vestuário, celulares, produtos eletrônicos e calçados, mas esses são somente os principais itens de uma miríade de bens adquiridos através da internet, incluindo uma forte participação de serviços tais como viagens, tickets para jantares e cursos, chegando aos livros e mesmo a itens mais exóticos como piercings e produtos eróticos.

“Nas classes de renda D e E, somente cerca de um em cada cinco consumidores utiliza o comércio eletrônico, um percentual muito abaixo daquele da Classe C. Todavia, os consumidores que não compram pela internet são semelhantes em qualquer das faixas de renda”, explica José Fernandes de Menezes, também consultor da Fecomércio.

Foram entrevistados 551 consumidores, 286 da Classe C e 265 das Classes D e E. Dos entrevistados, 45,74% são homens e 54,26% são mulheres. A Classe C inclui consumidores com renda familiar de 3 a 10 salários mínimos, aqueles com renda familiar mensal abaixo de 3 salários mínimos são classificados nas faixas D e E.

Com informações da Assessoria

A classe C representa 30% do total de consorciados no País, afirmou na manhã desta quarta-feira (20) o presidente da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcio (Abac), Paulo Roberto Rossi. A classe B é a líder na contratação desses serviços, respondendo por 49% do total de participantes ativos de consórcio. A classe A representa 20%, enquanto a classe D é apenas 1% desse total. Esta é a primeira vez que a Abac realiza essa pesquisa, o que impede a comparação com outros momentos.

De acordo com Rossi, a Abac acredita em uma migração maior das classes C e D aos consórcios já em 2013, mas disse ainda não ter uma perspectiva de quanto será esse aumento. De acordo com ele, essa migração esperada é um dos fatores que levam a associação a esperar crescimento entre 5% e 7% na contratação de consórcios em 2013.

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"A classe C está descobrindo o sistema de consórcios e as vantagens que ele oferece com relação aos financiamentos. Se a pessoa não tem pressa em receber o bem, o consórcio será um grande aliado com baixas taxas administrativas - bem menores que os juros do financiamento", afirmou.

Rossi afirmou que os serviços oferecidos pelas administradoras de consórcio são aqueles mais desejados pela classe C. Ele se apoiou em uma pesquisa interna da associação que mostra que 72% dos integrantes da classe C sonham em ter um imóvel e outros 45% em ter um automóvel.

"São áreas que os consórcios atuam fortemente", enfatizou. A classe D, na visão de Rossi, ainda precisa descobrir o sistema, o que poderia levá-la a contratação de mais serviços devido à estabilidade econômica e ao elevado volume de empregos. "Esses fatores permitem que as pessoas de qualquer classe social se planejem no médio e no longo prazo".

Juros

Indagado se a queda nas taxas de juros registradas ao longo do ano passado - que baixou a taxa média Selic a 7,25% ao ano - preocupa o mercado de consórcios, Rossi afirmou que o setor atualmente não sofre mais influência direta da redução ou do aumento das taxas de juros, como ocorria no passado.

"Temos um público próprio, já estamos consolidados como um mercado diferentemente dos financiamentos, que atraem pessoas com outros objetivos. Se alguém quer comprar algo de imediato, sabe que irá pagar por isso com os juros do financiamento. Já nos consórcios, a procura é de quem não tem essa pressa em ter o item, mas que prefere evitar as taxas de juros. Nossa taxa média de administração é de 0,2% ao mês, bem abaixo da taxa média", argumentou.

E-ticket virou bilhete, gate passou a ser portão e check-in, balcão de atendimento. Foi assim, usando a linguagem compreendida por quem anda de ônibus, que os sócios Bob Rossato e Alex Todres decidiram criar a Viajanet, em 2009. Embalada por slogans como “Diga não ao busão. Viaje de avião”, a agência de viagens online viu o número de funcionários subir de 50 para 390 entre 2010 e 2012. Nesse período, o valor que o site movimenta pulou de R$ 55 milhões para R$ 400 milhões. A maior parte do faturamento, não revelado pela empresa, vem dos R$ 40 cobrados a cada venda de bilhete aéreo.

A história da empresa tem origem na concorrência. Rossato, de 37 anos, e Todres, de 32, se conheceram na argentina Decolar, hoje líder de mercado no Brasil. Em 2007, eles saíram do site para montar a agência Panamericano Viagens, do banco Panamericano, do Grupo Silvio Santos. A crise do banco, que começou logo depois, não deixou os planos saírem do papel e os os sócios decidiram partir para o próprio negócio.

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Em um escritório de 40 metros quadrados no centro antigo de São Paulo, eles fundaram a Viajanet, unindo o conhecimento do modo como uma agência online funciona aos estudos sobre a classe C, foco da Panamericano Viagens. A empresa surgiu num momento em que a demanda por viagens no Brasil explodiu. Além disso, Rossato e Todres conseguiram desenvolver uma ferramenta de pesquisa simples, acessível à classe C, que foi quem mais contribuiu com o crescimento da demanda nos últimos anos.

O primeiro aporte veio do fundo Investment Travel Technology, de um grupo de brasileiros, que desembolsou R$ 4 milhões. Depois, chegou o dinheiro do espanhol IG Expansión. Em 2011, a startup, como são chamadas empresas em estágio inicial, recebeu US$ 19 milhões dos fundos americanos Redpoint Ventures e General Catalyst.

O dinheiro dos investidores está sendo usado principalmente para intensificar a publicidade no Google e nas novas contratações. Entre os executivos recém-chegados à Viajanet está Paulo Nascimento, ex-vice-presidente comercial da Azul. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

A produção de alimentos orgânicos no Brasil é vista pelo diretor de Agregação de Valor do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Arnoldo de Campos, como uma grande oportunidade para a agricultura familiar. Campos é um dos debatedores do seminário Brasil Orgânico e Sustentável/ Rio de Janeiro – Impactos da Política Nacional de Agroecologia, que será realizado nesta segunda-feira (19), na capital fluminense.

“Graças ao crescimento da economia, a gente tem um  aumento muito significativo da classe média, e quando a pessoa tem mais renda, fica mais exigente. As preocupações com a saúde, alimentação saudável e livre de agrotóxicos, se intensificam na sociedade. Isso acaba sendo uma boa oportunidade para os agricultores familiares, que têm mais vocação para esse tipo de sistema produtivo”, disse Campos, em entrevista àAgência Brasil.

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Segundo o diretor do MDA, o mercado de produtos orgânicos movimenta hoje, no Brasil, “em torno de meio bilhão de reais”. Esse mercado cresce entre 15% e 20% ao ano e é abastecido por cerca de 90 mil produtores que “têm alguma produção orgânica ou agroecológica”. Desse total, cerca de 85% são agricultores familiares.

Arnoldo de Campos não tem dúvida de que a tendência é a expansão da demanda por produtos verdes. “As redes de supermercados pretendem elevar a oferta de produtos orgânicos porque seus consumidores estão demandando isso. A indústria de alimentos quer ter mais fornecedores com essa característica. Os restaurantes, bares e hotéis cada vez mais querem ter uma parte dos seus cardápios para atender aos clientes que consomem produtos orgânicos”, informou.

O diretor assegurou que há uma demanda em diferentes setores da economia por esse tipo de produto. “É uma demanda crescente que hoje está represada pela oferta ou pela desorganização das cadeias produtivas do setor, que é um setor novo no Brasil”. O seminário vai apresentar as ações do núcleo temático Copa Orgânica e Sustentável.

O evento é promovido pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), por meio do projeto Centro de Inteligência em Orgânicos, e pelo portal Planeta Orgânico, com apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Os investimentos e as políticas econômicas brasileiras tem surtido efeito. Na última década, o perfil socioeconômico do país mudou – e muito. A principal mudança foi o fortalecimento da classe C, que passou a integrar a classe média.

Pelo menos metade das famílias que moram em favelas e em áreas de ocupações no Brasil pertence à nova classe média, segundo dados sobre renda do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1992, a classe C era composta por 34,96% da população, em 2009 chegou a 50,5% e os dados mais recentes apontam que 53% dos brasileiros estão nessa condição. A classe média é dominante do ponto de vista eleitoral e quando falamos do ponto de vista econômico, ela detém em torno de 46,24% do poder de compra e supera as classes A e B (44,12%) e D e E (9,65%).

A nova classe média representa mais de 100 milhões de brasileiros, um aumento de 37% apenas nos últimos dez anos. Os números indicam ainda que ocorreu uma considerável mobilidade social nos últimos anos, além do avanço da classe média, cerca de 19,3 milhões de pessoas saíram do nível da pobreza. Essa nova classe social cresce cerca de 4% ao ano.

Até pouco tempo atrás, depois de quitar as faturas básicas mensais, essas pessoas não tinham renda para consumir nada além da cesta básica. Hoje, são capazes de comprar sapatos e bolsas, têm acesso à tecnologia e frequentam escolas e faculdades particulares. Tudo graças às mudanças econômicas do país, que elevaram a renda dos brasileiros e injetaram mais R$ 100 bilhões na economia nacional desde 2002.

Vale ressaltar que o crescimento econômico brasileiro beneficiou tanto as classes privilegiadas quanto as populares. A justificativa para essas mudanças está no aumento das oportunidades de emprego e, se falarmos dos trabalhadores já empregados, se justifica nos reajustes nos salários.

Não podemos dizer que o país mudou de perfil da noite para o dia. Essa mudança é resultado de múltiplos fatores, desde a política de estabilização dos preços, passando pelas mudanças demográficas, da educação ao mercado de trabalho. Do ponto educacional, o estudo "Vozes da classe média" elaborado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, apontou que 49% dos jovens filhos que fazem parte dessa nova classe média estudaram mais do que os pais.

São esses mesmos jovens que estão buscando melhorar. Buscam aumentar o grau de escolaridade para garantir melhores salários e desempenhar funções no mercado formal. Aliado a isso, o conhecimento torna esse público mais exigente na hora de consumir. Este é o novo perfil do brasileiro, esforçado, interessado e exigente.

De todas as classes sociais brasileiras, a única que gasta mais do que ganha é a C. Em estudo sobre consumo realizado pela consultoria Kantar Worldpanel, o segmento aparece com déficit de 2% na relação entre renda e gasto. Tanto a classe AB quanto a DE ficaram com saldo positivo nesta análise, de 1% e 4% respectivamente. "Praticamente todo mundo está gastando o que ganha, porque esses 4% da classe DE significam muito pouco", avalia a diretora comercial da instituição no Brasil, Christine Pereira. O estudo é feito semanalmente em 8.200 domicílios do País e monitora o comportamento de 27.500 mil consumidores. O resultado divulgado nesta quinta-feira (13) compila dados do ano de 2011.

De acordo com Christine, a classe C representa 41% da população brasileira, e seu endividamento colabora para a recente desaceleração do consumo. A Kantar Worldpanel considera para o estudo que a classe C ganha em média R$ 2.027,70 (renda familiar) e gasta R$ 2.060,12. Nos últimos dois anos, o segmento diminuiu o número de visitas mensais a pontos de venda de varejo tradicional em duas vezes, de 13 para 11 visitas no mês.

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Despesas como educação e vestuário, classificadas como "outras despesas", respondem pela maior parte dos gastos da classe C (38%). Na sequência, aparecem despesas fixas, como habitação, transporte e serviços públicos (33%), seguida por uma cesta de bens de consumo não duráveis definida pela entidade (28%).

Produtos

O estudo analisou ainda a penetração de 120 categorias e subcategorias de produtos nas classes sociais. A classe C já conquistou 46% das categorias, está em processo de conquista de 31% e ainda precisa conquistar 23%. O estudo considera como consolidada a conquista quando a categoria de produto tem 50% de penetração nos domicílios. Nesse caso, a análise foi feita entre julho de 2011 e junho de 2012.

Em uma lista reduzida de 25 categorias, a classe C tem defasagem no consumo de dez itens: TV cabo e ou satélite, CD laser, aspirador de pó, ar condicionado, câmera digital, congelador/ freezer, câmera de vídeo/filmadora, home theater, secadora de roupas e lava louça. A classe AB não conquistou os quatro últimos itens listados.

Gasto

A classe C reforça o grupo de 52% das famílias que gasta mais do que ganha. Dentro do número de brasileiros que gastam mais do que ganham, 27% estão "enforcados" e 25% se mantêm relativamente equilibrados - gastando pouco a mais do que ganham, de acordo com o estudo da Kantar Worldpanel. Em 2008, o porcentual de famílias que estavam com gastos acima da renda era de 49%.

A expectativa da diretora comercial da Kantar Worldpanel é de que a quantidade de pessoas que gastam além da renda continue acima dos 50% até o final do ano. "Há uma sofisticação do consumo do brasileiro, que está incorporando novas despesas à sua vida. À medida que houver emprego e renda, o consumo vai continuar a crescer", afirma.

Outra análise feita pela instituição mostra que 72% das famílias paulistas e cariocas tem intenção de poupar. O número de pessoas que pensa em economizar dinheiro mais que dobrou desde 2008, quando o porcentual era de 29%. Na comparação com a América Latina, o País também sai na frente na intenção de poupar, já que 63% do bloco afirmou que pretende economizar.

Metade dos brasileiros que responderam que querem poupar afirmaram que gostariam de economizar 10% da renda. Em primeiro lugar na intenção de investir aparece a reserva para o futuro. Na sequência, vêm reformas e melhorias na casa e a compra da casa própria. O estudo foi realizado nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro.

De olho na nova classe média brasileira, o Data Popular realizou um levantamento para verificar quais marcas se beneficiaram com o crescimento do consumo dessa fatia da população. A pesquisa divulgada nesta quarta-feira, durante a 10ª edição do Congresso Nacional das Relações Empresa-Cliente (CONAREC), apontou que a Nestlé é a preferida, sendo citada por 4,1% dos entrevistados, seguida por Samsung (3,9%) e Adidas (3,7%). Foram ouvidas 22 mil pessoas em 153 cidades pelo Brasil.

De acordo com o Data Popular, 54% dos entrevistado se preocupam com a marca dos alimentos, 47% consideram a empresa na hora de comprar computadores, 45% antes de adquirir o automóvel e 41% para eletrônicos. Porém, apenas 37% dos entrevistados afirmaram dar atenção à marca dos sapatos.

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Segundo a pesquisa, existe uma diferença entre o gosto dos homens e das mulheres da nova classe média. Eles citaram marcas de tênis, roupas de esporte e eletrônicos, enquanto elas apontaram alimentos, cosméticos e roupas.

O Data Popular constatou que a classe média brasileira cresceu de 42% da população em 2004 para 53,9% em 2011, ganhando parte dos antigos pertencentes à classe D, que apresentou declínio de 41,3% para 31,1% no mesmo período. Conforme projeção do instituto, em 2014 a classe C será representada por 58,3% dos brasileiros, enquanto 26,8% estarão na D.

Entre 2004 e 2011, o crescimento no número de pessoas na classe C impulsionou as compras, fazendo com que a nova classe média atingisse R$ 1,03 trilhão em consumo no ano passado. A cifra corresponde a um crescimento de 228,3% nos gastos com produtos e serviços nos últimos sete anos.

O carrinho de compras da nova classe média também mudou de 2001 para 2012. A classe AB comprava 35 categorias diferentes de produtos, a C 27 e a DE 19 há 11 anos. Agora, a AB leva para casa 45 categorias, a C 42 e a DE 40.

Vejas as marcas preferidas:

 

Nos últimos oito anos, 40 milhões de brasileiros ingressaram na classe C. A informação foi dita pelo diretor técnico do Sebrae em Pernambuco, Aloísio Ferraz, durante a abertura da palestra “A relação da nova classe média com as MPEs”, com o publicitário Roberto Meirelles, realizada na última quinta-feira (5), no auditório do Sebrae, no Recife. 

Tendo conduzido mais de 200 estudos sobre o comportamento do consumidor de baixa renda no Brasil, Meirelles apresentou o tema a uma plateia de micro e pequenos empreendedores atenta e interessada em conhecer melhor essa camada da população que vem transformando a forma de consumo no País.

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De acordo com ele, seis de cada dez pessoas com acesso à internet pertencem a essa nova configuração da classe C, que tem maior grau de instrução que seus pais, é mais otimista que os componentes das demais classes socioeconômicas e vem crescendo em maior proporção no interior dos estados do que nas regiões metropolitanas.

Segundo Renato Meirelles, a massa populacional que compõe a nova classe média foi a responsável por movimentar mais de um trilhão de reais em consumo no ano de 2011, o que serve para abrir os olhos dos empresários para a importância de uma atuação voltada para esse público, que também pode consumir produtos do tipo premium. Em termos comparativos, esse grupo responde por R$ 44 de cada R$ 100, mais que a soma das classes A e B juntas, que também têm envelhecido a uma velocidade maior que a classe C.

Gratuito, o evento fez parte das estratégias do Programa Sebrae Mais e abordou temas como consumo, comportamento, valores e comunicação dos diferentes tipos de consumidores brasileiros e a relação da nova classe média com o microempreendedorismo. “Nenhuma empresa cresce hoje no Brasil sem conhecer o coração, a mente e o bolso dessa nova classe média”, determinou Renato Meirelles.

Nesta quinta-feira (22) a empresa do grupo BPN Paribas divulgou o percentual de brasileiros que migraram para a classe C. De acordo com o estudo O Observador Brasil, em sete anos a classe C migrou de 34% para 54%. Em números mais precisos isso significa que em 2005, 62.702.248 brasileiros pertenciam a classe C.

Já no ano passado, os números haviam subido para 103.054.685. A classe C foi a única faixa da população em que foi observado tal crescimento. A renda dos integrantes desta classe passou de R$ 1.338 para R$ 1.450. Enquanto isso, nas classes A e B, a renda média familiar caiu de R$ 2.983 para R$ 2.907, e nas classes D e E, o valor baixou de R$ 809 para R$ 792.

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A ascensão da classe C e a expansão do crédito na última década levaram às profundas mudanças nas despesas do orçamento familiar detectadas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na atualização de ponderação dos itens componentes da família dos Índices de Preços ao Consumidor (IPCs), que apuram a inflação no varejo. A atualização entrará em vigor a partir de fevereiro.

Para economista da FGV André Braz, estes dois fatores explicam, por exemplo, a perda de força nos gastos com alimentos; e o aumento de interesse em comprar carros, apurados pela fundação. Embora tenha ressaltado que os IPCs abrangem famílias em diferentes classes sociais, com renda até 33 salários mínimos mensais, considerou que o consumidor de menor poder aquisitivo está incluído na abrangência do indicador - e pode ter ajudado a impulsionar as mudanças. "Com o aumento de renda do trabalhador, na última década, o consumidor mais pobre desloca seus gastos para outros tipos de consumo", explicou.

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No caso do crédito, a maior disponibilidade de financiamentos ajudou a elevar o potencial de compras de carros do brasileiro. "Agora, com o novo peso de veículos no cálculo da inflação do varejo, para cada 1% de aumento em veículos no varejo isso vai impactar positivamente em 0,06 ponto porcentual os IPCs", afirmou.

Braz minimizou o menor impacto dos gastos com educação no orçamento familiar na última década, também detectada na atualização de pesos dos IPCs. Ele lembrou que, no período, houve diminuição no número de filhos por família. Isso, na prática, ajudou a reduzir gastos familiares com educação.

Na formação dos Índices Gerais de Preços (IGPs), indicadores nos quais os IPCs representam 30%, o técnico informou que a atualização da ponderação vai contribuir para taxa de inflação menos intensa em 12 meses, ao longo de 2012, na família dos IGPs. Isso porque itens que aumentarão sua participação no cálculo da inflação varejista a partir de fevereiro, como bens duráveis por exemplo, não mostram sinais de elevação de preços expressiva este ano. Ao mesmo tempo, houve diminuição de importância da inflação em segmentos que costumam mostrar aumentos de preço todos os anos, tendo em vista reajustes programados de alguns de seus sub-itens - como educação, por exemplo, sempre pressionado por reajustes em mensalidades escolares.

A expansão da classe C no País deve continuar a ocorrer em ritmo acelerado. De acordo com estudo elaborado pelo instituto Data Popular, 58% da população pertencerá à classe C em 2014. Hoje, 54% dos brasileiros se enquadram nesse extrato social que, segundo critérios do levantamento, reúne famílias com renda média de R$ 2.295.

"Os padrões de consumo dessa nova classe C não serão iguais aos de hoje. Há uma mudança em andamento", avisa Wagner Sarnelli, sócio do Data Popular, especializado em pesquisas de consumo. "Portanto, a empresa que quiser vender para esse público deve entender bem seus códigos e seus valores para se comunicar corretamente". Sarnelli foi um dos participantes do 1º Encontro Estadão PME. Direcionado a pequenos e médios empresários, o evento foi realizado hoje (8) em São Paulo e contou com a participação de analistas econômicos e empreendedores de sucesso. Cerca de 180 pessoas acompanharam os quatro módulos do encontro.

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Na primeira etapa, os palestrantes discutiram as perspectivas de desempenho da economia para 2012. O otimismo deu o tom das análises. "Caso haja um agravamento da crise na Europa, o impacto poderá ser sentido pela economia brasileira. Mas este não me parece o cenário mais provável", afirmou Caio Megale, analista econômico do Itaú. O Brasil, na visão de Megale, também está mais preparado para enfrentar eventuais problemas. "Em 2008, quando houve a quebra do banco americano Lehman Brothers, a economia brasileira seguia a 120 quilômetros por hora. Hoje, a velocidade é de 70 quilômetros por hora. Portanto, qualquer pisada no freio teria um impacto menor".

Por considerar que o desempenho da economia brasileira não deve sofrer alterações bruscas no próximo ano, José Luiz Rossi Junior, professor do Insper, recomendou aos pequenos e médios empresários que mantenham os investimentos programados. "Não há motivos para as empresas reverem suas decisões", declarou o professor. "Enquanto o consumo interno mostrar força, os pequenos e médios negócios não sentirão impactos bruscos em seu faturamento", completou Bruno Caetano, superintendente do Sebrae de São Paulo.

 

Histórias de sucesso

 

No segundo módulo do evento, Antonio Carlos Carbonari Netto, fundador da Anhanguera Educacional, narrou sua trajetória empresarial e deu dicas aos participantes do evento. "É preciso ter foco e saber identificar as oportunidades", ensinou o empreendedor. Por constatar que os estudantes das classes C e D não frequentavam as universidades por falta de recursos, o empresário decidiu criar uma faculdade que oferecesse cursos baratos, com foco na formação de mão de obra para o mercado de trabalho.

Carbonari deu conselhos pragmáticos. "Retenção de talentos nas empresas se faz com muito carinho e dinheiro", sentenciou. Mas também não escondeu suas falhas e fragilidades. "Meu principal erro foi achar que era dono da empresa", disse. "O empresário deve ter uma postura de gestor, e não de dono, porque o dono tende a imprimir uma gestão caseira".

E Carbonari ainda admitiu que, até hoje, sente medo. "Empresário tem medo porque raciocina na frente e enxerga o perigo. Ter medo é bom, mas é preciso controlá-lo". O terceiro módulo do evento tratou de segmentação. Sarnelli, do Data Popular, e Gabriela Otto, professora de marketing de luxo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), falaram sobre as oportunidades que o mercado popular e o segmento de luxo oferecem para as pequenas empresas.

"Os pequenos negócios que decidirem trabalhar no mercado de luxo devem apostar na valorização da cultura local como forma de diferenciação", sugeriu Gabriela. O evento terminou com o depoimento de Ivani Calarezi, sócia da rede Amor aos Pedaços. A empresária contou que, até hoje, continua a testar receitas. "Mesmo que elas não se transformem em produtos, eu gosto de continuar criando coisas novas", disse. Ivani finalizou a apresentação com uma observação simples, mas preciosa: "Quem ouve o cliente está no caminho certo" As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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