Tópicos | Eleições 2022

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) declarou, nesta segunda-feira (10), que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não irá escolhê-lo para compor a chapa à reeleição em 2022. Minimizando a situação, Mourão disse que continua “a ser general da reserva”.

“Tudo indica que ele não me quer como vice. Mas também não vou morrer por causa disso”, declarou Mourão em entrevista ao UOL. Quando questionado sobre uma possível candidatura ao Senado Federal, o militar desconversou. "Por enquanto acompanho o presidente Bolsonaro, porque fui eleito para ser vice-presidente dele até 31 de dezembro do ano que vem", disse.

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O vice também escolheu não comentar a possibilidade de Bolsonaro migrar para o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), onde está inserido, e defendeu o presidente ao negar que ele tenha cometido crime passível de impeachment.

“São questões de interpretações sempre. Não existe uma pressão popular para isso. Você pode dizer que o presidente perdeu popularidade em determinados segmentos da sociedade, mas em outros ele continua com a popularidade dele. Além disso, ele possui uma base consistente dentro do Congresso”, finalizou o general.

 

O tema da Segurança Pública deve ser o principal ponto de convergência das forças de oposição em 2022 no Rio de Janeiro, berço do bolsonarismo e comandado hoje pelo governador Cláudio Castro (PSC), aliado do presidente Jair Bolsonaro. A operação policial que resultou na morte de 29 pessoas na favela do Jacarezinho, na zona norte da capital fluminense, na quinta-feira (6), reforçou essa ideia entre participantes desse grupo.

Líderes partidários de diferentes campos ideológicos vão tentar se contrapor à tese de que "bandido bom é bandido morto", discurso presente na eleição de 2018 do então governador Wilson Witzel e que tem força também dentro do bolsonarismo. Acusado de corrupção na Saúde durante a pandemia, Witzel, que foi cassado, tinha como foco de seu discurso uma política de segurança calcada em duras operações policiais.

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Dos líderes que fazem oposição ao bolsonarismo, participam das conversas quadros importantes da política fluminense, como os deputados federais Marcelo Freixo (PSOL), Alessandro Molon (PSB) e Rodrigo Maia (DEM), além do prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM, mas de saída para o PSD), do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, nomes do PT e outros partidos de esquerda.

Esse grupo tem destacado a necessidade de construir uma política de Segurança que vá além das operações policiais - uma bandeira histórica de Freixo, que hoje é o principal nome colocado para o pleito.

O grupo político de Paes e Maia - hoje incentivador da candidatura do advogado Santa Cruz ao governo do Rio, mas aberto a composições - criticou o resultado da operação no Jacarezinho. Dois dias antes dela, em entrevista ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o prefeito já havia apontado a Segurança como um dos principais consensos entre seus aliados e os políticos mais à esquerda, além, segundo ele, da importância da retomada econômica do Estado.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido uma frente ampla no Rio e manifestou isso a Freixo em encontro que tiveram na última semana. O petista, que considera o Estado uma peça-chave no tabuleiro para a disputa nacional do ano que vem, repudiou publicamente a matança no Jacarezinho.

Em Brasília, Lula se reuniu com Molon e Maia e se mostrou simpático à criação de um "palanque múltiplo" em terras fluminenses, capaz de receber os principais representantes de oposição ao presidente Jair Bolsonaro. Essa hipótese vem sendo citada a todo momento pelos políticos do Rio.

Um levantamento do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF) mostrou que as ações das polícias no Rio têm pouca justificativa legal, apreendem poucas armas e drogas e resultam em muitas mortes. A soma desses fatores levou os pesquisadores à conclusão de que apenas 1,7% das incursões entre 2007 e 2020 na região metropolitana podem ser consideradas eficientes.

Apesar dos dados e dos relatos impactantes sobre o que ocorreu no Jacarezinho - e em outras operações policiais -, a classe política sabe que o discurso de "bandido bom é bandido morto" ainda encontra respaldo em parcelas da população. "Nosso problema não é de projeto, é de comunicação. Para todo problema complexo há uma resposta simples e errada, que é o que vem sendo feito no Rio", diz o deputado Molon. "O projeto tem que envolver prevenção social focalizada, com políticas públicas atraindo crianças e adolescentes e disputando seu futuro, além de uma repressão qualificada, a partir de inteligência e investigação."

Aliado de Bolsonaro, Castro, empossado em definitivo no último dia 1º após um período como interino, lamentou as mortes no Jacarezinho, mas buscou destacar o "longo e detalhado trabalho de inteligência e investigação".

Um dia antes, ele recebera Bolsonaro no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo. Castro negou que tenha havido intenção eleitoral na operação, mas o "timing" dela jogou luz sobre um movimento que já se desenhava desde que a volta de Witzel ao cargo passou a ser tida como impossível: uma maior 'bolsonarização' do novo governador, que é desconhecido do eleitorado e precisa se viabilizar para 2022.

Autor da chamada ADPF das Favelas - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental que está em discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) e busca aumentar o controle externo sobre a atividade policial no Rio -, o PSB de Molon é, inclusive, um possível destino para Freixo, que encontra resistência interna no PSOL na tentativa de buscar o centro. Contudo, isso só deverá ser decidido mais para frente, já que a janela para a troca partidária de deputados abre no ano que vem.

As articulações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atrair o apoio do MDB na disputa presidencial de 2022 causaram reação de uma ala do partido, que já prepara uma contraofensiva. Desde que teve suas condenações na Lava Jato anuladas e retomou seus direitos políticos, Lula tem mantido diálogo com caciques emedebistas na tentativa de restabelecer a aliança da época em que o PT foi governo.

Ex-líder da bancada ruralista na Câmara e próximo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado Alceu Moreira (RS), presidente da Fundação Ulysses Guimarães, lidera o grupo anti-Lula do MDB. O parlamentar gaúcho vai iniciar a partir do dia 15 um ciclo de debates e consultas aos filiados para posicionar institucionalmente a legenda no chamado "centro democrático".

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Organizados pela Fundação Ulysses Guimarães, os eventos serão virtuais e vão reunir quadros como o ex-presidente Michel Temer, que foi vice nos dois mandatos de Dilma Rousseff e assumiu o cargo após o impeachment da petista, em 2016. "Não passa de um devaneio o MDB apoiar Lula. O centro é ser radical contra o radicalismo. Se há um partido que é de centro é o MDB", disse Moreira.

O movimento para barrar o avanço de Lula no partido conta com o apoio de Temer e dirigentes emedebistas do Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, Estados que historicamente se alinham contra o PT em eleições presidenciais.

Derrotado na eleição para presidência da Câmara por uma frente que contou com o apoio do Palácio do Planalto, o presidente nacional do partido, deputado Baleia Rossi (SP), mantém um discurso neutro e evita se alinhar a alguma das correntes internas, mas prega que o MDB se afaste dos extremos.

Para o dirigente, o partido deve reabrir o debate com outras forças políticas interessadas em quebrar a polarização entre Lula e Bolsonaro em 2022.

"Sabemos das diferenças regionais do MDB, por isso o melhor caminho para o partido é construir um candidato de centro. Vamos discutir todas essas questões com a executiva nacional do partido nos próximos meses", disse Rossi ao Estadão.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) vai na mesma linha. "Basta ver a história do partido: um guarda chuva para todas as tendências ideológicas e políticas que é capaz de unir os diferentes contra os extremos, a favor de uma alternativa democrática, seja com candidatura própria ou como aglutinador de uma terceira via", disse Tebet.

Um dos nomes colocados como alternativa de centro, o governador de São Paulo, João Doria, também está empenhado em obter apoio do MDB para sua candidatura à Presidência, em 2022. Embora a cúpula do MDB fale sobre o lançamento de um candidato próprio ao Planalto, este cenário é visto como menos provável. A ideia é apoiar um candidato e, no máximo, ser vice de alguma chapa. Não há, porém, um consenso sobre quem apoiar.

Em São Paulo, Baleia tem um acordo com Doria. A tendência é que o MDB apoie a candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia para a disputa ao Palácio dos Bandeirantes. Garcia hoje está no DEM, mas deve migrar para o PSDB.

Palanques regionais.

Lula, por sua vez, passou a semana em Brasília em busca de apoio à sua pretensão eleitoral. Ele almoçou anteontem com o também ex-presidente José Sarney (MDB-MA). Um dos temas da conversa, na casa do emedebista, foi a montagem de palanques estaduais em 2022.

Como revelou a Coluna do Estadão, Lula telefonou para caciques emedebistas do Norte e do Nordeste e disse que representa o "centro" no tabuleiro eleitoral. Ainda que não tenha o compromisso do apoio do MDB para o seu projeto presidencial, o petista quer amarrar alianças regionais fortes que possam garantir a ele apoio nos Estados. Exemplos disso são Alagoas, onde o grupo de Renan Filho (MDB) busca permanecer no comando, e Pará, governado por Helder Barbalho (MDB), pré-candidato à reeleição. Lula é próximo dos pais dos dois governadores.

Para o ex-presidente, o apoio do MDB garantiria uma estrutura partidária forte no Norte e Nordeste, além de mais tempo de TV no horário eleitoral gratuito e a narrativa de que está construindo um projeto que vai além do campo da esquerda tradicional.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No xadrez político de Alagoas, o futuro dos grupos de Arthur Lira (Progressistas) e Renan Calheiros (MDB) vai se cruzar novamente em 2022. O governador Renan Filho quer disputar o Senado e terá de se licenciar do cargo seis meses antes da eleição.

Como o ex-vice-governador Luciano Barbosa (MDB) se afastou para ser prefeito de Arapiraca, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Victor (Solidariedade), é o primeiro na linha sucessória. Mas o deputado estadual é aliado de Lira. Dessa forma, a máquina pública do Estado, influente nos 102 municípios, ficaria nas mãos do grupo rival.

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É por isso que interessa aos Calheiros uma aproximação com os Lira. "O Palácio do Planalto fará qualquer lance para tirar forças de Renan e seu filho, inclusive cedendo mais apoio a Lira. Do ponto de vista nacional, o presidente da Câmara tem mais força e vai capitalizar isso para tentar conquistar o governo, mesmo sem ser ele o candidato", afirmou o cientista político Ranulfo Paranhos, professor da Universidade Federal de Alagoas.

Nos últimos anos, uma terceira força emergiu no Estado e busca furar essa polarização. Trata-se da aliança do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PSB), o JHC, com o senador Rodrigo Cunha (PSDB). JHC apoiou a eleição de Lira para a presidência da Câmara, contrariando seu partido, e tem se aliado a Bolsonaro. Cunha, por sua vez, é potencial candidato do PSDB ao governo de Alagoas.

Reforma

Em recente reforma do secretariado, Renan Filho acomodou forças políticas opositoras no governo, num sinal de que busca amplo apoio, já que ainda não escolheu o pré-candidato à sua sucessão. Oito secretários foram substituídos. Agora, fazem parte da administração alas rivais do clã Beltrão, a família do deputado Marx Beltrão (PSD).

Os Calheiros e os Lira já estiveram juntos na base dos governos Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer. Em 2010, Renan e Benedito de Lira - pai do presidente da Câmara e prefeito de Barra de São Miguel - foram eleitos numa dobradinha para o Senado.

A campanha de 2014, no entanto, deixou fissuras nos dois grupos. Renan Filho disputou o governo contra Benedito de Lira. A vitória do filho do senador azedou de vez a relação com o deputado. Em 2018, Benedito não se reelegeu, perdendo a vaga para Cunha, e Renan ficou com a segunda cadeira. Naqueles embates, os líderes dos dois clãs trocaram ofensas até hoje lembradas.

Renan disse que Benedito de Lira ficara "velhaco". Um vídeo no qual Arthur Lira defende o pai e devolve o xingamento voltou a circular na semana passada. Na gravação, o deputado chama Renan de traidor. Nessa temporada de CPI da Covid, os sinais são confusos, mas há quem veja a possibilidade de uma trégua mais adiante. Até agora, porém, não é o que parece.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com plano de concorrer ao Senado em 2022, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), afirmou que o presidente Jair Bolsonaro é inconstitucional do cabelo ao pé. Crítico ferrenho do Planalto, nessa sexta-feira (7), ele também se mostrou favorável à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid investigar a gestão dos repasses da União para estados e municípios na pandemia.

Na visão do maranhense, há condições de formar uma grande aliança com partidos de centro e da esquerda para o próximo pleito presidencial. Em entrevista ao Congresso em Foco, Dino defendeu o impeachment de Bolsonaro e acrescentou que, apesar de discordar em diversos pontos do vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB), enxerga no militar mais abertura e ‘capacidade cognitiva’ para o diálogo do que o chefe do Executivo.

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"Bolsonaro é inconstitucional ele próprio. Ele todinho, do cabelo ao pé é incompatível com a Constituição Federal, em tudo. [...] Ele é um presidente inconstitucional. Nós temos que fazer com que o campo da Constituição se una, no primeiro ou no segundo turno, em 2022", argumentou.

Sem sua participação na disputa ao Planalto, o governador diz que vai manter as articulações políticas para evitar a reeleição de Bolsonaro. "O Brasil não aguentaria mais quatro anos de desastre", pontuou, e classificou a atual gestão como "desastrada, incompetente e improba".

Sobre a movimentação de bastidores do ex-presidente Lula (PT), que cumpriu uma agenda pesada de reuniões nesta semana, em Brasília, Dino avalia a postura como correta. “Ele pode ser o candidato se de fato esse for o caminho que ele próprio coloque com o partido dele porque é um nome que tem todos os atributos para ser esse elemento de convergência, ou dependendo da avaliação em 2022 o PT apoiar alguém seria norma”, complementou.

Após uma semana de peregrinações nos diretórios partidários em Brasília em busca de alianças para construir uma candidatura competitiva para 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma avaliação positiva dos encontros. "Foi muito importante para mim pessoalmente e acho que para o PT é muito importante a gente restabelecer as conversações com as forças políticas desse País. Fazia tempos que eu não tinha reuniões com partidos políticos", disse o ex-presidente nas redes sociais. "Acho que foi um sucesso."

Na capital federal, Lula esteve reunido com Gilberto Kassab do PSD, Rodrigo Maia do DEM, Marcelo Freixo do PSOL, Fabiano Contarato da Rede e o ex-presidente José Sarney do MDB. Entre os assuntos, Lula não citou as próximas eleições presidenciais, mas sim a urgência para campanha de vacinação contra a covid-19, volta auxílio emergencial de R$ 600, crédito a pequenas e médias empresas bem como uma política de investimentos para a geração de emprego no País.

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"Nós estamos trabalhando para recuperar a democracia no nosso País e voltarmos a ter um País feliz onde todas as pessoas possam viver em paz", disse Lula.

O ex-presidente também se encontrou com embaixadores a fim de discutir "a inquietação que (outros países) têm do nosso governo se afastando das relações internacionais com todo mundo". "Estão todos preocupados com o desgoverno do desmatamento, a despreocupação com a covid-19, com as vacinas e o cuidado do povo", disse.

Ainda manchado por viajar à Paris após ser derrotado nas eleições de 2018, Ciro Gomes já deixou claro que sua campanha para a disputa de 2022 será montada contra PT. Ativo nas redes sociais em ataques que compara os dois protagonistas do próximo pleito - o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, o pedetista firmou parceria com o ex-marqueteiro do PT, João Santana, para arrancar votos da esquerda. No entanto, de acordo com o cientista político Pedro Soares, a postura radical o afasta cada vez mais do objetivo.

Até então isolado e sem alianças externas, o ex-ministro da Fazenda se coloca como a 3ª via para acabar com a polarização 'bolsolulista' e age sem receio de chamar Bolsonaro de "genocida" e classificar Lula como um "enganador profissional". "Membros do próprio lado, que estão muito próximos de Ciro enxergam isso como desnecessário. O momento é tão crítico, que uma grande coligação faria bem para a política brasileira", comenta o cientista político.

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Para Soares, Ciro perde o status de 3ª via com o possível anúncio de uma chapa entre o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB); ou se o ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, firmasse uma união com o gestor paulista.

"Ele deixaria de ser imediatamente a terceira via, passaria para coadjuvante do coadjuvante. Se ele não se encaixar em uma grande aliança, vai ficar bastante apagado. Digo isso pelo último pleito em que ele concorreu, tanto é que nem foi para o segundo turno", avalia.

Velha figura da política nacional, Ciro busca ares de renovação e teve como última movimentação concreta o anúncio da parceria com o marqueteiro vitorioso nas campanhas do PT, João Santana, que chegou a ser preso quando foi condenado na Lava Jato por corrupção e organização criminosa.

Essa é a aposta de Ciro para fortalecer o PDT, mas para o cientista, o pré-candidato "deveria se encaixar como um braço direito, como um aliado fortíssimo de Lula" para afastar a extrema direita e o pensamento de "ódio, medo e incerteza" em que vivemos. "Ele deveria se encaixar por aí, mas no momento não se encaixa em lugar nenhum", considera o estudioso.

Ao mesmo tempo, Bolsonaro se fortalece com sua fiel base aliada, enquanto Lula está em Brasília, onde articula uma frente ampla com o MDB e o PSOL. "O comportamento político de Ciro em 2021 é um pouco precipitado. Os dois lados protagonistas do próximo pleito eleitoral ainda estão se movendo. Bolsonaro está em um momento extremamente crítico, apesar de ter um núcleo consolidado que o apoia. Ele viu muito das suas parcerias se desmontando. Já Lula está tentando montar uma grande coligação e, a partir do momento que Ciro estabelece uma fala, ele termina comprometendo sua aproximação com a esquerda”, destaca Pedro.

"Ciro poderia recorrer aos lados de esquerda que não estão do lado do PT. A única aliança que ele poderia recorrer seria essa", emenda, recomendando. Ainda é cedo para anunciar o candidato a vice, mas o panorama sugere que o PDT novamente vai formar uma chapa sem apoio, o que não seria muito inteligente do ponto de vista da capilaridade política.

Em 2018, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) foi a vice do partido, mas abandonou a sigla em 2020, quando fechou com o PP. Dentre os representantes internos do PDT, o cientista aponta que, apesar de discordar de Ciro em mais de uma oportunidade, o deputado pernambucano Túlio Gadêlha pode usar sua popularidade para surpreender na campanha.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) almoçou com o também ex-presidente José Sarney (MDB), nesta quinta-feira (6), em Brasília. Um dos temas da conversa, na casa de Sarney, foi a montagem de palanques estaduais na eleição presidencial de 2022. Pré-candidato ao Palácio do Planalto desde que o Supremo Tribunal Federal anulou seus processos na Lava Jato, Lula tem conversado com dirigentes de vários partidos, do Centrão à esquerda, para garantir um amplo leque de apoios.

Ainda que não tenha o compromisso do apoio do MDB para o seu projeto presidencial, o ex-presidente quer amarrar alianças regionais fortes que possam garantir a ele apoio nos estados. Exemplos disso são Alagoas, onde o grupo de Renan Filho (MDB) busca permanecer no comando, e Pará, governado por Helder Barbalho (MDB), pré-candidato à reeleição. Lula é próximo dos pais dos dois governadores.

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O senador Jader Barbalho (MDB-PA), pai de Helder, esteve com o petista na segunda-feira. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), pai do governador de Alagoas e relator da CPI da Covid, não se reuniu com ele, mas tem estado em constante contato por telefone. O líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), aliado regional dos Calheiros, esteve com Lula nesta quarta-feira, 5.

"Historicamente sempre tivemos aliança PT e MDB no Estado de Alagoas, mas a gente tem que discutir qual vai ser o caminho, não foi aberta essa discussão ainda", afirmou Isnaldo ao Estadão.

"Conversamos sobre o Brasil, o momento atual, as preocupações dele na pandemia, esse momento que a gente está vivendo. (Lula fez) um comparativo no trato dele com as relações exteriores, como era à época e como ele está vendo o momento", afirmou o líder emedebista.

Lula tem buscado ampliar o leque de alianças do PT e procurado conversar com políticos fora do espectro da esquerda. Nesta quarta-feira, o petista recebeu o ex-prefeito de São Paulo e presidente do PSD, Gilberto Kassab. O dirigente partidário já foi ministro da ex-presidente Dilma Rousseff, mas hoje comanda uma legenda que está na base do presidente Jair Bolsonaro.

Kassab negou que vai apoiar Lula para presidente. "Ele, como o Bolsonaro, sabe que teremos candidato próprio", disse ao Estadão. Outros dirigentes do Centrão enxergam neste gesto uma estratégia para que o PSD não se comprometa com nenhum apoio antecipado para eleição de 2022 e possa definir uma posição quando um favoritismo estiver mais claro na disputa pelo Planalto.

Na terça, o ex-presidente teve uma extensa agenda de reuniões com senadores. Ele recebeu a bancada do PT no Senado, os senadores Otto Alencar (PSD-BA), Kátia Abreu (Progressistas-TO), Jader Barbalho (MDB-PA) e o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE).

Uma reunião entre Lula e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), havia sido articulada pela bancada petista no Congresso, mas não aconteceu. De acordo com o líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), o ex-presidente não conseguiu ajustar um horário. Além de Sarney, Lula passa esta quinta se reunindo com embaixadores. "Ficou para buscar uma saída nesta quinta, mas acabou que os dois estão super ocupados. (Lula) Está cheio de agenda com embaixadas e não tem tempo. Ficou pra próxima vinda", disse o líder do PT ao Estadão.

Os diplomatas que se reúnem com o petista nesta quinta são o embaixador do Reino Unido no Brasil, Vijay Rangarajan, e o da Argentina, Daniel Scioli. Lula tem se encontrado com representantes internacionais para se informar sobre a aquisição de vacinas contra a covid-19. Na noite de segunda-feira, o ex-presidente compareceu a um jantar com o embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms.

A agenda com Pacheco seria o primeiro encontro do petista com um chefe de poder desde que retomou seus direitos políticos, após o Supremo Tribunal Federal anular suas condenações na Lava Jato. O encontro estava previsto para acontecer na residência oficial do Senado. Pacheco contou tanto com o apoio de Bolsonaro quanto do PT para chegar ao comando do Senado. Ontem, o presidente do Senado participou, ao lado de Jair Bolsonaro, de um evento do Ministério das Comunicações sobre a tecnologia 5G.

Dirigentes do PT ouvidos pelo Estadão negaram que Bolsonaro tenha agido para evitar o encontro entre Lula e Pacheco, mas enxergaram uma atuação do Planalto para evitar que o ex-presidente se reunisse com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

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Em novos vídeos produzidos pelo marqueteiro João Santana para o PDT, o ex-ministro Ciro Gomes, apontado como candidato à Presidência em 2022, escolheu os ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff como alvo. Ciro disse que Lula "deu pouco para os pobres e muito para os ricos". "Como o Brasil estava tão pouco acostumado a cuidar dos pobres, o pouco que Lula cuidou pareceu muito", afirmou.

Em outra mensagem, declarou que o Brasil "era a sexta maior economia do mundo". "Com Dilma virou a nona e com Bolsonaro a 12ª. Precisa dizer mais?", disse.

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Os vídeos, divulgados no dia em que Lula se reuniu em Brasília com líderes partidários, fazem parte da estratégia de Ciro de se apresentar como opção da esquerda do PT na eleição do ano que vem.

Na busca por alianças para 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou à Brasília nessa segunda-feira (3) para uma agenda movimentada e já se encontrou com o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ). Após a reunião em um hotel na Asa Sul, o parlamentar confirmou ao Globo que a discussão girou em torno da formação uma frente ampla para evitar a reeleição de Jair Bolsonaro.

Ao deixar o hotel, Freixo chegou confirmar que vai entrar na disputa ao governo carioca, no entanto, ainda estuda a possibilidade de deixar o PSOL.

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"Conversamos sobre uma aliança ampla, tanto no Brasil como no Rio. Temos que garantir a união dos partidos que naturalmente estariam juntos (de esquerda), e ver quem mais poderia nos apoiar. Falei que meu nome está colocado, tenho conversado com amplos setores e muitos partidos que estão dispostos. A tendência do PT é apoiar essa aliança", afirmou o deputado.

Segundo o psolista, o plano de Lula para as eleições começa em tentar unir as siglas de esquerda -PT, PDT, PSB, PCdo B e o próprio PSOL. Nesta terça (4), o ex-presidente deve receber o líder do PSB na Câmara, o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), que almeja uma vaga no Senado.

“Foi ótimo. Tivemos uma conversa sobre a questão nacional também, a necessidade da vacina e de um auxílio emergencial maior. Lula e nós estamos convencidos de que o governo poderia outro valor. Temos 400 mil mortos e a população passando dificuldades, a agenda do ministro Paulo Guedes”, detalhou Freixo.

Nos bastidores, corre a informação sobre um possível encontro do petista com o ex-presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ). O democrata teria sinalizado que, apesar das diferenças ideológicas, "teria com todo prazer" uma conversa com Lula.

Frente a um pacotão de negociações para fortalecer a frente contra Bolsonaro, o PSOL do Rio de Janeiro já havia se posicionado contra uma união com adversários do centro, como o prefeito da capital, Eduardo Paes (DEM) e o próprio Maia.

Dentre os compromissos desta semana, Lula deve tratar sobre as vacinas com diplomatas das embaixadas alemã e russa, e se encontrar com o ex-presidente José Sarney (MDB). Ele evita se reunir com senadores para não sugerir uma possível interferência na CPI da Covid, inclusive chegou a cancelar um encontro com o relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL).

O ex-governador do Ceará, Ciro Gomes (PDT), publicou em seus perfis oficiais um vídeo intitulado de “Verdades Sobre Lula”, acompanhado de uma hashtag homônima, nesta segunda-feira (3). O tom de alfinetada se repete na nova crítica, na qual o pedetista tece comentários sobre o pilar mais forte do governo do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT): o apoio à classe média trabalhadora no país. Nas imagens, Gomes diz que “Lula deu pouco aos pobres” e que o petista deve mudar de postura e passar a ouvir aquilo “que não está acostumado”.

“Não estou aqui para fazer quem gosta de mim, gostar ainda mais. Nem para tentar convencer quem não gosta de mim, a passar a gostar. Eu quero apenas que você tenha paciência de escutar coisas que não está acostumado. Uma delas: o governo Lula deu pouco aos pobres e muito, muito mesmo para os ricos. Como o Brasil estava tão pouco acostumado a cuidar dos pobres, o pouco que Lula cuidou, pareceu muito. E como o Brasil estava há séculos acostumado a dar muito para os ricos, ninguém percebeu, nem estranhou que um governo dito de esquerda fizesse isso também. É preciso um novo modelo, que crie oportunidades de verdade para os pobres e para a classe média. Precisamos de um novo projeto nacional de desenvolvimento, que estimule todos os setores, todas as pessoas, sem exceção, a construir um novo Brasil”, disse o vice-presidente do Partido Democrático Trabalhista.

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No último sábado (1º), Ciro Gomes esteve com Lula e Guilherme Boulos (PSOL) em uma live, onde discutiram ideias, projetos futuros, a polarização prevista nas Eleições 2022 e, como ponto comum, o governo de Jair Bolsonaro (sem partido), unanimemente criticado.

Além da presença ativa nas redes sociais, Ciro tem buscado dar força à sua marca falando em “projeto nacional”, que também dá nome ao seu mais recente livro ‘Projeto Nacional: O Dever da Esperança’. Gomes, mais uma vez, mostra-se empenhado em disputar a presidência ao lado de Bolsonaro e também deve encarar Lula, em seu retorno como figura elegível. O centrista se projeta como parte da “terceira via” e tem se reunido com outras figuras do Centrão, buscando alianças.

É sob tom de ironia e reuniões políticas esporádicas que a candidatura do apresentador paulista, Danilo Gentili, de 41 anos, para as eleições presidenciais de 2022 segue um mistério. Anfitrião do seu próprio talk show ‘The Noite Com Danilo Gentili’, que vai ao ar pelo SBT, o empresário tem as telinhas como principal vetor das suas opiniões, por muitas vezes polêmicas e é protagonista de episódios controversos e embates judiciais.

Desde 2020, o comediante, que sempre se identificou com a ala conservadora e liberal, tem mostrado interesses políticos além da participação como cidadão e, de repente, se tornou umas das possíveis apostas para o próximo pleito. Gentili passou de soldado da ‘tropa bolsonarista’ para crítico ao presidente e figura quase política tentando se aliar às figuras de um suposto centrão.

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Em 2019, o ‘humor ácido’, como o próprio âncora descreve o seu trabalho, ganhou ainda mais notoriedade nas redes sociais, após constantes falas em apoio ao presidente Jair Bolsonaro, à época recém-eleito e ainda membro do Partido Social Liberal. Gentili, como bom bolsonarista, conseguiu chamar a atenção do chefe do Executivo, que em maio do mesmo ano foi o primeiro presidente a ser entrevistado no The Noite. A conversa de quase uma hora rendeu diversos memes, repercussão positiva entre internautas da direita e reafirmou a pregação marcada pelo antipetismo e pelo “politicamente incorreto”, expressão também do humorista e título de um dos seus livros publicados.

No entanto, a simpatia entre os aliados se foi com a indicação do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, ao posto de embaixador do Brasil em Washington, nos Estados Unidos. A sugestão rendeu uma escalada de críticas do apresentador, que passou a ser alvo do exército de Bolsonaro nas redes sociais e até mesmo resultou em uma troca de farpas entre Gentili e o filho 03.

O paulista exibiu ainda uma montagem de Eduardo com um boné em que se lia “make mamata great again” (“tornar a mamata grande de novo”), trocadilho com o slogan de campanha de Donald Trump, “make America great again”. Em julho de 2019, o humorista afirmou na TV que achava boa a iniciativa, porque seria um “Bolsonaro a menos para atrapalhar o governo”.

Após a virada no favoritismo, Danilo Gentili caminhou de um perfil de direita mais ácido para um liberalismo não somente na economia, como ele sempre se identificou, mas também nas suas opiniões, que largaram o conservadorismo infundado e que não caminha como as ideias da movimentação que ocorre no centro, ala que possivelmente o acolherá em breve. Em 2021, na corrida em busca de nomes que possam chegar com alguma força na disputa do próximo ano contra Lula e Bolsonaro, o apresentador surge ao lado de nomes como Sérgio Moro e Luciano Huck, novas tendências incertas do liberalismo.

Em entrevista recente ao Estadão, o empresário diz que políticos “temem” a sua candidatura e se mostra positivo com o clima de brincadeira e sarcasmo que o seu interesse nas presidenciais carrega. A manifestação aconteceu depois de uma pesquisa divulgada no início de abril pelos Institutos de Pesquisa e Estratégia (IPE) a pedido do Movimento Brasil Livre (MBL).

O apresentador aparece em terceiro lugar, com 4% das intenções de voto, atrás do presidente Jair Bolsonaro, Lula, e empatado com Luciano Huck, João Doria, Luiz Henrique Mandetta e Ciro Gomes.

"Quando faço as minhas piadas, os políticos me levam muito a sério, a ponto de eu colecionar pedidos de prisão e de censura vindos deles. Então, na real, eu acho que eles é que temem que a minha candidatura seja levada a sério e não o contrário", disse Gentili na entrevista mencionada, mas contrapõe e diz que ao entrar na política, ele quem “sairia perdendo”.

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No último dia 10 de abril, foi especulada uma reunião entre Sérgio Moro, Gentili e o MBL, para discutir as opções e planos dos candidatos da “terceira via”, que devem aliviar a polarização Lula vs. Bolsonaro. Danilo negou que estaria envolvido em encontros de cunho político e até ironizou o rumor, mas já se sabe nos bastidores que ele é uma das principais apostas do grupo liberalista e até mesmo chegou a se reunir com João Amôedo, do Novo.

Sérgio Moro, em sua coluna periódica na Crusoé, afirmou que Danilo Gentilli "teria seu voto", o que pode colaborar para reforçar o nome como um possível presidenciável. Os dois supostos aliados estão no mesmo radar dos possíveis presidenciáveis, que também traz o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa (PSB) e a ex-ministra Marina Silva (Rede).

Em março, foi lançado o Manifesto pela Consciência Democrática, assinado por Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), João Amoêdo (Novo), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Luciano Huck (sem partido), mas o grupo tem agido mais individualmente do que em conjunto, o que tem possibilitado as discussões paralelas.

Apesar das negações e das constantes piadas entre seus seguidores, o fazer pouco das eleições não condiz com as reuniões recentes e, entre os liberais, a palavra é de que Gentili está mais animado do que Huck ou Moro. Para Renan Santos, coordenador do MBL, que defende uma aliança entre Amoedo e Gentili, a conversa  "é muito séria". Por enquanto, o movimento liberal é o maior e único apoiador declarado de Gentili, a nível de tê-lo como primeira opção. É missão do grupo este ano encontrar a sua aliança para 2022.

"A gente está falando de dois caras que, se estiverem juntos, podem angariar 10% dos eleitores, segundo algumas pesquisas, e que não estão sendo considerados como alternativa. João Dória, outro dia, falou que Fernando Haddad era um amante do Brasil. É assim que se espera construir uma terceira via?", disse Santos, durante entrevista virtual em abril.

Resoluções para 2022

A expectativa é de que o Movimento Brasil Livre continue apostando em Danilo Gentili até 2022. A sigla conta o poder das redes sociais — Gentili tem 17 milhões de seguidores no Instagram e é um dos maiores influenciadores digitais do Brasil — para erguer uma leva de simpatizantes politicamente. Essa tática não é mais nova, já que a campanha de Jair Bolsonaro, até 2018, era levada no mesmo tom, até o atual presidente sair da posição de “meme” da direita e de um prestígio baixo em um partido de baixo clero, para ocupar a cadeira de chefe de Estado.

Caso a candidatura não decole, o tom de sarcasmo já está mais do que encaixado na narrativa do humorista e tudo poderá ser visto como uma piada em 2022. A verdade é que, além das suas piadas, Danilo Gentili não esteve em qualquer articulação política até então e a maior parte das pautas que defende, são defendidas via opinião particular. Pelo contrário,  a política foi inserida no seu trabalho como pauta de humor e ainda não foi possível ver o apresentador falar seriamente de algum tópico que pode ser marco ou mesmo divisor de águas nas campanhas do ano que vem.

Há anos ele se mostra desinteressado nas pautas progressistas, logo, o mínimo que se espera é uma não aliança à qualquer figura da centro-esquerda — ou esquerda no geral — que tenha lutas como o feminismo, o antirracismo ou o movimento LGBTQ+ no centro da sua atuação.

Em seu histórico, o apresentador tem, na verdade, uma série de polêmicas envolvendo essas e outras minorias, já tendo até sido processado anteriormente por injúria, injúria racial, difamação e outros crimes. O caso mais recente tomou conhecimento do público em fevereiro deste ano, quando o artista foi processado pelo Sindicato dos Enfermeiros do Estado de São Paulo por ter feito uma piada sobre masturbação com os profissionais da saúde.

A perspectiva clichê do que é o interesse de cada ala política, tendo a aversão de Gentili quanto ao progressismo no aspecto social, foi um dos motivos da sua popularidade ter aumentado tanto nos últimos anos. Nas redes, o seu mote é “desde 1979 estragando tudo e decepcionando pessoas”.

A última menção de Danilo Gentili à sua suposta candidatura veio na noite da última quinta-feira (29), em uma de suas redes sociais. Em tom irônico, ele escreveu “Sigo rumo à casa branca brasileira”, adicionando ao texto uma montagem sua com a faixa presidencial e a manchete “Grupo de presidenciáveis busca Joaquim Barbosa e Danilo Gentili para ampliar esforço por 3ª via” da Folha de São Paulo, publicada na quarta-feira (28).

 

O rumor sobre a eventual candidatura de Paulo Câmara (PSB), atual governador de Pernambuco, ao posto de vice-presidente na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para 2022 se espalhou com uma série de suposições sobre seu futuro. De um lado, a possibilidade de ser eleito ao cargo federal em uma chapa de esquerda, do outro, a vitória quase certa na disputa por uma vaga no Senado. O LeiaJá conversou com o cientista político Elton Gomes, que analisou a situação em torno da escolha arriscada do gestor.

Apresentado como um perfil mais técnico, Paulo até se encaixa nas características de vice-presidente, mas tem uma escolha difícil a fazer. Em 2022, Pernambuco elege dois senadores e detém um histórico de levar seus governadores ao Congresso. Aliado à ampla base de apoio local do PSB, a expectativa é de uma nova vitória. "É quase certo, por que governadores quando se candidatam a senador geralmente ganham, e em Pernambuco tem uma regularidade impressionante de quase 80 anos", pontua o especialista.

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Vale destacar que, apesar do racha entre PT e PSB por conta da disputa que ganhou tons de briga familiar nas eleições à Prefeitura do Recife em 2020, Paulo se mostrou fiel à Lula enquanto o ex-presidente esteve preso na sede da Polícia Federal, em Curitiba.

Palanque insuficiente

Um vice dificilmente vai definir o voto e quase sempre assume uma posição discreta na gestão, mas para Elton, o nome do governador não empolgaria o eleitorado, que geralmente escolhe candidatos mais enérgicos ou com maior popularidade. "Os políticos sabem que eles majoram suas possibilidades quando têm vices mais performáticos. O vice que empresta força para uma campanha é muito melhor do que o vice que é somente é leal", ressalta.

Neste caso, o convite poderia ser um cálculo do PT em apostar todas as fichas no Nordeste, já que o partido ainda carrega uma forte rejeição no resto do país. Contudo, Eduardo Campos - ex-governador de Pernambuco, morto em um acidente aéreo em 2014 -, não concluiu o projeto de tornar a sigla a 'terceira força' nacional e, até mesmo no Nordeste, o PSB não tem tanto destaque. A própria disputa com Marília Arraes (PT), que elegeu o primo João Campos (PSB) como prefeito do Recife, era fundamental para a manutenção do sistema de poder regional do partido, que temia um efeito dominó com uma possível derrota.

Para a campanha, seria interessante um nordestino como vice candidato por mobilizar votos de muita gente. É difícil representantes do Centro ou do Norte serem chamados para compor uma chapa, pois as regiões registram a menor densidade populacional do país e, por consequência, menos votos.

Por onde andam os vices?

O risco de uma escolha tão complexa pode estagnar e até complicar a curta carreira política do governador. “Já visse algum vice brasileiro que foi candidato à presidente depois? Nenhum. O vice-presidente é cemitério político”, indica Elton.

Lula pode confirmar sua escolha arrojada, mas o PSB ainda não tem a capilaridade suficiente para uma corrida presidencial. Nesse contexto é importante frisar que todos os presidentes do período de renovação democrática tiveram apoio do Centrão, o que pode sinalizar, apesar de atualmente não vislumbrar no radar de alianças, uma nova junção com o MDB.

O partido garantiu a última vitória nacional do PT, quando elegeu a ex-presidente Dilma Roussef ao lado do vice Michel Temer (MDB), e é a sigla com maior ramificação no país, tanto nas Câmaras, quantos nas Assembleias.

Sem pressão pelo resultado, o MDB até lança candidaturas majoritárias, como a de Henrique Meirelles nas eleições de 2018, mas repousa no conforto do poder distribuído por seus representantes. A popularidade do partido poderia novamente atrair o PT, que segue na busca de apoios para reacender sua força política para evitar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

No momento em que articula sua mudança do DEM para o PSDB para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes em 2022, o vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, recebeu apoio do grupo ligado ao prefeito Bruno Covas em uma articulação que isolou o ex-governador Geraldo Alckmin no partido. Potencial candidato à Presidência da República no ano que vem, o governador João Doria também apoia o nome de seu vice. A filiação de Garcia ao PSDB está marcada para 25 de junho.

Alckmin, que tem evitado falar publicamente sobre o tema, procurou dirigentes do PSDB para manifestar seu desejo de concorrer nas prévias que vão definir o candidato do partido ao governo, marcadas para setembro. "Se Rodrigo Garcia quiser ser candidato, ele terá que disputar prévias. O candidato natural do partido é aquele que foi eleito pelo PSDB e vai disputar a reeleição, e não quem chegou aos 45 minutos do segundo tempo", disse o ex-deputado Pedro Tobias, que integra a o diretório estadual tucano.

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O prefeito e o ex-governador trataram do assunto pessoalmente em uma conversa há três semanas. Segundo auxiliares de Covas, que detém o comando do PSDB paulistano, Alckmin foi avisado de que, se Garcia for para o partido, a candidatura dele seria o "caminho natural". A direção executiva tucana definiu que as prévias não serão necessárias em caso de reeleição, mas aliados de Alckmin contestam essa decisão e pretendem revertê-la. Procurado, Covas não quis se manifestar.

Nacional

O PSDB nacional já organiza as prévias presidenciais marcadas para outubro, o que mantém o debate no diretório estadual em compasso de espera. Além de Alckmin, a lista de pré-candidatos ao governo de São Paulo tem outros três nomes: o secretário da Casa Civil, Cauê Macris, o presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi, e o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando.

"Com a chegada do Rodrigo Garcia ao PSDB, muda toda a configuração. Será inevitável adiar as prévias estaduais, caso ele se torne governador em abril. Ele passaria a ser o candidato natural", disse Morando.

O PSDB ofereceu a Alckmin a candidatura ao Senado, mas ele resiste à ideia e ainda precisaria convencer José Serra a desistir de tentar a reeleição. Diante do impasse, PSL e PSB se aproximaram do ex-governador e sinalizaram que ele teria legenda para tentar um novo mandato no Palácio dos Bandeirantes.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI) lançou nesta segunda-feira, 26, sua pré-candidatura ao governo do Piauí. "Ser governador desse Estado não é uma obsessão, mas pode ser uma missão. Essa é certamente a diferença em relação ao lado de lá, que fabrica um candidato", disse o senador.

Em entrevista coletiva, Nogueira afirmou que seu rompimento com o atual governador, Wellington Dias (PT), seria "uma coisa natural para o próximo ano", visto que Dias sempre colocaria "os interesses de seu partido acima do Estado". O senador fez parte da base de apoio ao petista em 2018.

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Nogueira também acenou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmando que o mandatário seria o "mais bem-intencionado" do País. "Eu não concordo com tudo o que o Bolsonaro fala, com algumas posições. Eu tenho autonomia e pensamento próprio de divergir, mas eu acho ele, nos últimos anos, desde quando eu comecei a militar em política no nosso país, em 94, é o presidente mais bem-intencionado que nós tivemos no nosso País", declarou.

O senador é membro titular da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará a atuação do Planalto no combate à pandemia e o repasse de verbas federais aos Estados e municípios. Junto aos senadores Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Girão (Podemos-CE), Nogueira compõe a base governista no colegiado.

O parlamentar também comentou a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concorrer ao Planalto em 2022. Nogueira afirmou que apesar de admirar o petista, avalia que a população não deve apoiar sua candidatura.

"O Lula que está vindo hoje não é aquele Lula que veio para tentar erradicar a miséria e a fome. É um Lula que vem apenas para ser uma bandeira política de um partido político. Para tentar trazer esse partido de volta ao comando do país", afirmou o senador.

Após os boatos de uma possível candidatura de Luciano Huck nas eleições presidenciais de 2022, o apresentador decidiu renovar seu contrato com a Rede Globo. De acordo com as informações da coluna “O Melhor da TV’’, do site Metrópoles, Huck permanecerá na emissora até o ano de 2025, confirmando as suspeitas de que, possivelmente, irá substituir Fausto Silva na programação das tardes de domingo.

Em novembro do ano passado, o apresentador revelou ter se encontrado com o ex-juiz Sergio Moro, para tratar sobre uma possível aliança eleitoral em 2022. Desde então, ele tem participado de debates virtuais e entrevistas sobre temas relacionados à pandemia, além de ter assinado, em março deste ano, o “Manifesto pela Consciência Democrática”, em conjunto com Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM), e João Amoedo (Novo). 

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Durante um evento organizado por alunos brasileiros de Harvard e MIT, Huck reafirmou seu local de “estrangeiro” no ambiente político, característica vista de maneira positiva por muitos. "Não sou um técnico em nada e não tenho experiência política, como a maioria tem aqui, mas sou um cara que conhece o dia a dia da realidade", disse o outsider, ao lado do ex-presidenciável Fernando Haddad (PT). Contudo, a renovação do contrato com a Globo inviabiliza a possível candidatura.

 

Pela primeira vez desde que foi incentivado a entrar na disputa de 2022, o senador Tasso Jereissati (CE) admitiu participar de prévias do PSDB para a escolha do candidato à Presidência e construir uma terceira via, diante da polarização entre a esquerda e a extrema direita. "Se meu nome servir para unir, em algum momento, vamos trabalhar nessa direção", disse o senador ao Estadão.

Integrante da CPI da Covid, Tasso gostou de ser chamado de "Biden brasileiro" por um grupo do PSDB que se refere a ele como o único político capaz de agregar forças no campo de centro. Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden, de 78 anos, teve esse papel. "Vejo nele um cara que está mudando a história do mundo", afirmou o tucano, que tem 72 anos.

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As prévias do PSDB estão marcadas para outubro, mas Tasso acha melhor adiá-las para 2022. "Ainda tem muita água para rolar debaixo da ponte", previu. Até hoje, o PSDB tinha três pré-candidatos à sucessão de Jair Bolsonaro: os governadores João Doria (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), além do ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. Agora Tasso, ex-governador do Ceará, também entrou no páreo.

O presidente do PSDB, Bruno Araújo, lançou sua candidatura à sucessão de Jair Bolsonaro. O sr. pode ser a terceira via?

Ser candidato à Presidência não está ainda nos meus planos. Eu falo "ainda". Eu defendo a ideia de uma união do centro. Quando eu digo união é porque vejo espaço, nas próximas eleições, para um candidato entre Lula (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva) e Bolsonaro, que não seja nem de esquerda, nem de extrema esquerda, nem de extrema direita. Com certeza eu não acho bom para o País mais quatro anos de Bolsonaro. É um governo desastroso em todos os pontos, da condução da pandemia de covid - levando o Brasil ao maior número de mortes do mundo por dia - à política econômica, que não anda. E também não vejo como repetir o governo do PT. Então, está na hora do equilíbrio. Se dividir muito, ninguém vai ter (apoio para chegar ao segundo turno). Se meu nome servir para unir, em algum momento, vamos trabalhar nessa direção.

O sr. aceitaria disputar uma prévia no partido com João Doria, Eduardo Leite e Arthur Virgílio?

Eu sempre fui defensor de prévias. Mas ponderando que essa prévia seja feita dentro do limite da coerência, de um posicionamento ético. E que sirva para unir, não para desunir. Nunca falei isso, mas acho que as prévias deveriam ficar um pouco para mais tarde, para que nós pudéssemos conversar com os outros partidos. Quando defendo essa união, eu acho que não deve ser só dentro do PSDB.

Mas, com tanta divisão no PSDB, é possível um consenso, sem necessidade de prévia?

As prévias são boas. Eu não sei se são oportunas agora (em outubro). Até o início do ano que vem, muita coisa vai acontecer. Mas isso é minha opinião. Vai prevalecer, evidentemente, a visão do partido, dos dirigentes.

Esse vácuo não beneficia a polarização Bolsonaro-Lula?

Não tem vácuo, não. Tem é candidato demais. Daqui a pouco, um começa a dar cotovelada no outro. Ainda tem muita água para rolar debaixo da ponte. Um exemplo de como as coisas mudam: eu não sabia (em 2018) que tinha uma extrema direita tão radical e tão organizada. Foi uma surpresa gigantesca. E esse movimento se uniu ao antipetismo e à facada (sofrida pelo então candidato Bolsonaro). Ninguém sabia o tamanho dessa direita porque ela estava enrustida há muito tempo. Bolsonaro soube catalisar isso através das redes sociais.

Como ninguém enxergou que a direita estava se estruturando pelas redes sociais?

Desde a redemocratização se criou uma espécie de preconceito contra a direita. Era difícil você encontrar alguém que dissesse que era de direita, mesmo sendo. Significava uma afinidade com o golpe, com a ditadura, com o período autoritário. Quando falavam que o Bolsonaro poderia ganhar, eu desprezava a hipótese, solenemente. Tinha certeza de que não seria possível porque um político que fazia aquele discurso nunca poderia ganhar. Se tem uma coisa do Bolsonaro que nós temos de respeitar é que ele não mudou.

Passados dois anos de governo, Bolsonaro ainda é um candidato competitivo, apesar de todas as crises? O centro se preparou para enfrentá-lo nas redes sociais?

Não. O centro não tem rede social organizada e espalhada. Nenhum desses candidatos que estão aí tem. Vamos precisar ter.

O sr. chegou a dizer que o marqueteiro João Santana, quando estava com o PT, espalhou fake news e derrubou Marina Silva. Agora, ele foi contratado por Ciro Gomes, que é próximo ao sr. e tem conversado com esse campo de centro. Isso preocupa?

Eu não sabia que o Ciro tinha feito essa contratação. Pelo caráter do Ciro, acho muito estranho. Agora, o João Santana pagou tanto pelos seus pecados, indo preso, que talvez tenha mudado e queira se redimir.

Dizem que o sr. é o único que pode convencer Ciro a desistir da candidatura presidencial em nome de uma aliança maior.

Eu acho difícil o Ciro sair (do páreo). Mas não acho muito difícil o Ciro vir. O Ciro já foi de esquerda, mas hoje é de centro. E acredito que ninguém vá mudar o desejo dele de tentar a Presidência. Ele tem esse objetivo na vida.

O manifesto assinado por seis presidenciáveis, em defesa da democracia, é um caminho para construir a terceira via, em 2022?

Acho que foi um primeiro passo. Como diz o poeta, "você começa o caminho caminhando". Mas a abertura de diálogo entre todos esses candidatáveis é fundamental. Eu posso ajudar, acho até que tenho uma facilidade de diálogo. Isso não indica que seja eu o candidato. Tenho enorme admiração pelo governador Eduardo Leite.

O que falta, na sua opinião? É um programa para unificar esse grupo ou deixar as vaidades de lado para montar uma aliança?

A palavra principal é desprendimento. Mas alguns pontos são relevantes para uma agenda comum, como meio ambiente, respeito à ciência e não desprezar a questão fiscal.

O sr. tem sido chamado por algumas alas do PSDB de ‘Biden brasileiro’ por ter um perfil capaz de unir diferentes correntes. O que acha dessa comparação?

Fico extremamente lisonjeado, mas acho que é por causa da idade (risos). Vejo nele um cara que está mudando a história do mundo. Eu meço, hoje, a responsabilidade do Bolsonaro na nossa pandemia através dos Estados Unidos. Prestem atenção na mudança que houve lá no combate à pandemia depois da eleição. E agora Biden está colocando a questão do meio ambiente na agenda do planeta.

O PSDB passou por várias crises e não conseguiu chegar nem ao segundo turno da eleição de 2018. Como o partido pode se reposicionar no jogo?

Todos os partidos sofreram crises. O PSDB, o PT, o MDB... De uma maneira geral, os partidos estão bastante desmoralizados. Nessas eleições agora, vamos ter de nos reconstruir com um programa claro e, ao mesmo tempo, restabelecer a questão da ética.

Além do sr., quais outros nomes podem furar a polarização na campanha presidencial?

Tem o Mandetta (ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta) pelo DEM. O PSDB tem aí tanto o Eduardo Leite quanto o Doria. Tem o Ciro pelo PDT. Luciano Huck é o que tem mais popularidade e está com meio caminho andado. Tem um grupo grande muito consciente dos riscos que o Brasil corre e se dispõe a conversar.

Quais riscos?

Se nós tivermos mais quatro anos de Bolsonaro, vamos ser um pária internacional, isolado do mundo. E com a economia no caos. O primeiro governo do Lula foi bom, mas ele teve como formulador de política econômica o Marcos Lisboa. Se ele vier com a política do Guido Mantega, do descontrole fiscal, nós também iremos por um caminho equivocado. Temos de reconstruir credibilidade.

A CPI da Covid pode desembocar em um processo de impeachment contra o presidente?

Não é o objetivo. Com certeza, a CPI vai levantar responsabilidades sobre esse drama que o País vive. Agora, eu acho que nós não devemos chegar a impeachment. Além de ser outra crise, é inócua porque uma CPI demora seis meses. E depois, se começar um processo de impeachment, vão no mínimo mais seis meses. O País ficaria parado e sem rumo, já chegando às eleições do ano que vem. Agora é trincar os dentes.

O ex-secretário de Comunicação Social Fábio Wajngarten disse à Veja que o Brasil não comprou antes vacinas da Pfizer por culpa do então ministro da Saúde Eduardo Pazuello. É crível que o presidente não soubesse de nada?

Eu não acho crível. Temos de averiguar, mas acho estranho que a compra de vacinas passe pelo secretário de Comunicação, e não pelo presidente. Até porque tem a célebre frase do então ministro da Saúde: "Ele manda, eu obedeço".

O que se pode esperar da economia com o desemprego em alta e orçamento apertado? O "Posto Ipiranga" do governo corre o risco de incendiar?

Não tem mais gasolina (risos). Existe uma sensação de descontrole. A economia parada, o déficit e a inflação subindo. É o pior dos mundos. Mas há uma coisa para prestar atenção, no ano que vem. É que, em função da inflação, haverá uma bomba fiscal maior. Em 2022, o governo Bolsonaro terá mais dinheiro para gastar. Acho muito difícil o Paulo Guedes (ministro da Economia) avançar em seus planos liberais. Esse choque aconteceria de qualquer forma porque Bolsonaro nunca foi liberal. Ele sempre foi corporativista.

Muitos acreditavam que os militares fossem atuar como freio para o presidente, mas ocorreu o contrário. O sr. acha que eles podem não apoiar o projeto da reeleição?

Eu acho que os militares também ficaram surpresos. Não deveriam ficar porque Bolsonaro foi saído, não digo expulso, do Exército pela hierarquia militar. Eu acho que os militares têm de ficar neutros, como sempre estiveram. Não devemos nos preocupar com eles nas eleições. Eles têm de estar ali, respeitando a Constituição e fazendo o seu papel.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu intensificar as articulações políticas com o Centrão e o MDB e fazer, em maio, a primeira viagem após a maioria do Supremo Tribunal Federal confirmar a decisão que julgou o ex-juiz Sérgio Moro parcial no processo em que condenou o petista no caso do triplex do Guarujá (SP).

Após participar, no próximo sábado, de ato organizado pelas centrais sindicais para celebrar o Primeiro de Maio, o ex-presidente deve ir, na terça-feira, a Brasília para uma série de encontros presenciais com parlamentares e líderes. Segundo petistas, as conversas visam restabelecer pontes com quadros do MDB, especialmente do Nordeste, onde a sigla é mais próxima ao petista, e com dirigentes de partidos do Centrão, como PSD e Solidariedade.

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Cotado para ser o relator da CPI da Covid do Senado, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) será recebido pelo ex-presidente e vai ajudar no diálogo com a sigla. A Coluna do Estadão revelou ontem que Lula telefonou para caciques emedebistas do Norte e Nordeste e disse que representa o "centro" no tabuleiro eleitoral. Os petistas querem atrair o chamado "velho MDB", formado por nomes como José Sarney, Renan e Jader Barbalho, para tentar neutralizar a ala bolsonarista do partido, concentrada nas Regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Além de conversar com deputados e senadores do próprio partido, o ex-presidente também espera em Brasília reforçar os laços com parlamentares do PSB, partido que é considerado prioridade na formação do palanque para 2022.

Segundo dirigentes do PT, a ideia original de Lula, que já tomou a segunda dose da vacina contra a covid-19, era fazer uma caravana que começaria pelo Nordeste. O projeto, porém, foi adiado devido ao agravamento da pandemia. Em Brasília, o ex-presidente vai restringir o número de convidados nos encontros, que serão em um "ambiente controlado".

O ex-presidente intensificou também as conversas com o deputado Paulinho da Força (SD-SP) e com dirigentes da Força Sindical. No plano regional, o PT quer ainda reforçar sua estrutura em São Paulo, maior colégio eleitoral do País. Derrotado no segundo turno na eleição presidencial de 2018, o ex-prefeito Fernando Haddad trocou a agenda nacional de antes do julgamento do STF por outra focada no Estado, onde é o mais cotado para disputar o Palácio dos Bandeirantes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

De um lado, os deputados querem votar pelo 'Distritão' para que o sistema entre em vigor já nas eleições de 2022. Do outro, gestores partidários e senadores atrasam o debate e ressaltam a urgência das pautas relacionadas à pandemia. A polêmica sobre a votação da nova metodologia eleitoral com o voto majoritário divide opiniões até de especialistas. O LeiaJá conversou com os cientistas políticos Adriano Oliveira e Arthur Leandro sobre as mudanças, caso a proposta seja aprovada.

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Já admitida pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e com uma comissão especial instaurada pelo atual presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) nivelaria a participação de deputados federais e estaduais, e vereadores eleitos.

Atualmente, as vagas das Casas Legislativas são distribuídas proporcionalmente entre os votos totais dos candidatos e do partido. Desse modo, os votos excedentes dos melhores avaliados - os candidatos ‘famosos’, que recebem muitos votos como Tiririca e Frank Aguiar -, puxam os candidatos de menor expressão.

Com a atualização, cada estado e município se torna um distrito eleitoral, sendo eleitos os mais votados, como ocorre na escolha da Presidência, por exemplo. Assim, os 25 deputados federais com mais votos em Pernambuco teriam sua cadeira garantira no Congresso.

Sem mudanças profundas em um primeiro momento

A alteração deve enfraquecer as coligações e os esquemas partidários por conferir ainda mais destaque aos candidatos, sobretudo aos ‘estrelas’. Ainda assim, o cientista político Adriano Oliveira considera que a aprovação do Distritão não reforçará o elitismo político, nem extinguiria legendas menores.

"No Distritão você elege os mais votados. Então pode ter uma influência do poder financeiro? Pode, mas essa influência já existe hoje. Você pode fazer com que pessoas mais conhecidas ganhe a eleição? Pode, mas isso também já ocorre hoje. Então não vejo o porquê de tanta rejeição", avaliou.

Ele sugere que o esquema poderia ser “experimentado” para observar como o Congresso se comportaria com a diminuição da representação dos partidos e ainda recomenda ampliar a PEC. “Além disso, você poderia determinar uma cláusula para criar uma identidade partidária”, complementa, ao apontar que os candidatos não poderiam deixar os partidos após eleitos”, considera.

O esquema perpetua os velhos dinossauros da política

Já para o cientista Arthur Leandro, além da questão financeira e publicitária que vai acabar definindo a vitória de futuras candidaturas, na prática, a PEC "valoriza quem já foi conhecido e quem está disputando reeleição". Logo, o Distritão acabaria maquiando a renovação política, já que pode conservar antigos nomes no poder ou eleger novos representantes de velhos grupos políticos, quando ocorre a herança política.

"Como ele valoriza as pessoas que já têm capital político, a tendência é que ele se perpetue. Então a trajetória para que alguém de fora da política, uma liderança emergente ou alguém ligado ao movimento popular, o movimento de mulher, fica alongada e mais difícil", compreende.

Na visão o especialista, os partidos menores podem não ser extintos, mas o Distritão pode incentivar os candidatos 'celebridade' a exercer mais influência onde estão abrigados.

“O que ameaça [a extinção] são os dispositivos de cláusula de desempenho, que não atingindo o mínimo, os partidos esbarram nas regras de distribuição de recursos financeiros e tempo de TV, e eles tendem a minguar sem meio de sustento. Políticos passam a ser ‘desincentivados’ a participar dessas legendas, aglomerando os mais influentes em poucas legendas”, complementou Arthur.

 

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta quinta-feira, 22, que estuda a possibilidade de concorrer ao Senado Federal após o fim do seu mandato. Ele descartou a opção de disputar a Presidência da República em 2022, já que o presidente Jair Bolsonaro deve concorrer à reeleição.

"Hoje estou preparado para cumprir minha parte como vice-presidente do presidente Bolsonaro e acompanhá-lo até o final esse mandato", comentou Mourão, durante live promovida pelo programa Brasil em Questão no período da tarde. "Hoje não vejo nenhuma possibilidade de candidatura minha à Presidência, uma vez que o presidente Bolsonaro é candidato. Eu jamais irei concorrer contra ele", disse.

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Segundo Mourão, disputar a presidência contra Bolsonaro é uma questão que está "fora dos seus preceitos éticos". Com uma relação pouco próxima, o chefe do Executivo também não planeja repetir a chapa de 2018. Nos últimos dias, Mourão foi excluído das preparações para a participação do Brasil na Cúpula do Clima, que ocorreu nesta quinta e terá continuidade na sexta-feira.

"Agora, pode ser que seja necessária a minha participação para concorrer ao Senado. Isso ainda está em estudo", declarou o vice-presidente da República.

Essa não é a primeira vez que Mourão cogita competir por um posto no Senado. Em entrevista à Veja, no dia 30 de outubro, Mourão havia sinalizado que talvez poderia concorrer para senador no futuro. Desde então, o vice vinha desconversando quando questionado sobre suas pretensões políticas.

"Na realidade, a linha de ação número um é terminar o mandato e partir daí retornar a minha vida, vamos dizer assim, de aposentado. Eu acho que já tenho uma contribuição aí de 50 anos para o nosso País. Eu acho que mereço um pouco de descanso", comentou o vice-presidente.

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