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O fim do foro privilegiado para autoridades federais é defendido pela maioria da magistratura federal. Do universo de 595 magistrados que responderam a uma consulta da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), 93% se declararam a favor de alterações no benefício para crimes comuns e 56,6% votaram pela extinção completa desse mecanismo - inclusive para eles próprios, juízes federais.

A consulta da entidade dos magistrados federais, lançada pela internet dia 27 de outubro e encerrada às 18 horas da quarta-feira (9) mostra também que 62,1% dos juízes que a responderam são contrários à criação de uma Vara especializada, em Brasília, para processar e julgar autoridades nos crimes comuns.

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Essa ideia tem sido defendida como alternativa ao sistema em vigor que concentra os processos sobre foro privilegiado para autoridades nos Tribunais Superiores, Tribunais Federais e Tribunais Estaduais.

A pesquisa abrangeu quatro perguntas aos juízes federais envolvendo aspectos do regime foro privilegiado. A primeira - se o magistrado é a favor ou contra a alteração do regime atual - obteve 555 votos "sim", correspondendo a 93%, e 40 votos ‘não’ (7%). A segunda pergunta, relativa à extinção completa do foro privilegiado, obteve 337 respostas positivas, ou 56,6% do total, e 248 votos contrários (43,4%). A extinção total do foro envolveria todas as autoridades, inclusive os próprios juízes federais, hoje processados e julgados nos crimes comuns pelos Tribunais Regionais Federais (TRFs).

Na terceira indagação, relativa à ideia da criação de uma Vara especializada para processamento e julgamento de autoridades com foro privilegiado, também maioria expressiva dos votos (370, ou 62,1%) deu resposta contrária. Apenas 50 votantes, ou 8,5%, foram favoráveis à criação da Vara especializada em autoridades com prerrogativa de foro.

A quarta questão, sobre uma eventual separação das autoridades em três grupos - as que são processadas no Supremo Tribunal Federal, no Superior Tribunal de Justiça e nos Tribunais Regionais Federais -, indagava dos pesquisados se são a favor do foro especial em relação a elas.

Essa questão ficou prejudicada, por causa das respostas maciçamente contrárias à manutenção do regime de privilégio que foram dadas à primeira pergunta - 93% a favor de alteração das regras - e à segunda - 56,6% pela extinção completa desse regime.

Sem apoio do Palácio do Planalto, as propostas que estabelecem o fim do foro privilegiado para autoridades devem permanecer engavetadas no Congresso Nacional. O tema tem sido evitado pela cúpula governo e pelas principais lideranças da base aliada na Câmara e no Senado.

Em entrevista ao Estadão, publicada neste domingo, 6, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela condução da Operação Lava Jato na primeira instância, sugeriu que o foro fosse restrito apenas aos presidentes dos três Poderes. No entendimento do juiz, o Supremo tem um número limitado de magistrados para apreciar casos criminais e que um dos caminhos seria retirar o "privilégio" de "um bom número de autoridades".

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Atualmente, tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), de cada uma das Casas, proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê o fim do foro especial para todas as autoridades, incluindo o presidente da República, ministros do Supremo e congressistas.

No caso da Câmara, a discussão da proposta, mesmo se aprovada na CCJ, deverá se arrastar pelo próximo ano, uma vez que ainda precisa passar por debate em uma comissão especial, antes de ir para votação do plenário. "Existe uma demanda da sociedade para que esse tema seja apreciado e acho que o Congresso não pode se fazer de cego e surdo para isso", afirmou o relator do projeto, o deputado Efraim Filho (DEM-PB).

Na tarde desta terça-feira, 8, o presidente da CCJ, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), se reúne com coordenadores das bancadas dos partidos para tentar definir as prioridades do colegiado neste fim do ano.

A depender do governo, a PEC do fim do foro privilegiado continuará em segundo plano.

"O governo não entrou nessa discussão. Não recebi nenhuma orientação do ministro Geddel (Secretaria de Governo), do ministro Eliseu Padilha [Casa Civil] ou do presidente Temer. Por enquanto, vamos ficar à distância", afirmou o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE).

O distanciamento do Planalto em relação à proposta também se estende ao Senado. "Não conversei com o presidente Temer sobre isso", afirmou o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes (PSDB-SP).

'Futuro'.

Questionado sobre uma possível data para se votar a proposta que estabelece o fim do foro, o presidente da CCJ do Senado, José Maranhão (PMDB-PB), respondeu: "O futuro a Deus pertence". Apesar da falta de uma previsão, o relator da matéria, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), pretende ler seu parecer durante a sessão desta quarta-feira, 9. "Para ler, só preciso de dois senadores presentes. Vou ficar até o último minuto para apresentar meu relatório", afirmou Rodrigues, que diz ter o apoio de oito dos 26 integrantes do colegiado.

Para ele, a falta de empenho do governo em torno da proposta é sinal de "temor". "O governo teme esse projeto porque se aprovado rapidamente, na iminência de delações da Lava Jato, boa parte da Esplanada vai parar nas mãos do Moro". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro Teori Zavascki, relator do inquérito da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou que o juiz Sérgio Moro, responsável pelo processo em primeira instância, investigue o deputado federal Eduardo da Fonte (PP). De acordo com informações de uma matéria publicada pelo Congresso em Foco nesta sexta-feira (20), Moro vai avaliar um vídeo que mostra a participação do pernambucano em uma reunião com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.  

O encontro, que aconteceu em 2009, também contou com a participação do ex-deputado federal Sérgio Guerra, já falecido. A reunião é no escritório do operador do mercado financeiro, Marcos Duarte Santos, o Marcão, sócio de Baiano. O compartilhamento do vídeo sob a guarda do STF foi solicitado há uma semana a Teori pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

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O vídeo, de acordo com a publicação, servirá para confrontar os conteúdos da delação premiada de Fernando Baiano. E pode gerar na abertura de mais um processo contra o deputado federal. No entanto, o julgamento do caso ficará a cargo do STF por conta da prerrogativa de foro privilegiado.  

Procurado pelo Portal LeiaJá, Eduardo da Fonte afirmou através da assessoria jurídica que estará sempre à disposição da Justiça para “esclarecer logo todo o fato”. 

Uma petição online pede que o Supremo Tribunal Federal suspenda a nomeação dos ministros do governo do presidente em exercício Michel Temer (PMDB) que são citados ou estão sendo investigados pela Operação Lava Jato. Criada no último dia 12, por uma pessoa identificada apenas como Danilo P., até o fechamento desta matéria a petição já tinha 201 mil assinaturas. 

Como justificativa para a suspensão dos atos, o autor utiliza como exemplo o caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que teve a nomeação como ministro-chefe da Casa Civil sustada pelo ministro do STF, Gilmar Mendes. A intervenção judiciária aconteceu após os partidos de oposição alegarem que a posse de Lula ao cargo era para garantir foro privilegiado e dificultar as investigações do envolvimento dele no esquema de corrupção na Petrobras.

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“Assim como Lula, alguns ministros indicados pelo presidente interino Michel Temer também tiveram seus nomes citados nessa operação, razão pela qual deve o Supremo se manifestar sobre a legitimidade destes para a posse nos cargos públicos e obtenção ou manutenção de foro privilegiado”, afirma o texto. “Não aceitaremos posições contraditórias da Suprema Corte”, acrescenta.

Segundo o documento online, devem ser suspensas as posses de Geddel Vieira Lima, Romero Jucá, Henrique Eduardo Alves, Bruno Araújo, Ricardo Barros, Raul Jungmann, Eliseu Padilha e José Serra.

A presidente Dilma Rousseff continua a ter direito a foro privilegiado mesmo que a Câmara aprove a abertura do processo de impeachment neste domingo, 17. O chefe do Executivo federal só perde os benefícios do cargo, como a prerrogativa de foro e o direito à residência oficial no Palácio da Alvorada, só se for condenado pelo Senado em um julgamento por crime de responsabilidade.

O foro privilegiado é um mecanismo que faz com que uma ação penal contra uma autoridade pública seja julgada por tribunais superiores, e não pela Justiça comum. No caso do presidente da República, a investigação será feita pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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Por enquanto, não há nenhum pedido de investigação contra Dilma. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, analisa a possibilidade de abrir um inquérito para investigar a participação da presidente em eventuais tentativas de "tumultuar" o andamento da Operação da Lava Jato.

A possibilidade de investigar Dilma surgiu após a presidente ser citada na delação premiada do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) e ganhou força com a divulgação de conversas entre Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Numa das gravações, a presidente diz que enviaria o termo de posse da Casa Civil a Lula, para que ele usasse caso fosse necessário. Para Janot, esse ato fez parte de um "cenário" mais amplo em que foram identificadas diversas tentativas de atrapalhar as investigações criminais da Lava Jato.

A presidente, por outro lado, repudiou com veemência a divulgação da conversa telefônica. "Uma vez que o novo ministro, Luiz Inácio Lula da Silva, não sabia ainda se compareceria à cerimônia de posse coletiva, a Presidenta da República encaminhou para sua assinatura o devido termo de posse. Este só seria utilizado caso confirmada a ausência do ministro", explicou a Presidência em nota à época.

Caso Dilma sofresse o impeachment, ela perderia a prerrogativa de foro e, se fosse alvo da abertura de um inquérito, poderia ficar sob jurisdição do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância de Curitiba.

Lula

Já a questão de onde Lula vai ser investigado, por enquanto, está em suspenso e depende de uma decisão do Supremo. Como o caso dele tem conexão com autoridades que tem foro, é possível que as investigações fiquem no STF, e não com Moro.

Se a Câmara aprovar o pedido de abertura do impeachment de Dilma, o processo será enviado para o Senado e deverá ser lido em plenário na terça. Uma comissão então será formada e deverá elaborar um parece pela admissibilidade ou não do processo na Casa.

O relatório será votado em plenário e, se for aprovado, Dilma é afastada por 180 dias do cargo, tem o salário cortado pela metade, e o vice-presidente Michel Temer (PMDB) assume a Presidência interinamente, até a conclusão do julgamento. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, o juiz Sérgio Moro decidiu encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a planilha da Odebrecht que detalha pagamentos da empreiteira a mais de 300 políticos de todo o país, inclusive pernambucanos.

No despacho, o magistrado afirma que "é prematura qualquer conclusão quanto à natureza" dos dados e pagamentos identificados nos arquivos recolhidos pela Operação Acarajé na casa do executivo Benedicto Barbosa da Silva Júnior.

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O envio para a análise do STF se deu pelo foro privilegiado de diversos políticos citados na planilha. Na listagem aparecem tanto aliados ao governo quanto opositores. Entre as planilhas o que mais chamou a atenção foram os codinomes dados a alguns citados.

Na listagem, aparece o deputado federal Raul Jungmann (PPS), chamado de “bruto”; o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT), de “drácula”; o filho do deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB), Jarbas Vasconcelos Filho (PMDB) citado pelo codinome de “viagra”; o prefeito do Recife, Geraldo Julio é chamado de “neto”; o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), de “charada”; e o ex-prefeito de São Lourenço da Mata, Ettore Labanca (PSB), de “cacique”. Todos negaram ter recebido doações ilegais.

 

Após ter uma conversa com o ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), interceptada pela Polícia Federal e vazada na imprensa, a presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou, nesta quinta-feira (17), que vai acionar os meios legais para apurar de onde saiu a ordem para grampear a ligação telefônica e a divulgação da mesma. O juiz Sérgio Moro foi o responsável por vazar a gravação. 

Durante discurso na cerimônia de posse dos novos ministros, entre eles o próprio Lula, que aconteceu no Palácio do Planalto, a petista questionou a legitimidade da justiça ao quebrar as garantias constitucionais da presidência e pontuou que repudia “total e integralmente todas as versões deste fato”. 

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“Somente haverá justiça com o respeito rigoroso aos princípios constitucionais. O funcionamento eficiente da justiça deve estar assentado na produção de provas sem ceder sua natural preponderância a outros instrumentos. Afinal não há justiça quando delações são tornadas publicas de forma seletiva para a execração de alguns investigados. Não há justiça quando leis são desrespeitadas, não há justiça quando as garantias constitucionais da própria presidência são violadas”, disparou Dilma Rousseff. 

Sob a ótica da presidente, quando a Justiça Federal “fere as prerrogativas” dela também pode fazer o mesmo com as dos cidadãos. Ela alegou que o diálogo divulgado nessa quarta (16) com Lula foi “publicizado com uma interpretação modificada” e, por isso, vai pedir a apuração da legalidade da interceptação que é, segundo Dilma, “uma agressão a democracia e a constituição”. 

“Queremos saber quem o autorizou, porque o autorizou e porque foi divulgado quando não continha nada que possa levantar qualquer suspeita sobre seu caráter republicano. Interpretação desvirtuada. Investigações baseada em grampos ilegais não favorecem a democracia deste país. Quando isso acontece fica nítida a tentativa de ultrapassar o Estado Democrático de Direito”, argumentou a presidente. 

A presidente disse ainda acreditar em estratégias para “convulsionar a sociedade brasileira em cima de inverdades”. “Os golpes começam assim. Não interessa aos brasileiros um ambiente que paralise o país e impeça o funcionamento normal das instituições”, observou. “Sou otimista e acredito na justiça do meu país. Sei que em qualquer situação muitos magistrados nossos, ministros de tribunais, ministros de Corte serão corretos na defesa das suas prerrogativas, tarefas e da proteção dos nossos direitos”, complementou Dilma Rousseff. 

Na semana em que os primeiros políticos foram para o banco dos réus na Justiça Federal, acusados no maior escândalo de desvios e propina do País, em contratos da Petrobras, procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato atacaram a existência de 22 mil pessoas com o chamado foro privilegiado no País e defenderam publicamente "reformas estruturais e sistêmicas" contra a corrupção e a impunidade.

"Nós precisamos de uma reforma política, nós precisamos da aprovação de medidas contra a corrupção e a impunidade", afirmou o procurador da República Deltan Dallagnol, um dos que coordenam os trabalhos da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba.

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"A sociedade, nós todos, precisamos esperar e cobrar isso dos nossos representantes e daqueles que pessoas que têm poder para promover reformas estruturais e sistêmicas."

Segundo ele, o número elevado de pessoas com direito a foro especial por prerrogativa de função é um entrave ao sistema brasileiro de combate à corrupção e à impunidade. "Hoje temos mais de 20 mil pessoas com prerrogativa de foro no Brasil, o que é algo que escapa a qualquer sombra de padrão internacional", afirmou Dallagnol.

Pela Constituição do Brasil, presidente da República, ministros, todos os parlamentares, prefeitos e até membros do Ministério Público só podem ser julgados por cortes superiores. "Existem poucos países, salvo engano três, no mundo que têm foro por prerrogativa de função para todos parlamentares de um modo tão extenso."

O procurador destacou que em uma "República todos devem ser iguais". "A exceção é a diferença. A exceção é alguém ser processado perante um foro especial. E quando passamos de 22 mil pessoas, fugimos de um parâmetro excepcional", argumentou o procurador.

Dallagnol afirmou que a Procuradoria não pretende avançar sobre assuntos do Legislativo. "O Ministério Público Federal não ingressou como instituição em propostas no tocante a reforma política. Esse é um uso próprio do Poder Legislativo."

Ele citou ainda que a Associação Nacional dos Procuradores da República já fez no início do ano 10 propostas contra a corrupção e a impunidade no País, com base da "atuação diária" do órgão.

"Nós preferimos, o Ministério Público Federal, oferecer medidas que dizem respeito diretamente a nossa atuação em relação a assuntos que conhecemos profundamente e que os manuais e textos sobre corrupção dizem que podem ter um impacto direto nos níveis de corrupção."

Dallagnol lembrou ainda que existem vários projetos em discussão sobre o fim do foro especial no Brasil.

Na prática

Com 28 ações penais em curso, mais de 140 inquéritos abertos, 70 mandados de prisão e 200 de busca e apreensão cumpridos, a força-tarefa da Lava Jato instrui apenas os casos em primeira instância.

As críticas ao foro especial da força-tarefa da Lava Jato foram feitas dentro da nova etapa das investigações - pela equipe de nove procuradores que trabalha baseada em Curitiba - iniciada esta semana com a abertura das três primeiras ações penais envolvendo políticos.

Viraram réus nesses processos, por corrupção e lavagem de dinheiro, os ex-deputados federais Andre Vargas (ex-PT, hoje sem partido), Pedro Corrêa (ex-PP) e Luiz Argôlo (ex-PP, hoje afastado do SD).

No caso de alvos com foro privilegiado, como políticos e agentes públicos como ministros, eles são investigados nos inquéritos recém abertos pela Procuradoria Geral da República, em Brasília.

Cabe ao Supremo Tribunal Federal (STF) - instância máxima do Judiciário brasileiro - julgar esses processos, caso sejam abertos. Com os inquéritos ainda em fase inicial, a Polícia Federal vai levantar dados ainda para que a PGR decida se apresentará denuncia formal. Só então os ministros decidirão se haverá ação penal.

"Os tribunais superiores não têm o perfil operacional para processar pessoas com prerrogativa de foro de modo célere e efetivo", opinou o procurador da Lava Jato.

Segundo ele, o processo do mensalão - iniciado em 2006 e julgado em 2013 - foi "um ponto fora da curva". "A primeira condenação de pessoa com prerrogativa de foro pelo STF demorou mais de 100 anos para acontecer. Foi depois de 2010, salvo engano em 2011. A primeira execução foi 2013, 2014."

Dallagnol, um dos integrantes do Ministério Público Federal que se especializou no combate à corrupção e aos crimes de colarinho branco, fez um comparativo entre Brasil e Estados Unidos.

"Enquanto a Suprema Corte americana julga aproximadamente 100 processos por ano, nossa Suprema Corte julga 100 mil processos por ano. O que mostra que não existe condições operacionais para que isso seja processado em uma Corte tão especial. (O STF) Deveria ser reservado para assuntos mais restritos."

Políticos

Deflagrada em sua fase ostensiva em março de 2014, nesta segunda-feira o juiz federal Sérgio Moro - que conduz os processos em primeira instância da Lava Jato - abriu as primeiras três ações penais contra quatro ex-deputados (que perderam o direito ao chamado foro privilegiado).

Com crimes como desvios de recursos por meio de funcionários fantasma no Congresso, cobrança de pedágio do salário de assessor parlamentar e uso de verba de deputado para recebimento de propina no esquema alvo da Lava Jato em voga nesses processos, Dallagnol afirmou que a nova etapa das apurações espera por respostas mais efetivas.

"Já passou mais de um ano da descoberta desse esquema criminoso e nenhuma medida institucional a altura foi adotada para combater a corrupção em termos de País", afirmou Dallagnol.

Nos processos sem prerrogativa de foro, a Lava Jato já conseguiu 15 delatores que confessaram que a partir de 2004 institui-se na Petrobras um esquema de arrecadação de 1% a 5% em contratos que eram fatiados entre 16 empreiteiras do cartel. Isso mediante acerto com diretores da estatal indicados pelo PT, PMDB e PP. Em um ano, a força-tarefa da Lava Jato chegou-se a R$ 6 bilhões em propinas.

"Nos mantemos crentes na mudança do sistema, de que ela virá, e com uma grande expectativa de que isso venha a acontecer. Nós apostamos nisso, nós confiamos, e aquilo que a gente puder fazer para contribuir com a mudança do sistema para que esse País seja livre de corrupção e da impunidade nós faremos, assim como temos certeza que a sociedade fará também", concluiu o coordenador da força-tarefa da Lava Jato.

O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta noite a relação de nomes que serão investigados por suposto envolvimento no esquema deflagrado pela Operação Lava Jato. Em relação a parlamentares com mandato, há 22 nomes do PP, sete do PMDB, quatro do PT, um do PTB e um do PSDB. São, portanto, 35 nomes com foro privilegiado, no STF.

Na última terça-feira (3), a Procuradoria-Geral da República encaminhou ao Tribunal 28 pedidos de abertura de inquérito para investigar 54 pessoas. Também foram enviados ao STF sete solicitações de arquivamento. O material permaneceu em sigilo na Corte até esta sexta-feira. Os nomes foram divulgados há pouco pelo gabinete do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF.

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Houve decisão pela instauração de inquéritos referentes aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), Edison Lobão (PMDB-MA), Lindbergh Farias (PMDB-RJ), Romero Jucá (PMDB-RR), Valdir Raupp (PMDB-RO), Gleisi Hoffman (PT-PR), Benedito de Lira (PP-AL), Humberto Costa (PT-PE), Ciro Nogueira Lima Filho (PP-PI) e Gladson de Lima Cameli (PP-AC). Há inquéritos já instaurados em relação aos senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Fernando Collor (PTB-AL).

Também serão alvo de instauração de inquéritos os deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Aníbal Ferreira Gomes (PMDB-CE), Nelson Meurer (PP-PR), Simão Sessim (PP-RJ), Arthur Cézar Pereira de Lira (PP-AL), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Carlos Magno Ramos (PP-RO), Dilceu Sperafico (PP-PR), Eduardo da Fonte (PP-PE), Jeronimo Goergen (PP-RS), Afonso Hamm (PP-RS), José Linhares da Ponte (PP-CE), José Olimpio Silveira Moraes (PP-SP), José Otávio Germano (PP-RS), Lázaro Botelho Martins (PP-TO), Luiz Carlos Heinze (PP-RS), Luiz Fernando Ramos Faria (PP-MG), Renato Delmar Molling (PP-RS), Roberto Balestra (PP-GO), Roberto Pereira de Britto (PP-BA), Waldir Maranhão (PP-MA), Vander Loubet (PT-MS) e José Mentor (PT-SP).

A lista de pedidos de inquéritos envolve ainda os ex-deputados federais Aline Corrêa (PP-SP), Cândido Vacarezza (PT-SP), João Alberto Pizzolatti (PP-SC), Luiz Argolo (SD-BA), Mário Negromonte (PT-BA), Pedro Correa (PP-PE), Pedro Henry (PP-MT), Roberto Sergio Ribeiro Coutinho Teixeira (PP-PE), e Vilson Covatti (PP-RS). Também foi pedida instauração de inquérito para a suplente de deputado Sandes Junior (PP-GO) e para a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) e o vice-governador da Bahia, João Felipe de Souza Leão (PP). O vice-governador tem foro privilegiado, só que no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Também estão na lista Fernando Santos, o "Fernando Baiano", lobista do PMDB, e João Vaccari Neto, tesoureiro do PT. Ao todo, são 30 nomes do PP.

Houve decisão pelo arquivamento para os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Delcídio do Amaral (PT-MS) e para o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o ex-deputado Alexandre José dos Santos (PMDB-RJ). Foi decidido pela remessa dos autos ao juízo de origem relativo ao ex-ministro Antonio Palocci (PT).

A Câmara dos Deputados protocolou, nessa quinta-feira (30), uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação pretende questionar o julgamento de parlamentares pelas duas turmas da Corte, formadas por cinco ministros cada, e não pelo Pleno, composto por 11 ministros.

Desde maio, uma mudança no regimento do STF transferiu do Plenário para as turmas, das quais o presidente do tribunal não participa, a competência para julgar ações penais de deputados, senadores e ministros de Estado. O objetivo foi desafogar a pauta e acelerar os processos.

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O secretário-geral da Mesa da Câmara, Mozart Vianna de Paiva, avaliou que a intenção pode ter sido boa, mas considerou a alteração inconstitucional. "Historicamente, o constituinte colocou deputados e senadores, na Constituição, no mesmo nível do presidente da República, do vice-presidente da República, dos ministros do Supremo e do procurador-geral da República. Todos a serem julgados pelo Supremo", disse.

A ADI foi protocolada após o julgamento do deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP). A Segunda Turma do STF, por unanimidade, manteve a condenação do parlamentar pela prática de violação do sigilo funcional qualificada (artigo 325, parágrafo 2º do Código Penal) no âmbito da Operação Satiagraha, conduzida pela Polícia Federal em 2008.

Protógenes, no exercício do cargo de delegado da Polícia Federal à época dos fatos, foi condenado por ter revelado a jornalistas dados sigilosos da operação.

Mozart afirmou que a ação não questiona o mérito do julgamento, mas apenas o procedimento adotado no julgamento. "É o procedimento, é o foro [por prerrogativa de função]. A Mesa da Câmara entende que o foro adequado é o Plenário do Supremo, e não a turma. O mérito de cada caso e causa é o Supremo que julga. A Câmara não entra nisso", afirmou.

*Com informaçôes da Agência Câmara

Ainda neste mês, a Câmara dos Deputados deve concluir a votação da Proposta de Emenda à Constituição 470/05, que propõe o fim do foro privilegiado para parlamentares. É o que garantiu o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Segundo ele, a matéria será incluída na pauta do plenário até o fim de setembro. Para o deputado, o tema é importante porque põe fim a mais essa benesse assegurada aos políticos. “A proposta é acabar com isso e tratar a todos com igualdade”, frisou ele.

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Já em outubro, o grupo de trabalho que está discutindo a reforma política deve votar a sua proposta. “Além de milhares de sugestões apresentadas através da internet, esse grupo está debruçado sobre propostas encaminhadas pelos mais diferentes segmentos da sociedade civil organizada, entre elas a CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil] e a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil]”, afirmou Alves.

Entre os temas que serão tratados estão o fim da reeleição para cargos executivos, a coincidência de eleições a partir de 2018, a duração dos mandatos eletivos, a fidelidade partidária, o voto obrigatório e o financiamento público de campanhas.

As propostas precisarão ser aprovadas pela Câmara e pelo Senado e depois passará por um referendo popular, a ser realizado em 2014.

Enquanto o Senado ainda tenta fazer um acordo para votar o projeto que acaba com o foro privilegiado para autoridades como parlamentares, ministros de Estado e presidente da República, uma proposta de emenda à Constituição (PEC) mais simples, que suspende prerrogativa apenas para deputados e senadores, será votada hoje (9) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.

O presidente da comissão, deputado Décio Lima (PT-RS), disse que está ouvindo o clamor das ruas ao pôr o projeto em votação. "É um dos temas pedidos pela população nas ruas e precisamos dar essa resposta à sociedade."

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A matéria deve ser aprovada por ampla maioria, pois todos os partidos passaram a defendê-la. Com isso, abre-se a possibilidade de seguir ainda hoje (9) para o plenário - caso os líderes assim decidam, apresenta-se um requerimento de urgência que acelera o rito e o projeto passa na frente dos demais.

Nesse tema, governo e oposição estão juntos. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), afirmou ontem (8) que, se é essa a vontade do povo, ele não vai se opor a que o projeto siga diretamente para o plenário.

A proposta da Câmara, que tramita desde 2005 e já chegou a ser arquivada duas vezes nas trocas de legislatura, altera a Constituição ao retirar dos parlamentares a garantia de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. A matéria é um dos itens da pauta de reivindicações entregue por manifestantes ao presidente da Casa, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

O texto que está no Senado, de autoria do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), é mais amplo e inclui outras autoridades como ministros de Estado, governadores e presidente e vice-presidente da República.

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), defendeu a aprovação da proposta na Casa. "O povo não quer que ninguém seja tratado com privilégio", disse. "A partir do momento em que você é julgado na primeira instância e vai para a segunda, é julgado por um colegiado e, se for condenado, já se enquadra nas regras da Lei da Ficha Limpa." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Senado intensifica o ritmo de votações nesta semana, com sessões deliberativas de segunda a sexta. Normalmente, há votações apenas nas terças, quartas e quintas, mas com uma pauta prioritária em reposta aos apelos feitos em manifestações por todo país a Mesa Diretora resolveu estender as análises para os outros dias.

Uma das matérias previstas na Ordem do Dia desta segunda (8) é a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37/2011, que reduz o número de suplentes de senadores e mantém a proibição de haver eleição de suplente que seja cônjuge ou parente do candidato titular.

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Deve entrar na pauta a PEC 10/2013, de autoria do senador Alvaro Dias (PSDB-PR), que acaba com o foro privilegiado para autoridades nos casos de crimes comuns. Dessa forma, será seguido o princípio de isonomia e em caso de infrações penais comuns serão seguidas as regras processuais gerais. Atualmente, deputados federais, senadores, ministros e outras autoridades do Executivo e do Judiciário só podem ser processados e julgados em matéria criminal no Supremo Tribunal Federal (STF). Já os governadores e desembargadores são julgados no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Duas PECs de autoria de Humberto Costa (PT-PE) também devem ser votadas no Senado ainda neste primeiro semestre parlamentar. A proposta 75/2011 prevê a possibilidade de aplicação, a membros do Ministério Público, das penas de demissão e cassação de aposentadoria ou de disponibilidade pelo Conselho Nacional do Ministério Público. Já a PEC 53/2011 exclui a pena de aposentadoria para magistrados.

Outra reivindicação das ruas é a votação da PEC 20/2013, que estabelece o fim do voto secreto no Parlamento. Com a medida, processos de votação como indicações de autoridades e chefes de missões diplomáticas; exoneração do procurador-geral da República antes do fim de seu mandato; perda de mandato de deputado federal ou senador por quebra de decoro ou condenação criminal definitiva; apreciação de vetos do presidente da República a projetos de lei aprovados pelo passarão a ser abertos e públicos.

Pauta prioritária
Após os protestos realizados em junho, o Senado definiu uma pauta prioritária para as votações. Do total de 23 matérias previstas, nove foram aprovadas.

O PLS 240/2013, que estabelece as novas regras para o Fundo de Participação dos Estados (FPE), o PLC 39/2013, que prevê sanções para empresas que participam de corrupção, e o PLC 3/2013, que estabelece o atendimento integral pelo SUS às mulheres vítimas de violência sexual, foram aprovados e aguardam sanção presidencial. Já PRS, que amplia as oportunidades para participação popular no processo legislativo, foi aprovado e enviado para promulgação. 

Outras matérias foram votadas no Senado e seguiram para a Câmara dos Deputados. É o caso do PLS 2014/2011, que torna a corrupção um crime hediondo; do PLS 105/2011, que estabelece o regime do Simples para advogados; da PEC 6/2012, que exige ficha limpa para o servidor público; do PLC 41/2013, que destina os royalties do petróleo para educação e saúde; e do PLS 129/2012, que altera a arrecadação de direitos autorais pelo Ecad.

Prestes a ser deflagrado, o polêmico julgamento da ação penal do mensalão reacendeu no meio jurídico a discussão sobre o foro privilegiado e a vocação constitucional do Supremo Tribunal Federal. Alguns defensores dos 38 acusados planejam questionar a competência da instância máxima do Judiciário para julgar réus sem prerrogativa de foro. É uma estratégia que pode retardar o início da jornada ou acabar fulminada pela Corte.

Apenas três dos 38 réus do processo aberto para julgar o maior escândalo da era Lula têm foro privilegiado: os deputados federais João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).

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Por causa deles a famosa ação penal 470 ficou sob a tutela do STF. Os outros 35 acusados, tivesse havido a separação, estariam agora sob o crivo da primeira instância judicial.

Na abertura do julgamento, marcada para o dia 2, advogados deverão levantar questão de ordem para que os ministros do STF decidam se ainda cabe o deslocamento e a divisão dos autos.

É remota a possibilidade de o STF acolher, a essa altura, manifestação de tal natureza - até porque a Corte já decidiu anteriormente conduzir todo o processo sob alegação de que os fatos são os mesmos, daí não haveria como cindir o julgamento.

Mas o tema ainda provoca controvérsia na Corte. "O Supremo Tribunal Federal não pode ficar variando. Em alguns inquéritos desmembra, em outros não, em algumas ações penais desmembra, em outras não", argumenta o ministro Marco Aurélio Mello, que defendeu o desmembramento do mensalão quando ele ainda era um inquérito.

Marco Aurélio foi voto vencido. Seus pares cravaram que a competência sobre o mensalão, e todos os seus réus, é do STF. "O desmembramento do processo já foi discutido e o tribunal, acertadamente, repeliu a ideia, pois o fato não pode ter julgamentos distintos", anota o criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende João Paulo Cunha. "O mesmo fato não pode ter julgamentos distintos por juízes diferentes."

Não é o que pensam advogados de outros réus. Marcelo Leonardo, que defende Marcos Valério, já adiantou que vai provocar o STF para que os ministros novamente apreciem essa questão.

Vocação

Para o coordenador da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Belo Horizonte, João Medeiros, que conduz a acusação no julgamento do chamado mensalão mineiro - suposto esquema de desvio de recursos públicos durante a campanha à reeleição do então governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998 -, a manutenção do processo no STF fere a vocação da Corte.

"É um julgamento numa instância única. Isso no limite acaba prejudicando as duas partes. Não vai ter recurso. Se forem absolvidos não há a quem recorrer e, se forem condenados, a mesma coisa", destaca. "Esse problema é fruto da existência do foro privilegiado, que transforma o Supremo em instância originária e única, quando na verdade ele não deveria cuidar disso. A vocação do Supremo é de ordem constitucional, de defesa da Constituição."

Por possuir foro privilegiado, a ação penal contra Azeredo foi aberta no STF. Em maio de 2009, o relator, ministro Joaquim Barbosa, ordenou o desmembramento do processo, determinando que todos, exceto Azeredo, respondessem aos crimes na Justiça Federal, que, por sua vez, remeteu os autos para a Justiça Estadual. Outro réu parlamentar e com processo desmembrado é o senador Clésio Andrade (PMDB), que assumiu a cadeira de Eliseu Resende (DEM), morto no início do ano passado. O julgamento na 9.ª Vara Criminal de Belo Horizonte está em fase de instrução - já foram ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa de três dos dez réus. Na opinião de Medeiros, há risco de uma decisão contraditória. "Esse processo (mensalão mineiro) foi desmembrado e o outro não."

'Tolice'

Segundo o ex-ministro e ex-presidente do STF Carlos Velloso, a desconexão tornar ágil o julgamento. "Porém, no caso específico do processo do mensalão, seria muito difícil fazer a separação porque as ações estão muito entrelaçadas. No caso do mensalão não seria possível o desmembramento pelas circunstâncias, pelas condutas que se entrelaçam, tidas delituosas", afirma. "Imaginemos que poderia haver condenação de primeiro grau e absolvição no Supremo, ou vice versa."

Para Velloso, o que não deveria existir é mesmo o foro privilegiado, salvo raras exceções.

"A Emenda Constitucional 01, outorgada pela Junta Militar, conferiu esse foro privilegiado aos parlamentares. A emenda 01 é que fez essa tolice", reclama. "Os tribunais não têm vocação de fazer as vezes de juiz de primeiro grau, de fazer instrução. Juízes têm sido convocados para auxiliar os ministros do Supremo, o que é absolutamente irregular. A atividade jurisdicional é indelegável, ministro não pode delegar essa atribuição."

Na avaliação de Velloso, os ministros do STF estão em situação difícil. "Um tribunal que tem vocação para julgar recursos e ações de constitucionalidade se vê com a atribuição de juiz de primeiro grau, tendo que ouvir testemunhas, fazer interrogatórios. É incabível, inconcebível. A cada dia aumenta mais o número de privilegiados. Leva ao descrédito da função jurisdicional." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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