Tópicos | UE

A União Europeia assinou um acordo de livre comércio com o Vietnã neste domingo, o primeiro do tipo com um país em desenvolvimento da Ásia, abrindo caminho para reduções tarifárias de 99% das mercadorias entre o bloco e o país do sudeste asiático.

Os dois lados anunciaram o acordo em um comunicado. Ainda é necessária a aprovação do Parlamento Europeu, que não é garantida porque alguns legisladores estão preocupados com registros de violações de Direitos Humanos no Vietnã.

##RECOMENDA##

O bloco descreveu o acordo de livre comércio UE-Vietnaã (EVFTA, na sigla em inglês) como "o mais ambicioso acordo de livre comércio concluído com um país em desenvolvimento".

Uma cláusula incluída nos últimos momentos da negociação entre Mercosul e União Europeia, ontem (28), em Bruxelas, está preocupando o setor privado brasileiro. Trata-se do chamado "princípio da precaução". O dispositivo deixou em alerta especialmente o agronegócio porque, dependendo da abordagem, pode permitir a imposição de barreiras para a compra de produtos considerados suspeitos por uso de agrotóxicos proibidos ou criados em áreas ilegais de desmatamento, mesmo sem comprovação científica.

Criada e defendida pela UE, a medida é rechaçada por outros países - como os Estados Unidos - e difere do regimento previsto pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Ao invocar o princípio da precaução, os governos europeus simplesmente bloqueiam importações sem que haja qualquer investigação sobre os eventuais danos que esses bens causariam durante a sua produção.

##RECOMENDA##

Até duas semanas atrás, o assunto era visto como inegociável pelo Ministério da Agricultura. A pasta considerava que a medida se tornaria um instrumento de protecionismo em meio a um acordo de liberação de comércio. Foi preciso, no entanto, ceder e incorporá-lo ao acordo para que ele fosse concluído. Segundo uma fonte próxima as negociações, essa foi a "última fronteira negocial".

A solução, afirma um integrante do Itamaraty, foi incluir uma "blindagem" para evitar que os europeus "abusem" do mecanismo. A íntegra do documento ainda não foi divulgada. Mas, segundo negociadores do lado brasileiro, foi possível proteger o Mercosul do uso indiscriminado do princípio da precaução.

De acordo com o Itamaraty, há um dispositivo que torna obrigatória a revisão periódica da medida, além de garantir a necessidade da apresentação de provas científicas para os consumidores interromperem compras preventivamente.

Além disso, os integrantes do Mercosul teriam cedido aos europeus com a condição de que o princípio constasse apenas no capítulo "desenvolvimento sustentável" do acordo. O trecho do texto traz ideias e diretrizes a serem seguidas pelos países membros de ambos os blocos, mas não trata de normas vinculantes às quais todos estarão obrigados. O princípio de precaução teria ficado de fora do capítulo que envolve questões sanitárias e fitossanitárias e também do capítulo que envolve barreiras técnicas.

Para um representante do setor do agronegócio, a inclusão do princípio de precaução no capítulo sanitário seria "um absurdo" e representaria um "dano enorme" ao Brasil. O capítulo é descrito pela UE como "ambicioso" e trata, entre outras coisas, de segurança alimentar.

Preocupada com a reação dos países do bloco, a UE afirma que nada no acordo muda o jeito que o bloco adota suas regras de segurança alimentar para produção doméstica ou produtos importados. A UE também destaca que o acordo explicita o princípio de precaução, que, de acordo com o texto, significa que autoridades públicas possuem o direito de agir para proteger seres humanos, animais e vegetais diante de um possível risco, até mesmo quando análises científicas não forem conclusivas.

Incluídos à revelia no acordo de livre-comércio com a UE, os produtores brasileiros de vinhos receberão ajuda do governo nos próximos anos. O pacote em negociação é amplo e inclui desde a criação de um fundo para a modernização do setor até a redução de impostos, segundo três fontes a par das tratativas ouvidas pelo 'Estado'.

Os europeus faziam questão de incluir no acordo a abertura do mercado de vinhos no Mercosul. Os produtores brasileiros resistiam sob argumento de que os europeus recebem subsídios e têm acesso a financiamentos que os colocam em vantagem na hora de competir.

##RECOMENDA##

O governo, antevendo que a inclusão do setor seria necessária para fechar o tratado, iniciou as conversas com representantes dos produtores há algumas semanas na tentativa de diluir as resistências por parte dos produtores. As negociações foram conduzidas pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, mas tiveram aval da equipe econômica, comandada pelo Ministro Paulo Guedes.

Segundo uma fonte do Palácio do Planalto, o governo formatou um "pacote de produtividade irrecusável" para o setor. Ficou acertado que, de pronto, será assinado um acordo de cooperação técnica com a indústria do vinho, prevendo a criação de um fundo para financiar a modernização da indústria. Esse fundo terá recursos de empresas do setor, a princípio.

Mas o plano é aproveitar ainda instrumentos que já existem hoje, como seguro agrícola, e também direcionar ao setor recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), segundo uma fonte do Ministério da Economia.

O governo prometeu também analisar como poderá reduzir os impostos que incidem sobre insumos, como rolha, garrafa e sumo da uva, e para o maquinário, além de estudar de que forma pode melhorar as condições de financiamento hoje para o setor.

"Temos uma demanda histórica ao governo brasileiro pedindo a redução dos impostos. Com o acordo com a UE, a nossa situação se agravará. Nosso receio não é com a concorrência. Vamos concorrer com o subsídio europeu e com alta carga tributária interna. Em cima de uma garrafa de vinho, 55% são impostos. Vira uma concorrência desleal", diz Oscar Ló, presidente do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).

No acordo fechado em Bruxelas, o Mercosul se comprometeu a zerar as tarifas de importação para vinhos europeus em até doze anos.

As conversas com o setor vitivinícola estão avançadas, mas o setor de laticínios também pode conseguir compensações. Segundo um integrante do governo, no acordo, os produtos da UE, como queijos, terão alíquota zerada em até oito anos.

Procurados, o Ministério da Economia e a Casa Civil não comentaram. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A troca de farpas entre chefes de Estado de Brasil, França e Alemanha aumentou a tensão sobre as negociações dos detalhes finais do acordo entre Mercosul e União Europeia, discutido há duas décadas. Havia expectativa de que um consenso entre os ministros dos dois blocos pudesse ser alcançando ainda na última quinta-feira, 27, mas as conversas avançaram a noite em Bruxelas sem que um anúncio final fosse feito. A decisão sobre o futuro do tratado ficou para hoje.

Os impasses sobre alguns termos do acordo ainda não foram totalmente solucionados, mas foi o clima político que pesou. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou na quinta, antes da reunião de cúpula do G-20 em Osaka, no Japão, que não assinaria um acordo com o Mercosul se o presidente Jair Bolsonaro levasse adiante a promessa de retirar o Brasil do acordo climático de Paris. Ele fizera ameaça similar no ano passado. Em meio a esse clima tenso, sem uma justificativa oficial, na manhã desta sexta-feira (horário de Osaka), a assessoria de Bolsonaro, que está no Japão para participar do G-20, informou o cancelamento de um encontro bilateral que o presidente teria à tarde com o líder francês.

##RECOMENDA##

Ainda na quinta-feira, antes de seguir para o encontro de líderes mundiais, a chanceler alemã, Angela Merkel, também já havia dito que queria ter uma "conversa clara" com Bolsonaro sobre desmatamento e que via com preocupação a posição do brasileiro. Os europeus estão sendo pressionados por ONGs a questionar o acordo entre Mercosul e União Europeia. Apesar disso, Merkel se disse favorável à conclusão do tratado.

O governo brasileiro reagiu às criticas e mirou em Merkel, justamente uma aliada no acordo. O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, disse que ninguém tem "moral" para falar sobre preservação com o Brasil e que a Alemanha deveria "procurar sua turma".

Surpresa. O embate político pegou os negociadores de surpresa. Pela manhã, representantes do governo brasileiro estavam otimistas e diziam que um anúncio poderia vir horas depois. Uma fonte do Itamaraty afirmou que o chanceler Ernesto Araújo, que está em Bruxelas para etapa decisiva de negociações, poderia fazer um anúncio ainda ontem.

Representantes do setor produtivo também haviam sido comunicados que, na manhã de hoje, um encontro poderia ocorrer na Bélgica justamente para que os principais pontos do acordo fossem explicados.

O bloco europeu entendia que a disputa climática havia sido de certa forma superada. Apesar das críticas na Europa sobre os discursos de Bolsonaro em relação ao meio ambiente, os europeus avaliavam que a decisão do Brasil de não deixar imediatamente o Acordo de Paris foi uma sinalização de que nem tudo o que o presidente brasileiro prometeu na campanha será colocado em prática.

Fontes próximas aos negociadores europeus não descartam, porém, dificuldades para a ratificação do acordo. Isso porque, após assinado, o tratado precisa passar pelo crivo do Parlamento de todos os países envolvidos, além dos parlamentares da União Europeia. Enquanto isso, pode vigorar com regras transitórias. O avanço dos "verdes" no Parlamento Europeu, porém, pode causar dificuldades nessa fase.

Decisão. Para que se chegue a essa fase, no entanto, será preciso que os ministros de Mercosul e União Europeia alcancem um acerto sobre pontos sensíveis, como o prazo para que o Mercosul zere tarifas para bens como automóveis, e quanto os europeus concordarão em aumentar as cotas de importação para produtos agrícolas.

Fontes próximas às conversas relataram ao Estado que avanços significativos já haviam sido feitos em pontos que preocupavam o Brasil. Os europeus haviam aceitado, por exemplo, incorporar ao acordo regras mais rígidas para a aplicação de barreiras sanitárias do que as que seguem atualmente. A União Europeia é conhecida por usar o argumento de risco à segurança sanitária para inibir importações, notadamente de produtos agrícolas. / COLABORARAM BEATRIZ BULLA E CÉLIA FROUFE, DE OSAKA

O presidente da França, Emmanuel Macron, disse nesta terça-feira que apoiaria a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, se ela quiser ser a presidente da Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia. De acordo com o líder francês, o bloco "precisa de alguém forte" no comando da comissão. Ele, contudo, ressaltou que não tentaria influenciar Merkel a tomar uma decisão, citando sua amizade com a chanceler alemã.

À emissora pública suíça RTS, Macron afirmou que "eu a apoiaria se ela quisesse". No mês passado, Merkel disse que não gostaria de comandar a Comissão Europeia e que também não queria qualquer outro cargo político. Ela deu apoio formal a Manfred Weber, membro alemão do Parlamento Europeu, para ser o próximo presidente da Comissão Europeia. O mandato de cinco anos do atual presidente do órgão, Jean-Claude Juncker, termina em 31 de outubro.

##RECOMENDA##

Em outubro, Merkel anunciou que não buscará se reeleger depois de seu quarto mandato como chanceler, que termina em 2021. Fonte: Associated Press.

Os partidos de extrema direita que negociavam a formação de um poderoso bloco eurocético no Parlamento Europeu para minar o projeto de integração sofreram um golpe ontem, quando os nacionalistas da Polônia e o Partido do Brexit, do Reino Unido, disseram que não se juntarão ao grupo.

A ultranacionalista Liga, da Itália, foi uma das maiores vencedoras das eleições europeias da semana passada. Seu líder, o vice-premiê Matteo Salvini, tentou convencer os partidos nacionalistas europeus a deixar de lado as diferenças para formar um bloco coeso no novo Parlamento.

##RECOMENDA##

A ideia era reunir o maior número possível de legendas na Aliança Europeia dos Povos e Nações. Dez partidos do grupo elegeram eurodeputados, dos quais os principais são Liga, da Itália, Reunião Nacional (RN), da francesa Marine Le Pen, e a Alternativa para a Alemanha (AfD).

Os eurocéticos de direita, ultradireitistas ou conservadores conseguiram eleger 173 eurodeputados - 23% do total. No Parlamento, essas forças estão divididas em três grupos, sendo dois ultradireitistas e um conservador críticos à UE.

A posição pró-Rússia de Salvini, da RN e da AfD levou Jaroslaw Kaczynski, líder do Partido Lei e Justiça (PiS), que governa a Polônia, a descartar a possibilidade de participar da coalizão. Além disso, o Partido do Brexit de Nigel Farage, que obteve 29 dos 72 assentos britânicos no Parlamento Europeu, também disse que não se juntará ao grupo - o Reino Unido deve deixar a UE em 31 de outubro, mas deputados tomarão posse em julho e permanecerão até o Brexit.

Expressando ceticismo, Kaczynski criticou o vice-premiê italiano. "Quando se trata de Salvini, temos um problema: ele quer criar um novo grupo com formações que não podemos aceitar. Temos propostas totalmente divergentes que não podemos aceitar."

O partido de Marine Le Pen, a AfD e a Liga têm boas relações com a Rússia, uma posição com a qual o PiS polonês não concorda, tanto por discordâncias em relação aos projetos russos para a Polônia quanto pela tradicional desconfiança polonesa com relação ao Kremlin.

O partido polonês defende valores católicos tradicionais e é contra aquilo que considera ser o expansionismo russo na Ucrânia e em outros lugares. A sigla conquistou 26 dos 51 assentos atribuídos à Polônia no Parlamento Europeu e deve se unir ao grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus.

Disputas. Salvini apostava que a ambição comum dos partidos eurocéticos de moldar o futuro do bloco, devolvendo mais poderes aos Estados-membros e impondo novas restrições à imigração, superasse qualquer preocupação com a influência da Rússia. No geral, os partidos de extrema direita tiveram um desempenho menor do que o esperado nas eleições da União Europeia, particularmente na Alemanha e na Holanda.

Na semana passada, o primeiro-ministro nacionalista húngaro, Viktor Orbán, também distanciou seu partido, o Fidesz, do grupo eurocético de Salvini, enquanto tentava restaurar laços com os principais partidos de centro-direita da Europa.

O chefe de gabinete de Orbán, Gergely Gulyas, disse ontem que não vê "muita chance de cooperação em nível partidário ou em um grupo parlamentar conjunto" na UE.

Em um aparente gesto para apaziguar os principais aliados da UE, Orbán, que está suspenso do Partido do Povo Europeu (EPP), grupo de partidos de centro-direita, interrompeu inesperadamente reformas judiciais que, segundo os críticos, reduziam a independência do Judiciário na Hungria

O grupo da Europa das Nações e da Liberdade (ENL) no Parlamento tem 34 deputados, depois de várias saídas de partidos e até de cisões. Após as eleições, poderá crescer para 58 deputados, o que não chega perto das expectativas de Salvini, de um grupo com mais de 100 deputados de 10 países.

"Era uma cisão esperada, por que as direitas nacionalistas na Europa têm expectativas diferentes e desejos completamente diferentes", afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo o pesquisador britânico Jamie Bartlett, do Instituto Demos, especialista em populismo na Europa. "Essas discordâncias podem ser colocadas de lado em algum momento, mas algumas delas são difíceis de superar e exigirão negociações." (Rodrigo Turrer, com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A execução de jihadistas europeus no Iraque - um dilema para países que rejeitam a pena de morte, mas não querem a volta de radicais em seu território - levou a União Europeia a projetar a criação de um tribunal especial para lidar com esses casos.

O objetivo da corte internacional é julgar cidadãos de países do continente que tenham se aliado ao Estado Islâmico (EI) nos últimos anos, atuando na Síria e no Iraque. Representantes de Áustria, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Reino Unido, Holanda, Noruega, Suécia e Suíça compõem o grupo de 11 países que se reuniu ontem em Copenhagen para apoiar a iniciativa, em conjunto com integrantes da ONU.

##RECOMENDA##

O encontro ocorreu no dia em que o Iraque condenou outros dois jihadistas franceses ao enforcamento. Desde o dia 26, 11 franceses aliados ao EI e capturados em território iraquiano foram condenados à morte. Um tunisiano também recebeu a sentença. Os acusados têm 30 dias para apelar das decisões.

O ministro do Interior sueco, Mikael Damberg, reforçou ontem "o grande e crescente interesse" internacional na iniciativa, que inclui a Comissão de Assuntos Exteriores do Parlamento Europeu. O representante sueco reforçou na reunião que os julgamentos, mesmo sendo comandados por autoridades europeias, seriam feitos nos países em que os crimes foram cometidos. A justificativa é facilitar o acesso a provas e testemunhas, além de permitir o julgamento de crimes de guerra cometidos por outras partes. Paris já havia tornado pública a intenção na semana anterior.

No domingo, o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, afirmou que o país é contra a pena de morte e diz isso claramente. Entretanto, na semana anterior, o chanceler declarou que "os julgamentos são justos".

Apesar da sentença, mais de 500 estrangeiros do EI também condenados pela corte iraquiana ainda não foram executados. Em 2018, 52 pessoas foram enforcadas no país, de um total de 271 condenações, segundo a Anistia Internacional. Entre os europeus, dois belgas também foram condenados, além de um alemão, que teve a pena revertida em prisão perpétua.

A criação do tribunal internacional está em sintonia com a intenção dos países europeus em não receber de volta seus dissidentes. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os líderes europeus decidiram adiar para junho a decisão sobre quem vai presidir o Bloco nos próximos cinco anos, e sem se limitar aos candidatos propostos pelas famílias políticas, o que deve provocar uma queda de braço dentro da União Europeia (UE).

"Encontraremos a melhor maneira de negociar (...) entre os líderes e também com a Eurocâmara. Não interessa a ninguém um conflito entre instituições", advertiu o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, ao final de três horas da cúpula em Bruxelas.

O sistema conhecido como 'Spitzenkandidat', que reserva a presidência da Comissão Europeia a um dos candidatos principais das famílias políticas na Eurocâmara, não é visto com bons olhos pelos mandatários do Bloco, que alegam uma limitação de suas prerrogativas.

Mas a Eurocâmara, que deve validar por maioria o candidato proposto pelos dirigentes, reafirmou sua proposta de que o sucessor de Jean-Claude Juncker na Comissão precisa ter participado "da campanha em escala europeia".

Com 177 eurodeputados de 751, o Partido Popular Europeu (PPE) venceu novamente as eleições, apesar de ter obtido 39 cadeiras a menos do que na legislatura atual. Reclamou o posto de presidente da Comissão para Manfred Weber, mas nada será fácil. As eleições para a Eurocâmara confirmaram o fim do bipartidarismo e um avanço moderado das forças eurocéticas.

Para conseguir uma maioria pró-europeia, o PPE deve se entender com seus tradicionais aliados nas instituições da UE, os socialdemocratas (149 cadeiras), mas também com um terceiro sócio. Aqui podem entrar em jogo os 69 eurodeputados dos Verdes, ou os 107 dos liberais.

Liderados pelo presidente francês, Emmanuel Macron, estes últimos já abriram a primeira divisão, porém, ao não apoiarem a declaração da Eurocâmara que defende o 'Spitzenkandidat'.

Macron defendeu que deverão escolher para ficar à frente da UE "mulheres e homens que têm a experiência e a credibilidade que lhes permitam assumir estas missões e que (...) as apoiem plenamente".

Ainda que reticentes ao atual sistema, porque os cidadãos europeus podem votar apenas nos candidatos de seu país, os dirigentes liberais também têm sua candidata, a comissária dinamarquesa Margrethe Vestager, à qual manifestaram seu apoio nesta terça.

- 'Posição muito clara'

"O Parlamento Europeu tem uma posição muito clara", disse seu presidente, Antonio Tajani, em entrevista coletiva, após informar os chefes de Estado e de governo.

"Quem se apresentou diante dos eleitores (...), se recebeu seu apoio, deve estar presente neste posto", completou.

Em 2014, Merkel e seus então colegas britânico, David Cameron, e sueco, Fredrik Reinfeldt, tentaram compor uma minoria de bloqueio no Conselho contra Juncker - embora, sob pressão, a alemã tenha enfim recuado, um exemplo citado nesta terça.

"Assim foi da última vez e um dos candidatos principais se tornou presidente da Comissão. E assim será esta vez", garantiu Junker.

A correlação de forças no Conselho Europeu será chave. O candidato contemplado pelos líderes deverá contar com o apoio de pelo menos 21 dos 28 chefes de Estado e de Governo, cujos países representem pelo menos 65% da população. A designação formal está prevista para acontecer na reunião de cúpula em 21 e 22 de junho.

Maior força do Conselho, o PPE entra na discussão enfraquecido. O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, um de seus nove governantes à mesa, acaba de ser derrubado pelo Parlamento. O primeiro-ministro húngaro, o populista Viktor Orban, não apoia Manfred Weber.

Os liberais (oito governantes) e os socialistas (cinco) também precisam coordenar suas posições antes da reunião, mas um grupo representativo das duas tendências deve participar de um almoço de trabalho prévio, a convite do liberal Charles Michel, primeiro-ministro da Bélgica.

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, que participou da reunião, defendeu o candidato socialdemocrata, o holandês Frans Timmermans, ao estimar que pode angariar "consensos" com "liberais, verdes e, por que não, com o PPE".

Socialdemocratas e liberais aumentam a pressão sobre o PPE, que atualmente preside as três principais instituições: Comissão, Conselho e Parlamento.

"Os outros têm que dizer o que querem. Nós queremos a presidência da Comissão", disse seu presidente, Joseph Daul, à AFP.

Fontes europeias garantem, porém, que, se o alemão Weber não conseguir dirigir a Comissão, "pode se tornar presidente do Parlamento".

Sem a principal formação pró-europeia, os socialdemocratas, liberais e Verdes - grande surpresa das eleições europeias ao avançar até 69 cadeiras - tampouco reúnem maioria, o que anuncia uma complexa negociação.

O processo de quatro dias para eleger 751 deputados europeus em 28 países acaba neste domingo, 26. Geralmente, a campanha é tão modorrenta que menos da metade dos 427 milhões de eleitores costuma votar. Mas, desta vez, a ascensão do populismo de direita deixou a votação mais interessante. Os eurocéticos, que sempre esbravejaram contra os burocratas de Bruxelas, oficializaram uma aliança para minar o bloco atuando no Parlamento.

A mudança de estratégia ficou evidente na campanha. Matteo Salvini, vice-premiê italiano, e a francesa Marine Le Pen, ambos representantes da extrema direita europeia, passaram os últimos meses prometendo aos eleitores mudar o bloco a partir de dentro. Recentemente, refundaram seus partidos, buscando ares moderados.

##RECOMENDA##

Na Itália, a Liga Norte se transformou em Liga. Na França, a Frente Nacional virou Reunião Nacional (RN). Ambos suprimiram da agenda propostas de sair da UE ou de abandonar o euro. "Não havia saída", disse Le Pen.

O trauma e os prejuízos causados pelo Brexit ao Reino Unido contribuíram para a mudança de rumo. "Parece exagerado dizer que a extrema direita quer destruir o bloco por dentro. Mas, na prática, é isso mesmo", disse ao Estado James Tilley, professor de política da Universidade Oxford. "A extrema direita pretende reorientar a UE. É como se os eurocéticos sonhadores começassem a se transformar em eurocéticos pragmáticos."

Mas os partidos eurocéticos não são monolíticos. Eles compartilham da antipatia por imigrantes e da hostilidade à UE - e só. Uma das tensões é fiscal. Nacionalistas do norte da Europa defendem um orçamento enxuto e mais eficiente. Já os líderes populistas de países do sul e da Europa Central, que se beneficiam de fundos distribuídos por Bruxelas, não gostam da ideia.

Outra divergência é diplomática. Le Pen e Salvini querem se aproximar de Vladimir Putin, mas os populistas do Leste Europeu, que viveram sob a tutela da União Soviética, rejeitam a aliança com Moscou. "Falta aos populistas uma visão comum. Eles concordam mais com aquilo que não querem do que com as coisas que pretendem atingir", disse o historiador Paul Jackson, da Universidade de Northampton.

Na semana passada, tentando aparar as arestas, Salvini reuniu as maiores estrelas do nacionalismo europeu em um comício em Milão. No palco montado na Praça do Duomo, a confraria estava toda reunida. Le Pen discursou. O holandês Geert Wilders tirou selfies ao lado de Joerg Meuthen, líder da Alternativa para a Alemanha (AfD).

Segundo pesquisas, a aliança de extrema direita pode eleger um terço dos deputados do Parlamento Europeu. Ainda que não sejam maioria, eles devem reduzir o espaço da centro-direita e da centro-esquerda, obrigando os líderes a negociar com os partidos populistas ou com outros grupos menores. "Mesmo que não obtenham um terço dos assentos, eles conseguirão evitar consensos majoritários e obrigar o grande bloco de centro a dialogar", avalia Tilley.

O momento é favorável ao nacionalismo. A crise financeira de 2008 afetou a zona do euro e a confiança nos partidos tradicionais. Quando a UE parecia se recuperar do choque, vieram os imigrantes, principalmente afegãos, sírios e do Norte da África, refugiados de guerras civis e conflitos provocados pela instabilidade deixada pela Primavera Árabe.

Em Bruxelas, os europeístas nunca estiveram tão só. Do outro lado do Atlântico, pela primeira vez desde o pós-guerra, eles têm de lidar com um presidente americano hostil. Da Casa Branca, Donald Trump ameaça impor tarifas a produtos europeus e sabotar a Otan.

Neste clima, o ex-estrategista de Trump, Steve Bannon, rodou a Europa distribuindo conselhos aos nacionalistas. Em 2017, ele fundou uma organização batizada de Movimento, uma espécie de "Internacional Nacionalista". O objetivo, segundo ele, era eleger ao menos um terço do Parlamento Europeu.

Em diversas entrevistas, ele definiu sua ideia como o slogan "governar pela negação". Segundo ele, com um terço dos deputados eleitos, a extrema direita seria capaz de travar a agenda da integração. Em sua cruzada contra o globalismo, Bannon convenceu muitos líderes populistas de que era melhor minar a UE, em vez de deixá-la.

No papel, a Europa foi uma ideia que deu certo. Países que passaram a história brigando criaram um espaço de interdependência econômica. "Embaralhamos tanto nossos interesses que a guerra se tornou impossível", disse Herman Van Rompuy, ex-presidente do Conselho Europeu, ao aceitar o Nobel da Paz dado à UE, em 2012.

Em troca, os governos cederam parte da soberania para uma autoridade difusa, que muitas vezes se esconde em um emaranhado institucional. A chatice da política europeia, segundo Van Rompuy, seria um "pequeno preço a pagar" pela paz. E o Parlamento Europeu, que será definido neste domingo, é a epítome da confusão.

Enquanto as sessões plenárias ocorrem em Estrasburgo, as comissões parlamentares se reúnem em Bruxelas e o secretariado trabalha em Luxemburgo. Segundo o Tribunal de Contas Europeu, ¤ 103 milhões seriam poupados sem o vaivém de deputados entre as três cidades. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nações da Europa rejeitaram um ultimato do Irã e afirmaram ver com "grande preocupação" a ameaça de Teerã de abandonar alguns de seus compromissos no acordo nuclear de 2015. Em comunicado nesta quinta-feira (9), os ministros das Relações Exteriores de França, Alemanha, Reino Unido e da União Europeia afirmaram que a Europa está determinada a preservar o acordo nuclear e planejam adotar medidas para manter o comércio entre o Irã e o continente.

O comunicado diz que os países rechaçam qualquer ultimato do Irã e que irão verificar o cumprimento do acordo. Na quarta-feira, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou que seu país passará a desrespeitar limites de enriquecimento de urânio e água pesada, que estão previstos no acordo, em um esforço para pressionar potências europeias a ajudar sua economia, em momento de tensão com os Estados Unidos. O governo americano abandonou o acordo multilateral e impôs sanções contra o Irã, inclusive contra o setor de petróleo do país. Fonte: Dow Jones Newswires.

##RECOMENDA##

Após falhas de conexão na manhã deste domingo registradas nos Estados Unidos, Europa e Filipinas, as redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp voltaram a operar normalmente há cerca de uma hora, segundo o Downdetector.com. O site monitora problemas de conexão na internet.

Por volta de 6h30 pelo horário oriental (7h30 pelo horário de Brasília), o Downdetector apontava interrupções de sinal na maior parte do mundo. Não foi esclarecido, até o momento, o que causou o problema.

##RECOMENDA##

O Facebook adquiriu o Instagram em 2012 e o WhastApp em 2014. Mais de 1,52 bilhão de usuários acessam diariamente o Facebook no mundo, segundo informações do site da rede social. Fonte: Associated Press.

O governo britânico lançou neste sábado (30) o aplicativo para a população europeia que queira continuar no país após a possível saída da União Europeia. Através da plataforma, os cidadãos poderão se registrar para prosseguir com o direito de permanecer no Reino Unido.

Para se cadastrar no "EU Exit ID Document Check App", os estrangeiros europeus devem apresentar documento de identificação, antecedentes criminais e uma foto. A ministra de Estado da Imigração Caroline Nokes se orgulhou da ferramenta, que garante a permanência de 3,6 milhões de pessoas, independente da futura relação com o bloco econômico. "Minha mensagem aos europeus é que este é um processo simples e direto, e algumas das experiências que ouvi confirmam que os cidadãos recebem a confirmação do seu estado numa questão de horas", acrescentou.

##RECOMENDA##

De acordo com o G1, mais de 1.500 funcionários do governo são responsáveis pela verificação das informações, checagem do estatuto referente aos anos de residência e demais informações apresentadas. Os cidadãos da União Europeia, assim como os da Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça, devem completar o cadastro até 30 de junho de 2021, ou caso haja a retirada sem acordo, até 31 de dezembro de 2020.

 

Com artigos polêmicos, o Parlamento Europeu aprovou nesta terça-feira (26) uma nova legislação referente a direitos autorais na internet. A iniciativa já rendeu protestos e foi criticada por empresas, acadêmicos e usuários que encaram as medidas como forma de censura. As regras serão aplicadas a partir de 2021, em toda União Europeia (UE).

Revisado no fim de 2018, o texto - aceito por 348 votos a 274, trouxe dois artigos tidos como polêmicos. O artigo 11, chamado de "imposto de link", limita a possibilidade de sites de busca e notícias de exibir trechos ou imagens. Na prática, empresas como a Google terão que pagar por licenças de seus links. Assim, os usuários não poderão ver uma prévia de imagem em uma pesquisa.

##RECOMENDA##

Entretanto, o ponto mais criticado na reforma foi o artigo 17. Ele aponta que empresas de internet, como o Reddit, fiquem atentas em relação a infrações de direitos autorais enviada a eles, e desse modo filtrem conteúdos considerados ofensivos. Desde a antiga versão do documento, quando ainda era o artigo 13, a medida gera insatisfação devido o insucesso nos testes em 2014 na Alemanha e Espanha. De acordo com as informações do Tecmundo, ainda houve uma tentativa de barrar os dois artigos, mas a emenda foi vetada por cinco votos.

Protestos em países europeus

Na semana passada, milhares de manifestantes foram às ruas da Alemanha, Suíça, Polônia, Suécia, Portugal, Áustria e outros países da UE, para mostrar a insatisfação com as novas leis. Empresas como Wikipedia, Reddit, Google e PornHub também se mostraram contrárias às mudanças. No domingo (17), um grupo formado por 200 acadêmicos escreveu uma declaração contra a reforma.

O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, urgiu neste sábado (16) à União Europeia (UE) que reconheça o opositor Juan Guaidó como o "único" presidente legítimo da Venezuela, em um momento em que vários países europeus bloqueiam uma posição comum do bloco.

"Todos devemos apoiar o povo venezuelano até que restabeleçam a liberdade e a democracia", disse Pence na Conferência de Segurança de Munique. "Por isso, hoje fazemos um pedido à União Europeia para que dê um passo pela liberdade e reconheça Juan Guaidó como o único presidente legítimo da Venezuela".

##RECOMENDA##

Guaidó, de 35 anos e líder da Assembleia Nacional, de maioria opositora, se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro durante uma maciça mobilização opositora em Caracas, surpreendendo a muitos, e exige a saída do presidente Nicolás Maduro.

Desde então, já recebeu o reconhecimento de 50 países, liderados pelos Estados Unidos, e de milhões de venezuelanos que viram renovada nele a esperança de sair da severa crise socioeconômica.

Pence disse depois que os Estados Unidos se tornaram a primeira nação a reconhecer o líder parlamentar como chefe de Estado, "52 países, incluindo 30 dos nossos aliados europeus, seguiram o exemplo dos Estados Unidos".

"Mas é hora de o restante do mundo dar um passo à frente", afirmou. "Mais uma vez, o Velho Mundo pode adotar uma posição de apoio à liberdade no Novo Mundo. Todos nós devemos apoiar o povo venezuelano até que a liberdade e a democracia sejam restauradas por completo."

Ajuda humanitária

Na sexta-feira, o governo americano anunciou o envio de mais ajuda humanitária à cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela, em resposta ao pedido de Guaidó. A ajuda deve chegar neste sábado.

"No dia 16 de fevereiro, o Departamento de Estado, a USAID (agência para o desenvolvimento internacional) e o Departamento de Defesa, em um esforço cooperativo, entregarão ajuda pronta para sua distribuição dentro da Venezuela em Cúcuta, na Colômbia", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Robert Palladino.

Fontes diplomáticas que pediram para não serem identificadas confirmaram à agência EFE que já há "aviões militares americanos" a caminho da região com ajuda humanitária.

Consultado pela EFE, o Departamento de Defesa recusou pronunciar-se sobre este ponto, mas confirmou que Washington já transportou ajuda humanitária à região há dias.

"Os EUA posicionaram provisões de socorro - incluindo alimentos, pacotes de higiene e provisões médicas - na Colômbia na semana passada e seguirão coordenando-se com o presidente Guaidó e sua equipe de especialistas, governos na região e parceiros humanitários para mobilizar ajuda para o povo da Venezuela", afirmou em comunicado o tenente-coronel Jamie Davis, porta-voz do Pentágono.

Palladino, por sua vez, declarou que um voo com ajuda, sobre a qual não ofereceu detalhes, partiria de Miami neste sábado.

Em Cúcuta, funcionários de USAID e do Departamento de Estado, assim como responsáveis colombianos e representantes de Guaidó, "receberão as provisões para aumentar a ajuda já pré-posicionada no primeiro centro de ajuda humanitária internacional do presidente interino venezuelano", disse o porta-voz.

"Essa resposta de várias agências do governo (americano) é uma das demonstrações do compromisso dos EUA com o povo da Venezuela", indicou Palladino, que destacou que, em coordenação com o Executivo colombiano e os representantes de Guaidó, a assistência "tratará as maiores necessidades das populações (venezuelanas) mais vulneráveis".

Palladino ressaltou que "esta missão humanitária destaca o compromisso firme dos Estados Unidos e sua disposição para responder à crise política, econômica e humanitária criada por um homem", em referência ao presidente Maduro.

O governo avalia aumentar a tarifa de importação de leite como uma das medidas de retaliação às barreiras impostas pelos europeus ao aço brasileiro. A medida seria uma forma de compensar os produtores rurais depois de, na semana passada, o Ministério da Economia suspender a cobrança de uma sobretaxa de 14% sobre importações de leite em pó, o que desencadeou uma forte reação da bancada ruralista. Para especialistas, no entanto, não será uma tarefa fácil, até porque o País nunca conseguiu compensações do tipo em outras imposições de salvaguarda.

A equipe econômica entende que não é possível simplesmente aumentar a alíquota do imposto, porque se trata de uma tarifa comum do Mercosul e o aumento teria de ser negociado no bloco. Assim, a saída para atender à Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) seria se valer de um dispositivo permitido pela Organização Mundial de Comércio (OMC).

##RECOMENDA##

Nas próximas semanas, o governo pretende solicitar compensações à União Europeia pelas barreiras que o bloco impôs ao aço no início do ano. A medida atingiu vários países e o pedido de compensação é previsto nas regras da OMC.

A equipe econômica avalia que poderá pedir compensações de US$ 230 milhões, ou seja, solicitando que União Europeia baixe tarifas impostas aos produtos brasileiros ou aumentar as tarifas de importação de produtos europeus neste mesmo montante.

O pedido de compensação é o primeiro passo nas negociações previstas nas normas da OMC em caso de imposição de salvaguardas. Se negado, mesmo assim o Brasil pode retaliar os europeus, aumentando tarifas sem negociação prévia, o que também é permitido pelas normas da OMC. Porém, o processo pode gerar uma série de questionamentos e se arrastar por um longo período até uma decisão do órgão.

Depois de o presidente Jair Bolsonaro anunciar no Twitter que o governo manteria "o nível de competitividade" do leite em pó com outros países, a equipe econômica estuda como fazer isso dentro das normas da OMC e sem envolver o Mercosul ou outros países. A ideia, então, é incluir o leite em pó nessa negociação sobre o aço com a UE.

A avaliação na equipe técnica é de que compensar os produtores de leite em pó é desnecessário, já que a importação é muito pequena - 2,5% em 2017, sendo apenas 0,01% da UE. Assim, os técnicos encontraram na compensação uma solução para o impasse, já que a pressão da bancada agrícola poderia interferir na reforma da Previdência.

Na terça-feira, após reunião com representantes do governo, o presidente da FPA, Alceu Moreira (MDB-RS), afirmou que uma medida seria publicada até a quinta-feira para aumentar o imposto de importação de 28% para 42%, o que igualaria o porcentual da taxa com o antigo antidumping, cujo período de vigência terminou.

Dificuldades

 

Para o ex-secretário de Comércio Exterior e especialista na área Welber Barral, conseguir incluir o leite nas negociações de retaliação do aço não é tarefa fácil. Ele lembra que o Brasil nunca conseguiu compensações do tipo em outras imposições de salvaguarda. No início dos anos 2000, os norte-americanos impuseram barreiras ao aço, e o Brasil conseguiu abrir o mercado para a carne, mas não aumentar tarifas de importação: "Os produtos alvo da compensação têm de ser negociados, não necessariamente beneficiam o setor que o governo quer. Geralmente as negociações são para acesso ao mercado, não para impor barreiras."

A solução encontrada para atender os produtores de leite em pó pode desencadear novos pedidos para manutenção de taxas antidumping que estão prestes a vencer. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A comissária de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, pediu por um processo político na Venezuela que leve a novas eleições depois que o líder opositor Juan Guaidó se autointitulou presidente encarregado do país em meio a protestos contra o governo de Nicolás Maduro. Em um comunicado emitido nesta quinta-feira, Mogherini disse que a voz dos venezuelanos pedindo por democracia "não pode ser ignorada".

Ela afirmou, ainda, que a UE "apela fortemente para o início de um processo político imediato que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional". De acordo com Mogherini, a UE apoia a Assembleia Nacional venezuelana e pede que seus poderes sejam restaurados e respeitados.

##RECOMENDA##

A comissária do bloco afirmou, ainda, que a segurança e os direitos dos legisladores e de Guaidó devem ser protegidos e afirmou que as 28 nações da UE estão prontas para ajudar a apoiar o retorno da Venezuela à democracia e ao estado de direito. Entre os chefes de estado, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que a eleição de maio de 2018, que consagrou Nicolás Maduro, foi "ilegítima" e saudou a bravura dos venezuelanos que exigem liberdade. Fonte: Associated Press.

A União Europeia defendeu nesta quinta-feira (24) a realização de eleições livres e confiáveis na Venezuela para restabelecer a democracia no país. Em comunicado, o bloco econômico apelou para que a população seja ouvida e reiterou apoio ao Parlamento e à interinidade do presidente que faz oposição a Nicolás Maduro.

“O povo da Venezuela exigiu maciçamente a democracia e a possibilidade de decidir livremente sobre seu próprio destino. Essas vozes não podem ser ignoradas. A UE faz um apelo urgente ao início imediato de um processo político que conduza a eleições livres e confiáveis, de acordo com a ordem constitucional”, diz o texto. “Os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo o seu presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados”, acrescenta o comunicado.

##RECOMENDA##

A União Europeia também se opõe a violência registrada nos protestos em Caracas e demais regiões do país. “A violência e o uso excessivo da força pelas forças de segurança são absolutamente inaceitáveis e não resolverão a crise. O povo da Venezuela tem o direito de se manifestar pacificamente, escolher livremente seus líderes e decidir seu futuro”, afirma.

O bloco econômico, por sua vez, ainda se colocou à disposição para colaborar com o processo de transição do governo na Venezuela. “A União Europeia e os seus Estados-Membros continuam dispostos a apoiar o restabelecimento da democracia e do Estado de direito na Venezuela através de um processo político pacífico e credível, em conformidade com a Constituição venezuelana”, finaliza.

O acordo final do Brexit estabelecido com Bruxelas pela primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, não deve ser levado à votação no parlamento britânico antes do recesso natalino, devendo ocorrer somente em janeiro, segundo a agenda parlamentar apresentada nesta quinta-feira (13) pelo governo.

A líder conservadora na Câmara dos Comuns, Andrea Leadsom, afirmou que os assuntos a serem debatidos pelos deputados na próxima semana não incluem o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

##RECOMENDA##

Em decorrência das festas de Natal e Ano Novo, o parlamento britânico ficará fechado de 21 de dezembro até 6 de janeiro, o que significa que o acordo final só poderá ser analisado a partir de 7 de janeiro.

Leadsom lembrou que o governo se comprometeu a apresentar um texto antes de 21 de janeiro, a fim de cumprir com os prazos para que o país possa sair do bloco econômico até o final de março. Tanto o Partido Conservador como o Trabalhista querem que o acordo seja votado o quanto antes e já informaram que, a menos que a primeira-ministra consiga mudanças significativas, o texto será rejeitado.

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) disse, pelo Twitter, que "está fora de cogitação" o país se sujeitar automaticamente a um interesse externo, de outras nações.

"Sujeitar automaticamente nosso território, leis e soberania a colocações de outras nações está fora de cogitação. É legítimo que países no mundo defendam seus interesses e estaremos dispostos a dialogar sempre, mas defenderemos os interesses do Brasil e dos brasileiros", disse em mensagem na rede social.

##RECOMENDA##

Nessa quinta-feira (29), o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que a possibilidade de seu governo apoiar o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul depende da posição de Bolsonaro sobre o Acordo Climático de Paris. "Não podemos pedir aos agricultores e trabalhadores franceses que mudem seus hábitos de produção para liderar a transição ecológica e assinar acordos comerciais com países que não fazem o mesmo. Queremos acordos equilibrados", disse Macron, que participa da Cúpula do G20, em Buenos Aires.

No último dia 28, o presidente eleito disse que teve participação na decisão do governo brasileiro de retirar a candidatura para sediar a COP-25 (Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), destinada a negociar a implementação do Acordo de Paris, que ocorrerá de 11 a 22 de novembro de 2019. O Itamaraty informou sobre a decisão ao Secretariado da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima da Organização das Nações Unidas.

Bolsonaro disse que queria evitar controvérsia entre o seu governo e setores ambientalistas sobre a criação do corredor ecológico internacional Triplo A e ainda alegou restrições orçamentárias.

"Houve participação minha nessa decisão. Ao nosso futuro ministro [Ernesto Araújo, indicado para o Ministério das Relações Exteriores], eu recomendei para que evitasse a realização desse evento aqui no Brasil. Até porque, eu peço que vocês [jornalistas] nos ajudem, está em jogo o Triplo A. Esse acordo, que é uma grande faixa, que pega a [Cordilheira dos] Andes, Amazônia, Atlântico, de 136 milhões de hectares, ao longo da calha dos rios Solimões e Amazonas, que poderá fazer com que percamos nossa soberania nessa área. Se isso for o contrapeso, nós teremos uma posição que pode contrariar muita gente, mas vai estar de acordo com o pensamento nacional. Então, não quero anunciar uma possível ruptura dentro do Brasil, além dos custos, que seriam, no meu entender, bastante exagerados tendo em vista o déficit que temos no momento", disse o presidente eleito, na ocasião.

Correndo para tentar fechar um acordo antes da posse do presidente eleito Jair Bolsonaro, a União Europeia recebe nesta segunda-feira (12) uma delegação do Mercosul. O encontro está sendo considerado pela UE como "momento decisivo", após 18 anos de negociações entre os dois blocos. Na sede da UE, em Bruxelas, espera-se que os países sul-americanos apresentem uma nova oferta de abertura de seu mercado.

A UE espera um entendimento para ser assinado durante a reunião do G-20 na Argentina, no fim do ano. Mas enfrenta resistências da França, Áustria e outros países protecionistas que não querem que o calendário eleitoral determine o futuro do acordo.

##RECOMENDA##

Uma das dificuldades é abertura da UE para produtos agrícolas, considerada insuficiente por parte do Mercosul, principalmente no que se refere a carnes e etanol. A esperança do Mercosul é que uma nova oferta seja apresentada nesta semana, indicando maior acesso de produtos da região.

Os europeus, por sua vez, querem compromisso do Mercosul para a abertura do setor industrial, principalmente no mercado de veículos. Procurado, o Itamaraty indicou que "não há expectativa de apresentação de qualquer dos lados de ofertas abrangentes", já que isso já teria ocorrido. "Agora estão sendo trabalhadas as pendências em regulamentos e produtos específicos, onde os dois lados buscarão convergência", informou a chancelaria.

Francisco Assis, presidente da sessão do Mercosul no Parlamento Europeu, admitiu a importância do encontro. "Estamos entrando na fase decisiva das negociações." Se houver avanço, ministros de ambos os lados serão chamados para a fase final do entendimento a partir do dia 19.

O governo francês, porém, fez questão de alinhar os países mais protecionistas no setor agrícola para alertar a UE de que não irão ceder só para fechar um acordo antes da posse de Bolsonaro. "Nossa mensagem é clara: sim para um acordo. Mas o calendário não pode prevalecer sobre o conteúdo", disse Jean-Baptiste Lemoyne, secretário de Estado para Comércio da França. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando