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A culinária amazônica destaca-se por sua riqueza de temperos e sabores e é considerada, por muitos, como algo exótico. De pratos doces a salgados, os ingredientes que compõem cada receita marcam o paladar daqueles que experimentam.

Para compartilhar parte dessa cultura por meio da produção de bombons regionais da Amazônia, a engenheira de alimentos, Ph.D. em Food Science & Technology e professora na UNAMA – Universidade da Amazônia Luciana Ferreira publicou, agora em versão física, o primeiro volume da coleção “Doçaria Paraense”. O lançamento ocorreu na última terça-feira (30), na 25ª Feira do Livro e das Multivozes, no Hangar Centro de Convenções e Feiras, em Belém.

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Luciana é professora de chocolateria há sete anos e destaca que o ensino da criação de bombons regionais passa pela confeitaria clássica francesa e atravessa vários conceitos até o regional. Com os estudos iniciados em 2019, com alunos do curso de Gastronomia da UNAMA - Universidade da Amazônia, Luciana viu a oportunidade de criar uma metodologia para o aprendizado da técnica. O livro teve sua primeira versão foi publicada em abril, em formato digital.

“Quando a gente pensa em culinária amazônica e paraense, a gente vê muitas referências locais e até nacionais que valorizam a nossa culinária, mas muito dificilmente destacando as nossas sobremesas”, diz a professora.

“Bombons Regionais da Amazônia” é uma obra que carrega, também, valores sentimentais para Luciana. A engenheira relembra que, ainda no ensino médio, começou a fazer bombons para vender, adequando-os ao seu gosto e, assim, o interesse pela área alimentícia surgiu.

“Todas as minhas decisões em relação à formação acabaram vindo dos bombons, eu acho que é uma história pessoal também. O primeiro volume dessa coleção ser de bombons regionais fala muito da minha trajetória profissional, o que esses bombons me oportunizaram”, fala.

Luciana pondera que, quando se fala de pratos amazônicos, as sobremesas, dificilmente, destacam-se. Com isso, a obra objetiva registrar e divulgar tais produções, criando uma identidade culinária do ponto de vista acadêmico.

O livro é repleto de informações acerca dos bombons regionais, como ingredientes, preparo, acabamento, principais defeitos e como evitá-los. Além disso, elementos essenciais e termos utilizados no processo e consumo dos doces também estão presentes.

Por Amanda Martins, Kaila Fonseca e Lívia Ximenes (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

A Amazônia teve 33.116 focos de incêndio em agosto de 2022, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número é o maior registrado no mês nos últimos 12 anos (45.018) e mais do que o quádruplo do registro para o período em 2011 (8.002), o menor da média histórica, calculada a partir de 1998.

O registro está acima da média histórica para agosto, de 26.299 focos de queimadas. Além disso, é o mais alto registrado em qualquer um dos meses dos últimos cinco anos, desde setembro de 2017, quando foram identificados 36.569 focos.

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Ainda segundo dados do Inpe, o número de focos em agosto é mais do que o triplo do registrado em 2018, que teve 10.421. Em toda a gestão Jair Bolsonaro, a média desse mês esteve acima de 28 mil registros. O volume mais alto em um mês de agosto foi em 2005, com 63.764 focos de queimadas.

A devastação do bioma acumula outros recordes neste ano, como o de desmatamento. Entre agosto do ano passado e julho deste ano, 8.590 km² da Amazônia foram derrubados, segundo o Deter, sistema também do Inpe.

Além disso, um relatório do MapBiomas apontou que o desmatamento no Brasil cresceu 20,1% em 2021, atingindo 16,5 mil km² em todos os biomas. Em três anos, o País perdeu uma área verde próxima à do Estado do Rio de Janeiro. Na Amazônia, a estimativa é de que sejam derrubadas 18 árvores por segundo. E apenas 27% das áreas desmatadas são alvo de alguma fiscalização.

 Gaby Amarantos se apresentará neste sábado, dia 3 de setembro, em São Paulo, em show gratuito em defesa da Amazônia. A apresentação de Gaby encerra um dia de muita música paraense e indígena, com oito mil jovens, no Tendal da Lapa, onde os participantes poderão experimentar vários pratos típicos da região. O evento gratuito marca o início de um ciclo nacional de celebrações e manifestações contra o desmatamento e queimadas.  

O "Baile na Terra – Todos pela Amazônia", começará às 14hs e irá até o fim da noite, com muita música indígena, incluindo o espetáculo inédito “Ventanias”, com Anelis Assumpção, Djuena Tikuna e As Suraras do Tapajós. A maratona de música e cultura amazônica leva para o palco a hashtag #PURAKÊTOUR. Na sequência, apresentarão nomes fortes da nova música paranaense, como Saulo Duarte e Zek Picoteiro, além do DJ Eric Terena.  

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“A floresta também habita São Paulo, nos rios voadores, nas pessoas e nas culturas em trânsito. A arte e a música têm o poder de nos conectar de qualquer lugar do planeta por uma Amazônia potente, graciosa, alegre e de pé. O percurso musical que construímos traz música indígena, carimbó e tecnobrega, para todos se divertrem”, contou Lohana Schalken, diretora artística do Baile.  

Um grupo de ciclistas irá pedalar até o festival. O Baile do Pedal tem parceria com o Coletivo Bike System e sairá da Praça Roosevelt às 11hs pontualmente. Localizado na Tenda da Lapa: R. Guaicurus, 1100 - Água Branca, São Paulo – SP. 

Confira destalhes da programação do evento:  

11h – Bloco do Água Preta (trajeto) 

14h – Ventanias com Djuena Tikuna, Anelis Assumpção e Suraras do Tapajós  

15h – DJ Eric Terena  

15h30 – Silvan Galvão e banda  

17h – Saulo Duarte 18h00 – Zek Picoteiro  

19h – Gaby Amarantos 

 

 

O candidato do PT à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira (30) que é preciso conciliar o desenvolvimento econômico da região amazônica com a preservação ambiental. “É plenamente possível você trabalhar corretamente a questão climática, a questão ambiental e você dar a segurança necessária para que você possa fazer uma ou duas estradas que possam interligar o estado do Amazonas com o restante do país”, disse em entrevista à Rádio Mais Brasil FM, de Manaus (AM), retransmitida pelas redes sociais do candidato.

As obras de infraestrutura devem, segundo Lula, ser objeto de um “estudo profundo” para determinar as exigências que façam com que o impacto no meio ambiente seja o menor possível. Lula voltou a defender que, a partir de pesquisas científicas, sejam identificadas substâncias da floresta que possam ter utilidade industrial e comercial.

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“Ao mesmo tempo nós temos que saber que é plenamente possível não fazer mais desmatamento, a gente não fazer mais queimada e tentar explorar cientificamente a biodiversidade existente em toda a Amazônia. Para que a gente possa tirar dessa riqueza o fortalecimento da indústria na área de fármacos, na área de cosméticos”, acrescentou.

Esses investimentos podem ser feitos, na opinião do candidato, a partir de cooperação com instituições e empresas de outros países. “Nós temos que fazer com que pesquisadores do mundo inteiro, administrados pela soberania brasileira, possa pesquisar para que a gente saiba o que podemos tirar da Amazônia de proveito para o próprio povo da Amazônia e do Brasil inteiro”, disse.

O desenvolvimento baseado em tecnologia é o caminho, segundo Lula, para promover a expansão econômica sustentável na região. “Um processo de inovação para que a gente possa garantir que para o estado do Amazonas a gente não vai levar nenhuma empresa poluidora”, enfatizou.

Lula disse ainda que quer fazer investimentos na Polícia Federal e outros órgãos que fiscalizam a Amazônia, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação Nacional do Índio (Funai). “A Funai vai voltar a funcionar com toda a força. O Ibama vai voltar a funcionar com toda a força”, ressaltou.

Na tarde deste sábado, 27, o Papa Francisco presidiu o oitavo Consistório de seu pontificado, criando 20 novos cardeais, dos quais 16 têm menos de 80 anos e serão, portanto, eleitores em um futuro Conclave. Há quatro não eleitores, por terem ultrapassado o limite de idade. Entre os novos cardeais estão dois brasileiros, o arcebispo de Brasília, dom Paulo Cezar Costa e o arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner.

Um a um, os novos cardeais se aproximaram da cadeira do papa para receber os símbolos do cardinalato de joelhos: solidéu vermelho, barrete, anel, a bula com a atribuição do título/diaconia. Pela primeira vez, quatro países estarão representados no Colégio Cardinalício: Mongólia, Paraguai, Cingapura e Timor Leste.

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Na homilia, o Papa falou do espírito que deve animar a missão dos cardeais: abertura a todos os povos da terra e atenção aos pequenos, aqueles que são grandes diante de Deus. "Um cardeal ama a Igreja, sempre com o mesmo fogo espiritual, tanto nas grandes questões como nas pequenas; tanto no encontro com os grandes deste mundo, como com os pequenos, que são grandes diante de Deus."

Também foi votada a causa de canonização de dois beatos: João Batista Scalabrini, bispo de Piacenza, fundador da Congregação dos Missionários de São Carlos e da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo, mais conhecidos como Scalabrinianos; e Artêmides Zatti, leigo professo dos Salesianos.

Na segunda e na terça-feira, 29 e 30, o papa convocou uma reflexão de cardeais de todo o mundo sobre a nova "Constituição Apostólica Praedicate Evangelium", promulgada em 19 de março passado e que contém e sistematiza muitas reformas já implementadas nos últimos anos na Cúria Romana. A Sala de Imprensa da Santa Sé anunciou pela manhã os detalhes sobre as participações e a organização dos trabalhos. Em um comunicado, lê-se que dos 197 atualmente considerados presentes, além dos cardeais, estarão os patriarcas orientais e os superiores da Secretaria de Estado.

Muitos consideram que o evento pode ser um "pré-conclave", já considerando a possibilidade de uma renúncia de Francisco. Neste sábado, os purpurados presentes no Vaticano foram unânimes em desconsiderar esta visão. "Eu não acredito nesses boatos, ainda mais agora que o vi pessoalmente. Teremos o papa Francisco por muito tempo ainda", afirmou o arcebispo emérito de Cartagena das Índias (Colombia), Jorge Enrique Jiménez Carvajal. "O santo padre está lúcido, de boa saúde. Me disse apenas sentir uma certa dor no joelho, mas o vi com total capacidade de exercer suas funções."

Há mais de 20 anos presente na Amazônia e com o compromisso de mobilizar esforços coletivos para zerar o desmatamento na região até 2025, a Natura manifesta apoio ao projeto de lei (PL) de iniciativa popular Amazônia de Pé. Liderada pela ONG Nossas, em parceria com lideranças locais, cientistas e especialistas em Amazônia de todo o Brasil, o texto prevê destinar 57 milhões de hectares de florestas públicas na região para a sobrevivência do bioma e a segurança de povos originários, ribeirinhos, quilombolas, pequenos produtores extrativistas e da reforma agrária.

A meta é reunir 1,5 milhão de assinaturas físicas de brasileiros de pelo menos cinco estados diferentes para apresentar o projeto ao Congresso Nacional em 2023. Para somar esforços, a Natura está mobilizando a sua rede de parceiros, consumidores, colaboradores e Consultoras de Beleza a agir positivamente pela Amazônia e engajá-los na coleta de assinaturas em diversos pontos de contato da marca com o público, incluindo lojas físicas e eventos internos. Até agora, mais de 150 organizações da sociedade civil co-assinam o PL.

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A adesão da Natura à proposição reforça o compromisso firmado pela empresa com a Amazônia desde o início dos anos 2000, com o lançamento da linha Ekos. Por meio de seu modelo de negócio, em parceria com as comunidades, a Natura contribui para conservar 2 milhões de hectares de floresta e busca ampliar esta área para 3 milhões de hectares até 2030, meta estabelecida na Visão 2030 de Natura &Co (Natura, Avon, The Body Shop e Aesop).

Batizado de Compromisso com a Vida, o plano abrangente do grupo traça metas ambiciosas para enfrentar alguns dos problemas globais mais urgentes, como a crise climática e a proteção da Amazônia. Atualmente, fazem parte da cadeia de valor da Natura mais de 8 mil famílias agroextrativistas de 40 comunidades amazônicas, comprovando ser possível aliar desenvolvimento econômico, progresso social e conservação.

A companhia já movimentou, até hoje, mais de 2,55 bilhões de reais em volume de negócios na região em um modelo pioneiro baseado na sociobiodiversidade, no respeito aos ciclos da natureza e às populações nativas, unindo ciência e inovação ao conhecimento tradicional. Ainda segundo o Integrated Profit & Loss (IP&L), recém-lançada metodologia de valoração dos impactos sociais, humanos e ambientais do negócio da Natura, para cada R$1 aportado na Amazônia, a empresa gera o equivalente R$8,6 em valor social. Mais detalhes sobre a conservação da Amazônia estão disponíveis no site PlenaMata.

*Da assessoria de imprensa

Natura e Rock in Rio Brasil novamente unem forças por um mundo melhor e mais bonito. A parceria, iniciada na última edição, foi renovada com o propósito de mobilizar mais pessoas em torno de temas essenciais para um futuro mais sustentável.

"Acreditamos que a arte, a cultura e o entretenimento acessam um campo dos sentidos e das emoções que tem um grande potencial de mobilização para as transformações que queremos ver na sociedade", explica Maria Paula Fonseca, diretora global da marca Natura.

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O Rock in Rio Brasil 2022 acontece nos dias 2, 3, 4, 8, 9, 10 e 11 de setembro de 2022, na Cidade do Rock (Parque Olímpico, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro), e deve receber cerca de 700 mil pessoas durante os sete dias do evento. No seu retorno à Cidade do Rock, a marca faz um convite para que mais pessoas se encantem e se engajem pela Amazônia Viva.

"A Natura entende que a Amazônia em pé é uma chave, urgente e importante, para a construção de um mundo mais bonito. Por isso, em todas as experiências da marca ligadas ao festival, o público será convidado a se encantar com o vasto universo multicultural da Amazônia. É um convite para a transformação individual e coletiva que queremos ver no mundo. E, a partir dessa vivência, queremos mobilizar o público a agir pela floresta em pé, fazendo escolhas que impactam positivamente no futuro do planeta", afirma Maria Paula Fonseca.

Um dos destaques é a NAVE, a atração co-criada entre o Rock in Rio e a Natura. Após a colaboração inédita em 2019, que teve como tema a conexão entre o presente e o futuro, a NAVE volta à Cidade do Rock para mostrar uma Amazônia que fala em primeira pessoa, que é plural, feminina, contemporânea, ancestral e periférica, e que transborda arte e cultura. As ações programadas pela marca começam com a campanha Transborde Amazônia, que vai levar para a TV, OOH e digital uma Amazônia ainda desconhecida pela maioria do público.

A região também será pauta em diversos programas de TV na Globo e no Multishow, que fazem a transmissão oficial do Rock in Rio; como parte da campanha, no shopping RioSul, a Natura fará uma ação que premia consumidores com ingressos para o festival; na Cidade do Rock, o Portal Natura, assinado pelo arquiteto Marko Brajovic, será uma experiência sinestésica sobre a Amazônia em diversas dimensões; na loja Pop Up Natura, o público pode experimentar e comprar produtos icônicos da marca, como as linhas Ekos e Faces.

Além disso, a Natura também promoverá experimentação de produtos Faces e Ekos com distribuição de brindes customizados durante o festival. Nossa campanha e as experiências no festival são um reflexo da profunda relação da Natura com a Amazônia. Há mais de 20 anos presentes na região, nos encantamos com a riqueza, com as pessoas e com a abundância da floresta. Desde então, desenvolvemos um modelo de negócios único baseado na sociobiodiversidade, que une ciência, tecnologia e inovação ao conhecimento tradicional, gerando desenvolvimento socioeconômico e valorização cultural do território", conta Denise Coutinho, diretora de Marketing Brasil.

"Queremos promover esse mesmo encantamento nos nossos espaços, conteúdos e com os nossos produtos da linha Ekos, que além de terem um sensorial incrível, envolvem mais de 8 mil famílias no processo produtivo e contribuem para a conservação de mais de 2 milhões de hectares de floresta", completa. 

NAVE transborda cultura e arte amazônica na Cidade do Rock

Mais de 50 artistas e ativistas levam a Amazônia ao Rock in Rio Brasil. Eles fazem parte da Nave, instalação audiovisual de 360 graus que convida a uma imersão no vasto universo multicultural da maior floresta tropical do mundo.

Sob a liderança do Coletivo Criativo NAVE, que tem direção da artista visual paraense Roberta Carvalho, cenografia da artista carioca Daniela Thomas, argumento da contadora de histórias acreana Karla Martins e direção musical da cantora e multiartista paraense Aíla, a atração apresenta aos fãs do festival, a partir de experiências artísticas envolventes, uma Amazônia pouco conhecida do grande público — contemporânea, diversa, multicolorida e pop.

A atração vai ocupar a Arena 3 em uma experiência imersiva que conjuga diversos elementos: projeções, texturas, efeitos sonoros, música e performance, com elementos centrais da cultura do norte, como redários, a aparelhagem de brega e o toró – as tempestades típicas da floresta tropical, além da maior aparelhagem construída pelo artesão projetista João do Som. Outros detalhes sobre as ações estão disponíveis no site e redes sociais da Natura.

Da assessoria

A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, é uma das maiores riquezas naturais do planeta, pois encerra em si grande biodiversidade e tem importante papel até mesmo no clima, além de ser a casa de diversos grupos tradicionais indígenas. Fonte imensa de diversos tipos de recursos, a área é também alvo de interesses diversos, entre grupos econômicos e criminosos. O recente desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira reacendeu o alerta sobre a preservação e o cuidado de que a região necessita e que vem sendo deixado a segundo plano.

Com quase 7 milhões de quilômetros quadrados de área, a floresta amazônica se estende por nove países, sendo sua maior parte no Brasil. Um espaço tão grande vem sendo cada vez mais visado por grupos diversos, como o agronegócio e mesmo o narcotráfico. Outras forças também atuam na região e geram tensão e conflitos, os quais colocam em risco não só a biodiversidade local, mas também os povos originários indígenas, que veem suas terras cada vez mais ameaçadas.

O trabalho de Dom Phillips e Bruno Pereira era de investigar essas ameaças. Informações dão conta de que estavam tentando desvendar esquema de comércio ilegal de peixes, além de contrabando de drogas. Sumiram, e, até o momento em que escrevo este artigo, ainda não foram localizados. O caso, que já ganhou repercussão internacional, expõe uma dura realidade: a falta de proteção governamental sobre a Amazônia brasileira. Funai e órgãos ambientais vêm sendo sistematicamente enfraquecidos em nome de um “progresso” insustentável, cuja conta chegará no futuro. Com isso, o crime se estabelece com mais força na área, levando medo e destruição. Já passou da hora de uma ação mais enérgica e contundente. Defender nossas fronteiras e regular a exploração dos recursos naturais é obrigação com a vida do brasileiro. O que será de nós sem a floresta? O que será dos povos indígenas?

É claro que o desenvolvimento e o progresso são bem-vindos e necessários, pois não podemos permanecer estagnados. Eles não podem, no entanto, se estabelecer às custas da devastação e da morte. É possível incentivar setores produtivos, sem que se abram as portas para o desmatamento ou que se tomem as terras indígenas, por exemplo. É uma equação a ser cuidadosamente definida, com vistas a permitir um futuro sustentável e digno para todo o país. Esperemos que o trabalho de Dom e Bruno não seja em vão.

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A UNAMA - Universidade da Amazônia, por meio dos cursos de Nutrição e Gastronomia, vai promover o I Simpósio de Frutos da Amazônia, na próxima quinta-feira (11), das 8 horas até às 18 horas. O evento será realizado no auditório David Mufarrej, no campus da Alcindo Cacela, em Belém.

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O simpósio foi idealizado com base na necessidade de propagar a riqueza amazônica de forma fidedigna e com qualidade, indo além do universo acadêmico, afirma a professora Keilla Cardoso. Além de atuar como universidade e pensando na realidade da nossa região, a intenção é proporcionar uma maior gama de informações possível a toda a comunidade.

Caracterizada como atividade de extensão, Keilla explica que o simpósio vai complementar o conhecimento adquirido pelos estudantes de Nutrição, Gastronomia e de áreas que têm o alimento como matéria-prima de estudo. “A nossa região é muito rica e tem muito a nos oferecer. O nosso principal objetivo é tornar esse conhecimento acessível a todos”, acrescenta.

Segundo a professora, haverá uma diversidade de profissionais presentes no evento, como nutricionistas, engenheiros de alimentos, gastrólogos e tecnólogos de alimentos. Eles vão realizar uma abordagem técnico-científica e falar sobre as características físico-químicas de cada fruto apresentado, de que forma eles podem ser inseridos na culinária e na alimentação, bem como o teor nutricional deles.

Sobre a valorização da produção regional, Keilla acredita que o simpósio é um exemplo do que pode ser feito – discutir e propagar informações verídicas, baseadas em dados de artigos científicos. “Dar valor àquilo que faz parte da nossa realidade local ajuda a minimizar os gastos com a alimentação, por exemplo. Nós sabemos que os alimentos regionais, como são mais acessíveis, são mais baratos”, observa.

"Em toda cultura ou sociedade vamos encontrar mitos, tabus e tradições locais; com os frutos amazônicos, não é diferente", diz a professora. Existem mitos envolvendo frutas que apresentam maior teor de gordura, como a pupunha e o açaí, e de que a ingestão delas prejudica a saúde. Keilla afirma que, como instituição de ensino superior, a universidade procura desmistificar narrativas e gerar informações embasadas cientificamente.

Keilla reitera que o evento mostrará que muitos desses frutos contêm teores elevados de gordura, mas que essa gordura traz benefícios à saúde. “A gente sabe que todo excesso não é adequado. Eu acredito que a melhor forma de nós desmistificarmos essas questões é proporcionando o conhecimento, como nós estamos fazendo na realização desse simpósio”, esclarece.

A professora informa que toda a comunidade da UNAMA pode participar, assim como a comunidade externa – alunos, profissionais de áreas afins e todos que tiverem interesse no simpósio. “Vai ser um evento extremamente interessante e importante para todos nós que nos encontramos nessa região tão linda e rica que é a nossa Amazônia. Vamos nos apropriar daquilo que é nosso”, finaliza.

Para inscrever-se: https://extensao.unama.br/DetalhesEvento.aspx?EventoId=46436

Por Isabella Cordeiro (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

A proteção dos lagos da Floresta Amazônica é mais importante do que se imaginava na luta contra as mudanças climáticas. Apesar de relativamente pequenos, esses corpos d’água estocam um volume desproporcionalmente alto de carbono. Assim, impedem que grande quantidade de gás do efeito estufa vá para a atmosfera, o que agravaria o problema. O estudo, assinado por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal Fluminense (UFF), foi publicado na Nature Comunications em julho.

As plantas absorvem dióxido de carbono (CO2) e liberam oxigênio (O2). Quando morrem, o CO2 absorvido é degradado e retorna como gás à atmosfera. Impedir esse retorno é uma das estratégias para combater as mudanças climáticas, já que o CO2 é um dos principais gases que se acumulam na camada de ar. Esses gases impedem a liberação do calor da Terra e, dessa forma, criam o efeito estufa, fenômeno que provoca o aumento da temperatura média do planeta.

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Os cientistas já sabiam que os lagos são importantes sumidouros de CO2, porque recebem grandes quantidades de material orgânico da vegetação em seu entorno. No novo estudo, os brasileiros conseguiram demonstrar que os lagos amazônicos, dada a riqueza da floresta ao seu redor, concentram um volume ainda maior em relação àqueles localizados em outros biomas. Pesquisas anteriores tinham subestimado a quantidade de CO2 estocada nos lagos amazônicos.

Para tentar determinar a importância da preservação desses lagos na prevenção ao aquecimento global, a equipe do professor Humberto Marotta, da UFF, fez diversas expedições às planícies de inundação de rios da Amazônia, abrangendo uma grande variedade de regiões da floresta. Os cientistas coletaram amostras de sedimento do fundo de 13 lagos. Também compararam os resultados com uma revisão global de dados de vários outros estudos semelhantes feitos em diferentes biomas.

As análises revelaram que os lagos da Amazônia apresentam algumas das taxas de acumulação de CO2 mais elevadas do planeta. Elas são de 113,5 gramas por metro quadrado ao ano, volume até dez vezes maior do que os de lagos localizados em outros biomas.

Desmatamento

O estudo demonstrou também que a taxa de acumulação do CO2 é 2,3 vezes maior nas áreas de mata preservada em relação a regiões desmatadas. Ou seja, embora os lagos sejam essenciais para a absorção de CO2, não basta preservar o ecossistema isoladamente. É preciso proteger também a floresta em seu entorno, fornecedora da matéria orgânica.

"O trabalho mostra que, se destruirmos as florestas do entorno, reduzimos a capacidade desses lagos de guardarem matéria orgânica, de serem os guardiões contra o aquecimento global", afirmou o pesquisador Humberto Marotta, da UFF, principal autor do estudo.

O grupo de Marotta tenta agora determinar o número de lagos na região amazônica e sua extensão. O objetivo é medir, de forma mais acurada, o impacto desses ecossistemas no combate às mudanças climáticas. Segundo o professor, as estimativas estão muito subestimadas. Muitos são encobertos pela vegetação, o que impede sua detecção.

Outra questão é determinar qual a capacidade dos rios de acumular sedimentos orgânicos e, consequentemente, CO2. Os especialistas sabem que o acúmulo costuma ser maior em águas mais tranquilas, como a dos lagos. Não há estimativas para os rios amazônicos. "Como os rios têm correnteza, eles não são propícios à acumulação de carbono", afirma Marotta. "Mas como a Amazônia tem muitos rios, seria interessante saber se existem estoques significativos."

A pesquisa é fruto da tese de doutorado de Leonardo Amora-Nogueira e foi apoiada pela Federação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Também contou com parcerias internacionais com a Universidade de Souther Cross, na Austrália; Instituto Birmingham de Pesquisas da Floresta, no Reino Unido; e Universidade de Lisboa, em Portugal.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) respondeu o ator norte-americano Leonardo DiCaprio, após o astro usar as redes sociais nessa terça-feira (26) para denunciar o desmatamento ilegal na Amazônia brasileira, usando dados do próprio governo brasileiro. “Qual a extensão do desmatamento na Amazônia, um dos lugares mais importantes do planeta para pessoas e vida selvagem?”, questionou o ator em uma postagem no Twitter, feita em português e em inglês. 

A publicação do ativista estadunidense compartilhou um levantamento do Projeto Mapbiomas, rede colaborativa que pesquisa e divulga dados sobre o uso da terra e as mudanças climáticas, e que mapeou a mineração e o desmatamento na Amazônia nos últimos três anos. 

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Em resposta, Bolsonaro escreveu, em inglês: “Você de novo, Léo? Assim, você se tornará meu melhor cabo eleitoral, como dizemos no Brasil! Eu poderia dizer a você, novamente, para desistir de seu iate antes de dar uma palestra ao mundo, mas eu conheço os progressistas: você quer mudar o mundo inteiro, mas nunca a si mesmo, então vou deixar você se safar”. Confira os tuítes originais a seguir (a tradução pode ser encontrada abaixo). 

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O mandatário brasileiro também acusou o ator de estar ignorando incêndios na Europa e nos Estados Unidos. “Alguém pode se perguntar se você é obcecado pelo meu país (ou seus recursos) ou se acredita que o Brasil é o único na Terra”, escreveu Bolsonaro. 

O presidente ainda disse que o Brasil continuará sendo “a nação que mais preserva” e atacou o trabalho do artista: “Você pode continuar brincando com seus brinquedos de estrelas de Hollywood enquanto fazemos nosso trabalho”. 

“Se estiver ao seu alcance, adoraríamos vê-lo parar de espalhar informações erradas. No passado recente, você usou uma imagem de 2003 para falar sobre os incêndios florestais na Amazônia supostamente acontecendo em 2019 e foi exposto, mas eu o perdoei. Então, por favor, vá e não peque mais”, ironizou, citando uma passagem bíblica. 

Confira a tradução dos tuítes de Bolsonaro: 

“Você de novo, Leo? Assim, você se tornará meu melhor cabo eleitoral, como dizemos no Brasil! Eu poderia dizer a você, novamente, para sair do seu iate antes de dar uma palestra ao mundo, mas eu conheço os progressistas: vocês querem mudar o mundo inteiro, mas nunca a si mesmos, então vou deixar você se safar. 

Cá entre nós, é estranho ver um cara que finge amar o planeta dando mais atenção ao Brasil do que aos incêndios que prejudicam a Europa e seu próprio país. Alguém pode se perguntar se você é obcecado pelo meu país (ou seus recursos) ou se acredita que o Brasil é o único na Terra. 

Mas não se preocupe, Leo, ao contrário dos lugares que você finge não ver fazendo brilhantemente o papel de um cego, o Brasil é e continuará sendo a nação que mais preserva. Você pode continuar brincando com seus brinquedos de estrelas de Hollywood enquanto fazemos nosso trabalho. 

Na verdade, no meu governo a média de desmatamento é bem menor do que era no passado, quando estava no poder o bandido [Lula] que virou candidato e que seu camarada brasileiro apoia. 

É claro que todos os que atacam o Brasil e sua soberania em prol da sinalização da virtude não têm a menor ideia do assunto. Eles não sabem, por exemplo, que preservamos mais de 80% de nossa vegetação nativa ou que temos a energia mais limpa entre as nações do G20. 

Também está claro que você não sabe que meu governo anunciou um novo compromisso para erradicar o desmatamento ilegal até 2028, e não até 2030 como a maioria dos países. Ou talvez você saiba disso, mas por algum motivo finja ser ignorante. Espero que você não esteja recebendo muito por este papel. 

Se estiver ao seu alcance, adoraríamos vê-lo parar de espalhar informações erradas. Recentemente, você usou uma imagem de 2003 para falar sobre os incêndios florestais na Amazônia supostamente acontecendo em 2019 e foi exposto, mas eu o perdoei. Então, por favor, vá e não peque mais. 

A propósito, o que você acha sobre o sucesso do mercado de carvão na Europa? E a Greta Timberlake, você sabe o que ela tem feito ultimamente e o que ela tem a dizer sobre isso? Se eu estivesse fazendo um churrasco na minha casa, tenho certeza de que ela estaria gritando ‘Como você se atreve?’”. 

 

Beatriz Matos, viúva do indigenista Bruno Pereira, assassinado no Vale do Javari (AM) ao lado do jornalista britânico Dom Phillips, em 5 de junho, cobrou uma retração do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Funai, Marcelo Xavier, por declarações que desabonam a atuação profissional e a memória de Bruno. Ela participou nesta quinta-feira (14) de audiência pública da Comissão Temporária sobre a Criminalidade na Região Norte.

“Gostaria que o presidente do Brasil, o vice-presidente do Brasil e o presidente da Funai se retratassem em razão das declarações ridículas que fizeram. O presidente da Funai falou em ilegalidade da presença deles ali. O presidente da República falou coisas que eu me recuso a repetir aqui. Isso não é uma questão menor. É uma questão muito séria”, disse Beatriz.

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Ela disse que não recebeu qualquer palavra de condolência do governo brasileiro e criticou a falta de apoio da presidência da Funai. Por outro lado, ela agradeceu as homenagens dos povos indígenas e o apoio de deputados e senadores.

Além de Beatriz, a comissão também ouviu o líder indígena e ex-coordenador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) Jader Marubo. Ambos relatam um processo de desmonte  das estruturas de fiscalização na Amazônia. Indígenas e servidores da Funai vivem um ambiente de medo e ameaças por denunciarem a atuação ilegal de garimpeiros, pescadores, caçadores e do narcotráfico na região, relataram os participanes. Para Beatriz, que é antropóloga e também atua no Vale do Javari, o governo tem demorado a agir para enfrentar o problema.

“Que as mortes do Dom e do Bruno sirvam pelo menos para que se construa outra alternativa naquela região. Que seja possível transitar sem sofrer violência”, alertou.

O líder indígena afirmou que Bruno e Dom morreram por lutar pelos direitos dos indígenas e denunciar invasões e atividades ilegais na região. Jader aponta que o presidente Jair Bolsonaro é o responsável pelo desmantelamento da Funai e de órgãos de fiscalização e teria, portanto, parcela de responsabilidade pelas mortes.

“Em campanha mesmo o presidente Bolsonaro falou que iria ceifar a Funai. Hoje, entendemos o que é ceifar a Funai. Eles desestruturou a instituição. Se houvesse uma Funai forte, uma Funai atuante, uma Funai que fizesse o trabalho ao qual ela foi criada para fazer, hoje o Bruno estaria vivo”, disse Jader Marubo.

Jader alertou que as atividades irregulares ameaçam também a floresta e os povos indígenas isolados. O líder indígena respondeu a uma série de perguntas dos senadores como Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Nelsinho Trad (PSD-MS), Humberto Costa (PT-PE) e Leila Barros (PDT-DF), mas os parlamentares optaram por apresentar questionamentos mais específicos de forma reservada diante do risco à integridade física de Marubo.

“Tudo indica que pode acontecer isso [mortes] de novo, se nada for feito”, alertou Marubo.

Da Agência Senado

A Justiça Federal no Amazonas converteu em preventiva - sem data para acabar - as prisões de Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado; Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos; e Jeferson da Silva Lima, conhecido Pelado da Dinha - os três principais investigados pelos assassinatos a tiros do indigenista Bruno Pereira e Dom Philips, na região do Vale do Javari, na Amazônia, no início de junho.

A informação foi prestada pela Polícia Federal, que também indicou que Rubens Villar Coelho, o ‘Colômbia’, também teve prisão preventiva decretada, após ser detido em flagrante por uso de documento falso nesta quinta-feira, 7. Ele é apontado e investigado como um dos financiadores da pesca ilegal em terras indígenas e tem ligação com Amarildo, o Pelado, que confessou o crime e indicou o local onde os corpos foram enterrados.

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Segundo a corporação, os presos devem ser transferidos para Manaus, onde ‘permanecerão à disposição das autoridades policiais e da Justiça Federal’. A PF ainda investiga a suposta participação de mais cinco pessoas na ocultação dos corpos. Elas foram indiciadas, segundo informou a corporação em coletiva nesta sexta-feira, 8.

A conversão das prisões temporárias dos três principais investigados da chamada Operação Javari foi solicitada pela Polícia na quarta-feira, 6. O pedido foi analisado pela Justiça Federal, uma vez que a juíza Jacinta Silva dos Santos, da Comarca de Atalaia do Norte, no interior do Amazonas, declinou da competência do caso. A decisão atendeu um pedido do Ministério Público do Estado.

Ao analisar o relatório das investigações realizadas pelas Polícias Civil e Federal, a magistrada considerou que a motivação dos assassinatos de Bruno e Bom está diretamente ligada com os direitos indígenas, ‘cuja análise da matéria jurídica é de competência da Justiça Federal’, informou o Tribunal de Justiça do Amazonas.

Segundo a promotoria, a possível motivação do crime está ligada à defesa dos direitos indígenas decorrente da atuação do indigenista Bruno Araújo no combate a pesca ilegal dentro da reserva indígena do Vale do Javari.

A Amazônia viu 3.988 quilômetros quadrados de sua floresta tombar nos seis primeiros meses de 2022. O desmatamento deste primeiro semestre é o maior já registrado para esse período desde 2016, início da série histórica realizada pelos sistemas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Para se ter uma ideia, o que ocorreu no primeiro semestre de 2022 é praticamente o triplo do volume registrado no mesmo intervalo de 2017, quando o desmatamento chegou a 1.332 km² na região. É o quarto ano consecutivo com recordes de desmatamento no período e supera em 10,6% a área devastada nos primeiros seis meses de 2021. O governo Jair Bolsonaro tem sido alvo de cobranças no Brasil e no exterior por causa do aumento do desmate.

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"Mês após mês, ano após ano estamos assistindo à consolidação da destruição da Amazônia em um novo patamar. Não estamos falando do desmatamento feito por pequenos produtores ou comunidades locais, mas do avanço de grileiros, garimpeiros, madeireiros e outras organizações criminosas sobre áreas públicas, terras indígenas e unidades de conservação, ou seja, sobre nosso patrimônio", diz Raul do Valle, especialista em políticas públicas do WWF-Brasil.

A velocidade e a intensidade do desmatamento, comenta Valle, não seriam possíveis sem um grande aporte financeiro para pagar por máquinas. Nesta semana, a Polícia Federal fez operações em sete Estados contra uma quadrilha que criou até criptomoeda para lavar ouro de garimpo ilegal e devastou área igual a 212 campos de futebol na floresta. A Justiça mandou investigar cerca de R$ 2 bilhões em bens dos investigados pelos crimes.

Valle também atribui a alta do desmate ao "clima de impunidade" criado no governo Jair Bolsonaro, com o enfraquecimento da fiscalização ambiental, e à expectativa de que o Congresso aprove leis que favoreçam a grilagem e o garimpo. Conforme estudo feito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado em 2021, o número de multas pagas por crimes ambientais na Amazônia caiu 98% nos dois primeiros anos do governo (2019 e 2020).

O mês de junho também teve a pior marca da série histórica. Foram devastados 1.120 km² no mês na Amazônia, 5% a mais que em junho de 2021. Os Estados mais desmatados em junho de 2022 foram o Amazonas (401 km²) e o Pará (381 km²).

Desmatamento no Cerrado

No Cerrado, foram desmatados 1.026 km² só no mês de junho, mais que o dobro do registrado em 2021 (485 km²) e 2020 (427 km²), um aumento de 111,5% em comparação a junho do ano passado.

No acumulado do ano, entre o início de janeiro e o fim de junho, foram devastados 3.638 km² no Cerrado, um aumento de 44,5% em comparação aos seis primeiros meses de 2021, quando foram destruídos 2.518 km².

"Esse resultado reforça a tendência de crescimento do desmatamento na Amazônia, percebida desde 2019. O enfraquecimento institucional dos órgãos de fiscalização, a ausência de ações planejadas e integradas de combate aos crimes ambientais e o discurso de autoridades públicas opondo a proteção da floresta ao desenvolvimento da região são as causas dessa tragédia anunciada", diz Beto Mesquita, membro da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura e diretor de Relações Institucionais do BVRio. "Como boa parte desse desmatamento ocorre em terras públicas, temos a combinação de dois crimes contra o patrimônio público: o patrimônio fundiário, pela grilagem de terras, e o patrimônio natural, pelo desmatamento e queimadas."

O Greenpeace chama a atenção para o fato de que o primeiro semestre deste ano teve quatro meses com recordes de alertas de desmatamento. Isso significa muita matéria orgânica morta. Com o verão amazônico começando, período mais quente, esse material serve como combustível para as queimadas e incêndios florestais criminosos que assolam a região. "É mais um triste recorde para a floresta e seus povos", diz Rômulo Batista, porta-voz da Campanha Amazônia do Greenpeace Brasil.

Procurada pela reportagem, a Vice-Presidência da República informou, em nota, que "efetivamente se observa um crescimento da taxa de desmatamento no período". "Entretanto, não há impunidade ou omissão aos crimes ambientais apurados. Ao contrário, a legislação é aplicada com o devido rigor que a lei proporciona. E no tocante a fiscalização das ações, esta tem acontecido com a participação dos órgãos ambientais responsáveis e envolvidos na questão".

Já a pasta do Meio Ambiente reforçou, em nota conjunta com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, que os números consolidados de desmatamento são divulgados anualmente, sempre no segundo semestre, por meio do Prodes.

"Neste sentido, temos os dados de queda de 3,8% nos alertas de desmatamento registrados pelo DETER-B nos últimos 12 meses. Estes dados tratam-se de alertas para fins de combate a crimes ambientais", disse a pasta, sem responder de forma direta ao questionamento do Estadão sobre a queda na fiscalização apontada por especialistas.

A nota reforçou ainda que o governo "tem sido extremamente contundente" no combate aos crimes ambientais com a Operação Guardiões do Bioma, que visa a coibir crimes ambientais nos Estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre e Rondônia. A ação é coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e tem a participação do Ministério do Meio Ambiente e de órgãos como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ibama e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). (COlaborou Ítalo Lo Re)

O homem apontado como possível mandante do assassinato de Bruno Pereira e de Dom Phillips na Amazônia foi detido na noite dessa quinta-feira (7), segundo informações da superintendência da Polícia Federal (PF) em Manaus, confirmadas também por oficial da Polícia Militar no oeste do Amazonas, onde os corpos foram encontrados. O nome dele é Rubens Villar, conhecido como "Colômbia", e seria natural do Peru. Detalhes serão divulgados em entrevista coletiva em Manaus.

Na região de fronteira entre o Brasil, Peru e Colômbia, o pescador conhecido como "Pelado", morador de uma comunidade ribeirinha, confessou ter disparado contra o indigenista brasileiro e o jornalista britânico em 5 de junho, causando a morte da dupla.

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O caso é um dos mais emblemáticos da atual disputa por terras indígenas, garimpo ilegal, pesca ilegal para exportação e outros crimes na área. A informação sobre a prisão foi divulgada pela emissora GloboNews e confirmada pelo Estadão.

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) gastou ao menos R$ 136.055,25 para receber o bilionário Elon Musk no hotel Fasano Boa Vista, em Porto Feliz, no interior de São Paulo, em maio deste ano. O montante é considerado parcial, pois não inclui as despesas totais de todos os representantes do governo que compareceram ao encontro, assim como informa apenas o que se refere ao planejamento e ao apoio logístico. A informação foi divulgada pelo Ministério das Comunicações, a pedido da bancada do PSOL na Câmara.

A pasta esclareceu que não tem acesso aos gastos com comitiva presidencial, como passagens aéreas, hospedagem e alimentação. Por isso, o valor não foi incluído no cálculo.

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Musk veio ao Brasil em maio para tratar de conectividade e soluções para a Amazônia, segundo informou a Cultura. O bilionário participou do evento "Conecta Amazônia" e promoveu o lançamento do serviço de internet por satélite Starlink no país. Ele estava acompanhado do presidente Jair Bolsonaro, de membros do governo e de empresários.

Pelo Twitter, o empresário disse que a iniciativa forneceria conexão para 19 mil escolas em áreas rurais no Brasil e auxiliaria no monitoramento da Amazônia. O Ministério das Comunicações afirmou que a implementação do programa começaria ainda neste ano.

Contratação da tecnologia Starlink

Na resposta ao requerimento de informação, o ministério diz que a autorização para a implementação da rede e lançamento de satélites é feita pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), e que cabe à administração do país de origem cumprir os procedimentos regulatórios estabelecidos. Em resposta à bancada do PSOL, porém, o Ministério das Comunicações diz, por diversas vezes, que não houve contratação do Starlink.

"Em março de 2018, o lançamento do sistema Starlink foi autorizado pela Comissão Federal de Comunicações (FCC) dos Estados Unidos, por um prazo de 15 anos, a contar da entrada em operação", afirma em ofício, sem deixar claro se o trâmite junto à UIT já foi realizado.

Questionada pela bancada do PSOL se as eleições presidenciais de 2022 foram abordadas pelo presidente Jair Bolsonaro durante o encontro com Elon Musk, a pasta negou e disse que o assunto não fez parte do evento.

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Por causa dos problemas de segurança pública, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) buscou apoio da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para preparar a operação de coleta do Censo Demográfico 2022 na região da Amazônia, segundo Eduardo Rios Neto, presidente do órgão censitário.

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nessa terça-feira (28), revelam que, das 30 cidades que registraram média móvel superior a 100 homicídios para cada 100 mil habitantes entre 2019 e 2021, 13 ficam na área da Amazônia Legal.

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Mais de 200 mil trabalhadores recrutados pelo IBGE devem ir a campo a partir de 1º de agosto para coletar as informações de todos os cerca de 76 milhões de lares brasileiros. Rios Neto afirmou que esteve recentemente em Manaus e Parintins, no Amazonas, como parte de uma jornada de visitas a agências do instituto em diferentes Estados brasileiros. O presidente do órgão já percorreu quase todas as Unidades da Federação num esforço de mobilização para os preparativos da coleta do Censo Demográfico.

"Vários dos oito Estados que faltam (visitar) são na região Norte, porque eu considerava que, embora populacionalmente fossem menores, operacionalmente vai ser uma região mais complexa", afirmou Rios Neto em seminário sobre o Censo Demográfico na terça-feira. "E um dos problemas é a bandidagem. Fiz um trabalho grande com a Polícia Federal, com a Polícia Rodoviária Federal, um trabalho grande em Brasília preparando para essa operação."

A segurança também é uma preocupação na operação censitária em outras áreas urbanas do País. O IBGE informou que realizou reuniões prévias com representantes de associações de moradores, organizações não governamentais e outras instituições e membros da sociedade civil para apresentar a comunidades e representantes informações sobre o levantamento censitário.

O órgão mapeou 32.069 setores censitários a serem percorridos pelos recenseadores em 11.403 aglomerados subnormais, que incluem favelas, ocupações, palafitas e loteamentos irregulares, por exemplo, espalhados por 666 municípios brasileiros.

O instituto aponta que há 9.207 setores classificados com restrição de segurança. Segundo Maikon Roberth de Novaes, do IBGE, além do mapeamento de áreas com restrições de segurança, o órgão preparou um protocolo a ser seguido nessas regiões, com diversos contatos, endereços e telefones. Quando necessário, o recenseador percorrerá o território acompanhado de guias locais ou agentes de saúde, por exemplo.

O IBGE pretende fazer um levantamento para confirmar se houve crescimento no número de aglomerados subnormais no País ou corrigir registros anteriores em que não estavam identificados embora já existissem. "Estamos mapeando base de dados de 2010 para bater com a de 2022, para ter um tipo de comparação sobre crescimento dessas áreas", disse Novaes. "A gente vai identificar para cada aglomerado subnormal este ano se ele já existia, se não foi contabilizado, ou se é novo."

Ele lembra que o Censo 2010 tinha identificado cerca de 8 mil áreas desse tipo no País. "Em algumas áreas nem cresceu, pode ter sido um erro de classificação na época, que vamos corrigir agora."

Indígenas e quilombolas

O IBGE mapeou em 2020 a existência de 5.778 grupamentos indígenas a serem visitados pelos recenseadores no Censo 2022, sendo 4.899 deles em terras indígenas. No Censo de 2010, o instituto identificou 305 etnias e 274 línguas indígenas, além de um total 890 mil indígenas no País.

"Povos em situação de isolamento voluntário são os únicos que não são alvo do Censo no Brasil", explicou Marta Antunes, que integra a organização da operação censitária junto aos Povos e comunidades tradicionais.

O Censo 2022 traz como novidade um questionário de abordagem em agrupamentos indígenas. No local, o recenseador fará uma reunião de abordagem com lideranças da comunidade e depois aplicará um questionário para obter informações mais específicas sobre as características da comunidade, como acesso a infraestrutura, educação, saúde e hábitos de subsistência.

Os entrevistados em áreas quilombolas também serão questionados com um quesito especial para investigar se consideram a si mesmos como quilombolas e o nome da comunidade de origem.

Anitta foi uma das grandes atrações do Rock in Rio Lisboa, no último domingo (26), e aproveitou a oportunidade para fazer um alerta a nível internacional. Durante entrevista nos bastidores do evento, a cantora falou sobre a crise na Amazônia e a grande violência que envolve o lugar. As declarações da brasileira desagradaram a alguns e ela acabou nos assuntos mais comentados da internet sendo chamada de “mentirosa”.

Na entrevista, Anitta disse que não tem medo de falar sobre o que acontece em seu país e falou seriamente sobre o que acontece na Amazônia. “É uma grande terra de ninguém, uma grande bagunça. Lá acontece de tudo, ninguém vê nada. É o grande tesouro do nosso país, e as pessoas tratam como um grande nada, e isso é inaceitável."

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A brasileira também falou sobre os riscos de abordar o tema e chegou a dizer que se alguém tentasse matá-la por conta disso, ela voltaria como “assombração” para puxar o pé da pessoa. “É uma coisa que precisa de atenção e realmente quem se expõe para falar acaba morto, acaba com a família torturada, acaba tomando um 'cala boca' de algum jeito."

As declarações de Anitta irritaram a alguns e ela acabou nos assuntos mais comentados da internet com a hashtag #AnittaMentirosa.  

Representantes de entidades indigenistas insistem na tese de que os assassinatos do ativista Bruno Araújo e do jornalista britânico Dom Phillips não foram fatos isolados e estão num contexto de criminalidade crescente na região Amazônica, em especial no Vale do Javari. A violência na Amazônia foi debatida, nesta terça-feira (22), em audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH) e da Comissão Temporária sobre a Criminalidade na Região Norte. 

A iniciativa partiu do presidente da CDH, senador Humberto Costa (PT-PE), que alegou que o desmatamento tem aumentado de forma acelerada no país. Ele também acusou o governo federal de se omitir no combate a atividades criminosas no setor e de desmontar instituições responsáveis pelo combate a crimes ambientais e pela proteção dos povos indígenas. 

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“É interesse do Senado e do Congresso Nacional e tenho convicção que tudo será feito pelo Poder Legislativo para evitar a repetição de fatos como esse”, afirmou, referindo-se às mortes que tiveram repercussão internacional.

Críticas à Funai

O presidente do Indigenistas Associados (INA), Fernando Vianna, disse que desde o início, quando soube do desaparecimento das duas vítimas, ficou muito preocupado, pois sabia que se tratava de um fato inserido num contexto mais amplo.

Segundo ele, o brasileiro e o inglês foram mortos numa região onde, em 2019, um colaborador da Funai também foi assassinado por conta de seu trabalho de fiscalização no combate a atividades ilícitas.

“Há todo um quadro de invasão de pessoas que ingressam nas terras para atividades ilegais. Junto com os crimes ambientais mais costumeiros, como pesca e caça ilícitas, há articulações com forças do crime muito mais complexas, com conexões com o narcotráfico internacional e o comércio de armas”, afirmou.

Fernando Vianna ainda fez críticas ao trabalho atual da Funai, que, segundo ele, tem uma diretoria comprometida não com direitos indígenas, mas com interesses econômicos e de setores que disputam a posse de terras e querem se apoderar de recursos naturais.

Ele ainda fez um pedido aos senadores que ajudem na articulação com o Ministério da Justiça, já que os servidores da Funai estão em estado de greve.

Diretoria marcada

Além de pedir à Polícia Federal uma investigação mais ampla sobre os assassinatos de Dom e Bruno, o representante da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliesio Marubo, afirmou que a diretoria toda da Univaja está marcada e ameaçada de morte, que se intensificaram a partir de 2019, assim como a violência na região.

Ainda segundo ele, a atuação da instituição é toda pautada no interesse das comunidades, uma vez que o Estado é omisso na região.

“Gostaria muito de ouvir o que a Funai tem a dizer. O que o MP fez com tantas denúncias que temos feito? É importante esse acompanhamento da comissão, para darmos respostas às famílias e à sociedade. Certamente teremos mais casos na região. Vários integrantes da diretoria da Univaja estão ameaçados. Continuaremos de cara limpa brigando pelos nossos parentes e exigindo que o Estado cumpra sua obrigação”, lamentou.

A pedido do presidente da Comissão Temporária sobre a Criminalidade na Região Norte, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Eliesio Marubo também explicou aos parlamentares a situação de Bruno Araújo, que havia pedido licença da Funai, depois de alegar estar sendo perseguido pela cúpula da instituição.

“Ele nos relatava muito a perseguição sofrida pela atuação dele contra principalmente a caça e pesca ilegais. São atividades com reflexo no mundo político. Quem realiza essas condutas aparentemente simples, porém ilegais, são famílias grandes, que têm títulos de eleitor. E os políticos locais, que tem seus padrinhos, precisam demonstrar apoio”, acusou.

Irritação

O coordenador-geral substituto de Índios Isolados e Recém-Contatados da Fundação Nacional do Índio, Geovanio Oitaia Pantoja, informou que a Funai soube do desaparecimento de Bruno e Dom na segunda-feira de manhã e, no mesmo dia, entrou nas buscas, que já estavam sendo feitas desde domingo pela Univaja.

“Em todo o momento a ideia era encontrá-los vivos. A Funai esteve presente em todo o processo de busca e acompanhamento juntamente com outras instituições”, explicou.

Ainda segundo ele, a Funai tem feito ações de repressão e fiscalização dentro de territórios indígenas com apoio da Força Nacional de Segurança Pública e Polícia Militar.

Depois de ter pressionado o representante da Funai para esclarecer mais detalhes sobre a atuação da entidade na região e para saber de quantas operações de fiscalização ele havia participado, Randolfe reagiu ao constatar que Geovanio estava em Brasília, mas participando da audiência pública por meio virtual.

“Ele está aqui em Brasilia falando conosco por via remota! O senhor estar falando daqui é um desrespeito a essa comissão”, exclamou.

O servidor da Funai ainda respondeu algumas perguntas do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), relator da comissão temporária. Mas, insatisfeito, Randolfe sugeriu que Geovanio seja convocado ou convidado futuramente para prestar mais esclarecimentos.

O comparecimento presencial de Geovanio foi requisitado também pelo vice-presidente da comissão temporária, senador Fabiano Contarato (PT-ES), para quem a situação da Funai é muito grave.

“Esse governo está armando grileiros e enfraquecendo órgãos de fiscalização em todos os cantos do país. O mesmo governo que enfraquece os órgãos fiscalizadores estimula crimes ambientais, por isso essas duas comissões precisam jogar luz nesta situação”, avaliou.

Prevaricação

No fim da reunião, o senador Humberto Costa deu a palavra a lideranças indígenas que participaram da audiência. Em comum, prestaram solidariedade às vítimas; cobraram demarcações de terra; criticaram a atuação da direção da Funai; denunciaram crimes; e pediram providências e respeito aos direitos consagrados pela Constituição.

As comissões também receberam dos ativistas um documento da Univaja contendo as denúncias feitas pela instituição a diferentes órgãos e entidades locais e federais. Os senadores informaram que vão enviar comunicado a cada uma das autoridades que em algum momento recebeu denúncias e cobrar providências sobre o que foi feito desde então.

Randolfe lembrou que entre as denuncias feitas pela Univaja está um ofício de abril, já dando noticias sobre pesca ilegal na região com a participação de um homem conhecido como Pelado, apontado como um dos assassinos de Bruno e Dom.

“Esse ofício é quase uma premonição. Dá informações sobre quem faz a atividade ilegal, onde mora, como atua e que está armado. Não demorou 60 dias, mataram Bruno e Dom [...] Deixaram ocorrer esses homicídio, no mínimo, com a prevaricação criminosa do Estado brasileiro”, disse Randolfe.

Ministro da Justiça

As comissões têm outra audiência pública marcada para a tarde desta terça-feira. Convidado, o ministro da Justiça, Anderson Torres, não confirmou presença, o que gerou questionamentos de Randofe e Humberto.

Nelsinho Trad pediu calma, disse conhecer o ministro e acreditar que ele não se recusaria a ir ao Senado apresentar informações.

Da Agência Senado

Apenas nos cinco primeiros meses de 2022, a Amazônia Legal registrou recorde de desmatamento e em 151 dias derrubou 3.360 km² de floresta, conforme aponta levantamento do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), divulgado na última sexta-feira, 17. A área desmatada é a maior em 15 anos e os municípios mais afetados são, respectivamente, Apuí (AM), Altamira (PA), Lábrea (AM), Novo Progresso (PA) e Novo Aripuanã (AM).

Com 1.476 km² de floresta desmatada, o último mês de maio também foi o pior maio já registrado desde 2008, ano em que o Imazon passou a monitorar a Amazônia. O Estado do Amazonas é o que teve a maior área desmatada, e corresponde a 38% do desmatamento total registrado em maio.

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O coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon, Carlos Souza Jr., alerta para novos recordes nos próximos meses, fato a ser intensificado por causa da seca e das eleições, conforme nota divulgada pela instituição. Segundo o pesquisador, em ano eleitoral as fiscalizações tendem a diminuir e, portanto, há aumento da devastação.

Em relação à área degradada em maio, o Estado de Mato Grosso corresponde a 94% de todo valor registrado.

Os dados foram levantados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), baseado em imagens de satélites, que oferece análises mensais sobre o ritmo da degradação e desmatamento na Amazônia.

O SAD considera degradação florestal quando há dano decorrente de exploração madeireira ou fogo. Já o desmatamento é analisado quando ocorre corte raso da floresta, sendo as principais causas a pecuária, agricultura e garimpo.

Terras indígenas invadidas

A terra indígena mais desmatada em maio foi a Apyterewa, localizada no Pará. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a região é de potencial conflito por causa da invasão de fazendeiros e gado que ameaçam indígenas. A T.I. Apyterewa foi homologada em 2007 e, desde então, a única possibilidade de atividade econômica na área precisa ser autorizada e conduzida pelos indígenas.

Ainda de acordo com o MPF, há 12 anos uma sentença judicial, que obriga o governo federal a retirar invasores e ocupantes não indígenas da TI Apyterewa, segue sem ser cumprida. Sem haver a retirada de invasores, a área permanece sendo palco de conflitos, inclusive contra agentes do Estado.

Entre novembro e dezembro de 2020, um grupo de 50 a 70 pessoas cercou uma base da Funai na TI Apyterewa e atacou agentes federais que realizavam fiscalização ambiental na região. Os invasores colocaram pregos em pontes, atiraram com armas de fogo, rojões e fogos de artifício contra fiscais e cercaram carros e motocicletas. O objetivo era impedir que a fiscalização prosseguisse, afirma o MPF.

As outras terras indígenas mais desmatadas em maio foram a T.I. Karipuna (RO) e T.I. Cachoeira Seca (PA).

Inpe

Os dados do Imazon vão ao encontro do que mostrou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, em maio. Pela primeira vez, a área derrubada da floresta ficou acima de mil quilômetros quadrados em abril, segundo dados de alertas do sistema Deter, do Inpe. Ao todo, foram 1.012 quilômetros quadrados perdidos, valor 74% maior do que o recorde anterior para o mês (580 km quadrados, atingidos em abril do ano passado). A área de 1 mil quilômetros quadrados equivale a mais de 140 mil campos de futebol.

A área desmatada em abril de 2022 é 165% maior em comparação com a média para o mês. Desde agosto do ano passado, os alertas de desmate estão batendo sucessivos recordes: em outubro, janeiro, fevereiro e agora em abril. Procurado, o Ministério do Meio Ambiente não se manifestou.

A gestão Jair Bolsonaro tem sido marcada por recordes nos índices de desmatamento, aumento de focos de incêndio florestal e críticas da comunidade internacional em relação à atuação do País na área.

Após uma série de compromissos assumidos pelo governo na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP-26), em Glasgow, o embaixador britânico no Brasil, Peter Wilson, chegou a afirmar em entrevista ao Estadão em dezembro do ano passado que o País teria de provar que protege efetivamente o meio ambiente para conseguir atrair investimentos estrangeiros, incluindo o do Reino Unido. "O Brasil quer mais investimento em sua economia, mas, no futuro, não vai ser possível atrair os fundos maiores sem uma política ambiental clara nos níveis federal e estaduais", disse Wilson.

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