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Neste domingo (9) foi celebrado o Dia do Fotógrafo, profissional que trabalha registrando a realidade e a diversidade do país em imagens. A equipe do LeiaJá selecionou quatro diretores e fotógrafos brasileiros que foram atraídos a dedicarem parte de suas carreiras para explorar a floresta amazônica e revelar a diversidade da fauna e da flora. A seguir, relembre (ou conheça) alguns destes trabalhos:  

Sebastião Salgado – Um dos mais renomados nomes da fotografia brasileira, Sebastião sempre se mostrou preocupado com as causas ambientais, em especial com a Amazônia. Ele estudou a floresta e trabalhou durante sete anos para lançar a exposição “Amazônia”. Para realizar esse projeto, ele passou longas temporadas junto com 12 comunidades indígenas isoladas. A exposição estreou em Paris, em 2021, depois veio ao Brasil no ano seguinte.  

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Araquém Alcântara - Considerado um dos mais importantes fotógrafos que registram a natureza, Alcântara já lançou um livro que reúne 22 anos de intensa pesquisa sobre a região da Amazônia. O fotógrafo registra as várias “Amazônias” que encontrou, suas belezas e diversidades de acordo com as áreas. Além da beleza, suas fotografias também são conhecidas como denunciar o desmatamento das florestas brasileiras.  

João Farkas – O fotógrafo e filósofo paulista dedicou parte de sua carreira a registrar as belezas naturais do país, em especial o Pantanal. A Amazônia já contou com olhar minucioso de Farkas, que também chegou a publicar um livro “Amazônia Ocupada”, de suas caminhadas no interior da região entre as décadas de 1980 e 1990. É considerado profissional desde 1979, com especialização em Nova Iorque. 

Cláudia Andujar - Uma fotógrafa e ativista suíça, naturalizada brasileira. Desde a década de 1970 dedica sua carreira a registrar a defesa dos indígenas Yanomami (povo que vive na floresta Amazônica e soma mais de 20 mil integrantes da tribo). O trabalho de Cláudia se destaca por trazer uma visão mais humanizada da Amazônia e dos povos que habitam na região, por isso, suas exibições ganharam muitos prêmios.

 

Pautada em congressos internacionais, a floresta amazônica esteve sob as lentes das maiores nações do mundo no ano de 2022. Com recordes de desmatamento cobrindo os índices dos últimos 15 anos, a maior floresta tropical do planeta também foi cenário para perseguição a povos indígenas, garimpo ilegal, racismo ambiental e até mesmo violência sexual.

Foi em agosto deste ano também que o último indígena tanaru, o “índio do buraco”, foi encontrado morto em sua terra. A morte, por causas naturais, simbolizou o fim da etnia, pouco conhecida no país. Encontrado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) há 26 anos, o indígena que vivia sozinho na Terra Indígena (TI) Tanaru, em Rondônia. Ele era o último sobrevivente de sua etnia, cujo nome não é conhecido pela fundação. 

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Em maio, líderes indígenas afirmaram que duas crianças Yanomami, de um e cinco anos, teriam sido encontradas mortas na comunidade de Palimiú, após o ataque armado de garimpeiros contra indígenas, na Terra Indígena Yanomami em Roraima. 

Segundo as lideranças, mais de 20 mil garimpeiros ilegais invadiram o território Yanomami, matando indígenas, abusando sexualmente de mulheres e meninas e poluindo rios com o mercúrio usado para separar o ouro dos sedimentos. Maior terra indígena do país, o trecho da etnia fica localizado na Amazônia, ao longo da fronteira Brasil-Venezuela 

Desmatamento 

Em julho deste ano foi detectado que a Amazônia teve 3.988 dos seus 6.700 quilômetros quadrados da sua floresta destruídos ainda no primeiro semestre de 2022, com o maior desmatamento já registrado para o período desde 2016, no início da série histórica realizada pelos sistemas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. O desmatamento deste ano equivale a quase o triplo do registrado em 2017, com quase 1.332 quilômetros quadrados desmatados na região. 

No intervalo de quase um ano, de agosto de 2021 a julho de 2022, a Amazônia teve o maior desmatamento já registrado em 15 anos, com 10.781 quilômetros de floresta destruída, área equivalente a sete vezes a cidade de São Paulo. 

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O manejo sustentável é realizado durante a exploração do meio de forma eficiente e consciente, visando à sua preservação e respeitando o ecossistema, com baixo impacto ambiental. Na Amazônia, a prática promove benefícios econômicos e sociais, com respeito à floresta.

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A aplicação do manejo sustentável é fortemente recomendada. A agrônoma Natalia Guarino, doutora em Zootecnia e professora de Bubalinocultura de Corte e Leite, de Zootecnia de Ruminantes, Bovinocultura de Leite e de Pecuária Sustentável da UFRA – Universidade Federal Rural da Amazônia, fala que, desde o ano passado, com o lançamento do Programa Territórios Sustentáveis, a prática de manejo sustentável tornou-se quase que obrigatória. A professora relata que não será possível permanecer trabalhando com métodos tradicionais.

“Agora, a gente vai trabalhar sempre visando à perpetuação daquele local. A gente não herdou a terra dos nossos pais, a gente pegou emprestado dos nossos filhos”, comenta a professora, fazendo referência à frase de Wendell Berry, romancista, ensaísta, poeta, ativista e agricultor americano.

Natalia afirma que a região ainda não atingiu seu ponto ideal quanto ao manejo sustentável, mas está no caminho certo e já se afasta do ponto crítico. Ela cita o Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e declara que esse instrumento de planejamento territorial possui controle das regiões, especialmente das mais próximas da floresta.

Natalia também comenta sobre os desafios para a aplicação do manejo sustentável: “Ainda temos pessoas que têm mentalidade conservadora, tradicional. São os primeiros produtores que chegaram aqui, que passaram para os filhos, para os netos. A política nacional era ‘Integrar para não entregar a Amazônia'; então, eles eram estimulados a abrir áreas, a derrubar”.

Conflitos entre programas, excesso de legislação e burocracia e falta de diálogo entre os Ministérios são outros desafios encontrados, de acordo com a professora. Apesar disso, ela informa que esses problemas estão diminuindo, visto que há fiscalização por via remota.

Natalia defende o diálogo entre os legisladores, mantendo uma língua uniforme. “A gente não pode estar na região de maior visibilidade do mundo refém do que um governo federal, estadual ou municipal deseja momentaneamente; tem que ser uma coisa perpétua.” A professora também destaca a importância da presença das universidades em tomadas de decisões e aconselhamentos e a necessidade da realização de uma COP – Conferência das Partes na Amazônia.

O investimento em conhecimento e na fixação dos saberes na região são essenciais para o desenvolvimento sustentável de técnicas próprias, acredita Natalia. “A gente tem o nosso próprio clima, a gente tem o nosso próprio solo. O conhecimento, legislação, uniformização das legislações e educação seria fundamental”, afirma.

Apesar dos empecilhos encontrados, a professora diz ser possível o manejo sustentável se tornar uma prática aplicada de forma plena na Amazônia. Ela também enfatiza que políticas públicas que levam conhecimento aos produtores que trabalham de forma errada são fundamentais.

“A gente só precisa aprender um pouco mais, melhorar um pouco mais, ter mais recurso, dinheiro. Investimento em ciência, conhecimento.

Princípios elementares

De acordo com EOS Data Analytics, fornecedor global de análises de imagens de satélite mantido por Inteligência Artificial, o manejo florestal sustentável tem três princípios: proteção da natureza, desenvolvimento econômico e desenvolvimento social.

Em 2021, a Semana do Meio Ambiente no Pará, realizada no canal do Governo Estadual no YouTube, teve o manejo sustentável como tema em debate e discutiu a agenda dessa prática em florestas. A live foi mediada pela engenheira ambiental Ayamy Migiyama, ex-diretora de Gestão dos Núcleos Regionais de Regularidade Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará – Semas, e teve a participação de Leonardo Sobral, gerente florestal do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora; Jorge Silveira, diretor de Gestão de Florestas Públicas para Produção Sustentável do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade – IDEFLOR-Bio; e Jakeline Viana, coordenadora do Centro Integrado de Monitoramento Ambiental – CIMAM da Semas.

Na Amazônia, a prática se realiza, por exemplo, com aplicação de espaçamento e cobertura morta com folhas para reter a umidade, visando a proteção do solo; plantio direto, evitando revirar o solo para e plantando em palhada; e integração, maximizando os espaços ao trabalhar com várias culturas.

 O grupo de trabalho do Territórios Sustentáveis, projeto do Governo do Pará coordenado pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), alinhou estratégias e reformulou algumas iniciativas para garantir mais eficiência dos trabalhos de campo. O Territórios Sustentáveis é um dos pilares do Programa “Amazônia Agora”. O objetivo do plano estadual é garantir os avanços econômicos e tecnológicos do setor rural, com boas práticas ambientais.

O manejo e a madeira

De acordo com Adalberto Veríssimo, mestre em Ecologia pela Universidade da Estadual da Pensilvânia (EUA) e pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), e Ana Cristina Barros, graduada em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em infraestrutura sustentável, o manejo sustentável agrega valor para fins de emprego e renda e para a economia do estado.

A floresta tropical é responsável por abrigar uma grande porcentagem de árvores que são extraídas para fins madeireiros. Estima-se que cerca de 60 bilhões de metros cúbicos de madeira em tora sejam retirados para recursos florestais.

O setor madeireiro da Amazônia é o que mais gera empregos na região, totalizando cerca de 127 mil empregados de forma direta e 105 mil empregados indiretamente, além de gerar renda para pessoas de fora da região, gerando em torno de 150 mil empregados pelo setor madeireiro. O Pará é o único estado de maior relevância em atividades madeireiras na Amazônia.

Analisar a parceria entre empresa e comunidade e a importância para o desenvolvimento sustentável da região Amazônica, de modo a incentivar futuras parcerias. Esse é o principal objetivo d, desenvolvido pela

A professora do curso de Direito da UNAMA - Universidade da Amazônia, unidade Parque Shopping, Ana Carolina Farias lançou o livro “O plano de manejo florestal sustentável na Amazônia” a fim de facilitar a pesquisa. A professora comenta que foi possível identificar que a parceria empresa e comunidade no plano de manejo florestal poderia promover o desenvolvimento sustentável. “Isso contribui para a proteção dos territórios tradicionais e dos seus comunitários por meio de uma exploração racional e, desta forma garantindo um desenvolvimento socioambiental, ou seja, social, ambiental e econômico”, afirmou.

Por Amanda Martins e Lívia Ximenes (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel e com informações da Ascom UNAMA e Agência Pará).

 

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Quantos encontros de saberes, fazeres milenares e conexões com a arte contemporânea existem em Belém? A capital paraense possui matriz cultural de origem indígena Tupinambá que influenciou a música, dança e gastronomia da cidade, com diversos mestres e mestras que permanecem anônimos na história da arte amazônida, anciãs e anciões que dominam conhecimentos ancestrais.

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Uma delas é Izete Costa, mais conhecida como dona Nena, que desde 2006 comanda uma produção de chocolate e cacau amazônico 100% orgânico na ilha do Combu. Também dona Zeneida Lima, pajé na região do Marajó; Vó Fernanda Sant'Ana, importante ceramista Icoaraciense matriarca da empresa Família Sant'Ana; dona Theo, mestra de carimbó de Santarém Novo; Dona Sultana Xavier, uma importante Sacaca de Santarém, nascida na Vila de Boim; Coletivo Arapecanga de benzedeiras e produtoras de remédios da aldeia Papagaio, povo Tupinambá Tapajós e dona Fafá, proprietária da Banca da Fafá que vende tacacá e diversas comidas típicas no comércio de Belém.

O projeto de muralismo “Anciãs Amazônidas” busca resgatar aquelas que fazem parte da história regional e constituíram a cultura local, valorizar a ancestralidade e contribuir para o aumento da autoestima dos paraenses, em especial a população periférica, exaltando assim a história e as identidades amazônidas. 

O trabalho conta com curadoria e produção cultural de Renata Segtowick e Moara Tupinambá, junto às artistas Mina Ribeirinha, Natália Lobo Tupi, Julia Leão, Brenda Lemos e Mama Quilla, que transformaram o muro interno da Casa das Artes, em Belém, em uma exposição a céu aberto.

“É importante desmistificar para a juventude o que é ser idoso e dar o destaque devido a essas mulheres que acumularam tantos saberes ao longo do anos. Também vamos instigar a conhecê-las mais por meio de QR Codes nas artes que levarão aos vídeos contando as histórias delas, criando curiosidade em quem ver o muro”, ressalta Renata Segtowick, artista, curadora e produtora do projeto. 

“Percebemos que não conhecemos muito sobre estas anciãs da cultura tradicional: elas não são as pessoas que aparecem nos livros. Então nosso objetivo é realmente trazer estas pessoas racializadas, periféricas, indígenas, entre outras e fazer disso um espaço educativo, para que as pessoas as conheçam e respeitem sua trajetória. A partir disso será possível trazer visibilidade para a história dessas anciãs que fizeram parte do cenário cultural paraense e foram invisibilizadas, tanto por aspectos da sociedade patriarcal quanto por questões étnico raciais”, completa Renata.

“Este projeto é muito importante para que nós artistas possamos também a partir da arte representar e trazer a história de mulheres que de alguma forma não estão nos livros ou na grande mídia, mulheres que foram e continuam sendo muito necessárias para a construção da nossa cultura viva na Amazônia”, conta Moara Tupinambá, uma das artistas curadoras.

As artes finalizadas já podem ser visitadas na Casa das Artes. Para saber mais sobre as artistas e as homenageadas, acesse o Instagram @ancias.amazonidas. As artistas participantes são integrantes do Núcleo de Conexão Artística e Feminina MARPARÁ (Mulheres Artistas Pará). O projeto foi selecionado pelo edital do Prêmio Fundação Cultural do Estado do Pará (FCP) de Incentivo à Arte e Cultura - Governo do Pará. A Casa das Artes fica na rua Dom Alberto Gaudêncio Ramos, 236, em Nazaré, ao lado a Basílica Santuário.

Por Iaci Gomes, especialmente para o LeiaJá. 

 

Pescadores ilegais que atuam na região remota da Amazônia onde o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados este ano ameaçaram de morte e abriram fogo contra um grupo de indígenas. É o que denunciaram nesta sexta-feira (18) organizações de direitos humanos.

O ataque é o mais recente episódio de violência no Vale do Javari, onde o brasileiro e o britânico foram mortos a tiros em junho, supostamente por um grupo de pescadores ilegais.

A região, próxima à fronteira com o Peru e a Colômbia, abriga a maior concentração de tribos isoladas do mundo, mas tem sido afetada por um aumento do desmatamento, da caça e da pesca clandestinos, além do tráfico de drogas.

A tribo Kanamari disse que cerca de 30 membros de sua comunidade estavam viajando em canoas em seu próprio território quando cruzaram com pescadores ilegais em barcos carregados de peixes e tartarugas.

Os pescadores tentaram suborná-los para que não os denunciassem por pesca predatória na reserva indígena, que é uma área protegida, informou a Associação dos Kanamari do Vale do Javari (Akavaja) em um comunicado.

Segundo a Akavaja, quando uma líder indígena se negou, os pescadores a ameaçaram com uma arma de fogo.

“Por conta de atitudes assim que Bruno e Dom foram mortos pela nossa equipe e você será a próxima. Só não te matarei agora porque estamos na presença de muitas crianças”, teria dito um deles.

Os Kanamari relataram que os pescadores cortaram os cabos do motor de uma das embarcações indígenas e saíram a toda velocidade, atirando contra eles. Os tiros perfuraram tambores de gasolina dentro de uma das canoas.

Ocorrido em 9 de novembro, o incidente foi levado a conhecimento público esta semana. Os líderes indígenas dizem que pediram à polícia a abertura de uma investigação.

“A situação vivida pelos Kanamari demonstra que as investigações dos assassinatos de Bruno e Dom não podem ser consideradas encerradas”, declarou o Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados (OPI) em nota.

“É uma indicação óbvia de que a violência voltou a escalar. O risco de novas mortes é concreto”, acrescentou.

Pereira, de 41 anos, e Phillips, de 57, estavam viajando pelo Vale do Javari em uma expedição de pesquisa para um livro quando foram emboscados e assassinados. Nove pessoas foram presas pelo caso.

Bruno Pereira já havia recebido ameaças de morte por seu trabalho em defesa da região e dos povos indígenas.

derechosjhb/msi/mel/dg/ic

O presidente francês, Emmanuel Macron, expressou apoio nesta quinta-feira (17) à proposta do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para organizar na Amazônia a conferência da ONU sobre o clima de 2025.

"Gostaria muito de ter uma COP na Amazônia, assim apoio plenamente esta iniciativa do presidente Lula", afirmou durante uma viagem a Bangcoc para a reunião de cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC).

"Apoio a volta do Brasil a uma estratégia amazônica. Nós precisamos", acrescentou Macron.

Lula, que assumirá a presidência do Brasil em 1º de janeiro de 2023, expressou na quarta-feira no Egito o desejo de organizar a COP30 na Amazônia, uma região essencial para o equilíbrio do clima e da biodiversidade mundial.

Lula desembarcou na terça-feira na cidade egípcia de Sharm el Sheilh para participar na COP27.

O Brasil havia sido escolhido para sediar a COP em 2019, mas desistiu após a eleição de Jair Bolsonaro como presidente no fim de 2018.

"A França é uma potência do Indo-Pacífico e uma potência amazônica. A maior fronteira externa da França e da Europa é a fronteira da nossa Guiana com o Brasil", lembrou Macron.

A recente vitória de Lula parece abrir caminho para uma aproximação entre Paris e Brasília. As relações de Macron com Bolsonaro foram muito ruins.

A França considera o Brasil um "sócio essencial na América Latina", afirmou na terça-feira a secretária de Estado para a Europa, Laurence Boone, ao anunciar uma nova estratégia para os próximos meses.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou na manhã desta quarta-feira (16) que os governadores da Amazônia Legal (Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Maranhão e Tocantins) buscarão ter uma relação "profícua" com o governo federal, que passará a ser comandado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a partir de janeiro.

"É necessária nova cooperação entre Estados e governo federal", afirmou Barbalho, em evento realizado no estande do Consórcio Interestadual Amazônia Legal, na 27ª Conferência sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-27).

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Na ocasião, os governadores da região, presentes no evento, entregaram a Lula o documento "Carta da Amazônia: uma agenda comum para a transição climática". "Os governadores (da Amazônia Legal) reafirmam seu compromisso com o desenvolvimento sustentável da Amazônia", disse.

Barbalho chamou a atenção para o fato de os Estados amazônicos terem alcançado, nos últimos quatro anos, um bom nível de relacionamento no exterior, e pediu a Lula que seja alcançado um acordo que facilite parcerias internacionais entre os entes federativos e outros países.

Por fim, Barbalho solicitou a Lula que atue para o País sediar uma COP. "Peço que o senhor peça que a Amazônia brasileira seja sede da COP-30 em 2025", afirmou.

"Pode estar certo que vou falar com o secretariado da COP pra fazer a COP no Brasil, na Amazônia", disse Lula, minutos depois, em resposta ao pedido de Barbalho.

O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, propôs nesta quarta-feira (16) que a 30ª conferência do clima da ONU, programada para 2025, aconteça na Amazônia brasileira e anunciou a criação de um Ministério dos Povos Originários, ao chegar à COP27 no Egito.

Recebido com aplausos por centenas de pessoas em Sharm El-Sheikh, Lula prometeu uma "luta muito forte" contra o desmatamento da Amazônia, que avançou com grande força nos quatro anos de mandato de Jair Bolsonaro, e que conversará "muito" com os povos indígenas.

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Vamos "acabar com o processo de degradação que nossas florestas tropicais estão vivendo", disse.

Lula afirmou que o futuro Ministério dos Povos Originários é uma medida de justiça, para que os indígenas "não sejam tratados como bandidos".

Faltando seis semanas para a tomada de posse em 1º de janeiro, Lula iniciou sua agenda diplomática no Egito com encontros com o enviado especial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry, e com o negociador chinês, Xhi Zhenhua, além de outras reuniões bilaterais.

"O Brasil está de volta", assegurou Lula, de 77 anos. "O Brasil não pode ficar isolado como esteve nos últimos quatro anos, com um governo que não fez nenhum esforço para conversar com o mundo", acrescentou.

Seu discurso aconteceu no pavilhão instalado na COP27 pelo consórcio Amazônia Legal, que reúne os nove estados da bacia amazônica.

A poucos metros de distância estava o pavilhão oficial do governo Bolsonaro, que também mantém uma agenda ativa de atos públicos.

Amazonas ou Pará

Lula declarou que apresentará ao secretário-geral da ONU, António Guterres, a proposta para que a reunião climática de 2025 "aconteça no Brasil, na Amazônia".

Ele disse que há "dois estados aptos" para organizar o encontro, Amazonas e Pará.

Durante o evento, o governador do estado do Pará, Helder Barbalho, leu uma carta conjunta dos governadores da bacia amazônica, na qual pedem a Lula "maior celeridade na tramitação dos apoios internacionais".

O tema dos apoios internacionais é um dos pontos centrais da participação de Lula na COP27, depois que Noruega e Alemanha, os principais contribuintes do Fundo Amazônia, anunciaram a intenção de desbloquear os fundos congelados desde 2019, devido à política de Bolsonaro.

Convidado pelo presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sissi, Lula chegou na terça-feira (15) no balneário de Sharm el-Sheikh.

Os delegados presentes na COP estão em complicadas negociações sobre a possível criação de um fundo de perdas e danos causados pelas mudanças climáticas.

Kerry, "feliz" 

"Fiquei feliz em encontrar ontem à noite (terça-feira) com o presidente eleito Lula e fiquei animado pela forma como ele falou, para enfrentar o problema de uma vez por todas, para preservar a Amazônia", afirmou Kerry nesta quarta-feira.

"Trabalharemos de forma diligente para alcançar este objetivo ao lado de nossos aliados, Noruega, Alemanha e outros países que estão profundamente comprometidos com isto há muito tempo", acrescentou.

O desmatamento médio anual na Amazônia brasileira aumentou 75% na comparação com a década anterior durante o mandato de Jair Bolsonaro

Após a vitória de Lula, Noruega e Alemanha anunciaram que estão dispostas a retomar a ajuda financeira para preservar a floresta amazônica no Brasil. O apoio foi interrompido em 2019, pouco depois da chegada de Bolsonaro ao poder.

A Noruega é o maior contribuinte do Fundo Amazônia e, segundo o Ministério do Meio Ambiente do país, há atualmente US$ 641 milhões disponíveis.

Grandes esperanças

Antes de sua chegada, Lula enviou várias figuras de confiança para preparar o terreno, como as ex-ministras do Meio Ambiente Marina Silva (2003-2008) e Izabella Teixeira (2010-2016).

O Brasil concentra 60% da Amazônia, um dos principais "sumidouros" de CO2 do planeta, distribuída em nove países e essencial no combate às mudanças climáticas.

O desmatamento do lado brasileiro, segundo dados oficiais, atingiu o nível máximo em 15 anos no período 2020-2021, devido ao estímulo à mineração e às atividades agropecuárias pelo governo Bolsonaro.

A devastação representa quase metade das emissões de gases do efeito estufa do país, segundo a ONG Observatório do Clima.

Presente no discurso de Lula, a deputada federal eleita e líder indígena Sônia Guajajara fez um apelo ao presidente eleito para "pensar com a população as políticas sociais" do Brasil.

Ela pediu a Lula, em particular, que conclua em seus primeiros meses de governo a demarcação de cinco territórios indígenas.

Marina Silva defendeu com veemência a criação de uma nova Secretaria Nacional para coordenar a ação climática entre vários ministérios e destacou a meta de reflorestamento de 12 milhões de hectares.

A conferência da ONU termina oficialmente na sexta-feira (18).

Durante o anúncio de novos nomes para o Gabinete da Transição, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, destacou que o combate ao desmatamento será uma prioridade do novo governo e, por isso, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva está a caminho da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima, a COP27. 

 Lula embarcou na manhã desta segunda-feira (14) para o Egito, a convite do presidente anfitrião do encontro. Ele fará um pronunciamento, na quarta-feira (16) na área da Organização das Nações Unidas (ONU), a Blue Zone. Ele também cumpre agenda com governadores de estados da região amazônica e com representantes da sociedade civil. 

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“Esta é uma grande preocupação. A emissão do carbono, no caso do Brasil, se você somar o escapamento da moto, do carro, do avião, da lancha, do trem, do boi, o lixão, o esgoto, a chaminé da fábrica, isso dá um pouquinho mais de 50%. Só o desmatamento é quase 50%. É de uma gravidade impressionante”, lembrou Alckmin. 

 Ele fez referência às florestas do Brasil, Indonésia e Congo que são fundamentais para o combate às mudanças climáticas, por possuírem vastas áreas de florestas tropicais. O governo brasileiro anunciou uma aliança com esses países para “valorização da biodiversidade e remuneração justa de serviços ambientais”. 

Alckmin reforçou que estão sendo solicitados dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), referentes a agosto de 2021 a julho de 2022. “Esses números já existem, mas não estão sendo divulgados”, pontuou. Ele lembrou propostas feitas durante a campanha presidencial de Lula que incluíam, entre outros temas, a recuperação dos órgãos ambientais, os quais, segundo ele, “foram praticamente desmobilizados”. 

Aloizio Mercadante, que está na coordenação dos Grupos Técnicos do Gabinete de Transição e foi ministro nos governos do PT, de áreas como Educação, Casa Civil e Ciência e Tecnologia, falou sobre negociações para a liberação de recursos do Fundo Amazônia.

  “O Fundo Amazônia tem cerca de R$ 3 bilhões hoje, que estão impedidos de serem liberados por causa da falta de compromisso do governo brasileiro no combate ao desmatamento.

Nós já tivemos conversas com o governo da Alemanha e da Noruega que devem autorizar, no dia seguinte da posse, a liberação dos recursos”, projetou.  Criado em 2008, o fundo recebe doações de instituições e governos internacionais para financiar ações de prevenção e combate ao desmatamento na Amazônia Legal. Em 2019, a Alemanha e a Noruega suspenderam os repasses para novos projetos após o governo brasileiro apresentar sugestões de mudança na aplicação dos recursos e extinguir colegiados de gestão do fundo.  No último dia 3, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o governo federal reative o Fundo Amazônia. Pela decisão da Corte, a União tem prazo de 60 dias para cumprir a medida. 

Agenda Na quarta-feira (16), Lula participa, às 11h, horário local (6h de Brasília), do evento Carta da Amazônia – uma agenda comum para a transição climática. Estarão presentes governadores de estados da região Norte: Antônio Waldez Góes da Silva, do Amapá; Gladson de Lima Cameli, do Acre; Mauro Mendes, do Mato Grosso; Helder Barbalho, do Pará; Wanderlei Barbosa, do Tocantins; e Marcos Rocha, de Rondônia.  No mesmo dia, às 17h15 (12h15 no horário de Brasília) Lula faz pronunciamento na COP27, na área da ONU, a Blue Zone. 

Na quinta-feira (17), às 10h (5h no horário de Brasília), o presidente eleito se encontra com representantes da sociedade civil brasileira, no Brazil Hub. Às 15h (10h em Brasília) o encontro será com o Fórum Internacional dos Povos Indígenas e Fórum dos Povos sobre Mudança Climática. 

Na sexta-feira (18), Lula segue para Portugal, onde se encontra com autoridades portuguesas. Ele retorna para o Brasil no fim de semana.

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A UNAMA – Universidade da Amazônia abriu as portas para a 17ª edição do Amazônia Fashion Week (AFW), o evento de moda mais importante da região Norte do país, na última quinta-feira (10), no auditório David Mufarrej, em Belém. A programação segue até o sábado (11), no Sesc Ver-o-Peso e Espaço São José Liberto, com o tema “Modernismos da Moda”, em alusão aos 100 anos da Semana de Arte Moderna de 1922.

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A abertura também marcou a volta dos desfiles presenciais após dois anos de transmissão on-line do evento em decorrência da pandemia de covid-19. Um deles apresentou 15 looks que marcaram a trajetória do Amazônia Fashion Week, sendo também uma homenagem às criadoras e pioneiras da Associação de Costureiras e Artesãs da Amazônia (Costamazônia), organização que promove o evento.

Ao falar sobre a programação, Felicia Assmar Maia, coordenadora do Amazônia Fashion Week e do curso de Moda da UNAMA, destacou que esse é um momento de esperança e que as pessoas estão confiantes em um futuro melhor. A respeito do tema, ela afirmou que o modernismo, mais do que uma simples tendência, é um espírito de vida e a busca pelo novo.

A ideia é compartilhar os mesmos valores trazidos pela Semana de Arte Moderna há um século. “Buscar coisas novas, uma moda avante, que seja algo que represente esse espírito de liberdade que o momento está nos dando a oportunidade de viver”, complementou.

Felicia também enfatizou que eventos como esse significam um momento de vivência profissional, em que os estudantes têm a oportunidade de entender como os processos funcionam nos bastidores, para além do glamour das passarelas. “Quando eles chegam no mercado, eles já tiveram essa vivência. É um momento ímpar na formação acadêmica dos alunos”, afirmou.

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O segundo desfile da noite, chamado “Impressões Caleidoscópicas”, apresentou looks resultantes de um processo criativo da equipe de produção do AFW e pintados à mão por diversos artistas plásticos. Rose Maiorana, empresária e artista plástica envolvida no projeto, contou que recebeu com muita honra o convite para participar do evento e falou sobre o seu processo de criação.

“A minha pintura é colorida porque, graças a Deus, eu vejo o mundo colorido. Não vejo o mundo em preto e branco, depois de tantas coisas que nós passamos, e mudou a minha cabeça. A pandemia mudou muita gente, como a minha, como a de vocês, jovens. Eu comecei a me inspirar e todo dia eu pintava um pedacinho”, relembrou.

Em um discurso durante a abertura, a professora e reitora da UNAMA, Betânia Fidalgo, afirmou que a arte é uma expressão que utiliza a ciência para entender o seu contexto e faz isso de uma forma que usa, além do sentimento, a cultura na qual está inserida. A educadora refletiu sobre a moda como uma forma de entendermos quem somos, sendo este um grande desafio para todos nós.

Betânia Fidalgo falou sobre as lições que as diversas expressões da arte, inclusive a moda, vão deixar para as futuras gerações. “Eu tenho certeza que devem ser pautadas no mundo de respeito, de solidariedade, de construção junto com a diversidade. Um mundo onde a gente possa olhar para cada um de nós e nos enxergarmos como pessoas humanas”, acrescentou.

O professor e pró-reitor de ensino da UNAMA, Éden Ferreira, destacou a importância do envolvimento dos estudantes e disse que a universidade contribui e favorece esse espaço por meio do curso de Moda. “Dentro desse evento, o nosso aluno consegue interagir, participar e envolver na prática tudo o que ele vê dentro de sala de aula, integrando, experienciando e conhecendo cada vez mais, aprofundando cada vez mais a ciência por trás da moda”, concluiu.

Por Isabella Cordeiro, com apoio de Ana Luísa Cintra e Even Oliveira (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

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Valorizar a cultura amazônica e o trabalho de fazedoras e fazedores de cultura da região estão entre os principais objetivos do Festival Jambu Live. Este ano, pela primeira vez, o festival ocorre de maneira presencial, garantindo uma opção gratuita de entretenimento e acesso à cultura para quem mora em Belém.

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A terceira edição do festival ocorre entre os dias 16 e 20 de novembro em dois espaços e terá mais de 20 atrações, entre bandas, DJs e espetáculos cênicos. A programação também será transmitida na internet.

O festival reúne mais de 20 espetáculos em diferentes estilos, ritmos e linguagens. A programação busca ser uma vitrine para artistas locais, sejam eles novos nomes ou que já estão na estrada há algum tempo. “O festival é esse espaço de visibilidade. Temos muitos artistas aqui no Estado que às vezes as pessoas não conhecem. E é sempre uma surpresa muito boa conhecer tantos talentos e tenho certeza que quem vier vai sair daqui encantado”, afirma Regina Lima, docente da Universidade Federal do Pará (UFPA) e coordenadora do Projeto de Extensão que realiza o Festival.

A edição deste ano traz como tema “A Amazônia é arte viva” e a pluralidade cultural da região é um dos pontos principais da programação. Entre os nomes desta edição na parte musical estão Thaís Badu, Arthur da Silva, Bruna BG, Raidol e MC Íra. Já nas artes cênicas, o festival trará uma apresentação da House of Híbrida, coletivo que reúne artistas LGBTI+, também terá a escola Ribalta e um espetáculo exclusivo de Jothan Netto.

A programação ocorre em dois espaços, em Belém. Entre os dias 16 e 18, o Festival Jambu Live estará rodeado pelo Rio Guamá no Campus Guamá da UFPA. A programação começa às 17 horas. Já nos dias 19 e 20 o Festival aterrissa na Fundação Cultural do Pará, no Centur, numa parceria inédita com o Festival Amazônia FIDOC. Todos os dias do festival serão transmitidos ao vivo no canal do YouTube do Jambu Live.

Aposta Jambu

Desde a sua primeira edição, em 2020, o Festival Jambu Live busca ser um espaço de ampliação da visibilidade do trabalho de fazedores e fazedoras de cultura da música e das artes cênicas da Região Amazônica. Em 2020, a Aposta Jambu levou ao palco do Festival, que foi transmitido ao vivo, os cantores João Daibes e Renan Andrade, que tiveram a oportunidade de apresentar suas canções e participar de um festival com outros grandes nomes da música.

Este ano, o Festival abriu uma seleção entre estudantes da UFPA para escolher uma voz para compor a programação. A vencedora da seleção foi a estudante Luize Liz, do curso técnico em canto popular pela UFPA. A estudante tem 20 anos e canta desde os 13, por influência do pai.

Luize é natural do município de Igarapé-Miri, no Pará, mas veio morar em Belém para concluir os estudos. Luize lançou sua primeira canção em 2018, intitulada “Pra Ser Feliz”, dos autores Moisés e Renato Sinimbú. Agora, a cantora sobe ao palco do Jambu Live como uma aposta da nova geração da música paraense.

O Circuito Jambu Multicultural

O Circuito Jambu Multicultural é um projeto de extensão da Universidade Federal do Pará (UFPA), coordenado pela Profa. Dra. Regina Lima, docente da Faculdade de Comunicação. Ele tem como objetivo ampliar a visibilidade do trabalho de fazedores e fazedoras de cultura da região amazônica, garantindo a permanente presença de produções periféricas e de pessoas pretas, indígenas, quilombolas, LGBTI+, Pessoas com Deficiência, entre outros recortes que historicamente não costumavam ser incluídos em circuitos culturais, diminuindo sua visibilidade.

O projeto busca realizar uma série de atividades, aqui intituladas multiculturais, nas diversas modalidades artísticas e culturais, sempre com foco na produção cultural da Amazônia. O Circuito Jambu Multicultural é um dos desdobramentos do projeto de extensão Jambu Festival: Conexões Periferia, realizado entre 2019 e 2021.

Entre suas atividades, está o Festival Jambu Live 2022. A programação completa do Circuito e do Festival está nas redes sociais oficiais do projeto.

O Circuito Jambu Multicultural é financiado por emenda parlamentar do deputado federal Airton Faleiro, do Partido dos Trabalhadores (PT). O CJM tem apoio da Faculdade de Comunicação, do Instituto de Letras e Comunicação, da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa e da Pró-Reitoria de Extensão da UFPA. Tem como parceiros o Festival Amazônia FIDOC, o Na Figueredo, a ADUFPA, a ONG Olivia, o CAOC/UFPA e o CACO/UFPA.

Serviço

Festival Jambu Live 2022.

16 a 20 de novembro.

Programação gratuita.

Na UFPA e na Fundação Cultural do Pará.

Mais informações em @jambulive nas redes sociais.


Por Marcos Melo, da Assessoria de Comunicação do Circuito Jambu Multicultural.

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) definirá as emendas a serem apresentadas ao projeto de Lei Orçamentária de 2023 (PLN 32/2022), em reunião semipresencial a ser realizada nesta quinta-feira (10), às 9h.  Entre as propostas de emendas a serem apreciadas pela comissão, está a que destina R$ 85 milhões ao Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz).

O montante será destinado à aquisição de insumos e a investimentos em infraestrutura de Tecnologia da Informação (TI), o que permitirá melhorias na conectividade e a ampliação do monitoramento conduzido pela Marinha do Brasil em relação às aguas jurisdicionais brasileiras. 

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Outra emenda destina R$ 200 milhões à gestão do uso sustentável da biodiversidade e recuperação ambiental de áreas degradadas, além da que reserva R$ 500 milhões para ações de prevenção e controle do desmatamento e dos incêndios nos biomas nacionais. 

Há ainda a sugestão de emenda que reserva R$ 70 milhões à manutenção e aprimoramento do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), além da que aloca R$ 100 milhões ao desenvolvimento de estudos que contribuam para entender a evolução climática, geológica e ambiental no bioma pantanal.   

As comissões permanentes do Senado e da Câmara dos Deputados e as comissões mistas permanentes do Congresso Nacional podem apresentar até oito emendas. São quatro de apropriação (acréscimo de dotação por meio de anulação de dotações da reserva de contingência) e quatro de remanejamento (acréscimo de dotação por meio da anulação de dotações constantes do projeto de lei, exceto a reserva de contingência). 

O senador Otto Alencar (PSD-BA) é o relator das emendas na comissão a serem apreciadas posteriormente pela Comissão Mista de Orçamento (CMO). O relator do Orçamento de 2023 é o senador Marcelo Castro (MDB-PI).  A reunião será realizada na sala 13 da ala Alexandre Costa.

*Da Agência Senado

De 3 a 6 de novembro, o CineAlter (Festival de Cinema Latino-americano de Alter do Chão), um dos eventos mais importantes do audiovisual na Amazônia, será realizado na vila balneária de Alter do Chão, distrito localizado em Santarém, no oeste do Pará.  Serão quatro dias de festival, com atividades de exibição e programação multicultural que envolvem música, desfile, dança e teatro. Confira a programação completa aqui.

“Esse lugar mágico irá se tornar a Capital Amazônica do Cinema neste final de semana. A programação completa do CineAlter 2022 terá muitos filmes, debates, oficinas e uma agenda multicultural de tirar o fôlego. Te esperamos, seja para assistir um filme, dançar brega ou carimbó, nessa linda festa da cultura tapajônica”, destaca Raphael Ribeiro, diretor do CineAlter.

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Ao todo, 789 produções foram inscritas, oriundas de 21 países da América Latina e outros continentes. Porém, somente 38 trabalhos serão selecionados e outros quatro serão convidados, resultando num total de 42 filmes exibidos na grande tela. De acordo com a coordenação, a escolha se deu através de uma curadoria profissionalizada e com uma diversidade de olhares sobre as produções.

A edição deste ano foi muito especial por ter um alcance ainda maior com filmes de vários lugares da América Latina, entre eles Argentina, Peru e Colômbia. As obras trazem temáticas sociais que falam sobre povos originários e Amazônia. Confira a lista de filmes que serão exibidos aqui.

“Foi um trabalho desenvolvido para que as pessoas que assistirem também se emocionem com os filmes e se sintam representados porque estamos na Amazônia falando sobre povos tradicionais e meio ambiente e queremos que as pessoas que estão assistindo se sintam representadas. Eu acho que o público vai gostar muito e se emocionar, eu me emocionei muito com vários filmes bonitos, de pessoas que estão iniciando sua carreira no audiovisual e isso é muito legal porque a gente vê a importância desse espaço para que possam mostrar seu trabalho”, destaca Priscila Tapajowara, produtora e diretora indígena, que participou do processo de seleção.

Serão cinco categorias, sendo duas competitivas: Samaúma (Latino-Americano) e Açaizeiro (filmes paraenses). As mostras paralelas são: Seringueira (filmes de indígenas, pessoas pretas e LBGTQIA+) e Ipê (filmes de baixo-custo). A novidade deste ano será a mostra infantil, que deve contar com a exibição de cinco obras voltadas para este público. A premiação se divide em sete categorias: Melhor Curta, Melhor Atuação, Melhor Longa, Menções Honrosas, Prêmio do Público, Melhor Filme Paraense e Concepção Artística.

O CineAlter é uma realização do Instituto Território das Artes (ITA) e da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp) em Termo de Fomento com a Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult/PA) e correalização da Associação de Atores, Autores e Técnicos do Teatro de Santarém (ATAS). Em 2021, o festival mobilizou oito mil pessoas presencialmente e dez mil pessoas por transmissão on-line.

Filme de abertura 

O documentário “Amazônia, a nova Minamata?”, do consagrado diretor Jorge Bodanzky, que aborda a contaminação por mercúrio na Amazônia, é a atração de abertura. A cerimônia ocorre às 18 horas na Praça 7 de setembro, com a realização de um ritual indígena em defesa do rio Tapajós. 

A contaminação da baía de Minamata, no Japão, cuja população sofreu sequelas seríssimas no sistema nervoso central, levou muitos à morte e a uma geração de crianças com má formação congênita. Uma mensagem de luta e esperança é enviada do Japão para a população amazônica. 

Movimento Negro e Jogos Indígenas

A programação do CineAlter contará com diversas manifestações em defesa da representatividade e dos povos tradicionais da Amazônia. Na sexta-feira (4), às 20 horas, no Centro Comunitário de Alter do Chão, haverá uma Roda de Conversa com o Tema Negritude, Arte e Racismo Ambiental, com a participação da artista, escritora e acadêmica Zélia Amador de Deus, além de integrantes do movimento negro e quilombola do Oeste do Pará. Haverá também a exibição do curta-metragem “Palmas da Liberdade”, da diretora Joyce Cursino.

No sábado (5), das 21h30 às 23 horas, será a vez da Noite Cultural integrada com os II JIBAT - Jogos Indígenas do Baixo Tapajós. A Praça 7 de Setembro receberá a comunidade indígena que está na vila participando da segunda edição da competição, com o apoio do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns (CITA). No domingo (6), a cerimônia de encerramento contará com a comunidade de Alter do Chão com manifestações em homenagem ao Çairé, festa tradicional na região.

Da assessoria do evento.

Até o fim de 2020, mais de 14 milhões de hectares de terras públicas estavam registrados ilegalmente como propriedade particular no Cadastro Ambiental Rural (CAR), sendo que 3,4 milhões de hectares já haviam sido desmatados.

Os dados constam do relatório de avaliação da atual política pública de regularização ambiental e os impactos gerados pela ocupação ilegal de áreas públicas na Amazônia Legal. De autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES), o texto foi aprovado na Comissão de Meio Ambiente (CMA) nesta terça-feira (1º) e será encaminhado à Mesa Diretora para divulgação. 

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O relatório, que teve origem em requerimento apresentado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), destaca ainda que o governo de Jair Bolsonaro promoveu uma ampla desorganização dos órgãos públicos ligados à defesa ambiental e à regularização fundiária, com destaque para a situação do Incra, a partir de cortes orçamentários e falhas na gestão do capital humano formado por seus servidores, além de ter desmobilizado ações ambientais que já estavam em processo de aperfeiçoamento. O documento, que apresenta algumas sugestões para o aprimoramento da política de regularização fundiária, também registra que o Brasil lidera o ranking entre os países que mais promovem desmatamentos ilegais desde a década de 1990. 

O relatório ressalta que o CAR tem sido utilizado como um caminho certo para legitimar a grilagem em terras públicas em todo país, sobretudo na Amazônia, apesar de constituir um importante instrumento de monitoramento e regularização ambiental dos imóveis rurais. 

“Por isso, a ligação entre a grilagem marcada pelo CAR e a retirada da floresta como meio de comprovar a posse sobre a terra, sem nenhum interesse imediato na produção ou no aproveitamento adequado da área, é um dos principais impulsionadores do desmatamento. Cerca de 66% dos casos ocorreram dentro do perímetro declarado ilegalmente como particular, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia”, destaca o documento lido pelo presidente da CMA, senador Jaques Wagner (PT-BA).

  Registros sobrepostos

Ao longo dos últimos anos, de acordo com o relatório da CMA, denúncias apontam que o Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural tem recebido registros de propriedades ilegais em terras públicas destinadas e não destinadas. Trata-se de registros sobrepostos a Florestas Públicas Não-Destinadas (FPND), Terras Indígenas (TI) e Unidades de Conservação (UC) que não poderiam ser aceitos no sistema como propriedade privada ou mesmo posse legítima e, portanto, com direito de registro no CAR.

  "Como o CAR é autodeclaratório, grileiros cadastram no sistema supostos imóveis rurais nas florestas públicas não destinadas, para simular um direito sobre a terra que eles não possuem, conforme a legislação atual. E o aumento da grilagem de terras é apenas uma das muitas consequências nefastas desse processo, que envolve corrupção, formação de quadrilha, trabalho escravo, violência contra povos indígenas, roubo de madeira e mineração ilegal", disse Wagner ao ler o relatório. 

De acordo com o Laboratório de Inovação, Inteligência e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), foram identificados, a partir de dados do próprio Serviço Florestal Brasileiro (SFB), 2.789 cadastros sobrepostos a terras indígenas, somando mais de 380,5 mil hectares. 

"É fundamental compreender como os filtros do CAR estão sendo operados, bem como quais ações devem ser tomadas para impedir cadastros em terras públicas não destinadas, comunicando à população, e às demais nações, como os cadastros realizados de maneira irregular serão suspensos ou regularizados", afirmou Wagner. 

Desmatamento

Em 2004, foi lançado o Plano de Ação para Prevenção e Controle doDesmatamento na Amazônia Legal, cujos resultados foram positivos devido à articulação de três eixos temáticos: ordenamento fundiário e territorial; monitoramento e controle ambiental; e fomento às atividades produtivas sustentáveis. 

Entre 2005 e 2014, deixaram de ser desmatados mais de 11 milhões de hectares ou 22 bilhões de árvores adultas, sendo considerada a maior contribuição de um único país para toda estratégia de mitigação de emissões de gases de efeito estufa no planeta. Houve uma redução na taxa anual de desmatamento de 82% em função da implantação efetiva do plano de ação. 

Esse cenário mudou desde 2015, e uma das causas para a reversão da trajetória da década anterior foi o aumento progressivo nas taxas de desmatamento no bioma amazônico, particularmente em terras públicas, como resultado direto da grilagem para fins de especulação fundiária, ponto focal da atenção do relatório da CMA. 

Durante a leitura do relatório, Wagner lembrou que o Brasil assumiu, perante mais de 100 países na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP26), realizada em 2021 em Glasgow, na Escócia, o compromisso de zerar o desmatamento ilegal até 2028 e reduzir em 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, por meio de ações coletivas para deter e reverter a perda florestal e a degradação do solo. 

"Entretanto, existe um movimento que pretende desconstruir a função precípua dos programas de regularização fundiária, os quais devem ser utilizados para reconhecer situações de fato consolidadas há muitos anos. Em lugar de empreender e aplicar a legislação em vigor, o governo federal e sua base parlamentar na Câmara e no Senado insistem em flexibilizá-la para facilitar a regularização de médias e grandes propriedades, quando deveria implementar a legislação vigente para viabilizar a entrega de títulos de terra para as ocupações antigas de pequenos posseiros, que correspondem a mais de 90% dos beneficiários na fila da regularização fundiária", disse o presidente da CMA.

  Política fundiária De acordo com o relatório da CMA, um dos maiores exemplos de paralisia no Incra foi o abandono da política fundiária de territórios quilombolas. 

"Lamentavelmente, percebemos fortes indicações de preconceito institucional, pois, enquanto o governo investe e comemora titulação precária de lotes de assentamentos, a regularização de territórios quilombolas sobrevive à míngua de recursos orçamentários e humanos. Portanto, corrigir esse rumo não é apenas questão de gestão, mas, principalmente, de resgate da dignidade e dos direitos fundamentais da população quilombola. A política de regularização fundiária precisa ser retomada e impulsionada no Brasil, mas sem que para isso estimule práticas predatórias, como a ocupação de áreas com vegetação nativa e desmatamento ilegal", destacou Wagner.

  O relatório recomenda que o Congresso Nacional, além de legislar, fiscalize o Executivo na implementação da legislação vigente e avalie a efetividade da legislação, antes mesmo de promover sua alteração, propondo medidas corretivas e de aprimoramento da política. De acordo com o documento, é necessária e urgente a análise da regularização fundiária como política pública, avaliando também sua interface com o controle e regularização ambiental e com a prevenção e redução de desmatamentos ilegais na Amazônia.

  "Terras públicas devem ser destinadas para finalidades de interesse público, como reforma agrária, criação e implementação de unidades de conservação da natureza, reconhecimento de terras indígenas e de quilombolas, concessão florestal, estratégias de segurança nacional, ou até mesmo para pequenos produtores rurais em ocupações antigas e em fase de consolidação, em áreas apropriadas para o desenvolvimento agropecuário", afirmou Jaques Wagner. 

Diálogo salutar

No início da reunião remota da CMA, Jaques Wagner comentou o resultado das eleições de domingo (30) e disse estar “esperançoso” em relação ao governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, no que diz respeito à questão ambiental. 

"Na condição de presidente da CMA, sinto-me esperançoso com o próximo governo. O compromisso do presidente eleito foi claro na trajetória dessa campanha. Não tenho dúvida de que teremos ambiente de diálogo mais salutar entre as duas Casas do Congresso. Logo voltaremos à tranquilidade total e me congratulo com todos os colegas, independentemente de posição. Na festa da democracia, os eleitores depositaram esperança no próximo governo. Foi uma disputa apertada, o que mostra que o próximo presidente terá que ter capacidade de diálogo muito grande e, para isso, pretendo, na condição de senador, contribuir para que tudo isso possa acontecer, e que o Brasil volte a estar na constelação internacional, particularmente na questão do meio ambiente e na questão social", concluiu o presidente da CMA. 

*Da Agência Senado

O jornal americano New York Times (NYT) se posicionou, nesta quinta-feira (27), ser contrário às políticas do presidente Jair Bolsonaro (PL), sobretudo nas medidas ambientais tomadas pelo governo. Disse, ainda, que a eleição do segundo turno que acontecerá no domingo (30), no Brasil, “vai definir o futuro do planeta”. O jornal também publicou nas redes sociais um vídeo de mais de seis minutos em prol da campanha do ex-presidente Lula (PT). 

“No domingo, os brasileiros vão às urnas para eleger o seu próximo presidente. Mas o que está em jogo é algo muito mais importante do que a liderança da maior economia da América do Sul”, diz a postagem do documentário no perfil do NYT.

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O conteúdo do vídeo, ainda sem a versão legendada em português, fala sobre o desmatamento da Amazônia. O narrador diz que a eleição vai definir “o futuro do planeta”, e afirma a ameaça que o atual governo representa à natureza e aos povos indígenas brasileiros. “Todos nós precisamos desesperadamente de um novo presidente brasileiro que não queime tudo”, complementa. 

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O produto exalta que o Brasil é o país do futebol, Carnaval, do samba, de praias bonitas e, principalmente, da “gloriosa Amazônia”. E recorta vários áudios de noticiários que afirmam que “as queimadas na floresta Amazônica estão quebrando recordes”. “Há apenas uma escolha certa”.

Quase 40% da extração de madeira na Amazônia é irregular, segundo estudo conduzido pela Rede Simex, que reúne várias instituições de pesquisa da região. O trabalho revela ainda que pelo menos 15% da retirada ilegal ocorreu dentro de áreas protegidas, como terras indígenas e unidades de conservação.

A pesquisa foi feita com base em imagens de satélite tomadas de 377 mil hectares de áreas com extração de madeira na Amazônia entre agosto de 2020 e julho de 2021. Pela primeira vez, os pesquisadores tiveram acesso às autorizações para a retirada de madeira, emitidas pelos órgãos ambientais de todos os Estados analisados, o que permitiu revelar a taxa de atividade ilegal.

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A Rede Simex é formada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), pelo Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Idesam), pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e pelo Imaflora. O levantamento constata que houve exploração de madeira não autorizada em 142 mil hectares da floresta - 38% da retirada total. Isso significa que a Amazônia registra retirada irregular de árvores em área similar à da cidade de São Paulo em apenas um ano.

"O índice de exploração não autorizada é muito alto e representa graves danos socioambientais para a Amazônia, contribuindo para impedir o desenvolvimento sustentável da região", diz o pesquisador do Imazon Dalton Cardoso. "Sem manejo florestal sustentável, a floresta pode ser degradada, há mais riscos de conflitos e deixa-se de gerar empregos formais e impostos."

Para Rodrigo Castro, da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que reúne empresas e sociedade civil em defesa da floresta, o estudo é fundamental para dimensionar o problema, mas o resultado não chega a surpreender.

"É mais um elemento a reforçar a desgovernança na Amazônia, de desmonte da governabilidade e de impunidade", diz Castro. "A extração ilegal não passa por órgãos de licenciamento, não gera empregos formais nem arrecadação. É um desastre em muitos aspectos, sem falar na agressão e degradação do patrimônio natural."

Mais de 20 mil hectares estão em áreas de conservação e terras indígenas

Do total das áreas exploradas irregularmente, 21 mil hectares estão em terras indígenas e unidades de conservação, onde a extração de madeira é ilegal em qualquer hipótese. O número corresponde a 15% de toda a região com atividade irregular na Amazônia. É uma área similar à de João Pessoa. "Quem cumpre a lei está sendo prejudicado", destaca Castro. "A legalidade precisa ser mantida, é claro, mas é preciso criar condições para que ela vença."

A maior parte da extração de madeira na Amazônia ocorre em Mato Grosso. De agosto de 2020 a julho de 2021, a atividade irregular abarcou 103 mil hectares no Estado - 73% da extração ilegal em toda a Amazônia. A extração legal foi registrada em 173 mil hectares.

"Apesar de a maior parta da exploração madeireira em Mato Grosso ter sido autorizada, a área com atividade não permitida cresceu 17% em relação ao levantamento anterior, que analisou o período de agosto de 2019 a julho de 2020?, alerta Vinicius Silgueiro, coordenador de inteligência territorial do ICV. Só nas terras indígenas do Estado, houve aumento de 70% na extração de madeira irregular.

O 2º Estado com a maior área de exploração madeireira na Amazônia é o Pará: um total de 57 mil hectares ou 15% da região. Rondônia, Amazonas, Acre e Roraima registraram áreas de extração com menos de 20 mil hectares, o que representa porcentuais de 4,3% a 0,3% do total mapeado para a região. Outros três Estados não tiveram imagens de satélite analisadas. No Amapá, o problema foi a alta cobertura de nuvens. Tocantins e Maranhão têm áreas ainda pequenas para serem detectadas.

Para a pesquisadora do Idesam Tayane Carvalho, os dados mostram que as ações de fiscalização continuam insuficientes. "O cenário torna ainda mais necessário o incentivo ao manejo florestal sustentável, pautado na legislação", afirma.

A extração de madeira difere do desmatamento. A extração diz respeito à retirada de árvores específicas para a venda de madeira. Já o desmate costuma ser a retirada total da floresta, geralmente para abrir espaço para o cultivo agrícola ou a pecuária. Parte importante da extração, porém, não é ilegal. Ocorre por meio do manejo sustentável em áreas determinadas da propriedade privada, com preservação de parte da floresta original.

"Fazemos ações de conscientização e orientamos os sindicatos para que todos os empreendimentos exijam toda a documentação necessária e autorizações ao adquirir matéria-prima, não recebam mercadoria sem nota", afirma o diretor-executivo do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso (Cipem), Valdinei Bento dos Santos. "Também estamos apoiando o órgão ambiental estadual na cadeia de rastreabilidade, que esta prestes a ser implantada, em que cada árvore poderá ser georeferenciada. Teremos a rastreabilidade do manejo até a indústria."

Estados dizem se esforçar para coibir crimes

Procurado, o governo de Mato Grosso disse que a maior parte da exploração madeireira no Estado é legal, com 63% do total com autorização ambiental. Afirmou também que monitora "todo o seu território por imagens de satélite, gera alertas de desmatamento em tempo real, e age com rapidez para impedir o avanço do dano ambiental". Quem desmata ilegalmente, continua, "é multado, tem a área embargada, e responde nas esferas administrativa, civil e criminal".

Destaca ainda ter alcançado "38% do desmatamento dentro da legalidade no 1º trimestre de 2022, como resultado do investimento na eficiência do licenciamento ambiental, estímulo ao manejo florestal sustentável que mantém a floresta em pé, e da tolerância zero aos crimes ambientais." O desmate legal, diz o governo, "era de cerca de 5% em 2019?.

Já a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará afirma que 70% do território paraense tem jurisdição federal e diz ter instituído a Força Estadual de Combate ao Desmatamento, que já realizou 27 fases da Operação Amazônia Viva, que integra agentes ambientais e de segurança.

Em pouco mais de 2 anos, mais de 7 mil hectares de terras com atividade ilegal foram embargadas e 11.439,9841 m³ de madeira em tora extraída de forma ilegal foram apreendidas e 2.090,88056 m³ de madeira serrada extraída de forma ilegal, apreendidas. O Pará diz que está em fase final para lançar o Plano Estadual de Bioeconomia, em busca de uma "economia de carbono neutro".

Procurado pela reportagem, o Ministério do Meio Ambiente afirmou apenas que "a operação Guardiões do Bioma, que combate ilícitos ambientais, é coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública". Já o Ministério da Justiça e Segurança Pública não respondeu.

Em maio de 2021, o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi alvo de ação de busca e apreensão, em São Paulo e Brasília, da Polícia Federal. A suspeita era de afrouxamento de regras de controle para exportação de madeira. Na época, Salles classificou a ação como "exagerada" e "desnecessária". Pouco tempo depois, ele saiu do governo.

Durante o debate entre os presidenciáveis, na noite desse domingo (16), Jair Bolsonaro (PL) pediu que os espectadores comparassem o índice de desmatamento do seu governo com o do ex-presidente Lula (PT). Os números do Prodes, o projeto de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) com apoio do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama, apontam que o petista conseguiu reduzir o nível de desmatamento em 61%, enquanto o atual presidente aumentou em 73%.

Com um governo mais sensível à proteção do ambiental, em números absolutos, Lula desmatou mais do que Bolsonaro em seus três primeiros anos. Quando assumiu a Presidência, em 2003, a área desmatada foi de 25.396 km². No ano seguinte, a degradação da Amazônia Legal subiu para 27.772 km² mas, a partir daí, veio em queda e, em 2005, atingiu 19.014 km².

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No contexto geral, o petista herdou a Amazônia de FHC (PSDB) com um índice de desmatamento em 21.650 km² e concluiu o mandato com a menor série histórica até então, com 7.000 km² desmatados. Os números dos seus oito anos na Presidência passam pelo fortalecimento de órgãos de fiscalização, investimento estrangeiro e abertura para a atuação de ONGs ambientalistas.

De acordo com o Prodes, os números do governo do PT seguiram em queda e, em 2012, a ex-presidente Dilma Rousseff conseguiu fechar o ano em que a Amazônia foi menos desmatada desde 1998 com o patamar de 4.571 km².

Bolsonaro optou por uma política menos rígida quanto a fiscalização de áreas preservadas e, inclusive, facilitou a atividade do garimpo ilegal. Ele herdou a Amazônia de Michel Temer (MDB) com 7.536 km² de área desmatada e concluiu 2021 com 13.038 km².

Líder de uma gestão com altas consecutivas, o atual presidente fechou 2019 com 10.129 km² de área desmatada e aumentou no ano seguinte com 10.851 km².

 

A candidata à Presidência da República Simone Tebet (MDB) visitou na manhã desta segunda-feira (5) a Coopercaps, uma cooperativa de reciclagem de materiais, na capital paulista. Segundo a presidenciável, a visita foi marcada em homenagem ao Dia da Amazônia, celebrado hoje.

“Fizemos questão de vir aqui para mostrar que cuidar do meio ambiente é também garantir desenvolvimento sustentável com qualidade de vida, renda, salário, não só para os catadores, mas para toda uma cadeia de produção”, ressaltou. 

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Durante a visita, a candidata lembrou que apesar de ser campeão na reciclagem de latinhas de alumínio, o Brasil só consegue reciclar 30% de todo lixo que produz: “o que nós queremos é colocar a União como partícipe e parceira. A União ajudando os municípios e os consórcios a construírem aterros sanitários porque eles têm prazos pra isso. Cuidando do meio ambiente, mas também ajudando as cooperativas com redução da carga tributária para que eles possam reciclar esse lixo, garantindo emprego e renda para as nossas famílias, especialmente pras nossas mulheres”. 

Sobre como se daria a redução dessa carga tributária para as cooperativas, a presidenciável defendeu a reforma tributária. Segundo ela, a medida não vai prever aumento na carga tributária para cooperativas, além de desburocratizar e unificar impostos. Simone Tebet acrescentou que também pretende incentivar o setor com linhas de financiamento via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). 

O alvo seriam todos que, por meio de cooperativas, querem abrir esse tipo de negócio que, segundo ela, faz bem pro meio ambiente e garante cidadania, para as pessoas. “Temos mais de 800 mil pessoas que são consideradas catadores pra linha da formalidade”, lembrou. 

Outra proposta apresentada por Simone Tebet hoje foi a criação de uma Secretaria Executiva voltada para as políticas públicas pra Amazônia. “Ela vai ter o papel decisivo de cuidar dos biomas junto com o Ministério das Relações Exteriores fazer essa dobradinha. Primeiro para mostrar para o mundo que nós somos [um país] sustentável, cuidamos dos nossos biomas não só com os órgãos de fiscalização e controle atuando, mas também fazendo com que investimentos privados estrangeiros possam vir para que a gente possa aquecer a economia, fazer o Brasil voltar a crescer, gerar emprego e renda para população”, afirmou.

  Em agenda realizada em Minas Gerais, a candidata defendeu que a atividade de mineração seja praticada com responsabilidade no país. "Somos dependentes dessa riqueza para gerar emprego e renda, mas a mineração tem que ser praticada com responsabilidade. A Serra do Curral é um patrimônio histórico e ambiental. Tem de ser preservada. Sem meio ambiente não há vida", disse.

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Comemorado nesta segunda-feira (5), o Dia da Amazônia tem como finalidade conscientizar a população sobre a importância de um dos patrimônios naturais mais valiosos da humanidade. A data foi instituída por lei em 2007 para celebrar a maior floresta tropical do mundo.

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Reconhecida pela fauna, flora, cultura e diversidade, a floresta amazônica ganha mais um enfoque: o desmatamento. De acordo com o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), no período de agosto de 2021 a julho de 2022 foram derrubados 10.781 km² de floresta; somente em abril deste ano, foi detectada a derrubada de 1.197 km² de floresta na Amazônia – 54% a mais do que o registrado no mesmo mês de 2021 – sendo o pior abril dos últimos 15 anos.

 Constitucionalmente, os poderes executivos – em âmbitos federal, estadual e municipal – são responsáveis pela proteção da floresta, explica o professor e doutor em Ciências Ambientais Paulo Pinho. "É importante afirmar que no atual governo houve uma desmobilização, uma desestruturação, dos sistemas de defesa da nossa floresta. Então, por isso que está tendo um aumento do ataque aos nossos ativos florestais e aos nossos recursos naturais", lembra Paulo.

 O professor fala que o fato de muitas pessoas não terem acesso a educação e saneamento no Brasil resulta na falta de atenção voltada para questões políticas e ambientais. "Essas pessoas não exercem todos os seus direitos. O que nós precisamos é que as pessoas, hoje, da classe média a classe média alta, se sensibilizem, pressionem, se envolvam mais nas questões políticas, para que decisões relativas a educação e saneamento atinjam a maioria da população", enfatiza.

A engenheira florestal Danielle Brito aponta o desmatamento ilegal como a principal causa da devastação amazônica e diz, ainda, que a população contribui para isso. "A partir do momento em que você adquire uma madeira, um móvel sem saber a procedência, sem saber a rastreabilidade, você está contribuindo, você está incentivando”, observa.

Para Danielle, o desmatamento desenfreado pode causar danos como o aumento da emissão de gás carbônico – um dos principais gases associados ao efeito estufa –, problemas respiratórios e crescimento lento de espécies arbóreas de grande porte, por exemplo. A engenheira destaca a importância da floresta. “É importante para a nossa respiração, é importante para o nosso clima, para o nosso ambiente. Está tudo interligado. É tudo um sistema”, pondera.

Danielle e Paulo enfatizam que a proteção da floresta é essencial e que deve ser discutida. “Nos últimos anos têm surgido diversas campanhas na mídia, nas redes sociais e ONGs que trabalham em favor disso. É muito importante a gente botar em pauta a proteção não só da floresta amazônica, mas de todas as florestas", avalia a engenheira.

"Discutir a floresta amazônica, discutir os recursos naturais, é discutir sobre a viabilidade da sociedade humana e de outros seres vivos da terra. É uma condição fundamental e básica", finaliza o professor.

Por Even Oliveira e Isabella Cordeiro (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

 Hoje (5) é comemorado o Dia da Amazônia. Infelizmente, não é de hoje que a maior floresta do mundo registra níveis de recorde de desmatamento e queimadas, que se sucedem nos últimos anos. Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em agosto, deste ano, mais de três mil focos de queimada na floresta foram registrados, o que representa o maior valor para o mês desde 2002. 

Várias iniciativas têm se desenvolvido na região no objetivo de tornar as atividades produtivas na Amazônia mais virtuosas, usando seus ativos para indústrias de alimentos, cosméticos e medicamentos, além de toda arte, artesanato e conhecimento de seus povos. E o mercado de carbono voluntário se mostra promissor também para manter a floresta em pé. A bioeconomia é um setor que pode colocar o Brasil na vanguarda ambiental, dada toda a sua biodiversidade e o conhecimento dos povos ancestrais. Para desenvolver além do investimento, a PD & I (Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento) e uma geração de empreendedores estão dispostos a apostar nessa nova economia.  

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Vem da Amazônia, por exemplo, o jaborandi, do qual é extraída a pilocarpina, utilizada na produção de medicamentos voltados ao tratamento de glaucoma e também para a falta de saliva ocasionada pelo uso de medicação controlada e por radioterapia. Da floresta também vem a produção do tucupi, que é extraído da mandioca.

A pimenta Baniwa, o cogumelo Yanomami Sanoma e outros sabores. O programa “Amazônia em Casa, Floresta em Pé” é uma das iniciativas que apoia os negócios que produzem gerando impactos positivos para a floresta e para as pessoas que lá vivem. Seu objetivo é abrir novos mercados para os produtos da sociobiodiversidade amazônica.  

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