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O ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Ciro Nogueira, ficará afastado do cargo até dia 17 de janeiro "para tratar de assuntos particulares". Ao todo, serão seis dias licença, iniciada na quarta-feira, 12.

As informações constam de despacho publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) da quarta-feira.

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Procurada, a Casa Civil ainda não respondeu à reportagem sobre o motivo do afastamento.

Em visita ao Estado do Piauí na última quarta-feira (18), o ex-presidente Lula (PT) declarou que a aliança entre o atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o recém nomeado ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), deve durar pouco.

“Eu não sei por quanto tempo o Ciro ficará com Bolsonaro. Não tenho nenhuma certeza”, afirmou, durante uma coletiva de imprensa em Teresina, capital do Estado. “E acredito que esse casamento será mais curto do que eles imaginam”.

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O petista acrescentou que Bolsonaro teria levado Nogueira para o seu governo com o intuito de “salvar a articulação política dele com o Centrão”, mas, segundo ele, a conduta não deve assegurar “a sustentação que ele pensa que tem durante o processo eleitoral”.

Lula, que tem figurado na liderança nas intenções de voto para 2022, também confirmou que tem se reunido com o PP em São Paulo (SP). De acordo com o presidenciável, o partido de Nogueira “não tem centralismo”, e não sabe se a decisão do político em integrar a “tropa de choque” do governo foi coletiva.

“O Bolsonaro já perdeu, nesses dias, o voto impresso e ele já perdeu o distritão”, acrescentou. Ainda durante a coletiva, Lula chegou a dizer que “o Centrão não vai agir enquanto partido político durante o processo eleitoral”, porque, de acordo com a declaração, cada partido do bloco governista vai dar prioridade “a sua tribo no seu Estado”.

O novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tomou posse nesta quarta-feira (4) com um discurso de temperança. Ao presidente Jair Bolsonaro, Nogueira disse que gostaria de ser lembrado como um "amortecedor" do governo: equipamento, segundo o novo ministro, capaz de estabilizar, diminuir tensões e "tornar a viagem mais serena e confortável".

"Vamos ajudar o Brasil a dar sinais certos para onde estamos indo, o primeiro deles, não tenho dúvida, é de que a democracia é líquida e certa. Difícil por natureza, mas é a coisa certa", afirmou Nogueira. O novo ministro também ressaltou que em breve o Brasil terá toda a população alvo imunizada contra a covid-19 e com o País pronto para crescer.

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Durante o discurso, Ciro destacou que assume a pasta com a missão de preparar o País para as eleições do próximo ano da forma certa, com atenção à economia no prumo, política ajustada e vacinação garantida.

"Estamos cruzando o cabo das tormentas: das tormentas políticas, das tormentas sociais, econômicas e institucionais", declarou. Entre os focos da pasta, Nogueira destacou a ampliação do Bolsa Família, programa de assistência social que o governo estuda aumentar até o fim deste ano do atual benefício médio de R$ 190 para o mínimo de R$ 300 ou R$ 400.

"Existe o Brasil e os problemas que temos de enfrentar: fome e miséria", disse. "Não temos vergonha de falar em desigualdade social, temos vergonha que apesar dos que nos antecederam, ela continue existindo. Por isso, o governo do presidente Jair Bolsonaro lançará um ambicioso e amplo programa social com valores ainda mais altos de seus benefícios", completou o ministro que tomou posse hoje.

O recém-nomeado ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), empregou quase toda sua verba parlamentar - recurso destinado às despesas essenciais do mandato - para abastecer uma aeronave particular. Entre janeiro e julho de 2021, o ex-senador gastou R$263 mil em combustível, o que representa 90% do total de sua cota parlamentar. O montante gasto pelo político piauiense aumentou em 114% em relação ao mesmo período no ano de 2020.

De acordo com o jornal O Globo, entre janeiro de 2019 e julho de 2021, as despesas do mandato de Nogueira ultrapassaram R$ 580 mil, cerca de metade do total desembolsado pelo gabinete, custeado pelos pelos cofres públicos. Desse montante,  90% da verba teria sido destinada à compra de combustível para o seu avião particular.

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Ainda segundo a publicação, em 2021, o político piauiense apresentou notas ao Senado de abastecimento do jatinho em cidades como Florianópolis (SC), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Sorocaba (SP), Palmas (TO) e Paço do Lumiar (MA). Só no último mês de junho deste ano, o senador gastou mais de R$ 65 mil com combustível. 

Ciro Nogueira tem dois jatinhos, ambos da Beech Aircraft. Um deles, em operação, consta de sua declaração de bens de 2018 pelo valor de R$ 2,85 milhões.  A regra para uso da verba indenizatória para transporte aéreo dos senadores diz que os parlamentares têm direito a receber reembolso por cinco passagens aéreas, ida e volta, da capital do Estado de origem a Brasília. O ex-senador não comentou os gastos. 

Em 1976, o novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, tinha apenas oito anos quando seu conterrâneo piauiense, o então deputado federal e presidente da Arena, Francelino Pereira, comemorou o resultado da legenda nas eleições municipais afirmando que ela se tornara "o maior partido do Ocidente". Se, na época, o desempenho celebrado por Francelino (eleito por Minas) era impulsionado pelos métodos da ditadura militar, agora, 45 anos depois, é a vez de Nogueira tentar aproveitar o apoio do Planalto para liderar o projeto nacional do Progressistas (PP) de se tornar o maior partido do País.

Descendente direto da Arena, o PP é presidido nacionalmente por Nogueira, que pretende aproveitar sua entrada num dos principais ministérios do governo de Jair Bolsonaro para deflagrar a estratégia expansionista do partido já nas próximas eleições.

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A ideia do novo chefe da Casa Civil é que o partido consiga eleger a maior bancada de deputados federais no próximo ano - hoje é a terceira maior da Câmara, com 41 - e amplie sua representatividade no Senado (tem sete parlamentares). Se isso ocorrer, vai garantir ao PP uma maior fatia no bolo de recursos vindos do Fundo Partidário e a perspectiva de controle dos principais espaços políticos do Congresso.

Além disso, a legenda quer eleger o maior número possível de governadores, já que hoje administra apenas o Acre, com Gladson Cameli. Esse plano inclui o próprio Nogueira, que é pré-candidato ao governo do Piauí e faz oposição ao governador petista Wellington Dias - seu ex-aliado, que não poderá ser candidato. Nogueira não bateu o martelo sobre a candidatura porque isso abreviaria sua permanência à frente da Casa Civil, já que teria de se desincompatibilizar em abril. Como tem mandato de senador até 2027, poderia se manter no ministério sem precisar disputar eleição, e reassumiria a cadeira, caso Bolsonaro não se reeleja.

Num call com aliados no Piauí, na semana passada, ele comunicou o convite que tinha recebido para ser ministro e pediu a opinião de todos. A conversa incluiu o ex-prefeito de Teresina Silvio Mendes, que pode vir a assumir seu lugar na disputa regional. Os participantes do call apoiaram a entrada dele no ministério e confirmaram que o líder do PP não definiu se manterá a candidatura ao governo.

Presidente. Essa definição passa pela evolução do plano expansionista do Progressistas. Na mesa de negociações está a possibilidade de o próprio Bolsonaro se filiar à legenda para disputar a reeleição. A entrada do presidente é vista no partido como uma oportunidade favorável para aumentar a bancada de parlamentares, uma vez que Bolsonaro traria boa parte de seus aliados.

Ministros e ex-integrantes do governo também negociam para se filiar ao partido na esteira da aproximação com o governo. É o caso do ministro das Comunicações, Fábio Faria, que está deixando o PSD. O comando do PP ofereceu ainda a legenda para o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, e para a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, caso os dois decidam concorrer a cargos eletivos.

O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que estuda concorrer a deputado estadual em São Paulo, também pode retornar à legenda a qual já foi filiado. Hoje, ele está sem partido depois de ter sido expulso do Novo, pelo qual concorreu a deputado federal em 2018, mas ficou com a primeira suplência.

Pragmatismo. Se a aliança com Bolsonaro funciona como um motor para o plano expansionista, o pragmatismo do PP não vai impedir que alianças com a oposição sejam feitas para 2022. A executiva nacional do partido já definiu que as realidades regionais serão respeitadas nos acordos políticos. Isso evita problemas em Estados importantes, especialmente no Nordeste, onde o PP é alinhado a governos de esquerda.

Vice-governador na Bahia, João Leão sonha em se tornar o candidato ao governo com apoio do PT local. A aliança com Leão na cabeça de chapa é improvável, uma vez que os petistas devem lançar o senador Jaques Wagner para a sucessão do governador Rui Costa. Mas Leão acredita que poderá alavancar sua candidatura, pois vai assumir o governo baiano em 2022, caso se confirme a desincompatibilização de Costa para disputar uma vaga no Congresso. Depois de ser vice na chapa petista, Leão e seus aliados acham razoável que o PT os apoiem dessa vez. Mesmo que isso não ocorra, o PP deve se manter alinhado aos petistas.

Leão também foi procurado por Nogueira, que quis ouvi-lo sobre o convite para o ministério. O vice baiano não fez nenhuma restrição e ouviu que não haverá qualquer empecilho da legenda às alianças estaduais. Na prática, os dois lados avaliam que a presença de Nogueira na Casa Civil vai, inclusive, ajudar a alavancar as campanhas dos integrantes do partido, independentemente de que lado da disputa eles estejam.

A estratégia expansionista do PP já conta com outro importante nome no tabuleiro político. O presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), se elegeu para o posto com aval do Planalto e só ampliou sua influência política desde então. Considerado fundamental por Bolsonaro na estratégia de blindagem contra eventual pedido de impeachment, Lira se tornou interlocutor preferencial do presidente. Hoje, o deputado tem voz nas discussões da agenda do governo, incluindo as propostas de reformas tributária e administrativa. Tem também ampla mobilidade nos debates por liberações de emendas orçamentárias e distribuição de cargos.

Lira nega que a chegada de Nogueira à Casa Civil tenha provocado uma disputa entre os dois. Ele elogia a capacidade de articulação política do senador. Parlamentares experientes, porém, alertam que será importante acompanhar como vai ficar a relação entre os dois, já que ambos terão participação importante nas discussões políticas entre governo e Congresso.

O PP se movimenta também para tentar emplacar a senadora Katia Abreu (TO) no Tribunal de Contas da União (TCU), na vaga que poderá ser aberta caso o ministro Raimundo Carreiro confirme a antecipação de sua aposentadoria. Se isso ocorrer, a senadora seria a segunda parlamentar com origem no PP, já que o ministro Augusto Nardes era deputado do partido quando entrou no tribunal. Ela, no entanto, prefere nem discutir a hipótese neste momento. "Quero continuar a cumprir meu mandato de senadora. Oportunidades circunstanciais são avaliadas quando e se surgirem", disse.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender a indicação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) à Casa Civil como uma forma de conseguir maior espaço de governabilidade no Congresso. "Eu tenho que governar com o maior número de parlamentares", afirma, e emenda: "Se eu aleijar um grupo ou outro, eu não tenho maioria nem para aprovar leis ordinárias".

"Nós temos ministérios técnicos. Todos os Ministérios nossos, finalísticos, têm pessoas competentes. Os Ministérios políticos, alguns têm políticos, eu decidi agora por um político na Casa Civil", disse o presidente. Bolsonaro voltou a se defender das críticas às alianças que tem feito. "Melhore no futuro, ou votou nele com que responsabilidade?", declarou em conversa hoje com apoiadores.

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Luiz Inácio Lula da Silva

No discurso para aumentar sua governabilidade, Bolsonaro rebateu as críticas feitas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Rádio Difusora Pai Eterno, de Goiás, na terça-feira (27), que disse que o Brasil está isolado do diálogo internacional devido às bravatas do chefe do Executivo. Lula destacou que Bolsonaro mantém relações conflituosas com países como Uruguai, Paraguai, Argentina, Chile, China, Índia, Rússia, e com o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Sem citar o adversário, Bolsonaro afirmou que "estamos bem com o mundo todo", e justificou: "Há poucas semanas tivemos uma vaga do núcleo permanente do conselho da ONU, e de 190 países, 182 votaram no nosso candidato". "Tá mal com o mundo?", questionou o presidente, que voltou a provocar: "Não foi voto eletrônico, não, viu pessoal".

No início do mês passado, o Brasil foi eleito para uma das vagas rotativas do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A eleição já era esperada, uma vez que o País concorreu sem adversários entre os países latino-americanos.

Eliane Nogueira, mãe do novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, assumiu, nessa quarta-feira (28), a vaga do filho no Senado. Primeira suplente de Nogueira e sem experiência em cargos políticos, Eliane não escondeu a pouca familiaridade com a nova função ao tomar posse.

"Lembro como se fosse ontem do dia em que fui escolhida para ser a primeira suplente de meu filho na chapa que concorreria ao Senado", afirmou a nova senadora em postagem no Instagram. "Apesar de inicialmente espantada, reforcei que estou à disposição para fazer o melhor pelo povo do meu Estado".

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A nova senadora escreveu que os sentimentos de espanto e disposição se repetem agora. "É com esse mesmo sentimento que assumo hoje oficialmente o posto de senadora da República pelo Estado do Piauí".

Na mesma rede social, Nogueira postou uma fotografia com a mãe. "Tive que pedir uma foto com a nova senadora do Piauí", brincou o novo ministro. O senador Elmano Férrer (PI) e os deputados André Fufuca (MA) - presidente interino do Progressistas no lugar de Nogueira - e Iracema Portella (PI), ex-mulher do ministro, também participaram da cerimônia de posse da nova senadora.

Pediu de volta dinheiro apreendido

Apesar de não ter nenhuma experiência em cargo eletivo, Eliane já esteve envolvida, junto com o filho, em uma investigação do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura repasses ao Progressistas para apoiar a eleição de Dilma Rousseff, em 2014. Na época, foram apreendidas na casa da família Nogueira cerca de 11 mil euros e 9 mil dólares. Eliane solicitou ao Supremo que a quantia fosse devolvida, mas o pedido foi negado.

A apreensão foi feita com base em investigação que teve como origem os depoimentos prestados por colaboradores do Grupo J&F, dono da JBS, que disseram ter repassado cerca de R$ 43 milhões ao Progressistas. Os pagamentos, segundo eles, foram repassados em espécie e em doações oficiais a Nogueira, em troca do apoio do partido na campanha para a eleição presidencial de 2014.

Em nota divulgada quando Nogueira foi escolhido para a Casa Civil, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que o senador "foi colocado sob foco de investigação num momento no qual havia, claramente, uma tendência de criminalização da política".

Não é raro senadores terem parentes entre os suplentes. Trata-se de uma prática permitida na legislação eleitoral. Um projeto de lei do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), no entanto, tenta proibir que o candidato a uma vaga no Senado indique parente ou cônjuge para a suplência.

A proposta surgiu após o afastamento do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro na cueca durante operação da Polícia Federal, no ano passado. Na época, quem assumiria o cargo seria seu filho Pedro Rodrigues (DEM-RR), mas ele não chegou a trabalhar. O projeto ainda não tem previsão de ser votado.

A entrada do senador Ciro Nogueira (PI) na Casa Civil, anunciada ontem, representa um movimento político importante para o presidente Jair Bolsonaro em um momento de crescente perda de popularidade do governo. Ao levar o Centrão para a "cozinha" do Palácio do Planalto, Bolsonaro avança várias casas no jogo para barrar o impeachment, atrai apoio no Senado e tenta alavancar sua campanha ao segundo mandato, em 2022. Presidente do Progressistas, Nogueira foi confirmado ministro e capitão do time com a missão de diminuir o desgaste de Bolsonaro - alvo da CPI da Covid -, tirar o governo da rota de colisão com outros poderes e conquistar aliados.

O presidente se reuniu ontem com Nogueira e acertou que ele será o responsável, a partir de agora, pela articulação política do Planalto com o Congresso. Sem partido, Bolsonaro negocia a filiação ao Progressistas e quer contar com a estrutura da sigla PP, forte no Nordeste, em sua tentativa de reeleição.

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Com a estratégia de ceder espaço ao Centrão, o presidente faz a 27.ª mudança na equipe em dois anos e meio de mandato e tira o protagonismo de generais sem voto, como o ministro Luiz Eduardo Ramos, que deixou a Casa Civil e foi deslocado para a menos prestigiada Secretaria-Geral, até então ocupada por Onyx Lorenzoni. Visto como um curinga, Onyx já passou por três pastas e recebeu a promessa de ser transferido para Emprego e Previdência, que será recriado com o desmembramento do Ministério da Economia.

Nogueira é o quarto titular da Casa Civil. Antes dele ocuparam o cargo o próprio Onyx, Walter Braga Netto - hoje ministro da Defesa - e Ramos. Na prática, o senador assume sob a desconfiança da ala militar do governo, que vem perdendo poder. Ao Estadão, Ramos chegou a dizer, na semana passada, que havia sido "atropelado por um trem" ao saber que seria substituído.

Bolsonaro procurou contemporizar o mal-estar, uma vez que Ramos tentou dissuadi-lo da mudança algumas vezes. "O general Ramos é uma excepcional pessoa, é meu irmão. Agora, com o linguajar do Parlamento, ele tinha dificuldade. É a mesma coisa que pegar o Ciro Nogueira e botar ele (sic) para conversar com generais do Exército."

O novo ministro não vê problemas em mudar de lado político. Menos de três anos atrás, Nogueira era aliado do PT. Foi muito próximo dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva - hoje o principal adversário de Bolsonaro - e de Dilma Rousseff. Em 2018, quando Lula estava preso, disse no Twitter que deixá-lo fora da disputa era "tirar do eleitor um direito de escolha". Afirmou, ainda, que iria com o petista "até o fim". "Não podemos abrir mão dos sonhos do presidente Lula de um País melhor para os brasileiros", insistiu.

Naquela campanha, Nogueira usava a hashtag "Sou Lula". No plano regional, o senador sempre foi um aliado do governador do Piauí, Wellington Dias (PT). Réu da Lava Jato, Nogueira responde a cinco processos na Justiça, entre os quais inquéritos que investigam denúncias de propinas recebidas da Odebrecht e da JBS. Ele nega as acusações.

Diante das críticas de que contrariou promessas de campanha ao se casar de papel passado com o Centrão, Bolsonaro respondeu que precisa melhorar a interlocução com o Congresso. "Fomos nos moldando", argumentou ele ontem.

Comissão

A saída de Nogueira da CPI da Covid, onde era titular, põe o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) como suplente da comissão. A cadeira do presidente do Progressistas na CPI será agora ocupada pelo correligionário Luis Carlos Heinze (RS). Nogueira deve tomar posse na Casa Civil na próxima semana. Ao entrar no governo, ele também deixa temporariamente o comando do partido, que passará para o deputado André Fufuca (MA).

"Acabo de aceitar o honroso convite para assumir a chefia da Casa Civil feito pelo presidente Jair Bolsonaro. Peço a proteção de Deus para cumprir esse desafio da melhor forma que eu puder, com empenho e dedicação em busca do equilíbrio e dos avanços de que nosso país necessita", disse Nogueira no Twitter.

Na Câmara, Bolsonaro conta com o presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas-AL) para aprovar projetos e impedir o impeachment, mas até agora não tinha nenhum integrante do Senado na equipe. É ali que serão sabatinados o advogado-geral da União, André Mendonça, indicado por Bolsonaro para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, e o procurador-geral da República, Augusto Aras, candidato à recondução ao cargo.

Nessa reforma da equipe, o presidente aumentou o número de ministérios para 23. Em 2018, sua plataforma de governo previa a redução de pastas e um gabinete enxuto. À época, Bolsonaro fazia críticas contundentes à velha política e ao "toma lá, dá cá", acusava o PT de fisiologismo e prometia jamais lotear o governo.

O general Augusto Heleno, hoje ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chegou a cantarolar uma música trocando o termo "ladrão" por "Centrão". "Se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão", ensaiou Heleno numa convenção do PSL, antigo partido de Bolsonaro, mudando o verso da letra de Reunião de Bacanas.

"Eu sou do Centrão", disse Bolsonaro na última quinta-feira, na esteira das críticas à contradição entre o discurso e a prática, ao lembrar que foi filiado ao Progressistas, então PP, por 11 anos.

Em fase de expansão, o partido de Nogueira está filiando ministros, como Fábio Faria (Comunicações), de saída do PSD. O Progressistas tem atualmente a terceira maior bancada na Câmara, com 41 deputados. No Senado, são sete parlamentares.

Nas eleições municipais do ano passado, a sigla cresceu. Elegeu 685 prefeitos e 6,3 mil vereadores, atrás apenas do MDB, que tem 784 prefeitos e 7,3 mil vereadores. Nogueira administrou até hoje a quarta maior fatia de recursos do fundo eleitoral, que Bolsonaro propõe dobrar para R$ 4 bilhões, no ano que vem. Se o acordo com o Congresso vingar, o Progressistas deve ficar com cerca de R$ 280 milhões para a eleição de 2022. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Terceira aposta do presidente Jair Bolsonaro para a Casa Civil, o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) figura como alvo de duas denúncias criminais e três inquéritos que apuram suspeitas de suborno e distribuição de propinas. O histórico judicial do parlamentar tem paralelo com o perfil que Bolsonaro prometia expurgar ao ser eleito, em 2018, sob a promessa de acabar com a velha política e de romper com fiadores do PT. Nogueira é o presidente do partido que se sagrou como o mais implicado na Operação Lava Jato e ascendeu política e financeiramente durante os governos de Lula e Dilma Rousseff.

Desde que o presidente aprofundou sua ligação com o Centrão para se livrar de pedidos de impeachment e ter governabilidade, o passado de Nogueira foi considerado um mero detalhe pelo Palácio do Planalto. Com a fluidez política que lhe é característica, Nogueira foi de lulista a integrante do primeiro escalão de Bolsonaro e hoje vai se encontrar com ele, para acertar detalhes da posse.

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Para evitar a completa contradição, o presidente desconversa dizendo que poderá abandonar Nogueira em caso de condenação. "Se (Ciro) for julgado e condenado, afasto do meu governo", disse Bolsonaro, ontem.

Na esfera criminal há duas denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o senador, em casos ligados à Lava Jato, ainda pendentes de julgamento. A acusação mais recente é de 10 de fevereiro do ano passado. Nogueira teria recebido R$ 7,3 milhões da Odebrecht para patrocinar interesses políticos da empreiteira, o que a defesa nega. A peça é assinada pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo. Designada pelo Procurador-geral Augusto Aras para conduzir os casos da Lava Jato, Lindôra é considerada próxima do bolsonarismo.

Segundo o MPF, Nogueira chefiava uma organização criminosa instalada no Progressistas. No segundo semestre de 2014, por exemplo, teria pedido R$ 1,3 milhão à Odebrecht. O pagamento foi feito em duas parcelas e registrado no sistema de contabilidade paralelo da empresa sob o codinome de Ciro, que era Cerrado.

A outra denúncia é de junho de 2018, assinada pela então PGR Raquel Dodge. Neste caso, Ciro Nogueira é acusado, junto com outros membros do partido, de tentar subornar uma testemunha para que ela alterasse o depoimento prestado à Polícia Federal no caso conhecido como "quadrilhão do PP". A testemunha, um ex-motorista, teria "observado a prática de diversos crimes" por parte do senador, segundo o MPF.

Esta denúncia está sendo analisada pela Segunda Turma do STF. São dois votos para tornar Ciro Nogueira réu, dos ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia. O julgamento está suspenso desde 2018, quando o ministro Gilmar Mendes pediu vista. O ministro devolveu o processo, mas não há data para que o julgamento seja retomado

Além destas denúncias, a Lava Jato também resultou em três inquéritos contra Nogueira no STF, ainda sem denúncia apresentada. O mais antigo diz respeito a suspeitas de propina que teriam sido pagas a ele pelo Grupo J&F, detentor do frigorífico JBS, em 2014 e em 2016. As outras duas investigações são sigilosas e foram reveladas neste domingo pelo jornal O Globo. Uma delas diz respeito a suposto pagamento de propina de R$ 1 milhão da empreiteira OAS, em troca de apoio a uma medida provisória no Senado; a outra versa sobre a possível uma influência na Caixa para liberar um financiamento à construtora Engevix. O senador nega todas as acusações.

Patrimônio

Desde que foi eleito pela primeira vez para a Câmara, em 1994, ele nunca deixou de ter cargos eletivos em Brasília. O período também marcou o seu crescimento patrimonial. Ao fim do primeiro mandato como deputado, em 1998, Nogueira acumulava R$ 746,9 mil em bens. Em valores correntes, o montante representa um patrimônio de R$ 2,9 milhões. Segundo dados registrados no TSE, eram dois automóveis, metade de um apartamento, uma casa em construção, um terreno e parte de uma empresa.

Na disputa de 2018, quando foi reeleito para o Senado, Nogueira declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 23,3 milhões em bens. A quantia corresponde a R$ 26,4 milhões em valores atuais. A maior fatia (R$ 18 milhões) vem da sua participação na CN Motors, concessionária de motocicletas com filiais no Piauí e no Maranhão. Além de senador, Nogueira e familiares atuam no ramo automotivo e imobiliário. Em Teresina, são conhecidos por serem proprietários de diversos imóveis. Em nota, a assessoria do senador destacou que o patrimônio dele é "rigorosamente auditado pelo TCU" e, além de o senador possuir empresas, herdou bens do pai, "todos devidamente declarados". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi oficializado nesta terça-feira (27) como o novo ministro da Casa Civil a convite do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), é o quarto nome a ocupar o cargo desde o início da atual gestão, em janeiro de 2019. O legado de Nogueira, após 26 anos no exercício contínuo de mandatos no Congresso, é de dois projetos efetivamente convertidos em lei e sancionados pelo governo federal. O balanço é do Congresso em Foco.

Em 2011, Nogueira apresentou projeto de lei que estabelece a identificação genética para os condenados por crime praticado com violência contra a pessoa. A criação desse tipo de banco de dados genéticos é conhecida por ser uma recomendação da Interpol, organização policial internacional. O texto se converteu em lei em 2012, assinado pela ex-presidenta Dilma Rousseff (PT).

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A outra proposta apresentada pelo parlamentar alterou o Código Penal para “modificar o crime de incitação ao suicídio e incluir as condutas de induzir ou instigar a automutilação, bem como a de prestar auxílio a quem a pratique”. O projeto de lei proposto inicialmente previa alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e sofreu alterações durante o trâmite legislativo.

Os dados colhidos nas bases de dados do Congresso pelo site mostraram ainda que Ciro Nogueira apresentou, em 16 anos de Câmara Federal, 19 projetos de lei (PL). O volume cresceu no Senado, com cerca de 140 propostas apresentadas em 8 anos, além de outras duas Propostas de Emenda à Constituição (PEC). Apesar disso, a maioria ainda aguarda tramitação em comissões.

Uma delas pretende alterar a maioridade penal para 16 anos. De acordo com a ementa da PEC 32/2019, além da redução da maioridade penal na hipótese de cometimento de crimes previstos na legislação, se tratando de crimes definidos como hediondos, tráfico de entorpecentes, terrorismo, organização criminosa e associação criminosa, haveria a redução da maioridade para 14 anos.

Outra PEC propõe permitir que o Congresso Nacional escolha a ordem dos vetos que irá analisar. Em uma terceira, que chegou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Nogueira defende a criação de um fundo ambiental para a bacia do Rio Parnaíba, que atravessa o estado do Piauí, estado onde nasceu.

Presidente nacional do Progressistas (PP), Ciro Nogueira, passará a vaga de senador para a mãe, Eliane.

Do centrão à investigação

Nogueira é um dos principais articuladores de todos os governos federais recentes. Ao lado do Progressistas, o novo ministro esteve na base de apoio dos governos de Lula (PT), Dilma (PT), Michel Temer (MDB) e agora de Jair Bolsonaro. No caso do último, de acordo com dados do Radar do Congresso, Nogueira votou 95% em consonância com o governo.

Ademais, o histórico do político consta no centro de investigações como a da Operação Lava Jato. Contra ele, existem dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Um deles, aberto em março de 2017, investiga a participação do parlamentar no esquema de pagamentos de propina pela construtora Odebrecht (hoje Novonor) entre os anos de 2014 e 2015.

Nogueira e o assessor dele, Lourival Ferreira Nery Junior, são acusados de terem ido até São Paulo para receber R$ 6 milhões da empreiteira em troca de apoio político. O caso tem relatoria do ministro Edson Fachin e ainda está em fase de instrução, onde são ouvidas as partes.

Em outro processo, aberto em 2018, o objeto de investigação é o recebimento de R$ 2 milhões em propina da também construtora UTC. Neste caso, Ciro é acusado de obstruir as investigações, junto ao deputado pernambucano Eduardo da Fonte (PP-PE) e o ex-deputado federal Márcio Henrique Junqueira Pereira.

Dois desses casos ainda tramitam em sigilo e também tratam de benefícios a empreiteiras.

O presidente Jair Bolsonaro voltou a informar, nesta segunda-feira, 26, seus afazeres na Agenda Oficial, desde que recebeu alta do hospital Vila Nova Star, em São Paulo, onde ficou quatro dias internado por obstrução intestinal. No entanto, não foi revelado o horário em que haverá a conversa com o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI), próximo chefe da Casa Civil. O encontro deve ocorrer nesta segunda-feira (26).

Em declarações recentes, Bolsonaro disse que teria reunião com Nogueira para "alinhar ponteiros" antes de oficializar a nomeação. Às 10h, o presidente se reúne com o ministro do Turismo, Gilson Machado, e depois terá encontros com o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, às 10h30, e com o subchefe para assuntos jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência da República, Pedro Cesar Sousa.

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou, nesta quinta-feira (22), que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) é quem deve assumir o Ministério da Casa Civil. Demitido do cargo, Luiz Eduardo Ramos será mantido no governo como "ministro palaciano", com posto na Secretaria-Geral da Presidência da República.

"Realmente deve acontecer na semana que vem, está praticamente certo. Nós vamos colocar um senador na Casa Civil que pode manter um diálogo melhor com o Congresso. Eu conversei com ele já e ele aceitou", disse o presidente em entrevista à Rádio Banda B.

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A oficialização da nomeação deve ocorrer na segunda-feira, quando o parlamentar retorna do recesso e terá encontro com o presidente para "acertar os ponteiros". "É uma pessoa que eu conheço há muito tempo. Ele chegou em 1995 na Câmara e eu cheguei em 91. E eu fui, em mais da metade do meu tempo de parlamentar do partido Progressistas, que é o partido do Ciro Nogueira, então não teremos problemas", disse Bolsonaro.

Réu na Lava-Jato, Nogueira é representante do chamado 'centrão', ala mais fisiológica da política nacional e tem o controle sobre a máquina partidária do PP. Sua nomeação à Casa Civil faz parte de estratégia do governo para ampliar a base de apoio no Congresso, onde a sigla tem dez representantes, na Câmara, e sete no Senado.

Nogueira foi aliado de Lula, principal antagonista de Bolsonaro no horizonte eleitoral de 2022. Em 2017, às vésperas do pleito presidencial de 2018, chamou o atual presidente de fascista e declarou apoio ao petista, a quem se referiu como o melhor presidente da história. Enalteceu programas sociais de transferência de renda, como Bolsa Família, responsável, em sua avaliação, por melhorar indicadores socioeconômicos do Nordeste, e o programa de moradias populares Minha casa Minha Vida.

"Lula é o melhor presidente da história deste país, principalmente para o Piauí e para o Nordeste. Por mais que eu tenha que pensar no Brasil, eu não me vejo votando contra o Lula, por tudo que ele fez, por tudo que ele tirou de miséria desse povo, pelo combate à fome", disse na ocasião. Em seguida afirmou: "É o meu candidato", disse o cacique do PP em entrevista.

Considerado "coringa" no Planalto, Onyx Lorenzoni será transferido para o Ministério do Emprego e Previdência, que será criado a partir do desmembramento da Economia. A concentração de atribuições sob o controle de Paulo Guedes é mais uma promessa de campanha deixada de lado em nome de alianças com o 'centrão'. Bolsonaro tentou argumentar que não haverá uma nova pasta, já que o Banco Central perdeu status de ministério.

"Eu fiz uma reforma ministerial há poucos meses e só ficaram sabendo no dia. Essa, como não tinha problema falar, não nos preocupamos com possíveis vazamentos. O Onyx, que eu chamo de coringa, vai para um novo ministério. Não vai ser aumentado o número de ministérios. Como o Banco Central perdeu esse status há dois meses, nós restabelecemos os 23 ministérios", disse.

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), declarou, nesta quarta-feira (21), que hoje são os partidos do centrão que governam o Brasil. Segundo ele, a configuração do Congresso Nacional é um “atraso de vida”.

“Se a democracia vencer em 2022, podemos fazer uma grande reflexão sobre que tipo de governo avançado, moderno, é possível no país. Basta olhar para o Congresso para ver que os limites são enormes. Aquele Congresso é um atraso de vida impressionante”, disse Haddad em entrevista ao UOL.

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Para o petista, que chegou a disputar o segundo turno das eleições presidenciais em 2018, o “centrão está no paraíso, no que entendem. Agora o projeto é deles, eles estão desenhando o país à sua imagem”.

“Depois de tudo que remamos, onde fomos parar? Na praia do passado, que queríamos ter superado. De coadjuvante virou ator principal. Ciro Nogueira. Arthur Lira, Ricardo Barros… Essa gente que está mandando no país ou não? Eles vão estar na base de Bolsonaro até o fim. Eu apostaria inclusive que Bolsonaro deve se filiar ao PP”, continuou, citando o líder do centrão no Senado e possível novo ministro da Casa Civil, o presidente da Câmara e o líder do governo na Câmara.

Apesar das duras críticas, Haddad defendeu o sistema de governo presidencialista, e frisou que “a representação não tem nada a ver com o Congresso”. O debate ganhou centralidade nas últimas semanas, após a reportagem do jornal O Estado de São Paulo revelar que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), articula com aliados a mudança de sistema político através de uma PEC (proposta de emenda à Constituição).

“Não gosto de solução parlamentarista no Brasil, acho que a escolha plebiscitária do chefe é uma forma de dialogar de forma adequada”, disse ainda Fernando Haddad, que foi questionado sobre a possível candidatura ao governo de São Paulo. O político, no entanto, não deu certeza sobre a pré-candidatura.

Em declaração dada no início da noite desta segunda-feira (31), no Palácio do Planalto, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos  disse que não está nada certo em relação a realização da Copa América no Brasil.

Segundo o ministro, ao receber a demanda da CBF, ele encaminhou ao presidente Jair Bolsonaro, que ordenou uma reunião com as pastas da Saúde, Justiça e Infraestrutura, entre outras, para debater a realização do torneio.

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“Estamos em meio a uma pandemia, mas estão ocorrendo jogos em todo o Brasil, fora que acabou na semana passada os campeonatos estaduais. Então, com relação à realização dos jogos da Copa América, quee serão poucos, não sei porque algumas pessoas se pronunciaram contra o evento”, disse o ministro.

“Não vamos nos furtar a uma demanda que caso seja possível de atender”, completou. Caso a Copa América seja confirmada, Ramos garantiu que a competição não terá público e que as seleções devem ser vacinadas, totalizando 650 doses.

A lista elaborada pela Casa Civil com 23 acusações e críticas ao desempenho do governo federal no combate à pandemia - que podem vir a ser usadas para a defesa do governo na CPI da Covid no Senado - chamou a atenção de juristas para ao menos um crime de responsabilidade: violação a um direito ou garantia individual. A avaliação é de quatro professores de Direito ouvidos pelo Estadão.

O dispositivo em questão é o artigo 7.º da Lei 1.079/50, a chamada Lei do Impeachment. O artigo diz que é crime de responsabilidade violar qualquer direito individual e social. Para os especialistas, o direito à saúde e à vida se encaixa nas duas definições. A crise de oxigênio no Amazonas, o uso de recursos públicos para promover medicamentos sem eficácia científica comprovada e o atraso nas negociações para compra da vacina da Pfizer estão entre as situações que podem ser enquadradas na lei, segundo eles.

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"Qualquer atuação do Executivo que vá em sentido contrário à garantia da saúde é uma violação da Constituição, e isso é um crime de responsabilidade que pode fundamentar a abertura de um processo de impeachment", disse a defensora pública e professora de Direito Constitucional na PUC-SP Mônica de Melo. O professor Gustavo Badaró, da Faculdade de Direito da USP, concordou. "Para os crimes de responsabilidade, não importa conseguir comprovar uma ou dez situações em que houve infração. Se um crime de responsabilidade estiver bem caracterizado, já tem o mesmo efeito: perda de mandato."

Para Roberto Dias, professor de Direito Constitucional da FGV, a CPI pode investigar a quebra de decoro, infração que também está prevista entre os crimes de responsabilidade. Ele citou a live em que o presidente Jair Bolsonaro imitou uma pessoa com dificuldades para respirar - situação que, de acordo com o professor, pode ser entendida como deboche das mortes por covid-19. "O artigo 9.º da lei que trata de crimes contra a probidade na administração, em seu inciso 7.º, fala sobre proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo."

O professor Marcelo Erbella, especialista em Direito Penal na PUC-SP, avaliou que seria necessário "ir ao extremo" para imputar um crime comum ao presidente da República, porque seria necessário obter provas contundentes, identificar vítimas e mostrar uma relação direta entre um ato de ofício da Presidência e mortes em hospitais. "Não vejo como algo impossível, mas a construção da prova é muito difícil." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quarta-feira (28), que irá se vacinar contra a Covid-19 "depois que o último brasileiro tomar a vacina". "Tem gente apavorada. Então tome a vacina na minha frente. Eu sou chefe de Estado e tenho que dar exemplo. Meu exemplo é esse: já que não tem (vacina) para todo mundo, (quero) deixar que tomem na minha frente. Sempre foi assim. Sou o último a 'comer no quartel'", afirmou o mandatário.

As declarações foram dadas por Bolsonaro a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada ao lado do ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos. Na terça-feira (27), Ramos disse que se vacinou "escondido" contra a Covid-19 por "orientação" e para "não criar caso".

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Sem saber que era gravado durante em reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu), o ministro também afirmou que está "pessoalmente envolvido" nos esforços para tentar "convencer o presidente" a tomar a vacina.

O vice-presidente Hamilton Mourão negou, nesta quarta-feira (28), que exista uma orientação do governo quanto à vacinação de membros do Executivo. Na terça-feira, o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirmou que recebeu o imunizante "escondido", conforme orientação.

"Essa recomendação não existe, porque o ministro Paulo Guedes (da Economia) foi filmado tomando vacina. Eu também. Outros ministros também, uma turma mais nova aí. A ministra Tereza Cristina (da Agricultura) também já foi vacinada, então acho que é bobagem isso", declarou Mourão na chegada à vice-presidência nesta manhã.

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"Não tem essa orientação (para não se vacinar). Isso não existe", reforçou. Aos 67 anos, Mourão recebeu a segunda dose da vacina na segunda-feira (26). Questionado sobre a fala de Ramos de ontem, o vice-presidente disse não saber o motivo da declaração e informou não ter conversado sobre o assunto com o ministro.

Em reunião do Conselho de Saúde Suplementar (Consu) nesta terça-feira, Ramos disse: "Tomei (a vacina) escondido, né, porque era a orientação, mas vazou (...). Não tenho vergonha, não. Vou ser sincero: eu, como qualquer ser humano, quero viver".

A fala foi gravada e transmitida ao vivo nas redes sociais do Ministério da Saúde, que depois apagou a publicação. Depois, o ministro afirmou no Twitter que foi vacinado, mas "não quis fazer desse momento individual um ato político". O general disse ainda que estão inventando "crise onde não existe".

O ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, afirmou nessa terça-feira (27), que tomou "escondido" a vacina contra a Covid-19, por "orientação", para "não criar caso". Sem saber que era gravado, Ramos disse, em reunião do Conselho de Saúde Suplementar, que também tenta convencer o presidente Jair Bolsonaro a receber a vacina.

"Tomei escondido, né, porque era a orientação, mas vazou (...) Estou envolvido pessoalmente, tentando convencer o nosso presidente (a tomar a vacina), independentemente de todos os posicionamentos. Nós não podemos perder o presidente para um vírus desse", observou o titular da Casa Civil, que tem 64 anos. "A vida dele, no momento, corre risco", admitiu Ramos. Na reunião, Paulo Guedes, titular da Economia, disse que "o chinês" criou o vírus da Covid-19.

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Ramos disse não ter "vergonha" de ser imunizado. "Vou ser sincero. Eu, como qualquer ser humano, quero viver. Tenho dois netos maravilhosos, uma mulher linda. Tenho sonhos ainda. Quero viver, porra! Se a ciência, a medicina, está dizendo que é vacina, quem sou eu para me contrapor?", indagou. Na reunião, o ministro afirmou que a pandemia é "uma praga", que está "ceifando vidas". Disse que a doença não tem "partido".

Aos 66 anos, Bolsonaro poderia ter sido vacinado desde o dia 3 no Distrito Federal. Afirmou, porém, que já está imunizado e só o fará "depois que o último brasileiro" tiver sido vacinado.

No Twitter, Ramos disse que inventam "crise onde não existe". "Como tomei vacina escondido se saiu na imprensa?", perguntou, embora a frase sobre a "orientação" esteja gravada.

O atual diretor executivo da Polícia Rodoviária Federal, José Lopes Hott Junior, foi dispensado da função e nomeado para exercer o cargo de subchefe adjunto executivo da Subchefia de Análise e Acompanhamento de Políticas Governamentais da Casa Civil. Os atos de dispensa e nomeação estão publicados em edição extra do Diário Oficial da União que circula na noite desta sexta-feira, 23.

A publicação traz ainda a exoneração a pedido de Rodrigo Pereira de Mello do cargo que será agora ocupado por José Lopes Hott Junior na Casa Civil.

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As mudanças no ministério do governo de Jair Bolsonaro trouxeram à tona a influência de um amigo do presidente desde os tempos da Escola de Cadetes do Exército. O general da reserva Luiz Eduardo Ramos operou, em parceria com o também general Walter Braga Netto, a missão dada por Bolsonaro de demitir a cúpula das Forças Armadas e consolidar a aliança com o bloco dos partidos do Centrão.

Foi num encontro no último domingo de março, na casa de Braga Netto, em Brasília, que Bolsonaro decidiu substituir o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e o comandante do Exército, Edson Pujol. Ramos, então titular da Secretaria de Governo, estava presente. A troca abalou a caserna e alterou as posições de poder no governo. Braga Netto foi nomeado para a pasta militar e Ramos herdou a cadeira do amigo na chefia da Casa Civil.

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Na prática, a dupla resolveu a crise no Ministério da Defesa por meio de conceitos e procedimentos militares, de Estado-Maior. Para conter o descontentamento com a saída de Azevedo e Silva, de Pujol e dos então comandantes da Marinha, Ilques Barbosa, e da Aeronáutica, Antônio Carlos Bermudez, Braga Netto e Ramos trataram de fazer uma gestão de redução de danos: montaram a sucessão em menos de 24 horas com nomes respeitados tanto pelas tropas quanto pelos Altos Comandos.

Interlocutores do Palácio do Planalto observam que a dupla formada pelo bonachão Ramos e pelo reservado Braga Netto demonstrou, nos últimos meses, entrosamento nas "missões" ordenadas por Bolsonaro. Como consequência da operação discutida naquele domingo, os dois generais ficaram com ministérios estratégicos.

A Casa Civil coordena as atividades das demais pastas. O ministro-chefe sempre atua como braço direito do presidente. Tem poder no controle das nomeações de cargos e na distribuição de verbas. Ao mesmo tempo em que travou duelo com colegas militares, entrosado com o presidente, Ramos selou sua ligação com Bolsonaro ao construir a aliança com o Centrão.

Ofensiva

Em fevereiro, o general coordenou uma ofensiva que despejou R$ 3 bilhões em emendas parlamentares para obras, atropelando articulações no Congresso. Com a estratégia, garantiu as vitórias de Arthur Lira (Progressistas-AL), líder do Centrão, para o comando da Câmara, e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) à presidência do Senado. Ouviu elogios de Bolsonaro, que chegou a dizer que ele ficaria com a "jaca" da articulação política, como mostrou o Estadão.

Pressionado pelo Centrão, no entanto, Bolsonaro decidiu nomear a deputada Flávia Arruda (PL-DF) para a Secretaria de Governo, pasta antes chefiada por Ramos. Flávia era um nome ao gosto do general e, principalmente, de Lira, que já tinha indicado a deputada para presidir a Comissão Mista de Orçamento. Assim, o Centrão passava a ter sala oficial dentro do Planalto. A troca também foi discutida na casa de Braga Netto naquele 28 de março. Braga Netto chegou ao Planalto em fevereiro de 2020 para ocupar a Casa Civil, após atuar como interventor federal na segurança pública do Rio de Janeiro, em 2018, no governo Temer. De forma pragmática, ele e Ramos passaram a trabalhar em dobradinha. Mas o novo chefe da Casa Civil, amigo de longa data de Bolsonaro, ganhou fama de exagerar na adulação ao presidente.

Ramos deixou a caserna, em julho de 2019, para assumir o primeiro cargo no Planalto, a Secretaria de Governo. Nessa época, ele já demonstrava disposição para o jogo político. "Quem controla o Estado-Maior controla qualquer coisa", dizia o general, sempre que amigos lhe perguntavam se iria se adaptar às turbulências do Planalto.

Aos 64 anos, Ramos tem um currículo extenso nos quartéis e gabinetes da burocracia militar. Mas, ao contrário do que sugere a frase dita sobre o poder, ele não chegou oficialmente ao comando do Estado-Maior do Exército, o influente órgão que planeja a política de uso das tropas e define diretrizes militares. Ramos foi vice do general Azevedo e Silva, comandante oficial em 2018 e 2019.

Militares que o conhecem há tempos dizem que ele não perde a chance de reivindicar o controle de espaços e superdimensionar suas posições políticas. É inegável, porém, que Ramos desfruta da intimidade do presidente. Trata-se, por exemplo, de um dos únicos ministros que o chamam de "Jair", embora nunca o faça em público.

Paraquedista como Bolsonaro, Ramos se formou, em 1979, pela Academia das Agulhas Negras, foi chefe da 1ª Divisão do Exército no Rio e da 11ª Região Militar de Brasília. De 2011 a 2012, comandou a Missão de Paz da ONU no Haiti, estratégia da política externa dos governos petistas que empoderou a geração de generais do período democrático. Em Porto Príncipe, sua habilidade de negociação foi decisiva para acelerar o processo de pacificação de Cité Soleil, núcleo rebelde onde a força da ONU tinha dificuldade para entrar.

Na campanha do amigo Bolsonaro, em 2018, Ramos estava à frente do Comando Militar do Sudeste, em São Paulo. A função é considerada estratégica pela proximidade com o poder econômico. Um cargo que exige menos aptidão de tiro e mais concentração em política do Exército.

'Fofoca'

Deputados e senadores da base aliada do Planalto e mesmo integrantes do governo reclamam que o general "planta" informações e alardeia notícias sem fundamento. Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, chegou a escrever no Twitter que Ramos tem postura de "#mariafofoca". Depois, pediu desculpas pelo "excesso". Ramos nunca responde aos ataques em público, preferindo o silêncio, sob o argumento de que não age para prolongar "crises artificiais".

Agora, colegas de Bolsonaro e do general desde os tempos de quartel apostam que, pela antiga amizade entre os dois, o novo chefe da Casa Civil somente entrará na lista de defenestrados pelo presidente se houver mesmo um terremoto político.

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