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Aconteceu, nesta terça-feira (30), a primeira fase da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Ao todo, 18,3 milhões de alunos de todo o Brasil participaram da aplicação da prova e aguardam pelo seu resultado.

O edital da Olimpíada deste ano define o dia 30 de junho para divulgação do gabarito oficial da prova, onde os estudantes já podem ir conferindo seus erros e acertos pelo site da própria OBMEP. As notas oficiais estão previstas para o dia 8 de agosto, com a classificação dos que irão para segunda fase.

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A segunda fase da competição está marcada para acontecer no dia 7 de outubro e o resultado final com os premiados para o dia 20 de dezembro.

A Comissão de Educação (CE) do Senado Federal aprovou, nessa terça-feira (23), uma proposta de lei que proíbe que as escolas públicas exijam material individual ou coletivo aos alunos.

A senadora Dorinha Seabra (UB) defende que o objetivo do projeto é evitar constrangimento aos pais e responsáveis que por ventura não tiverem condições de arcar com os eventuais custos.

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“Que não exista exigência de material escolar, ou individual ou coletivo, como forma de que em muitos casos impedem a frequência e a permanência da criança na escola, que é o maior objetivo nosso. Nós queremos não só garantir o acesso , mas garantir a permanência. Nenhum instrumento pode ser utilizado como forma de justificar a ausência ou constrangimento de crianças e jovens na escola”, apontou a senadora ao anunciar a aprovação da matéria.

A proposta é do senador Romário (PL-RJ), e segue agora para a avaliação da Câmara dos Deputados.

Pauta fortemente defendida pela comunidade LGBTQIA+, a linguagem neutra é classificada como um meio de inclusão para pessoas que não se identificam com o gênero feminino, tampouco com o masculino. Contrários ao uso no ambiente escolar, a ala conservadora da sociedade tenta, principalmente no âmbito político, barrar o andamento dessa pauta progressista. 

Nesta terça-feira (23), será votado, na Câmara dos Vereadores do Recife, um Projeto de Lei de autoria do vereador Fred Ferreira (PSC), que visa proibir a linguagem de gênero não definido nas escolas da Rede da cidade. Em sua justificativa do projeto, o legislador lembra que a utilização de linguagem neutra é condenada por vários estudiosos, como a Presidente da Academia Argentina de Letras, Alicia Zorrilla. Em junho passado, a Argentina proibiu o uso desse tipo de flexão da língua, após um amplo debate.

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“Não tem sentido essa alteração. A Língua Portuguesa é perfeita e ampla. Só não é democrática para quem pretende utilizá-la para militância ideológica e agenda   política, modificando a realidade para moldá-la a seus propósitos escusos”, destaca o vereador.

Visão política

Favorável ao uso do pronome agênero, a vereadora Cida Pedrosa (PC do B) destaca a vivacidade da língua como um dos motivos para não se opor à iniciativa, já que, segundo ela, se adota a necessidade de comunicação da sociedade.

“A importância da linguagem neutra é que ela dá representatividade aos vários sujeitos da sociedade dentro da própria língua, que é algo vivo e vai se adaptando à realidade conforme as pessoas vão falando. A língua portuguesa, como qualquer língua, só existe se ela tiver a vivacidade de acolher aquilo que a sociedade pensa enquanto comunicação”, diz.

Enquanto professora, a vice-presidente da Câmara do Recife, Ana Lúcia (Republicanos), é contrária ao uso da neutralidade de gênero nas salas de aula. Segundo ela, é necessário que que se faça educação baseados no que está pedagogicamente construído por profissionais da educação em parceria com as famílias.

"Não temos que estar preocupados com linguagem neutra, temos que estar preocupados com a linguagem gramatical. Quem é professora alfabetizadora, como eu sou, sabe que existe um processo de apropriação da escrita e da leitura, então, nossa preocupação está nisso, em fazer com que as crianças decodifiquem a escrita e aprendam a escrever. É sobre o processo de leitura e escrita que o professor deve estar preocupado, sobretudo nas fases iniciais. No decorrer de toda a escolaridade, eu tenho que tratar em sala de aula o que está posto na gramática, nossa língua portuguesa já traz toda sua estrutura", ponta.

"Esse tipo de linguagem em sala de aula não vai acrescentar em nada no aprendizado dos alunos a não ser confundi-los. Imaginem o que é para uma professora alfabetizadora ensinar todos e ‘todes’? A linguagem entre povos é baseada no momento em que a sociedade está vivendo, e se as pessoas querem se tratar de determinada forma, em determinado grupo, que tratem, mas em sala de aula, não podemos atropelar a gramática", acrescenta.

Linguagem neutra é respeito à individualidade, segundo professora

Para a professora de português Josicleide Guilhermino, a questão de linguagem vai muito além da pauta educacional. Muito além de palavras e pronomes, segundo ela, trata-se de respeitar a individualidade de cada um, respeitando suas escolhas.

“A questão da linguagem neutra é um fenômeno como tantos outros, agora, se ela será validada ou não pela escrita, só o tempo dirá. Digo isso, porque um dos argumentos que tem se levantado contrários a linguagem neutra é que ela não encontra respaldo na gramática, e de fato não encontra, mas sempre foi assim; temos uma língua que data aproximadamente 800 anos, ao passo que, a primeira gramática do português, data do século 16, portanto, a gramática sempre foi posterior a língua “, afirmou.

“Enquanto profissional, estudiosa da língua, só me cabe entender o fenômeno e se o tempo irá efetivar ou não a validação dele. Mas, particularmente, acredito que nem seria necessária toda essa polêmica se tivéssemos minimamente a compreensão de como a língua se estrutura e a questão da empatia e do respeito pela condição do outro” acrescenta a docente.

A professora destaca, ainda, a ausência da escuta de profissionais da Educação sobre o tema antes de pautar projetos de lei que tratem sobre o âmbito educacional.

“Parece que qualquer um pode falar sobre educação. Ninguém vota um projeto de Lei sobre saúde ou para a área jurídica sem ouvir os profissionais da área, mas temos a Câmara votando um PL sendo que, até agora, não visualizei profissionais da educação serem ouvidos nesse sentido para que se expresse, efetivamente, os anseios da sociedade”, conclui.

Garantir ampla diversidade étnico-racial e a inclusão do povo negro nas escolas são antigos desafios na educação básica brasileira. Apesar de serem maioria no País, representando 56% da população, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as pessoas negras ainda têm obstáculos para ocupar espaços no ambiente escolar e concluir os estudos de forma bem-sucedida. Esse problema passa pelo descumprimento da Lei 10.639/03, que obriga o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas.

Promulgada há 20 anos, em 2003, até hoje a lei tem sido negligenciada por diversos municípios. Pesquisa dos Institutos Alana e Geledés mostrou que sete em cada dez secretarias municipais de Educação realizam pouca ou nenhuma ação para implementar a legislação, que busca fomentar a educação antirracista nas escolas; só 29% delas têm ações consistentes e perenes para garantir a implementação da lei.

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Embora esteja ligada a questões de currículo, segundo especialistas, a Lei 10.639 representou um momento importante para a educação no País, de valorização da cultura afro-brasileira e de maior reflexão sobre a inclusão. A partir dela, a gestão pública e as instituições de ensino passaram a ver o ambiente escolar como espaço de combate ao racismo e de conscientização. "Quando temos um imaginário sobre a importância do povo negro na construção social, econômica e política do Brasil, a gente passa a valorizar mais a nossa cultura e a nossa história. A lei é uma ferramenta crucial para o desenvolvimento de políticas públicas mais democráticas", diz Beatriz Benedito, analista de políticas públicas do Instituto Alana.

Ações concretas

Para ser mais inclusiva, a escola precisa valorizar o legado do povo afro-brasileiro na sociedade e traduzir essa proposta em ações concretas para alunos e docentes durante o ano inteiro, e não somente de maneira pontual. É o que pensa Míghian Danae, professora da Universidade da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira do câmpus dos Malês em São Francisco do Conde, na Bahia.

"Esse debate não é opcional, é obrigatório desde 2003. Essas mudanças devem se refletir no dia a dia da escola, e as professoras e professores precisam ser capacitados para transmitir esses conhecimentos para os alunos", afirma.

Um exemplo desse trabalho é realizado desde 2014 na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Carolina Maria de Jesus, em São Paulo. Todo ano, as crianças participam de um projeto que visa a apresentar a diversidade dos povos que compõem o Brasil. Elas pesquisam etnias africanas e povos originários e depois compartilham os resultados entre si e com a comunidade.

Por meio de brincadeiras, jogos, literatura e música, a instituição busca conscientizar e educar os alunos. "Assim, ao longo do ano, eles vão desenvolvendo um repertório repleto de referências das etnias indígenas e afro-brasileiras. Queremos que os alunos se sintam representados, permitindo que construam uma imagem positiva sobre si mesmos e sobre seus pares desde a infância", diz Diego Benjamim Neves, diretor da escola e mestre em Educação pela Universidade Federal de São Paulo.

Outra iniciativa nesse sentido é a distribuição na escola de imagens de personalidades negras brasileiras que se destacaram nas mais diversas áreas. "Cada porta das salas de aula tem um adesivo com foto e nome de uma escritora negra, por exemplo, artistas e outras figuras importantes no nosso País", afirma o educador.

A escola sempre teve o apoio da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. A pasta realiza diversas ações, como palestras e cursos de formação para os docentes, além de ofertar materiais com orientações específicas sobre as relações étnico-raciais.

Para João Paulo Cêpa, gerente de articulação e advocacy do Movimento pela Base, a escola pública precisa do apoio das secretarias para se tornar mais inclusiva. "Temos de olhar para a escola como parte de um sistema. A secretaria tem função importante nessa estrutura, com a missão de fortalecer as escolas, tornando a discussão sobre relações étnico-raciais algo elementar no planejamento curricular."

No início de maio, o Movimento pela Base lançou o e-book "Educação antirracista: O que é e como colocar em prática", mais um material com o intuito de orientar professores, para que se aprofundem no letramento racial e desenvolvam o debate nas escolas. O conteúdo traz referências, dicas de leitura, cursos e webinars voltados ao tema, com o objetivo de promover o cumprimento da Lei 10.639.

Particulares

Nas escolas particulares, a missão da inclusão também deve ser algo perene e sistematizado. Segundo a professora Míghian, é importante envolver as instituições de ensino privadas nesse debate e monitorar o cumprimento da legislação. Por muitos anos, a maioria dos colégios só tinha ações isoladas sobre a questão racial, principalmente no mês de novembro, em alusão à Consciência Negra - em muitos casos ainda é assim.

Porém, algumas escolas já veem a inclusão e o combate ao racismo como elemento primordial na construção do currículo e do planejamento político pedagógico. Em 2020, teve início uma mobilização de um grupo de famílias em São Paulo por mudanças concretas em colégios da capital, como Vera Cruz, Santa Cruz, Oswald de Andrade, Escola da Vila, Gracinha e Equipe, entre outros. Ao longo dos últimos anos, currículos foram reformulados, docentes e gestores tiveram cursos formativos e as instituições passaram a contratar mais profissionais indígenas, negras e negros, além de distribuir bolsas para alunos pertencentes a essas etnias, com mensalidade, material, transporte e passeios pagos pela escola.

Thayla, de 14 anos, Thavily (12) e Thayler (11) estudam no Colégio Oswald de Andrade e ingressaram por meio das bolsas de estudo. O benefício passou a ser ofertado em 2022, quando entraram oito estudantes bolsistas. Neste ano, mais dez foram contemplados, totalizando 18. "Nem em sonho, nunca imaginei que meus filhos pudessem estudar num colégio como o Oswald. Esse projeto foi uma grande iniciativa para garantir o estudo para pessoas de baixa renda e incluir a nós, pessoas negras", diz Luciana Salles, diarista e mãe das três crianças.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do evento de lançamento de programa de escolas de tempo integral, em Fortaleza, capital do Ceará, nesta sexta-feira, 12. O evento também contou com a presença do ministro da Educação, Camilo Santana, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Nesta manhã, Lula sancionou o projeto de lei que abre crédito especial de R$ 7,3 bilhões para o Ministério da Saúde para assistência financeira complementar aos Estados, Distrito Federal e municípios para o pagamento do piso salarial da enfermagem. Os recursos serão distribuídos aos entes federativos através do Fundo Nacional de Saúde. O novo piso salarial da categoria de enfermagem passa a ser de R$ 4.750. Os técnicos de enfermagem receberão pelo menos 70% desse valor (R$ 3.325) e os auxiliares de enfermagem e parteiras, 50% (R$ 2.375).

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De acordo com Lula, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, deve regulamentar a distribuição da verba na segunda-feira, 15, ou terça-feira, dia 16.

O investimento previsto para as escolas de tempo integral é de R$ 4 bilhões a Estados e municípios para expandir matrículas nas redes e tem expectativa de ampliar em 1 milhão de matrículas a oferta de tempo integral nas escolas de educação básica do País. A ação é destinada a todos os entes federados, que poderão aderir e pactuar metas junto ao MEC, por meio do Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec).

De acordo com nota divulgada pelo Palácio do Planalto, na primeira etapa, o MEC vai estabelecer, junto a Estados e municípios, as metas de matrículas em tempo integral, que oferecem jornada escolar igual ou superior a sete horas diárias ou 35 horas semanais. Os recursos serão transferidos levando em conta as matrículas pactuadas, o valor do fomento e critérios de equidade. O compromisso do governo é alcançar mais de 1 milhão de estudantes.

Já nas etapas seguintes, o programa irá implementar estratégias de assistência técnica junto às redes de ensino para a adoção do tempo integral com o objetivo de reduzir desigualdades. Estão previstas ações para formação de educadores, orientações curriculares, entre outras.

A Prefeitura de Salvador, capital da Bahia, divulgou, nesta segunda-feira (8), o início de um pacote de ações e investimentos voltados à educação pública do município, com foco na alfabetização, cuidado e formação. O projeto conta com um aumento nos profissionais para auxiliar na alfabetização, aumento de veículos e agentes integrantes da ronda escolar, além da criação de um centro de formação para professores.

A iniciativa ainda prevê a contratação de 40 psicólogos e desenvolvimento de estratégias para disponibilizar assistência emocional aos educadores. A construção do centro de formação de educadores irá focar na qualificação continuada a professores, coordenadores pedagógicos, gestores, chefes de secretaria e demais profissionais da educação.

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O projeto também trabalha para atualizar o material da rede municipal para alfabetização na idade certa, com inovações do projeto Conectividade e Educação Digital e aquisição de material específico para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Mochilas foram posicionadas na manhã desta terça-feira (2) no gramado do Congresso Nacional, em Brasília, para homenagear vítimas de violência nas escolas. Segundo o movimento Avaaz, responsável pelo ato, 35 pessoas morreram desde 2012 em ataques registrados em colégios no país. 

Uma pesquisa encomendada pelos organizadores do ato aponta que 93,7% dos brasileiros acreditam que as redes sociais não são seguras para crianças e adolescentes, enquanto o que o Avaaz se refere como “uma ampla maioria” dos entrevistados acha que a falta de regulação contribuiu para os recentes ataques nas escolas. 

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O ato ocorre no dia em que o Projeto de Lei 2630, popularmente conhecido como PL das Fake News, deve ser votado na Câmara dos Deputados. Na última terça-feira (25), parlamentares aprovaram regime de urgência para a matéria. Ainda resta dúvida, contudo, se há consenso entre líderes partidários para que o texto seja votado.

Responsabilização

O PL das fake news aguarda votação dos deputados desde junho de 2020, quando foi aprovado pelo Senado. O texto prevê a transparência de redes sociais e de serviços de mensagens privadas, sobretudo quanto à responsabilidade dos provedores no combate à desinformação. A proposta também determina o aumento da transparência em relação a conteúdos patrocinados e à atuação do poder público.  

A matéria estabelece prisão de um a três anos e multa para quem promover ou financiar a disseminação em massa de mensagens que contenham “fato que se sabe inverídico” e que possa comprometer a “higidez” do processo eleitoral ou causar dano à integridade física. Além disso, as plataformas terão de publicar regularmente relatórios semestrais de transparência com informações sobre a moderação de conteúdo falso.

O Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), em vigor desde 1995, recebeu reajuste do Ministério da Educação (MEC), junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de 48% do valor fixo por escola após um ano sem correção.

O projeto oferece auxílio financeiro para escolas públicas do país para ajudar com os custos de manutenção, infraestrutura, funcionamento e melhoria na gestão e ensino. Além do valor fixo estabelecido, as unidades escolares também recebem uma quantia específica que varia pela quantidade de estudantes que cada unidade atende.

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Em 2023, o programa recebeu, além do reajuste, a novidade de repasse único das duas parcelas do PDDE Básico, que eram enviadas apenas nos meses de abril e setembro. As escolas urbanas recebiam o PDDE Básico no valor de R$ 1.250,00, que agora passa a ser R$ 1.850,00. Já nas áreas rurais, o valor que era de R$ 2.500,00, cresceu para R$ 3.700,00.

Com esse aumento de 48%, o valor acumulado a ser distribuído neste ano deve ultrapassar o total de R$ 1 bilhão, valor que deve ajudar cerca de 38,4 milhões de estudantes matriculados em quase 139 mil escolas.

O MEC ressalta que as unidades escolares que estiverem pendentes ou irregulares com a prestação de contas em anos anteriores não poderão receber os recursos do programa. Nesta situação, as Unidades Executoras das escolas devem regularizar sua situação pelo sistema próprio até o dia 31 de outubro de 2023 para receber os valores do PDDE.

Nesta quinta-feira (27), a Câmara Municipal do Recife promove audiência pública para debater segurança nas escolas e os casos de ataques violentos a instituições de ensino no país. A iniciativa é de autoria da vereadora Liana Cirne (PT).

O debate também contará com apresença da senedora Teresa Leitão (PT), integrantes do grupo de trabalho para debater medidas para a prevenção e combate às violência nas escolas, a presidente do Conselho Municipal de Educação, Ana Paula de Oliveira, a secretária de Educação de Pernambuco, Ivaneide Dantas, dirigentes dos sindicatos de trabalhadores da educação Jaqueline Dornelas (Simpere), Ivete Caetano (Sintepe), Helmilton Bezerra (Sinpro), do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino (Sinepe), José Ricardo Diniz e da União Metropolitana de Estudantes Secundaristas (UMES), Roberta Pontes.

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“É preciso olhar esse problema sob outros pontos de vista. Muitos dos jovens que cometem esses ataques são ou foram vítimas de bullying, possuem dificuldade de relacionamento ou vivenciam a violência em casa ou no bairro onde moram. Por isso, é absolutamente necessário investir no acompanhamento psicológico desses jovens para identificar e dar assistência a eles, além de acolher também as vítimas de violência doméstica, principalmente as meninas (...) precisamos encontrar alternativas para coibir a cooptação desses jovens por grupos extremistas de direita, que em geral acontece em fóruns, grupos e websites abrigados na deepweb, onde são compartilhados conteúdos violentos e há livre disseminação da estética da violência, do machismo, da misoginia e LGBTfobia”, destaca Liana por meio da assessoria.

O Ministério da Justiça e da Segurança Pública abriu processo administrativo contra o Telegram, após a empresa não ter fornecido informações sobre contas e conteúdos publicados na plataforma relacionados aos ataques em escolas. Segundo o ministro Flávio Dino afirmou nesta quinta-feira, o aplicativo está sujeito a sanções se continuar a descumprir regras de moderação estipuladas pela Portaria 351, publicada pelo governo após atentados em São Paulo, que resultou na morte de uma professora, e Blumenau (SC), que teve quatro mortos.

"O prazo já está esgotado. O Telegram é, tradicionalmente, de difícil contato, de difícil diálogo. Nós vimos isso durante as eleições. De forma que será tratado como uma instituição que não respondeu à notificação da Secretaria Nacional do Consumidor", afirmou o secretário nacional do Consumidor do Ministério da Justiça, Wadih Damous, durante coletiva de imprensa nesta quinta.

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Dino e Damous confirmaram a abertura de "processo administrativo sancionador" contra o Telegram e reforçaram que o prazo de cinco dias estipulado para a empresa responder às solicitações já havia se esgotado na véspera dessa última análise. O secretário frisou ainda que vai "tomar algumas providências em relação a isso".

Dino ainda reforçou que as sanções podem ir de "multas até eventualmente a suspensão das atividades em território nacional". A portaria prevê penalidades de até R$ 12 milhões.

A falta de cooperação do Telegram é o empecilho mais recente na cooperação que o ministério tem tentado construir com as plataformas de tecnologia e redes sociais para monitorar e remover contas e publicações com conteúdos extremistas. Há duas semanas, o Twitter havia se negado a excluir perfis com fotos e nomes aludindo a autores de ataques em escolas. A empresa de Elon Musk, depois, recuou da intransigência de posicionamento e decidiu atender às demandas do ministério após a publicação da Portaria 351.

PRISÕES

Ao longo dos últimos 15 dias, a Operação Escola Segura pediu a remoção de 812 conteúdos para investigação. No mesmo período, 302 suspeitos de ameaçar ou atentar contra escolas foram presos ou apreendidos, 270 ações de busca e apreensão de armas letais, não letais e artefatos que sugerem ligação com grupos extremistas foram realizadas e outros 1.738 casos são investigados.

"Falou em nazismo, neonazismo, ameaçou a escola, disse que vai fazer ataque, estamos pedindo a prisão e vamos continuar", afirmou Dino nesta quinta. "Não há possibilidade de convivermos com esse clima que alguns poucos querem criar em detrimento de 40 milhões de estudantes brasileiros." Ainda conforme o ministro, há uma "decisão judicial relativa ao Telegram" em andamento, apesar de a plataforma ser a única que não tem cooperado com o governo federal nos últimos dias. "Há um intuito colaborativo muito maior do que havia há dez dias. Em nome do povo brasileiro, quero agradecer."

SEM RESPOSTA

O Estadão tentou contato com o Telegram, mas não obteve resposta até 18h30 de ontem.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O cenário educacional brasileiro vive um momento de alerta. Os ataques escolares, presenciados nos últimos meses, evidenciam o aumento da violência no país, e como as instituições de ensino, que possuem o dever de proporcionar aprendizado e crescimento, se tornaram alvos de grandes tragédias.

Segundo o psicólogo João Vidal, muitos fatores podem ocasionar esse problema. Para ele, a situação está diretamente relacionada à falta de acolhimento e cuidado nas comunidades familiares, educacionais ou sociais. “Por trás de cada pessoa que comete um crime dessa magnitude, existe uma ferida emocional ocasionada por um processo de opressão vivido por esta pessoa. Muitas vezes em forma de exclusão, preconceito e bullying”, afirma.

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Embora acredite que não exista justificativa para cometer atrocidades, João reforça como a falta de apoio durante o sofrimento emocional permite o desenvolvimento de desejos de vingança, os quais “encontram legitimidade nos grupos e ideologias de ódio”, facilmente disseminados nas redes sociais. O especialista explica que o aumento das crises familiares também gera o distanciamento entre as pessoas, e transforma um ambiente seguro em um local hostil e conflituoso.

Aula de teatro na escola Eleanor Roosevelt, no Recife

Planos de ação

Até o final do mês de abril, a Secretaria de Educação e Esportes (SEE) de Pernambuco, em parceria com a Secretaria de Defesa Social (SDS), está promovendo a campanha “Propague a Paz”, pela qual são intensificadas as ações pedagógicas existentes nas escolas da rede estadual. Ao todo, mais de 100 colégios foram contemplados com projetos práticos de combate ao bullying e outras formas de violência, através de palestras, escuta com os envolvidos e apoio à instalação de núcleos permanentes de mediação dos conflitos dentro das unidades escolares.

Uma das instituições participantes é a Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Eleanor Roosevelt, localizada no bairro do Ipsep, zona sul do Recife. Nesta quarta-feira (19), a escola realizou mais uma edição do “Cultura de Paz: diga não ao bullying”, iniciativa que reúne uma série de atividades desenvolvidas pelos estudantes com o auxílio dos educadores. Dentre elas, estão apresentações de música e teatro, além da exibição de cartazes, vídeos e campanhas de abraço.

Alunos da escola Eleanor Roosevelt, no bairro do Ipsep

De acordo com a gestora Andrezza Ferreira, a ideia surgiu em 2021, conforme a necessidade de orientar a comunidade sobre o que é o bullying, e como isso pode afetar os outros. O projeto acontece anualmente em abril devido ao Dia Nacional de Combate ao Bullying, instituído no dia 7.

O professor José Carvalho, que atua na escola há 10 anos, conta que o registro dos casos de brigas entre os alunos diminuiu após a implementação da ação. Como estratégia, as datas comemorativas são utilizadas como ferramentas para propagar a paz entre eles, e as famílias também são fundamentais nesse processo. “A gente tá desenvolvendo através desse projeto a cultura da paz. Paz no trânsito, paz na rua, paz na família, paz no trabalho. Então quando a criança é bem tratada, ela vai conseguir produzir de forma mais eficiente o seu estudo, e no futuro vai ser um profissional que vai ter um melhor desempenho”, declara.

Professor José Carvalho

Investimento na educação

Nesta terça-feira (18), foi realizada uma reunião entre o presidente Lula (PT), governadores, ministros, prefeitos e autoridades dos poderes legislativo e judiciário com o objetivo de criar políticas públicas para proporcionar a segurança no ambiente escolar.

No total, o Governo Federal irá conceder R$ 3,1 bilhões para estados e municípios. Cerca de R$ 1,097 bilhão será destinado ao Programa Dinheiro Direito na Escola (PDDE), e mais 200 milhões serão direcionados para a criação de núcleos psicossociais, municipais, regionais ou estaduais.

Durante o encontro, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou várias medidas para prevenir e combater ataques nas escolas. São eles: curso de formação continuada, para professores saberem como enfrentar a violência escolar; parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para construção de paz nas escolas; investimento de R$ 150 milhões no Programa Nacional de Segurança nas Escolas, para apoio às rondas escolares, e a criação de canais virtuais de denúncia, através do portal do Governo Federal ou do WhatsApp, no número (61) 99611-0100.

Fotos: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Colégios da capital e do interior do Estado de São Paulo planejam para esta quinta-feira (20) manifestações e atividades para promover a paz e a tolerância dentro do ambiente escolar. As ações, que vão desde vestir roupas e fitas brancas até abraços ao redor do prédio da instituição, estão sendo pensadas como resposta à onda de ataques que atingiu diferentes instituições de ensino nas últimas semanas.

As unidades Bartira e Caubi da escola Pentágono, em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, por exemplo, deverão começar o dia com uma conversa entre os estudantes e as orientadoras sobre a importância de demonstrar afeto e empatia entre os colegas.

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Outras ações previstas no colégio são a distribuição de palavras de elogio entre os alunos e também uma caminhada pelo interior da escola, onde os estudantes distribuirão abraços e demonstrações de acolhimento uns com os outros.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O "cenário pavoroso" de ataques armados a escolas "não surgiu por mágica" e está ligado ao discurso de ódio, à banalização da violência e ao "culto às armas de fogo e a facilitação a seu acesso amplamente promovida e incentivada nos últimos quatro anos" - ou seja, no governo Jair Bolsonaro - , indica a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.

O órgão conclamou nesta segunda-feira, 17, o País a solucionar o que comparou a uma epidemia, ressaltando ainda que a resposta aos atos de violência "definitivamente não se traduz na alocação de um policial a cada pátio de colégio" no País. "Ou as escolas voltam a ser santuários de saber e acolhimento, ou nosso destino será a volta à barbárie", registrou a Procuradoria.

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As indicações constam de nota assinada por 40 procuradores, que ligam diretamente os ataques à "efervescência do discurso de ódio, em conjunto com a banalização da violência". "Pessoas públicas externando ideias preconceituosas, desdenhando e atacando minorias, promovendo discursos ofensivos à Constituição da República e aos direitos humanos, atacando o sistema de ensino e produzindo um ambiente favorável à fermentação de uma cultura de rancor", registram.

O texto cita "parlamentares extremistas" que propõem "normas visando ao impedimento da diversidade nas escolas, tachando as instituições e seus corpos docentes de doutrinadores comunistas e promotores da chamada ideologia de gênero, uma falácia empregada para proibir a educação sexual nas escolas, num país em que mais de 70% dos abusos sexuais contra crianças são cometidos por familiares, no lar do abusador ou da vítima".

O grupo também cita como "peça fundamental" do "quebra-cabeças" dos ataques o "culto às armas de fogo" e a ampliação do acesso a armamentos durante o governo Jair Bolsonaro. "A maior disponibilidade de revólveres, pistolas, espingardas e até mesmo fuzis amplia as probabilidades de seu uso nesses ataques a escolas", frisa a Procuradoria. "Ensinar uma criança ainda em formação a atirar, em pleno século XXI, não parece ser a melhor maneira de produzir uma sociedade mais segura", completa o MPF.

Redes sociais

Outro ponto destacado pelos procuradores é o crescimento de grupos extremistas nas redes sociais, por vezes com teor neonazista ou supremacista branco. O Ministério Público Federal indica que as plataformas têm falhado em barrar o desenvolvimento dessas comunidades e subcomunidades com "discursos extremistas e criminosos".

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo instou as plataformas a explicarem as ações tomadas para moderar tais conteúdos no bojo de inquérito que mira a disseminação de desinformação nas redes sociais. "É fundamental que as plataformas digitais compreendam e assumam sua responsabilidade e importância na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, auxiliando na retirada de conteúdos violadores de direitos humanos", defendem os 40 procuradores que assinam a nota divulgada.

O órgão ainda vê falha do Estado em detectar e monitorar "espaços virtuais de proliferação do ódio", mas também na promoção de mecanismos de apoio às instituições de ensino, como canais de comunicação direta e protocolos para a atuação das equipes escolares. Segundo a Procuradoria, a "resposta a esses atos de violência passa por mais disponibilidade das forças de segurança às escolas, mas definitivamente não se traduz na alocação de um policial a cada pátio de colégio no Brasil".

"É preciso capacitar as equipes policiais para atuar com igual destreza no plano físico e no virtual. O poder público precisa, igualmente, responsabilizar, dentro dos limites do devido processo legal, os agressores, os disseminadores do discurso de ódio e os meios informacionais lenientes com a divulgação desse conteúdo. Não solucionaremos a questão, se não formos à raiz do problema e interrompermos o ciclo de desinformação em nossa sociedade", ressalta a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva endossou uma declaração do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de que fatos proibidos na realidade precisam também ser proibidos nas redes sociais. Na prática, a declaração, feita em reunião com os três Poderes, governadores e prefeitos, é mais uma cobrança pela regulamentação das redes sociais.

"As chamadas plataformas, empresas que ganham dinheiro com divulgação da violência, estão cada vez mais ricas. Alguns proprietários são os mais ricos do planeta. Continuam divulgando qualquer mentira, não tem critério. Por isso, resumirei essa reunião na frase do Alexandre de Moraes: as pessoas não podem fazer da rede digital aquilo que é proibido na sociedade", declarou o chefe do Executivo.

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Para o presidente, é preciso diferenciar liberdade de expressão de "cretinice" para avançar nesse debate. "Há uma predominância da rede digital do mal. As pessoas gostam de mentira, de fake news, é só ver como foi a última eleição nesse País", disse Lula, que voltou a responsabilizar os discursos de ódio disseminados nas redes pelos mais recentes ataques nas escolas. "Estamos colhendo o que a gente plantou", acrescentou, classificando as redes sociais como um instrumento "avassalador".

Lula destacou que os ataques nas escolas são um fato ainda desconhecido no Brasil, e que será preciso ter a colaboração das famílias para diminuir essa onda. O presidente rechaçou a ideia de transformar as instituições de ensino em "prisões de segurança máxima". Na avaliação do petista, é preciso cuidar da saúde mental das crianças e adolescentes.

O Brasil tem de se preparar para enfrentar a radicalização online. É com essa premissa que pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) montaram um relatório sobre como os grupos de ódio se articulam nas redes e quais medidas podem ser tomadas para evitar a escalada de violência. A previsão é de que o documento, com cerca de 40 páginas, seja entregue no começo da próxima semana ao Ministério da Justiça e Segurança Pública.

O País tem passado por uma disseminação de ameaças nas redes sociais, o que levantou a cobrança por uma maior moderação das plataformas e por investigações mais integradas para combater grupos extremistas. Atentados em São Paulo e Blumenau (SC) vitimaram ao menos cinco pessoas nas últimas semanas, entre alunos uma professora. Em outros Estados, como Goiás e Amazonas, também houve tentativas de ataques.

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"O que a gente enfrenta agora, e isso ocorre não só o Brasil, mas a nível global, é o extremismo pós-organizacional. São redes extremistas sem uma hierarquia fixa, sem um elo direto com um organização", afirma ao Estadão a pesquisadora Michele Prado, uma das autoras do relatório. O documento, que está em fase de revisão, teve colaboração de um grupo de sete integrantes do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP.

Logo após o caso de Vila Sônia, no mês passado, o grupo de pesquisa lançou uma nota técnica para alertar sobre o avanço do extremismo em ambiente escolar no País. Com o caso recente em Blumenau e o aumento da preocupação sobre o tema, os pesquisadores estreitaram as relações com o Ministério da Justiça. "O relatório é resultado justamente disso, e é uma tentativa de tentar conter o avanço de grupos extremistas", afirma Michele.

Um dos focos do relatório, segundo a pesquisadora, é reforçar a importância da utilização de hashes, que são códigos numéricos criados por meio de um algoritmo criptográfico, para identificar mais precisamente cada arquivo. "É muito importante que isso seja implementado o quanto antes, para evitar a circulação por muito tempo de vídeos e imagens extremistas nas redes", diz a pesquisadora.

Grupos

Evitar a circulação de vídeos de massacres antigos e materiais violentos é um primeiro passo para evitar a radicalização das chamadas subculturas, que são grupos que se formam na internet - inicialmente, em torno de algum tema específico - e acabam aprofundando a relação em comunidade.

Conforme pesquisadores, os massacres em escolas são crimes que, ainda que normalmente praticados pelos chamados "lobos solitários" - em geral, adolescentes e homens -, têm um caráter coletivo. Muitos dos agressores normalmente se articulam, antes dos atentados, justamente por subculturas e exaltam agressores antigos.

Em outra frente, o relatório que será enviado ao ministério indica quais seriam alguns dos "perfis âncoras" que acumulam o maior número de interações nas redes e, desse modo, têm potencial de influenciar mais pessoas. Essas informações, se houver necessidade, podem ser direcionadas pelo ministério para Secretarias de Segurança Pública de determinados Estados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No Rio Grande do Norte, foi aprovada, em regime de urgência, uma lei que obriga a presença de segurança armada nas escolas públicas da cidade de Natal, capital do Estado. O texto foi aprovado nesta quarta-feira (12) pela Câmara Municipal e segue para a sanção do prefeito Álvaro Dias (Republicanos), que tem o prazo de 30 dias para avaliar a medida.

O projeto foi protocolado pela vereadora Nina Souza (PDT), em dezembro do ano passado, e ganhou força entre as autoridades locais após os recentes ataques em escolas de outros estados do país.

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De acordo com o texto, o serviço será prestado preferencialmente pela Guarda Municipal, ligada à Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Social (Semdes), mas o município também fica autorizado a contratar serviços de segurança privada.

Ao defender a matéria, a autora disse que as empresas interessadas em prestar o serviço de segurança deverão comprovar treinamento específico dos profissionais destinado à atuação em ambiente escolar.

"Prover o mínimo de segurança nas escolas é medida que urge, não devendo o ente federativo esperar acontecer algo grave para só então adotar as devidas providências, que devem ser tomadas imediatamente, de forma preventiva", disse a vereadora.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), afirmou, nesta quinta-feira (13), que os ataques recentes a escolas e instituições de ensino no País são fruto do "espelhamento" da cultura de violência dos Estados Unidos. Segundo a organização Everytown for Gun Safety, os EUA registraram no último ano letivo 193 incidentes com armas de fogo em ambientes escolares.

"O certo é que nós temos, na minha avaliação, um fenômeno social profundo de violência - que não é de hoje -, que foi alimentado pela internet muito fortemente nos últimos anos; e um espelhamento de uma certa cultura de violência oriunda dos Estados Unidos, que é o país campeão de ataque em escolas", afirmou o ministro.

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Ainda segundo Dino, o fenômeno de repetidos atentados a escolas brasileiras no início deste ano também está ligado à "manipulação do ódio por meio da internet". O Ministério da Justiça tem feito investidas junto às redes sociais para forçá-las a remover conteúdos violentos e apologistas a massacres. Como mostrou o Estadão, o Twitter se tornou um dos primeiros alvos da Pasta. Representantes da rede social chegaram a dizer à equipe de Dino que vídeos com referências a chacinas não ferem os termos de uso da plataforma.

O ministro da Justiça também apontou como parte da onda crescente de ataques o envolvimento de células nazistas e sugeriu que outras organizações criminosas podem estar ligadas a esses eventos. "Há mais alguém, ou mais um conjunto, mais um agrupamento? Saberemos, mas eu não posso afirmar neste momento", disse Dino.

O Ministério da Justiça deflagrou no último dia 6 a Operação Escola Segura com ações contra a violência nas instituições de ensino. O governo rastreou 511 contos do Twitter que faziam algum tipo de apologia a violência e discurso de ódio.

A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu à Justiça a remoção de pelo menos 431 contas responsáveis por publicações de conteúdos relacionados a ataques contra escolas, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão, assim como a remoção de vídeos hostis do Tik Tok.

Na entrada da escola, barreiras. Nas cercanias, policiais por todos os lados. Botões escondidos de pedidos de socorro. Quais são, afinal, as medidas mais adequadas como prevenção à violência em unidades de ensino? Para especialistas no tema, as soluções principais para temores de ameaças não estão em medidas paliativas. 

Na opinião da especialista Katia Dantas, consultora para implementação de práticas em proteção infantil e ambientes escolares, a violência que tem ocorrido em unidades de ensino é multifacetada e complexa.

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“A gente precisa entender que segurança é diferente de proteção. Colocar um segurança na porta não vai resolver o problema. Hoje, observamos que muitos dos atentados são de crianças cometendo violência contra outras crianças e professores. São raros os que vêm de fora pra cometer um atentado dentro da escola”.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Heleno Araújo, também entende que desigualdades marcantes nos ambientes escolares contextualizam o problema. “Há muito a ser feito em busca de um ambiente minimamente em condições de garantir segurança e paz, tranquilidade e solidariedade dentro do espaço da escola e fora dela”. Escolas em boas condições e outras sem energia elétrica, por exemplo, Profissionais que recebem em dia e com adequadas condições, outros não.

Para se ter uma ideia da complexidade humana, o Brasil tem 2,2 milhões de professores e mais de 1,9 milhão de outros  profissionais que trabalham na educação - população acima de 4 milhões de pessoas.

As escolas são muito diferentes umas das outras em um país do tamanho de um continente. Ele conta que recebeu foto de uma turma em município goiano, em que as crianças apareciam em uma espécie de exercício de tiro, como tarefa de uma escola cívico-militar. “Isso desconfigura completamente a perspectiva de formação humana que nós queremos. Então, é importante que a família dê bom exemplo às crianças”.

Parceria no currículo

Katia Dantas defende uma série de medidas, considerando que grande parte desses atentados tem foco em violência sistemática na vida da pessoa que agride, como histórico de bullying, intimidações e abusos familiares. É difícil que alguém com essa característica não tenha demonstrado sinais na escola.

“É urgente que as escolas aprendam a identificar um abuso. A gente precisa começar a modificar essa percepção. Hoje, por exemplo, nós sabemos que as habilidades socioemocionais partem da base curricular nacional. Mas pouquíssimos pais sabem exigir das escolas”, diz Katia Dantas. A parceria entre família e escola não deve ficar na teoria, uma vez que as redes sociais e os jogos eletrônicos têm ocupado espaço central na vida de crianças e adolescentes. 

Também por esse motivo, conforme avalia Heleno Araújo, na CNTE, é fundamental fortalecer a participação social, a gestão democrática, a participação de pais, mães, responsáveis, e grupos organizados da comunidade onde a escola está inserida. “Todos devem estar envolvidos no processo de discussão, no Conselho Escolar, de um projeto político-pedagógico para escola. A participação social e o envolvimento com as políticas da escola, o sentimento de pertencimento, tudo é importante”.

Orientações

A especialista entende que é vital que professores e outros funcionários do ambiente escolar possam receber orientações em caso de violência. “Que eles aprendam a saber o que fazer do mesmo jeito que muitas escolas têm treinamento para incêndio,  evacuação, por exemplo”. Mas um treinamento com característica pedagógica sem criar medo, pânico ou alarde nas crianças.

“Mais do que isso, os profissionais precisam estar treinados em como identificar situações de conflito, mudanças de comportamento que possam estar demonstrando um sofrimento dessa criança”. A resposta, segundo ela, deve ser da escola como um todo e não só de professores. “É importantíssimo que todos os profissionais da escola estejam treinados para fazer a proteção infantil e identificar essas situações”.

Na mesma linha, o presidente da CNTE defende que todos os profissionais da educação têm que ser profissionalizados e receber cursos para as suas atividades. “Porteiro tem que ter curso de infraestrutura e meio ambiente. Temos que ter uma formação inicial voltada para as concepções de educação”.

Isso inclui saber olhar para algum sinal de que há algo de errado. “Os profissionais devem ter sim formação em atendimento e primeiros socorros, atenção, perceber o olhar dos alunos”. Araújo lamenta que nem todas as escolas, por exemplo, dispõem de equipes de psicólogos e de outros profissionais de apoio. Ele acredita que a segurança começa com a possibilidade de que os profissionais estejam conectados à complexidade dos seres humanos. 

Na última terça-feira (11), durante reunião entre os representantes das secretarias de Educação e Esportes (SEE) e de Defesa Social (SDS) com gestores das Gerências Regionais de Educação do Estado, foi anunciado pela secretária de Educação, Ivaneide Dantas, que o governo de Pernambuco planeja adotar reconhecimento facial como medida de segurança nas escolas estaduais.

“O governo do estado de Pernambuco está criando um plano de segurança nas escolas. Nós teremos ações do tipo: videomonitoramento nas escolas, reforço da patrulha escolar, central de monitoramento de todas as escolas a ser implantada em cada regional, o reconhecimento facial para nas unidades escolares os estudantes e qualquer outra pessoa que entre nessa unidade escolar e acrescentar que isso é uma política preventiva, uma reação a violência iminente”, pontuou Ivaneide.

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Apesar do anúncio, a secretária não informou um prazo para que a medida seja introduzida nas escolas de Pernambuco. O recurso de reconhecimento facial não é uma novidade no Estado. O município de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, já adota o modelo desde 2017 na gestão do ex-prefeito Anderson Ferreira (PL).

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, assinou, nesta terça-feira (11), o edital de chamamento público para ampliar o programa de segurança nas escolas. A medida já havia sido anunciada na semana passada, após o massacre ocorrido em uma creche de Blumenau (SC). Ao todo, serão investidos R$ 150 milhões com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP). As secretarias de segurança de estados e municípios, ou equivalentes, poderão apresentar projetos em seis diferentes áreas temáticas.

O limite mínimo das propostas a serem apresentadas é de R$ 100 mil e máximo de R$ 1 milhão para órgãos municipais e de R$ 500 mil a R$ 3 milhões para os estados e o Distrito Federal. A íntegra do edital pode ser consultada neste link.

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Os recursos poderão ser aplicados, por exemplo, em projetos de expansão das rondas escolares, realizadas pela Polícia Militar ou Guardas Municipais, cursos de capacitação para profissionais da área de segurança e cursos que contemplem o acolhimento, a escuta ativa e o encaminhamento para a rede de proteção às crianças e adolescentes. O edital também permite ações de pesquisa e diagnóstico na prevenção em segurança no ambiente escolar, aprimoramento da investigação cibernética e criação de observatórios sobre violência nas escolas. Os entes federativos que aderirem ao programa deverão compartilhar e integrar seus bancos de dados sobre a violência escolar com o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp).

Redes sociais

O Ministério da Justiça e Segurança Pública também informou que a pasta prepara a publicação de uma portaria que trata sobre responsabilidades e obrigações das plataformas, dos meios de comunicação eletrônica, dos provedores de conteúdo e de terceiros sobre moderação ativa para conteúdos violentos na internet e outros meios.

Na última segunda-feira (10), Flávio Dino se reuniu com representantes de plataformas digitais e exigiu a criação de canais abertos e ágeis para atender solicitações das autoridades policiais sobre conteúdos com apologia à violência e ameaças a escolas nas redes sociais, como a retirada desses perfis. Na ocasião, participaram da reunião representantes das empresas Meta (Facebook e Instagram), Kwai, Tik Tok, Twitter, YouTube, Google e WhatsApp.

O ministro cobrou ainda o monitoramento ativo das plataformas em relação a ameaças. As plataformas serão notificadas formalmente nesta semana sobre os perfis e conteúdos suspeitos identificados pela pasta da Justiça em conjunto com as polícias dos estados.

Canal de denúncia

Denúncias sobre ameaças de ataques podem ser feitas ao canal Escola Segura, criado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com SaferNet Brasil. As informações enviadas ao canal serão mantidas sob sigilo e não há identificação do denunciante.

Acesse o site para fazer uma denúncia.

Em caso de emergência, a orientação é ligar para o 190 ou para a delegacia de polícia mais próxima.

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