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Mesmo em meio à pandemia do coronavírus, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) segue com cronograma mantido. Algumas datas comemorativas do nosso calendário, como a Páscoa, festividade religiosa celebrada no próximo domingo (12), pode indicar abordagens cobradas na prova. Estabelecendo uma interdisciplinaridade entre filosofia, sociologia e história, professores analisam as questões para o Enem .

Em entrevista ao LeiaJá, o professor de história, sociologia e filosofia Hilton Rosas explica que, desde o início dos tempos, existem marcas da relação do ser humano com alguma religião. Trata-se de uma relação que culmina na formação dos indivíduos através do tempo, considerada uma instituição social.

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Construídos em uma correlação entre as filosofias das épocas, existiram os costumes pagãos e adaptações. “A religião é embasada em seus elementos culturais, que definem outras relações da complexa vida em sociedade. Sendo assim, é nossa necessidade quase que essencial nos prendermos ao metafísico como contemplação ou satisfação no que remete ao espiritualidade”, completa o professor.

Rosas ainda explica que esta relação ocorre em mesmo nível para os ocidentais, regidos pela moral judaica-cristã. Desde a queda do Império em 476 d. c., a Igreja Cristã inicia a sua consolidação, mesclando pensamentos de “Platão com a filosofia patrística de Agostinho de Hipona, e relacionando os conceitos filosóficos do autor citado aos dogmas da Igreja, enquanto instituição”.

Neste primeiro momento do Cristianismo, esses conceitos foram fundamentais para “criar um pensamento de ideias, juízos e valores que determinaram a imposição cultural do Cristianismo durante a Idade Média na Europa como ideologia dominante”. Através das obras de Aristóteles, resgatadas pelos muçulmanos, os cristãos passam a conhecer e desenvolver “dentro da filosofia aristotélica a sua conciliação com os dogmas da instituição religiosa".

"Neste período medieval, o Cristianismo vem a sofrer seu primeiro cisma [separação de um grupo, organização ou movimento]. O oriente dividindo-se em católico e ortodoxa”, explica o professor.

Já na Idade Moderna, teremos a segunda divisão através da reforma protestante. Neste período, a Igreja Católica era acusada de corrupção e com isso perdia fiéis para os princípios protestantes. Para se recuperar das perdas, a Igreja de Roma instituiu o contragolpe para difundir a instituição de roma pelo Novo Mundo, o continente Americano. “Foi pela mão do colonizador que a os catequistas, missionários de Roma, impuseram o etnocentrismo [quando uma cultura se sobrepõe a outra] aos povos nativos [povos indígenas]”, aponta o professor de história. “Hoje, por exemplo, nós brasileiros somos cristãos por uma imposição cultural”, ressalta Rosas.

Agora, entendendo melhor como o Cristianismo tomou forma ao longo do tempo, estudantes que se preparam para o Enem devem ficar atentos às abordagens durante o Exame. O LeiaJá, em parceria com o projeto Vai Cair no Enem (@vaicairnoenem), preparou uma lista com exemplos de abordagens do tema na prova. Para traçar as resoluções, tivemos ajuda dos professores de história Hilton Rosas, Thaís Almeida e Everaldo Chaves, parceiros do projeto. Confira as questões: 

Questão 1

Uma explicação de caráter histórico para o percentual da religião com maior número de adeptos declarados no Brasil foi a existência, no passado colonial e monárquico, da:

A) Incapacidade do cristianismo de incorporar aspectos de outras religiões.

B) Incorporação da ideia de liberdade religiosa na esfera pública.

C) Permissão para o funcionamento de igrejas não cristãs.

D) Relação de integração entre Estado e Igreja.

E) Influência das religiões de origem africana.

Resolução: A resposta correta é: letra “D”. No período colonial, quando o Brasil estava subordinado ao governo português, a religião católica era oficial e a única admitida. Qualquer outra expressão religiosa estava proibida e sujeita a perseguição. Após a independência, o Brasil manteve essa tradição e se constituiu como um ‘Estado Católico’, ainda oficial, no qual a Igreja estava subordinada ao Estado através de práticas como o padroado e o beneplácito.

Questão 2

Na América inglesa, não houve nenhum processo sistemático de catequese e de conversão dos índios ao cristianismo, apesar de algumas iniciativas nesse sentido. Brancos e índios confrontaram-se muitas vezes e mantiveram-se separados. Na América portuguesa, a catequese dos índios começou com o próprio processo de colonização, e a mestiçagem teve dimensões significativas. Tanto na América inglesa quanto na portuguesa, as populações indígenas foram muito sacrificadas. Os índios não tinham defesas contra as doenças trazidas pelos brancos, foram derrotados pelas armas de fogo destes últimos e, muitas vezes, escravizados. No processo de colonização das Américas, as populações indígenas da América portuguesa:

A) Foram submetidas a um processo de doutrinação religiosa que não ocorreu com os indígenas da América inglesa.

B) Mantiveram sua cultura tão intacta quanto a dos indígenas da América inglesa.

C) Passaram pelo processo de mestiçagem, que ocorreu amplamente com os indígenas da América inglesa.

D) Diferenciam-se dos indígenas da América inglesa por terem suas terras devolvidas.

E) Resistiram, como os indígenas da América inglesa, às doenças trazidas pelos brancos.

Resolução: A resposta correta é: letra “A”. Os dois processos de colonização ocorreram em contextos distintos. A América portuguesa teve sua colonização iniciada no século XVI, época da contra reforma apoiada no Concílio de Trento, quando a questão religiosa era determinante, principalmente nos reinos católicos. A América inglesa foi colonizada no século XVII e aqueles que buscaram o novo continente o faziam para exploração, no Sul, usando o escravo africano; ou como refugiados, no Norte, dada a situação de crise da Inglaterra devido à Revolução Puritana e a seus efeitos. Não havia, por parte da igreja anglicana ou dos protestantes, uma política de conversão dos nativos.

Questão 3

O texto a seguir reproduz parte de um diálogo entre dois personagens de um romance: - Quer dizer que a Idade Média durou dez horas? perguntou Sofia. - Se cada hora valer cem anos, então sua conta está certa. Podemos imaginar que Jesus nasceu à meia-noite, que Paulo saiu em peregrinação missionária pouco antes da meia-noite e meia e morreu quinze minutos depois, em Roma. Até às três da manhã a fé cristã foi mais ou menos proibida. (...) Até às dez horas as escolas dos mosteiros detiveram o monopólio da educação. Entre dez e onze horas são fundadas as primeiras universidades. Adaptado de GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia, Romance da História da Filosofia. São Paulo, Cia. das Letras, 1997. O ano de 476 d.C., época da queda do Império Romano do Ocidente, tem sido usado como marco para o início da Idade Média. De acordo com a escala de tempo apresentada no texto, que considera como ponto de partida o início da Era Cristã, pode-se afirmar que:

A) As Grandes Navegações tiveram início por volta das quinze horas.

B) A Idade Moderna teve início um pouco antes das dez horas.

C) O Cristianismo começou a ser propagado na Europa no início da Idade Média.

D) As peregrinações do apóstolo Paulo ocorreram após os primeiros 150 anos da Era Cristã.

E) Os mosteiros perderam o monopólio da educação no final da Idade Média.

Resolução: A resposta correta é: letra “A”. Se o texto apresentado considera que cada hora corresponde a um século, a queda do Império Romano, no século V, ocorreu às 5 horas e as grandes navegações do século XV ocorreram às 15 horas; mesmo momento em que se iniciou a Idade Moderna em 1453. A Propagação do cristianismo começou na primeira hora, no primeiro século da Era Cristã e os mosteiros perderam o monopólio da educação entre os séculos X e XI, sendo que a Idade Média termina no século XV.

Questão 4

Tomás de Aquino, filósofo cristão que viveu no século XIII, afirma: a lei é uma regra ou um preceito relativo às nossas ações. Ora, a norma suprema dos atos humanos é a razão. Desse modo, em última análise, a lei está submetida à razão; é apenas uma formulação das exigências racionais. Porém, é mister que ela emane da comunidade, ou de uma pessoa que legitimamente a representa. GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã. Petrópolis: Vozes, 1991 (adaptado). No contexto do século XIII, a visão política do filósofo mencionado retoma a/o:

A) Pensamento idealista de Platão

B) Conformismo estoico de Sêneca

C) Ensinamento místico de Pitágoras

D) Paradigma de vida feliz de Agostinho

E) Conceito de bem comum de Aristóteles

Resolução: A resposta correta é: letra “E”. Essa questão faz referência à um período importante da história do cristianismo, que é o período da Baixa Idade Média. Nele, a igreja já era institucionalmente forte e coesa, sendo a maior detentora de terras. Então o poder do clero era grande e a doutrina da cristã, da qual Aquino é um dos mais importantes representantes e tinha forte influência nas mentalidades sociais. Fica evidente, na questão, quando observamos que a filosofia cristã está legitimando o poder da lei a partir dos princípios que vinculam razão e cristianismo. Além de evidenciar a forte influência da produção filosófica clássica na construção da filosofia cristã.

Questão 5

O cristianismo incorporou antigas práticas relativas ao fogo para criar uma festa sincrética. A igreja retomou a distância de seis meses entre os nascimentos de Jesus Cristo e João Batista e instituiu a data de comemoração a este último de tal maneira que as festas do solstício de verão europeu com suas tradicionais fogueiras se tornaram “fogueiras de São João”. A festa do fogo e da luz no entanto não foi imediatamente associada a São João Batista. Na Baixa Idade Média, algumas práticas tradicionais da festa (como banhos, danças e cantos) foram perseguidas por monges e bispos. A partir do Concílio de Trento (1545-1563), a Igreja resolveu adotar celebrações em torno do fogo e associá-las à doutrina cristã. CHIANCA, L. Devoção e diversão: expressões contemporâneas de festas e santos católicos. Revista Anthropológicas, n. 18, 2007 (adaptado). Com o objetivo de se fortalecer, a instituição mencionada no texto adotou as práticas descritas, que consistem em:

A) Promoção de atos ecumênicos

B) Fomento de orientação bíblicas

C) Apropriação de cerimônias seculares

D) Retomada de ensinamentos apostólicos

E) Ressignificação de rituais fundamentalistas

Resolução: A resposta correta é: letra “C”. Após a adoção do cristianismo como religião oficial na Europa ocidental e, principalmente, a partir do início do feudalismo no século V, a igreja católica, diante da necessidade de conversão dos pagãos à nova religião, acabou por sincretizar celebrações seculares, ou seja, pagãs, aos ritos católicos.5

Estudar tornou-se uma das alternativas para ficar ativo neste período de quarentena. Pensando em um mundo pós-pandemia, a filósofa Katiúscia Ribeiro é a criadora de um curso online de filosofia africana, na qual analisa as consequências práticas deste período para a população negra no Brasil.  

O curso pretende apresentar de forma introdutória as bases das filosofia africanas. Trabalhando com alguns conceitos fundamentais, através de debates sobre o temas abordados em cada aula e assim possibilitando a ampliação dos conhecimentos sobre a atualidade no contexto em que vivenciamos. "Filosofia africana mostra uma nova reconfiguração do mundo”, afirma filósofa em rede social.

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Ao todo, são 7 horas de cursos online divididos em cinco aulas. As aulas serão de 7 a 11 de abril, das 14h às 16h. Uma outra turma terá aulas de 14 a 18 de abril, das 18h às 19h30. O curso ainda garante certificação ao finalizar o curso, correspondente à carga horária das aulas.

Para participar o interessado deve realizar a inscrição através do link disponibilizado pela idealizadora, além de pagar a taxa de R$ 120, as vendas vão até 6 de abril.

Atentos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), estudantes que desejam ingressar em uma instituição de ensino superior em 2021, mantêm foco nos estudos neste primeiro semestre. Por isso, o LeiaJá, em parceria com o projeto Vai Cair No Enem (@vaicairnoenem), entrevistou os professores de Ciências Humanas Pedro Botelho, Everaldo Chaves e Luiz Neto para explicar como a obra "Vigiar e Punir" de Michel Foucault, pode cair na prova.

Contextualização da época

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Publicada em 1975, a obra 'Vigiar e Punir', do filósofo francês Michel Foucault, alterou o modo de pensar e fazer política social no mundo ocidental. A obra tenta explicar o que levou o sistema jurídico do Ocidente a deixar de lado a tortura e a execução pública e preferir as prisões, supostamente visando “corrigir” os criminosos.

“O autor analisa as transformações da sociedade francesa entre os séculos 17 e 19. Nesse período, muita coisa mudou. O poder absoluto dos reis acabou dando lugar a uma república 'moderna', assim como ocorreu em outros lugares do planeta, os quais, aliás, seguiram o exemplo francês. Mas, paradoxalmente, o poder do governo para controlar a vida dos cidadãos não necessariamente ficou menor, apenas mudou de forma - argumenta o filósofo – e o 'nascimento da prisão', como diz o subtítulo original da obra, é parte importante dessa metamorfose", explica o professor de história Everaldo Chaves.

Na obra, o autor traça uma linha em que a punição dos criminosos se transforma, em grande parte, porque o jeito de exercer o poder também mudou. Nos séculos em que a execução pública era a regra, pode-se dizer, com base no livro, que o destino dado aos criminosos era a manifestação física da vingança do rei sobre seus súditos.

“O livro vai construir uma narrativa sobre a questão da punição, sobre como a forma de justiça se torna, agora, motivo de prisão para a correção do criminoso, ou seja, o autor vai contar uma história de como o poder deixou de ser um ato de morte para se tornar nos sistemas prisionais corretivos que temos até hoje”, diz o professor de sociologia e filosofia Pedro Botelho.

O educador de história Everaldo Chaves, explica, com base na leitura da obra, que a própria ideia de humanidade como limite de aplicação do poder, entre o suplício do século 17 e a reforma penal do século 18, corresponde a uma nova mentalidade punitiva. “Como punir mais eficazmente sem recorrer à dor física e aos meios para criá-la e intensificá-la” “A preocupação dessa nova mentalidade punitiva também tem a ver com a intenção de 'não se rebaixar' ao nível do condenado ao ser tão violento quanto ele, buscando resguardar a humanidade dos que exercem o poder, e não exatamente a de quem cometeu o crime. Assim, a capacidade de vigiar do Estado se cresce exponencialmente, sendo os vigiados criminosos ou cidadãos 'de bem'", conclui Everaldo Chaves.

Como cai no Enem? 

Pedro Botelho alerta os vestibulandos para dois livros de Foucault que podem cair no Enem. “'Vigiar e Punir' juntamente com 'Microfísica do Poder' são as duas grandes obras que normalmente são cobradas em vestibulares”, destaca o professor. Ele ainda explica como o Enem pode cobrar a obra na hora da prova. “O livro Vigiar e Punir pode ser cobrado dentro das disciplinas de história e sociologia", diz o docente. Dentro da disciplina de história, ele friza que “normalmente cai a transição dos séculos, aquilo que chamamos de a queda do antigo regime, a crise das monarquias europeias e o nascimento dos Estados modernos.”

Já em sociologia, o professor alerta: “Esse livro pode estar aparecendo no Enem, na parte de sociologia, para falar sobre o estado de poder e como se executa aquilo que a sociologia chama de ‘controle social”,conclui.

Programa do projeto Vai Cair No Enem, com o professor de história, filosofia e sociologia Luiz Neto, também traz informações sobre a ora. Assista:

No último domigo (8) foi celebrado o Dia da Justiça no Brasil. Comemorado desde o ano de 1940, a data é reservada para homenagear profissionais que atuam no Poder Judiciário em todo o país. Fora da esfera jurídica, outras áreas também podem contribuir para que o trabalho de procuradores, desembargadores e juízes seja executado com imparcialidade e precisão para cumprimento da lei. Para conhecer alguns pontos de vista acerca da justiça, o LeiaJá falou com especialistas das áreas de Comunicação, Filosofia, Psicologia e Direito para saber como estes segmentos podem cooperar com a fluidez da justiça brasileira.

Para a coordenadora do curso de Comunicação Social da Universidade Guarulhos (UNG), Flavia Delgado, o segmento é essencial para o funcionamento pleno da justiça em um estado democrático de direito. "A Comunicação Social tem papéis interdependentes e entrelaçados na relação com a justiça. Não existe democracia sem ambos, são irmãos gêmeos univitelinos", considera. Ainda de acordo com Flavia, é possível exemplificar alguns pontos que a área exerce em relação à justiça. "A fiscalização quanto ao cumprimento efetivo das leis para que sejam aplicadas a todos; a informação que ao noticiar fatos como mudanças de ordenamentos jurídicos, tornam os cidadãos aptos a exercerem seus direitos; o acesso às informações por campanhas publicitárias, pois quando este é o meio de conscientização quanto ao exercício da cidadania, passa a ser mais um papel importante que a comunicação social exerce", declara.

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No campo filosófico, também há espaço para considerações. Segundo o filósofo Aleandro Boian, a justiça é um dos pontos primordiais para os estudos abrangentes da Filosofia. "A justiça é considerada a maior de todas as virtudes por visar o 'bem do outro'. Todos trazemos o sentimento da justiça, e a Filosofia nos auxilia para que assim possamos praticá-la em relação a si mesmo e ao próximo", explica.

Para Boian, a Filosofia se dispõe a caminhar lado a lado ao conceito de interação social para a manutenção da ordem. "Vemos como justo e correto o respeito a igualdade dos cidadãos, princípios básicos que mantém a ordem social através da preservação dos direitos em sua forma legal, a virtude que rege as relações dos homens e a disposição de caráter, tornando os homens propensos a desejar o correto", afirma o filósofo.

Outra ciência que pode apresentar suas contribuições para com a justiça é a Psicologia. Segundo o psicólogo Reinaldo Braga, o bem comum almejado pela justiça depende de alguns fatores para que ambas caminhem no mesmo sentido. "Conviver em sociedade pressupõe que todos tenham, teoricamente, os mesmos direitos e que sejam respeitados física e psicologicamente", comenta.

Para o sócio-fundador da Árvore da Vida Psicologia, a justiça entre os homens depende da eliminação de alguns resquícios que, mesmo após um longo período evolutivo dos seres humanos, ainda insistem em fazer parte do cotidiano das pessoas. "Entender essa nova condição é deixar para trás a vida primitiva instintiva e se inserir em uma nova ordem, regida por conceitos éticos e morais. Se notarmos como as noções de lei e justiça mudaram desde os primórdios, veremos cada vez mais a tentativa do ser humano em aplicar e aperfeiçoar esse conceito abstrato de justiça e criar condições mais igualitárias a todos", ressalta Braga.

De acordo com a coordenadora do curso de Direito da UNG, Luciana Aparecida Guimarães, os estudiosos da Lei devem buscar a justiça social. "Justiça para o Direito significa o que é justo. Nem sempre a justiça é a ideal, nem sempre vai agradar a todos, mas ela tem que ser justa", destaca.

Ainda segundo Luciana, as decisões e os entendimentos jurídicos devem passar segurança e credibilidade à sociedade. "O aspecto social da justiça é dar a cada um aquilo que realmente é seu e não aquilo que se entende que é o certo, por isso muitos questionam as ações, as perspectivas judiciais e o quanto as sentenças retratam a injustiça, o quanto o processo é moroso e traduz nas incertezas e nas inseguranças, mas pode ter certeza que a justiça sempre será feita", completa.

A anulação de uma questão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), anunciada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), pegou muitos participantes de surpresa. Diante do ocorrido, é comum que os estudantes se perguntem se há a possibilidade de mais questões da prova serem anuladas. 

O LeiaJá procurou professores para analisar a prova do Enem e os gabaritos oficiais para saber se há questões passíveis de contestação. Na prova de ciências da natureza, o professor de física Carlos Júnior apontou um problema na questão 111 na prova azul - que corresponde à questão 113 no caderno rosa, 107 na prova amarela e 118 no caderno cinza. A questão apresenta um tijolo de 2,5 kg em queda livre atingindo um capacete e pede ao estudante que descubra a força impulsiva média do impacto. O enunciado ainda solicita que o aluno diga a quantos tijolos iguais, em peso, essa força equivale. Segundo o professor, a questão tem um enunciado mal feito e possibilitou erros ao desconsiderar um princípio físico. 

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“Quando se fala de força resultante não se trata apenas de uma única força e sim da soma de todas no sistema. Tratar força impulsiva como sinônimo de resultante, ficaria a pergunta, ‘qual força não é impulsiva?’. Se a questão assumir o valor de 2p poderia assumir o valor das outras alternativas. Como um tijolo cai de uma altura de 5 m, ele irá atingir o capacete com velocidade de 10m/s. Se considerarmos apenas uma dimensão, ocorrerá que certo momento a velocidade relativa tijolo-capacete será nula ou seja não importa o tipo de colisão, o "X" da questão está no tempo de colisão, pois, tal tempo, não seria possível desprezar a força peso. Nesse caso, teríamos como força normal média o valor de 75 N. Então, a razão entre a força normal média com peso daria uma mínima equivalência de 3 tijolos ou mais”, disse o professor. 

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Já na prova de ciências humanas, a professora de filosofia e sociologia Cristiane Pantoja apontou a redação do enunciado da questão 69 da prova branca como problemática por poder levar os estudantes à dúvida. De acordo com ela, o texto apresenta a relação entre ser humano e natureza e questiona a respeito de qual corrente filosófica essa característica remete. O problema, segundo a professora, é que tanto o materialismo dialético quanto o racionalismo cartesiano, que é a resposta correta, estavam entre as alternativas e discutem a relação humana com a natureza. 

O LeiaJá também ouviu os professores José Carlos Mardock (história), Benedito Serafim (geografia e atualidades), Diogo Xavier (linguagens), Ricardinho Rocha (matemática), Gustavo Holanda (química) e André Luiz (biologia). Todos eles afirmaram não ter encontrado nenhuma questão passível de contestação nas provas. 

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Candidatos de todo Brasil realizaram as primeiras provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na tarde do último domingo (3) e mesmo diante da declaração do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre as provas não ter conteúdos ideológicos, segundo o professor de geografia Dino Rangel, uma questão pode ser caracterizada nesse aspecto.

Em entrevista ao Vai Cair no Enem, na qual comentou sobre a prova de geografia, o docente destacou a questão 66, da prova branca, que fala sobre a fome.  “O texto fala claramente que a fome existe não por falta de recursos, portanto, devem haver políticas públicas que visem uma melhor distribuição de renda proporcionando uma equidade melhor de desenvolvimento, sendo a letra 'b', ‘padrão de distribuição de renda’, a resposta correta”, declara o professor.

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De acordo com Rangel, o aluno pôde compreender que a questão possui um viés da teoria reformista, que por sua vez, é baseada no filósofo e sociólogo Karl Marx, já que o autor fala que o problema da distribuição de renda gera e potencializa a fome em um território. 

“Implicitamente a questão ideológica cai na prova, porque a pobreza e a fome não são geradas por falta de riqueza. A riqueza existe, mas a questão fala que não há uma distribuição e equidade. Karl Marx faz uma crítica ao capitalismo por conta disso”, explica o docente.

Karl Marx foi um filósofo, sociólogo, economista, jornalista e teórico político alemão  que deu origem a conceitos que serviram de base para a ideologia comunista e socialista.

Confira a questão comentada por Dino Rangel: 

 

Reprodução/Youtube/VaiCairnoEnem

 

O último aulão da série de aulões promovidos pelo Vai Cair no Enem começou, neste sábado (26), com muitas reflexões ligadas aos pensamentos filosóficos e do mundo da sociologia. A professora das duas disciplinas, Cristiane Pantoja, revisou assuntos e deu dicas para os candidatos que vão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), já no próximo domingo (3). O evento é realizado na UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau, no bairro das Graças, no Recife.

Sócrates, Platão e Aristóteles são alguns dos grandes nomes da filosofia clássica e que geralmente têm suas ideias pautadas na prova do Enem. E foi sobre os raciocínios desses pensadores que a docente iniciou a revisão, destacando que para entender os teóricos é preciso estudar as suas metodologias. A maiêutica socrática, que segundo a professora tem a ver com a reconstrução das ideias, foi um dos temas explicados por Pantoja.

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“Nós nascemos em uma sociedade com pensamentos pré-determinados. Será que aquele pensamento que você tem é seu ou não? Então, quando Sócrates chama você para a maiêutica, ele quer que você reconstrua suas ideias com a própria cabeça com seu próprio questionamento”, explicou a educadora. Outros conteúdos abordados por Pantoja foram o positivismo, sofismo e ação social do sociólogo Max Weber.

Perguntada pelo apresentador e editor do LeiaJá Nathan Santos se ela acredita que a prova virá com ou sem ideologias, Cristiane Pantoja respondeu que tudo irá depender se essa ideologia vai ser usada. Segundo a docente, ela pode servir para educar e orientar, mas também para doutrinar. “A questão é que não existe nada com o ser humano que não é feito dentro de ideias, com ideologia. A prova vem cheia de ideologias, sim. Mas a questão é como essa ideologia vai ser usada de uma forma imparcial para o seu aprendizado e não exatamente para o que você acredita que seja”, concluiu. Confira como foi a aula:

 

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Para abordar a prova de Ciências Humanas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Espaço Primer Isoladas irá realizar um aulão gratuito no Recife. O evento acontece no bairro de Boa Viagem, Zona Sul da cidade, no dia 28 de setembro, às 14h30.

O aulão terá como tema "Trabalho: da revolução industrial à uberização" e os interessados podem realizar inscrições no local do evento. Ao total, são disponibilizadas 100 vagas. 

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A aula irá abordar aspectos como o trabalho e suas visões na história, precarização do emprego, o trabalho como instância de vida, entre outros temas. O encontro contará com a participação do professor de filosofia e sociologia Salviano Feitoza e do docente de história Paulo Chaves.

Também comandam o evento a professora de redação e linguagens Tereza Albuquerque e o professor Fernando Vieira, que ensina geografia.

Serviço

Aulão "Trabalho: da revolução industrial à uberização"

Endereço: R. Padre Carapuceiro, 968 - sala 1701 - Boa Viagem, Recife - PE, 51020-280

Data: 28 de setembro

Horário: 14h30

Entrada: gratuita

A manhã deste sábado (24) foi especial para dezenas de estudantes que sonham em chegar à universidade por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Eles acompanharam o primeiro de uma série de aulões do projeto Vai Cair No Enem, que em parceria com o LeiaJá compartilha conteúdos educativos focados na preparação para a prova. Olinda-PE, cidade história, foi escolhida como o palco de abertura dos encontros.

Não pode acompanhar? CONFIRA O AULÃO COMPLETO

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Os professores José Carlos Mardock (história), Francisco Coutinho (química), João Pedro Holanda (sociologia e filosofia) e Eduardo Pereira (redação) comandaram explicações ricas em conteúdos diante de um auditório lotado. O aulão foi realizado na UNINASSAU, instituição de ensino apoiadora do Vai Cair No Enem. Confira, no vídeo a seguir, momentos marcantes do aulão:

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Gostou? Então inscreva-se para os próximos aulões e garanta a sua vaga!

Com a proximidade para a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é comum que os feras tenham algumas dúvidas sobre o que estudar na reta final. Em comemoração ao dia do filósofo, celebrado no dia 16 de agosto, e para ajudar esses estudantes a não perderem o foco, os professores João Pedro Holanda e Cristiane Pantoja dão dicas de autores que os alunos não podem deixar de estudar. 

De acordo com a professora Cristiane Pantoja, é importante estudar Sócrates, Platão e Aristóteles, considerados pais da filosofia clássica. “O conteúdo de Platão perpassa a Teoria das Formas e a Teoria da Reminiscência, quais trazemos características: como a verdade das coisas estão na forma ou mundo inteligível, sobressaindo ao erro e às sombras se buscarmos conhecer as coisas através do mundo sensível, dos sentidos. Pela Teoria da Reminiscência, a alma imortal, a alma que possui conhecimento advindo da forma inteligível, quando retorna ao corpo, mundo dos sentidos, e  pode re-acessar, relembrar as coisas já conhecidas, as verdades inatas. Os conhecimento já prontos em sua alma”, conta Pantoja. 

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Sobre Aristóteles, Cristiane fala que “[...] ele era discípulo de Platão e veio rompendo com a ideia da Teoria das Formas ou dos Mundos. A filosofia aristotélica valoriza a Forma Sensível de conhecer as coisas, de buscar as verdades. Pelo conhecimento empírico, valoriza a observação e a experiência como caminhos honestos para conhecer a verdade tão buscada pelos filósofos”. Aristóteles também desenvolveu a Teoria das Quatro Causas que explicam a composição das substâncias dos seres, bem como as transformações do ato à potência e vice-versa. As quatro causas são: material, formal, eficiente e final.

Período pré-socrático

O professor Pedro Holanda também recomenda que os alunos estudem o período pré-socrático, como Tales de Mileto, considerado um naturalista. “Enquanto Tales de Mileto, um pré-socrático, é considerado o pai da Filosofia Ocidental, temos Sócrates trazendo o diálogo, a maiêutica e a ironia como formas de instigar a busca e a reflexão para o verdadeiro conhecimento”, acrescenta Pantoja à fala de Pedro.

Ao falar de filosofia na Idade Média, Cristiane lembra ao fera que é imprescindível estudar Santo Agostinho, que retomou Plotino aos neoplatônicos, e São Tomás de Aquino, que tem em seus estudos a leitura dos neoaristotélicos, ajudando a perpetuar os dogmas da Igreja Católica. Ainda segundo a professora, na filosofia moderna, temos as correntes racionalistas e empíricas. De maneiras diferentes, vão conectar as teorias platônicas e aristotélicas aos preceitos do novo homem moderno, da nova forma de pensar esse homem, à ciência, à razão e às experiências.

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Nos próximos dias 3 e 4 de agosto, o Centro Espírita Beneficente União do Vegetal, de Abreu e Lima, em parceria com a Oshadhi promoverá o workshop "Aromaterapia - Saúde e Bem Estar Através dos Óleos Essenciais". O evento será realizado na Faculdade Estácio de Sá, localizada no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, das 9h às 17h, com intervalo para o almoço.

O psiquiatra Guilherme Oberlaender e o mestre em filosofia antiga Yuri Oberlaender serão os responsáveis pela condução do workshop. Márcia Machado, coordenadora do evento, afirma que o objetivo do workshop é promover a difusão da aromaterapia, técnica natural que utiliza o aroma e as partículas liberadas por diferentes óleos essenciais para estimular partes do cérebro. “São muitos os benefícios que a aromaterapia pode trazer às pessoas, como o alívio de sintomas de ansiedade, insônia, depressão, asma ou resfriado, promoção do bem-estar e fortalecimento das defesas do corpo”, diz Machado.

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Serviço

Workshop Aromaterapia - Saúde e Bem Estar Através dos Óleos Essenciais

03 e 04 de agosto (das 9h às 17h)

Faculdade Estácio de Sá

(Av. Eng. Abdias de Carvalho, 1678, Madalena, Recife)

Inscrições através do link: bit.ly/aromaterapiarecife

Conteúdo Programático

O que é aromaterapia

O que são óleos essenciais

Qual a função dos óleos essenciais

Métodos de extração

Porque os óleos agem terapeuticamente em nosso organismo

Principais óleos essenciais para o dia a dia

Formas de Uso

No Centro do Recife, a Casa da Cultura, um antigo espaço de detenção, respira história. Hoje um equipamento turístico, a construção foi palco do programa Vai Cair No Enem desta semana, produzido pelo LeiaJá.

O professor de história e filosofia Luiz Neto é o nosso convidado. Os candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio também podem acompanhar dicas diárias no Instagram @vaicairnoenem. Veja, a seguir, o programa desta semana:

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As declarações do ministro da Educação Abraham Weintraub e do presidente da República Jair Bolsonaro, sobre a possibilidade da diminuição de investimentos em cursos da área de Humanas, instigaram críticas. Entidades ligadas aos segmentos da sociologia e filosofia, bem como professores repudiaram a proposta federal.

Partindo da polêmica, o programa Vai Cair No Enem - que reúne conteúdos educativos para o Exame Nacional do Ensino Médio -, do LeiaJá, realiza uma aula ao vivo, nesta terça-feira (28), com os professor de sociologia e filosofia Salviano Feitoza, e Thais Almeida, da disciplina de história. “Para que servem as matérias de Humanas? Como serão as questões no Enem de Bolsonaro?” são os temas da live.

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A transmissão é pelo Instagram do Vai Cair No Enem e por meio do YouTube do programa. A condução do ao vivo fica a cargo do apresentador Bruno Araújo. ASSISTA:

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Sócrates, Platão, Bourdier, Durkheim, entre tantos outros nomes da filosofia e sociologia são amplamente conhecidos por aqueles que estudam, se dedicam, ou apenas absorveram algum conteúdos dessas disciplinas na escola ou universidade.  Recentemente, uma declaração polêmica do presidente Jair Bolsonaro causou desconforto dentro das associações ligadas às Ciências Humanas. Por meio de seu Twitter, o capitão reformado do Exército afirmou que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, irá descentralizar investimentos em cursos superiores como sociologia e filosofia. A justificativa é a necessidade de aplicar as verbas em áreas que supostamente dariam retorno financeiro mais rapidamente, como engenharia e medicina.

De um lado, nas redes sociais, apoiadores de Bolsonaro comemoraram a notícia, alegando que as disciplinas formam pessoas subversivas. Já do outro, entidades e instituições se opuseram às declarações do presidente, reiterando a importância dos estudos de matérias como sociologia e filosofia. Segundo uma nota divulgada pela Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), os conteúdos das áreas de Ciências Humanas são tão importantes quanto os de assuntos mais técnicos, pois auxiliam na construção de um país moderno e solidário.

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Para outras entidades, como a Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF), as declarações do presidente e do ministro da Educação se caracterizam por uma “ignorância inadmissível”. “As declarações do ministro e do presidente revelam ignorância sobre os estudos na área, sobre sua relevância, seus custos, seu público e ainda sobre a natureza da universidade. Esta ignorância, relevável no público em geral, é inadmissível em pessoas que ocupam por um tempo determinado funções públicas tão importantes para a formação escolar e universitária, para a pesquisa acadêmica em geral e para o futuro de nosso país”, explica o comunicado.

O quão importante é estudar filosofia e sociologia?

Inseridas dentro do currículo escolar do ensino básico pelo Ministério da Educação (MEC), as disciplinas de filosofia e sociologia têm importância para a formação do ser humano e até mesmo para um aprendizado mais amplo e de diversas disciplinas, segundo professores. De acordo com docentes, a retirada de investimentos para a Ciências Humanas é uma perda para o cidadão.

“As Ciências Humanas contribuem para a formação do intelecto, para o entendimento do papel do ser humano na sociedade, as suas relações com outras pessoas, a sua relação com o mundo; e tudo isso é muito prejudicial para um governo que se diz liberal e que, portanto, tem sua ideologia a competição ou a verdadeira luta de todos contra todos”, salienta o professor de sociologia João Pedro Holanda.

O professor de sociologia e filosofia Salviano Feitoza explica que existem benefícios distintos para o estudos das áreas, a depender se o aluno estiver no ensino médio ou superior. “Na educação básica, até o ingresso nas faculdades, o ensino de filosofia e sociologia proporciona ao estudante perceber que ele está em relação com outros indivíduos; a possibilidade de envolver empatia; a quebra de preconceitos que muitas vezes são instituídos no próprio ambiente familiar. Especificamente no âmbito da filosofia, há uma possibilidade de entendimento de si e do estar no mundo que o estudante pode ter e possibilita, inclusive, que ele saia de situações de ansiedade, estados de tristeza profunda, combate à depressão”, revela.

Feitoza também pontua a importância do estudo das disciplinas na universidade. “Pense em um médico que vai ter de decidir, de maneira muito rápida, em uma cirurgia que tem um risco de morte muito grande. Como avaliar esses riscos? Tudo isso a filosofia pode proporcionar. É você pensar em reflexões sobre o certo e o errado, que compõem o trabalho de todo mundo; é algo que se tem contato estudando filosofia”, salienta o docente Salviano Feitoza.

Áreas de atuação do filósofo e sociólogo

Salviano Feitoza explica que diversas são as áreas de atuação que um filósofo ou sociólogo pode seguir. “Um filósofo pode trabalhar em corporações, desenvolvendo projetos dentro das empresas; um filósofo, assim como um sociólogo, pode atuar em organizações não-governamentais e empresas, desenvolvendo projetos que permitam aos indivíduos uma relação muito mais consciente com o ambiente e com as outras pessoas, inclusive trabalhando na geração de empregos por meio de workshops, capacitações, elaboração de oficinas e de projetos educacionais de curta, média e longa duração, que proporcionam, sim, um retorno”, crava.

Já a professora de filosofia Cristiane Pantoja destaca para a contribuição dos profissionais de filosofia e sociologia na docência. “Desde pesquisadores a docentes, podem trabalhar com alunos de fundamental dois até PhD, podem ser concursados ou não. A importância está exatamente no que se propõem as matérias citadas: conhecer, reconhecer, questionar o sistema e valores vigentes, e propor soluções para problemáticas morais, intelectuais e práticas, inclusive no contribuir para a valorização da educação corporal e mental como imprescindíveis no desenvolvimento saudável de si e do bem-estar coletivo”, opina a docente.

O programa "Mariana Godoy Entrevista", exibido nesta sexta-feira (26) pela Rede TV!, recebeu como entrevistado o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). No bate-papo, o filho do presidente Jair Bolsonaro exaltou o escritor e filósofo Olavo de Carvalho.

"É nossa referência filosófica, é uma pessoa muito letrada. (...) O que o Olavo falava há 20, 30 anos aconteceu agora. Ele tem uma sensibilidade muito grande. Vale a pena você escutar o que o Olavo fala, agora, a maneira como ele se expressa, depende dele", disse, ao ser questionado pela apresentadora Mariana Godoy se Olavo era mesmo considerado 'o guru' da família Bolsonaro.

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Nas redes sociais, Eduardo recebeu diversos elogios dos internautas pela desenvoltura durante a entrevista. "Foi muito bom. Eduardo é fera. Transparência total e facilidade na comunicação", escreveu um usuário do Facebook na página do deputado.

A declaração de Eduardo sobre a importância de Olavo de Carvalho na esfera política e familiar veio após Jair Bolsonaro dizer que o MEC estuda descentralizar investimento em cursos de filosofia e sociologia. 

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Assim como entidades e associações que defendem o ensino da filosofia e da sociologia, a Universidade de Pernambuco (UPE), por meio do seu Conselho Universitário, divulgou uma nota de repúdio a declarações do presidente Jair Bolsonaro. O governo federal cogita descentralizar investimentos nessas áreas, passando recursos para formações como veterinária e medicina.

Por meio de nota, a UPE expressou indignação com a fala do presidente, além de usar o termo “ignorância” para criticar a postura federal. Ainda em sua posição, a instituição de ensino repudiou o que chama de mais um ataque à universidade pública. Veja a nota na íntegra:

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O Conselho Universitário da Universidade de Pernambuco (Consun/UPE) manifesta sua recusa e indignação às declarações públicas do Presidente da República e do Ministro da Educação sobre o ensino e a pesquisa na área de humanidades, citando a Filosofia e a Sociologia. O ministro, Abraham Weintraub, defendeu retirar recursos das faculdades de Filosofia e de Sociologia, para investir “em faculdades que geram retorno de fato: enfermagem, veterinária, engenharia e medicina”.

Este discurso revela uma ignorância sobre a relevância, os custos, o público e ainda sobre a natureza de uma Universidade. Esta é uma posição inadmissível aos que ocupam funções públicas influentes para o futuro de nosso país.

Repudiamos mais este ataque à universidade pública, em particular aos cursos da área de humanidades, essenciais ao desenvolvimento do pensamento crítico e à formação da consciência sobre o mundo, basilares ao desenvolvimento da cidadania. Expressamos assim nossa posição contrária a mais uma tentativa de diminuir a contribuição da Universidade para a melhoria da qualidade de vida da sociedade em todos os seus aspectos. 

Entidades ligadas à filosofia e Ciências Humanas divulgaram, na tarde desta sexta-feira (26), uma nota de repúdio a declarações do presidente Jair Bolsonaro (PSL) sobre a possível “descentralização de investimentos em faculdades de filosofia e sociologia (Humanas)”. As associações classificaram a medida como “ignorância inadmissível”.

Na manhã desta sexta-feira, Bolsonaro utilizou o Twitter para defender a ideia de reduzir investimentos nas áreas de Ciências Humanas. Segundo o chefe do Executivo, “o objetivo é focar em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte, como: veterinária, engenharia e medicina”.

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Em nota publicada pela Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF), diversas associações e sociedades científicas repudiam as falas do presidente e do ministro da Educação, Abraham Weintrab. “As declarações do ministro e do presidente revelam ignorância sobre os estudos na área, sobre sua relevância, seus custos, seu público e ainda sobre a natureza da universidade. Esta ignorância, relevável no público em geral, é inadmissível em pessoas que ocupam por um tempo determinado funções públicas tão importantes para a formação escolar e universitária, para a pesquisa acadêmica em geral e para o futuro de nosso país”, diz o comunicado.

O documento afirma ainda que “o ministro e o presidente ignoram a natureza dos conhecimentos da área de humanidades e exibem uma visão tacanha de formação ao supor que enfermeiros, médicos veterinários, engenheiros e médicos não tenham de aprender sobre seu próprio contexto social nem sobre ética, por exemplo, para tomar decisões adequadas e moralmente justificadas em seu campo de atuação". "Ignoram que os estudantes das universidades públicas, e principalmente na área de humanidades, são predominantemente provenientes das camadas de mais baixa renda da população. Ignoram, por fim, a autonomia universitária, garantida constitucionalmente, quando sugerem o fechamento arbitrário de cursos de graduação”, acrescenta a ANPOF. Confira a íntegra da nota:

A Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (ANPOF) e associações abaixo mencionadas repudiam veementemente as falas recentes do atual presidente da república e de seu ministro da educação sobre o ensino e a pesquisa na área de humanidades, especificamente em filosofia e sociologia.

As declarações do ministro e do presidente revelam ignorância sobre os estudos na área, sobre sua relevância, seus custos, seu público e ainda sobre a natureza da universidade. Esta ignorância, relevável no público em geral, é inadmissível em pessoas que ocupam por um tempo determinado funções públicas tão importantes para a formação escolar e universitária, para a pesquisa acadêmica em geral e para o futuro de nosso país.

O ministro Abraham Weintraub afirmou que retirará recursos das faculdades de Filosofia e de Sociologia, que seriam cursos “para pessoas já muito ricas, de elite”, para investir “em faculdades que geram retorno de fato: enfermagem, veterinária, engenharia e medicina”. O ministro apoia sua declaração na informação de que o Japão estaria fazendo um movimento desta natureza.

De fato, em junho de 2015 o Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia do Japão enviou carta às universidades japonesas recomendando que fossem priorizadas áreas estratégicas e que fossem cortados investimentos nas áreas de humanidades e ciências sociais.

Após forte reação das principais universidades do país, incluindo as de Tóquio e de Kyoto (as únicas do país entre as cem melhores do mundo), e também da Keidanren (a Federação das Indústrias do Japão) – que defendeu que “estudantes universitários devem adquirir um entendimento especializado no seu campo de conhecimento e, de forma igualmente importante, cultivar um entendimento da diversidade social e cultural através de aprendizados e experiências de diferentes tipos” – o governo recuou e afirmou que foi mal interpretado.

A proposta foi inteiramente abandonada quando o ministro da educação teve de renunciar ao cargo, ainda em 2015, por suspeita de corrupção. Da forma como o ministro Abraham Weintraub apresenta o caso trata-se, portanto, de uma notícia falsa.

O ministro foi seguido pelo presidente, que mencionou que o governo “descentralizará investimentos em faculdades de filosofia”, sem especificar o que isto significaria, mas deixando claro que se trata de abandonar o suporte público a cursos da área de humanidades, nomeadamente os de Filosofia e de Sociologia. O presidente indica que investimentos nestes cursos são um desrespeito ao dinheiro do contribuinte e, ao contrário do que pensa a Federação das Indústrias do Japão, afirma que a função da formação é ensinar a ler, escrever, fazer conta e aprender um ofício que gere renda.

O ministro e o presidente ignoram a natureza dos conhecimentos da área de humanidades e exibem uma visão tacanha de formação ao supor que enfermeiros, médicos veterinários, engenheiros e médicos não tenham de aprender sobre seu próprio contexto social nem sobre ética, por exemplo, para tomar decisões adequadas e moralmente justificadas em seu campo de atuação. Ignoram que os estudantes das universidades públicas, e principalmente na área de humanidades, são predominantemente provenientes das camadas de mais baixa renda da população. Ignoram, por fim, a autonomia universitária, garantida constitucionalmente, quando sugerem o fechamento arbitrário de cursos de graduação.

Uma das maiores contribuições dos cursos de humanidades é justamente o combate sistemático a visões tacanhas da realidade, provocando para a reflexão e para a pluralidade de perspectivas, indispensáveis ao desenvolvimento cultural e social e à construção de sociedades mais justas e criativas.

Seguiremos combatendo diuturnamente os ataques à universidade pública e aos cursos de humanidades movidos pelo ressentimento, pela ignorância e pelo obscurantismo, também porque julgamos que esta é uma contribuição maiúscula da área de humanidades para o melhoramento da sociedade à nossa volta.

Assim como fez outras figuras do cenário político, o líder da Oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB), opinou sobre a afirmação do presidente Jair Bolsonaro sobre diminuir investimentos em cursos superiores da área das Ciências Sociais.

“Bolsonaro e seu ministro da (des)Educação querem matar por inanição os cursos de Filosofia e Sociologia”, afirmou Molon, aproveitando para alfinetar não só o presidente, mas também o recém empossado ministro da Educação Abraham Weintraub.

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Molon ainda pontuou que “o presidente quer um país que não reflita, que não dialogue e que não possa se opor aos seus desmandos”.

Para finalizar, o deputado foi enfático em sua crítica às atitudes do presidente. “Bolsonaro quer emburrecer os brasileiros. Já passou de qualquer limite”, mostrou irritação.

Simone Lucie-Ernestine-Marie Bertrand de Beauvoir nasceu na França em janeiro de 1908, foi escritora, filósofa, professora e precursora da lutas das mulheres por direitos iguais. "Não se nasce mulher, torna-se mulher", uma das suas frases mais famosas, retirada do livro ‘O Segundo Sexo’, de 1949, foi trazida em uma questão do Enem de 2015, fazendo surgir uma discussão nas redes sociais sobre a importância do feminismo e de se entender as lutas femininas desde o século XX.

Muitos concordaram com a abordagem na prova, outros nem tanto. Na internet era possível ver opiniões de todos os tipos, sobretudo de mulheres, com demonstração de contentamento e alegria pelo contexto cobrado. Inclusive, após a questão do Enem, a página do Wikipedia que traz a biografia da filósofa sofreu uma série de ataques, passando de 250 acessos diários para 35 mil e 46 edições em quatro dias.

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A professora de filosofia Cristiane Pantoja faz uma reflexão sobre o motivo de algumas pessoas se incomodarem tanto com as obras de Beauvoir: “São homens que temem perder seu lugar, são mulheres que nem se percebem machistas. Simone se coloca em lugar de fala e vai de encontro ao machismo e conservadorismo estrutural, logo, afronta toda hierarquia e se afirma feminista e assim também é reconhecida”, diz.

Já o professor de Filosofia e Sociologia, Salviano Feitoza, completa que a discussão surge porque a escritora coloca em jogo as desigualdades como sendo algo de responsabilidade das pessoas. “Questiona-se as obras de Simone de Beauvoir porque elas vão de encontro a uma estrutura de pensamento que foi construído historicamente. Quando há uma problematização de que ser mulher não é algo que se nasce sabendo ser, isso vai de encontro a uma estrutura de pensamento que atribui às mulheres uma situação de inferioridade”, explica.

Simone de Beauvoir bebeu da água do existencialismo. Inclusive, o grande nome do existencialismo, Jean Paul Sartre, foi companheiro dela por muitos anos. Esta corrente filosófica diz que os Homens, ao decidirem sobre sua própria existência, criam a própria existência, sem influências externas, determinando por si só os rumos de sua vida, de suas escolhas e decisões. Isso ajuda a entender as lutas dela para que a sociedade se desse conta de que manter relações de desigualdades pela lógica da biologia não era honesto.

“Beauvoir começa a pensar de onde é que vem e quais estruturas que fazem com que permaneça essa diferença social entre homens e mulheres. Ela chega à conclusão, portanto, que não é nenhum fator biológico, psíquico, que determina a inferioridade da mulher em relação ao homem. Essa inferioridade existe. Ela é algo socialmente e culturalmente construído a partir de decisões e escolhas do ser humano. Não há nada genético. É completamente cultural”, comenta o professor João Pedro Holanda.

A autora é um dos grandes nomes do movimento que ficou conhecido como segunda onda feminista, que compreende os anos de 1960 até 1980. A diferença principal entre a primeira parte do movimento e esta, é que na fase anterior havia uma luta voltada para o reconhecimentos dos direitos políticos das mulheres.

Seu livro “O Segundo Sexo” aparece aqui como um marco do momento que traz além dos questionamentos da natureza biológica feminina, as obrigações atribuídas às mulheres, como o casamento, a maternidade, a submissão. “A humanidade é masculina, e o homem define a mulher não em si, mas relativamente a ele; ela não é considerada um ser autônomo”, diz trecho de 1949.

O professor Salviano Feitoza aconselha que os estudantes que querem entender e estudar a obra da feminista procurem ler as obras dela, iniciando justamente pelo “Segundo Sexo”. “Não é um livro de leitura difícil. Algumas passagens do livro podem requerer algum conhecimento de filosofia, mas é algo que o professor pode auxiliar. Para o contato com a obra de qualquer outro pensador da filosofia, ideal é ler o que o próprio pensador escreveu, a partir da dificuldade que se apresente, aí deve-se procurar quem escreveu sobre, quem traz uma observação sobre as ideias deles”, aconselha Feitoza.

Sobre a obra de Simone ser cobrada em outras edições do Exame Nacional do Ensino Médio, Cristiane Pantoja mostra-se desconfiante, principalmente pelos posicionamentos do novo governo, que associa temas como feminismo e lutas sociais a ideologias corruptoras. “É aguardar as diretrizes e continuar a análise das políticas públicas. Sabemos que quem entende de política, entende de Enem, logo acredito que vários educadores não esperam temas revolucionários ou de empoderamento das minorias ou da mulher”, pondera.

Mesmo que ela fique de fora do Enem, a obra de Simone se mostra importante nos dias atuais. “Ela é uma filósofa que transcende os muros da vida acadêmica e se coloca a disposição das lutas sociais. E ela faz um alerta, que é possível mudar”, conclui o professor João Pedro.

Já Salviano Feitoza ressalta que a francesa para ele é um exemplo a ser seguido por todos que buscam coerência entre o que pensam e fazem. “Uma pensadora traz a partir do exemplo de vida dela, essa militância constante. Ela é uma pensadora fundamental para gente repensar a nossa própria posição no mundo em questões existenciais, como também os papéis sociais que a gente pode desempenhar para além do que a sociedade espera de nós”, finaliza o professor.

Simone de Beauvoir faleceu em decorrência de uma pneumonia, aos 78 anos, em 14 de abril de 1986. Seu corpo está enterrado em um cemitério na cidade de Paris, (cidade onde nasceu) justamente ao lado de seu amado Jean Paul Sartre. Sua luta se faz presente até os dias de hoje, sobretudo em um país no qual a taxa de feminicídio cresce a cada.

Sobre isso a professora Pantoja conclui que “quando se tem uma fêmea-feminista que se define e redefine como quiser, abraçando a autonomia de si, entendendo o machismo estruturado e despontando sobre ele, para luta no XXI, mais que Beauvoir, Simones, Marias, Cristianes, Marielles e Josicleides são mais que necessárias. Umas produzindo livros, outras lutando por uma legislação real, outras como propositoras de discussões e aprendizados e lutas”.

O programa Globalizando desta semana fala sobre "Filosofia para compreender o mundo". O convidado é o professor Edson Noronha, que possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Pará (UFPA, 1999), onde atualmente é professor efetivo. Tem experiência na área de filosofia, com ênfase em ética, atuando principalmente nos seguintes temas: existencialismo, fenomenologia, Nietzsche, moral e Santo Agostinho.

Acompanhe esse e outros temas no programa Globalizando, na Rádio Unama FM 105.5, produzido pelos alunos do curso de Relações Internacionais da Universidade da Amazônia (Unama). Clique no ícone abaixo para ouvir o Globalizando.

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