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O governo da França vetou nesta quarta-feira (27) o uso da hidroxicloroquina no tratamento de pessoas que contraíram o novo coronavírus (Sars-CoV-2) fora de testes clínicos realizados em hospitais.

O anúncio vem após a recomendação do Conselho Nacional para a Saúde Pública de suspender o tratamento com a droga de maneira ampla e da Agência Nacional de Remédios (ANSM) informar que não faria novos testes com o medicamento até "uma nova avaliação global dos riscos/benefícios".

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No momento, a França realiza 16 testes clínicos com a hidroxicloroquina e, segundo a ANSM, eles serão concluídos normalmente.

A medida foi tomada após o maior estudo com a droga, que envolveu 96 mil pacientes, ter sido publicado no dia 22 de maio pela revista científica "The Lancet". A pesquisa mostrou que, além de não trazer benefícios para a cura da Covid-19, o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina aumentava tanto o risco de morte como o de arritmias cardíacas graves.

Na segunda-feira (25), a Organização Mundial da Saúde (OMS) também anunciou a suspensão dos testes com a hidroxicloroquina até que fossem compreendidos os riscos trazidos pela droga no tratamento dos pacientes com o novo coronavírus.

No entanto, a OMS alertou que o uso do remédio para as doenças para o qual foi considerado seguro, incluindo o tratamento de lúpus e da malária, continua liberado normalmente.

Nesta terça-feira (26), a Agência de Remédios da Itália também informou que suspendeu o uso da hidroxicloroquina para além de estudos médicos. 

Da Ansa

Os médicos pernambucanos Antônio Jordão de Oliveira Neto, que é oftalmologista, e a Cristina Altino de Almeida, especialista em medicina nuclear, estão encabeçando um "Protocolo de Tratamento Pré-Hospitalar Covid-19" com 39 páginas e repleto de indicações técnicas, dosagens de medicamentos, gráficos e referências bibliográficas - tudo em apoio ao uso da cloroquina e do hidroxicloroquina no combate ao Covid-19.  

Esse protocolo é subscrito por 42 médicos no total e é apresentado como um documento oficial a ser aplicado pelo médico no atendimento de pacientes com o novo coronavírus.

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"Este protocolo nasceu da angústia dos médicos que se viram frente a frente com um inimigo desconhecido mas que, a exemplo de Dom Quixote, ergueram a lança e foram para cima do Dragão Covidiano ao Grito de 'Vamos à Luta para a implementação de um tratamento pré-hospitalar!", diz o documento.

Na última segunda-feira (25), dia que o protocolo foi divulgado, foi o mesmo dia que a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia suspendido um estudo em andamento com a cloroquina e a hidroxicloroquina. O embate é entre os que defendem o uso dessas drogas e os que dizem não existir estudo suficiente sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina para o combate ao Covid-19.

Enquanto o Ministério da Saúde aponta a cloroquina como uma alternativa, a revista científica Lancet relaciona essas drogas como causadoras de problemas cardíacos em um estudo com 96 mil pacientes. São milhares de médicos espalhados pelo Brasil que apoia o uso da cloroquina e, por isso, estão sendo apelidados pelos seus críticos de "cloroquiners". 

O Ministério da Saúde anunciou nesta segunda-feira (25) que manterá sua recomendação de usar hidroxicloroquina em pacientes com o novo coronavírus, apesar da decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de suspender temporariamente os testes clínicos com este medicamento como medida de precaução.

"Estamos muito tranquilos e serenos em relação à nossa orientação. Ela segue uma orientação feita pelo Conselho Federal de Medicina, que dá autonomia para que os médicos possam prescrever essa medicação para os pacientes que assim desejarem. Isso é o que vamos repetir diariamente", declarou Mayra Pinheiro, secretária de gestão em trabalho na saúde do ministério, durante coletiva de imprensa em Brasília.

Pressionado pelo presidente Jair Bolsonaro, o Ministério da Saúde, o país mais afetado pelo novo coronavírus na América Latina, divulgou na semana passada um documento em que ampliou as recomendações para o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina aos casos leves de Covid-19 apesar da falta de evidências conclusivas sobre sua eficácia.

Até então, recomendava-se seu uso apenas nos casos mais graves. A decisão gerou críticas da comunidade científica brasileira.

Nesta segunda-feira, a OMS anunciou a suspensão temporária dos testes clínicos com hiroxicloroquina que realizava em vários países, após a publicação de um estudo na sexta-feira na revista médica The Lancet, que considerou ineficazes e até contraproducentes o uso da cloroquina e seus derivados para lutar contra a Covid-19.

"Não se trata de um ensaio clínico, é apenas um banco de dados coletado de vários países e isso não entra no critério de um estudo metodologicamente aceitável para servir de referência para nenhum país do mundo, e nem para o Brasil", declarou Pinheiro.

A pressão de Bolsonaro para ampliar o uso do medicamento é apontada como a principal causa da renúncia do ministro da Saúde, o oncologista Nelson Teich, que ocupou o cargo durante menos de um mês após a saída de seu antecessor, Luiz Henrique Mandetta, que também saiu por divergências com o presidente sobre a gestão da crise sanitária.

O presidente americano, Donald Trump, é outro defensor do uso do remédio e chegou a revelar que toma diariamente de forma preventiva um comprimido de hidroxicloroquina.

Teich foi substituído interinamente pelo general Eduardo Pazuello, que autorizou a difusão da nova recomendação.

O Brasil é o sexto país do mundo com maior número de mortes pelo novo coronavírus (23.473) e o segundo com mais casos confirmados (374.898), atrás apenas dos Estados Unidos.

O pico da pandemia no país não deve ocorrer antes do começo de junho, mas Bolsonaro segue em campanha contra as medidas de quarentena adotadas com maior ou menor intensidade por quase todos os governadores.

Em vários estados, as unidades de terapia intensiva (UTI) estão à beira da saturação.

O medo da Covid-19 culminou na busca pela cura milagrosa e fez certos medicamentos sumirem das farmácias. Embora ainda não exista vacina ou tratamento comprovado cientificamente que seja eficaz contra a infecção, a sensação de incapacidade por parte da população intensificou a cultura da automedicação.

A docente do departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Sueli Moreira, alerta sobre as consequências de tomar remédios sem prescrição ou acompanhamento. Além dos efeitos adversos, "os sintomas podem ser mascarados, levando à confusão nos diagnósticos e retardando a definição correta do tratamento", explica.

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O consumo indiscriminado também pode gerar outras doenças e agravar o quadro clínico, como a especialista exemplifica: "o uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) pode levar a complicações renais [...] no caso de antibióticos temos sérios riscos como a piora da infecção, que favorece a resistência bacteriana”.

 Outra questão a ser considerada são as interações entre substâncias, ou seja, a mistura de remédios. "Alguns medicamentos podem interferir na ação de outros e implicar em alterações de exames", esclarece. O conselheiro do Conselho Federal de Farmácia e chefe do departamento de farmácia do Hospital das Clínicas do Recife, Arimatea Filho, também fez um alerta para o consumo sem acompanhamento médico.

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O próprio armazenamento inadequado pode trazer danos. Fora o risco de trocar os medicamentos e tomá-los fora da validade, crianças e idosos podem fazer uso por engano. "O medicamento pode representar um risco baixo para o adulto, mas para o idoso o mesmo medicamento pode ter relação de risco X benefício desfavorável", complementou.

Sem certeza da beneficie, hidroxicloroquina foi estocada

Incentivados pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), antes mesmo do protocolo apresentado nesta quarta-feira (20), algumas pessoas já estocavam caixas de hidroxicloroquina em casa sem saber que podem ser vítimas de uma arritmia cardíaca.

Mesmo sem a eficácia comprovada contra a Covid-19, outras duas substâncias entraram no rol das supostas curas da doença. Assim, o antibiótico azitromicina e o antiparasita ivermectina tornaram-se escassos devido ao aumento da procura. Tal cenário dificultou ainda mais a condição dos pacientes que cumpriam tratamento com as substâncias sob recomendação médica.

"Pacientes que respondem bem ao tratamento vivem com poucos sintomas e são acompanhados frequentemente por reumatologistas, que avaliam os riscos", especificou Moreira sobre a prescrição da hidroxicloroquina. O remédio é recomendado contra o Lupus Eritematoso Sistêmico e, a interrupção do tratamento pode resultar na piora renal e de sintomas como a artrite. Em um quadro mais grave, o paciente luta pela vida após ser internado na UTI, concluiu.

O Ministério da Saúde publicou, nesta quarta-feira (20), um novo documento com orientações para o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19.

A nova diretriz traz como recomendação a aplicação da droga também para casos leves, dependendo de decisão médica. Até então, a orientação do Ministério da Saúde era de emprego do medicamento em casos de média e alta gravidades.

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O tema vinha sendo objeto de debates no governo, entre autoridades de saúde e entre pesquisadores. O presidente Jair Bolsonaro já havia se pronunciado diversas vezes a favor do uso do medicamento. Os ex-ministros da Saúde Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich divergiam do presidente na questão do uso da cloroquina nos casos de covid-19.

Nas diversas pesquisas realizadas até agora, não há consenso sobre evidências científicas da eficácia da prescrição da substância. Duas delas, uma da Fundação de Medicina Tropical no Amazonas e outra da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos, colocaram essas dúvidas.

Em entrevista coletiva hoje no Palácio do Planalto, representantes do governo defenderam a iniciativa, argumentando que esta não obriga, e sim orienta o médico, que possibilita a oferta do medicamento aos que se tratam pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que é uma providência necessária diante das mortes causadas pela covid-19.

Sobre a decisão brasileira, o diretor executivo da Organização Mundial de Saúde, Michael Ryan, disse todos os países estão na posição de aconselhar os cidadãos sobre o uso de remédios em seu território. “Contudo, neste estágio, nem a hidroxicloroquina, nem a cloroquina tiveram sua eficácia comprovada em relação à covid-19. Foram emitidos alertas por várias autoridades sobre os efeitos colaterais da droga e muitos países limitaram seu uso para estudos clínicos ou na supervisão em hospitais”, afirmou.

A Sociedade Brasileira de Infectologia e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira divulgaram um documento de recomendações para o tratamento farmacológico da covid-19, que analisa diversas drogas cogitadas para lidar com a doença.

A cloroquina e a hidroxicloroquina são enquadradas como de risco importante, e a recomendação é contra o uso de rotina. As evidências da eficácia são consideradas baixas. Classificação semelhante ocorre no caso em que essas drogas são ministradas de forma conjunta com azitromicina. A orientação de evitar usos de rotina também é feita em relação a drogas como tocilizumabe, glicocorticosteroides e lopinavir.

Para a coordenadora da Comissão Intersetorial de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica (Cictaf) do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Débora Melecchi, o protocolo desrespeita a ciência porque inexistem estudos que indiquem eficácia do uso de cloroquina para sintomas leves, inclusive neste momento. O que há até agora são artigos e estudos que concluíram que a utilização não está tendo efeito positivo e há efeitos colaterais, como problemas cardíacos, acrescenta Débora.

Na opinião de Débora, caso os estudos verifiquem um efeito positivo, o remédio pode ser usado, mas antes disso é temerário. “Os riscos à vida das pessoas estão grandes. Além disso, o protocolo traz termos de consentimento deixando na mão do familiar a decisão sobre vida e morte do paciente. Sabe-se lá quantos brasileiros poderão vir a morrer pelo uso do medicamento”, diz.

Consultado pela Agência Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) respondeu que não se pronunciaria sobre o documento e que sua posição está descrita no Parecer nº 4, de 23 de abril. Segundo o parecer, os médicos têm liberdade para receitar os medicamentos em situações de sintomas leves, em acordo com pacientes, alertando para o fato de que não existem trabalhos que comprovem o benefício da droga para o tratamento da covid-19.

Porém, o parecer traz ponderações. “A administração de um medicamento que não tem efeito  comprovado como  alternativa para o tratamento de pacientes com maior gravidade assume, muitas vezes de forma equivocada, que o benefício será maior que o prejuízo. Entretanto, frequentemente, não é possível saber se um medicamento não testado para determinada doença terá maior benefício ou maior prejuízo se não houver um grupo controle”, diz o texto.

A Agência Brasil entrou em contato também com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e com o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e aguarda retorno.

 

 

O deputado estadual Gil Vianna (PSL-RJ), de 54 anos, morreu na noite desta última terça-feira (19), em um hospital particular do Rio de Janeiro vítima da covid-19. O político estava sendo tratado com cloroquina, mas não foi o suficiente para mantê-lo vivo.

Segundo publicado pelo O Globo, a administração do medicamento, que não tem evidências científicas sólidas de que ele funciona no combate ao novo coronavírus, é protocolo de tratamento para pacientes de covid-19 em estado grave no Hospital Unimed, onde Vianna estava internado.

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Nesta quarta-feira (20), o diretor de emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS) Michael Ryan, disse que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos colaterais nos pacientes, além de não ter eficácia comprovada. Além disso, o diretor da OMS apontou que as substâncias só devem ser usadas contra o Covid-19 em ensaios clínicos.

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O presidente americano, Donald Trump, fez uma revelação surpreendente nesta segunda-feira (18), ao afirmar que está tomando hidroxicloroquina, um medicamento antimalária que divide os especialistas médicos sobre sua eficácia no combate à infecção pelo novo coronavírus.

Destacando que testou negativo para a COVID-19 e que não tem sintomas da doença, Trump disse que está tomando o remédio "há cerca de uma semana e meia".

"Eu tomo o comprimido todos os dias", afirmou, acrescentando que também toma zinco preventivamente.

Consultado sobre o porquê, ele disse, "porque eu acho que é bom. Ouvi um monte de boas histórias".

Trump sempre minimizou os riscos do novo coronavírus, inclusive na semana passada, quando disse que representa perigo apenas para um pequeno grupo de pessoas. Ele também se recusa a usar máscara, contrariando as recomendações de autoridades americanas e embora a maioria de sua equipe cubra os rostos em público.

Por outro lado, o presidente demonstra interesse em promover o uso da hidroxicloroquina, mesmo que vários médicos avaliem que não é eficaz para o tratamento do novo coronavírus e entidades reguladoras americanas alertarem que seu uso não é seguro.

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Postagens com frases idênticas contendo boatos sobre o uso combinado de hidroxicloroquina, azitromicina e zinco contra a covid-19 chamaram a atenção de internautas no Twitter, que suspeitaram do uso de bots (robôs) para alavancar postagens a favor da liberação e utilização do medicamento em casos leves e na fase inicial da doença, como defende o governo.

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A eficácia da cloroquina e da hidroxicloroquina no combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2), no entanto, não tem comprovação científica e ainda está sendo estudada. “Minha filha pegou covid no trabalho (Bancária), e meu genro pegou dela, tomaram AZT+HCQ+Zinco logo no inicio dos sintomas, com 4 dias estavam zerados.

Não vejo motivo pra tanta polêmica, um medicamento tão antigo e que até grávida pode tomar. Simples...ñ acredita ñ toma!!!”, diz a mensagem repetida em vários tweets de diversas contas.

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A hidroxicloroquina não parece ser eficaz em pacientes graves de Covid-19 e mesmo nos quadros leves, de acordo com dois estudos que serão publicados nesta sexta-feira (15).

O primeiro deles, de pesquisadores franceses, conclui que o derivado da cloroquina, útil no tratamento da malária, não reduz significativamente a probabilidade de um infectado precisar de tratamento intensivo ou de óbito em pacientes hospitalizados com a pneumonia decorrente da infecção.

Para o segundo estudo, de uma equipe chinesa, a hidroxicloroquina não elimina o vírus mais rapidamente do que os tratamentos padrões em pacientes com uma forma "leve" ou "moderada" da doença. Além disso, os efeitos colaterais são mais importantes.

"Tomados em conjunto, esses resultados não apoiam o uso da hidroxicloroquina como tratamento de rotina para pacientes com Covid-19", afirmou em um comunicado a revista médica britânica BMJ, que publica os dois estudos.

O primeiro foi baseado em 181 pacientes adultos hospitalizados com pneumonia causada pela Covid-19, que forçou a administração de oxigênio. Um total de 84 recebeu hidroxicloroquina diariamente menos de dois dias após a hospitalização, diferentemente dos outros 97.

Não houve qualquer alteração com o tratamento, seja na transferência para a reanimação (76% dos pacientes tratados com hidroxicloroquina estavam em reanimação após 21 dias, em comparação com 75% no outro grupo) ou na mortalidade (a taxa de sobrevivência no dia 21 foi de 89% e 91%, respectivamente).

"A hidroxicloroquina chamou a atenção mundial como potencial tratamento para a Covid-19 devido a resultados positivos de pequenos estudos. No entanto, os participantes deste estudo não apoiam seu uso em pacientes hospitalizados com Covid-19 que precisam de oxigênio", concluem os pesquisadores de vários hospitais na região de Paris.

O segundo estudo foi baseado em 150 adultos hospitalizados na China com formas principalmente "leves" ou "moderadas" de Covid-19. Metade recebeu hidroxicloroquina, a outra não.

Nesse caso, o fato de receber ou não esse tratamento não mudou nada na maneira como os pacientes superam o coronavírus após quatro semanas. Além disso, 30% das pessoas que receberam hidroxicloroquina sofreram efeitos colaterais (geralmente diarreia) em comparação com 9% nos pacientes que não a tomaram.

A hidroxicloroquina é usada no tratamento de doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, e tem fortes apoiadores.

O controverso cientista francês Didier Raoult defende o uso deste medicamento em pacientes no início da doença, juntamente com o antibiótico azitromicina.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também defendeu seu uso contra o novo coronavírus. Mas nas últimas semanas, vários estudos questionaram sua eficácia no tratamento da Covid-19 e as autoridades de saúde de vários países alertaram para o risco de efeitos colaterais, especialmente cardíacos.

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) instaurou um procedimento para investigar a caravana "Doutores de Verdade". O programa, com apoio da deputada estadual Clarissa Tércio (PSC), vem receitando e distribuindo a hidroxicloroquina de graça em comunidades do Recife.

 Em nota, o Cremepe informa que a apuração está regida pelo Código de Processo Ético-Profissional (CPEP) estabelecido pela resolução CFM nº 2145/2016. O procedimento corre em sigilo processual para não comprometer a investigação.

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Os "Doutores de Verdade" têm feito ações nas periferias da capital. Os locais das caravanas têm sido divulgados nas redes sociais da deputada Clarissa Tércio. "Participei de uma ação com médicos voluntários: Dr. Antônio Aguiar, Dra. Ana Emília e Dra. Terce, que estão atendendo a população com muito amor, competência e hidroxicloroquina", escreveu a deputada em uma das publicações.

 A hidroxicloroquina não teve resultados comprovados contra a Covid-19 pela comunidade científica. O mais recente estudo sobre o tema, desenvolvido por médicos de Nova Iorque e publicado no New England Journal of Medicine, aponta que o medicamento pode não ser eficaz, após não serem encontradas diferenças significativas de mortalidade dos que foram administrados com hidroxicloroquina para os que não foram. Os grupos testados com a medicação tiveram maior incidência de ataque cardíaco.

Em um vídeo publicado nas redes sociais, a parlamentar pergunta ao Dr. Antônio Aguiar, integrante da caravana, sobre a eficácia da substância. "(...) Medicação essa reconhecida pela sua segurança e eficácia. Ela está no rol da OMS como uma das medicações essenciais em qualquer sistema de saúde e de qualquer país. No momento, vários trabalhos na literatura mundial têm saído mostrando a sua segurança e a sua eficácia no tratamento do coronavírus", diz o médico, omitindo, entretanto, os estudos que apontam na direção contrária e o fato de que o medicamento é considerado seguro para o tratamento de outras enfermidades e não da Covid-19.

 O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) também solicitou que o Cremepe informe quais providências foram tomadas a respeito da denúncia de distribuição de medicamentos nos 'consultórios itinerantes'.

Em coletiva na quarta-feira (13), o secretário estadual de Saúde, André Longo, deu indícios de estar ciente da situação e lamentou a distribuição dos medicamentos. "A gente lamenta muito que algumas pessoas tenham passado a distribuir a hidroxicloroquina em alguns lugares inadequados. Acho que isso já está sendo alvo de investigação do Conselho Regional de Medicina porque tinha participação, infelizmente, de alguns profissionais de saúde, inclusive médicos, em um programa que precisa ser melhor avaliado para que a gente possa ter as mínimas condições de segurança na utilização de medicamentos como esse".

Na segunda-feira (11), a advogada Dani Portela, do PSOL, protocolou uma denúncia no MPPE, na ouvidoria do Cremepe e na comissão de saúde da OAB-PE para que a caravana fosse investigada. "Não é com achismos, fake news e falsas esperanças que iremos superar a Covid-19", ela escreveu. A deputada Clarissa Tércio rebateu nas redes sociais. "O Psol me denunciou por estar 'distribuindo' cloroquina nas comunidades. Se eu tivesse distribuindo maconha, certamente seria aplaudida por eles. Ou pílulas abortivas...", comentou a deputada.

 Tércio divulgou ter direcionado metade de seu salário para a compra do medicamento. "Já que o Governo não tem sido transparente quanto ao uso da hidroxicloroquina nas unidades de saúde e diante da urgência de quem necessita, resolvi doar o medicamento para salvar vidas", afirmou. Nos comentários das postagens da parlamentar, muitos internautas têm pedido acesso ao medicamento e parabenizado a deputada.

Os 'Doutores de Verdade' estiveram em Casa Amarela, na Zona Norte do Recife, na segunda-feira (11). Cerca de 150 pessoas foram atendidas.

 Na terça-feira (12), o ministro da Saúde, Nelson Teich, escreveu no Twitter que a cloroquina tem efeitos colaterais e que a prescrição deve ser feita após avaliação médica e com termo de consentimento do paciente.

Clarrisa Tércio compartilha da opinião do presidente Bolsonaro sobre uso precoce dos medicamentos, mesmo contra recomendação da OMS. (Divulgação)

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A deputada estadual Clarissa Tércio (PSC-PE) anunciou, na última sexta (8), que direcionou metade de seu salário para a compra de hidroxicloroquina. O uso do medicamento por pacientes acometidos pela Covid-19 não é recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), por não ter sua eficácia comprovada cientificamente. A falta da medicação no mercado já preocupa usuários portadores de doenças como lúpus, que não podem deixar de utilizá-lo.

Clarissa Tércio afirmou que fez um pedido de informação à Secretaria do Estado de Pernambuco, solicitando informações sobre acerca as milhares de unidades de Hidroxicloroquina enviadas pelo governo federal. “Já que o Governo não tem sido transparente quanto ao uso da hidroxicloroquina nas unidades de saúde e diante da urgência de quem necessita, resolvi doar o medicamento para salvar vidas”, comentou.

Um estudo realizado em hospitais de Nova York não encontrou nenhuma evidência de dano ou benefício no uso do medicamento para a malária hidroxicloroquina em pacientes com coronavírus em estado grave.

"O risco de entubação ou morte não foi significativamente maior ou menor entre os pacientes que receberam hidroxicloroquina do que entre os que não receberam", disseram os autores do estudo.

Eles afirmaram, porém, que o estudo, publicado nesta quinta-feira (7) no The New England Journal of Medicine, "não deve ser considerado para descartar benefício ou dano do tratamento com hidroxicloroquina".

"No entanto, nossas descobertas não suportam o uso de hidroxicloroquina no momento, fora de ensaios clínicos randomizados testando sua eficácia", afirmaram.

O presidente americano, Donald Trump, elogiou repetidamente o uso da hidroxicloroquina como tratamento para pacientes com coronavírus.

A hidroxicloroquina e um composto relacionado à cloroquina são utilizados há décadas para tratar a malária, assim como distúrbios autoimunes como lúpus e artrite reumatoide.

O estudo de observação foi realizado entre pacientes da emergência do Hospital Presbiteriano de Nova York e do Centro Médico Irving da Universidade de Columbia e financiado pelo National Institutes of Health.

Para o estudo, 811 pacientes receberam duas doses de 600 mg de hidroxicloroquina no primeiro dia e 400 mg por dia durante quatro dias. Outros 565 pacientes não receberam o medicamento.

Comparando os dois grupos, "não houve associação significativa entre uso de hidroxicloroquina e entubação ou morte", informou a análise.

A Health Canada, a Agência Europeia de Medicamentos e a FDA, agência que regula medicamentos e alimentos nos EUA alertaram contra o uso de hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19 fora dos ensaios clínicos.

As reguladoras americanas autorizaram na semana passada o uso emergencial do remdesivir experimental contra a COVID-19, depois que foi demonstrado em um amplo ensaio clínico que a droga reduzia o tempo de recuperação em alguns pacientes com coronavírus.

O secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, revelou que o Ministério da Saúde procurou o Laboratório Farmacêutico Pernambucano (Lafepe) para a produção da cloroquina. Apesar de se colocar à disposição, segundo contou André Longo nesta quarta-feira (28), a conversa não evoluiu.   

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A medicação não é um consenso entre a comunidade médica a medicação, fortemente defendida pelo presidente Jair Bolsonaro, é usada em alguns casos graves de Covid-19:“O Lafepe recebeu uma sondagem no Ministério da Saúde em relação a produção hidroxicloroquina, nos colocamos através do presidente Flávio Gouveia, que agradeço o empenho a frente do laboratório respondeu dizendo que estava à disposição do Ministério para fazer as adequações para produzir".

Porém, André Longo afirma que não obteve mais contato sobre o assunto por parte do Ministério da Saúde. O secretário ainda ressaltou e elogiou o Lafepe que tem colaborado na produção, segundo ele, de "toneladas e toneladas de álcool em gel". O Laboratório existe há mais de 50 anos  e é o único oficial no mundo fabricante do Benznidazol, usado para combater o Mal de Chagas.

 

 

As autoridades de saúde do Canadá alertaram sobre o perigo do uso da cloroquina e hidroxicloroquina, usadas para combater a malária, para prevenir ou tratar a Covid-19.

"A cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos secundários graves. Estes medicamentos só devem ser utilizados sob a supervisão de um médico", advertiu a Agência de Saúde Pública do Canadá em uma atualização publicada no sábado em seu site.

"A Health Canada se preocupa que algumas pessoas possam comprar cloroquina ou hidroxicloroquina diretamente e usá-las para se prevenir ou tratar" a Covid-19, acrescentou a agência, destacando que estes medicamentos podem causar "transtornos graves no ritmo cardíaco".

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) emitiu um alerta semelhante na quinta-feira sobre esses medicamentos, cujo uso foi defendido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Uma pesquisa com hidroxicloroquina - medicamento usado para malária e citado frequentemente pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como um possível tratamento para coronavírus - não mostrou benefícios desse remédio contra a covid-19. A conclusão ocorreu em uma pesquisa abrangente em hospitais de veteranos do país, com 368 pacientes.

Houve mais mortes entre aqueles que tomaram a hidroxicloroquina do que entre os que receberam tratamento padrão para a doença, de acordo com os pesquisadores envolvidos na iniciativa. O estudo em âmbito nacional não foi um experimento rigoroso, mas é o mais abrangente até agora a analisar o medicamento, usado sozinho ou acompanhado do antibiótico azitromicina, contra a covid-19.

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Cerca de 28% dos pacientes que receberam hidroxicloroquina mais o tratamento normal morreram, enquanto as mortes foram de 11% entre aqueles que apenas receberam o tratamento usual. Além disso, cerca de 22% daqueles que receberam hidroxicloroquina e também azitromicina morreram, ma a diferença entre esse grupo e aquele que recebeu tratamento padrão não foi considerada grande o suficiente para descartar outros fatores que podem ter influenciado.

A pesquisa foi postada online pelos pesquisadores e submetida para publicação no ao New England Journal of Medicine, mas não foi até agora revisado por outros cientistas. Ela foi financiado por bolsas do Instituto Nacional de Saúde e da Universidade da Virgínia. Fonte: Associated Press.

Diante do polêmico estímulo feito pelo presidente Jair Bolsonaro ao uso da hidroxicloroquina no tratamento de pessoas acometidas pela covid-19, a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia divulgou, nesta quinta (9), seu posicionamento oficial sobre sobre o assunto. A instituição alertou para o risco de toxicidade cardíaca oferecido pela substância, que pode levar ao colapso cardivascular.

“Considerando as inúmeras publicações científicas enfatizando a alta frequência e gravidade das manifestações cardíacas da COVID-19, este é um importante sinal de alerta contra o uso indiscriminado da hidroxicloroquina nos casos leves e ambulatoriais da doença. Além disso, existe o aumento do risco de sua toxicidade devido à interação com outras drogas, morbidades cardíacas subjacentes e lesão renal aguda, cenários clínicos frequentemente observados em pacientes, particularmente os idosos, com covid-19”, diz o texto.

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A associação chamou, assim, de “precipitada” a defesa do uso da substância, mas lembrou os estudos científicos e ensaios clínicos que estão sendo realizados em torno da hidroxicloroquina. “Revisão sistemática rápida recente realizada por pesquisadores brasileiros, analisou 54 estudos avaliando o uso off-label de hidroxicloroquina da COVID-19. A conclusão baseada nos achados destes estudos apontou que ‘a eficácia e a segurança da hidroxicloroquina e da cloroquina em pacientes com COVID-19 ainda é incerta e seu uso de rotina para esta situação não deveria ser recomendado até que os resultados dos estudos em andamento possam avaliar seus efeitos (benefícios e riscos) de modo apropriado’”, informou a nota.

O cardiologista Roberto Kalil Filho, do Hospital Sírio-Libanês, afirmou que fez uso da substância hidroxicloroquina durante o tratamento contra o novo coronavírus. O médico ressaltou que seu caso pessoal não pode servir para o uso indiscriminado do remédio, que ainda não teve sua eficácia confirmada pela comunidade científica.

Kalil foi diagnosticado com a Covid-19 na última semana. Em entrevista ao programa Jornal da Manhã, da rede Jovem Pan, ele disse que foi internado no dia 30 com pneumonia em grau avançado. Foi cogitada a transferência dele para uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), mas não foi necessário.

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O médico recebeu uma série de medicações, sendo também oferecido tratamento com a hidroxicloroquina, que ele aceitou. "Tudo o que eu não quero, pela ética médica, é influenciar outros tratamentos", disse o cardiologista. "Se eu estou falando com você para milhares de pessoas que usei cloroquina, todo mundo vai querer inadvertidamente usar cloroquina. E isso é uma responsabilidade muito grande."

Kalil contou que também tomou corticoide, antibiótico e anticoagulante, além da hidroxicloroquina. Segundo ele, mesmo não havendo estudos que comprovem o benefício da substância, o uso tem que ser ponderado em casos de pacientes mais graves. O médico disse que indicaria a substância aos pacientes dele em quadro mais avançado, desde que monitorados e com combinação com outros medicamentos.

Mandetta alerta para riscos - Em coletiva de imprensa, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o uso da cloroquina está nas mãos de cada médico que trata seu paciente, mas que há comprovados efeitos colaterais e que outros órgãos podem ser afetados.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou nesta terça-feira, 7, que o órgão acompanha estudos clínicos sobre a eficácia de medicamentos contra o novo coronavírus, entre eles, a cloroquina e a hidroxicloroquina. Os primeiros resultados devem ser conhecidos a partir do próximo dia 20.

Ao todo, 5 mil pacientes com quadros clínicos variados farão parte dos protocolos de pesquisa. Enquanto isso, o ministro recomenda cautela na prescrição do medicamento.

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Mandetta esclareceu que o droga já está disponível nos hospitais para pacientes com quadros moderados e graves. Fora desse grupo, o ministério não recomenda a utilização.

"Já liberamos cloroquina e hidroxicloroquina tanto para os pacientes críticos, aqueles que ficam em CTIs, quanto para qualquer paciente em hospital, o moderado. O medicamento já é entregue, já tem protocolo. Nós estamos analisando para casos anteriores aos leves, que é onde pode haver algum tipo de senão. Isso ainda existe um pouco de dúvida, por conta de efeitos colaterais", disse.

Mandetta afirmou também que pediu ao Conselho Federal de Medicina para que colha observações clínicas dos profissionais sobre administração das substâncias. O ministro frisou que cabe à entidade recomendar ou não os medicamentos.

O ministro frisou que, enquanto isso, o médico pode explicar os riscos da prescrição dos medicamentos e assumir a responsabilidade.

"A prescrição médica no Brasil... a caneta e o CRM (número de registro do profissional) estão na mão dele. Se ele quiser comunicar o paciente que não tem evidência, que poderia usar o medicamento, com tais riscos, e se responsabilizar individualmente, não tem óbice", frisou.

Na segunda-feira, Mandetta afirmou ter sido pressionado por dois médicos a editar um protocolo para administração dos medicamentos, após reunião com o presidente Jair Bolsonaro. Ele se recusou alegando ausência de embasamento científico.

Após uma tarde de tensão, na última segunda (5), em que quase perdeu sua cadeira, o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, precisou encarar uma outra divergência com o presidente Jair Bolsonaro. Em uma reunião com médicos especialistas - um infectologista e outro anestesiologista - Mandetta se deparou com um decreto que liberava o uso do medicamento hidroxicloroquina para o tratamento de pacientes da covid-19 no Brasil no entanto, recusou-se a assiná-lo. 

O uso da hidroxicloroquina ainda não é um consenso  entre os profissionais da saúde. Alguns testes vêm sendo feitos em todo o mundo em busca da comprovação dos efeitos da medicação - usada contra a malária e outras doenças autoimunes -, porém, ainda não há uma comprovação científica quanto à sua eficiência no caso da covid. O presidente Bolsonaro, no entanto, é um defensor da substância e já chegou, inclusive, a mencioná-la durante pronunciamento em cadeia nacional. 

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Sendo assim, na última segunda (6), Luiz Henrique Mandetta foi solicitado a endossar um decreto que liberava o uso da hidroxicloroquina em pacientes com coronavírus no Brasil. Segundo o ministro, ele foi levado a uma sala, após a reunião ministerial, onde estavam um médico infectologista e outro anestesiologista, “que queriam fazer protocolo de hidroxicloroquina por decreto”. O ministro, porém, recusou-se a assinar o documento por falta de embasamento científico e propôs um debate entre com sociedades brasileiras de imunologia e anestesia. “Chegando a um consenso entre seus pares, o Conselho Federal de Medicina e nós aqui do Ministério da Saúde, a gente entra. A gente tem feito isso constantemente”, disse em entrevista ao Estadão.

Surpreendida com a velocidade de propagação e com a letalidade do novo corona vírus, a comunidade médico-científica internacional procura desesperadamente uma forma de prevenção vacinal ou de tratamento medicamentoso.

Nada menos que vinte países correm contra o tempo, em busca de atalhos que levem ao desenvolvimento da vacina. Mas não há, infelizmente, esperanças de que ela esteja disponível antes do final deste ano. Enquanto isso, seguimos perdendo a guerra.

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Entre as diferentes formas de terapia tentadas para casos confirmados, tem-se destacado uma droga há muito tempo conhecida, utilizada no controle do lúpus e no tratamento da malária: a hidroxicloroquina. Com efeito, em dezenas de publicações mundo afora, ela revelou-se eficaz no tratamento da covid19.

Ocorre que a droga, que pode causar efeitos colaterais, particularmente quando utilizada em dose plena, terapêutica, e não de manutenção, vinha sendo testada para o vírus em pesquisas retrospectivas, sem grupo controle, o que dificultava a sua validação científica e, portanto, o seu emprego generalizado.

Pois bem. Na quinta-feira passada (2/4/20), antes mesmo da publicação oficial em revista científica, foram divulgados os resultados do primeiro estudo prospectivo randomizado, envolvendo 62 pacientes, dos quais   31 tomaram o remédio e 31, apenas placebo. Essa pesquisa, realizada na Universidade de Wuhan, liderada por Zhaowei Chen, revelou claramente que a hidroxicloroquina administrada oralmente por cinco dias  foi capaz de reduzir o tempo para controle da febre e da tosse, bem como para o desaparecimento dos sinais imagenológicos  do infiltrado pulmonar. Quatro doentes do grupo placebo evoluíram para internação em UTI e nenhum do grupo tratado, diferença estatisticamente significativa. Dois pacientes tiveram efeitos colaterais leves atribuídos à droga.

No Brasil, esse medicamento só foi liberado para essa doença pela ANVISA recentemente. Ainda assim, só para casos graves, muitas vezes já perdidos. Seu emprego no início da doença ainda está proibido no País.

Espero que agora, finalmente, as autoridades passem a recomendar o remédio amplamente para positivados e também para sintomáticos, já que não podemos testar todos.

A propósito, estaremos iniciando, aqui em Recife, estudo prospectivo com grupo controle, para testar a eficácia e a segurança do emprego da hidrocloroquina de maneira preventiva, em dose baixa, na população de vulneráveis. Se funcionar, eles estarão protegidos pelos próximos meses,enquanto os jovens desenvolvem imunidade natural. Ao cabo de alguns meses, todos poderiam voltar a viver como antes.

Cláudio Lacerda - cmlacerda1@hotmail.com

Cirurgião Transplantador de Fígado

Professor da UPE e da UNINASSAU

Heloisa Lacerda – helramos@terra.com.br

Infectologista

Professora da UPE e da UFPE

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