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Respeitando a programação habitual do Espaço Ciência, direção e voluntários organizaram, neste domingo (27), um ato para informar e denunciar à população a Lei Estadual nº 17.940, sancionada no dia 21 de outubro, pelo governador Paulo Câmara. O texto acorda que parte do terreno construído será cedido à instalação de um data center e a construção de um "landing station" para receber cabos submarinos. Os 8.000m² em jogo não apenas contemplam o acervo do museu, como hoje dão espaço a parte do conteúdo de apresentação do público ao trabalho dos pesquisadores.
##RECOMENDA##A legislação também consta da revogação da Lei nº 17.613, de 27 de dezembro de 2021, que cedia o Espaço Ciência como patrimônio do município do Recife pelo prazo de 10 anos.
“Uns dois para três anos atrás acompanhamos esse projeto e concordamos com a instalação, aqui nesta área, da estação de recepção do cabo. Em nenhum momento concordamos, e nem foi falado para a gente, sobre a construção do data center. A recepção do cabo exigiria a concessão de uma pequena área e que seria incorporada ao acervo do museu, para que o visitante conhecesse melhor sobre o cabo submarino, a sua finalidade. Pensamos que seria um aporte ao museu, mas essa lei nos surpreendeu doando essa área aqui”, esclareceu o diretor do Espaço Ciência, Antônio Carlos Pavão, ao LeiaJá.
De acordo com o diretor, a área compõe o discurso museográfico do equipamento tecnológico. O Espaço Ciência possui cinco espaços exibidores: Água, Movimento, Percepção, Terra e Espaço; o último sendo completamente cedido dentro da área doada. Só para o segmento “Espaço”, foram cerca de 26 anos de investimentos e planejamento com consultores internacionais e nacionais.
“É absurdo a gente pensar que alguém venha interferir num museu, quando estamos precisando preservar os equipamentos culturais, e aí a gente vê uma agressão deste tipo para o investimento privado. Precisamos e concordamos com o cabo para Pernambuco, mas agredindo o espaço ciência, não. Precisamos revogar essa lei. Em vez de agredirem o Espaço Ciência, deveriam abrir mais investimentos para cá”, completou o diretor.
O pesquisador também declarou que as manifestações continuarão acontecendo, dentro da programação do Espaço Ciência, mas que não devem interromper o serviço prestado e tem o intuito de informar ao público sobre a decisão estadual, até que o equipamento obtenha resposta. Segundo ele, o atual governo não procurou a direção do museu diretamente para dar detalhes. O governo de transição, da equipe de Raquel Lyra (PSDB), está analisando o contrato, mas ainda não informou se haverá revogação com o vigor do próximo mandato.
“Estou indignado com a doação da área-espaço. Acredito que todas as áreas daqui, para quem frequentou ou fez estágio, servem para ver o tanto de experimento científico que é feito e o valor que têm. É uma área que foi arquitetada, teve um plano para ser montada, ou seja, é um patrimônio e deve ser preservada. Estou aqui porque é importante se mobilizar, chamar atenção, levar às redes sociais, para que saibam a mutilação que está acontecendo ao Espaço Ciência”, compartilhou Josival Francisco, de 24 anos, biólogo doutorando e ex-estagiário do Espaço Ciência.